DISSERTAÇÃO
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DISSERTAÇÃO
A candidata: O supervisor:
Eu, Djimaydjime da Graça Vilanculos, declaro, por minha honra, que o presente trabalho é
da minha autoria e que nunca foi anteriormente apresentado, para avaliação em alguma
Instituição de Ensino Superior, Nacional ou de outro País.
A Candidata
____________________________________
II
TERMO DE RESPONSABILIZAÇÃO DA CANDIDATA E DO SUPERVISOR
A Candidata O Supervisor
____________________________ ____________________________
III
ÍNDICE
DECLARAÇÃO DE AUTORIA ................................................................................................. II
AGRADECIMENTOS .............................................................................................................. IV
DEDICATÓRIA......................................................................................................................... V
EPÍGRAFE ............................................................................................................................... VI
1.3. Justificativa...................................................................................................................... 4
CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 53
RECOMENDAÇÕES .............................................................................................................. 54
BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................... 55
APÊNDICES............................................................................................................................ 63
ANEXOS ................................................................................................................................. 71
AGRADECIMENTOS
Antes de tudo, gratidão ao nosso criador Allah (Deus), pelo dom da vida, saúde por ter
abençoado e iluminado o meu caminho durante a minha trajectória.
Agradeço a todo corpo docente e administrativo da Universidade Joaquim Chissano (UJC) pelo
comprometimento e engajamento em formar quadros dotados de conhecimentos, habilidades,
atitudes e com potencial para contribuírem no desenvolvimento do país. De forma especial
agradeço ao meu distinto supervisor, Dr. José Ricardo Manhiça, por acreditar em mim e neste
trabalho, pela seriedade e profissionalismo demostrado durante o meu percurso. O meu muito
obrigado pela paciência, dedicação, motivação e acompanhamento atento e exigente aquando
da elaboração deste trabalho.
Aos meus amigos, Rita Inácio Vaz, Domingos Messiasse, Maria Carlos, e Ferdinandes Eduardo
Matola (em memória) por todo suporte ao longo deste processo.
Endereço ainda os meus profundos agradecimentos, aos heróis de batalhas, colegas das
trincheiras, da turma do curso de Administração Pública (2017-2020), Maida Sebastião, Dário
Marrime, Carlota Tovela, Benedito Xlhaisse, Jennifer Manhiça, Helena Ucama, Elsara
Muitana, e Albino Matlula muito agradecida pela vossa colaboração ao longo deste processo
marcante e único das nossas vidas.
IV
DEDICATÓRIA
V
EPÍGRAFE
(Drucker, 19661)
1
Drucker, P. F. (1966), O Gestor Eficaz, Actual Editora: New York Univerity.
VI
LISTA DE ACRÓNIMOS E SIGLAS
AP Administração Pública
CF Cartão Famba
VII
TPA Teoria do Principal-Agente
VIII
LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS
TABELAS
GRÁFICOS
Gráfico 1: Análise de conhecimento dos cidadãos e utentes do TPU sobre as Parcerias Público-
Privadas que resultou na introdução do Cartão Famba nos autocarros na Área do Grande
Maputo. .................................................................................................................................... 42
Gráfico 2: Opinião dos cidadãos e utentes do Transporte Público Urbano sobre a criação e
introdução do Cartão Famba na Área Metropolitana de Maputo. ........................................... 44
Gráfico 3: Opinião dos utentes quanto a satisfação sobre as condições de viagem e tratamento
no TPU na Área de Grande Maputo. ....................................................................................... 45
Gráfico 4: Avaliação do TPU pelos passageiros tomando consideração indicadores: de
acessibilidade; conforto; custo e segurança. ............................................................................ 49
Gráfico 5: Avaliação feita pelos cidadãos e utentes sobre as melhorias que as Parcerias Público-
Privadas trouxeram no Transporte Público Urbano na Área do Grande Maputo. ................... 50
IX
SUMÁRIO EXECUTIVO
X
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
O estudo da Administração Pública não pode se prescindir dos cuidados com método para a
sua realização, tão pouco distanciar-se das técnicas que aumentam sua eficiência. Foi com esse
espírito que o trabalho foi realizado, com o objectivo de compreender o contributo das parcerias
público-privadas na melhoria da qualidade dos serviços públicos. De um modo geral, as
parcerias público-privadas constituem um acordo jurídico celebrado entre a Administração
Pública e entidades privadas para implantação ou gestão, no todo ou em parte, dos serviços
públicos, empreendimentos, e em actividades de interesse público em geral por meios de
investimentos privados (Andrade, 2003:15).
Sob este contexto, a presença das parcerias público-privadas na prestação de serviços públicos
surge como um mecanismo promissor da realização de múltiplos interesses e objectivos entre
o Estado e o sector privado. As parcerias público-privadas também ganharam especial destaque
por se articularem em amplas mudanças na paisagem ideológica e conceptual da prestação de
serviços de qualidade. Onde, estas recebem especial atenção por parte dos governos por
facultarem serviços públicos de qualidade, como forma de aumentar a efeciência, eficácia,
redução de custos, capacidade de lidar com mercados cada vez mais flexíveis e exigentes
(Mona, 2005).
A actualidade é marcada pela presença das parcerias público-privadas em todas áreas, sejam
industriais, informática, saúde, governo, entre outras. Ganham maior significância na prestação
serviços públicos quando atreladas aos custos de transação ligados à contratação, os altos
custos de actividades associadas a contratos complexos, tais como: desenhar, desenvolver e
monitorar (Awortwi, 2007).
Decorrente desta reflexão, este trabalho foi realizado a fim de identificar os ganhos que podem
ser obtidos no âmbito da parceria público-privada constituída, e as possíveis evidências da
prestação de serviços públicos de qualidade.
1
1.1. Delimitação Espácio – Temporal
Em termos espaciais, o trabalho de campo desenvolveu-se na Agência Metropolitana de
Transportes. A Agência Metropolitana de Transportes abreviadamente designada por AMT, é
uma instituição pública de âmbito regional, com jurisdição nos Municípios e Distritos da Área
Metropolitana de Maputo, tutelada pelo Ministério dos Transportes e Comunicações, segundo
fixa o artigo 7 conjugado com o número 1 do artigo 8, ambos do Decreto nº85/2017, de 29 de
Dezembro, que cria a Agência Metropolitana de Transportes, em Maputo, e define suas
atribuições e o seu funcionamento. Escolhe-se este local por ser uma entidade que faz o
planeamento, a coordenação e a gestão corrente estratégica dos transportes públicos de
passageiros na Área Metropolitana de Maputo (O País, 20172).
Em termos temporais, o trabalho enquadra-se num intervalo de tempo de 2018 à 2021. Escolhe-
se o ano de 2018 como marco inicial por ser neste período de tempo que a Agência
Metropolitana de Transportes deu seguimento as actividades para materialização da gestão do
sistema integrado de Transporte Público Urbano na Área Metropolitana de Maputo, após a sua
criação no ano de 2017 pelo Conselho de Ministros através do Decreto nº85/2017, de 29 de
Dezembro (Portal do Governo, 2018).
Em relação ao marco final, do ano de 2021 este é relevante pois foi marcado pela
implementação do Sistema de Bilhética Electrónica que resultou com a introdução do Cartão
inteligente famba nos transportes públicos urbanos na Área Metropolitana de Maputo,
actualização feita pela Agência Metropolitana de Transportes, das tarifas do transporte público
urbano que resultou no aumento de dois meticais na tarifa mínima, e em três meticais na tarifa
máxima nas rotas metropolitanas. Em concordância, com este evento o governo anunciou a 1
de Dezembro do mesmo ano, que a tarifa dos transportes sofreria um possível reajuste em
Janeiro do ano de 2022 (CIP, 2021).
2
O País (2017), “Área Metropolitana e AMT nos transportes públicos urbanos”, disponível no site
www.opaís.co.mz acessado no dia 29 de Agosto de 2022.
2
1.2. Contextualização
O presente trabalho, enquadra-se numa realidade marcada pelo incremento de contratação de
empresas privadas para realizar serviços públicos em todo mundo. As parcerias público-
privadas, constituem fundamentalmente a mudança do padrão de organização caracterizado
pela integração vertical.
No entanto, no início do ano 2008, o Governo Moçambicano decidiu aumentar o preço dos
combustíveis (gasolina e gasóleo) para compensar o aumento dos preços de importação dos
mesmos. Esta decisão levou os operadores privados de TPU a fazerem um reajustamento das
suas tarifas. Estas medidas resultaram, no dia 5 de Fevereiro, numa onda de violentos protestos
populares (bloqueamento das principais estradas com obstáculos diversos, pneus incendiados
e viaturas queimadas ou apedrejadas nos locais de maior concentração de manifestantes) que
paralisaram totalmente, durante três dias, as cidades de Maputo e Matola (Brito et. al., 2015).
3
Comunicações (MTC) rubricou parceria com o sector privado, visando melhorar a mobilidade
urbana através de um transporte público urbano fiável. É neste contexto de reformas políticas,
administrativas, económicas e sociais que se insere o presente trabalho.
1.3. Justificativa
A escolha desta temática, resulta do facto da pesquisadora preocupar-se com a qualidade dos
bens e serviços providos pela Administração Pública (AP) com a participação do sector
privado.
Com o presente estudo, espera-se que sirva de consulta para pesquisadores na área de
Administração Pública e não só, interessados em desenvolver pesquisas sobre o assunto,
servindo ainda ao governo no âmbito de celebração de parceria público-privada, escolha
correcta dos parceiros privados, e valor público, advindos da mesma na melhoria em alguns
aspectos que poderão ser referenciados nas considerações da pesquisadora no final da pesquisa.
4
1.4. Problematização
As PPP são cada vez mais usadas em muitos países para colmatar a escassez de recursos do
Estado, sendo direccionadas, essencialmente, para a construção, a renovação, a gestão, a
manutenção de uma infra-estrutura e a prestação de um serviço (CIP, 2015).
Os problemas resultantes do crescimento urbano na AMM, que os munícipes dos serviços dos
transportes públicos enfrentam são: acidentes, desperdício de tempo no trânsito e na procura
de espaço para o estacionamento de veículos, transportes não dignos em carinhas abertas ou
em condição de superlotação, falta de transporte público, e encurtamento de rotas do transporte
público (AIM, 2016).
