Poligrafo de Apicultura CEEPRO PDF
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APICULTURA
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MANUAL ADAPTADO DE: SOUZA, Darcet Costa - Org - Apicultura: manual do agente de
desenvolvimento rural. 2 ed. Brasília: SEBRAE, 2007 - 186 p.
NOME:_____________________________________________
TURMA:___________
CURSO:_________________________
Albert Einstein
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SUMÁRIO
GLOSSÁRIO..................................................................................................................... 73
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Capítulo I
A decisão de se iniciar qualquer atividade é tomada com base na análise dos fatores que
justificam tal iniciativa. Para tanto, são levantados e estudados os pontos positivos e os negativos
da nova atividade. Essa avaliação dá ao empreendedor a visão do potencial da atividade,
possibilita se ter uma ideia do capital necessário para iniciar investimento e permite que se avalie
a possibilidade de sucesso do novo empreendimento.
Ao se pensar em apicultura como alternativa de geração de trabalho renda ao homem do
campo, é necessário que se avalie a atividade apícola sob os diversos aspectos que a cercam e
que a tornam uma importante ferramenta de inclusão social para os pequenos e médios
produtores. Trata-se de uma atividade sustentável por natureza, uma vez que viabiliza a melhoria
na qualidade de vida do homem do campo, por meio de um trabalho digno e que gera renda, sem
comprometer o meio ambiente.
É justamente a percepção desses pontos que tem possibilitado ao setor apícola brasileiro
grandes investimentos nos últimos anos, no Brasil. Com isso, em muitas regiões, várias pessoas
estão tendo a oportunidade de melhorar de vida e realizar sonhos.
1. UM BOM NEGÓCIO
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3. DISPENSA A PROPRIEDADE DA TERRA
Mesmo aqueles que não têm uma propriedade agrícola podem tocar um negócio apícola.
Isso porque a área necessária para implantação do apiário é pequena e sua instalação não altera
o ambiente natural da propriedade, facilitando as sessões de áreas de terceiros para os
apicultores.
É interessante observar ainda que a produção do apiário é independente do tamanho da
propriedade, já que as abelhas trabalham voando e desconhecem os limites legais da terra,
permitindo aos apiários das pequenas propriedades as
mesmas condições de produção dos localizados nas grandes
fazendas da região.
néctar, pólen e resinas. Por este motivo, o apicultor é naturalmente um defensor da natureza e
trabalha por sua preservação.
Em muitas regiões onde não se criavam abelhas, a vida dos pequenos produtores
dependia, muitas vezes, da exploração dos recursos naturais, como a lenha e o carvão. Nestas
regiões, a criação de abelhas conscientizou os apicultores para a importância da manutenção das
matas, levando-os a trabalhar de maneira adequada. Hoje eles sabem: quem cria abelhas
preserva a natureza.
Capítulo II
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A relação entre o homem e as abelhas é bastante antiga, havendo registro disso nas
pinturas primitivas encontradas na Espanha e na África. Estima-se que o homem tenha começado
a fazer uso dos produtos das abelhas há mais de 7.000 anos, utilizando-os para fins alimentares e
medicinais.
O mel foi o primeiro adoçante conhecido pelo homem, que o utilizava em rituais e
momentos festivos. Só teve seu uso diminuído com o crescimento do cultivo da cana em várias
regiões do mundo e a descoberta da fabricação do açúcar.
O processo de obtenção do mel passou por três fases distintas: a da caça, quando era
obtido extrativistamente; o da criação rústica das abelhas em cortiços e caixas primitivas; e,
finalmente, a criação racional quando as abelhas passaram a ser mantidas em colmeias racionais
ou mobilistas.
O homem sempre teve um grande fascínio pelo mundo das abelhas e isto está registrado
nos estudos de comportamento, organização e ecologia deste pequeno inseto realizados ainda no
século XVII. Contudo, foram as grandes descobertas científicas e inventos acontecidos nos
últimos 150 anos que fizeram com que a apicultura pudesse ganhar a dimensão global que possui
hoje, tornando-se um importante segmento do setor agropecuário.
o Com o surgimento do microscópio, Swammerdam (1637-1680) desvendou, pela
dissecação, o sexo da rainha que até então supunha-se ser um rei.
o Schirrach também em 1771 provou que a princesa se origina do mesmo ovo que pode
originar uma abelha operária.
o Em uma Exposição de Insetos de Paris, em 1868, Franz Von Hruschka de mel tangencial.
A inspiração veio ao observar o filho que fazia rodar uma porção de favo dentro de um
cesto em volta da cabeça.
o Em 1865, Abbe Collin, na França, construiu a tela excluidora de rainha que permite a
passagem livre das operárias, impedindo a passagem da rainha.
No Brasil a história da apicultura tem início com a introdução das abelhas Apis mellifera no
estado do Rio de Janeiro, realizada em 1839 pelo padre Antônio Carneiro, quando trouxe algumas
colônias da região do Porto, em Portugal. Outras raças de Apis mellifera foram introduzidas
posteriormente, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, por imigrantes europeus.
A apicultura brasileira tomou um novo rumo com a introdução da abelha africana (Apis
mellifera scutellata) em 1956 quando, por um acidente, essas abelhas escaparam do apiário
experimental e passaram a se acasalar com as de raça europeia, anteriormente introduzida. A
partir desse momento, começou a se formar um híbrido natural entre as abelhas africanas e
europeias, que passou a ser chamada de Abelha africanizada.
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A alta agressividade e tendência enxameatória destas abelhas africanizadas causou,
inicialmente, um grande problema no manejo dos apiários e muitos apicultores abandonaram a
atividade. Somente com o desenvolvimento de técnicas adequadas às abelhas africanizadas,
ocorrido nos anos 70, a apicultura passou a crescer e se expandiu para as regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste.
Capítulo III
REINO Animal
FILO Arthropoda
CLASSE Insecta
ORDEM Hymenóptera
SUB-ORDEM Apocrita
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SUPERFAMÍLIA Apoidea
FAMÍLIA Apidae
SUB-FAMÍLIA Apinae
TRIBO Apini
GÊNERO Apis
Apis mellifera mellifera (abelha preta ou alemã): Tem como origem o Norte e Oeste
europeu. Foram introduzidas no Brasil em 1839, no Rio de Janeiro, pelo padre Antônio
Carneiro. Possui pêlos escuros, são muito mansas e menos produtivas que as italianas.
Apis m. carnica (abelha carnica): Sua origem são os Alpes Austríacos e a Iugoslávia.
Foram introduzidas no Brasil provavelmente em 1845 e se caracterizam por apresentarem
pelos cinza – claro, são mansas, produtivas e enxameiam pouco.
Apis m. ligustica (abelha italiana): Originárias da Itália, foram introduzida no Brasil entre
1870 e 1880, pelo apicultor Frederico A. Hanneman, em Rio Pardo, no Rio Grande do Sul.
Abelhas caracterizadas pelo corpo coberto de pelos amarelos, mansas, produtivas e de
pouca tendência enxameatória.
Apis m. caucasica (abelha caucasiana): Procedentes do Cáucaso Central da União
Soviética, caracterizam-se por apresentar pelos cinza mais claro que os das cárnicas. São
abelhas muito mansas e de baixa produção de mel, comparadas com as demais raças
citadas.
Apis m. scutellata (abelha africana): foram introduzidas no Brasil em 1956, em São
Paulo, pelo Professor Dr. Warwick Estevan Kerr. Estas abelhas foram levadas para o Horto
de Camaquã, em Rio Claro, com objetivo de obter uma raça produtiva em um programa de
melhoramento genético. São conhecidas vulgarmente como abelhas africanas e suas
principais características são: operárias apresentam aspecto semelhante às italianas, no
que concerne à cor, pois apresentam faixas amarelas no abdômen e são menores do que
as operárias das raças europeias introduzidas no Brasil. Os zangões são escuros-
bronzeados e suas rainhas são escuras e geralmente longas, menos corpulentas do que
as de raça italiana.
Atualmente, não existe no Brasil abelhas puras europeias, e sim, uma raça de abelha
denominada de africanizada que é o resultado do cruzamento de abelhas europeias e a africana
Apis m. scutellata.
CABEÇA
A cabeça é a primeira parte do corpo do inseto onde estão os olhos simples e compostos,
as antenas, o aparelho bucal e algumas glândulas.
Olhos simples ou ocelos: são três pequenos olhos distribuídos de forma triangular na
parte frontal da cabeça, que servem para ver de perto.
Olhos compostos: são órgãos visuais complexos formados cada um por milhares de
facetas que possuem funções fotoreceptivas. Servem para enxergar de longe e são
adaptados para a percepção de movimentos, além de detectarem o fluxo de ar através dos
pelos existentes nas junções das facetas.
Antenas: são divididas em três partes: escapo, pedicelo e flagelo. O flagelo tem 10
segmentos na rainha e nas operárias, e 11 no zangão. Consideradas como o “nariz das
abelhas” as antenas possuem função olfativa (sentir odor) com sensibilidade superior de
10 a 100 vezes à do homem para os aromas da cera, flor, mel e outros. Estão presentes
nas antenas sete tipos de estruturas sensoriais.
Aparelho bucal: nesta parte do corpo encontramos a língua ou probócide e as
mandíbulas. A língua varia de comprimento conforme a raça e serve para sugar e lamber o
néctar das flores. As mandíbulas são usadas para moldar a cera na construção dos favos,
recolher própolis e abrir os estames das flores na busca de alimentos.
Glândulas hipofaringeanas ou hipofaríngeas: são duas glândulas em forma de cacho
de uva, presentes apenas nas operárias. São responsáveis pela produção de geleia real,
substância de alto valor nutritivo que alimenta as larvas até o 3º dia de vida, além da
rainha durante toda a sua vida.
TÓRAX
É a segunda parte do corpo formada por três segmentos: protórax, mesotórax e metatórax,
ligados entre si, possuindo cada um deles um par de pernas. No segundo e terceiro segmentos
estão inseridas as asas, um par em cada um deles.
Pernas: as abelhas possuem três pares de pernas.
Cada perna é dividida em seis segmentos, que a corbícula
partir da lateral do corpo são: coxa, trocanter, fêmur,
tíbia, tarso (divido em tarsômeros) e pré-tarso. No
quarto segmento das pernas posteriores (tíbia)
existe uma cavidade na parte externa chamada
corbícula ou cesta polínica que serve para
transportar os grãos de pólen (parte masculina das
plantas) aglutinados em forma de bolinhas. Na parte
terminal (pré-tarso) estão inseridas as garras e
almofadas que permitem as abelhas caminharem tanto na horizontal quanto na vertical e
ficarem penduradas uma nas outras no enxame. As garras são usadas, ainda, para moldar
a cera na construção dos favos.
Asas: são estruturas membranosas, revestidas de minúsculos, pelos e com nervuras que
lhes dão resistência para voar. Durante o voo das abelhas as asas de um mesmo lado
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(anterior e posterior) trabalham ligadas uma a outra por um encaixe, permitindo que
funcionem como se fosse um único par.
Glândulas salivares: são dois pares de glândulas, sendo um localizado na parte posterior
da cabeça e o outro no tórax. Elas são conectadas à boca da abelha através de um canal
salivar comum. Auxiliam na digestão dos açúcares e de outros alimentos. A secreção das
glândulas torácicas é aquosa, enquanto que as glândulas da cabeça produzem uma
secreção oleosa, cuja função é desconhecida.
Glândulas Mandibulares: estão presentes apenas nas operárias e rainhas. Nas operárias
jovens servem para dissolver a cera e estão envolvidas na produção do alimento das
larvas – geleia real.
ABDÔMEN
É a terceira parte do corpo da abelha formado por sete segmentos anelados (urômeros) na
rainha e operária, e oito no zangão, ligados entre si por músculos que lhes permite movimentos de
contração e expansão (tipo sanfona). O primeiro segmento abdominal está intimamente fundido
com o último segmento torácico, denominado de propódeo. Nesta parte do corpo das operárias
estão presentes as glândulas de cera, de Nasanov e de veneno.
Glândulas de cera: São quatro pares de glândulas localizadas entre quarto e sétimo
segmentos abdominais das abelhas operárias, sendo um par em cada segmento. São
importantes na produção de cera, principalmente nos períodos de grandes floradas,
quando é exigida a construção de novos favos e sua atividade é mais intensa até o 15º dia
de vida.
Glândula de cheiro ou de Nasanov: Está localizada na parte dorsal do sétimo segmento
abdominal das operárias e produzem substâncias (feromônios) que são utilizadas na
marcação da entrada das colmeias, fontes de água e, possivelmente, de néctar e pólen.
Glândula de veneno: Está associada à estrutura do ferrão e tem como função a produção
do veneno. Ela é formada por um grande número de células secretoras, que descarregam
sua secreção no saco de veneno, o qual é cercado de músculos, que impulsionam o
veneno através do ferrão. É considerada a maior glândula com função de defesa.
Feromônios: são odores químicos usados na comunicação entre membros de uma
espécie. Em abelhas eles podem ser produzidos pelas operárias, rainha e possivelmente
pelos zangões. Mais de dezoito substâncias químicas foram identificadas com a função de
feromônios. Nas abelhas melíferas essas substâncias estão relacionadas à reprodução,
alarme, defesa, orientação, reconhecimento da colônia e integração de atividades.
3. A ESTRUTURA DO NINHO
O ninho das abelhas é feito de favos confeccionados com cera produzida pelas glândulas
ceríferas, que são construídos nos mais diferentes locais, como oco de pau, fenda de pedras,
marquises de prédios, móveis abandonados, pneus velhos, galhos de árvores e outros locais. O
número de favos e sua posição no ninho variam de acordo com a espécie de abelha, podendo ser
constituído por um único favo, ou por vários posicionados na horizontal ou na vertical. Na espécie
Apis mellifera, a qual pertence a abelha africanizada, os ninhos são construídos com vários favos
e na posição vertical.
