Aquisição e Aprendizagem Duma Segunda Língua Na Criança e No Adulto
Aquisição e Aprendizagem Duma Segunda Língua Na Criança e No Adulto
Aquisição e Aprendizagem Duma Segunda Língua Na Criança e No Adulto
São Francisco do Conde (BA) | Vol.2, nº 1 | p.525-536 | jan./jun. 2022 * ISSN: 2764-1244
Resumo: O presente trabalho é uma parte de uma pesquisa em linguística aplicada educacional
relacionada com a aquisição e aprendizagem duma língua segunda na criança e adulto em
Moçambique. Tem como objectivos (i) discutir as principais teorias que orientam a aprendizagem
de uma língua no contexto da língua segunda; (ii) a forma como o aprendente interioriza as
estruturas gramaticais da língua para posterior uso em contextos diversificados, e (iii) perceber as
relações e as influencias que as teorias exercem na aprendizagem da língua na criança e no
adulto. Para lograrmos o objectivo deste estudo, adoptamos uma metodologia assente na revisão
bibliográfica sobre as diversas teorias que abordam sobre aquisição e aprendizagem da língua
num contexto em que é aprendida como língua segunda na criança e no adulto. O presente
estudo poderá contribuir para uma nova reflexão sobre as teorias que presidem a aquisição e
aprendizagem da língua portuguesa como língua segunda na criança e no adulto.
Licenciado em Linguística e Literatura, Mestre em Linguística e Doutorando finalista (4º ano)
pela Universidade Eduardo Mondlane - Moçambique.
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Introdução
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Da apreciação feita, Krashen (1981) aponta que existem dois processos mentais
que operam na aquisição de uma segunda língua. Um que é consciente e outro que é
inconsciente ou subconsciente. O processo consciente é relativo à aprendizagem que tem
a ver com a focalização nas regras gramaticais, na memorização das mesmas e em
exercícios onde o aluno reconhece situações nas quais as regras estão sendo violadas, e
o subconsciente corresponde à aquisição que é um processo de assimilação natural,
intuitivo, subconsciente, fruto de interação em situações reais de convívio humano, em
que o aprendente participa como sujeito ativo. Importa referir que o processo de aquisição
tem semelhanças com o processo de assimilação da língua materna pelas crianças.
Para a criança poder se comunicar deve adquirir um conhecimento prático
funcional sobre a língua falada, através da interação com as pessoas que a cercam e não
um conhecimento rico, pois este ocorre anos mais tarde, quando vai à escola em busca
do conhecimento teórico da sua língua materna. A criança adquire a língua na interação
com a família e comunidade.
Para Krashen (1981) estes dois processos são independentes entre si; ou seja, a
assimilação não existe como resultado do estudo formal ou o contrário (o estudo formal
não se transforma em assimilação). Em relação ao papel da primeira língua na
aprendizagem de uma segunda língua, o autor sugere que a fonte de maior problema no
erro sintático nos alunos adultos, no desempenho de uma segunda língua é o
desempenho deficiente da primeira língua. Quanto mais novo for o aprendente, mais
eficiência terá na aquisição de língua segunda.
Na aquisição e aprendizagem de segunda língua por adultos destaca-se que os
programas de ensino de L2 são, na sua maioria, divididos e baseados em quatro
competências conhecidas como falar, ouvir, ler e escrever. Krashen não concorda com
esta divisão. Em sua teoria chamada de “Monitor Theory”. Nesta teoria pode-se observar
que a parte mais importante de seu programa de ensino é o intake sob a aquisição.
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3.Teorias da Aquisição/Aprendizagem da L2
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para acionar a língua que será falada, bem como o meio social e cultural onde está
inserida. Este fato refere-se ao período dos 0-11/12 anos que correspondem ao período
crítico que a seguir passaremos a descrever
3.2.Período Crítico
Para Ellis (1997), é necessário investigar e fazer distinções entre o efeito da idade,
no caminho de Aquisição (onde os itens da língua alvo são adquiridos na mesma ordem
por diferentes alunos), agilidade (quão rápido o aluno adquire a língua), e o
desenvolvimento final/ conclusivo (quão proficiente na língua o aluno estará no final do
processo).