São facotres, que levaram o governo a criar em 2017 a Agência Metropolitana de Transportes
para gestão dos transportes urbanos na Área Metropolitana de Maputo, em que fazem parte, da
sua área de gestão da mobilidade urbana, o Conselho Municipal da cidade de Maputo, o
governo da província de Maputo, o Conselho Municipal da cidade da Matola, o Ministério dos
Transportes e Comunicações por intermédio da Direcção Nacional dos Transportes de
Superfície, a Administração Nacional de Estradas (ANE), o Instituto Nacional de Transportes
Rodoviários (INATRO), a Federação Moçambicana de Transportadores Rodoviários
(FEMATRO), a Associação dos Transportadores Terrestres e Rodoviários de Maputo
(ATROMAP) e a União dos Transportadores de Maputo (UTRAMAP), como principais
instituições intervenientes.
Um estudo realizado pela USAID (2008), indicava que os serviços de TPU na AMM eram
ineficazes, inadequados e não eram fiáveis, a maior parte dos autocarros usados eram
inadequados para o fim a que se destinavam, encontravam-se em mau estado de conservação e
a sua condução era má. A quantidade de autocarros para o TPU, a qualidade dos serviços
prestados, a rentabilidade e a cobertura geográfica dos mesmos deixavam muito a desejar e
precisavam de uma intervenção mais integrada e regrada de modo a satisfazer a crescente
demanda por estes serviços.
Assim sendo, a AMT no âmbito das suas competências ao nível dos transportes públicos
colectivos de passageiros na AMM, celebrou a 31 de Maio de 2019 contrato de parceria
público-privada de 10 anos com empresa Maxcom África PLC 3 vencedora do concurso
público para fornecimento do sistema de Bilhética Electrónica para os transportes públicos
3
A Maxcom África PLC, é uma empresa de integração de (TICs) de propriedade de nativos da Tanzânia e
sediada em Dar es Salaam, disponível no site www.maxcommoz.co.mz.
5
urbanos, tendo esta, apresentado as melhores propostas técnica e financeira relativas ao caderno
de encargos (Portal do Governo, 2020).
Volvidos dois anos, após a celebração da PPP foi introduzido em Fevereiro de 2021 o cartão
electrónico Famba com objectivo de modernizar o processo de cobrança nos transportes
urbanos de passageiros. Porém passados dois meses da introdução deste cartão, vários tem sido
os relatos de mau funcionamento do mesmo, situação que inquieta os utentes e os operadores
dos transportes filiados as cooperativas que chegaram a reivindicar a retirada dos aparelhos dos
autocarros, por conta dos embaraços a que estão sujeitos desde a entrada em funcionamento do
Cartão inteligente Famba (CIP, 2021).
1.5.2. Específicos
Identificar as razões associadas à adopção da parceria entre Agência Metropolitana de
Transportes e a Maxcom África, na qualidade de prestação de serviços de TPU;
Descrever as acções desenvolvidas pela Agência Metropolitana de Transportes no
âmbito da parceria com a Maxcom África, na qualidade de prestação de serviços de
TPU;
6
Aferir o contributo da implementação da parceria entre a Agência Metropolitana de
Transportes e a Maxcom África, na qualidade de prestação de serviços de transporte
público urbano na área do Grande Maputo.
1.7. Hipóteses
A problemática dos TPU na Área do Grande Maputo influenciou na adopção das
parcerias entre a Agência Metropolitana de Transportes e a Maxcom Áfica;
As acções desenvolvidas no âmbito da parceria entre Agência Metropolitana de
Transportes e a Maxcom África melhoram a mobilidade urbana, através da introdução
do Cartão Famba no pagamento de TPU;
A parceria entre a Agência Metrpolitana de Transportes e a Maxcom África melhora a
qualidade da prestação de serviços de TPU na AGM, na medida em que facilita o modo
de pagamento de transporte através do Cartão Famba, reduzindo o tempo de espera dos
cidadãos nas paragens, garante segurança, conforto, frequência e pontualidade.
7
a) Quanto à natureza
A pesquisa classifica-se em aplicada. Esta pesquisa tem como objectivo gerar
conhecimentos para a aplicação prática, dirigida à solução de problemas
específicos, para além de permitir que se identifique um problema e tente-se
encontrar as soluções aplicáveis á resolução do mesmo, envolve verdades e
interesses locais (Gil, 1991:20). Com os resultados que foram obtidos nesta
pesquisa, espera-se que possam influenciar de forma positiva na resolução ou
minimização dos problemas de TPU.
b) Quanto à Abordagem do Problema
A pesquisa é quali-quantitativa. De acordo com Siena (2007:30), a pesquisa
qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito,
isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objectivo e a subjectividade do
sujeito que não pode ser traduzida em números. A pesquisa quantitativa considera
que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e
informações para classificá-las e analisá-las. “Requer o uso de recursos e de técnicas
estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de
correlação, análise de regressão, etc.)” Esta tipologia envolve métodos quantitativos
e qualitativos para a obtenção de uma análise mais profunda do assunto da pesquisa.
A aplicação deste tipo de pesquisa possibilitou a colecta de dados através de
opiniões, percepções dos funcionários da AMT e também permitiu a quantificação
do grau de conhecimento ou percepção dos cidadãos acerca da provisão de serviço
de TPU de passageiro na AMM.
c) Quanto aos objectivos
A pesquisa é explicativa, segundo Gil (2008:28), a pesquisa explicativa tem como
preocupação central identificar factores que determinam ou contribuem para a
ocorrência dos fenómenos. Este é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o
conhecimento da realidade porque explica a razão, "o porquê" das coisas para a
ocorrência dos fenómenos. Como também, visa analisar um fenómeno na busca de
esclarecimento tornando-o compreensível ou justificado. Esta pesquisa foi útil pois
possibilitou, a identificação e posterior explicação dos factores que ditaram a
adopção das parcerias público-privadas como mecanismo de prestação de serviços
de transporte público urbano de qualidade e analisar o seu contributo na AMM.
8
d) Quanto aos Procedimentos
Pesquisa Bibliográfica: entende-se por pesquisa biliográfica, aquela que é
desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de
livros e artigos científicos. A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside
no facto de permitir ao investigador a cobertura de uma vasta gama de fenómenos,
(Gil, 2002:44). Portanto, a pesquisa bibliográfica foi pertinente na medida em que
permitiu recorrer a informações já trabalhadas por vários especialistas em matéria
do tema em estudo.
Pesquisa Documental: é elaborada a partir de material escrito, fontes primárias que
ainda não receberam um tratamento específico, dito por outras, fontes consideradas
originais que não sofreram nenhuma alteração, análise e avaliação. Consiste na
consulta de obras inerentes ao tema, documentos oficiais para garantir a
credibilidade da informação relacionada (Lundin, 2016:122). Este procedimento foi
útil, pois permitiu a pesquisadora fazer uma exploração das fontes documentais
como leis, decretos, regulamentos, assim como artigos científicos, jornais, políticas
e estratégias sobre a matéria que versa em torno do objecto em estudo, em grande
número sobre a melhoria da qualidade dos serviços de TPU, e as acções levadas a
cabo no âmbito da parceria entre Agência Metropolitana de Transportes e a
Maxcom África.
9
Técnica de Inquérito por Questionário: ou inquérito misto “é uma série ordenada de
perguntas (abertas e fechadas) que devem ser respondidas por escrito pelo participante,
deve ser objectivo, limitado em extensão e estar acompanhado de instruções” (Silva &
Menezes, 2005:33). Esta técnica permitiu inquirir a população da Área Metropolitana
de Maputo acerca do contributo das PPPs, e do nível de satisfação da prestação de
serviços públicos concretamente no sector de transporte público urbano de passageiros.
Método de Procedimento
Método monográfico - ou Estudo de Caso: consiste em estudar indivíduos,
profissões, condições, instituições, grupos sociais ou comunidades, com a
finalidade de obter generalizações parte do princípio de que qualquer caso, estudado
com profundidade pode ser considerado representativo de muitos casos, ou até de
todos casos iguais ou semelhantes (Lakatos, 1979:28). Este método foi útil pois
possibilitou a realização de um estudo profundo e minucioso em volta das parcerias
público-privadas na área dos transportes públicos urbanos na AMM e generalizar
para outros casos semelhantes nas demais instituições públicas no país.
Método de Abordagem
Hipotético-dedutivo: no que diz respeito ao método de abordagem este trabalho
baseou-se no método hipotético-dedutivo, de acordo com Karl Popper (19614)
citado por Lundin (2016:132), defende que se torna necessário fazer a verificação
factual, ou seja, o pesquisador deve verificar a cadeia que se forma entre problemas
“[...], o autor sustenta ainda que o uso do método hipotético-dedutivo tem início
com um problema, com uma lacuna do conhecimento científico, passando pela
formulação de hipóteses e por um processo de inferência dedutiva, o qual testa a
predição da ocorrência de fenómenos abrangidos pela referida hipótese[...]”.Este
4
Poper, K. (1961), The Logic Scientific Discovery (translation of logic der forshung 1935), Hutchinson:
LondonS cience, Ed: New York.
10
método foi aplicado com a intenção de validar ou falsear as hipóteses levantadas
durante a realização do estudo de caso na AMT.
1.8.4. População e Amostra
De acordo com Marconi e Lakatos (2015: 27), População “é o conjunto de seres animados ou
inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum”. Esta pesquisa teve
como população, todos os funcionários da AMT, cidadãos e utentes do TPU que residem ou
trabalham na AGM. Por sua vez, Amostra é o “subconjunto do universo ou da população, por
meio do qual se estabelecem ou se estimam as características desse universo ou população”,
(Gil, 2008:90). A amostra pode ser probabilística e não-probabilística. A população desse
estudo foi constituída por todos munícipes da Área Metropolitana de Maputo. Quanto a
amostra, a pesquisa foi constituída por 6 funcionários da AMT, como também fizeram parte da
amostra 100 cidadãos da AMM, totalizando uma amostra de 106 elementos, e a selecção da
amostra observou as técnicas de amostragem não-probabilística abaixo descritas:
11
1.9. Estrutura do Trabalho
O presente trabalho apresenta-se subdividido em 4 capítulos, estruturados da seguinte forma:
o primeiro capítulo resguarda-se à apresentação da introdução do trabalho num panorama geral,
sendo que este comporta os seguintes subtítulos: a delimitação temporal e espacial da pesquisa,
a contextualização, a justificativa, a problematização, os objectivos da pesquisa (geral e
específicos), as questões de pesquisa, as hipóteses do estudo, a metodologia usada na pesquisa
e por fim a estrutura do trabalho.