O número de favos no ninho varia de acordo com a época do ano, observando-se um
maior número nos períodos de grandes floradas. O favo é composto por várias células hexagonais
(seis lados), denominadas de alvéolos, que são utilizados para receber as crias e armazenar os
alimentos. O diâmetro e a profundidade dos alvéolos variam em função do tipo de indivíduo nele
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criado. Geralmente, os favos são formados por células de operárias, que são um pouco menores
e menos profundas que as dos zangões.
Quando os favos estão muito velhos ficam escuros, o diâmetro e a profundidade das
células são reduzidos devido ao acúmulo de uma película (casulo) deixada nas suas paredes
pelas abelhas por ocasião da emergência dos adultos. O acúmulo deste material, juntamente com
restos de pólen no interior dos alvéolos, prejudica a postura da rainha, por dificultar a colocação
do seu abdômen nestas células, devendo o apicultor substituir anualmente cerca de 20 % dos
favos velhos de cada colmeia. Os favos escuros também comprometem a qualidade do mel.
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5. DESENVOLVIMENTO DAS ABELHAS:
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6. DIVISÃO DAS CASTAS E SUAS FUNÇÕES:
A rainha
Os zangões
Os machos da colônia são maiores do que as operárias. Não apresentam estruturas
específicas para o trabalho e sua função na colmeia é fecundar a rainha. Atingem a maturidade
sexual aos 12 dias da idade adulta e, após fecundar a rainha, morrem, por perderem parte dos
seus órgãos sexuais, os quais ficam presos na genitália da rainha.
Operárias
As abelhas operárias são responsáveis por todas as tarefas dentro e fora da colmeia. Suas
atividades vão obedecer uma escala de trabalho que normalmente está associada à idade do
indivíduo. São indivíduos que não apresentam os órgãos reprodutivos completamente
desenvolvidos, por terem nascido em berços pequenos e não terem sido alimentados com geléia
real.
O tempo de vida de uma operária varia em função da quantidade e distância do alimento a
ser colhido, como também com as condições climáticas e com a época do ano. Em épocas de
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grande atividade no campo as operárias vivem em torno de 35 dias, embora sua vida média seja
de quarenta a sessenta dias.
Na ausência de rainha algumas operárias desenvolvem seus ovários e realizam postura.
Contudo, como elas não foram fecundadas destas posturas só originarão zangões, que serão
menores que os produzidos por rainhas, uma vez que foram criados em células de operárias.
Estas operárias poedeiras são chamadas de abelhas zanganeiras e as colmeias, nesta situação
denominadas, de colmeias zanganeiras.
Idade Função
6º ao 10º São chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentação das larvas em
desenvolvimento. Neste estágio elas apresentam grande desenvolvimento das
glândulas hipofaringeanas e mandibulares, produtoras de geléia real.
11º ao 17º dia Produzem cera para construção de favos, quando há necessidade, pois nessa
idade as operárias apresentam grande desenvolvimento das glândulas ceríferas.
Além disso, recebem e desidratam o néctar trazido pelas campeiras, elaborando o
mel, e estocam o pólen nos favos.
18º ao 21º dia Realizam a defesa da colmeia. Nesta fase, as operárias apresentam os órgãos de
defesa bem desenvolvidos, com grande acúmulo de veneno. Podem também
participar do controle da temperatura na colmeia.
22º dia até a morte Realizam a coleta de néctar, pólen, resinas e água, quando são denominadas
campeiras.
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Capítulo IV
MATERIAL APÍCOLA
1. HABITAÇÃO DAS COLMEIAS
Alojamentos Naturais
Em seu “habitat” natural as abelhas constroem seus ninhos em ocos de árvores, fendas de
pedras, barrancos, formigueiros, cupinzeiros, casas de tatu abandonadas e outras cavidades.
Esses alojamentos naturais nem sempre atendem à biologia da abelha, em termos de
desenvolvimento da família. Quando se consegue retirar o mel este terá que ser espremido nos
favos, que além de diminuir a quantidade, afeta a qualidade do produto.
Colmeias Rústicas
São caixotes sem dimensões padronizadas utilizados para criar as abelhas. As caixas
rústicas por serem construídas de forma artesanal, são de baixo custo e por este motivo, ainda
hoje são utilizadas em algumas regiões no mundo. No entanto, economicamente não compensam
porque além de resultar em baixa produtividade, o produto obtido é de qualidade inferior, uma vez
que seus favos são espremidos junto com o pólen, restos de abelhas e outras impurezas,
afetando assim a qualidade do mel.
A colmeia deve ser construída rigorosamente dentro das medidas a fim de se evitar falta
ou sobra de espaço, respeitando-se o espaço-abelha. A padronização das colmeias é
indispensável para assegurar a troca de materiais entre colmeias de um mesmo apiário e entre
apicultores, facilitando o manejo e a aplicação dos procedimentos apícolas.
As colmeias são normalmente construídas com madeira, sendo possível sua fabricação
com outros materiais como fibra de vidro, ferro, cimento, isopor, poliuretano e outros.
Na escolha dos materiais para a construção das colmeias se deve levar em consideração a
biologia das abelhas, de forma que estes não venham a prejudicar o desenvolvimento da colônia
e, consequentemente, sua produção.
Assim, as colmeias de ferro-cimento apresentam alguns inconvenientes como: esfriam e
esquentam rapidamente dificultando o controle da temperatura, favorecem o escurecimento
prematuro dos favos, além de serem pesadas e quebradiças. As de fibra de vidro também racham
e se quebram com facilidade além de dificultar o controle da temperatura. As de isopor são leves
demais, frágeis e pouco duráveis. Apesar dessas alternativas a madeira continua sendo a melhor
opção, por facilitar a termo regulação das colmeias, ter grande durabilidade e apresentar boa
relação custo / benefício.
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Devem ser pintadas somente na parte externa com tinta de boa qualidade, esmalte
sintético e em cores claras: branco, bege, azul ou creme. A pintura feita desta maneira conserva a
colmeia por mais tempo, chegando a durar até 20 anos. As cores claras são visíveis às abelhas e
refletem o calor, facilitando o controle da temperatura interna.
As colmeias não devem ser pintadas por dentro, o cheiro da tinta é prejudicial às abelhas e
elimina a função higroscópica da madeira, função importante para manter o equilíbrio da umidade
interna durante o inverno e em épocas de entrada de néctar.
Indumentária
Com a introdução da abelha africana (Apis mellifera scutellata L.) e a consequente
africanização da apicultura brasileira, o manejo sofreu algumas alterações resultando, entre
outras, na adequação da indumentária que passou a proteger melhor o apicultor.
Para se trabalhar com abelhas africanizadas é importante que o apicultor esteja bem
protegido, para tornar o trabalho mais confortável e seguro, evitando possíveis ferroadas e a
morte de muitas abelhas.
A indumentária do apicultor é constituída pelas seguintes peças:
o Máscara: É utilizada para proteger o rosto, pois as abelhas se irritam
com a respiração humana e o movimento dos olhos. Há no mercado
vários tipos de máscaras sendo a melhor feita com a parte frontal de
tela metálica pintada de preto para não refletir os raios solares e
possibilitando melhor visão.
o Chapéu: O chapéu é utilizado para dar sustentação à máscara e
proteger o topo da cabeça. Os mais utilizados são os de palha,
denominados de aba dupla.
o Macacão: Deve ser confeccionado de um tecido grosso como brim,
mescla ou lonita, de cor clara, sendo mais utilizada a cor branca.
Deve ser de mangas compridas com elástico nos punhos e na bainha
das pernas, e gola alta para melhor proteção do pescoço. O
fechamento do macacão deve ser preferencialmente com zíper
devendo ir até a gola. O macacão deve ser folgado para facilitar os
movimentos e ter bolsos grandes que servirão para guardar utensílios
apícolas por ocasião do manejo.
o Luvas: As luvas devem ser de cano longo, que dão melhor proteção,
e confeccionadas de material que não irrite as abelhas. Não devem
ser apertadas dificultando o movimento dos dedos. As luvas de
couro, fortes e resistentes, se prestam melhor para serviços pesados
de limpeza e transporte. As melhores são as de pelica, embora sejam
mais caras. As luvas de borracha, forradas, de uso doméstico, servem muito bem para
serviços de manipulação da colmeia, como revisão e colheita de mel. As luvas de camurça
não são aconselhadas porque irritam as abelhas.
o Botas: As botas podem ser de couro ou de borracha devendo ser decano longo e de cor
clara, preferencialmente branca. As botas de cor preta irritam as abelhas tornando-as
agressivas, por isso devem ser evitadas. O apicultor deve ajustar o macacão sobre as
botas para a sua maior segurança.
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Implementos apícolas e equipamentos
Para o apicultor manejar corretamente a criação racional de abelhas, deverá ter em mão
vários apetrechos apícolas como:
o Fumigador: É um implemento apícola indispensável para qualquer
tipo de trabalho com as abelhas. É utilizado com a finalidade de
diminuir temporariamente a agressividade das mesmas pelo uso
da fumaça.
o Formão: É uma ferramenta em formato de espátula, utilizada para
fazer a limpeza e descolar as peças da colmeia que,
normalmente, estão coladas com própolis. É um instrumento
indispensável no manejo das colmeias.
o Vassourinha: É um instrumento feito de madeira e de fios
naturais ou sintéticos. Utilizado para varrer as abelhas aderentes
à tampa da caixa ou nos favos que se deseja examinar, com a
finalidade de não feri-las ou esmagá-las.
o Fixadores de cera: São instrumentos utilizados para soldar a
cera alveolada no arame dos caixilhos. Normalmente são
utilizados dois tipos de fixadores: a carretilha e o fixador
elétrico. A carretilha é aquecida e passada sobre o arame do
caixilho que, aquecido, se une à placa de cera. Já o fixador
elétrico solda a cera que, ao esquentar o arame, une este à
cera alveolada.
o Alimentadores: Os alimentadores são peças utilizadas para o fornecimento de alimentos
para as abelhas em períodos de escassez e em outras situações, podendo ser coletivos ou
individuais. Alimentadores coletivos - São peças em forma de cocho onde é servido o
alimento para o atendimento coletivo das colmeias do apiário. Podem ser confeccionados
em madeira, plástico ou outros materiais alternativos como tambores e pneus cortados.
Devem possuir peças flutuantes (tiras de madeira, pedaço de isopor, etc.) para evitar o
afogamento das abelhas. Os alimentadores devem ser colocados a uma distância mínima
de 50 metros do apiário. Apresentam como desvantagem o fato de alimentar todos os
enxames nas proximidades do apiário além de desfavorecer a alimentação dos enxames
mais fracos devido à concorrência com os enxames mais fortes.
o Alimentadores individuais – São destinados ao fornecimento de alimento a cada família,
de forma individualizada. Têm a vantagem de prevenir o saque e também de permitir ao
apicultor regular a quantidade de alimento fornecido de acordo com a necessidade de cada
colmeia. Os principais alimentadores individuais utilizados são:
Boardmann: Consiste de um cepo de madeira escavada no centro
onde se encaixa um vidro emborcado, com a tampa perfurada sendo o
conjunto acoplado no alvado da colmeia. O acesso das abelhas ao
alimento é feito através da parte escavada que se abre para o interior
da colmeia. O alimento deve ser líquido e colocado no vidro.
Doolittle: É um cocho com as dimensões de um caixilho, que é colocado no interior
da colmeia no lugar de um dos caixilhos. Este alimentador pode ser usado com
alimentos líquidos, pastosos ou secos.
Cobertura: É uma bandeja que possui uma abertura na parte central
ou lateral, por onde as abelhas têm acesso ao alimento, que é
colocado acima do corpo da colmeia e abaixo da tampa. Pode
receber alimentos líquidos, pastosos ou secos.
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o Faca desoperculadora: Assim como o garfo, a faca é utilizada para desopercular os favos
de mel maduro. É uma lâmina flexível e longa o
suficiente para alcançar toda altura do caixilho,
possuindo corte nos dois lados.
o Garfo desoperculador: É utilizado para retirar os
opérculos dos favos com mel maduro, antes destes
serem levados à centrífuga. O garfo é composto de
dentes de aço retos com pontas afiadas, fixados em suporte curvo, que facilita o manejo.
Vide Foto.
o Centrífuga: Equipamento muito importante para a exploração racional das
abelhas e que é utilizado para extrair o mel sem a destruição dos favos.
Quando a colheita de mel é feita na centrífuga os favos continuam intactos e
são devolvidos às colmeias para serem reutilizados pelas abelhas. Outra
vantagem da centrífuga é a garantia da obtenção de um mel de melhor
qualidade, pela redução dos riscos de contaminação no processo de
extração.
o Mesa desoperculadora: É uma mesa geralmente de aço inoxidável,
lembrando uma cuba, que facilita o trabalho de desoperculação, pois
permite a colocação dos caixilhos suspensos como na colmeia. No fundo,
possui uma tela que retém os opérculos retirados dos favos, permitindo que
o mel flua para a parte inferior e escorra para um recipiente de coleta. Seu
uso propicia um trabalho limpo, ordenado e higiênico.
o Decantador: O decantador é um tanque onde o mel é colocado em repouso
após a centrifugação, por um período que varia de 3 a 5 dias. Normalmente é
feito em aço inox e apresenta dimensões bastante diversas, com capacidade
que variam de 75 Kg a 20 toneladas.
Capítulo V
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locais inadequados e instalando as colmeias de forma incorreta, comprometendo seriamente a
produção.
Para assegurar a melhor localização e a instalação acertada dos apiários é necessário que
o apicultor observe alguns itens como: as floradas da região; disponibilidade de água; facilidade
de acesso; segurança das pessoas e animais nas proximidades; distância entre apiários;
sombreamento e ventos; número de colmeias por apiário e distribuição das colmeias no apiário.
