Karl Mirko - Vocabulário Da Língua Tarairiú/Otxukayone
Karl Mirko - Vocabulário Da Língua Tarairiú/Otxukayone
Karl Mirko - Vocabulário Da Língua Tarairiú/Otxukayone
Orubá, hoje Ororubá, como tentativa de preservar sua língua, revelando tanto a
METODOLOGIA.
factuais, históricos e teóricos (estudo diacrônico) para logo em seguida fazer uma
Saussure (1999).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.
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XVII com os primeiros dicionários monolíngues e bilíngües. É bastante comum,
ainda nos dias atuais ouvir leigos falarem sobre línguas primitivas, repetindo até o
sociedades que as utilizavam nos possam parecer sob outros aspectos, provaram
linguagem humana é o som. Por isto, o estudo do som tem uma importância maior
fonética. Porém, não podemos confundir fonética com fonologia. O meio fonético
maneira como são produzidos pelo órgão da fala; a acústica, em termos das
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dar explicações e, assim, constituir o corpo de tradições que pode ser identificado
como cultura humana. O que não é claro a respeito dos animais que não são
seres humanos é até que ponto seus padrões de comunicação são aprendidos.
Os seres humanos aprendem uma língua do mesmo modo que aprendem uma
vocais simbólicas. Som e símbolo é verdade, podem diferir muito de grupo para
sinônimo de “não-letrado”, o que não quer dizer que esta língua não tenha um
valor, pelo contrário. O método mais rápido para se descobrir se duas línguas
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Também sobre este tema podemos citar Mônica Rector em “A Linguagem da
de intercâmbio humano, produto de um grupo social que tem a cultura como base
(lingüística histórica).
O conservadorismo da língua escrita deu-se pelo fato de que o meio utilizado para
sua realização é uma substância mais duradoura (papiro, seda, papel, couro etc)
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do que o som tem uma dimensão de permanência mais eficiente que o som e
adquire um controle social mais intenso sobre ela que sobre a parola (fala) daí
que fez com que a cultura lingüística do dominante, escrita, subjugasse de uma
A escrita propicia uma memória muito mais duradoura que a fala, pois esta possui
uma memória mais curta. Não são pouco os exemplos de civilizações que foram
desaparecessem definitivamente).
características:
longo e continuo.
forma lenta e gradual, de uma língua para outra, de um estagio para outro,
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uma sobre a outra. Como exemplo temos o que ocorreu com o latim em
Portugal – e por que não dizer na península Ibérica – que foi substituído
não de uma hora para outra pelo português, mas ao cabo de vários
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c) Adstrato: é uma língua falada num território contíguo àquele em que
marcou muito até hoje a nossa língua portuguesa falada no Brasil atualmente
segundo MARROQUIM, 1996, onde ele nos mostra que todo o Nordeste e,
principalmente Pernambuco e Alagoas sofreram muito a influência desta língua
Os povos que habitavam o litoral do Brasil eram em sua maior parte falantes de
e outras expressões culturais. Presumimos haver hoje no Brasil pelo menos 180 a
nacional.
tido origem comum numa outra língua mais antiga, já extinta, de forma que, as
buscando uma origem comum numa língua comum. No Brasil, as línguas são
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Maku, Yanoama, Mura, Tukano, katukima, Txapakura, Nambikwara e Guaikuru.
Outras línguas não puderam também ser classificadas até o presente momento,
por nenhum lingüista, em dentro de nenhuma família, permanecendo como não-
classificadas ou isoladas, dentre elas a língua dos Tukúna , dos Trumái, dos
língua nativa dos Xukuru, há um predomínio da língua do mais forte, que influencia
1661 – Chegada dos Padres Oratorianos à Serra do Orubá, chefiados pelo Padre
dos colonizadores.
Durante esse período, a língua portuguesa e a língua Xukuru foram utilizadas
do Orubá, que era então conhecida como Monte Alegre, passou a ser chamada de
portuguesa como única a ser falada e ensinada na colônia e, punição severa para
A
Ambroar, s.f (barrigada) – abdômen.
B
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C
Creamun, s.f (abóbora) – fruto da aboboreira, jirimum.
Caramochar, s.f (arma de fogo) – instrumento de ataque e defesa dos
colonizadores portugueses (garrucha).
Cobâ, s.f (banana) – fruto da bananeira, pacova.
Clarigugo, s.m (bispo) – prelado que exerce o governo espiritual de uma diocese.
Coer, s.m (bolso) – saco de pano cozido à roupa, algibeira.
Capixego, s.m (cadáver) – corpo morto.
Criacugokleca, s.m (chapéu) – peça de feltro ou de palha para cobrir a cabeça.
Camambago, adj.2g. (covardia) – medroso, desleal, traiçoeiro.
Curumen, s.m (carneiro) – mamífero bovídeo, ovelhum, gado lanígero.
Carvio, adj.2g. (doce) – que tem sabor agradável, mel, açúcar.
Clarin, s.m (dia) – claridade, intervalo entre duas noites.