O segundo capítulo comporta o referencial teórico e conceptual. Neste capítulo é apresentado
o referencial teórico que serve como base de reflexão para a elaboração da pesquisa,
nomeadamente a Teoria do Principal-Agente (TAP) auxiliada do modelo da Nova Gestão
Pública (NGP). São também apresentados os conceitos básicos que sustentam o presente
trabalho para uma melhor compreensão do leitor, nomeadamente, parcerias público-privadas,
serviços públicos e transporte público urbano. O terceiro capítulo reserva-se à revisão de
literatura onde apresentam-se as diversas análises e abordagens de estudos já elaborados sobre
o tema sem incluir o estudo de caso.
12
CAPÍTULO 2: REFERENCIAL TEÓRICO E CONCEPTUAL
Neste capítulo são apresentadas as teorias e modelos que norteiam o trabalho e os principais
conceitos utilizados ao longo do mesmo, definidos por vários autores. Essas teorias, modelos
e conceitos são considerados importantes para a compreensão do trabalho.
5
Siffert, F. (1996), A teoria dos contratos económicos e a firma, São Paulo.
13
por, Michael C. Jensen com a publicação da sua obra intitulada, Theory of the firm: managerial
behavior, agency costs and oenership sctruture, publicada em 1976.
6
Silvestre, H. (2010), Gestão Pública, Modelos de Prestação no serviço Público, Escolar Editora: Lisboa.
14
Os resultados da vertente principal-agente oferecem pouco conhecimento da forma e
conteúdo dos contratos analisados, observa-se formas contratuais simples e complexas
na realidade, mas enfatiza sobre consistência interna, optimização e racionalidade.
7
Embora o Canadá também seja incluído por muitos autores, esta investigação prefere excluí-lo em
função das diferenças existentes entre as províncias de origem anglófona e francófona, o que fez com que
a influência da “Nova Gestão Pública” fosse mais marcante nas primeiras, não sendo uniforme em todo o
país.
15
c) Pressupostos do Modelo da Nova Gestão Pública
Segundo Santiago (2011:15-16), a NGP assenta em quatro pontos principais, a saber:
Focalização da eficiência, através de medidas que visam tornar as práticas do sector
público semelhantes às do sector privado;
Ênfase na desburocratização, através da redução de procedimentos administrativos
em unidades mais flexíveis, maleáveis, adaptáveis e identificadas com interesses dos
consumidores que pretendem servir;
Busca de excelência, através de medidas que visam tornar as organizações públicas
cada vez mais identificadas com os cidadãos que pretendem servir, que lhes dêem mais
atenção, cumprindo mais e melhor com as suas expectativas prestando o devido
tratamento às suas reclamações;
Orientação para os serviços públicos, através da introdução de mecanismos de
mercado no sector público, sem perder de vista valores nos quais se pauta o sector
público.
d) Críticas ao Modelo Nova Gestão Pública
Pereira (2001:15), destaca seis críticas do modelo da Nova Gestão Pública nomeadamente:
Há uma relação de interdependência entre a “Nova Gestão Pública” e o Estado
ultraliberal;
A crença de privatização do sector público, ou seja, direcionar Administração Pública
a escolher os seus âmbitos de actuação, sendo que esta só pode ser explicada a partir
do Estado;
A transferência da gestão dos serviços públicos para empresas privadas (privatizações,
concessões, terceirizações, etc.) faz com que o mercado passe a ser o dono da agenda
pública;
A denominação “cliente” atribui à prestação do serviço público um caráter comercial.
É como se o serviço prestado deixasse de ser público, tornando-se uma actividade
económica própria da iniciativa privada e;
O pensamento predominante entre os defensores da “Nova Gestão Pública”,
influenciados por princípios exclusivamente económicos e gerenciais, os teóricos da
NGP afirmam que o caráter político do Estado dificulta a tomada de decisões
“eficientes” e “tecnicamente corretas”.
16
e) Aplicabilidade da Teoria e do Modelo
Tomando em consideração que as parcerias público-privadas constituem uma mais-valia na
melhoria da qualidade dos serviços públicos prestados, e que essas iniciativas vem com intuito
de flexibilizar a Administração Pública de cada país, podemos encontrar o enquadramento ou
aplicabilidade da teoria e do modelo na medida em que: a teoria do principal agente permite-
nos perceber que no sector público também existem problemas de agência, na medida em que
os governantes são incapazes de administrar, de forma directa quando estamos perante as PPPs,
todos os órgãos do Estado acabam por delegar essa tarefa a gestores que têm interesses
próprios, muitas vezes associados a projectos particulares que irão lhes expandir o poder, os
relacionamentos e mesmo a visibilidade política. Esta teoria explica ainda, qual é o tipo de
relação contratual entre o principal e o agente onde a preocupação que paira é saber se o (agente
público) tomará a decisão correcta para o interesse do principal (o cidadão).
17
e Transporte Público Urbano, de forma a construir uma ponte de enquadramento contextual do
tema em estudo.
Por sua vez Bovaird (2004), afirma que as PPPs constituem um acordo de trabalho baseado no
mútuo compromisso entre uma organização do sector público e qualquer organização fora
desse sector.
Na mesma linha de pensamento estão, Marques e Silva (2008) que definem a parceria público-
privada como sendo uma forma de cooperação entre as autoridades públicas e as empresas
privadas para assegurar o financiamento, a construção, a renovação, a gestão ou a manutenção
de uma infra-estrutura ou a prestação de um serviço.
Porém, é preciso prestar atenção aos pontos que sempre devem constar na definição das PPPs
como: duração do contrato, financiamento total ou parcial, partilha de riscos, e alcance dos
objectivos traçados. No caso concreto, é possível notar que esses pontos constam das
abordagens trazidas pelos autores Marque e Silva (2008), que consideramos a definição mais
apropriada e completa para pesquisa.
18
2.2.2. Qualidade
É um termo que apresenta diversas interpretações (de acordo com os critérios que presidem à
sua conceptualização), sendo por isso, essencial um melhor entendimento do termo para que a
qualidade possa assumir um papel estratégico. A forma como a qualidade é definida e entendida
numa organização reflecte a forma como é direccionada a produção de bens e serviços (Garvin,
1987:47).
Por sua vez Deming (19908) citado por Rodríguez (2009), qualidade é um processo de melhoria
constante, em que fazemos baseando-se no conhecimento de nossas tarefas, profissões,
educações, sociedade e em nós mesmos. Pode ser também definida, como a totalidade de
características de um produto ou serviço que possuem a capacidade de satisfazer uma certa
necessidade de um determinado cliente.
Podemos conceituar o serviço público, como uma atividade econômica de interesse geral que
o mercado, livremente, não realizaria ou se a realizasse, o faria de forma contrária ao interesse
coletivo, razão pela qual deve ser prestada diretamente pelo Estado ou por particulares
mediante delegação e regularização estatal (Nakumura, 2016).
8
Deming, E.W. (1990) Qualidade: A Revolução da Administração, Editora: Marques Saraiva-Rio de Janeiro.
19
portanto, consagrador de prerrogativas de supremacia e de restrições especiais instituído em
favor dos interesses definidos como públicos no sistema normativo.
Para Meirelles (2007), Serviço público é todo aquele prestado pela Administração Pública ou
por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou
secundárias da colectividade ou simples conveniências do Estado.
2.2.4. Transporte
Transporte na percepção de Magalhães et. al. (2014), utiliza-se o termo “transporte” para
designar o deslocamento de encomendas, cargas diversas, pessoas e outra gama de fenómenos
semelhantes de grande importância na vida quotidiana.
Segundo Pereira et. al. (2013), transporte é um meio responsável por toda e qualquer actividade
económica, que impulsiona o desenvolvimento em uma cidade e viabiliza de forma económica
os deslocamentos para a satisfação de necessidades pessoais ou colectivas.
Por fim, conciliando o exposto acima, é perceptível que quando se fala de transporte, refere-se
de um meio responsável por toda e qualquer actividade económica que permite o deslocamento
de pessoas e bens em geral, de um local para o outro utilizando infra-estruturas disponíveis,
com o objectivo de se deslocar para o trabalho, escola, actividades de lazer e demais lugares a
fim de satisfazer diversas necessidades humanas.
20
Na óptica de Pinto e Torres (2004), o termo “Transporte Urbano” é usado para designar os
deslocamentos de pessoas e produtos, realizados no interior das cidades. Ainda de acordo com
o nº. 58, do glossário do Decreto nº 35/2019, de 10 de Maio, que aprova o Regulamento de
Transporte em Veículos Automóveis e Reboques, define Transporte Urbano como “aquele que
estabelece ligações dentro dos limites das autarquias, povoações ou entre os centros
populacionais e localidades vizinhas”.
Borges (2006), define TPU como o transporte público não individual, realizado em áreas
urbanas, com características de deslocamento diário dos cidadãos, em que ao longo do percurso
se admite o transporte de passageiros, sentados ou em pé e salvos de uso do cinto de segurança.
Com base nos conceitos acima apresentados, pode-se denotar a concordância no tocante ao
objectivo e finalidade á medida em que trazem a ideia de que TPU é um meio de deslocamento
de pessoas e bens dentro dos limites das cidades, realizados por entidades singulares ou
colectivas habilitadas a exercer esse fim, em que se admite o transporte de passageiros sentados
ou em pé e salvos de uso do cinto de segurança.
21
CAPÍTULO 3: PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS, CONTRIBUTO NA
QUALIDADE DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE PÚBLICO
URBANO
Este capítulo, versa sobre as diferentes abordagens relacionadas as Parcerias Público-Privadas
e a Qualidade da Prestação de Serviços de Transporte Público Urbano. Estas abordagens
permitem reflectir, compreender o escopo desta pesquisa com intuito de interligar as duas
variáveis, sendo que para tal, recorreu-se ao posicionamento de diversos autores com o
objectivo de criar bases para as discussões do capítulo subsequente.
22
De acordo com Branco (2008), entre os mais de 60 países que utilizavam a PPP, destacou o
caso da Austrália (em particular o Estado de Victoria) e Irlanda. Na União Europeia, Finlândia,
Alemanha, Grécia, Itália, Holanda, Portugal e Espanha foram os de maior envolvimento.
Complementou o panorama europeu de PPPs, República Tcheca, Hungria e Polônia. Canadá
(província de Quebec) e Japão iniciaram movimentos concessionais nesse modelo. Na América
Latina, o pioneirismo foi a cargo do México e Chile. No Extremo Oriente, Coréia do Sul e
Singapura registraram alguns avanços, enquanto que, no continente africano, a liderança estava
com a África do Sul.