Estarão sendo discutidos a seguir os principais itens que devem ser observados na
implementação de um apiário.
A. Florada da região
B. Disponibilidade de água
A água é um elemento vital para todos o seres vivos. Para as abelhas sua importância está
relacionada às suas necessidades fisiológicas e ao controle da temperatura interna da colmeia. As
abelhas não armazenam água no ninho, quando esta se faz necessária as operárias saem para
coletá-la.
Em regiões quentes como o Norte e Nordeste a água representa um fator importantíssimo na
manutenção dos enxames nas colmeias durante o período quente do ano. A ausência de água
pode levar ao abandono da colmeia e, consequentemente, contribuir para a redução do número
de enxames do apiário. Assim, recomenda-se que nessas regiões quentes, quando as fontes
naturais de água estiverem a mais de 300 metros do apiário, que o apicultor coloque bebedouros
artificiais próximo às abelhas.
Os bebedouros devem ser instalados fora da linha de voo das abelhas e a uma distância
de aproximadamente 50 metros, o que permitirá seu abastecimento e limpeza com tranquilidade.
A água a ser oferecida às abelhas deve ser em quantidade adequada e de boa qualidade, a fim
de preservar a saúde destes insetos e a qualidade do mel produzido. Existem diversos modelos
de bebedouros para abelhas, devendo o apicultor procurar selecionar aquele que for melhor, seja
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pelo custo, praticidade no abastecimento e limpeza, ou facilidade de construção. O importante é
que ele disponibilize a água em quantidade e com qualidade adequada.
C. Facilidade de acesso
O apicultor é o responsável, perante a lei, por qualquer incidente provocado pelas abelhas
do seu apiário. Por isso, na escolha do local para instalação do apiário, deve-se respeitar a
distância mínima de 300 metros de casas, escolas ou estradas e áreas de criação de animais, o
que dará maior segurança. Em se tratando de área de vegetação rasteira, sem barreiras naturais,
o que possibilitaria acesso direto das abelhas a instalações (escolas, moradias, etc), o apicultor
deve aumentar esta distância para pelo menos 400 metros.
É recomendado, ainda, que o apicultor procure construir em volta do apiário, ou entre ele e
as edificações, barreiras como por exemplo uma cerca viva, a fim de quebrar a visão direta. As
cercas vivas podem ser de eucalipto, acácia, astrapéia, algaroba ou outra espécie qualquer da
região.
Estas barreiras trarão maior segurança às pessoas que trabalham e/ou moram nas
proximidades do apiário.
F. Sombreamento e ventos
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Sabe-se que as abelhas procuram manter a temperatura no interior da colmeia próximo
dos 34-35ºC, que é o valor ótimo ao desenvolvimento das crias. Qualquer mudança nesse valor
desencadeia uma série de comportamentos específicos nas operárias com o objetivo de
reestabelecer a temperatura ideal. Devido a isso, ao se implantar um apiário em regiões quentes
deve-se observar a necessidade de sombreamento das colmeias, evitando-se sua exposição
completa ao sol, já que isso resultará em um aumento muito grande da temperatura interna, e
comprometerá o desenvolvimento da colônia, podendo levar o enxame a abandonar a colmeia.
No Nordeste é comum observar a colocação de colmeias na sombra de árvores nativas
como o juazeiro (Zizyphus joazeiro Mart.) ou de outras espécies que não perdem suas folhas no
período seco. Alguns apicultores têm buscado alternativas como a utilização de coberturas
de palha, telha de barro ou mesmo o uso do sombrite (com 80% de retenção solar), para
minimizar o problema da incidência direta do sol sobre as colmeias.
Em regiões mais frias a exposição das colmeias ao sol é necessária, para que suas
temperaturas internas subam rápido no início da manhã e as abelhas possam sair mais cedo para
o trabalho de coleta. Deve-se evitar expor as colmeias aos ventos fortes, pois prejudicam o
movimento de entrada e saída das abelhas, além de contribuir para esfriar as crias quando entram
pelo alvado. Recomenda-se posicionar a entrada das colmeias voltadas para o sol nascente, para
que estas recebam os primeiros raios solares e sejam aquecidas logo no início da manhã,
proporcionando as campeiras um melhor aproveitamento do dia no campo.
A definição do número de colmeias por apiário é um outro ponto que normalmente causa
dúvidas ao apicultor, que sempre espera por uma resposta padrão à sua pergunta. Contudo,
vários fatores estão relacionados com a definição do número de colmeias por apiário, como a
qualidade e quantidade da flora apícola, o relevo e o tipo de apiário, se fixo ou migratório.
Se a região possui uma flora apícola exuberante, e que se distribui de forma uniforme ao
longo do ano, é possível colocar um número maior de colmeias no apiário. Se a florada for
exuberante apenas durante alguns meses do ano, será necessário reduzir o número de colmeias
por apiário. Na prática, é por tentativas que o apicultor vai encontrar o número ideal de colmeias
por apiário para sua região, avaliando a quantidade de colmeias que otimiza a produtividade do
apiário. É importante lembrar que isso será conseguido com maior segurança, se o apicultor tiver
em mãos as anotações de sua atividade, como recomendado no capítulo 21 deste manual.
No geral recomenda-se que o número de colmeias por apiário não ultrapasse a 30. Acima
disso o manejo das abelhas começa a ficar complicado em determinadas épocas do ano, como no
período de redução de fluxo de alimento quando começam a ocorrer problemas de pilhagem.
No caso da apicultura migratória o número de colmeias por apiário pode ser aumentado
para 40 ou 50 e a distância entre eles pode ser reduzida, em função da densidade da florada e
pelo fato das abelhas só permanecerem na área durante o período de forte fluxo de néctar.
As colmeias podem estar distribuídas de diversas formas dentro do apiário, vai depender do
espaço disponível no terreno e das condições específicas da região onde se está trabalhando.
Porém, é importante que estejam em suportes individuais distanciados, no mínimo, de 2 metros
entre si e de 4 a 5 metros entre fileiras, quando for o caso.
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2. TIPOS DE SUPORTES PARA COLMEIAS
O uso de suportes tem por objetivo evitar o contato direto das caixas com o solo,
assegurando a estas um maior tempo de vida, além de permitir que o apicultor trabalhe em uma
posição de conforto. Por isso, o suporte deve estar a uma altura de 50 cm, possibilitando ao
apicultor manusear as colmeias em posição confortável.
Os suportes podem ser individuais ou coletivos. No Brasil, desde a africanização de
nossas abelhas, a recomendação técnica é para o uso dos suportes individuais, que podem ser de
vários modelos e construídos em diversos materiais, como madeira, ferro, alvenaria, manilhas,
canos de PVC com cimento, e outros. Independente do modelo e do material, o importante é que
o suporte esteja a uma altura adequada do solo e seja resistente o suficiente para suportar o peso
da colmeia carregada com suas melgueiras cheias de mel.
Em algumas regiões do Brasil as formigas representam sérios problemas para o apicultor,
uma vez que o ataque delas pode dizimar vários enxames em poucos dias. Uma das alternativas
de controle para este problema pode ser a colocação de barreiras nos pés do suporte, para evitar
a subida das formigas. Algumas das alternativas de barreiras que têm sido utilizadas são:
Capítulo VI
POVOAMENTO DE COLMEIAS
INTRODUÇÃO
Povoar uma colmeia significa obter enxames e situá-los em uma colmeia racional para
exploração de seus produtos. Pode-se obter enxames de várias formas:
Para adquirir um enxame, vá até um apicultor da região em que o apiário será instalado,
comprar um núcleo de abelhas com 3 a 4 caixilhos (caixilhos) cobertos de abelha, contendo
abelhas, cria e uma rainha fecundada. Após a compra dos caixilhos deverão ser transferidos com
as abelhas e a rainha para a colmeia, onde o enxame continuará a crescer.
Vantagens:
- é cômodo e o apicultor pode escolher a qualidade do enxame;
- pode-se controlar a agressividade e produtividade da família.
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2. CAPTURA DE ENXAMES TRANSITÓRIOS COM CAIXAS-ISCA.
Materiais:
o Núcleo;
o Caixilhos (caixilhos) com placas de cera alveolada;
o Tela de transporte;
o Esponja para fechar o alvado;
o Tiras de borracha para fixar a tela de transporte.
Procedimento:
o Aplicar umas baforadas de fumaça de leve no enxame;
o Colocar a caixa em baixo do aglomerado das abelhas e o ajudante deverá dar um golpe
seco para que o enxame caia dentro da caixa;
o Lançar fumaça onde estava o enxame e esperar um poço para que as abelhas se
acomodem na caixa;
o Com a ajuda de uma vassourinha varrer as abelhas para dentro da caixa tendo o cuidado
de não machucá-los, principalmente a rainha;
o Colocar a tela de transporte fixam-doa coma as tiras de borracha e por cima dela por a
tampa;
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o Fechar o alvado da colmeia com esponja antes de transportá-lo, devendo este processo
ser realizado preferencialmente á noite;
o Retirar a esponja do alvado assim que chegar ao local definitivo, preferencialmente antes
do amanhecer.
Enxames Nidificados:
Materiais:
o Colmeia contendo alguns caixilhos com cera alveolada e o
restante com arame esticado;
o Tela de transporte;
o Faca para cortar os favos;
o Barbante, cordão ou atilho de dinheiros para fixar os favos nos caixilhos;
o Esponja para fechar o alvado;
o Recipiente com tampa para colocar os favos com mel;
o Tiras de borracha.
Procedimentos:
o Aplicar fumaça no enxame por 2 ou 3 minutos;
o Abrir a cavidade onde se encontra o enxame de forma a expor os favos;
o Retirar e separar os favos da extremidade do ninho que estão vazios ou com mel;
o Remover os favos com cria com a ajudada da faca, recortando-os no maior tamanho
possível;
o Encaixar os favos nos caixilhos vazios e amarrá-los firmemente, na mesma posição que
estavam na colmeia natural;
o Se possível localizar a rainha e prendê-la em uma gaiola e colocar na colmeia;
o Colocar o máximo possível de abelhas operárias dentro do ninho;
o Posicionar a colmeia no mesmo local que estava o ninho, mantendo o alvado na mesma
posição da entrada original;
o Deixar a colmeia neste local durante 2 a 3 dias;
o Retirar todos os pedaços de favos não aproveitados no local para evitar a aglomeração
das campeiras na antiga moradia.
Capítulo VII
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Entende-se por manejo básico das colmeias, o conjunto de técnicas aplicadas a uma
criação racional de abelhas com o objetivo de se obter o melhor desempenho produtivo destes
animais, ao tempo em que se assegura as condições adequadas ao desenvolvimento e
conforto das colônias.
Na apicultura o manejo pode ser dividido em Básico (revisões) e Especiais, sendo o primeiro
destinado às ações rotineiras, que visam o acompanhamento das colmeias, e os especiais às
ações específicas, realizadas eventualmente. Serão detalhados a seguir pontos importantes sobre
o manejo básico. Os manejos especiais serão tratados de maneira individualizada nos próximos
capítulos.
É uma inspeção periódica realizada nas colônias de abelhas, com o objetivo de observar
as condições das crias, provisões de alimentos e a sanidade do enxame, a fim de manter os
enxames em condições de produção.
Materiais utilizados
Para que o apicultor realize as técnicas de manejo com eficiência é indispensável o uso de:
Indumentária completa;
Fumigador;
Formão;
As revisões devem ser realizadas por pelo menos dois apicultores, como forma de garantir
maior segurança;
Deve-se observar a utilização correta da indumentária, uma vez que muitos acidentes são
ocasionados por negligência no uso deste equipamento;
Na revisão os apicultores devem se posicionar nas laterais ou no fundo da colmeia, pois o
posicionamento frontal atrapalha o movimento de entrada e saída das abelhas;
Ao manusear as colmeias o apicultor deve evitar movimentos bruscos, pancadas nas
caixas, barulho excessivo e o uso de perfumes, pois a não observação destes pontos irrita
as abelhas, tornando-as mais agressivas;
Não se deve realizar revisões em dias de chuva ou com neblina. Deve-se evitar também o
manejo em dias muito frios;
Os melhores horários para realização das revisões são de 8:00 às 11:00 e de 14:00 às
17:00, devendo-se dar preferência ao horário da manhã;
As revisões devem ser breves, evitando-se o manuseio excessivo das colônias;
Trocar os caixilhos velhos (escuros ou com defeito) por caixilhos com cera puxada ou
alveolada colocando-os intercalados com os favos de cria no centro do ninho. Deve-se
substituir anualmente pelo menos 20% dos favos. Esta permuta deverá ser feita no período
de grandes floradas.
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Após a revisão, o apicultor deverá cavar uma vala no solo e enterrar o restante do material
que está na câmara de combustão do fumigador. Caso haja água nas proximidades, o
apicultor também pode utilizá-la para apagar o resto do material de queima.
Obs.: Apagar o resto do material de queima do fumigador é uma prática estritamente necessária
para evitar incêndios nas áreas de instalação dos apiários.
A presença da rainha: pode ser constatada pela postura de rainha nos favos, que se
caracteriza pela colocação de um único ovo por célula;
Qualidade da postura da rainha: é observada pelo padrão de distribuição dos ovos no favo,
devendo ser uniforme, não sendo aceitas falhas constantes.
Condição de desenvolvimento do enxame: é avaliada pelo número de caixilhos com cria e
alimento;
Presença de alimento (mel e pólen): observar a quantidade de alimentos estocados nos
favos, para avaliação da necessidade de alimentação dos enxames;
Espaço disponível na colmeia: é avaliado pela presença de caixilhos vazios ou não,
devendo esta relação estar adequada ao tamanho do enxame e à época do ano;
Sanidade da colônia: verificar a presença de sintomas de doenças e de inimigos naturais
das abelhas na colônia.
