CT 1091
CT 1091
CT 1091
109
Técnica
Fotos: Geovani B. Amaro
Circular
distintos, sendo: pragas-chave e pragas secundárias apêndices tubulares laterais, chamados sifúnculos,
ou ocasionais. Como praga chave considera- e um central, denominado codícula, por onde são
se aquela que, com frequência, provoca perdas expelidas grandes quantidades de líquido adocicado
econômicas, exigindo medidas de controle. Praga (honeydew).
secundária é aquela que, embora cause injúrias à
cultura, raramente provoca prejuízos e, quando As formas jovens (ninfas) e os adultos ápteros
isso ocorre, verifica-se em áreas localizadas e em de A. gossypii apresentam coloração do amarelo-
determinados períodos do ano. claro ao verde-escuro, com sifúnculos e porções
terminais das tíbias escuros; os adultos alados
O ciclo da cultura do pepino é completado em 95 a de M. persicae possuem coloração verde, com
100 dias, dependendo da cultivar e das condições cabeça, antenas e tórax pretos, já as ninfas e
climáticas. A ocorrência das pragas conforme a adultos ápteros apresentam coloração verde-clara,
fenologia da planta pode ser observada na Figura rosada ou avermelhada. Estes pulgões podem
1 e deve ser levada em consideração quando for atacar o pepineiro durante todo o seu ciclo e
realizado o monitoramento a campo. As vistorias no ocorrem em grandes colônias na face inferior das
cultivo devem ser realizadas pelo menos uma vez folhas, brotações e flores. Sua reprodução é por
por semana, em 10 pontos escolhidos ao acaso, partenogênese, ou seja, sem acasalamento. Com
na bordadura e dentro da lavoura, para se verificar clima quente e seco sua reprodução é mais rápida,
a ocorrência de pragas, a detecção dos focos de podendo completar o seu ciclo biológico em uma
infestação e se há necessidade de adotar medidas semana.
de controle.
A sucção contínua de seiva de tecidos tenros da
planta e a injeção de toxinas, tanto por adultos
Pragas-chave
como por ninfas, provocam definhamento de
Pulgões mudas e plantas jovens e encarquilhamento das
folhas, brotos e ramos. Altas infestações podem
Aphis gossypii Glover e Myzus persicae (Sulzer) afetar drasticamente a produção e causar a morte
(Hemiptera: Aphididae) das plantas. O líquido açucarado expelido pelos
insetos também favorece o desenvolvimento do
São insetos de 1 a 3 mm de comprimento, fungo Capnodium, causador da fumagina, sobre as
com corpo periforme e delicado, antenas bem folhas e estruturas reprodutivas da planta, afetando,
desenvolvidas e aparelho bucal tipo sugador consequentemente, a fotossíntese, a produção e a
(Figura 2). No final do abdome possuem dois qualidade dos frutos. Essas pragas também podem
Figura 2. Infestação do pulgão Aphis gossypii em As folhas atacadas ficam com aspecto queimado
folha de pepineiro. ou prateado e pontuações escuras. Em alta
4 Recomendações técnicas para o controle de pragas do pepino
Mosca-branca
Brocas-das-cucurbitáceas
Figura 6. Adultos das brocas-das cucurbitáceas. A - Acalymma bivittula – coloração amarelada, com
Diaphania nitidalis; e B - Diaphania hyalinata. listras longitudinais de coloração escura.
6 Recomendações técnicas para o controle de pragas do pepino
Cerotoma arcuata – coloração amarelada, com reduz a área fotossintética da planta; o ataque às
manchas pretas nos élitros; possui duas manchas flores pode ocasionar o seu aborto. Em elevadas
no final dos élitros. infestações, pode-se comprometer a produção de
frutos. As vaquinhas D. speciosa, A. bivittula e
Cerotoma unicornis – coloração amarelada intensa, E. cacica também são transmissoras do vírus do
sem manchas no final dos élitros. mosaico da abóbora (SqMV), que pode infectar
o pepineiro e ser transmitido via sementes.