Praticamente todos os autores, quando se referiam à moderna origem das PPPs, valiam se do
exemplo britânico como precursor desta modalidade: o modelo britânico surgiu inicialmente
sob a denominação de PFI – Private Finance Iniciative –, conceito introduzido em 1992. O
modelo PFI, tinha como objectivo o financiamento privado nas de infra-estruturas públicas na
prestação de serviços para satisfação das necessidades colectivas. O setor público tinha a
responsabilidade pela provisão de parte dos bens e serviços, o governo contratava o setor
privado por exemplo para construir um hospital e o setor público fornecia o pessoal
especializado (médicos, enfermeiros, técnicos de laboratório etc.) e/ou o pessoal administrativo
(Alvarenga, 2005).
Pequenino (2017:16) entende que a génese das parcerias público-privadas no mundo está
associada aos seguintes factores:
a) A escassez de recursos para financiamento de infra-estruturas públicas: a redução
do tamanho e da capacidade do Estado, associada a restrições fiscais, impactou
negativamente sobre o financiamento dos serviços públicos. Foi diante dessa
incapacidade de financiamento público que os Estados começaram a equacionar a
necessidade de fazer parcerias com o sector privado, de forma a dar seguimento aos
projectos de infra-estruturas que de per si o Estado não podia conseguir supri-los. Neste
caso, a parceria público-privada apresenta-se como uma nova modalidade de delegação
de actividades tradicionalmente executadas pelo sector público que passam a esfera de
acção do sector privado;
b) O triunfo dos ideais do neoliberalismo: com a redução da intervenção do Estado na
economia, privatizando as empresas por ele detidas, pretendia-se com as privatizações
equacionar-se as medidas jurídico-institucionais que viessem promover a eficiência
23
económica e reduzir a sobrecarga sobre as finanças públicas. A crise do Welfare State9e
a necessidade, dela decorrente, de conter a despesa pública, reconduziu a que muitos
países como por exemplo os EUA e o Reino Unido, certas infra-estruturas públicas
passassem a ser executadas com recurso as parcerias público-privadas e à técnica do
Project Finance10;
c) A emergência de um novo pensamento sobre a gestão pública: no Reino Unido
foram iniciadas sem precedentes reformas no sector público, levadas a cabo pela
Primeira ministra Thatcher, colocando a maior parte dos serviços ou empresas públicas
que eram antes monopólio do Estado sob a gestão do sector privado transformando-as
em Executive Agencies11. A ineficiência dos sistemas de educação e saúde, o mau
funcionamento dos sectores da Administração Pública associado ao excesso de
burocracia, o sacrifício fiscal imposto aos contribuintes, são uns dos factores que
estiveram na origem da necessidade da reforma dos Estados. Tais reformas que viriam
a ser enquadradas nas teorias da Nova Gestão Pública (NGP), que mais tarde foram
disseminadas nos países do terceiro mundo, através de mecanismos de
condicionalidade económica e de serviços de consultores internacionais.
9
De acordo com o dicionário online Cambrige Dictionary (2022) Welfare State significa Estado de bem-estar.
Poder ser definido como um Estado que proporciona programas de combate à pobreza, ao desemprego, à exclusão
social, com vista a garantir uma justa redistribuição de rendimentos e a igualdade de oportunidades à todos
cidadãos.
10
Progect Finance significa Financiamento de Projectos (ibid). Trata-se de uma operação integrada, na qual os
financiadores do projecto esperam obter receitas a partir da operação ou expansão do empreendimento intensivo
do capital, com vista à amortização do investimento realizado
11
Executive agencies traduzido para português significa Agências executivas (ibid).
12
O Value for Money significava fazer mais com menos dinheiro, na sequência do documento “Managing Public
Money” de HM Treasury britânico, definiu o VfM como a forma de garantir a melhor mistura entre a qualidade e
eficácia com o menor capital inicial ao longo de todo o período de utilização dos bens e serviços adquiridos.
24
Acrescentar valor a serviços, programas ou actividades;
Partilha do conhecimento e expertise13;
Obter ganhos de eficiência na prestação de serviços públicos;
Partilha os riscos com o parceiro privado e optimizar os custos;
Aumentar a eficiência, a eficácia e a receptividade aos utentes nos melhorados serviços
públicos;
Melhorar a credibilidade da política ou do programa em causa do governo e;
Transferência de know-how14 do sector privado para o sector público.
13
A expertise é um conceito usado no ramo empresarial que significa conhecimento adquirido com base no
estudo de um assunto e a capacidade de aplicar tal conhecimento.
14
O know-how é um conceito usado no ramo empresarial que significa o conjunto de conhecimentos práticos
adquiridos por uma empresa ou profissional, que trazem de alguma forma benefícios e vantagens competitivas.
25
3.1.5. Tipologia das Parcerias Público-Privadas
Na linha de pensamento de Mota (2012), com vários tipos de parcerias público-privadas, o
papel do governo consiste em identificar e planear as necessidades públicas assim decidindo
que fornecimento de bens ou serviços será efectuado pelas entidades privadas com
acompanhamento do próprio Estado. Felsinger (2008:85), define os seguintes tipos de PPPs:
a) Contratos de serviços
No contrato de serviço, a autoridade pública incumbe uma entidade privada de realizar um
trabalho restrito, por um período de curta duração de (1 a 3 anos). O governo continua a ser o
principal fornecedor dos serviços e responsável pelos investimentos de expansão e melhoria de
sistema, possuindo o privado a porção das operações onde se estipulam níveis de desempenho
pela via de determinados parâmetros.
b) Contrato de gestão
No contrato de gestão, uma entidade externa é contratada pelo ente público para assegurar
determinado serviço, isto é, gerir um sistema de propriedade pública. Os contratos abrangem
normalmente um período relativamente curto de (3 a 8 anos), os pagamentos são feitos pelo
parceiro público e com possibilidade de remuneração adicional como incentivo.
c) Contrato de arrendamento
Neste tipo de contrato, o privado passa a deter o risco do financiamento das operações, da
manutenção geral, bem como dos riscos comerciais. Porém, é o sector público que fica
responsável pelos investimentos iniciais, de recomendações ou inovação do sistema, e os
activos permanecem como propriedade pública. Estes tipos de contratos estendem-se
tipicamente entre (10 a 20 anos), devendo o privado efectuar o pagamento periódico de uma
renda.
d) Concessões
No contrato de concessão o sector privado responsabiliza-se pela construção, reabilitação do
sistema, manutenção, operação e gestão. Cabe ao mesmo, o investimento de capital, podendo
a entidade pública auxiliar no financiamento. Os contratos são geralmente de longa duração e
com intervalo típico de (25 a 30 anos), esta extensão visa assegurar o retorno do capital
investido.
26
seleccionado existiam duas grandes fases. Nomeadamente, a primeira fase é a fase preliminar
e é composta pelas seguintes etapas:
A segunda fase, é a fase da selecção dos contratantes e de contratação, esta subdivide-se na:
decisão do Estado em lançar o concurso cumprindo todos os procedimentos legislativos
aplicáveis em matéria de contratação pública; publicação do procedimento na imprensa e
jornais oficiais; pré-qualificação dos concorrentes e das propostas; avaliação e selecção das
melhores propostas com base na avaliação dos benefícios baseados nos critérios definidos,
identificação e qualificação dos custos; adjudicação ao parceiro privado escolhido e; celebração
do contrato de PPP.
27
público-privados, nos projectos de PPP existe o conceito de divisão de riscos para aqueles que
melhor puderem administrá-los (Anger, 2006).
Segundo Correia (2014), os riscos devem ser identificados, mitigados e alocados entre as
diversas partes envolvidas, através de instrumentos atenuantes que podem assumir a forma de
garantias, como dispositivos contratuais, seguros e suportes de crédito suplementar. A alocação
dos riscos a ambas as partes permite um melhor controlo e gestão, conduzindo a benefícios
reais para os projectos PPP, minimizando os custos.
A importância da partilha do risco numa PPP resulta da necessidade de uma maior eficiência
do sector privado em relação ao sector público, sendo esta necessidade consequência do sector
privado, se financiar a taxas de juro superiores às do sector público. Uma correcta alocação dos
riscos ao sector privado trará os incentivos necessários a essa maior eficiência, e com isso irá
gerar o valor para o contribuinte. Mas nem sempre a eficiência e a correcta alocação dos riscos
são a principal preocupação dos governos, existem quatro grandes motivos para que a
eficiência das PPPs resida, sobretudo na alocação e gestão dos riscos: a redução dos custos que
uma boa gestão de risco gera; os incentivos que são fornecidos ao privado para que seja
eficiente; a redução da probabilidade de renegociações futuras durante a vida do contrato e
melhoria na qualidade do serviço prestado.
28
Logo a seguir à aprovação da Política dos Transportes, o Governo aprovou, através do Decreto
nº. 31/96, de 9 de Julho, o Regime Jurídico de Concessão de Estradas e Pontes com Portagem,
a partir dos finais da década 90 foram assinados os primeiros contratos entre o Governo e as
entidades privadas nacionais e estrangeiras para concessão de empreendimentos de interesse
público.
As sub-modalidades mais comuns que podem ser encontrados quando abordamos sobre as
parcerias público-privadas são nomeadamente (idem):
BOO – Build, Own and Operate o operador privado constrói a infra-estrutura, detém a
respectiva propriedade e executa a operação;
BBO – Build, Buy and Operate, pressupõe a aquisição pelo sector privado de uma
infraestrutura previamente existente, assegurando depois a sua exploração, sem haver
qualquer obrigação de devolução posterior ao Estado;
BOT – Build Operate and Transfer no final do período da duração do contrato, a
propriedade é transferida do sector privado para o sector público;
29
BTO – Build, Transfer and Operate a propriedade é transferida para o Estado logo após
a construção;
DBFO – Design, Build, Finance and Operate é especialmente adaptado à construção
das grandes obras e no qual a propriedade se mantém tendencialmente nas mãos do
Estado, embora com grande envolvimento do parceiro privado na concepção,
financiamento e exploração da infra-estrutura, sendo por isso remunerado. O
concessionário privado assume aqui um risco substancial, sendo certo que o objectivo
do Estado é o da aquisição não de um bem, mas de um serviço de exploração desse
bem.