Capítulo VIII
INTRODUÇÃO
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para que se mantenham vivas e em boas condições, de forma que, no surgimento de novas
floradas, possam novamente realizar uma grande produção.
Normalmente as maiores produções são observadas nos enxames que já se encontravam
estabelecidos nas colmeias no início das floradas. Enxames capturados durante o período de
floradas dificilmente conseguem produzir bem no primeiro ano.
O descuido na manutenção das colônias tem levado muitos apicultores a perderem,
anualmente, parte dos enxames de suas colmeias, alguns chegam a perder mais de 40% deles. A
perda de enxames resulta na redução da capacidade de produção do apiário e diminui os lucros
do apicultor.
Entende-se por manejo de manutenção todas as ações realizadas com o objetivo de
assegurar a permanência dos enxames nas colmeias no período de escassez de alimento. Sua
prática se torna fundamental para quem faz apicultura fixa e em regiões onde existem longos
períodos de restrição alimentar, como boa parte do Nordeste.
A seguir são discutidas algumas ações do manejo de manutenção das colônias.
1. ALIMENTAÇÃO DE SUBSISTÊNCIA
Visa suprir as abelhas com o alimento necessário para manter a postura da rainha e
alimentação das crias, de forma a evitar o abandono da colmeia. A discussão sobre o que é, e as
formulações de alimentações serão tratadas em um capítulo específico de alimentação.
2. FORNECIMENTO DE ÁGUA
O frio excessivo prejudica o desenvolvimento das colônias, devido o alto consumo de mel
necessário para assegurar a manutenção da temperatura interna da colmeia, com isso
rapidamente se dá o esgotamento das reservas de mel, o que favorecerá o abandono. Assim, a
redução do alvado é uma medida que favorece a permanência do enxame na colmeia nos longos
períodos de frio.
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os enxames estão grandes e ocupando uma grande área da colmeia e nos períodos de escassez
de alimento eles estão menores e ocupando uma área menor.
Assim, com a retirada das melgueiras em excesso no período sem floradas, o apicultor
estará adequando o espaço da colmeia ao tamanho do enxame e favorecendo o controle de
temperatura. A retirada das melgueiras auxilia, também, no controle do ataque de traças, que
ocorre com frequência quando se têm pequenos enxames habitando grandes espaços.
Em algumas localidades, apicultores migram com suas colmeias das áreas onde as
floradas já terminaram para outras vizinhas, onde existe alguma florada que viabilize um pouco de
alimentação para as colônias, mantendo-as em boas condições para o início do próximo grande
fluxo de alimento na sua região de origem.
Capítulo IX
Entende-se por manejo para produção todas as técnicas apícolas executadas pelo
apicultor para aumentar a população das colônias, visando a maximização da produção de mel ou
de outros produtos da colmeia.
Em um apiário as colmeias mais produtivas são normalmente as mais populosas e que
menos problemas sanitários apresentaram ao longo do tempo. Considerando isso, pode-se dizer
que para a obtenção da produção máxima das colmeias, deve-se oferecer condições que
favoreçam o pleno desenvolvimento das colônias, de forma que as mesmas estejam bastante
populosas no início das floradas. Serão discutidos a seguir alguns pontos importantes para que o
pleno desenvolvimento dos enxames seja alcançado antes das floradas.
2. CONHECIMENTO DA FLORADA
Basicamente toda a produção apícola é resultado do aproveitamento das floradas por parte
das abelhas. Para que elas potencializem este aproveitamento é necessário que as colônias
estejam fortes e sadias durante os fluxos de néctar. Para que isso ocorra é importante que o
apicultor conheça muito bem as floradas da sua região, de forma que possa sincronizar o manejo
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das colmeias com a época adequada a sua realização. Manejos realizados fora da época
comprometem a produção e reduz o lucro dos apicultores. Na tabela 1 estão relacionadas
algumas plantas apícolas e suas épocas de florecimento no Ceará. Informações como estas são
necessárias de serem levantadas pelos apicultores em suas regiões.
3. ALIMENTAÇÃO ESTIMULANTE
4. ESPAÇO NA COLMEIA
Para que se tenham enxames populosos e produtivos faz-se também necessário prover a
colônia de espaço para o seu desenvolvimento. A provisão de espaço no tempo adequado é fator
importante e muitas vezes deixado de lado pelo apicultor que, por atrasar a colocação da
melgueira, tem duplo prejuízo uma vez que favorece a enxameação e causa redução na
produção.
O apiário deve ser mantido limpo durante todo o ano, em especial nos períodos que
antecedem as floradas e durante sua ocorrência, de forma a manter livre a linha de vôo das
abelhas, favorecer a penetração da luz e a ventilação, além de desfavorecer a presença dos
inimigos naturais das abelhas. Apiários mantidos com mato alto, abafados e com pouca
luminosidade favorece a ocorrência de doenças, pragas, reduzindo a produção das colmeias.
Capítulo X
MANEJO DE RAINHAS
INTRODUÇÃO
1. IMPORTÂNCIA
Como já visto anteriormente, a rainha é a única fêmea fértil da colmeia, mãe de todos os
indivíduos (operárias, rainhas e zangões) da colônia, responsável por metade da informação
genética que é repassada para suas filhas e por todas as informações genéticas herdadas por
seus filhos zangões. Influencia, ainda, o comportamento e a fisiologia dos membros do enxame,
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através de seus cheiros (Feromônios), atuando decisivamente no desenvolvimento da colônia ao
longo do seu ciclo anual.
Por tudo isso, a rainha ocupa uma posição de destaque no manejo das colmeias,
tornando-se peça chave para a melhoria do desempenho produtivo das colônias em um apiário
comercial. Sem rainhas de qualidade nas colmeias é impossível a obtenção de grandes
produções apícolas.
Como já foi visto, a rainha é peça fundamental no manejo apícola e responsável por
grande parte do sucesso alcançado pelo apicultor.
Contudo, para muitos, não fica claro como os problemas com a rainha afetam a produção,
ou mesmo, quais são os problemas que podem acontecer com a rainha. Assim, veremos a seguir
alguns problemas que comprometem a produção dos apiários e que estão relacionados ao
manejo das rainhas.
o Rainha velha: Já foi mencionado que a vida útil de uma rainha, em nossas condições
tropicais, é de aproximadamente um ano. Após este período a tendência é que ela vá
perdendo eficiência na postura. Com isso, o desempenho da colônia como um todo diminui
e a produção fica comprometida. Imagine no início de uma florada, duas colmeias, uma
com rainha jovem e a outra com uma velha. A rainha nova fazendo uma postura de 2.000
ovos por dia e a velha a metade, 1.000 ovos. Em 30 dias qual será a que estará mais
forte? Qual será que produzirá mais mel no final da safra? No geral se pode dizer, que a
colmeia com rainha jovem, que possui uma taxa de postura maior, estará em situação bem
melhor e seu proprietário também, já que terá mais mel para colher.
o Perda da rainha: Existem apicultores que, por não revisarem suas colmeias com a atenção
devida, nem sequer dão conta de que elas trocaram ou perderam rainhas durante a
florada. Isso representa uma perda de 40% da produção de mel da temporada. É muito
dinheiro perdido por falta de cuidado no manejo. Diante disso, é importante que no manejo
das colmeias o apicultor esteja atento para não matar a rainha. Caso isso venha a
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acontecer, ele deverá acompanhar a criação da nova rainha até que ela tenha iniciado a
postura, para assegurar que o problema foi resolvido e que tudo voltou à normalidade.
o Substituição natural da rainha: Sabe-se que se uma rainha velha for deixada na colônia por
tempo indefinido, as próprias abelhas irão criar uma nova para substituir a velha. Porém,
para que esta substituição ocorra se leva algum tempo, o que vai resultar na perda de boa
parte da produção, principalmente, se a troca acontecer durante a florada. Estudos
mostram que colônias que tiveram suas rainhas velhas substituídas durante a florada
produziram 35% menos de mel do que as colmeias normais.
o Enxameação: Vários trabalhos de pesquisa têm mostrado que a tendência de enxameação
das colônias é maior quando suas rainhas possuem mais de um ano de vida, ou seja,
deixar rainhas velhas nas colmeias representa um grande risco de enxameação. Sabe-se
que em colmeias onde ocorreu enxameação durante a florada, a produção de mel foi
reduzida em 55%.
Todos os pontos acima mencionados conduzem a uma conclusão: não se pode deixar o
futuro da colônia ao prazer da natureza, é necessário que o apicultor conduza o processo de
criação das abelhas no caminho que mais lhe convier, que normalmente é o da produção. Para
isso, é imprescindível que seja realizado um bom manejo de rainhas.
4. MANEJO DE RAINHAS
O manejo de rainhas está apoiado em quatro ações básicas: identificação das colmeias e
rainhas; coleta das informações das unidades - colmeias; avaliação das rainhas; e troca das
piores rainhas. A execução rigorosa destes pontos resultará no aumento da eficiência produtiva do
apiário e, consequentemente, na melhor remuneração do apicultor.
o Identificação das colmeias e rainhas: saber quem é pior ou melhor só poderá ser possível
se as colmeias e rainhas estiverem identificadas. Sem isso, estaremos correndo o risco de
trocar boas rainhas por ruins na hora de selecionar as melhores. A identificação das
colmeias pode ser feita por numeração contínua (01, 02, 03, ....), devendo ela ser de
tamanho adequado (6 cm de altura) e posicionada em local visível, de preferência em dois
pontos, frente e fundo da colmeia. Isso facilita a identificação da caixa no campo. A
marcação ou identificação da rainha é feita por um código de cores na parte superior do
tórax, usando para isso tinta de secagem rápida ou colando-se pequenas placas plásticas
numeradas e coloridas. As cores utilizadas devem respeitar a padronização internacional
estabelecida pela Apimondia (Associação de todas as confederações de apicultura do
mundo) que se encontra detalhada na caixa explicativa ao lado.
o Coleta das informações das unidades – colmeias: As anotações ou escriturações das
colmeias são um dos pontos de maior importância no manejo técnico de qualquer criação.
Quem não sabe o que acontece no campo, não pode tomar decisão com segurança o que
normalmente, resulta em perdas na produção. As anotações devem ser feitas em fichas
individuais, como é mostrado no capítulo 21 sobre escrituração, e devem ser mantidas
atualizadas. O nível de informações a serem anotadas vai depender da disponibilidade de
tempo para coleta dos mesmos e dos objetivos do apicultor.
o Avaliação de rainhas: As rainhas podem ser avaliadas por suas próprias características
(taxa de postura, peso, coloração, etc.) ou pelas características expressas pelo conjunto
dos seus descendentes (operárias, rainhas e zangões), que são medidas pelo
desempenho da colmeia, como por exemplo, a produção de mel ou pólen. Normalmente, o
objetivo do manejo das rainhas é a melhoria do desempenho produtivo da colmeia, seja
para o aumento da produção de mel ou outro produto qualquer da colmeia. Para tanto, se
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lança mão da medição do desempenho das colônias para a característica objeto da
avaliação e/ou de outras características relacionadas a ela e ao comportamento geral do
enxame. Assim, quando se deseja avaliar a produção de mel, as características
comumente medidas são: produção de mel, prolificidade e fertilidade, agressividade, baixa
tendência enxameatória e resistência a doenças. É importante observar que, para uma
avaliação eficiente, é necessário que se tome alguns cuidados, para evitar erros na coleta
dos dados. Na caixa explicativa ao lado encontra-se a orientação para a padronização da
produção das colmeias por apiários, para poder ser comparada as produções de colônias
de diferentes apiários.
o Troca das piores rainhas: Como já mencionado, a troca da rainha pode acontecer de forma
natural pelas abelhas, mas isso deve ser evitado por comprometer seriamente a produção
da colônia. Veja na caixa explicativa ao lado, os motivos pelos quais não se deve deixar a
substituição natural acontecer. Quando o apicultor conduz a troca das rainhas,
introduzindo material geneticamente superior, o ganho obtido é muito maior. Duay (1996),
mostrou que quando o apicultor substitui suas rainhas velhas por outras selecionadas, o
aumento da produção de mel foi de 47% e que quando as rainhas introduzidas não eram
selecionadas o aumento foi de 21% apenas. Neste último caso, como a qualidade genética
da rainha não era conhecida (rainha não selecionada), o ganho obtido foi bem menor e se
deveu exclusivamente à juventude da nova rainha introduzida. Este trabalho deixa claro
como é importante o manejo das rainhas em um apiário comercial. De posse das
avaliações das colmeias e suas rainhas realizado no item anterior, o apicultor deve iniciar a
substituição eliminando primeiro as de pior desempenho, de forma que no início da florada
as rainhas das famílias improdutivas já devam estar trocadas. Na troca das piores rainhas
deve-se estar atento a época em que ela será realizada, para que os objetivos desejados,
como o aumento da produção, possam ser alcançados. Recomenda-se, por isso, que as
trocas aconteçam de 45 a 60 dias antes do início do grande fluxo de néctar da região, para
que no início da florada boa parte das operárias da colônia já sejam filhas da nova rainha.
Com rainhas jovens as colônias ganharão mais área de cria, antes mesmo do início da
florada, estarão mais populosas, possibilitando um melhor aproveitamento da florada,
consequentemente, maior produção. A presença de rainhas jovens contribui ainda para
reduzir asenxameações, pois sabe-se que as que estão com mais de um ano de vida são
mais enxameadeiras. A enxameação é um dos problemas que mais causam prejuízos aos
apicultores brasileiros e deve ser evitado a qualquer custo. Considerando que a vida útil de
uma rainha, em nossas condições, é de aproximadamente um ano, a recomendação
técnica é que a substituição ocorra anualmente, podendo ser escalonada caso se tenha
mais de uma florada forte na região.