Epilachna cacica – besouro de formato arredondado,
O monitoramento das vaquinhas baseia-se na
de até 10 mm de comprimento, coloração marrom-
presença de desfolha.
avermelhada, com faixa de cor preta contornando
os élitros. Lagarta-rosca
As larvas dos besouros da família Chrysomelidae Agrotis ipsilon (Hüfnagel) (Lepidoptera: Noctuidae)
apresentam coloração branca, com cabeça e
placa dorsal do último segmento abdominal de O adulto é uma mariposa com asas anteriores
coloração marrom-escura. As larvas de E. cacica marrons, com manchas triangulares escuras e asas
(Coccinellidae) chegam a 10 mm de comprimento, posteriores semitransparentes. A lagarta possui
são de coloração amarelada e têm o corpo coloração marrom-acinzentada e cabeça lisa e
coberto por espinhos pretos e longos. As larvas escura, podendo medir até 4,5 cm de comprimento
de Chrysomelidade permanecem no solo e se e se enrola quando tocada (Figura 9).
alimentam de raízes da planta, enquanto os adultos
se alimentam das folhas e flores. Adultos e larvas As lagartas cortam as plantas novas, com até 30
de E. cacica atacam somente as folhas. dias, rente ao solo. Sob infestação severa, em
períodos quentes e secos, torna-se necessária
Quando o ataque das larvas ocorre durante a a realização de nova semeadura ou replantio de
germinação das sementes, as folhas cotiledonares, mudas. O monitoramento dessa praga baseia-se na
ao se abrirem, apresentarão perfurações
semelhantes àquelas ocasionadas pelos insetos
adultos; e, quando as larvas atacam as raízes e o
hipocótilo de plantas já emergidas, as folhas basais
ficam amarelas e murcham. Nas duas situações as
plantas atrofiam e atrasam seu desenvolvimento.
O ataque às folhas pelos besouros adultos resulta
em grande número de pequenas perfurações, que
Outras pragas
Ácaro rajado O adulto é um pequeno ácaro, possui coloração amarelada Ataca a face inferior das folhas e tece
Tetranychus urticae ou esverdeada, com duas manchas verde-escuras ou teias que o recobrem. Seu ataque provoca
Koch avermelhadas no dorso (uma de cada lado). Os ovos são amarelecimento das folhas e, em alta
(Acari: esféricos e de coloração amarelada; a postura é feita entre intensidade, as folhas mais velhas ficam
Tetranychidae) os fios de teia que o ácaro tece na face inferior das folhas. ressecadas e ocorre severa desfolha da
As injúrias causadas são consequência da alimentação planta. Pode apresentar surtos populacionais
do ácaro, que rompe as células da epiderme inferior das severos em cultivo protegido.
folhas.
Mosca-minadora O adulto é uma pequena mosca, de coloração preta, As larvas abrem galerias, ou minas, de
Liriomyza spp. com a parte inferior do abdome amarela. A larva é muito formato serpenteado no mesófilo foliar, à
(Diptera: pequena, não possui pernas (ápoda) e tem coloração medida que crescem. As minas causam
Agromyzidae) branco-amarelada ou esverdeada. redução da área fotossintética, afetando a
produção. Em altas infestações, as folhas
ficam ressecadas e quebradiças, havendo
maior exposição dos frutos ao sol, os quais
podem ter sua qualidade externa depreciada.
Na região Nordeste brasileira, onde há
produção intensiva de melão, a mosca-
minadora também tem ocasionado severas
injúrias ao pepineiro, assumindo condição de
praga-chave da cultura.
Percevejo escuro Inseto sugador de coloração marrom-escura, com listras Ataca ramos e frutos novos, sugando-lhes
Leptoglossus alaranjadas na cabeça e linha transversal amarela no a seiva; em conseqüência, as plantas ficam
gonagra (Fabricius) pronoto; mede 20 mm de comprimento. Suas pernas depauperadas e sua produção pode ser
(Hemiptera: posteriores são alargadas e as tíbias possuem expansões prejudicada.
Coreidae) laterais em forma de folha.
Broca-do-fruto Os adultos são mariposas de 30 a 40 mm de envergadura, As lagartas broqueiam o fruto, de fora para
Helicoverpa asas anteriores de coloração cinza-esverdeada a amarelo- dentro, destruindo parcial ou totalmente a
zea (Boddie) palha, com faixas transversais escuras e manchas sua polpa, tornando-o imprestável para o
(Lepidoptera: dispersas sobre as asas; as asas posteriores são mais consumo.
Noctuidae) claras e apresentam uma faixa escura nas bordas externas
e outra no centro da asa. Os ovos possuem forma
hemisférica e saliências laterais, com 1 mm de diâmetro,
coloração inicial branca a amarelada e marrom próximo da
eclosão.
