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ISSN 1415-3033

Recomendações técnicas para o controle de


pragas do pepino

109
Técnica
Fotos: Geovani B. Amaro
Circular

Foto: Paula Cochrane


Brasília, DF
Outubro, 2012

Autores O pepineiro, Cucumis sativus L. (Cucurbitaceae), é uma hortaliça fruto de hábito


Miguel Michereff Filho indeterminado e anual, sendo muito apreciada em todas as regiões brasileiras.
Eng. Agr., DSc., Embrapa
Hortaliças
Seu fruto é consumido na forma in natura em saladas, sanduíches e sopas ou na
miguel@cnph.embrapa.br forma de conserva, curtido em salmoura e utilizado como picles. O fruto também
Alexandre Pinho de Moura é fonte de matéria-prima para cosméticos e medicamentos em razão de suas
Eng. Agr., DSc., Embrapa
Hortaliças propriedades nutracêuticas.
apmoura@cnph.embrapa.br
Jorge Anderson Guimarães
Biol., DSc., Embrapa Hortaliças
A cultura do pepino pode ser manejada de forma rasteira ou tutorada, em
janderson@cnph.embrapa.br ambiente aberto ou em cultivo protegido, abrangendo tanto o modelo de
Caroline Pinheiro Reyes produção convencional como orgânico. Esta grande versatilidade oferecida
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa
Hortaliças pela cultura permite sua exploração em diferentes condições edafoclimáticas,
caroline@cnph.embrapa.br
estruturas fundiárias e níveis tecnológicos, assim garantindo sua importância
Agnaldo D. F. de Carvalho
Eng. Agr., DSc., Embrapa econômica e social dentro do agronegócio de hortaliças no Brasil.
Hortaliças
agnaldo@cnph.embrapa.br
Vários insetos e ácaros têm o pepineiro como planta hospedeira, entretanto,
Geovani Bernardo Amaro
Eng. Agr., DSc., Embrapa poucas espécies têm causado prejuízo à cultura. A maior ou menor importância
Hortaliças
geovani@cnph.embrapa.br de cada uma dessas espécies varia de acordo com a região, a época de cultivo e
José Flávio Lopes a modalidade de produção.
Eng. Agr., DSc., Embrapa
Hortaliças
jlopes@cnph.embrapa.br Nesta publicação serão apresentadas as pragas mais comumente encontradas
Ronaldo Setti de Liz em cultivos de pepino, dando-se ênfase a sua descrição, injúrias e métodos de
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa
Hortaliças, controle.
setti@cnph.embrapa.br

Para facilitar a identificação das pragas e a adoção das medidas de controle,


de forma integrada, os insetos e ácaros fitófagos são reunidos em dois grupos
2 Recomendações técnicas para o controle de pragas do pepino

distintos, sendo: pragas-chave e pragas secundárias apêndices tubulares laterais, chamados sifúnculos,
ou ocasionais. Como praga chave considera- e um central, denominado codícula, por onde são
se aquela que, com frequência, provoca perdas expelidas grandes quantidades de líquido adocicado
econômicas, exigindo medidas de controle. Praga (honeydew).
secundária é aquela que, embora cause injúrias à
cultura, raramente provoca prejuízos e, quando As formas jovens (ninfas) e os adultos ápteros
isso ocorre, verifica-se em áreas localizadas e em de A. gossypii apresentam coloração do amarelo-
determinados períodos do ano. claro ao verde-escuro, com sifúnculos e porções
terminais das tíbias escuros; os adultos alados
O ciclo da cultura do pepino é completado em 95 a de M. persicae possuem coloração verde, com
100 dias, dependendo da cultivar e das condições cabeça, antenas e tórax pretos, já as ninfas e
climáticas. A ocorrência das pragas conforme a adultos ápteros apresentam coloração verde-clara,
fenologia da planta pode ser observada na Figura rosada ou avermelhada. Estes pulgões podem
1 e deve ser levada em consideração quando for atacar o pepineiro durante todo o seu ciclo e
realizado o monitoramento a campo. As vistorias no ocorrem em grandes colônias na face inferior das
cultivo devem ser realizadas pelo menos uma vez folhas, brotações e flores. Sua reprodução é por
por semana, em 10 pontos escolhidos ao acaso, partenogênese, ou seja, sem acasalamento. Com
na bordadura e dentro da lavoura, para se verificar clima quente e seco sua reprodução é mais rápida,
a ocorrência de pragas, a detecção dos focos de podendo completar o seu ciclo biológico em uma
infestação e se há necessidade de adotar medidas semana.
de controle.
A sucção contínua de seiva de tecidos tenros da
planta e a injeção de toxinas, tanto por adultos
Pragas-chave
como por ninfas, provocam definhamento de
Pulgões mudas e plantas jovens e encarquilhamento das
folhas, brotos e ramos. Altas infestações podem
Aphis gossypii Glover e Myzus persicae (Sulzer) afetar drasticamente a produção e causar a morte
(Hemiptera: Aphididae) das plantas. O líquido açucarado expelido pelos
insetos também favorece o desenvolvimento do
São insetos de 1 a 3 mm de comprimento, fungo Capnodium, causador da fumagina, sobre as
com corpo periforme e delicado, antenas bem folhas e estruturas reprodutivas da planta, afetando,
desenvolvidas e aparelho bucal tipo sugador consequentemente, a fotossíntese, a produção e a
(Figura 2). No final do abdome possuem dois qualidade dos frutos. Essas pragas também podem

