Subáreas Da Linguística
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LINGUÍSTICA
Introdução
O percurso histórico da linguística inicia com os estudos sobre linguagem
na Antiguidade. Esses estudos, no entanto, eram muito abstratos. Com o
passar do tempo, foram sendo estabelecidas pesquisas que objetivavam
analisar os fatos observáveis. Isso deu início aos estudos comparativos
entre as línguas e consolidou, muitos séculos depois, a linguística como
ciência. Dessa forma, foi possível analisar, descrever e explicar os fenôme-
nos linguísticos, o que pressupõe uma reflexão crítica bem fundamentada
teoricamente.
Compondo a área da linguística, existem subáreas para tratar desses
fenômenos, a saber: fonética, fonologia, morfologia, semântica, sintaxe,
pragmática e estudos do discurso. No século XX, surgiu a linguística
aplicada, visando empregar os estudos linguísticos às situações reais de
uso da linguagem.
Neste capítulo, você vai estudar como a linguística se firmou como
ciência, acompanhando o percurso histórico da disciplina e suas subá-
reas. Além disso, você vai conhecer a relação entre linguística aplicada e
linguística teórica, vendo como a teoria é adotada à realidade concreta
da linguagem.
Corpus é um conjunto de dados linguísticos coletados para análise. Nesse caso, as frases
dos nativos de uma região foram coletadas, formando um corpus, para examinar fatos
da língua falada. No entanto, um corpus pode ser composto por textos se o objetivo
for estudar a língua escrita, por exemplo.
Subáreas da linguística
A linguística é uma disciplina científica que estuda o funcionamento da lin-
guagem e das línguas naturais em diferentes níveis e perspectivas. As linhas
de investigação se tornaram subáreas dentro da linguística que atuam sob
uma metodologia interdisciplinar. As principais linhas de investigação na
linguística contemporânea são: fonética, fonologia, morfologia, semântica,
sintaxe, pragmática e estudos do discurso.
A fonética estuda os segmentos sonoros, privilegiando as características
físicas e fisiológicas, ou seja, os sons divisíveis que podem ser medidos fisi-
camente. Eles são chamados de fones, unidades mínimas que se organizam
linearmente em variadas línguas. Esses fones ocorrem um após o outro,
não podem ser pronunciados ao mesmo tempo. A descrição desses sons é
feita por meio de três dimensões: articulatória-motora, auditiva, perceptual
e acústica. A primeira analisa as reações do aparelho fonador, a segunda
lida com a percepção do ouvinte, e a terceira observa as propriedades físicas
da onda sonora produzida pela passagem pelo aparelho articulador. Cada
uma dessas dimensões apresenta um componente: frequência, amplitude e
tempo. Esses três componentes permitem a análise dos aspectos segmentais
e suprassegmentais da fala.
A fonologia lida com os aspectos segmentais e suprassegmentais dos sons
da fala. Os aspectos segmentais são aqueles que podem ser detectados nos
próprios sons. Esse é o caso do modo de articulação e dos articuladores que
o produzem (ativo e passivo). Já os aspectos suprassegmentais não podem ser
detectados nos sons. É necessário que eles estejam em um sintagma para que
as propriedades sejam percebidas. É o caso do acento e do tom.
Se na fonética o som é visto sob o ponto de vista físico, na fonologia, é visto
sob o ponto de vista da semiótica. Nas palavras de Paulo Chagas de Souza e
Raquel Santana (2003, p. 35) “[…] os sons não são vistos apenas como sons
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Nesse caso, entende-se por palavra uma sequência sonora que corresponde
a uma resposta mínima a uma pergunta. Além disso, percebeu-se que há
unidades mínimas com significado, chamadas de morfemas. Se o morfema
é considerado a unidade mínima, é sinal de uma pesquisa relacionada ao
estruturalismo, que buscava identificar os morfemas nas diferentes línguas.
Nos estudos de morfologia, há dois campos: morfologia lexical e morfologia
flexional. A primeira investiga os mecanismos de formação de palavras novas,
e a segunda estuda os mecanismos de informações gramaticais.
Já a sintaxe estuda o conhecimento inato do usuário da língua sobre a
organização dos itens lexicais para formar itens lexicais complexos, sequências
complexas e formações cada vez mais complexas até chegar ao nível da sen-
tença. Essa competência linguística diz respeito também às combinações
intermediárias: na formação de uma sentença, não há linearidade e sim hie-
rarquia. Esmeralda Vailati Negrão e Ana Paula Scher Evani de Carvalho Viotti
(2003, p. 82) afirmam:
Essa nossa competência também nos indica que uma sentença se constitui
de dois tipos de itens lexicais: de um lado, estão aqueles que fazem um tipo
particular de exigência e determinam os elementos que podem satisfazê-la; e,
de outro, estão os itens lexicais que satisfazem as exigências impostas pelos
primeiros. Portanto, a finalidade dos estudos de sintaxe é verificar como
esse conhecimento linguístico pode ser usado na análise das estruturas das
sentenças de uma língua.
Esses avanços da linguística aplicada contribuíram para que ela fosse tratada
como uma forma de refletir sobre o processo de ensino e aprendizagem de
língua, avaliando, por exemplo, qual a melhor metodologia e estratégias de
ensino. A partir de seus estudos, surgiram pesquisas sobre produção textual,
material didático, bilinguismo, aprendizagem de segunda língua, interação
verbal, avaliação e metodologia de ensino, análise do discurso pedagógico,
socioconstrução da aprendizagem, compreensão e leitura. Como se vê, o foco
das pesquisas do linguista aplicado passou a ser temas de relevância social. A
finalidade passou a ser encontrar respostas teóricas que gerassem benefícios
sociais. Disso, surgiram investigações sobre as relações de poder na formação
do sujeito na linguagem e por meio dela.
Os estudos linguísticos aplicados, portanto, focaram no olhar crítico sobre
a linguagem. Isso provocou uma responsabilidade a esses estudiosos: a neces-
sidade de criar um projeto político pedagógico que tentasse transformar uma
sociedade estruturada de forma desigual. Houve, dessa forma, uma expansão
da atuação da linguística aplicada, que passou a tratar de conscientização
linguística, formas de aprendizagem de línguas a partir de interações dialógicas,
aprendizagem baseada no contexto, entre outros.
Desse modo, áreas dos estudos linguísticos (sociolinguística interacional,
linguística textual, análise do discurso, entre outras) auxiliaram no estudo do
caráter social, cultural e histórico do uso da língua. Evidencia-se, assim, que
a redefinição do objeto de estudo da linguística aplicada extrapola o universo
escolar e ocupa um espaço mais amplo na sociedade por focar nos usos da
língua, considerando contextos diferentes e interações variadas. Moita Lopes
(2006, p. 18) questiona: