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RESUMO
1
Acadêmico do 9º Período do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí – Univali, campi Itajaí.
2
Mestre em Ciência Jurídica da Universidade do Vale do Itajaí na linha de pesquisa: Produção e Aplicação do Direito
- Sociedade; Área de Concentração: Fundamentos do Direito Positivo; Professor do Curso de Graduação em
Direito da Univali nas disciplinas de Direito Penal e Direito Processual Penal, Professor de Direito Penal da Escola
do Ministério Público do Estado de Santa Catarina (EMPSC); Professor de Direito Penal, Direito Processual Penal
e Prática Penal do Morgado Concursos; Professor de Criminologia do ICPG (Instituto Catarinense de Pós-
Graduação); Parecerista da Revista Direito e Política (ISSN 1980-7791), do Programa de Pós-Graduação Strito
Sensu da UNIVALI; Parecerista da Revista Eletrônica de Iniciação Científica do Cejurps - UNIVALI (ISSN 2236-
5044). Advogado.
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NOLLI, Halison Tharlley; CHAVES JUNIOR, Airto. A (in)constitucionalidade material do instituto da reincidência
fundamentada no direito penal do autor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências
Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.4, p. 1416-1438, 4º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc
- ISSN 2236-5044
INTRODUÇÃO
Ocorre que, tal presunção não pode prosperar, pois além de acabar punindo o
autor por quem ele supostamente é – direito penal do autor - e não pelo crime
que cometeu – direito penal do fato -, atuando, assim, com base na
periculosidade presumida, acaba gerando uma dupla punição pelo mesmo
fato, o que caracteriza bis in idem.
3
BRASIL. Supremo Tribunal Federal, Brasília. 2009. Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=116383>. Acesso em: 20 de janeiro de 2012.
[...]Direitos humanos: ressocialização de presos e combate à reincidência. Existem hoje no Brasil cerca de 446 mil
presos, segundo dados apurados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Uma relação de 229 detentos para
cada grupo de mil habitantes, quase o dobro do registrado na Argentina e mais que o triplo da taxa existente na
Dinamarca. Do total de presidiários brasileiros, 57% já foram condenados, enquanto outros 43% ainda são
provisórios e aguardam julgamento. O Brasil é signatário de tratados que versam sobre direitos humanos como o
Pacto de San José, a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e a Declaração Universal dos
Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU). Todos eles proíbem o tratamento degradante do
preso [...] O déficit carcerário é de 156 mil vagas no Brasil. Se fosse retirado das celas todo o excesso de
presidiários, daria para encher quase dois estádios do Maracanã. [...]. “As penitenciárias não podem ser depósitos
de pessoas indesejáveis, mas um mecanismo de ressocialização” defendeu o ministro Gilmar Mendes ao visitar o
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NOLLI, Halison Tharlley; CHAVES JUNIOR, Airto. A (in)constitucionalidade material do instituto da reincidência
fundamentada no direito penal do autor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências
Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.4, p. 1416-1438, 4º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc
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contraria tais objetivos, uma vez que causa a exclusão social, marginaliza e
promove a desigualdade.
1 A REINCIDÊNCIA
1.1. Aspectos históricos
Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), [...]. De acordo com ele, “nenhum país logrou reduzir o índice de
criminalidade e, portanto, melhorar os índices de segurança, sem atacar o problema sério da reincidência”. E os
números fundamentam essa preocupação. Segundo dados obtidos a partir dos mutirões, os índices de
reincidência variam entre 60% e 70%. Ou seja, sem perspectiva, o preso volta a praticar crimes quando retorna ao
convívio social.
4
A eventual incompatibilidade da reincidência sob o prisma formal, portanto, não é tema da presente pesquisa.
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NOLLI, Halison Tharlley; CHAVES JUNIOR, Airto. A (in)constitucionalidade material do instituto da reincidência
fundamentada no direito penal do autor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências
Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.4, p. 1416-1438, 4º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc
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5
FALCONI, Romeu. Lineamentos de direito penal, 3. ed., rev., ampl. e atual. Cone. São Paulo. 2002. p.285.
6
FALCONI, Romeu. Lineamentos de direito penal, 3. ed., rev., ampl. e atual. p. 285.
7
FALCONI, Romeu. Lineamentos de direito penal, 3. ed., rev., ampl. e atual. p. 285.
8
FALCONI, Romeu. Lineamentos de direito penal, 3. ed., rev., ampl. e atual. p. 285/286.
9
Segundo Zaffaroni e Pierangeli: se denomina de reincidência especifica a que exige a pratica de um novo delito
igual, ou da mesma categoria, daquele pelo qual sofreu anterior condenação. ZAFFARONI, Eugenio Raúl.
PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro parte geral. 6. ed. revista e atualizada. p. 716.
10
FALCONI, Romeu. Lineamentos de direito penal, 3. ed., rev., ampl. e atual. p. 286.
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NOLLI, Halison Tharlley; CHAVES JUNIOR, Airto. A (in)constitucionalidade material do instituto da reincidência
fundamentada no direito penal do autor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências
Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.4, p. 1416-1438, 4º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc
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1.2. Conceito
11
Conforme ensinamento de Zaffaroni e Pierangeli: fala-se em reincidência genérica, que se conceitua como o
cometimento de um delito depois de ser sido o agente condenado e submetido à pena por outro delito. Zaffaroni,
Eugenio Raúl. PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro parte geral. p. 716.
12
PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal brasileiro, volume 1: parte geral, art. 1° a 120. 10. ed. rev. atual. e
ampl. São Paulo. Revista dos Tribunais. 2012. p. 496.
13
ZAFFAONI, Eugenio Raúl. PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro parte geral. p. 721.
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fundamentada no direito penal do autor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências
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reincidência no país que foi cometido o crime, por exemplo, não seria possível
condenar como reincidente no Brasil uma pessoa condenada na Colômbia,
porque esta legislação não prevê a reincidência14.
Assim, para que o autor de um delito possa ser considerado reincidente, deve
ter havido uma sentença condenatória, transitada em julgado, anterior; e
ainda, devem-se observar o pressuposto do artigo 64 do Código Penal:
14
NUCCI, Guilherme de Souza. Código penal comentado. 10. ed. rev., atual e ampl., 2010.
15
ZAFFAONI, Eugenio Raúl. PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro parte geral. p. 724.
16
Nas palavras de Zaffaroni e Pierangeli: [...] Existem códigos estrangeiros em que os efeitos da reincidência limitam-
se às penas privativas de liberdade, mas isso não ocorre com a lei brasileira, porque nesta sequer existe
fundamento para excluir os delitos apenados com multa [...]. ZAFFAONI, Eugenio Raúl. PIERANGELI, José
Henrique. Manual de direito penal brasileiro parte geral. p. 723.
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fundamentada no direito penal do autor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências
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1.2 Consequências
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Segundo Romeu Falconi: A palavra reincidência é de origem latina e significa incorrer, podendo também
representar acontecer, ocorrer, etc. como já dito, do latim “incidire”. O prefixo “re” resolve a problemática
vernacular que concerne à reinteração: incorrer outra vez. FALCONI, Romeu. Lineamentos de direito penal, 3.
ed., rev., ampl. e atual. Cone. São Paulo. 2002. p. 285.
18
NUCCI, Guilherme de Souza. Código penal comentado. 10. ed. rev., atual e ampl. São Paulo: Revistas dos
Tribunais, 2010.
19
NUCCI, Guilherme de Souza. Código penal comentado. 10. ed. rev., atual e ampl. p. 435.