Figura 1. Fenologia do pepineiro e ocorrência de pragas.


Recomendações técnicas para o controle de pragas do pepino 3

transmitir viroses como o mosaico do mamoeiro


– estirpe melancia (PRSV-W), o mosaico amarelo
da abobrinha-de-moita (ZYMV), o mosaico-2 da
melancia (WMV-2) e o mosaico do pepino (CMV).

Estes vírus são adquiridos e transmitidos durante as


“picadas de prova” dos pulgões, que normalmente
têm a duração de poucos segundos. O mosaico
amarelo da abobrinha-de-moita (ZYMV) também
pode ser transmitido por sementes, o que torna a
ocorrência de pulgões e desta virose indesejável em
campos de produção de sementes de pepino.

Os pulgões são favorecidos pelo clima seco e


quente, podendo ocasionar infestação severa em
pepineiro sob cultivo protegido. A reinfestação
de cultivos pulverizados com inseticidas pode ser
promovida por formigas que transportam os pulgões
oriundos de áreas vizinhas. Figura 3.Armadilhas para monitoramento de insetos
sugadores. A – placa adesiva de cor amarela para
Para monitoramento dos pulgões recomenda-se monitoramento de pulgões e mosca-branca; e B –
inspecionar os brotos e a face inferior de folhas placa adesiva de cor azul para monitoramento de
novas (a partir do ponteiro do ramo) em busca tripes.
de ninfas e adultos da praga. Alternativamente,
pode-se realizar o monitoramento de pulgões
adultos alados com placas adesivas amarelas ou Tripes
com armadilha do tipo Moericke (bandeja pintada
Thrips tabaci Lindeman, Thrips palmi Karny e
de amarelo, com água e detergente). As placas
Frankliniella schultzei (Trybom) (Thysanoptera:
amarelas adesivas (Figura 3A) deverão ser
Thripidae)
instaladas em estacas de bambu na altura do dossel
das plantas ou no próprio sistema de condução. As São insetos diminutos, com 1 a 2 mm de
bandejas com água podem ser dispostas nas entre comprimento, coloração amarelo-caro a marrom,
linhas de cultivo. cabeça quadrangular, aparelho bucal do tipo
raspador-sugador. Os adultos possuem asas
estreitas e franjadas (Figura 4), enquanto as
formas jovens são ápteras. São encontrados
na face inferior das folhas, nas flores, hastes e
gemas apicais e ficam abrigados entre dobras e
reentrâncias das plantas. Estas espécies inserem
seus ovos em tecidos tenros, preferencialmente
nas regiões médiana e basal das folhas. Dos ovos
eclodem ninfas, que se transformam em pupas
(fase relativamente inativa), de onde emergirão
os adultos. Os tripes atacam o pepineiro durante
todo o seu ciclo. Perfuram e sugam o conteúdo das
células vegetais, momento em que esses insetos
liberam substâncias que ajudam a pré-digerir os
tecidos da planta.

Figura 2. Infestação do pulgão Aphis gossypii em As folhas atacadas ficam com aspecto queimado
folha de pepineiro. ou prateado e pontuações escuras. Em alta
4 Recomendações técnicas para o controle de pragas do pepino

estacas de bambu na altura do dossel das plantas


ou no próprio sistema de condução.