A título de exemplo temos algumas parcerias celebradas para fornecimento de bem ou serviço,
para melhor compreensão das sub-modalidades contratuais no âmbito das PPPs supracitadas,
nomeadamente:
O contrato em apreço, constituía uma PPP, pois era um contrato celebrado entre o sector
público e privado, para a satisfação duma necessidade pública, o mesmo enquadra-se no tipo
de Concessão de Obras Públicas.
30
c) Caso 3- Gestão do Abastecimento de Água
Tratava-se de contrato celebrado entre o Fundo de Investimento e Património do
Abastecimento de Águas (FIPAG), como concedente e as Águas de Moçambique, S.A.R.L.,
como operador ou concessionária. Neste contrato, o operador possuía “as competências e
habilitações para gerir, operar e manter as instalações de forma eficaz com custos optimizados,
aumento de receitas e desenvolvimento progressivo para uma sustentabilidade financeira do
sistema de abastecimento de água.” O contrato mencionado, à semelhança do primeiro, também
constituía uma PPP, pois enquadrava-se no tipo de Gestão, uma vez que o privado geria o
equipamento e a instalação, sem arcar com os gastos de construção e instalação.
31
segurança social, disponibilização de escolas, transportes e telecomunicações, seja a cargo dos
próprios poderes públicos, seja por empresas privadas que se obrigam a fornece-los”15.
Quando o Estado transfere a realização desses serviços para terceiros, configura-se PPP. O
transporte público de passageiros é um desses serviços que o Estado concede a exploração para
entidades privadas e permanece com as funções de regulamentação, controle e fiscalização
(Matosse, 2010).
A concessão implica a delegação para a iniciativa privada e a execução de um serviço prestado
tradicionalmente pelo Estado. É o caso da parceria entre o AMT e a Maxcom África PLC,
actualmente em desenvolvimento no País. Durante um período pré-estabelecido, nos limites e
condições legais ou contratuais acordados, sempre sujeita a regulamentação, monitorização e
fiscalização do concedente (idem). Importa ressaltar que só há uma concessão de serviços
públicos quando o objectivo do acto for o de melhorar uma exploração de actividade a ser
prestada universalmente ao público em geral.
15
http://extralibris.org/concursos/2008/08/03/concessao-de-servicospublicos / consultado em 20 de Agosto de
2022.
32
O transporte público é um dos elementos mais poderosos para a economia de qualquer cidade,
mas para que ele tenha o seu funcionamento adequado e eficiente, é preciso contar com
extensos sistemas de comunicação completos, rápidos, precisos e perfeitamente articulados, de
forma que a população e as mercadorias possam se deslocar sem nenhum obstáculo e a preços
acessíveis (Reck, 2004). O TPU, de uma forma geral, é um meio para que outras actividades
produtivas possam efetivar-se cabendo, portanto, ao poder público o dever de bem provê-lo
para atender ao direito dos cidadãos de consumar os seus deslocamentos.
Matos (2008), acrescenta que apesar da aprovação destes instrumentos, a situação não
melhorou e os problemas começaram a surgir, dentre os quais, se destacam: acidentes de
viação; condução sem observância das regras básicas de segurança rodoviária e de conforto;
mudanças constantes de rotas, criando desequilíbrios na oferta; conflitos entre operadores; e
insatisfação do público utente dos serviços.
Segundo um estudo realizado pela USAID (2008), revelava que o ambiente do transporte
rodoviário em Moçambique é caracterizado por: uma infra-estrutura rodoviária deficiente,
ocupação de passeios e bermas para outros fins, indisciplina e insegurança no transporte semi-
33
colectivo de passageiros, pouca oferta de transporte rodoviário, fraca capacidade de gestão por
parte dos operadores, mau estado técnico dos veículos, inexistência de inspecções periódicas
obrigatórias, falta de implementação do seguro obrigatório, fraca assistência técnica agravada
pela proliferação de peças sobressalentes de baixa qualidade, concorrência desleal perpetrada
pelos transportadores não profissionalizados, violação do código de estrada e seu regulamento,
sistema de formação e avaliação de condutores ineficaz, fraca organização dos transportes de
passageiros, insuficiente preparação técnica dos intervenientes no sistema de transporte
rodoviário e fraca formação do pessoal de oficinas automóveis.
Desta forma, tentando solucionar estas questões a AMT tem por objecto coordenar,
implementar o Plano Director para a Área Metropolitana de Maputo, promover a gestão
corrente e estratégica de recursos da instituição, infra-estruturas e equipamento associados,
para a gestão dos transportes públicos colectivos de passageiros introduzindo assim o Sistema
de bilhética electrónica na promoção de integraçao financeira digital dos serviços de transporte
(AMT, 2020).
34
Por outro lado, a Agência Metropolitana de Transporte de Maputo (AMT, 2020), no seu Plano
Director de Mobilidade e Transportes, estabeleceu um conjunto de atividades a realizar para
mitigar o cenário de TPU na Área de Grande Maputo (AGM):
Assegurar transporte de passageiros com tarifas acessíveis;
Atender às necessidades dos passageiros e criar o transporte misto de passageiros e
carga;
Adoptar sistema de bilhética electrónica (AFC);
Criar base de dados integradas sobre transportes, pessoal, horários e tarifas;
Assegurar a manutenção e seguros dos veículos;
Transformar as cooperativas em empresas;
Operacionalização do sistema electrónico de bilhética e de comunicação (passageiros e
operadores);
Aquisição de veículos a gás e diesel, com várias capacidades de lotação passageiros;
Campanha de comunicação dirigida aos passageiros e instituições;
Capacitação profissional a todos os níveis, em especial os motoristas;
Estruturar a rede metropolitana integrada e;
Criar corredores BRT e/ou TTL (faixas dedicadas ao transporte público).
O TPU é uma dessas necessidades, um serviço que o Estado concede a exploração para
entidades privadas e permanece com as funções de regulamentação, controle e fiscalização.
Tornou-se urgente a aposta na transformação da cultura da AP orientada para os resultados,
para o controlo e avaliação dos processos, para definição de objectivos e para a satisfação dos
destinatários dos serviços de transporte público urbanos, para solucionar os problemas
concretos associados a mobilidade urbana (Sá, 2003).
Santos (2007) afirma que, persistem ainda muitos constrangimentos na Administração Pública
moçambicana, que colocam em causa a qualidade dos serviços prestados ao cidadão/utente e
os serviços prestados pela AP, em parte, assim tornou-se imperioso a consolidação das ações
da boa governação, boas práticas, bem como prolongar os seus resultados a toda a
35
Administração Pública central e local, tirando assim partido de experiências que já resultaram
e que estão à altura das exigências e expectativas dos utentes direccionando assim a prestação
dos SP com maior eficiência, eficácia e qualidade.
36
CAPÍTULO 4: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS DA
PESQUISA DO CAMPO
Neste capítulo procede-se a apresentação e interpretação dos dados colhidos pela pesquisadora,
com o objectivo de responder às perguntas de pesquisa, estabelecer a relação entre a revisão
literária com o estudo de caso feito assim como, testar a validade das hipóteses da pesquisa e
por fim, são apresentadas as conclusões e as respectivas recomendações.
16
Baseado em leituras feitas no site: www.portalgov.co.mz, no dia 3 de Setembro de 2022.
17
www.MTC/AMT.gov.mz consultado no dia 3 de Setembro de 2022.
37
Continuadores FEIMA, na avenida dos Mártires da Machava, na rua de Mukumbura nº164
(MapCarta, 202218).
O estudo contou com uma população de cerca de três milhões, cento e cinquenta e oito mil,
quatrocentos e sessenta e cinco habitantes da AMM. Dentro desse universo foi selecionada
uma amostra composta por 106 participantes por acessibilidade e intencionalmente. Dos das
quais 100 foram submetidas ao inquérito por questionário e 06 submetidas à entrevista, onde
100 são cidadãos e utentes do TPU que residem ou trabalham na AGM, e 06 são funcionários
da Agência Metropolitana de Transportes. Desta forma, a tabela que se segue faz referência a
distribuição da amostra da pesquisa quanto ao género.
18
www.Mapcarta/amt.mz consultado no dia 3 de Setembro de 2022.
19
AMT (2022), Newslatter 01: Maputo
38
a) Caracterização da Amostra quanto ao Género
Quanto ao género, os dados da tabela 1 indicam que o estudo foi composto por um total de 106
elementos, dos quais 52 correspondem ao género masculino e 54 elementos ao género
feminino. Em termos percentuais 49% corresponde ao género masculino e 51% corresponde
ao género feminino. Deste modo, constatou-se que, a amostra é composta maioritariamente por
indivíduos do género feminino quando comparada com os indivíduos do género masculino.
Conforme ilustra a tabela 2, a maior parte dos indivíduos que fizeram parte da pesquisa tem o
nível médio que representa 54% da amostra, correspondente a 57 participantes, seguido pelos
indivíduos que tem o nível superior que representa 31% da amostra, correspondente a 33
participantes e, por fim, os indivíduos que tem o nível básico que representa 15% da amostra,
39
correspondente a 16 participantes. Entretanto, os dados revelam que a Área Metropolitana de
Maputo (AMM) é constituída maioritariamente por indivíduos com um nível médio de
escolaridade e na sua maioria jovens.
Matsena (202220), respondendo a questão sobre as razões associadas a adopção das PPP entre
AMT e a Maxcom África, referiu que, uma vez que a AMT reconhecia que precisava de um
modelo, de uma forma eficiente, eficaz para controlar o sistema de TPU, que acompanhasse a
nível mundial e a nível dos países da região de África que migraram para o Sistema de
Cobrança Eletrónica de transportes públicos cujo modelo auxilia nas diversas tomadas de
decisões a nível do governo.
A AMT, não tendo um provedor directo decide, então fazer o lançamento do concurso
internacional, onde estavam descriminados todos requisitos necessários para celebrar a PPP
graças a Deus concorreram vários países da região de África o que mostra, uma adesão massiva
as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICS) na Administração Pública dos mesmos.
Desta feita, tivemos a empresa Tanzaniana Maxcom África vencedora do concurso, que
resultou na celebração da PPP a 31 de Maio de 2019, entre a Maxcom África e a Agência
20
Matsena, Edílio – Tecnico Superior de Transportes e Operações na AMT, entrevistado no dia 20 de Setembro
de 2022, Maputo.
40
Metropolitna de Transportes de Maputo em representação do governo que marcou a
viabilização do serviço de bilhética (Idem).