Ácaro branco Os adultos possuem coloração branco-esverdeada ou Este ácaro não produz teia e aloja-se na
Polyphagotarsonemus branco-amarelada brilhante; são invisíveis a olho nu face inferior das folhas, as quais se tornam
latus (Banks) (Acari: (0,17 mm de comprimento), sendo os machos menores e curvadas para baixo (enrolamento dos
Tarsonemidae) hialinos, os quais têm o quarto par de pernas avantajado. bordos), ressecadas, bronzeadas e com
Os ovos são de coloração branca ou pérola, apresentam rasgaduras, podendo cair prematuramente.
formato achatado e saliências superficiais; são depositados
isoladamente na face inferior das folhas novas. As larvas
possuem seis pernas e coloração branca, sendo bastante
móveis.
Formiga cortadeira Estas formigas também são conhecidas como saúvas e As injúrias causadas pelas saúvas são
Atta spp. estão entre as mais importantes pragas da agricultura facilmente reconhecidas pelo corte que
Acromyrmex spp. brasileira. São insetos com organização social, que vivem fazem nas folhas, em formato de meia-lua
(Hymenoptera: em ninhos subterrâneos (formigueiros). Cortam folhas, ou arco, com desfolha completa da planta
Formicidae) hastes e flores e transportam estas estruturas vegetais atacada. Essas formigas, ao desfolhar
para o interior da colônia, onde são utilizadas como as plantas de pepino, reduzem a área
substrato para cultivo de um fungo, do qual as formigas fotossintética das folhas, acarretando
se alimentam. São de coloração pardo-avermelhada e reduções do crescimento, produção e,
facilmente identificadas pela presença de três ou quatro dependendo do nível de desfolha, também a
pares de espinhos no dorso, na região logo após a cabeça. morte das plantas.
São mais ativas à noite e nas horas de temperatura mais
amena do dia.
8 Recomendações técnicas para o controle de pragas do pepino
Recomenda-se a adoção planejada e preventiva das – Manejo adequado da irrigação para evitar o
seguintes medidas: estresse hídrico, favorecendo o estabelecimento
rápido das plantas;
– Uso de sementes sadias e isentas de viroses;
– Cobertura do solo com superfície refletora
– Quando for adotado o transplantio do pepineiro, de raios ultravioletas (casca de arroz, palha ou
a produção de mudas deve ser realizada em “mulching” plástico de coloração branca ou prata),
locais protegidos por tela ou tecido à prova de para dificultar a colonização dos pulgões, tripes e da
insetos sugadores, que sejam distantes de campos mosca-branca;
infestados por estas pragas ou abandonados e longe
do local definitivo de plantio; – Uso de painéis ou faixas adesivas de coloração
amarela, preferencialmente nas bordaduras da
– Uso de cultivares de ciclo curto e adequação da cultura, para retardar a entrada de pulgões alados e
época de plantio para a região, visando o escape de adultos da mosca-branca;
picos populacionais dos insetos vetores de virose;
– Uso de armadilhas adesivas e bandejas com água,
– Seleção de mudas sadias, vigorosas e isentas de de coloração amarela, para captura dos pulgões
viroses para plantio; alados e de mosca-branca dentro da área cultivada;
– Isolamento dos talhões por data e área, evitando – Uso de armadilhas adesivas e bandejas com água,
escalonamento de plantio, inclusive dentro da de coloração azul, para captura de tripes, dentro da
estufa; área cultivada;
– Plantio dos talhões no sentido contrário à direção – Uso de irrigação por aspersão, para controle
predominante do vento, do mais velho para o mais mecânico de pulgões, tripes, e mosca-branca
novo, para desfavorecer o deslocamento das pragas presentes nas folhas;
dos talhões velhos para os novos;
– Eliminação de plantas com viroses;
– Implantação prévia de barreiras vivas ou faixas
de cultivos (sorgo, capim elefante, milheto ou cana- – Eliminação de plantas daninhas e plantas
de-açúcar) ao redor da lavoura ou estufa, de tal silvestres que sejam hospedeiras de pulgões, tripes
forma que tenham pelo menos 1,0 m de altura no e mosca-branca, nas proximidades da área, antes
momento do plantio do pepino. O objetivo é retardar da implantação da cultura e daquelas presentes no
as infestações das brocas-das-cucurbitáceas, interior e nas bordaduras do cultivo de pepino e
pulgões, tripes e mosca-branca, bem como reduzir
a incidência de viroses transmitidas por picadas de – Sucessão e rotação de culturas com plantas
prova; não hospedeiras de insetos sugadores e vetores
de viroses, evitando-se plantios sucessivos de
– Não fazer plantios próximos a cultivos de soja, pepineiro, de outras cucurbitáceas, bem como
feijoeiro e algodoeiro, que são hospedeiros de de tomateiro, pimentão, alho, cebola e batata na
insetos sugadores e, em cujas culturas, o controle mesma área de cultivo ou estufa.