Cupum,
Clarimen, s.f (estrela) – nome comum dos astros luminosos.
Curiaxar, s.f (fava) – planta leguminosa, vagem.
Crexer, s.m (lenha) – madeira, pau.
Clareci, s.f (lua) – satélite natural da Terra.
Creamum, s.f (noite) – escuridão, trevas.
Chabatana, s.f (onça) – Jaguar.
Cureco, s.f (pedra) – matéria mineral dura e sólida, rocha, rochedo.
E
Eniye, adj.2g (azul) – da cor do céu, safira.
F
Fonfon, s.m (café) – fruto do cafeeiro, bebida.
G
Gonegomigo, adj. (bonito) – formoso, belo, beleza.
H
Hododogu, s.f (cintura) – parte média do tronco humano, cinta.
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I
12 Ien, adj. (bêbado) – atordoado, zonzo, embriagado.
K
Kixô, V.T.D (amaldiçoar) – dizer mal de, arrenegar.
Krikri, adj. (boa) – bondosa, misericordiosa, sadia.
Konengo, adj. (bom) – bondoso, misericordioso, sadio, cortês.
Kuró, s.f (brasa) – carvão incandescente, ardor.
Krecar, s.f (cabeça) – extremidade superior do corpo humano.
Kringó, s.f (comida) – próprio para comer, ação de comer.
Marim, s.m (gado/boi) – animal usado como alimento e tração na lavoura, bovídeo
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O
14 Okor, adjet. (branco) – alvo, com cor mais clara, pálida.
P
Piracir, pronome de tratamento (você)
Pipiu, s.m (rato) – nome comum a vários roedores.
Pingomar, V.T.D (ouvir) – escutar, entender, perceber sons.
Póia, s.m (pé) – membro inferior do corpo humano, extremidade.
Pujú, s.m (porco) – suíno.
Pirara, adj. (muito) – abundante, intenso, demasia.
Pajuru, s.m (cacique) – morubixaba, chefe indígena.
Proxiquimer, Interj. (com licença) – pedido gentil, chamamento de atenção.
Pitingo, s.m (carro) – veículo com rodas para transporte de pessoas ou de carga.
Q
Quirigo, adj. (comedor) – pessoa que come muito, apetite voraz.
Quiá do limo laigo, s.f (matas) – florestas, selvas, mato.
Quibunge, s.f (panelas) – vasilhas de barro ou de metal usadas para o cozimento
de alimentos.
Quite, s.m (sem dinheiro) – falta de moeda, grana, jabá.
S
15 Suacar, s.f (arapuca) – armadilha para passarinhos. Sanzará, s.f (cabra) –
fêmea do bode.
T
Toipe, s.m (velho) – pessoa muito idosa, antiga.
Tupã, s.m (Deus) – ser onipotente, infinito, perfeito.
Tataramem, s.f (boa noite) – saudação após as dezoito horas.
Tamain, s.f (Nossa Senhora das Montanhas) – natureza, terra.
U
Ucrin, V.T.D (comer) – alimentar-se, mastigar alimento.
Uriaxar, adj.2g. (verde) – cor mais comum nas plantas.
Urinca, s.f (cachaça) – aguardente de cana, birita, pinga, caninha.
Urinir, s.m (desgostoso) – descontente, desagradável.
Uatacaca, s.f (menstruação) – fluxo sanguíneo da mulher que ocorre uma vez por
mês.
Uegwe, s.f (mentira) – ato ou efeito de mentir.
Urika Zogu, s.f (aguardente) – bebida alcoólica fermentada (40/60%).
Urinka, V.T.D (fazer beber) – abrigar outro ou alguém a beber.
V
16 Vuge, s.m (feitiço) – bruxaria, magia, mágica.
X
Xuar, s.f (água) – liquido incolor essencial à vida humana na Terra.
Xeium, V.Intra. (assoviar) – sibilar, dar assobio(s).
Xoxógo, s.m (beiju) – bolinho achatado de massa de mandioca.
Xanduré, s.m (cachimbo) – aparelho para fumar, pito.
Y
Yoagó, adj. (comprido) – longo, extenso, alto.
Z
Zetona, s.m (gato) – mamífero felídeo domestico.
Zezé, s.m (joelho) – região da articulação da coxa com a perna.
CONSIDERAÇÕES .
Dentro do nosso trabalho, observando o pouco que até agora foi apurado com
como Claro, Claridade, Clarificar, etc. Não seria indício de uma influência latina?
2) O vocábulo Xuar nos faz lembrar a onomatopéia portuguesa Chuá, que indica o
som da água.
que forma a mesma. Porém, queremos dar muito mais ênfase ao fato da
- Centro Luiz Freire. Xukuru Filhos da Mãe Natureza. Uma História de Resistência
- FIGUEIRA, Divalte Garcia. História – Novo Ensino Médio. São Paulo: Ática,
2002.
- OLIVEIRA, Ana Maria Pinto & ISQUERDO, Aparecida Negri (Org). As Ciências
1998.
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