Sobre a mesma questão, Chuquela (202221), acrescentou que o contrato com a Maxcom África
é de 10 anos cuja sub-modalidade é BOT – (Build Operate and Transfer), em que temos a
Maxcom a construir, operar, e no fim do contrato transferir o Sistema de Bilhética Electrónica
a AMT, após a celebração da parceria a empresa tanzaniana deu seguimento das actividades
para materialização do projecto e estão investir no mesmo, é crucial acrescentar que o governo
moçambicano não está e não vai investir dinheiro directamente para este projceto mas sim o
provedor do sistema, pois com esta parceria vai ganhar o seu retorno através das validações.
Por sua vez, Machaie (202222), referiu que a PPP é interessante e boa, a primeira razão para
adopção de uma parceria assenta na incapacidade financeira do Estado em satisfazer todas
necessidades colectivas por si só, e precisa de recorrer a outros modos de suprir essas
necessidades garantindo a prestação do serviço público contínua. No caso dos TPUs, na Área
Metropolitana de Maputo o objectivo é fazer-se sentir mais a presença do Estado através da
AMT em parcerias com outros entes com fim de prosseguir o interesse público.
Tendo como base as respostas dos entrevistados, pode-se constatar que a parceria firmada entre
AMT e a Maxcom África foi influenciada pelos seguintes factores: falta de um sistema de
bilhética electrónica; escassez do transporte público; inflexibilidade e baixa qualidade dos
serviços de TPU; e tem como intuito alavancar o sector do TPU de passageiros de modo a
garantir um sistema de bilhética eletrónica eficiente, eficaz, e com qualidade transformando o
negócio sustentável para os operadores privados sem colocar em causa o interesse público.
21
Chuquela, Charmila - Gestora do Património na AMT, entrevistada no dia 21 de Setembro de 2022, Maputo.
22
Machaie, António Ramiro – Técnico Superior da Contabilidade na AMT, entrevistado no dia 21 de Setembro
de 2022, Maputo.
41
Ademais, fez-se uma análise dos cidadãos e dos utentes do TPU, com o auxílio do inquérito,
para aferir o conhecimento dos cidadãos e utentes do TPU sobre as PPPs que resultou na criação
e introdução do Cartão Famba em todos autocarros na AGM, onde os resultados obtidos são
apresentados por meio do gráfico abaixo.
Gráfico 1: Análise de conhecimento dos cidadãos e utentes do TPU sobre as Parcerias Público-
Privadas que resultou na introdução do Cartão Famba nos autocarros na Área do Grande
Maputo.
40%
SIM
60%
NÃO
Fonte: Elaborado pelo pesquisadora com base nos dados colhidos no campo (2022).
Dos dados ilustrados no gráfico acima, percebe-se que, 60% dos cidadãos e utentes do TPU
inquiridos têm conhecimento sobre as PPPs e 40% dos inquiridos não possuem nenhum
conhecimento em torno das PPP, mas olhando a opinião da maioria pode-se concluir que sim,
os cidadãos e utentes têm conhecimento sobre as PPPs que resultaram na introdução do Cartão
Famba nos autocarros na AMM.
De acordo com Matsena (2022), para a melhoria do TPU, a AMT introduziu o Cartão Famba
no dia 1 de Fevereiro de 2021, fruto da parceria com a Maxcom África. O Cartão Famba (CF),
23
Vide página 36.
42
é cartão inteligente que permite pagar à medida que utiliza quando viaja de autocarro na Área
Metropolitana de Maputo.
Com o Cartão Famba, o passageiro tem também oportunidade de expandir a inclusão financeira
para pagamento de serviços (M-Pesa, Ponto 24, Mkesh, eMola etc.) mesmo não tendo conta
bancária. O objectivo é reduzir a exclusão financeira, permitir pagamentos digitais sem
dinheiro físico para melhorar a experiência dos passageiros, permitir o acesso a uma gama mais
ampla de pagamentos de produtos financeiros, aumentar a eficiência da gestão, e
disponibilidade de subsídios pelo governo.
Sobre a mesma questão, Tureva (202224) referiu que, o Cartão Famba permite com que se
tenha dados fiáveis do número de usuários do TPU, através desses dados facilita a distribuição
e alocação de novos meios de transporte de acordo com zona urbana, as suas necessidades, e
também auxilia aos operadores, diversas instituições para tomada de decisão de acordo com a
informação colhida.
Acrescenta ainda, Jossaie (202225), que o Cartão Famba possui o serviço de Travel Track que
permite ao passageiro programar suas viagens, fazer a reserva consoante seus valores dos
autocarros que irá utilizar, permite também com que as empresas subsidiem os seus
colaboradores garantindo a sua mobilidade.
Procurou-se saber a opinião dos cidadãos e utentes do TPU sobre a criação e introdução do
Cartão Famba na AMM, cujos resultados são apresentados no gráfico abaixo.
24
Tureva, Janet – Gestora dos Recursos Humanos na AMT, entrevistada no dia 21 de Setembro de 2022, Maputo.
25
Jossaie, Antonieta -Ambientalista na AMT, entrevistada no dia 22 de Setembro de 2022, Maputo.
43
Gráfico 2: Opinião dos cidadãos e utentes do Transporte Público Urbano sobre a criação e
introdução do Cartão Famba na Área Metropolitana de Maputo.
80%
70%
70%
60%
60%
50%
50%
40%
40% 35%
30%
20% 20% 20% 20%
20%
10% 10% 10% 10%
10% 5% 5% 5%
0%
Concordo Discordo Concordo Parcialmente Indiferente
O passageiro viaja sem dinehiro fisico O CF utliza tecnologia de ponta
Permite Gestao do tempo O CF permite pagar outros serviços
Fonte: Elaborado pela pesquisadora com base nos dados colhidos no campo (2022).
De acordo com os dados do gráfico 2, percebe-se que, para 35% dos cidadãos e utentes do TPU
inquiridos concordam, que com Cartão Famba na AGM os passageiros viagem sem dinheiro
físico, por sua vez, 50% dos inquiridos discordam, 10% concordam parcialmente, e 5% ficam
indiferente a este benefício, 20% dos inquiridos afirmam que o CF utiliza tecnologia de ponta,
por sua vez, 20% dos inquiridos não concordam, 20% concordam de forma parcial, e 40%
ficam indiferente a sobre a tecnologia do cartão, 10% dos inquiridos concordam que cartão
ajuda a gerir o tempo, 70% discordam, 5% concordam parcialmente e 30% ficam indiferente a
este benefício, e por fim 60% do inquiridos concordam que o cartão permite pagar outros
serviços, 20% discordam, 10% concordam parcialmente e 5% mostra-se indiferente a este
benefício.
Ainda sobre as actividades da AMT (2020) de capacitação profissional a todos níveis para
implementação do Cartão Famba, Machaie (2022) respondendo a questão sobre formações
dadas no âmbito da parceria com Maxcom África, ressalta que todo processo de introdução de
novo sistema requer a transferência de conhecimento, para além de que nesta parceria uma das
cláusulas contratuais é, a transferência de conhecimento para técnicos locais pois volvidos 10
anos da cessão do contrato estes devem estar capacitados para dar continuidade o projecto.
Acrescenta Chuquela (2022), que houve a deslocação de pessoal técnico moçambicano para
verificação do funcionamento do sistema de bilhética electrónica no país de origem da empresa
Maxcom África, em Tanzânia. Posteriormente, recebemos os técnicos tanzanianos para
44
apresentação do sistema Hardware26, de seguida tivemos formações sobre o Software27 do
sistema e tivemos workshops28 sobre a implementação do projecto, desafios e a resistência a
mudança que Tanzânia encontrou no terreno e como solucionou.
Ainda sobre mesmo assunto, Jossaie (2022) referiu que, estas formações foram estendidas até
aos operadores que são as pessoas que vão operacionalizar o sistema que lhe trará benefícios,
a instalação dos equipamentos nos autocarros foi feita na presença dos operadores, o que mostra
que foram todos envolvidos no processo, desde o início. É importante, realçar que a formação
na AMT é contínua e estamos aqui sempre a disposição para atender e responder tudo que for
necessário.
Neste contexto, procuramos avaliar o nível de satisfação das condições de viagem dos cidadãos
e utentes do TPU com ajuda do CF cujos resultados são apresentados no gráfico abaixo.
Gráfico 3: Opinião dos utentes quanto a satisfação sobre as condições de viagem e tratamento
no TPU na Área de Grande Maputo.
18% 7%
Satisfeito
Insatisfeito
75% Indiferente
De acordo com dados do gráfico 3, 7% dos inquiridos está satisfeito com as condições de
viagem e tratamento dos TPUs com ajuda do cartão, 75% esta insatisfeito e 18% esta
indiferente em relação a este serviço. Tendo em conta estes dados, pode-se concluir que as
condições de viagem e tratamento dos transportes públicos urbanos com ajuda do Cartão
Famba na AGM não são boas.
26
Hardware corresponde aos componentes físicos do computador, onde cada um deles tem sua função para o
desempenho e bom funcionamento.
27
Software é o elemento do computador referente aos sistemas que executam as actividades para que a máquina
funcione.
28
Workshops são eventos corporativos que reúnem pessoas com objectivo de desenvolver um projceto ou
aperfeiçoar tecnicas por meio da explicação de palestrantes e de actividades práticas.
45
As parcerias público-privadas são um instrumento cada vez mais usado pelos governos para
fazer face as questões ligadas ao défice orçamental e a problemática da prestação de serviços
públicos, várias são as modalidades de relacionamento entre as entidades do sector público e
do sector privado na provisão de bens e serviços públicos.
Tureva (2022), foi objectiva na sua abordagem, ao afirmar que o Estado através da AMT
coordena e articula com o sector privado através dos seguintes métodos:
Contrato: onde vem de forma expressa os direitos e obrigações de ambas partes, sector
público e sector privado, nomeadamente:
Encontros mensais com os operadores (sector privado): onde são discutidos todos
assuntos relacionados ao transporte público urbano, desde as inquietações dos
operadores, a definição de políticas e estratégias em prol da melhoria do sistema de
transporte a nível da região metropolitana de Maputo, etc. e a;
Fiscalização (periódica/extraordinária): que consiste em verificar se os operadores
estão a cumprir com as obrigações acordadas no contrato, onde o Estado, através da
AMT emite uma nota de comunicação de forma a interagir com os operadores privados
que no período x/y irá fazer uma fiscalização (essa é considerada periódica), e a
fiscalização extraordinária que é aquela em que o Estado realiza sem aviso prévio, que
muitas vezes resulta de denúncia por parte dos munícipes.