A questão da idade na Aquisição de Língua Estrangeira é sustentada com base
nos estudos das Ciências de Neurolinguística, Psicologia Linguística, bem como, uma
série de hipóteses que visam explicar, não só o desempenho cognitivo do ser humano,
mas também as diferenças entre o adulto e a criança. A aprendizagem de língua ocorre
melhor antes da puberdade (dos zero aos onze/doze anos), pois isto torna o aprendente
proficiente, proficiência essa condicionada pela forma (regras gramaticais) e pela função
(regras de uso da gramática).
Neste período, o cérebro tende a perder esta característica. Neste contexto,
observa-se uma grande dificuldade para os aprendentes adolescentes ou aqueles que
ultrapassam este período a aprender a Língua Estrangeira, uma vez que o processo de
Aquisição de Língua Estrangeira é controlado pelo próprio aprendente que constrói seu
conhecimento assim como o modo de consegui-lo. Para tal, o aprendente adulto é
instigado a utilizar suas habilidades bem como ter consciência de suas estratégias
cognitivas.
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3.4.Transferência
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convenção; isto é, a decisão é arbitrária. E para fundamentar este fato, autores White
(2000) defende que a aprendizagem de uma língua consiste numa cadeia de Estímulo-
Resposta-Reforço.
3.5.Análise Contrastiva
3.6.Interlinguagem
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são levadas para a língua em estudo. Ainda segundo Ellis (1997) o conceito de
interlinguagem envolve seis premissas sobre a aquisição da L2, tais como: o aprendente
constrói um sistema de regras linguísticas abstratas que norteiam a compreensão e
produção da L2, o qual é visto como uma gramática mental; (1) a gramática do
aprendente é permeável, o que significa que as regras que constituem o conhecimento de
um aprendente, em qualquer estágio, não estão fixadas, mas sim abertas às influências
externas, através de insumo; (2) e também é transicional, isto é, o aprendente muda a sua
gramática de tempos a tempos, acrescentando regras, eliminando outras e reestruturando
o sistema todo-interlinguagem continuum; há duas hipóteses sobre o sistema da
interlinguagem: a primeira é que o sistema que o aprendente constrói contém regras
variáveis; a segunda é que o sistema de interlinguagem é homogêneo e que a
variabilidade reflete os erros que os aprendentes cometem quando tentam usar seus
conhecimentos para se comunicar, entre outras.
Conclusão
Este estudo tinha como objectivo apresentar e discutir as principais teorias que
presidem a Aquisição e Aprendizagem de uma Segunda Língua, suas relações e
influência que os mesmos exercem nestes dois sistemas de interiorização do
conhecimento da língua.
Através deste estudo, concluímos que a aquisição de uma língua ocorre de forma
inconsciente, a partir do meio social onde a criança está inserida. Ademais, a criança no
seu percurso de aquisição de uma língua vai absorvendo e memorizando sons, palavras e
estruturas frásicas simples e que vai evoluindo no processo comunicativo. Em relação à
aprendizagem de uma língua (L2), concluímos que ela ocorre de forma consciente e
objetiva, na medida em que, ocorre em situações formais de aprendizagem. Por isso, a
aprendizagem é guiada, é tutelada e regida por regras formais que permitem uma
comunicação adequada e correta.
Importa realçar que, geralmente, aprendizagem ocorre em contextos formais de
aprendizagem usando estratégias de promoção regras gramaticais na aprendizagem de
uma língua segunda em contextos formais de aprendizagem. O mais importante é que os
professores se tornem conscientes da necessidade de adotar metodologias que se
adequam à realidade concreta em que o processo de ensino-aprendizagem decorre.
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Para citar este texto (ABNT): CHONANE, David Zefanias. Aquisição e aprendizagem
duma segunda língua na criança e no adulto. Njinga & Sepé: Revista Internacional de
Culturas, Línguas Africanas e Brasileiras. São Francisco do Conde (BA), vol.2, nº 1,
p.525-536, jan./jun.2022.
Para citar este texto (APA): Chonane, David Zefanias. (jan./jun.2022). Aquisição e
aprendizagem duma segunda língua na criança e no adulto. Njinga & Sepé: Revista
Internacional de Culturas, Línguas Africanas e Brasileiras. São Francisco do Conde (BA),
2(1): 525-536.
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