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Localização das rainhas
A localização da rainha de um enxame talvez seja um dos pontos que mais desencoraje
apicultores na hora de realizar a substituição. Esta tarefa, que aparentemente parece árdua, pode
ser relativamente simples se aplicadas algumas técnicas conhecidas como a da localização rápida
ou do uso abusivo da fumaça.
Na primeira, o apicultor deve aplicar pouca fumaça no alvado da colmeia, e logo que abri-
la, deve se dirigir ao ninho e retirar dois caixilhos da parte central. Com cuidado, examinar os
caixilhos à procura da rainha que deverá estar em um deles. Este método em muitos casos
funciona, principalmente quando a área de postura encontra-se nos caixilhos retirados. Caso não
se consiga achar a rainha, repõem-se os caixilhos no ninho, fecha-se a colmeia e utiliza-se a
segunda técnica.
O uso abusivo da fumaça para localização da rainha é feito com a aplicação de bastante
fumaça no alvado da colmeia, com esta fechada. Com o excesso de fumaça a rainha, tentando
fugir, procura se refugiar na parte de cima da colmeia, normalmente na tampa. Passados dois
minutos da aplicação da fumaça, o apicultor deve abrir a colmeia, com cuidado, e verificar a
presença da rainha na tampa ou sobre a parte superior dos caixilhos. Este método funciona muito
bem tanto para enxames pequenos como para os grandes.
- 39 -
se encontrar o motivo deste comportamento. Normalmente, alguma realeira não foi construída
antes da introdução ou é possível que alguma rainha tenha nascido sem a percepção do apicultor.
Assim, é necessário que as realeiras sejam destruídas ou a rainha nascida eliminada.
Nesse caso, a rainha deverá ser mantida presa por mais um dia, para que este comportamento
hostil cesse. A rainha só deverá ser solta quando as operárias estiverem se relacionando
passivamente com ela através da gaiola.
Capítulo XI
ALIMENTAÇÃO ARTIFICIAL
INTRODUÇÃO
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variáveis de acordo com a região. Em regiões sujeitas a longos períodos de seca ou de frio, a
oferta de alimentos no campo torna-se escassa e as colônias necessitam de alimentação artificial
para que permaneçam nas colmeias.
Quando isso não ocorre é comum o abandono. Antes das grandes floradas, alguns
enxames estão fracos e sem condições de produzir, só começando a fazê-lo, muitas vezes, após
a metade do período da florada. Este atraso na produção pode ser evitado através do
fornecimento de alimentação artificial às abelhas dias antes do início do período de produção. A
alimentação artificial também pode ser fornecida aos enxames capturados ou aqueles que foram
divididos.
As abelhas, como as demais espécies de animais domésticos, para se desenvolverem
normalmente necessitam que as suas exigências nutricionais sejam satisfeitas, para que possam
realizar um bom desempenho reprodutivo e produtivo. A procura de alimento pelas abelhas na
natureza é um trabalho exaustivo e demanda muita energia. Para se ter uma ideia, uma colmeia
necessita anualmente de 15 a 55 kg de pólen, 260 litros de água e 60 a 80 kg de mel.
Para estocar um quilograma de mel as abelhas consomem 8 kg do alimento, realizam
quatro milhões de viagens entre a colmeia e as flores, visitando entre 500 a 1000 flores em cada
viagem. Durante longos períodos de estiagem, de frio muito intenso e chuvas torrenciais as
abelhas deixam de estocar néctar e pólen, e as reservas da colônia se reduzem, elas
enfraquecem e tornam-se suscetíveis a doenças e ao ataque de inimigos naturais.
A deficiência nutricional afeta a capacidade reprodutiva e produtiva das abelhas, o que
reflete na produção de mel. Aumentando-se a longevidade das abelhas, pode-se aumentar a
produção de mel entre 25 a 40 %. Para suprir as deficiências nutricionais das abelhas o apicultor
pode alimentá-las temporariamente utilizando a alimentação artificial. Na foto ao lado estão alguns
dos alimentos utilizados na alimentação artificial das abelhas.
1. TIPOS DE ALIMENTAÇÃO
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A rapadura raspada ou triturada, quando fornecida em alimentador coletivo,
favorece o consumo pelas abelhas e reduz a mão-de-obra. Para isso é necessário
que este alimento esteja protegido da umidade. Usar uma melgueira sobre um
fundo e cobrir com uma tampa, deixando um declive de 2% para o lado do alvado.
o Mel residual proveniente das centrífugas, mesa desoperculadora, decantadores,
homogenizadores e bombas, assim como o mel extraído dos enxames durante a captura e
aquele oriundo dos opérculos, sem valor comercial, podem ser utilizados como alimento
para as abelhas. O alimento preparado com o mel residual é feito adicionando-se água ao
mel, devendo esta mistura ser submetida ao aquecimento e ao tratamento com ácido
tartárico ou ácido cítrico. Este alimento pode ser guardado por até quatro meses e
fornecido às colônias quando necessário. O tratamento deste alimento deve ser feito
aquecendo-se 8 litros da mistura (50% de mel + 50% de água) até a fervura, quando se
adiciona 5g de ácido tartárico ou cítrico e se deixa por mais 3 minutos no fogo. O ácido
quebra a sacarose em glicose e possibilita a este alimento um maior tempo de estocagem.
A alimentação não pode ser usada como a única técnica de manejo para evitar o
enfraquecimento e o abandono das colmeias pelas abelhas. O inverno rigoroso que atinge
parcialmente o Brasil – Estados sulinos - e nas regiões onde ocorre longo período de
estiagem é necessária a utilização de outras técnicas de manejo, que somadas à
alimentação artificial, possam garantir a permanência das abelhas na colmeia nos períodos
mais difíceis do ano.
Alimentação estimulante
2. TIPOS DE ALIMENTADORES
Desvantagens:
alimento fornecido é compartilhado com enxames silvestres, de apiários vizinhos,
pássaros, mamíferos, formigas e outros animais;
Incentiva o saque;
Facilita a transmissão de doença;
Os enxames fracos são prejudicados pela concorrência dos mais fortes.
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Capítulo XII
INTRODUÇÃO
Em várias ocasiões o apicultor pode optar por aplicar técnicas específicas para aumentar o
número de enxames em seu apiário ou fortalecer suas colônias, preparando-as rapidamente para
produção. Para tanto abordaremos neste capítulo os principais métodos de divisão e união de
enxames.
1. DIVISÃO DE ENXAMES
O povoamento do apiário pode se dar de várias formas, como visto no capítulo anterior.
Porém, muitas vezes é desejo do apicultor ampliar o número de colônias de seu apiário lançando
mão dos enxames que ele já possui. Para tanto, faz-se necessário que se tenha em mente que a
divisão populacional das abelhas operárias, e das reservas de alimento, assim como a garantia
das condições para que as partes órfãs da divisão possam criar suas novas rainhas são fatores
fundamentais para o sucesso da técnica.
Procedimentos:
1) Colocar uma colmeia vazia (colmeia B) ao lado da colmeia que vai ser dividida (colmeia A).
2) Transferir da colmeia A para a colmeia B todos os caixilhos contendo crias novas e ovos, um ou
dois caixilhos de cria madura para reforço das nutrizes e metade das reservas de mel. Manter a
rainha na colmeia A.
3) Completar as duas colmeias com caixilhos com lâminas de cera alveolada e transferir algumas
nutrizes da colmeia A para a colmeia B.
4) Levar a colmeia A para um local distante pelo menos trinta metros do local original.
2. UNIÃO DE ENXAMES
O apiário deve ser encarado como uma empresa e cada colmeia vista como um
funcionário. O apicultor bem sucedido deverá ter em seu apiário funcionários que tenham uma alta
produção. Porém, nem sempre isto é possível, visto que por razões genéticas, climáticas, de
sanidade dentre outras, muitas vezes alguns enxames produzem muito pouco ou nada. É
importante salientar que enxames fracos, além de serem pouco rentáveis, requerem maior
atenção, são mais sujeitos ao ataque de inimigos naturais e comprometem a viabilidade
econômica do apiário. É preferível que se tenha poucas colmeias muito produtivas a ter muitas
colmeias que pouco ou nada produzam. Para prevenir e resolver este problema poderá ser
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utilizada a técnica de união de enxames, que tem como vantagens:
Viabilização de colônias fortes, populosas e produtivas;
Utilização de uma quantidade menor de mão-de-obra;
Redução dos riscos de perda de enxames por ataque de inimigos naturais.
Para adoção desta técnica existem duas situações que definem a metodologia a ser
aplicada. Primeiro, as colmeias fracas a serem unidas estão próximas uma da outra e na segunda
situação as colmeias estarão distantes entre si.
Método da pulverização
Este método é o mais rápido, e é indicado somente para as situações onde as famílias a
serem unidas encontram-se próximas. A seguir apresentaremos os materiais e os procedimentos
necessários para a união dos enxames:
Procedimentos:
1) Selecionar, dentre as duas famílias a serem unidas, qual a mais fraca e remover a sua rainha.
2) Colocar o ninho vazio que servirá de nova casa para os enxames entre as duas colmeias
povoadas.
3) Borrifar o interior da colmeia, sobre os favos e sobre as abelhas, xarope de mel e ervas
aromáticas sobre os favos e sobre as abelhas, tendo o cuidado para não ensopar a colmeia e os
favos e para não encharcar as abelhas.
4) Aplicar fumaça sobre as famílias para manter as abelhas agrupadas
5) Transferir os caixilhos com crias e reservas de alimento, um a um, e alternadamente (primeiro o
caixilho de uma, depois o caixilho da outra) das colmeias povoadas para o ninho vazio.
6) Descartar os favos muito escuros ou defeituosos, substituindo-os por caixilhos com cera
alveolada, caso necessário.
7) Usar a vassourinha para transferir as abelhas das caixas para o interior do terceiro ninho,
pulverizando-as em seguida com xarope.
Método do jornal
Este é um método bem simples, sendo indicado para as situações onde as famílias a
serem unidas estiverem distantes uma da outra.
Procedimentos:
1) Selecionar dentre as duas famílias a serem unidas qual a mais fraca e remover a rainha.
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2) Besuntar uma folha de jornal com mel e, em seguida, colocar outra folha de jornal por cima
(formando uma espécie de “sanduíche” de jornal e mel).
3) Colocar as folhas de jornal besuntadas no lugar da tampa da colmeia sem rainha.
4) Remover o assoalho da outra colônia e colocá-la sobre as folhas de jornal acima da primeira
família.
5) Remover o excesso de jornal das laterais dos ninhos para prevenir pilhagem.
6) Reunir as abelhas e os melhores favos em um único ninho após cinco dias da colocação do
jornal.
O método é eficiente, pois as abelhas presas no ninho superior roerão o jornal ao mesmo
tempo que as operárias do ninho de baixo (ninho órfão) estarão fazendo este trabalho para
obterem o mel. Durante este processo, pequenos furos no jornal serão formados, possibilitando a
troca de “cheiros” entre as duas famílias, fazendo com que ao final do processo, que durará em
torno de doze horas, as duas famílias se organizem em uma só, otimizando os trabalhos.
Capítulo XIII
CONTROLE DE ENXAMEAÇÃO
INTRODUÇÃO
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obriga o enxame a procurar um outro local para construir seu ninho. Podem ser causa do
abandono a falta de alimento, o excesso de temperatura no ninho, a falta de água, o ataque de
algum predador, o excesso de umidade, entre outros fatores.
Em regiões onde o alimento é muito escasso em determinado período do ano, é comum se
observar um alto índice de abandono. Isso ocorre, por exemplo, em algumas regiões do semi-
árido nordestino onde é comum o apicultor perder mais de 30% das abelhas dos seus apiários. Na
África do Sul esta perda pode chegar, em algumas situações, a 50% em um único ano.
2. ENXAMEAÇÃO REPRODUTIVA
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O controle do comportamento enxameatório das abelhas pode ser realizado por meio de
ações que previnam a enxameação ou por ações baseadas na antecipação do processo de
divisão do enxame, onde se utiliza a enxameação artificial.
Para prevenir a enxameação reprodutiva o apicultor pode fazer uso de algumas práticas
simples de manejo, como aumentar o espaço das colmeias, controlar a idade da rainha,
selecionar famílias pouco enxameadeiras e destruir realeiras. Já para prevenir o abandono deve-
se assegurar às colônias defesas contra os inimigos naturais, evitar exposição das colmeias às
condições impróprias, como muito sol e falta de água, e garantir alimentação em períodos de
escassez de alimento.
Serão apresentados a seguir alguns comentários sobre pontos importantes na prevenção
da enxameação reprodutiva:
Aumentar o espaço das colônias: O tamanho da colmeia deve ser proporcional ao do
enxame, de forma que as abelhas tenham espaço suficiente para criar sua prole e
armazenar mel e pólen. A falta de espaço é um dos fatores que induzem a enxameação.
Por isso o apicultor deve estar bastante atento, para que, no início das floradas, as
colmeias estejam recebendo as primeiras melgueiras. É importante e necessário que
durante a florada as revisões das colmeias ocorram em intervalos de tempo adequados,
para evitar o problema da falta de espaço em pleno período de produção. Quando o
apicultor abre a colmeia e encontra abelhas ocupando o topo dos caixilhos e os espaços
entre estes, e observa ainda que estão construindo favos entre a tampa e os caixilhos da
melgueira, é sinal que o enxame está necessitando de mais espaço. Para suprir a colônia
de espaço o apicultor pode acrescentar uma melgueira sobre a colmeia ou retirar os
caixilhos da lateral do ninho, que devem estar com mel, centrifugá-los ou substitui-los por
outros com favos puxados ou cera alveolada.