20
ZAFFARONI, Eugenio Raúl. PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro parte geral. 6. ed.
revista e atualizada. Revista dos Tribunais. São Paulo. 2006
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fundamentada no direito penal do autor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências
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- ISSN 2236-5044
Direito penal do fato é a regulação legal que visa punir alguém por ter
cometido um fato, tipificado como infração penal; e, este fato típico se
relacione apenas com a conduta do agente e não com elementos ligados à
personalidade ou modo vida do autor do fato típico21.
Claus Roxin22 define direito penal de fato por uma “(...) regulação legal, em
virtude da qual a punibilidade se vincula a uma ação concreta descrita
tipicamente (...) e a sanção representa só a resposta do fato individual, e não a
toda condução da vida do autor e os perigos que no futuro se esperam do
mesmo” 23.
O direito penal do fato tem origem nos princípios liberais, sendo uma garantia
da aplicação da lei penal de uma forma igualitária, ou seja, influi na segurança
jurídica dos direitos individuais, pois evita que arbitrariedades sejam usadas
como fundamentos para condenação de alguém24.
21
ROXIN, Claus. Direcho penal parte geral, fundamentos, la estructura de la teoria del delito. Civitas. Madrid,
2006.
22
ROXIN, Claus. Direcho penal parte geral, fundamentos, la estructura de la teoria del delito. p. 176.
23
Tradução livre dos autores.
24
DE MOLINA, Anotino García-Pablo. Derecho penal, introducción. Servicio publicaciones facultad derecho,
Universidad Complutense Madrid. Madrid. 2002. p. 359.
25
ROXIN, Claus. Direcho penal parte geral, fundamentos, la estructura de la teoria del delito. 2006.
26
DE MOLINA, Anotino García-Pablo. Derecho penal, introducción. p. 359.
27
Tradução livre.
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fundamentada no direito penal do autor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências
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O direito penal de fato dá azo para duas consequências: a) ninguém pode ser
punido pelos seus pensamentos; b) a forma de ser do sujeito, sua
personalidade, não pode servir de fundamento para a responsabilidade
criminal ou agravação de sua pena28.
Claus Roxin33 salienta que: “O que se faz culpável aqui para o autor não é o
fato que cometeu, e sim o que o autor é, este se converte em objeto da
censura legal”. Partindo deste pressuposto, resta evidenciado a afronta ao
princípio da isonomia, uma vez que se pune quem se é ao em vez do que se
fez.
28
DE MOLINA, Anotino García-Pablo. Derecho penal, introducción.
29
ROXIN, Claus. Direcho penal parte geral, fundamentos, la estructura de la teoria del delito. p. 176.
30
ROXIN, Claus. Direcho penal parte geral, fundamentos, la estructura de la teoria del delito. 2006.
31
DE MOLINA, Anotino García-Pablo. Derecho penal, introducción. p. 360.
32
Tradução livre do espanhol.
33
ROXIN, Claus. Direcho penal parte geral, fundamentos, la estructura de la teoria del delito. p. 177.
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fundamentada no direito penal do autor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências
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34
ROXIN, Claus. Direcho penal parte geral, fundamentos, la estructura de la teoria del delito. p. 177.
35
ROXIN, Claus. Direcho penal parte geral, fundamentos, la estructura de la teoria del delito. 2006.
36
ROXIN, Claus. Direcho penal parte geral, fundamentos, la estructura de la teoria del delito. 2006.
37
Tradução livre
38
ROXIN, Claus. Direcho penal parte geral, fundamentos, la estructura de la teoria del delito. p. 177.
39
ROXIN, Claus. Direcho penal parte geral, fundamentos, la estructura de la teoria del delito. 2006.
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fundamentada no direito penal do autor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências
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Ocorre que, o Direito penal não pode ser pautado por presunções, ou seja,
nada garante que alguém que cometeu um crime culposo e volta a delinquir é
mais perigoso que alguém que comete apenas um homicídio doloso. Zaffaroni
e Pierangeli44 tecem o seguinte argumento a respeito da periculosidade
presumida:
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Outra corrente entende que se a condenação anterior não foi suficiente para
efetivar o efeito repressivo especial, é necessário aumentar a condenação
pelo segundo delito. Da mesma forma que as teorias anteriores, Zaffaroni e
Pierangeli47, contestam, afirmando que:
45
ZAFFARONI, Eugenio Raúl. PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro parte geral. p.
