Silenciosos e Sinistros
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All content following this page was uploaded by Mário M Inomoto on 02 January 2023.
Silenciosos
e sinistros
O
meloeiro e os fitonematoides são velhos conhe- ticular: os sintomas descritos foram observados em 106
cidos no Brasil. São de 1955 as primeiras ob- plantas dentre as três mil da área. Por vezes, uma planta
servações de perdas causadas por Meloidogyne estava sadia e outra severamente infestada na mesma cova
incognita na cultura do melão, em Campinas, São Paulo de semeadura.
(Normanha, 1958). Os sintomas foram visíveis 38 dias Atualmente, outro nematoide causador de galhas tam-
após a semeadura: retardamento do crescimento; redução bém representa ameaça à cultura do melão: M. javanica.
do tamanho e amarelecimento das folhas, sintoma esse Por apreciarem temperaturas elevadas, M. incognita e M.
que progrediu para secamento; formação de galhas tanto javanica ocorrem em todo o Brasil. Mesmo em estados do
na raiz principal como nas secundárias/terciárias. Essas Sul do País, ambas as espécies são muito comuns, ficam
plantas não produziram frutos. Verificou-se distribuição inativas nos meses frios, mas apresentam grande atividade
muito irregular de M. incognita nessa plantação em par- nos meses quentes. Em temperaturas favoráveis, seu ciclo
Meloeiros Asturia após sorgo (esquerda) e Crotalaria juncea IAC-KR1 (direita) e após sorgo
(esquerda) e Crotalaria spectabilis (direita), todos em solo infestado por Pratylenchus brachyurus
adequado. Podem ser sintéticos ou na dose de 1g do produto comercial de produção de milho verde para as
biológicos, e ser aplicados no solo ou por planta, eficaz no controle de M. festas juninas. O efeito do pousio
por meio de tratamento de sementes incognita e de R. reniformis (Souza, sobre os fitonematoides é muito vari-
(TS). Atualmente há somente dois 2018; Souto, 2020). ável, conforme a composição da vege-
nematicidas sintéticos registrados Em diversas culturas, além de ação tação espontânea e a fauna de fitone-
para a cultura do melão. Fenamifós e nematicida, os agentes de controle matoides local. Já o efeito do milho é
fluensulfona possuem registro para o biológico mostram efeitos secundários conhecido e altamente previsível para
controle de M. incognita e devem ser que beneficiam as plantas, já tendo M. incognita (aumenta a densidade
aplicados com a água de irrigação, na sido observado aumento no teor de populacional), R. reniformis (reduz)
semeadura do meloeiro ou três dias clorofila nas folhas jovens de meloeiro. e P. brachyurus (aumenta). Por outro
antes. O TS é um dos métodos de No caso específico dos fungos, podem lado, a resposta do milho para M.
controle de fitonematoides mais acei- colonizar epi e/ou endofiticamente as javanica é dependente do híbrido ou
tos pelos agricultores, pela facilidade raízes, beneficiando-as (Souza, 2018). da cultivar: embora a maioria seja
operacional, mas não há nematicidas Por fim, não se pode esquecer das suscetível, há alguns que são resisten-
registrados para essa finalidade em espécies do fungo Trichoderma, mui- tes. Portanto, milho contribui para o
meloeiro. Há resultados experimen- to utilizado na agricultura brasileira controle do nematoide-reniforme, e
tais que demonstraram a eficácia de como uma panaceia contra vários também M. javanica, se o híbrido ou
abamectina, na dose de 0,3mg do nematoides e fungos de solo. a cultivar for resistente a essa espécie
ingrediente ativo por semente de me- de nematoide-das-galhas.
loeiro Gaúcho Redondo, no controle SUCESSÃO DEVERIA Outras culturas para sucessão são
de M. javanica (Rodrigues, 2015). SER MAIS UTILIZADA os adubos verdes. Mucuna-preta,
Os nematicidas biológicos, prin- A sucessão de culturas é uma Crotalaria juncea e milheto são os
cipalmente aqueles cujos agentes são opção de controle ainda pouco ex- mais utilizados, pois são aqueles que
bactérias (Bacillus subtilis, B. licheni- plorada. Nas áreas produtoras do Rio conseguem competir com a vegetação
formis etc.), têm sido os preferidos pe- Grande do Norte e Ceará, os meses espontânea. Embora C. spectabilis
los produtores de melão. Experimen- mais secos (julho a janeiro) são os pre- seja mais eficaz que esses adubos
talmente, os fungos Purpureocillium feridos para a produção de melão. Nos verdes no controle de fitonematoi-
lilacinum e Pochonia chlamydosporia mais chuvosos (fevereiro a junho), des, principalmente M. incognita, M.
têm apresentado resultados positi- em contraste, muitas dessas áreas são javanica e P. brachyurus, não tem sido
vos. O mais promissor é um produto mantidas em pousio ou aproveitadas utilizado nas áreas produtoras de
comercial à base de P. chlamydosporia, para a cultura do milho, com objetivo melão do Nordeste brasileiro, devido