Controlar a idade das rainhas: Como foi visto em capítulo anterior as rainhas jovens, com
menos de um ano de idade, enxameam menos que rainhas com mais de um ano. Isto é
um fato comprovado cientificamente. Por este motivo, o apicultor não deve deixar suas
rainhas envelhecerem na colmeia, pois provavelmente estarão sendo substituídas
naturalmente pelas próprias abelhas. Além do fato de que as rainhas jovens apresentam
outras vantagens como melhor taxa de postura e desempenho para estimular o
crescimento do enxame.
Selecionar rainhas pouco enxameadeiras: A falta de seleção de abelhas nos apiários
comerciais brasileiros, levam os apicultores a utilizarem rainhas que chegaram com os
enxames capturados na natureza e das quais não se tem informações sobre sua qualidade
genética. Ao se manter enxames capturados da natureza, sem que se faça nenhuma
seleção neste material, se está trabalhando a favor da permanência do instinto
enxameatório existente nas abelhas africanizadas. É importante que o apicultor
acompanhe o desempenho dos seus enxames e identifique os mais produtivos e com
menor tendência enxameatória para selecioná-los.
Destruição das realeiras construídas: Como durante a preparação da enxameação
reprodutiva ocorre a criação de novas rainhas, o apicultor pode quebrar parcialmente o
instinto enxameatório da colônia destruindo as realeiras construídas. Porém, antes de
faze-lo é necessário se certificar que a rainha ainda se encontra no ninho e que ela não
está com nenhum problema. Muitas vezes quando o apicultor percebe as realeiras
construídas é tarde e a enxameação já ocorreu.
Capítulo XIV
TRANSPORTE DE COLMEIAS
INTRODUÇÃO
As colmeias a serem transportadas devem ser revisadas na manhã do dia em que será
realizado o transporte ou no dia anterior. Na revisão deve-se assegurar que o número de caixilhos
da colmeia está completo, para evitar que estes vão se batendo na viagem, o que poderia
ocasionar a morte da rainha ou de operárias.
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Caso haja favos novos com mel e a distância a ser percorrida seja longa e em estradas
ruins, o apicultor deve retirar estes favos, substituindo-os por outros com cera alveolada ou favos
puxados. O motivo da retirada destes favos se deve a sua fragilidade e a possibilidade destes se
partirem, derramando o mel dentro da colmeia, o que causaria a morte de muitas abelhas.
É importante que seja observado ainda o tamanho do enxame e o espaço disponível da
colmeia para acomodar todas as abelhas durante o transporte. Caso o enxame seja muito grande
e o espaço do ninho fique pequeno para comportar todas as abelhas, se faz necessário a
colocação de uma melgueira para aumentar a área interna da colmeia.
Durante a revisão deve-se conferir se todas as partes da colmeia estão fixadas e que não
há risco destas se soltarem no transporte, o que ocasionaria acidentes graves. Para fixar o fundo
ao ninho e este à melgueira, o apicultor pode pregar um pequeno pedaço de madeira (sarrafo)
unindo as partes a serem fixadas. Devem ser utilizados pelo menos três sarrafos para fixar o
fundo no ninho e quatro para unir este à melgueira, sendo colocado um sarrafo de cada lado da
caixa.
Ao final da revisão a colmeia recebe, na sua parte superior, uma tela de transporte, que
deve ser fixada com prego ou ligas de borracha, para evitar seu deslocamento durante o
transporte. A tela tem por objetivo manter a ventilação no interior da colmeia, garantindo
suprimento de oxigênio às abelhas. Depois de colocada a tela deve-se repor a tampa da colmeia.
Nesse momento, alguns apicultores já fecham parcialmente o alvado das colmeias, para facilitar o
fechamento total antes do transporte.
Fechamento do alvado
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Abertura do alvado
Já em seu local definitivo, a colmeia deve repousar por alguns minutos, para que as
abelhas diminuam a agitação causada pelo balanço no transporte. Após 30 minutos de repouso, o
alvado pode ser aberto para que as abelhas saiam, sendo a tampa da colmeia recolocada sobre a
tela.
Após dois ou três dias do transporte o apicultor deve revisar a colônia para constatar sua
normalidade e retirar a tela de transporte. Se os itens apresentados acima forem seguidos,
dificilmente o apicultor terá problemas no transporte de suas colmeias.
Capítulo XV
COLHEITA DO MEL
INTRODUÇÃO
Entende-se por colheita de mel todo o processo desde a coleta dos favos nas colmeias,
passando pelo transporte destes do apiário para a casa do mel, sua centrifugação, até a
devolução dos favos às colmeias.
A forma como é realizada a colheita e os cuidados ao longo de todo o processo é de
grande importância para preservação da qualidade do mel obtido. A falta de cuidado durante a
colheita pode comprometer a qualidade do mel de forma irreversível e inviabilizar sua
comercialização.
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
Ao fazer o manejo das colmeias, em uma revisão, evite colocar os caixilhos diretamente
em contato com o solo. Durante a colheita do mel, nunca coloque as melgueiras direto sobre o
chão, utilize um suporte ou improvise um com uma caixa vazia. O contato das melgueiras com o
solo poderá comprometer a qualidade do mel, pela contaminação com microrganismo e sujidades
do solo (areia, pedaços de folhas, etc.).
O mel é um produto higroscópico, por ter uma alta capacidade de absorção da água. Sua
manipulação em ambientes úmidos ou dias chuvosos pode resultar no aumento da sua umidade,
colocando-o fora dos padrões exigidos pela legislação brasileira para este produto e,
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consequentemente, pode comprometer sua comercialização. Por esse motivo se deve evitar a
coleta dos favos em dias com chuva, chuviscos ou mesmo quando o tempo estiver nublado. A
coleta sempre deve ser realizada em dias de tempo bom e muito sol.
Os favos coletados devem estar totalmente operculados ou com, pelo menos, 80% de sua
área operculada, o que assegura a colheita de mel com baixo teor de umidade. A colheita de
favos que não estejam nestas condições resultam em méis com altos teores de umidade e com
grande possibilidade de fermentação.
Se no dia da colheita do mel a umidade do ar estiver muito alta, o que é comum quando se
têm vários dias com chuva, o apicultor deve coletar apenas os favos que estejam totalmente
operculados.
Os favos com mel devem estar bem protegidos ao serem transportados do apiário para a
casa do mel, uma vez que existe a possibilidade de contaminação do mel com poeira e outras
sujidades durante o transporte. O ideal é que os favos sejam transportados em veículos fechados.
Caso isso não seja possível, estes devem ser protegidos (cobertos) por uma lona plástica, de cor
clara, e de uso exclusivo para este fim, devendo ser sempre higienizada antes do uso.
Capítulo XVI
A higienização da casa do mel e dos equipamentos devem ser realizadas antes da sua
utilização. No entanto, tudo deve estar seco para o início dos trabalhos, para evitar excesso de
umidade no local. A higienização deve ser feita com produtos neutros e sem cheiros, para não
comprometer as características sensoriais do mel colhido (aspecto, aroma e sabor). Deve-se
evitar o uso de palha de aço ou similares na limpeza dos equipamentos, pois resíduos destes
produtos tendem a ficar aderidos às peças e podem comprometer a qualidade do mel. Atenção
especial deve ser dada a água que vai ser utilizada na limpeza, devendo esta ser de boa
qualidade e tratada. É importante lembrar que o uso de água sem qualidade é fonte de
contaminação.
É importante que os produtos utilizados na limpeza e na higienização dos ambientes e
equipamentos (sabão, detergentes e desinfetantes) sejam procedentes de fabricante idôneo e que
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tenham o seu uso na indústria de alimento autorizado pelos órgão competentes. Deve-se evitar o
uso de produtos caseiros e sem registro.
Os favos colhidos devem ser centrifugados o mais rápido possível, pois sua permanência
fora das colmeias, à espera da centrifugação, representa risco de contaminação e de aumento de
umidade. Os favos devem ser centrifugados no mesmo dia em que forem retirados
das colmeias.
As melgueiras chegam a casa do mel pela sala de recepção, local onde receberão limpeza
na parte externa antes de serem transferidas para a área de manipulação. A limpeza das
melgueiras é feita com o objetivo de eliminar sujidades provenientes do campo. Durante toda a
permanência das melgueiras na casa do mel, estas deverão ser mantidas sobre estrados
plásticos, evitando assim o contato dos favos com o piso.
Desoperculação
As melgueiras devem ser levadas para a sala de manipulação à medida em que se vai
processando a desoperculação, evitando-se assim o acúmulo de caixas. Com o objetivo de
organizar o trabalho na sala de manipulação, deve-se estabelecer um local para a colocação das
melgueiras com caixilhos a serem desoperculados, assim como, com os caixilhos já centrifugados;
A melgueiras devem ser mantidas sobre estrados plásticos.
A desoperculação será realizada por pessoal treinado para esta tarefa e será realizada
com o auxílio de garfos e facas desoperculadoras, em uma mesa desoperculadora. Os utensílios
de desoperculação devem ser de aço inox e plástico, devendo estar em bom estado de
conservação.
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Centrifugação
Filtragem
A filtragem do mel é realizada após a centrifugação. Pode ser feita com o uso de uma
simples peneira ou de uma sequência de peneiras acopladas a um filtro sob pressão. Em qualquer
dos métodos utilizados o objetivo é a retirada de fragmentos de cera, abelhas ou pedaços delas,
que saem junto com o mel no processo de centrifugação.
Decantação
Envase
Armazenamento
O mel envasado deverá ser armazenado em local seco e fresco, mantido ao abrigo da luz
e sobre estrados, onde permanecerá até a comercialização. Deve-se respeitar a altura máxima de
empilhamento indicada pelo fabricante das embalagens. O mel armazenado deve guardar uma
distância mínima de 40 cm das paredes, para facilitar a limpeza do depósito.
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Capítulo XVII
PRODUTOS DA COLMEIA
INTRODUÇÃO
1. O MEL
Transformação física:
É a perda de água do néctar por evaporação devido ao calor existente na colmeia (em
torno de 35 º C) e a constante ventilação produzida pelo movimento das asas das abelhas.
Transformação química:
Ocorre pela a ação de uma enzima denominada invertase, produzida pelas abelhas que
atuam sobre a sacarose, principal açúcar do néctar, transformando-o em dois açúcares
mais simples: glicose e frutose.
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Composição do mel
Os principais componentes do mel são os açúcares, contendo também ácidos, pólen, cera,
proteínas, enzimas, minerais e outros nutrientes.
Componentes Média %
Água 17
Glicose 34
Frutose 40
Sacarose 2
Minerais 1
Outros elementos 6
Total 100
Cristalização do mel
Muitas vezes as pessoas imaginam que mel cristalizado é mel adulterado. Ao contrário do
que se pensa, a cristalização é um processo natural que não interfere na composição e na
qualidade do mel. A cristalização do mel consiste na separação da glicose da frutose pelo fato da
glicose ser menos solúvel do que a frutose e depende dos seguintes pontos:
Relação entre o conteúdo de glicose e o de água: quando esta relação for maior que dois,
o processo de cristalização será completado.
Relação entre o conteúdo de frutose e glicose: quando esta relação for superior a dois o
mel não cristaliza.
Teor de umidade: méis com menor teor de umidade (17 %) cristalizam mais fácil do que
aqueles com maior teor (18%) de umidade.
Fermentação do mel
2. CERA
As abelhas, para construírem seus ninhos, necessitam de cera. Este material que é
praticamente insubstituível na construção dos favos, daí a importância da secreção de cera pelo
organismo das abelhas. A cera é um produto secretado por quatro pares de glândulas
ceríferas, localizadas na face ventral do 4º,5º, 6º e 7º segmentos abdominais. Normalmente a cera
é secretada pelas abelhas operárias com idade que varia entre 12 e 18 dias.
Composição
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A cera é resultante de uma mistura de ácidos gordurosos, álcoois e hidrocarbonetos de
alto peso molecular.
Uso da cera
A cera é usada na colmeia para a construção dos favos, sendo também matéria-prima para
as indústrias de cosméticos, velas, vernizes etc. O principal uso da cera é na prática da apicultura,
sendo utilizada na colmeia em forma de lâminas contendo as bases dos alvéolos desenhadas,
facilitando a construção dos favos pelas abelhas operárias.
3. PÓLEN
Composição
A composição do pólen varia de acordo com a sua origem floral. O pólen possui ainda
vitaminas A, B, C, D, E, enzimas, antibióticos e outros nutrientes.
Componentes %
Água 30-40
Proteína 11-35
Glicídios (açúcares) 20-40
Gorduras 1-20
Minerais 1-7
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Uso do pólen
Pelas abelhas: O pólen possui importante papel na alimentação das larvas, estimulando o
funcionamento das glândulas hipofaringeanas das abelhas operárias jovens, para produzir geleia
real que serve de alimento para as larvas das três castas até o 3º dia de vida, e para alimentar a
rainha durante toda a sua vida. É utilizado também na preparação do alimento das larvas de
operárias e zangões com mais de três dias de idade.
Pelo homem: o pólen é uma fonte de alimento natural de grande valor nutritivo, sendo
indicado para o consumo humano na quantidade de 25g/dia para adultos, e 5g a 10g para
crianças. Na medicina é usado como um importante regulador das funções orgânicas, pois
estimula o metabolismo celular, reforça a imunidade, neutraliza os resíduos metabólicos (toxinas
prejudicais ao organismo), diminui os riscos de câncer e doenças cardiovasculares, além de
outros usos.
Produção de pólen
4. PRÓPOLIS
Composição
A composição química da própolis varia de região para região, sendo muito complexa e
formada por material gomoso e bálsamo e outros materiais.
Componentes %
Resina + bálsamo 55
Cera 30
Óleos voláteis 10
Pòlen 5
Total 100
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Uso da própolis
Produção de própolis
A produção de própolis é mais uma fonte de renda para o apicultor, cujo valor econômico
depende da origem vegetal.