719.
46
ZAFFARONI, Eugenio Raúl. PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro parte geral. p.
719.
47
ZAFFARONI, Eugenio Raúl. PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro parte geral. p. 720.
1427
NOLLI, Halison Tharlley; CHAVES JUNIOR, Airto. A (in)constitucionalidade material do instituto da reincidência
fundamentada no direito penal do autor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências
Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.4, p. 1416-1438, 4º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc
- ISSN 2236-5044
48
ROSA, Alexandre Morais da. Decisão penal: a bricolagem de significantes. Rio de Janeiro. Lumen Jures. 2006. p.
354/355.
49
ROSA, Alexandre Morais da. Decisão penal: a bricolagem de significantes. p. 355.
50
ROSA, Alexandre Morais da. Decisão penal: a bricolagem de significantes. p. 355.
51
GALVÃO, Fernando. Direito penal parte geral. p. 668.
52
ROSA, Alexandre Morais da. Decisão penal: a bricolagem de significantes. p. 356.
53
QUEIROZ, Paulo. Direito Penal parte geral, 4. ed. Lumen Juris. Rio de Janeiro. 2008. p. 102.
1428
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fundamentada no direito penal do autor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências
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54
QUEIROZ, Paulo. Direito Penal parte geral, 4. ed.
55
José Afonso da Silva conceitua objetivo como: um signo que aponta para a frente, indicando um ponto adiante a
ser alcançado pela prática de alguma ação: aqui ação governamental. SILVA, José Afonso. Comentário
contextual à constituição. 6. ed. ataul., Malheiros. São Paulo. 2008. p. 46.
56
DA SILVA, José Afonso. Comentário contextual à constituição. 6. ed., atual. p. 48.
57
SILVA, José Afonso. Comentário contextual à constituição. 6. ed., atual.
1429
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fundamentada no direito penal do autor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências
Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.4, p. 1416-1438, 4º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc
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A reincidência não deixa de ser uma pena tarifada, uma vez que aumenta a
pena por fundamento diverso do justificante da medida geradora da
culpabilidade e responsabilidade próprias. Dessa forma, é possível verificar
que a reincidência não se pauta no direito penal do fato, e sim, tem forte apelo
ao direito penal do autor, de modo que o agravamento decorrente da
reincidência equivale à pena sem culpabilidade, sem fundamento no fato em
61
si, importando dupla valoração da mesma causa.
Por isso é que Cobo del Rosal e Vives Antón propõem a abolição
pura e simples do instituto, porque, além de incompatível com um
58
ROSA, Alexandre Morais da. Decisão penal: a bricolagem de significantes. p. 356.
59
QUEIROZ, Paulo. Direito Penal parte geral, 4. ed. 2008. 102/103.
60
QUEIROZ, Paulo. Direito Penal parte geral, 4. ed. p. 340.
61
QUEIROZ, Paulo. Direito Penal parte geral, 4. ed. 340.
62
QUEIROZ, Paulo. Direito Penal parte geral, 4. ed. p. 340
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fundamentada no direito penal do autor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências
Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.4, p. 1416-1438, 4º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc
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Assim, se o novo crime é cometido após o sujeito ter cumprido sua pena, o
processo de deformação e embrutecimento da pessoa, que decorre do
sistema penitenciário, deveria induzir o legislador a incluir a reincidência real
entre as circunstancias atenuantes, como consequência da atuação deficiente
e estigmatizante do Estado sobre sujeitos criminalizados65.