Ademais, é aqui chamada a TAP através da qual percebe-se que é necessário que se tenha um
contrato de delegação assinado entre o sector público e privado para que se regule a relação de
ambos na prestação de serviços públicos que consiga responder aos anseios da colectividade
de forma eficiente, eficaz e flexível, e esta abordagem constitui a base teórica do presente
estudo.
46
Matsena (2022), na sua abordagem, afirma que a parceria entre a AMT e a Maxcom contribui
para a melhoria da qualidade do TPU, pois introduziu uma nova abordagem no sistema de
cobrança do transporte ideal para AGM, que resultou na criação do Cartão Famba que vem
para facilitar a vida do cidadão, traz mais dignidade aos cidadãos e utentes do TPU, e garante
a inclusão financeira digital de todos.
Chuquela (2022), afirma que esta parceria vem para mudar a vida de todos conduzindo-nos a
mudanças associadas ao TPU, existe um trabalho para implementação deste projeto, desde o
mapeamento das rotas, coordenadas geográficas de cada paragem, das tarifas na AMM,
conseguimos colocar mais de duas mil paragens todas georefenciadas, introduzimos o serviço
de Bilhete QR para passageiros não frequentes entre outros, para dizer que sim a parceria
contribui na melhoria da qualidade do TPU.
Gonçalves (202229), ressalta que o Cartão Famba é uma boa iniciativa, portanto esta parceria
constitui uma mais valia na qualidade do TPU, porém enfrentamos desafios ligados a aderência
do cartão para se integrar no novo sistema de bilhética electrónica.
Machaie (2022), garante que a parceria é boa e interessante, uma vez que traz as Tecnologias
de informação e Comunicação (TICS) nos TPUs como forma de mudança de roupagem na área
de transportes. Porém, a implementação do Cartão Famba está a falhar na operacionalização,
pois verifica-se que as pessoas não utilizam o mesmo quando se fazem ao autocarro recorrendo
ao dinheiro físico, alguns motoristas não sabem manusear as máquinas para pagamento, se
forem corrigidos estes e outros aspectos o Cartão Famba terá êxito e possivelmente estenda-se
em todo país, em linhas gerais a apreciação diante desta parceria é positiva.
29
Gonçalves, Claudina- Recepcionista na AMT, entrevistada no dis 22 de Setembro de 2022.
47
Em relação ao contributo das PPPs no sector de transporte público urbano a nível da Área de
Grande Maputo, a fonte acima referenciada considera que contribui na melhoria da qualidade
do TPU, porque após a introdução do Cartão Famba registou-se a aderência dos 50 autocarros
ao sistema e dos utentes, como também minimizou-se a carência dos autocarros, alocou-se o
transporte nas zonas de difícil acesso através das viaturas mistas, terminou apontando que os
desafios para que se tenha um sistema de transporte público saudável ainda são enormes.
Fazendo a análise dos dados apresentados por Matsena, Chuquela, Gonçalves, Machaie e
Tureva (2022), é notável que os mesmos são convergentes quanto ao contributo das parcerias
público-privadas no que concerne a qualidade da prestação de serviços de transporte público
urbano, na medida em que afirmaram que as PPPs têm contribuído no sector de TPU na área
metropolitana de Maputo, facto aliado as melhorias registadas na oferta desse serviço. Aquando
da realização do trabalho foi possível verificar que para além da introdução do Cartão Famba,
a AMT em parceria com a Maxcom tem desencadeado acções que contribuem para melhoria
da qualidade do TPU:
A inclusão digital financeira permitiu aos passageiros efectuarem pagamentos do TPU
através do Cartão Famba, carteiras móveis e com recurso a celular;
A criação de novas rotas, faixas, novas paragens, terminais, novas tarifas, para
implementação deste projecto foi realizado um mapeamento de todas rotas,
coordenadas geográficas para cada paragem o que implicou na aquisição de mais
autocarros para responder a demanda nas novas zonas urbanas;
Criação de aplicativos em telemóveis de acesso ao TPU pelos passageiros;
Aquisição de viaturas mistas30 para locais de difícil acesso e;
Criação de novos postos de trabalho a implementação do projecto criou quinze mil
postos de trabalho para os cidadãos técnicos responsáveis pela emissão do Cartão
Famba nas diversas cabines distribuídas nos lugares-chave de Maputo.
30
São chamadas de viaturas mistas porque são destinadas ao transporte de pessoas e bens. São alocadas em
zonas de difícil acesso e servem como alimentadores da zona urbana.
48
utentes da AMM, onde procurou-se saber da avaliação que fazem da qualidade de serviços de
transporte público urbano.
O gráfico que se segue ilustra-nos a avaliação dos munícipes quanto aos serviços de TPU na
área de grande Maputo, tomando em consideração os seguintes indicadores: acessibilidade;
conforto; custo e segurança.
Positiva
85%
90% Negativa
80%
62% 60%
70%
60% 50% 50%
40%
30% 15%
20%
10%
0%
Acessiblidade Conforto Custo Segurança
Fonte: Elaborado pela pesquisadora com base nos dados colhidos no campo (2022).
E por fim, relativamente a segurança que é a harmonia entre o ambiente disponível para seu
deslocamento, considerando desde acidentes de trânsito, roubos, assaltos e agressões nos
transportes públicos, 60% consideram seguro o TPU e 40% dos inquiridos consideram não
seguros.
49
Na mesma senda do contributo da parceria entre a AMT e a Maxcom com o auxílio do
inquérito, foram inquiridos os cidadãos e utentes dos TPU na AGM, onde os resultados obtidos
são apresentados por meio do gráfico seguinte.
Gráfico 5: Avaliação feita pelos cidadãos e utentes sobre as melhorias que as Parcerias
Público-Privadas trouxeram no Transporte Público Urbano na Área do Grande Maputo.
80% 70%
65%
60%
60%
40%
40% 30% 30% 30%
20% 20% 20%
20% 10% 10%
0%
Modernizar o Expandir o sistema Disponibilidade do Não traz nenhuma
sistema de TPU melhoria
pagemento Concordo Discordo Indiferente
Fonte: Elaborado pelo pesquisadora com base nos dados colhidos no campo (2022).
De acordo com o gráfico 5, a parceria entre a AMT e a Maxcom não contribui na qualidade da
prestação de serviços de TPU na AGM, visto que 70% dos inquiridos acreditam que esta
parceria não melhora o sistema de cobrança do transporte, 20% discordam e 10% ficam
indiferente; por sua vez 65% da amostra da pesquisa consideram que a parceria propicia a
modernização do sistema de cobrança de TPU na área metropolitana de Maputo, 20%
discordam, e por fim 10% ficam indiferente a esta melhoria no âmbito desta parceria.
Por outro lado, 40% dos inquiridos concordam que a parceria vem para expandir o Cartão
Famba no TPU, 30% dos inquiridos discordam e por fim 30% ficam indiferente sobre a
expansão do sistema; relativamente a disponibilidade do TPU, 30% dos inquiridos concordam
que a parceria trouxe maior disponibilização de autocarros, 60% discordam e por fim 10% dos
inquiridos ficam indiferentes.
De acordo com gráfico ilustrado acima, analisando a opinião da maioria pode-se concluir que
as PPPs não melhoram a qualidade de TPU na Área Metropolitana de Maputo. Tomando em
consideração os dados acima apresentados, quer por via das entrevistas, quer por via do
inquérito, pode-se fazer a seguinte interpretação: as PPP não contribuem na melhoria da
qualidade do TPU na AGM, porque por um lado os entrevistados são unânimes quando
afirmam que no período em análise até aos dias de hoje, as PPP trazem melhorias significativas
50
no que diz respeito á introdução do Cartão Famba uma nova abordagem em termos de um
Sistema de Bilhética Electrónica, porém o projecto enfrenta desafios.
Desafios, estes que constituem constrangimentos aos utentes nos TPU, aliados a utilização do
Cartão Famba, temos atraso na emissão dos mesmos, recorrentes problemas de validação, falta
de cabines montadas nos autocarros, e dificuldades no sistema informático sem contar que, por
registar estes fatores os utentes são conduzidos a deixar de utilizar o mesmo. Assim sendo, as
opiniões dos munícipes com relação a prestação desses serviços entram em contraste com os
pressupostos do modelo da NGP, porque os dados indicam a ineficiência desses serviços, e o
modelo da NGP enfatiza a introdução de mecanismos de gestão privada no sector público de
forma a tornar os serviços públicos mais flexíveis, eficientes e eficazes, e isso não tem se
verificado na prestação desses serviços mesmo estando sob gestão do sector privado.
51
4.5. VERIFICAÇÃO DAS HIPÓTESES
No início da elaboração deste trabalho foram levantadas três hipóteses, como tentativa
provisória de resposta às questões de pesquisa, sendo assim, essas hipóteses necessitam de ser
submetidas à verificação para testar a sua veracidade.
H1: A problemática dos TPU na AMM influenciou na adopção das parcerias entre o AMT e a
Maxcom África. Esta hipótese traduz-se válida, pois tendo em conta o estudo feito no campo,
constatou-se que a parceria firmada entre a AMT e a Maxcom África foi influenciada pelos
seguintes factores: incapacidade financeira, falta de modelo de Sistema de Bilhética
Electrônica para cobrança de TPU, falta de um provedor directo do sistema e a baixa qualidade
do TPU na AMM;
H2: As acções desenvolvidas no âmbito da parceria entre a AMT e a Maxcom África melhoram
a mobilidade urbana, através da introdução do Cartão Famba no pagamento de TPU. Esta
hipótese é inválida, visto que o estudo revelou que, apesar da AMT e a Maxcom África terem
desenvolvido acções com vista a melhorar o sistema de cobrança de transportes, criar e
introduzir as faixas exclusivas, aplicativos de controlo dos autocarros nas vias, criação de 300
tarifas, criação de duas mil (2000) paragens na AMM, só minimizaram o problema a curto
prazo, e as faixas exclusivas aumentaram o excesso de engarrafamento nas horas de ponta,
causando imobilidade urbana. Ademais, grande parte dos cidadãos e utentes do TPU inquiridos
concordaram que a criação e introdução do cartão na AGM não faz nenhuma diferença no dia-
a-dia, uma vez que o mesmo apresenta dificuldades no sistema informático aliado a falta de
cabines nos autocarros para efectuar pagamentos e;
H3: A parceria entre a AMT e a Maxcom África melhoram a qualidade da prestação do serviço
de transporte público urbano na AMM, na medida em que facilita o pagamento de transporte
através do Cartão Famba. Esta hipótese é inválida, visto que o estudo revelou que a parceria
não trouxe melhorias em termos de implementaçao de sistema de cobrança electrónica de TPU,
fiável, flexível, eficiente, eficaz e de qualidade o que não permitiu maior
disponibilidade/frequência dos autocarros nas principais vias com o sistema instalado, e que
não permitiu a melhoria de qualidade de vida dos cidadãos.