Capítulo XVIII
CASA DO MEL
INTRODUÇÃO
Entende-se por casa do mel o ambiente onde são realizadas a extração e preparação
básica do mel para comercialização. Por tratar-se de um ambiente de manipulação de alimento
sua construção deve atender as exigências legais referente as condições higiênico-sanitárias
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determinadas em lei, pelo Ministério de Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), para
estabelecimentos elaboradores e industrializadores de alimentos (Portaria SIPA nº 006, de 25 de
julho de 1985 e Portaria nº 368, de 04 de setembro de 1997 – DIPOA).
Serão apresentados a seguir alguns pontos que devem ser observados no planejamento e
construção de uma casa do mel, dentro das recomendações do MAPA. É importante que o
apicultor perceba a necessidade de construir sua casa do mel em atendimento ao que está
estabelecido na lei, sob pena de ter que, posteriormente, fazer as adequações necessárias para o
registro de sua unidade de processamento junto ao Ministério da Agricultura.
1. PLANEJAMENTO
Localização: A casa do mel deve ser localizada em posição estratégica, que facilite a
chegada e saída do mel, devendo pois estar relativamente junto à produção, próximo às
vias de escoamento, em local de fácil acesso e livre de fontes poluidoras.
Divisão interna: Recomenda-se que a casa possua áreas destinadas à recepção de
melgueiras, manipulação de favos e mel (para as atividades de desoperculação,
centrifugação e decantação), estocagem de mel centrifugado, banheiro, vestuário e
depósito. Os banheiros e vestuários não devem ter comunicação direta com as áreas de
processamento de alimento.
Fluxo de processamento: O fluxo do mel no estabelecimento deve ter um único sentido,
não sendo admitido o cruzamento entre mel processado e melgueiras no interior da casa
do mel. Assim, os favos devem chegar pela porta principal na sala de recepção, de lá
devem ser passados para a área de manipulação, na medida em que houver demanda de
favos para desopercular; indo em seguida para centrifugação. Na saída da centrifuga, o
mel é filtrado e levado aos decantadores. Após a decantação é embalado em baldes ou
tambores, que depois de cheios serão levados para o depósito de mel centrifugado, saindo
daí para o comprador. O depósito deve possuir uma saída exclusiva para expedição do
mel.
2. CARACTERÍSTICA DA CONSTRUÇÃO
3. EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS
A seguir é apresentada uma proposta de uma casa do mel, com área de aproximadamente 54
m², distribuída em: sala de recepção, sala de manipulação, área para estocagem de mel
centrifugado, depósito de material de limpeza, banheiro e vestuário. A proposta foi concebida pela
Universidade Federal do Piauí para atender grupos de apicultores nas comunidades assistidas
pela Associação dos Apicultores da Microrregião de Simplício Mendes, no Piauí e possui a
capacidade operacional para o atendimento de um grupo de 350 colmeias (considerou-se um fator
de produção 0,7 e uma produtividade de 36 kg por colmeia em três ou quatro colheitas).
Veja na tabela os equipamentos e utensílios para a casa do mel e os ítens necessários para
operacionar os trabalhos.
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Características Quantidade
Mesa desoperculadora em aço inox 01
Centrífuga de 50/65 caixilhos em aço inox 01
Decantador de 340 litros em aço inox 05
Peneira para decantador em aço inox 01
Peneira para baldes em aço inox 02
Baldes de 20 litros em aço inox 03
Estrados plásticos 10
Garfos desoperculadores 04
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Capítulo XIX
INTRODUÇÃO
As abelhas africanizadas são conhecidas por sua rusticidade. Graças a esta característica
elas conseguem obter um bom desenvolvimento mesmo em condições não muito favoráveis e
resistir ao ataque de pragas e doenças. Esta rusticidade é tida como um grande diferencial em
nossa apicultura, permitindo a criação das abelhas sem o uso de medicamentos e praguicidas.
Isso assegura à apicultura brasileira uma produção com menor risco de contaminação.
Contudo, mesmo sendo mais resistentes aos ataques de pragas e à ocorrência de
doenças é possível que elas aconteçam em colmeias de abelhas africanizadas. Por esse motivo o
apicultor deve estar atento à este risco durante a instalação do apiário e no manejo das colmeias.
Para ajudar na compreensão dos problemas relacionados a saúde das abelhas, serão
apresentados a seguir alguns pontos importantes sobre inimigos naturais e doenças das abelhas.
1. INIMIGOS NATURAIS
A criação racional de abelhas pode ser ameaçada por inúmeros inimigos naturais capazes
de provocar a queda na produção e até mesmo a perda dos enxames. Esses inimigos vão variar
em importância de região para região mas, no geral, são representados por formigas, sapos,
aranhas, tatus, traças, entre outros.
Formigas
Há vários tipos de formigas que são inimigas das abelhas, entre elas destacam-se: formiga
“taioca”, saraça, formiga sarará, formiga doceira e formiga quem-quem. Essas formigas invadem
as colmeias, geralmente à noite, para alimentar-se do mel e das crias das abelhas, matando
inclusive abelhas adultas em determinadas situações. Seu ataque pode ser prevenido com a
construção de cavaletes contendo protetores com graxa ou enrolando um pedaço de lã ou
algodão nos pés do cavalete ou manilha. Pode-se ainda colocar óleo queimado na base do
suporte da colmeia.
Todos estes métodos reduzem as possibilidades de ataque. Mas algumas vezes falham, já
que as formigas conseguem criar caminhos alternativos e superar os obstáculos criados para
proteger as colmeias.
Por este motivo, o apicultor deve estar sempre atento e manter o apiário limpo, removendo
madeira podre ou outros abrigos que favoreçam a presença das formigas no entorno do apiário.
Sapos
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Aranhas
As aranhas gostam de tecer as suas teias próximo aos apiários, principalmente, na linha
de vôo das campeiras. As teias são fáceis de serem visualizadas pela manhã. O apicultor deve
removê-las e destruir as aranhas todas as vezes que vistoriar o apiário.
Traças
Existem doenças que afetam as crias (larvas e pupas) e outras que atingem as abelhas
adultas. Para evitar tais doenças é necessário que o apicultor conheça um pouco do assunto e
realize um bom manejo.
Para que isso seja possível serão comentados, a seguir, alguns pontos sobre as doenças
das abelhas, que estão subdivididos em doenças de cria e de adultos.
Doenças de cria
Controle:
Não utilizar antibióticos para tratamento preventivo ou curativo, pois pode levar à
resistência da bactéria e contaminar os produtos da colmeia, além de ser um gasto adicional para
o apicultor. O tratamento preventivo pode ainda esconder os sintomas da doença, prejudicando
trabalhos de seleção para resistência, que seria altamente recomendado.
Agente causador: bactéria Melissococus pluton. Esta bactéria não forma esporos como
ocorre no caso de Cria Pútrida Americana. As larvas são infectadas quando comem alimento
contaminado.
Sintomas:
Favos com muitas falhas;
A morte ocorre normalmente na fase de larva, antes que os alvéolos sejam operculados,
ficando as crias doentes em forma de “C” no fundo do alvéolo;
Quando a morte ocorre em fase um pouco mais adiantada, as crias ficam em posições
anormais, podendo ficar contorcidas, nas paredes dos alvéolos;
Mudança de cor das larvas que passam de branco pérola para amarelo e até marrom;
Pode apresentar cheiro pútrido ou não.
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Controle:
Remoção dos caixilhos com cria doente;
Trocar rainha suscetível por outra mais resistente;
Evitar uso de equipamentos contaminados quando manejar colmeias sadias;
Caso seja confirmado o diagnóstico por meio de análises microbiológicas, os favos com
crias doentes podem ser derretidos e a cera reaproveitada.
Cria ensacada
Agente causador: Em várias partes do mundo onde esta doença ocorre o agente causador
é o vírus “Sac Brood Virus” (SBV). No entanto, no Brasil foi descoberto no Laboratório de
Patologia Apícola da Universidade Federal de Viçosa, que o agente causador é o pólen de
barbatimão, que contém taninos, que causam a intoxicação das larvas, não permitindo a sua
transformação de pré-pupa para pupa. Até 2004 eram conhecidas três espécies diferentes de
barbatimão que produzem pólen que causa os sintomas típicos da doença. As espécies são:
Stryphnodendron polyphyllum, S. adstringens e S. guyanensis .
Sintomas:
Favos com falhas e opérculos geralmente perfurados;
A morte ocorre na fase de pré-pupa;
Não apresenta cheiro pútrido;
Coloração da cria: geralmente tem todo o corpo claro, mas depois de algum tempo pode
escurecer a região cefálica, que dará origem à cabeça;
Ocorre a formação de líquido entre a epiderme da larva e da pupa em formação. Quando a
cria doente é retirada do alvéolo com o auxílio de uma pinça, apresenta formato de saco,
ficando o líquido acumulado na parte inferior (veja a foto ao lado).
Controle:
A única forma totalmente eficaz é evitar a instalação de apiários em locais com incidência
da planta barbatimão ou mudá-los no período de floração, para áreas onde não tenha a
planta em floração. A época de floração, varia de espécie para espécie. Algumas
florescem entre setembro e novembro e outras entre novembro e março;
Utilizar substituto de pólen (farelo soja+fubá+farinha de trigo 1:1:1) com textura de farinha
de trigo em alimentadores coletivos, 15 dias antes e durante toda a florada. Esta medida,
se bem conduzida pode reduzir bastante as perdas das colônias que, em alguns anos e
em alguns apiários, pode chegar a 100% em apenas um mês.
Obs: No Brasil até 2003, não havia sido ainda diagnosticado nenhum caso de morte de crias pelo
vírus SBV. A distribuição do barbatimão vai da Amazônia até o Sudeste.
Nosemose
Esta doença já causou sérios problemas à apicultura brasileira, no entanto, hoje é raro
encontrar um caso positivo. Agente causador: protozoário Nosema apis, que se multiplica,
principalmente, nas células do epitélio do proventrículo das abelhas adultas, região onde ocorre a
digestão do pólen.
Sintomas:
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Operárias campeiras morimbundas ou mortas na frente do alvado. Em alguns
casos, encontram-se fezes no alvado e nos favos.
Acariose
Assim como ocorreu com a nosemose, hoje dificilmente encontra-se um caso de acariose
no Brasil. Agente causador: ácaro endoparasita Acarapis woodi.
Sintomas:
Abelhas rastejando na frente da colmeia e no alvado, com as asas disjuntas,
impossibilitadas de voar.
Varroatose ou varroase
Agente causador: ácaro ectoparasita Varroa destructor. Trata-se de um ácaro que vive na
parte externa do corpo das abelhas, de coloração marrom, que infesta tanto crias como indivíduos
adultos. Reproduzem-se nas áreas de cria da colônia, preferencialmente nas de cria de zangões.
Nos adultos, ficam aderidos na região toráxica ou no abdomen. Alimentam-se sugando a
hemolinfa, podendo causar redução do peso e da longevidade das abelhas adultas. Nas crias
podem acarretar deformações nas asas e pernas.
Não se recomenda o uso de produtos químicos para seu controle. As colônias que
apresentarem infestações freqüentes do ácaro devem ter suas rainhas substituídas por outras
provenientes de colônias mais resistentes.
Também são citadas na literatura outras doenças que acometem as abelhas adultas, tais
como: Paralisia (agente causador: vírus CBPV); Amebíase (agente causador: protozoário
Malpighiamoeba mellificae); e Septicemia (agente causador: bactérias). Para confirmar o
diagnóstico destas doenças é necessário enviar cerca de 30 a 50 abelhas moribundas, coletadas
na frente do alvado, para o endereço citado na página 154. Essas amostras podem ser enviadas
dentro de caixas de fósforo.
Capítulo XX
INTRODUÇÃO
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foi herdada da raça africana, criou a necessidade do desenvolvimento de um conjunto de
recomendações técnicas, para garantir a segurança do apicultor e das pessoas que vivem nas
proximidades da criação.
Contudo, mesmo utilizando-se de todas as recomendações técnicas para o trabalho com
as abelhas, algumas vezes podem ocorrer acidentes, sendo necessário que se saiba quais as
providências a serem tomadas, uma vez que estes acidentes podem por em risco a vida de
pessoas. Por este motivo estaremos apresentando a seguir informações sobre o veneno das
abelhas e algumas recomendações básicas para o primeiro atendimento de vítimas de acidentes
com abelhas. É sempre bom lembrar que não existe antídoto específico para a ferroada de
abelha, por isso, as pessoas alérgicas devem tomar cuidado redobrado e consultar imediatamente
um médico.
Hialuronidase: é uma enzima que hidrolisa o ácido hialurônico, uma substância que
compõe o interstício dos tecidos e possui função adesiva, mantendo as células unidas.
Quando este ácido é destruído pela hialuronidase abre-se espaços entre as células,
facilitando a penetração dos outros componentes do veneno.
Fosfolipase A2: é uma enzima de peso molecular ao redor de 14.000 e possui 134
aminoácidos e se constitui no principal alérgeno do veneno. Ela atua provocando a
contração da musculatura lisa, diminuição da pressão sanguínea, aumento da
permeabilidade dos capilares e destruição de mastócitos. Acredita-se que estes tipos de
interações com sistemas enzimáticos sejam a causa de morte provocada pela fosfolipase-
A2.
Melitina: é a principal toxina do veneno e compreende aproximadamente 50% do seu peso
seco, possui 26 aminoácidos e um peso molecular de 2840 kDa, produz aumento da
permeabilidade celular, hemolizando eritrócitos e leucócitos, com liberações de enzimas e
é responsável pela intensa dor no local da ferroada. Dependendo da dose e do órgão
provoca constricção ou dilatação dos vasos, aumentando a permeabilidade vascular no
local da aplicação.