Mosca-branca

Bemisia tabaci (Gennadius) biótipo B (Hemiptera:


Aleyrodidae)

É um inseto sugador muito pequeno. O adulto


possui dorso de coloração amarelo-palha, quatro
asas membranosas recobertas com pulverulência
branca e, quando em repouso, as asas permanecem
levemente separadas (Figura 5). Os ovos
apresentam coloração amarelada, com formato
de pêra e são depositados isoladamente na face
inferior da folha e presos por um pedicelo. As
ninfas (forma jovem) são translúcidas, de coloração
amarelo a amarelo-pálido. Ovos, ninfas e adultos
localizam-se na face inferior das folhas; ovos e
adultos são encontrados principalmente nas folhas
e brotações mais novas, enquanto ninfas ocorrem
nas folhas mais desenvolvidas. Este inseto causa
danos diretos ao pepineiro pela sucção contínua da
seiva e ação toxicogênica, provocando alterações
no desenvolvimento vegetativo (menor vigor) e
reprodutivo das plantas e pelo favorecimento da
ocorrência da fumagina (semelhante aos pulgões),
Figura 4. Tripes adulto da espécie Thrips palmi. sobre as folhas e estruturas reprodutivas da planta,
que pode também prejudicar a aparência dos frutos.
infestação, a planta apresenta folhas totalmente Maiores infestações ocorrem durante a estação seca
necrosadas, enrugadas, coriáceas/quebradiças e e quente.
com dobramento de suas bordas. Isto resulta em
redução da capacidade fotossintética, acentuada Para monitoramento da mosca-branca deve-se
queda de folhas e morte das plantas. Os tripes inspecionar a face inferior de folhas novas (a partir
podem ocasionar a queda dos frutos recém- do ponteiro do ramo) em busca de insetos adultos.
formados ou causar manchas e cicatrizes nos frutos Quando as plantas forem jovens, antes da emissão
em desenvolvimento. Em plantas severamente dos ramos, deve-se amostrar a folha mais jovem
atacadas, o fruto amadurece mais rápido e o seu completamente expandida. Alternativamente,
tamanho é reduzido. Os tripes também podem ser
transmissores do vírus do amarelo letal da abobrinha
(ZLCV), que infecta o pepineiro. São favorecidos
pelo clima seco e quente, podendo ocasionar
infestação severa em culturas sob cultivo protegido.

Para monitoramento dos tripes deve-se agitar


vigorosamente as folhas das plantas sobre uma
placa ou bandeja plástica branca e avaliar a
quantidade de insetos caídos na superfície, ao longo
de um metro de fileira de cultivo. Alternativamente,
pode-se realizar o monitoramento de tripes adultos
com placas adesivas de coloração azul. Estas placas Figura 5. Mosca-branca, Bemisia tabaci biótipo B. A
adesivas (Figura 3B) deverão ser instaladas em – adulto; e B – ninfas.
Recomendações técnicas para o controle de pragas do pepino 5

pode-se realizar o monitoramento de adultos com A B


placas adesivas amarelas (Figura 3A), a exemplo do
proposto para os pulgões.

Brocas-das-cucurbitáceas

Diaphania nitidalis (Cramer) e Diaphania hyalinata


(L.) (Lepidoptera: Pyralidae)
Figura 7. Danos causados pelas brocas-das-
Estas pragas ocorrem frequentemente nos cultivos cucurbitáceas. A – desfolha; e B - ataque ao fruto.
de pepino e podem ocasionar perdas significativas
na produção. O adulto da espécie D. nitidalis é uma o abortamento de flores, tendo impacto negativo
mariposa de 20 mm de envergadura, coloração na quantidade e qualidade das sementes. O dano
marrom-violácea, com as asas apresentando área principal resulta da injúria nos frutos (Figura 7B),
central amarelada semitransparente e os bordos onde as lagartas abrem galerias e destroem a polpa
marrom-violáceos (Figura 6A). A lagarta mede até (broqueamento), levando ao seu apodrecimento
30 mm de comprimento, apresentando cabeça de e à perda do fruto. Frutos atacados apresentam,
coloração escura, corpo de coloração creme com no exterior, massas de excremento esverdeadas
pontuações pretas até o terceiro instar e totalmente parecidas com cera. O ataque das brocas-
verde após esse estádio; passa seus três instares das-cucurbitáceas reduz o vigor das plantas,
iniciais na folha e ataca, preferencialmente, flores e podendo também lhes ocasionar a morte e,
frutos de qualquer idade. No caso de D. hyalinata, o consequentemente, perdas na produção. Clima
adulto é branco, com exceção do tórax, dos últimos quente favorece a infestação dessas pragas e
segmentos abdominais e dos tufos de pêlos. Possui surtos populacionais ocorrem com freqüência nas
asas com área semitransparente branca e com transições entre as estações secas e chuvosas.
faixa escura e retilínea nas bordas (Figura 6B). A Embora a entrada das mariposas seja dificultada em
lagarta é de coloração verde, apresenta duas listras estufas teladas, grandes perdas na produção podem
brancas até o quarto instar ou verdes a partir desse ser esperadas quando a praga se estabelece no
estádio; se alimenta de folhas, brotos novos, talos, cultivo protegido.
hastes e frutos (Figura 7A-B). Os ovos de ambas as
espécies são de coloração branca a creme, sendo
depositados nas folhas, ramos, flores e frutos. A Pragas secundárias
pupa é de coloração amarronzada e fica sob as
folhas secas ou no solo. Vaquinhas