52
CONCLUSÃO
A pesquisa teve como objectivo analisar o contributo das parcerias público-privadas na
qualidade da prestação de serviços de transporte público urbano, concretamente no Área
Metropolitana de Maputo, no período compreendido entre 2018 a 2021.
De acordo com a revisão da literatura e com os resultados obtidos no estudo de caso, foi
possível constatar que a parceria entre a AMT e a Maxcom África não contribui na melhoria
do TPU através do Cartão Famba, porém, a situação actual da implementação do sistema de
bilhética electrónica, é questionável, pois desde a introdução até aos dias de hoje, apenas 50
autocarros implantaram o sistema e conseguem manusear as cabines para efectuar cobranças,
o cartão apresenta erros informáticos de validação, dificuldades do processamento de dados,
fraca divulgação, desistência do uso por parte dos utentes, e resistência a mudança de sistema
de cobrança electrónica por parte dos operadores de transportes que conduz os cidadãos
optarem pela via tradicional.
Importa frisar que as parcerias público-privadas por si só não são cabais para conseguirem
resolver os problemas do sector de transportes, neste caso, há necessidade de se resolverem
problemas de outros sectores como é o exemplo de infra-estruturas rodoviárias (paragens e
terminais), melhoramento e expansão das vias de acesso, e a desconcentração dos serviços
públicos e dos centros de comércio.
53
RECOMENDAÇÕES
Das ilações tiradas em volta do contributo das parcerias público-privadas na qualidade da
prestação de serviços de transporte público urbano na AMM, no período compreendido entre
2018-2021, a pesquisadora apresenta algumas recomendações em prol da melhoria na
prestação de serviço de TPU a AMT:
Realizar auscultações antes da implementação de qualquer projecto, bem como estudos
de viabilidade técnica, financeira, exiguidade de acordo com a realidade moçambicana;
Melhorar a coordenação e articulação com as diversas instituições envolvidas na
implementação do Sistema de Bilhética Electrónica, FEMATRO, Cooperativas, MTC,
FTC de modo a que estejam comprometidas a garantir a materialização efectiva do
projecto;
Desenvolver atividades que vão impulsionar o uso do Cartão Famba por parte dos
utentes, como por exemplo premiações dos passageiros que realizam maior número de
viagens;
Criar de forma conjunta com o Governo Moçambicano, uma comissão de fiscais que
irá garantir o controlo da implantação e activação do sistema em autocarros, tanto na
via pública assim como nos terminais;
Articular e pressionar o Governo a garantir a manutenção, requalificação e ampliação
das vias de acesso e;
Estabelecimento de tarifas sociáveis, acessíveis que garantam a inclusão de todos
usufrutuários do serviço de transporte público urbano.
54
BIBLIOGRAFIA
1. Fontes Secundárias
a) Livros
55
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Decreto Ministerial nº15/96, de 21 de Maio, que actualiza a Resolução de
Transportes e Automovéis.
Decreto nº 24/89 e 92/89, Regulamento de Transporte em Automóveis (RTA) e
cria do Transporte Semi-colectivo de passageiros EM falta
59
Decreto nº 30/2001, de 15 de Outubro, Normas de Funcionamento dos Serviços
da Administração Pública.
Decreto nº 31/96, de 9 de Julho, aprova o Regime Jurídico de Concessões de
Estradas e Pontes em Portagem.
Decreto nº 69/2013, de 20 de Dezembro, Regulamento das PPPs e Concessões
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Decreto nº85/2017, de 29 de Dezembro, que cria a Agência Metropolitana de
Transportes abreviadamente designada AMT.
d) Dissertações
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______________ (2012). Apostila Transporte Público. Departamento de Transportes
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2. Fontes Primárias
Matsena, Edílio, Administrador Técnico Superior de Transportes da AMT,
entrevistado no dia 20 de Setembro, Maputo.
Chuquela, Charmila - Gestora do Património na AMT, entrevistada no dia 21 de
Setembro de 2022, Maputo.
Machaie, António Ramiro – Tecnico Superior da Contabilidade na AMT, entrevistado
no dia 21 de Setembro de 2022, Maputo.
Tureva, Janet – Gestora dos Recursos Humanos na AMT, entrevistada no dia 21 de
Setembro de 2022, Maputo.
Jossaie, Antonieta -Ambientalista na AMT, entrevistada no dia 22 de Setembro de
2022, Maputo.
Gonçalves, Claudina- Recepcionista na AMT, entrevistada no dis 22 de Setembro de
2022.
62
APÊNDICES
63
Apêndice 1: Guião de Entrevista dirigido aos funcionários da Agência Metropolitana de
Transportes.
Guião de Entrevista
Este guião de entrevista destina-se aos Funcionários e Agentes da AMT, e tem por finalidade colher
informações relativamente ao contributo que as Parcerias Público-Privadas agregam na qualidade da
Prestação dos serviços públicos, na Agência Metropolitana de Transportes, no âmbito do trabalho de
conclusão de licenciatura do curso de Administração Pública subordinado ao tema: Contributo das
Parcerias Público-Privadas na Qualidade da Prestação de Serviços de Transporte Público
Urbano em Moçambique: Caso da Agência Metropolitana de Transportes (2018-2021).
Deste modo, o presente guião de entrevista destina-se a fins estritamente académicos, o que significa
que serão observados aspectos éticos como: a garantia do anonimato caso o entrevistado não queira se
identificar, a confidencialidade, a dignidade, liberdade bem como a integridade dos entrevistados,
honra e o bom nome dos mesmos. A candidata compromete-se ainda a manter confidencialidade das
respostas obtidas e não serão usadas para prejuízo dos respondentes ou da instituição.
Função/cargo ___________________________________________________________
64
PARTE II-QUESTÕES
1. Quais são os critérios adoptados pela AMT para celebrar uma parceria público-privada?
2. Qual é a sua percepção relativamente a parceria público-privada?
3. Quais são os objetivos da AMT para celebrar uma parceria-público privada?
4. Na sua opinião, acha que os funcionários da AMT estão familiarizados com o propósito
da parceria público-privada?
a) Existem formações, dadas aos funcionários da AMT no âmbito da parceria público-
privada? Se sim, quais são?
5. Como é feita a coordenação e implementação da Parceria?
6. Quais são as atividades desempenhadas pela AMT no âmbito da parceria para melhoria
de Transportes?
7. Qual é a vantagem da criação de cartão electrónico Famba para o Transporte Público
Urbano?
8. Como obtém-se o cartão electrônico Famba?
b) Quais são os ganhos obtidos pela AMT na prestação de serviços públicos ao cidadão
no âmbito da parceria através do cartão Famba?
9. Como avalia a adopção da parceria público-privada na qualidade de prestação dos
serviços públicos fornecidos pela AMT?
10. Que acções a AMT tem desencadeado para garantir a qualidade nos serviços públicos
no âmbito parceria?
11. Gostaria de acrescentar alguma coisa sobre o Contributo das Parcerias Público-Privadas
na qualidade dos serviços públicos prestados pela AMT?
Elaborado por
Djimayjime da Graça Vilanculos
Maputo, Setembro de 2022
Obrigada pela sua atenção e colaboração!
65
Apêndice 2: Questionário dirigido aos cidadãos e utentes do Transporte Público Urbano da
Área do Grande Maputo.
NOTA BEM: Cartão Famba- CF, AMT- Agência Metropolitana de Transportes, PPP- Parceria
Público-Privada, Transporte Público Urbano- TPU, Concordo- C, Discordo- D, Concordo
Parcialmente- CP, Indiferente- I.
a) Género
b) Feminino (____)
c) Masculino (____)
66
1. Idade
a) De 18 a 25 anos ( )
b) De 26 a 35anos ( )
c) De 36 a 45 anos ( )
d) Mais de 46 anos ( )
2. Nível Académico: _______________________________________
PARTE II-QUESTÕES
2. Se sim, sabia que o Cartão Famba introduzido para pagamento de transportes que circulam
na Área do Grande Maputo é resultante das Parcerias Público-Privadas?
Sim _____ Não _____
3. Quanto tempo levou para obter o Cartão Famba?
a) 7 dias ____
b) 15 dias ____
c) 30 dias ____
d) 60 dias ____
4. Por que motivo utiliza o Transporte Público Urbano?
f) Trabalho ____
g) Escola ____
h) Lazer ____
i) Outro ___________
Outra ______________________
67
6. Tendo em conta as opções abaixo, conhece os benefícios do Cartão Famba introduzido nos
Transportes públicos urbanos?
7. Está satisfeito/a com as condições de viagem e tratamento no transporte público com ajuda
do Cartão Famba?
a) Satisfeito ____
b) Insatisfeito ____
c) Indiferente ____
8. Como utente destes serviços, está satisfeito com as taxas cobradas para obtenção do Cartão
Famba?
a) Sim ____
b) Não ____
68
Conforto: As condições de ocupação do veículo, a possibilidade de viajar sentado, a
temperatura interna as condições de ventilação, ruído, celebração, a altura dos degraus, largura
das portas, disposição dos assentos.
a) Confortáveis ____
b) Não confortáveis ____
a) Acessíveis ____
b) Não acessíveis ____
Segurança nas viagens e veículos: harmonia entre o ambiente disponível para seu
deslocamento, considerando desde acidentes de trânsito, roubos, assaltos e agressões.
a) Seguros ____
b) Não seguros ____
10. Tendo em conta as opções abaixo, acha que a parceria público-privada está a contribuir na
melhoria da qualidade do transporte público urbano através do Cartão Famba, relativamente ao
processo anterior?
11. Na sua opinião, quais são as mudanças resultantes da parceria público-privada nos serviços
de transporte público com recurso ao Cartão Famba?
a) Integração digital financeira;
69
b) Flexibilidade e pontualidade dos autocarros;
c) Acessibilidade do transporte público através do GPS com recurso ao telemóvel;
d) Maior cobertura dos autocarros;
e) Frequência dos autocarros nas principais vias;
f) Controlo dos gastos e trocos pelos passageiros e operadores;
________________________________________________________
_________________________________________________________
_________________________________________________________
Elaborado por
70
ANEXOS
71
72
73