Peptídeo MCD: degradador de mastócitos corresponde aproximadamente a 2% do veneno
seco, tem 22 aminoácidos e um peso molecular de 3.0 kDa. Atua sobre os mastócitos que
são células presente no sangue e em outros tecidos e que contém muitas vesículas de
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histamina que são liberadas pela ação desse peptídeo; abaixa a pressão sanguínea e
produz cianose.
Apamina: é um peptídeo pequeno, contendo apenas 18 aminoácidos e um PM de 2.0 kDa
e que apresenta propriedades neurotóxicas. Em pequenos roedores provoca convulsões,
movimentos e respiração descoordenados, podendo provocar hiperexitabilidade.
Histamina: tem efeitos pró-inflamatórios, promovendo a vasodilatação e aumento da
permeabilidade vascular, e também é responsável na produção da dor no local da
inoculação.
3. EFEITOS DO VENENO
a) Lesões não alérgicas na superfície corporal (pele, mucosa e olhos): podem ulcerar-se
ou tornar-se mais graves conforme a extensão e quantidade de ferroadas. As lesões
cutâneo-mucosas nos locais da ferroada manifestamse pela irritabilidade local, dor, e lesão
eritêmato-pruriginosa tendendo desaparecer nas primeiras 24 horas. No caso de múltiplas
picadas podem ocorrer lesões ulceradas e equimóticas. Podem ocorrer, em alguns casos,
alterações oftalmológicas, com ulceração e opacificação de córnea.
b) Reações imunológicas: Efeitos alérgicos locais, doença do soro e anafilaxia que pode
ocorrer após o indivíduo ser ferroado, com o desenvolvimento de hipersensibilidade tipo-I
clássica, onde apenas uma ou poucas ferroadas poderiam provocar a morte por choque
anafilático. O contato prévio com o veneno das abelhas, poderia ser um fator desen-
cadeante da produção de imunoglobulinas da classe IgE, que se fixam nos mastócitos. Um
novo contato posterior poderia levar ao desenvolvimento da anafilaxia. A maioria dos
relatos de casos de óbito neste tipo de acidente deve-se a este mecanismo, nos casos de
pequeno número de ferroadas, principalmente porque o socorro ao paciente nem sempre
está ao alcance e o caixilho tem evolução rápida (30 a 40 min) e quase sempre fatal, com
ocorrência de edema de glote, provocando asfixia.
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estado geral da vítima, do peso corporal e da quantidade de veneno inoculado. Acredita-se
que cerca de 500 a 660 ferroadas sejam letais para um indivíduo de 70 kg.
4. SINAIS E SINTOMAS
5. COMO AJUDAR?
a) Comece retirando os ferrões, raspando-os com uma lâmina, o mais rápido possível. O
tempo entre a picada e a remoção é fundamental, e quanto maior for o tempo para
remoção, maior será a quantidade de veneno injetado. Evite extrair os ferrões com uma
pinça ou pinçandoos com os dedos, para não correr o risco de apertar a glândula de
veneno. Em caso de ataque por enxame, retire os ferrões antes de chegar ao hospital, se
possível;
b) Pressione o local para fazer sair o veneno;
c) Faça a compressa de gelo ou água fria e amônia;
6. TRATAMENTO
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Glossario
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CENTRÍFUGA: é um equipamento também chamado de extrator de mel, utilizado para extrair o
mel dos favos, sem o contato com a mão humana, somente através da força centrífuga gerada
pelo movimento circular do seu mecanismo interno. Assegura a extração do mel sem danificar os
favos dos caixilhos e de maneira bastante higiênica.
COLMEIA: Habitação racional para as abelhas, construídas dentro de princípios técnicos,
obedecendo a um padrão de medidas. Existem no mundo vários modelos de colmeias racionais.
COLÔNIA: é um agrupamento de abelhas formado por uma rainha, milhares de operárias e por
algumas centenas de zangões, que ocupam um espaço físico onde criam sua prole e estocam
seus alimentos. Este agrupamento pode ser também chamado de família.
CORBÍCULA: depressão localizada na parte externa das tíbias do terceiro par de patas das
abelhas operárias (Apis mellifera) que serve para transportar o pólen e resinas, também chamada
de cesta polínica.
CRIAS: é a denominação dada às abelhas que se encontram nas células dos favos, em qualquer
dos três estágios de desenvolvimento (ovo, larva e pupa).
CRIA ENSACADA: doença causada por vírus que impede o desenvolvimento das abelhas nas
fases de pré-pupa e pupa.
CRIA PÚTRIDA AMERICANA (CPA): também chamada de loque americana, é uma doença que
ataca as crias das abelhas em desenvolvimento e que pode levar o enxame à morte.
CRIA PÚTRIDA EUROPÉIA (CPE): também chamada de loque européia, é uma doença que
ataca as crias das abelhas na fase de larva e pode causar danos significativos na colônia.
DECANTADOR: conhecido também como tambor de decantação, é um depósito cilíndrico com
uma torneira na parte baixa, onde ocorre o processo de decantação.
DECANTAÇÃO: período de repouso a que é submetido o mel após a centrifugação e filtragem
para que, por diferença de densidade, ocorra a separação de impurezas e pequenas bolhas de ar
que estavam contidas no mel.
DELEGAR: dar a alguém a incumbência de agir em seu nome; encarregar.
DESOPERCULAÇÃO: retirada dos opérculos dos favos com mel maduro.
DIFUSÃO: disseminação, propagação.
ENXAME: é um agrupamento de abelhas formado por milhares de operárias, alguns zangões e
uma rainha, sem favos construídos.
ENXAME NIDIFICADO: enxame alojado, com favos construídos e em atividade normal.
ENXAME SILVESTRE: enxame não pertencente a nenhum criatório racional.
ENXAME TRANSITÓRIO: enxame que se encontra em enxameação ou migração, estando a
procura de um local para construir seu ninho.
ENXAMEAÇÃO: comportamento de abandono em massa das abelhas do ninho ou colmeia.
ENZIMAS: substâncias catalizadoras produzidas tanto por plantas como por animais, inclusive as
abelhas, que permitem acelerarn as reações químicas nos processos metabólicos. Exemplo: na
transformação do néctar em mel, a enzima invertase ataca a sacarose (açúcar composto)
tranformando-a em dois açúcares simples, glicose e frutose.
ESPERMATECA: é uma estrutura presente no aparelho reprodutor da rainha, onde são
armazenados os espermatozóides recebidos pela rainha durante o vôo nupcial. Nas operárias
esta estrutura é atrofiada e não funcional.
FACA DESOPERCULADORA: é uma lâmina flexível com corte dos dois lados e com comprimento
suficiente para alcançar toda altura do caixilho, utilizada para remoção dos opérculos dos alvéolos
dos favos com mel maduro.
FAVOS: conjunto de células hexagonais (possui seis lados) construída com cera pelas abelhas,
dentro dos quais se armazenam o mel, o pólen e onde ocorre o desenvolvimento das crias.
FERMENTAÇÃO: decomposição química do mel causada por leveduras e que resulta na
formação de ácido acético. Ocorre com mais freqüência em méis com alto teor de umidade.
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FEROMÔNIOS: são substâncias químicas usadas para comunicação entre indivíduos da mesma
espécie. Na colônia eles são utilizados na orientação do enxame, para sinalizar alarme em
situação de perigo, na marcação de inimigos, entre outros.
FLORA APÍCOLA: conjunto de plantas nativas (estrato herbáceo, arbustivo e arbóreo) ou
cultivadas, fornecedoras de néctar, pólen e outros materiais às abelhas.
FUMIGADOR: equipamento que produz fumaça e é utilizado pelo apicultor para facilitar o manejo
com as abelhas.
GARFO DESOPERCULADOR: utensílio composto de dentes retos, pontas afiadas de aço, afixado
em suporte curvo, utilizado para remover os opérculos dos alvéolos dos favos com mel maduro.
GESTORES: gerentes, administradores.
GLÂNDULA DE NASANOV: é uma glândula presente na parte dorsal do abdômen das abelhas
operárias, que produz um feromônio utilizado na comunicação entre as abelhas. Esta substância
permite que as abelhas façam o reconhecimento das suas companheiras, sendo também utilizado
para orientá-las em relação à entrada da colmeia.
HAPLÓIDE: trata-se do indivíduo que tem a metade do número de cromossomas característicos
de sua espécie. No caso da abelha, os indivíduos do sexo feminino são diplóide e possuem 32
cromossomos, pois foram originados de um ovo fecundado. Os machos (zangões) que foram
originados de um ovo não fecundado (partenogênese) são haplóides e têm apenas 16
cromossomos.
HÍBRIDOS: indivíduos resultantes do cruzamento entre raças ou subespécies diferentes. Por
exemplo, a abelha resultante do cruzamento entre a subespécie africana (Apis mellifera
escutelata) e a subespécies italiana (Apis mellifera ligustica) é um híbrido.
HIGIENIZAÇÃO: procedimentos que visam reduzir a contaminação, minimizando os riscos de
transmissão de agentes causadores de doenças ou deteriorantes do mel. O processo completo
compreende três etapas: limpeza, lavagem e sanificação (desinfecção).
HIGROSCÓPICO: substância que tem grande afinidade por vapor de água, sendo capaz de retirá-
lo da atmosfera.
INIMIGO NATURAL: todo agente biológico causador de danos à colônia de abelhas.
LARVA: fase jovem das abelhas, que corresponde ao segundo estágio do seu desenvolvimento.
LAMINAGEM: é o trabalho de fabricação de lâminas de cera de abelhas para serem alveoladas.
Estas lâminas alveoladas são utilizadas nos caixilhos das colmeias como guias para construção
dos favos pelas abelhas.
LEVULOSE: um dos principais açúcares do mel. A levulose está presente em todas as frutas, com
exceção da uva, sendo também conhecida como frutose ou açúcar das frutas.
MANEJO: são procedimentos técnicos que os apicultores utilizam no trabalho com as abelhas
com objetivos específicos e que podem maximizar a produção das colmeias.
MEL FLORAL: é o mel obtido dos néctares das flores.
MEL MULTIFLORAL: é o mel originário de várias fontes florais, sem que ocorra a predominância
de nenhuma florada específica.
MEL UNIFLORAL OU MONOFLORAL: é o mel obtido das flores de plantas, no qual se observa a
predominância de uma determinada espécie. Esse mel possui características sensoriais (cor,
sabor e aroma) físico-químicas (umidade, açúcares redutores, hidroximetilfurfural, e outros
parâmetros fisico-químicos) e microscópicas próprias da florada da qual se originou.
MELATO OU MEL DE MELATO: é o mel obtido, principalmente, a partir das secreções das partes
vivas das plantas ou de excreções adocicadas de insetos sugadores de plantas (pulgões,
cochonilhas e cigarras).
MELGUEIRA: é a parte da colmeia colocada acima do ninho e destinada ao armazenamento do
mel e pólen.
MESA DESOPERCULADORA: é uma mesa, geralmente de aço inoxidável, utilizada como apoio
na desoperculação dos favos. Seu uso proporciona um trabalho limpo, ordeiro e higiênico.
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NÉCTAR: líquido de sabor doce, secretado pelos nectários, que geralmente estão situados nas
flores das plantas, podendo em algumas espécies estar localizados também nas folhas, como no
caso da Acácia Mangium.
NECTÁRIOS: órgãos de uma planta, compostos por tecidos especializados, os quais secretam o
néctar.
NINHO: é a parte da colmeia reservada à postura da rainha e ao desenvolvimento das crias.
NOSEMOSE: doença causada pelo protozoário Nosema apis e que pode levar a colônia à morte.
OCELOS: também chamados de olhos simples das abelhas, são responsáveis pela visão a curta
distância e em ambientes com pouca luz, são em número de três e estão localizados no topo da
cabeça das abelhas.
ORFANDADE: diz-se da colônia que encontra-se sem rainha.
OPÉRCULOS: fina camada de cera que cobre as células (alvéolos) que contém o mel ou crias.
PAPO DE MEL: alargamento do esôfago da abelha melífera, localizado na parte anterior do
abdômen, onde se armazena o néctar coletado pelas abelhas.
PARTENOGÊNESE: é um tipo de reprodução presente nos insetos onde não ocorre união dos
espermatozóides com o óvulo. Nesse processo, a fêmea põe ovos não fertilizados dando origem a
indivíduos haplóides. No caso das abelhas, a postura de ovos não fertilizados originam indivíduos
do sexo masculino denominados de zangões.
PASTA CÂNDI: Alimento pastoso feito com açucar de confeiteiro (glacê) e um pouco de mel. É
utilizado como alimento nas gaiolas de transporte de rainhas.
POLINIZAÇÃO: transferência do grão de pólen da antera (parte masculina da flor) para o estigma
da flor (parte feminina). Este processo pode ser realizado pelas abelhas e, em muitas espécies
vegetais, é indispensável para que ocorra a produção de sementes.
PRÓPOLIS: é uma mistura em proporções variável de resinas coletada pelas abelhas em brotos
de flores e exsudado de plantas, acrescido de secreções glandulares destes insetos, além de cera
e pólen, e processado pelas abelhas no interior da colmeia.
PUPA: terceiro estágio de desenvolvimento das abelhas. Nesse estágio a cria não se alimenta
mais, a célula onde ela se desenvolve está operculada e ela encontra-se envolvida por um casulo.
REVISÃO DE COLMEIAS: visitas periódicas realizadas às colônias com o objetivo de mantê-las
em boas condições, para que possam produzir satisfatoriamente nos períodos de floradas.
SUBSTÂNCIAS DE RAINHA: são feromônios produzidos pelas glândulas mandibulares da rainha
e que desempenham as seguintes funções: inibição da produção de uma nova rainha, inibição do
desenvolvimento ovariano das operárias, atração dos zangões e operárias.
TELA EXCLUIDORA: tela confeccionada de arame, plástico ou chapa metálica, construída para
permitir apenas a passagem das operárias, sendo utilizada entre o ninho e a melgueira ou no
alvado da colmeia.
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