Analise Comparativa Do Algodão-25-01-23
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3, e25932313, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i3.2313
Análise comparativa da cotonicultura no estado de Mato Grosso
Comparative analysis of cotton cultivation in the state of Mato Grosso
Análisis comparativo del cultivo de algodón en el estado de Mato Grosso
Resumo
Objetivou-se nesse artigo realizar uma contextualização histórica e uma avaliação
contemporânea da produção de algodão no estado de Mato Grosso. Para o alcance do objetivo
proposto, utilizou-se das técnicas de revisões bibliográfica e documental. Constatou-se que o
estado de Mato Grosso destaca-se como o principal produtor nacional de algodão em caroço,
que é uma matéria-prima importante para a indústria têxtil. No entanto, quando se avalia a
participação mato-grossense na produção têxtil a nível nacional, ela se mostra irrelevante,
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respondendo por apenas 0,64% do número de estabelecimentos industriais do país no ano de
2017. Dessa forma, abre-se espaço para a discussão e proposição de novos estudos sobre o
desempenho do complexo agroindustrial do algodão mato-grossense, como por exemplo, na
verificação de que tipos de fatores dificultam na consolidação da indústria têxtil na localidade
analisada.
Palavras-chave: Algodão; Análise conjuntural; Indústria têxtil.
Abstract
The objective of this article was to carry out a historical contextualization and a contemporary
evaluation of cotton production in the state of Mato Grosso. In order to reach the proposed
objective, bibliographic and documentary revision techniques were used. It was found that the
state of Mato Grosso stands out as the main national producer of cotton in feather, which is an
important raw material for the textile industry. However, when assessing the participation of
Mato Grosso in the textile production at national level, it is irrelevant, accounting for only
0.64% of the number of industrial establishments in the country in 2017. Thus, it opens space
for the discussion and proposition of new studies on the performance of the agroindustrial
complex of Mato Grosso cotton, as for example, in the verification of which types of factors
make difficult in the consolidation of the textile industry at the analyzed locality.
Keywords: Cotton; Conjunctural analysis, Textile industry.
Resumen
El objetivo de este artículo era realizar una contextualización histórica y una evaluación
contemporánea de la producción de algodón en el estado de Mato Grosso. Para lograr el
objetivo propuesto, se utilizaron técnicas de revisión bibliográfica y documental. Se encontró
que el estado de Mato Grosso se destaca como el principal productor nacional de algodón de
plumas, que es una materia prima importante para la industria textil. Sin embargo, al evaluar
la participación de Mato Grosso en la producción textil a nivel nacional, es irrelevante, ya que
sólo representa el 0,64% del número de establecimientos industriales en el país en 2017. Así,
se abre espacio para la discusión y propuesta de nuevos estudios sobre el desempeño del
complejo agroindustrial del algodón de Mato Grosso, como la verificación de qué tipos de
factores dificultan la consolidación de la industria textil en la ubicación analizada.
Palabras clave: Algodón, Análisis coyuntural, Industria textil.
1. Introdução
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2.1 Histórico da produção de algodão no Brasil
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que contribuiu para a elevação da produção de algodão em alguns estados foi a guerra entre
Brasil e Paraguai que contribuiu para a elevação da demanda interna dos produtos da indústria
têxtil, como por exemplo, os curativos. Este ciclo teve uma duração de aproximadamente de
10 anos, após isso o cultivo do algodão sofreu uma forte redução no nível de produção (Costa
& Bueno, 2004).
No início da década de 1910, período da 1° Guerra Mundial (1914-1918), tem-se um
novo ciclo produtivo do algodão no Brasil, motivada principalmente pelas fortes geadas que
dizimaram os campos de café. Além disso, as negociações internacionais foram
comprometidas em virtude da 1ª Guerra Mundial, o que prejudicou as exportações brasileiras
de café e algodão, por exemplo (Costa & Bueno, 2004).
Mas essa situação de alguma forma contribuiu para o processo de industrialização no
país, visto que, ao afetar as navegações do período, a guerra não só reduziu exportações, como
também as importações. De forma que a indústria nacional se voltou para o abastecimento do
mercado interno, que já não podia consumir os tecidos importados (Fujita & Jorente, 2015).
No período em que emerge o início do processo de industrialização brasileira, o
Governo Federal por meio do Ministério da Agricultura promoveu uma série de incentivos
para impulsionar a produção agrícola do país. Outra iniciativa do período que afetou
positivamente a cotonicultura no país, foi a criação do Instituto Agronômico de Campinas
(Costa & Bueno, 2004).
No início do século XX, o cultivo de algodão na região Nordeste sofreu com uma série
de problemas como a incidência de doenças, variações climáticas e enfrentou a concorrência
do produto agrícola originário da região Sudeste. Vale destacar o cultivo de algodão foi
favorecido principalmente pela expansão da área cultivada em decorrência da redução do
nível de produção de café, que foi drasticamente prejudicado pela crise mundial de 1929. A
produção de algodão nesse período era predominantemente de base familiar, mantendo
características similares ao período colonial brasileiro (Faria, 2008).
Com o advento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), as exportações brasileiras
são novamente abaladas, passando por um período de forte oscilação (Costa & Bueno, 2004).
Nesse mesmo período, as indústrias têxteis brasileiras passaram a absorver, principalmente, o
algodão que era produzido na região Nordeste, do estado de São Paulo e, posteriormente no
Paraná.