63
DOS SANTOS, Juarez Cirino. Direito Penal: a nova parte geral. Rio de Janeiro: Forense, 1985
64
BASTOS, Ana Cláudia de. GOMES, Marcus Alan de Melo. Ciências criminais, Lumen Juris. Rio de Janeiro.
2009.p.223.
65
QUEIROZ, Paulo. Direito Penal parte geral, 4. ed.
66
QUEIROZ, Paulo. Direito Penal parte geral, 4. ed. p. 340
1431
NOLLI, Halison Tharlley; CHAVES JUNIOR, Airto. A (in)constitucionalidade material do instituto da reincidência
fundamentada no direito penal do autor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências
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- ISSN 2236-5044
67
FALCONI, Romeu. Lineamentos de direito penal, 3. ed., rev., ampl. e atual. p. 287.
68
DOS SANTOS, Juarez Cirino. Direito Penal: a nova parte geral. p. 245.
69
BASTOS, Ana Cláudia de. GOMES, Marcus Alan de Melo. Ciências criminais. p. 223.
70
BASTOS, Ana Cláudia de. GOMES, Marcus Alan de Melo. Ciências criminais. p. 223.
1432
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fundamentada no direito penal do autor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências
Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.4, p. 1416-1438, 4º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc
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5 POSICIONAMENTO JURISPRUDENCIAL
71
ROXIN, Claus. Direcho penal parte geral, fundamentos, la estructura de la teoria del delito. p. 177.
72
ZAFFARONI, Eugenio Raúl. PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro parte geral.
73
FALCONI, Romeu. Lineamentos de direito penal, 3. ed., rev., ampl. e atual. p. 287.
1433
NOLLI, Halison Tharlley; CHAVES JUNIOR, Airto. A (in)constitucionalidade material do instituto da reincidência
fundamentada no direito penal do autor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências
Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.4, p. 1416-1438, 4º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc
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74
Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade nº 1.0223.05.177414-7/002, Rel. Des. Caetano Levi Lopes, julgado
em 22/09/2010.
75
Grifos acrescentados.
1434
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- ISSN 2236-5044
76
ROSA, Alexandre Morais da. Decisão penal: a bricolagem de significantes.
77
ZAFFARONI, Eugenio Raúl. PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro parte geral.
78
COPETTI, André. Direito Penal e Estado Democrático de Direito. Porto Alegre. Livraria do Advogado, 2000.
p. 194.
1435
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penal constitucional não é está, mas sim originar meios capazes de promover
a igualdade e a inclusão social de todos, erradicando a marginalização e
outras formas de discriminação - como é a reincidência79.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
79
ROSA, Alexandre Morais da. Decisão penal: a bricolagem de significantes.
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fundamentada no direito penal do autor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências
Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.4, p. 1416-1438, 4º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc
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BASTOS, Ana Cláudia de. GOMES, Marcus Alan de Melo. Ciências criminais. Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 2009.
CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
FALCONI, Romeu. Lineamentos de direito penal, 3. ed., rev., ampl. e atual. São
Paulo. Cone, 2002.
GALVÃO, Fernando. Direito penal parte geral. Belo Horizonte. Del Rey, 2007.
GRECO, Rogério. Curso de direito penal. v.1. 13. ed. Niterói: Impetus, 2011.
JESUS, Damásio E. De. Código de processo penal anotado. 24. ed. São Paulo:
Saraiva, 2010.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal brasileiro, volume 1: parte geral, art.
1° a 120. 10 ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.
QUEIROZ, Paulo. Direito penal parte geral. São Paulo: Saraiva, 2006.
REZEK, Francisco. Direito Internacional Público – curso elementar. 10. ed. 3. tir..
São Paulo: Saraiva, 2007.
1437
NOLLI, Halison Tharlley; CHAVES JUNIOR, Airto. A (in)constitucionalidade material do instituto da reincidência
fundamentada no direito penal do autor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências
Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 3, n.4, p. 1416-1438, 4º Trimestre de 2012. Disponível em: www.univali.br/ricc
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