Atrofia progressiva de retira

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IX Colóquio Técnico Científico de Saúde Única,

Ciências Agrárias e Meio Ambiente

ATROFIA PROGRESSIVA DE RETINA EM CÃO - RELATO DE CASO


Lorraine Cristina da Silva1*, Milena Araújo Soares2 , Graciele Pimenta da Silva3 Matias Roman Pujatti e Andrade4
1
Discente de Medicina Veterinária – Faculdade Anhanguera de Divinópolis– Brasil – *Contato: lorrainevetsilva@gmail.com
2
Discente de Medicina Veterinária – Universidade Federal de Minas Gerais– Brasil
3
Residente de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG - Belo Horizonte/MG – Brasil
4
Discente de Medicina Veterinária – Universidade Federal de Minas Gerais– Brasil
INTRODUÇÃO O exame clínico revelou redução da resposta à ameaça bilateral e pupilas
midriáticas, com pressão intraocular normal e ausência de alterações nas
A atrofia progressiva de retina (APR) é uma doença que afeta a retina de estruturas oculares superficiais. A fundoscopia demonstrou atenuação
cães e leva à degeneração gradual dos fotorreceptores. Esta condição vascular e hiperrefletividade tapetal, confirmando o diagnóstico de APR.
resulta na perda progressiva da visão, começando geralmente pela visão Estes achados são indicativos da degeneração retiniana característica
noturna e evoluindo para a cegueira completa. É uma condição dessa condição.
irreversível, sem tratamento curativo, e acomete várias raças, sendo Este caso reforça a importância de um diagnóstico precoce e preciso para
observada com frequência em Poodles, Cocker Spaniels, entre outras. condições oculares degenerativas como a APR, que não possui
Este relato descreve os aspectos clínicos de um caso de uma cadela da tratamento curativo e leva à progressiva perda de visão. A gestão do caso
raça Poodle diagnosticada com APR, reforçando a importância do deve focar em suporte adaptativo e acompanhamento contínuo para
diagnóstico precoce e do manejo adequado para garantir a qualidade de garantir o bem-estar do animal à medida que a condição avança.
vida dos animais afetados. A detecção e manejo adequado de doenças oculares degenerativas são
cruciais para melhorar a qualidade de vida dos animais afetados. Estudos
RELATO DE CASO E DISCUSSÃO adicionais e a contínua educação sobre a APR e outras condições
Uma cadela da raça Poodle, castrada, de 6 anos de idade e pesando 6,3 similares são essenciais para aprimorar o diagnóstico e tratamento de
doenças oftálmicas em cães.
quilos, foi atendida no Hospital Veterinário da Universidade Federal de
Minas Gerais no dia 23/07/2024, devido à queixa de redução de acuidade
REFERÊNCIAS
visual. Durante o histórico e a anamnese, a tutora do animal informou
que notou sinais de déficit visual apenas no período noturno, com início
1. Aguirre, G. D., & Acland, G. M. (2006). Retinal degenerations in the dog: IV.
há cerca de 6 meses. Refere que o animal tornou-se inseguro ao realizar Inherited retinal degenerations. Journal of Heredity, 97(3), 252-260.
as atividades diárias, como subir e descer escadas durante a noite. 2. Barnett, K. C., & Curtis, R. (1985). Progressive retinal atrophy in the dog.
Journal of Small Animal Practice, 26(7), 325-343.
Entretanto, não notou alteração de visão no período diurno. De acordo 3. Curtis, R., & Barnett, K. C. (1990). An inherited form of progressive retinal
com a responsável, o animal não faz uso de medicamentos e não possui atrophy in miniature and toy poodles. Journal of Small Animal Practice, 31(3),
151-155.
comorbidades associadas. No exame clínico, foi identificada redução da 4. Genini, S., & Beltran, W. A. (2020). Advances in gene therapy for diseases of the
resposta à ameaça bilateral, pupilas midriáticas e teste de fluoresceína eye. Human Gene Therapy, 31(13-14), 973-986.
5. Maggs, D. J. (2013). Diagnostic techniques. In D. J. Maggs, P. E. Miller, & R.
negativo. A pressão intraocular (PIO) estava dentro dos parâmetros de Ofri (Eds.), Slatter’s fundamentals of veterinary ophthalmology (5th ed., pp. 506).
normalidade, de 10 a 20 mmHg¹, em ambos os olhos (PIO 14 no olho St. Louis: Elsevier.
6. Maggs, D. J., Miller, P. E., & Ofri, R. (Eds.). (2013). Slatter's fundamentals of
direito e 11 no olho esquerdo). Não foram identificadas anormalidades veterinary ophthalmology (5th ed.). St. Louis: Elsevier.
em pálpebras, córnea, íris e cristalino. O exame de fundoscopia 7. Narfström, K., Wiegand, M. N., & Miller, P. E. (2003). Clinical and
electrophysiological diagnosis of inherited retinal dystrophy in animal models:
evidenciou atenuação vascular em retina e hiperrefletividade tapetal, Focus on canine progressive retinal atrophy. Advances in Veterinary Science and
compatível com quadro de atrofia progressiva de retina. Comparative Medicine, 47, 85-110.
8. Pardue, M. T., & Allen, R. S. (2018). Neuroprotective strategies for retinal
A APR é caracterizada pela degeneração dos fotorreceptores, resultando disease. Progress in Retinal and Eye Research, 65, 50-76.
na perda inicial da visão noturna, como foi observado neste caso. O
exame de fundoscopia é uma ferramenta essencial no diagnóstico, sendo
os achados de atenuação vascular e hiperrefletividade tapetal indicativos
da degeneração retiniana. A progressão da doença é inevitável e a visão
diurna também será comprometida ao longo do tempo.
Embora não exista um tratamento curativo para a APR, a abordagem
terapêutica deve focar em suporte adaptativo e em garantir o bem-estar
do animal, ajustando o ambiente para minimizar o impacto da perda de
visão. Além disso, o acompanhamento regular é fundamental para
monitorar a progressão da doença e garantir que o animal se adapte de
forma segura às mudanças visuais.
As causas da atrofia progressiva de retina são geralmente genéticas,
sendo mais comuns em determinadas raças como Cocker Spainel,
Labrador Retriever, Poodle e Border Collie. Os sinais clínicos mais
comuns incluem cegueira noturna, perda progressiva da visão diurna,
reflexo pupilar alterado e aumento do reflexo tapetal. A
eletrorretinografia é o exame mais especifico para avaliar a função
retiniana. Tal exame mede a resposta elétrica dos fotorreceptores a luz.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O caso descrito apresenta um diagnóstico claro de Atrofia Progressiva da
Retina (APR) em uma cadela da raça Poodle, com base nas evidências
clínicas e exames realizados. A apresentação dos sintomas: perda de
visão noturna e a subsequente insegurança do animal durante atividades
noturnas é consistente com o início típico da APR, que frequentemente
afeta a visão noturna antes de comprometer a visão diurna.

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