Negócio Jurídico
Negócio Jurídico
Negócio Jurídico
Negócio jurídico é todo fato jurídico que consiste em uma declaração de vontade à qual o
ordenamento jurídico atribuirá os efeitos designados como desejados, desde que sejam
respeitados os pressupostos de existência, os requisitos de validade e os fatores de eficácia
(impostos pela norma jurídica).
O negócio jurídico pode criar, modificar ou extinguir direitos. A doutrina construiu os planos
de análise do negócio jurídico, esquema chamado de escada ponteana, uma vez que foi
trazido para o Brasil por Pontes de Miranda. Os planos de análise são a existência, validade
e eficácia.
Existência: elementos sem os quais não há negócio jurídico, sendo eles o agente
(pessoa), a vontade, objeto, forma (exteriorização da vontade) e caráter substantivo;
Validade: exigências que a lei estabelece para que um negócio existente possa receber
a chancela do ordenamento jurídico. As exigências são: agente com plena capacidade
de fato, vontade livre e consciente (sem dolo, coação, erro, estado de perigo e lesão),
objeto lícito, possível e determinado ou determinável; forma prescrita ou não defesa em
lei, caráter adjetivo;
Eficácia: são os fatores que afetarão de alguma forma a produção de efeitos do negócio
existente. Assim, tem-se a eficácia simples (se inserida uma condição ou termo, pode
ser que os efeitos produzidos pelo negócio fiquem submetidos ao advento de certos
fatos, havendo, assim, ineficácia simples) e a eficácia relativa (os efeitos não se
produzem em face de um sujeito determinado, sendo o negócio a este inoponível, isto é,
ineficaz relativamente a alguém).
Revisão: é uma forma de evitar a nulidade do negócio jurídico a partir da revisão das
cláusulas. Ocorre geralmente quando as prestações forem desproporcionais, como no
caso de contratação por inexperiência ou premente necessidade (art.157, CC) ou para
salvar-se ou salvar pessoa próxima de perigo iminente conhecido pela outra parte
(art.156, CC). Assim, tais cláusulas devem ser alteradas para que se estabeleça o
equilíbrio entre as prestações.
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da
prestação oposta.
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Conservação substancial (recategorização ou transinterpretação); art. 170 do CC
: As partes, por vezes, ao emitirem suas vontades, ignoram que a lei exige certos
requisitos. Se o juiz entender que se a parte soubesse do requisito iria cumpri-la, a lei
permite que ele possa recategorizar o negócio jurídico a fim de que a vontade
manifestada venha a se amoldar à exigência legal. O juiz deve atentar para não alterar a
vontade das partes.
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá
este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se
houvessem previsto a nulidade.
Erro ou ignorância
Ocorre quando uma terceira pessoa, por fraude, faz com que o declarante se engane; é o erro
provocado. Previsto nos arts. 145 a 150 do CC. O dolo acidental não enseja a anulação.
Quando alguém, por ato de violência ou de constrição moral, ameaçar alguém de dano
iminente considerável a sua pessoa, a sua família ou aos seus bens. Para configurá-la a
coação deve ser a causa do negócio jurídico.
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao
paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família,
ou aos seus bens.
Coação exercida por terceiro (art.154, CC): deve-se analisar se a parte beneficiada tinha
conhecimento da coação. Se tiver, o negócio não subsiste.
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou
devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente
com aquele por perdas e danos.
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Estado de Perigo
Vários exemplos são dados pelos doutrinadores brasileiros, como o caso de um comandante
de embarcação que, prestes a naufragar, propõe pagar qualquer quantia a quem venha a
socorrê-lo. Ou um enfermo que, em grave situação de saúde, coloca-se em total acordo com
quaisquer honorários pagos para o cirurgião.
É importante ressaltar que o estado de perigo não se confunde com a coação: no estado de
perigo não se configura a hipótese de constranger o outro à prática de um determinado ato, ou
a consentir na celebração de um determinado contrato.
Lesão
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, obriga-se a prestação manifestamente desproporcional ao valor da
prestação oposta.
Este instituto tem um objetivo moral, na medida em que pretende eliminar a grande
desproporção em benefício de apenas uma das partes. Na lesão, portanto, a parte decide por
si, não por pressão externa, mas movida por circunstâncias de necessidade ou inexperiência.
A fraude contra credores é a prática pelo devedor de ato ou atos jurídicos absolutamente
legais em si mesmos mas prejudiciais aos interesses dos credores, frustrando
conscientemente a regra jurídica que institui a garantia patrimonial dos credores sobre os
bens do devedor.
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Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os
praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o
ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus
direitos
Simulação
Ocorre quando o sujeito, ao manifestar sua vontade, tem intenção de prejudicar terceiros ou
fraudar lei imperativa (art.167, CC). A doutrina aponta para alguns tipos de simulação:
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