Recomendações técnicas para o controle de pragas do pepino 9
- Não fazer plantios ou instalar estufas próximas às – Eliminação de plantas voluntárias de pepino
estradas, uma vez que estas são fontes de poeira, oriundas de safras passadas, antes do novo plantio
que se acumulará sobre as folhas do pepineiro e de pepino no mesmo local.
poderá favorecer a infestação de ácaros-praga;
Recomendações técnicas para o controle de pragas do pepino 11
Tabela 2. Produtos registrados para o controle das principais pragas da cultura do pepino.
Praga Produto comercial Ingrediente Grupo químico Modo de ação Intervalo de Classe Classe
ativo segurança toxicológica3 ambiental4
(dias)
Aphis Actara 250 WG Tiametoxam Neonicotinóide Sistêmico, contato e 45 III III
gossypii ingestão;
ação translaminar
Decis 25 EC Deltametrina Piretróide Contato e ingestão 2 III I
Eforia (SC) Lambda- Piretróide + Sistêmico, contato e 1 III I
cialotrina + neonicotinóide ingestão;
tiametoxam ação translaminar
Engeo Pleno Lambda- Piretróide + Sistêmico, contato e 1 III I
cialotrina + neonicotinóide ingestão;
tiametoxam ação translaminar
Evidence 700 WG Imidacloprido Neonicotinóide Sistêmico, contato e 40 IV III
ingestão;
ação translaminar
Kohinor 200 SC1 Imidacloprido Neonicotinóide Sistêmico, contato e 40 III III
ingestão;
ação translaminar
Lebaycid 500 Fentiona Organofosforado Contato e ingestão 21 II II
Malathion Prentiss Malationa Organofosforado Contato e ingestão 3 III III
(EC)
Platinum Neo (SC) Lambda- Piretróide + Sistêmico, contato e 1 III I
cialotrina + neonicotinóide ingestão;
tiametoxam ação translaminar
Warrant (WG)1 Imidacloprido Neonicotinóide Sistêmico, contato e 40 IV III
ingestão;
ação translaminar
Myzus Actara 250 WG Tiametoxam Neonicotinóide Sistêmico, contato e 14 III III
persicae ingestão;
ação translaminar
Provado 200 SC Imidacloprido Neonicotinóide Sistêmico, contato e 7 III III
ingestão;
ação translaminar
Bemisia Actara 250 WG Tiametoxam Neonicotinóide 45 III III
tabaci
biótipo B
Alanto (SC) Tiacloprido Neonicotinóide Sistêmico, contato e 7 II III
ingestão;
ação translaminar
Applaud 250 (WP) Buprofezina Tiadiazina Contato e ingestão 7 III III
Calypso (SC) Tiacloprido Neonicotinóide Sistêmico, contato e 7 III III
ingestão;
ação translaminar
Cordial 100 (EC) Piriproxifem Éter Contato e ação 1 I II
piridiloxipropílico translaminar
Evidence 700 WG Imidacloprido Neonicotinóide Sistêmico, contato e 40 IV III
ingestão;
ação translaminar
Warrant (WG)1 Imidacloprido Neonicotinóide Sistêmico, contato e 40 IV III
ingestão;
ação translaminar
Balvéria Beauveria Biológico - fungo Contato e ingestão 15 IV IV
bassiana entomopatogênico
Thrips Cartap BR500 (SP) Cloridrato de Bis(tiocarbamato) Contato e ingestão 3 III II
tabaci cartape
Thiobel 500 (SP) Cloridrato de Bis(tiocarbamato) Contato e ingestão 3 III II
cartape
Thrips Cordial 100 (EC) Piriproxifem Éter Contato e ação 1 I II
palmi piridiloxipropílico translaminar
Epingle 100 (EC) Piriproxifem Éter Contato e ação 1 I II
piridiloxipropílico translaminar
Evidence 700 WG Imidacloprido Neonicotinóide Sistêmico, contato e 40 IV III
ingestão;
ação translaminar
12 Recomendações técnicas para o controle de pragas do pepino
Tabela 2. Produtos registrados para o controle das principais pragas da cultura do pepino (continuação).
Praga Produto comercial Ingrediente ativo Grupo químico Modo de ação Intervalo de Classe Classe
segurança (dias) toxicológica3 ambiental4
Thrips palmi Focus WG Clotianidina Neonicotinóide Sistêmico, contato e 1 III III
ingestão;
ação translaminar
Ministério da
Agricultura, Pecuária
e Abastecimento