Contudo, segundo Fujita & Jorente (2015), como as indústrias dos países
desenvolvidos estavam envolvidas pela guerra, as indústrias brasileiras aproveitaram a
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oportunidade para expandir a produção e comercialização de produtos têxteis, alcançando a
posição de segunda maior indústria têxtil do mundo no período da Segunda Guerra Mundial.
O centro Sudeste/Sul manteve-se hegemônica na produção nacional de algodão até o
limiar das décadas de 1980 e 1990, quando, devido a mudanças na política econômica, com
destaque para o processo de abertura comercial promovida pelo Governo Collor, que
submeteu a produção nacional a um choque de concorrência internacional, que afetou
diversos setores econômicos, como foi o caso do setor têxtil no Brasil (Buainain & Batalha,
2007).
Vale destacar que aliado as mudanças político-econômicas que se passava no país, o
ataque do Bicudo do Algodoeiro nas áreas cultivadas de algodão, veio a infligir graves perdas
nos campos brasileiros. Dada essas condições, o Brasil passa a importar grande parte da fibra
de algodão consumida no mercado interno (Barchet et al., 2016).
Esses acontecimentos resultaram na movimentação da atividade de cotonicultura para
o Centro-Oeste brasileiro, principalmente para o estado de Mato Grosso, que passou a ser
destaque nacional no cultivo da cultura, principalmente em termos de produção e exportação
de produtos como a pluma do algodão.
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...será concedido incentivo fiscal nas operações interestaduais tributadas, bem como
nas operações internas, estas apenas com destino a cooperativa cadastrada no
PROALMAT, sobre o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias
e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação - ICMS, abrangendo, ainda, a respectiva prestação de serviço de
transporte nos casos de vendas com cláusula CIF (MATO GROSSO, 1997, p.1).
A partir de meados dos anos 1990, a cotonicultura brasileira seguiu o caminho aberto
pela expansão da cultura da soja em direção ao Cerrado brasileiro, aproveitando das
estruturas de transferência (transporte, comunicação e energia), das condições naturais
e geoeconômicas, dos programas estaduais de incentivos fiscais, do desenvolvimento
de novas tecnologias e da pesquisa biotecnológica de novos cultivares adaptados e
resistentes.
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Figura 1. Área cultivada de algodão, em mil hectares, para o Brasil e regiões no período de 1976/77 a 2018/19.
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Na Figura 2 são apresentadas informações sobre o nível de produção de algodão em
caroço no Brasil e regiões brasileiras no período de anos safras de 1976/77 a 2018/19.
Figura 2: Produção de algodão em caroço, em mil de toneladas, para o Brasil e regiões brasileiras no período de
1976/77 a 2018/19.
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Figura 3. Produtividade, em quilos/hectare, do algodão em caroço no Brasil e nas duas maiores regiões
produtoras do país, Centro Oeste e Nordeste, no período de anos safra 1976/77 a 2018/19.
O estado de Mato Grosso, que não possuía destaque na produção de algodão até
meados da década de 1990 e tornou-se o maior produtor de algodão do Brasil, em relação às
unidades federativas. Entre o ano safra de 1996/97 e o de 2018/19, o estado multiplicou por
24,6 a sua produção, como pode ser visualizado na Figura 4.
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Figura 4. Produção de algodão em caroço, em mil toneladas, nos atuais maiores produtores do país.
Outro estado de destaque é a Bahia, que desde a safra de 2002/03 firma-se como
segundo maior produtor nacional. Este estado também experimentou um crescimento
vertiginoso entre ano safra 2002/03, quando produziu 284,4 mil toneladas, e o ano safra de
2013/14, quando chegou a produzir 1.611 mil toneladas. Porém, a partir deste ano o estado
retoma sua produção, produzindo 1.247,6 mil toneladas no ano safra 2018/19, o que
representa um aumento de 201% em relação a queda que ocorreu em 2015/16 (Figura 4).
Os outros três estados, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Goiás, mantiveram uma
produção significativamente menor que os dois maiores produtores (Mato Grosso e Bahia),
não alcançando grandes variações de produção, com exceção de Goiás, que nos anos safra de
2003/04, 2004/05 e 2010/11 apresentou picos de produção, por volta de 410 mil
toneladas/ano.
Na Figura 5 são apresentadas informações sobre a evolução da produção de Mato
Grosso e sua participação em relação à produção nacional.
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Figura 5. Produção de algodão em caroço, mil toneladas, em Mato Grosso e seu percentual sobre a produção
nacional.
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Figura 6. Produtividade, em quilos por hectare, de algodão em caroço em Mato Grosso no período de anos safra
1976/77 a 2018/19.
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Figura 7. Área plantada de algodão herbáceo, em hectares, para as mesorregiões mato-grossenses.
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Figura 8. Número de estabelecimentos industriais têxteis em Mato Grosso e nas cinco unidades federativas com
maior representatividade no cenário nacional entre os anos de 2006 e 2017.
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Figura 9. Número de vínculos empregatícios estabelecidos no setor industrial têxtil em Mato Grosso e nas cinco
unidades federativas com maior representatividade no cenário nacional entre os anos de 2006 e 2017.
6. Considerações Finais
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complexo agroindustrial em particular, como ferramenta para a proposição de políticas
públicas que possam ser aplicadas ao setor agropecuário mato-grossense.
Referências
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10004d3940/8479794ffe57a452042567e0005f3ca5?OpenDocument.
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