Os ramos infestados apresentam folhas novas e Diabrotica speciosa (Germar) (Coleoptera:


brotos novos murchos, os quais, posteriormente, Chrysomelidae),
secam. A incidência dessas pragas danifica os Acalymma bivittula (Kirsch),
botões florais, afeta a polinização e pode causar Cerotoma arcuata (Olivier),
Cerotoma unicornis (Germar) e
A B Epilachna cacica (Guérin) (Coleoptera: Coccinellidae)

As vaquinhas são besouros, cujos adultos são


pequenos e apresentam o primeiro par de asas
rígidas como um escudo, de cores variadas, com
manchas amarelas, pretas ou acinzentadas.

Diabrotica speciosa – coloração esverdeada e


cabeça marrom, com seis manchas amareladas nas
asas (Figura 8).

Figura 6. Adultos das brocas-das cucurbitáceas. A - Acalymma bivittula – coloração amarelada, com
Diaphania nitidalis; e B - Diaphania hyalinata. listras longitudinais de coloração escura.
6 Recomendações técnicas para o controle de pragas do pepino

Cerotoma arcuata – coloração amarelada, com reduz a área fotossintética da planta; o ataque às
manchas pretas nos élitros; possui duas manchas flores pode ocasionar o seu aborto. Em elevadas
no final dos élitros. infestações, pode-se comprometer a produção de
frutos. As vaquinhas D. speciosa, A. bivittula e
Cerotoma unicornis – coloração amarelada intensa, E. cacica também são transmissoras do vírus do
sem manchas no final dos élitros. mosaico da abóbora (SqMV), que pode infectar
o pepineiro e ser transmitido via sementes.
Epilachna cacica – besouro de formato arredondado,
O monitoramento das vaquinhas baseia-se na
de até 10 mm de comprimento, coloração marrom-
presença de desfolha.
avermelhada, com faixa de cor preta contornando
os élitros. Lagarta-rosca

As larvas dos besouros da família Chrysomelidae Agrotis ipsilon (Hüfnagel) (Lepidoptera: Noctuidae)
apresentam coloração branca, com cabeça e
placa dorsal do último segmento abdominal de O adulto é uma mariposa com asas anteriores
coloração marrom-escura. As larvas de E. cacica marrons, com manchas triangulares escuras e asas
(Coccinellidae) chegam a 10 mm de comprimento, posteriores semitransparentes. A lagarta possui
são de coloração amarelada e têm o corpo coloração marrom-acinzentada e cabeça lisa e
coberto por espinhos pretos e longos. As larvas escura, podendo medir até 4,5 cm de comprimento
de Chrysomelidade permanecem no solo e se e se enrola quando tocada (Figura 9).
alimentam de raízes da planta, enquanto os adultos
se alimentam das folhas e flores. Adultos e larvas As lagartas cortam as plantas novas, com até 30
de E. cacica atacam somente as folhas. dias, rente ao solo. Sob infestação severa, em
períodos quentes e secos, torna-se necessária
Quando o ataque das larvas ocorre durante a a realização de nova semeadura ou replantio de
germinação das sementes, as folhas cotiledonares, mudas. O monitoramento dessa praga baseia-se na
ao se abrirem, apresentarão perfurações
semelhantes àquelas ocasionadas pelos insetos
adultos; e, quando as larvas atacam as raízes e o
hipocótilo de plantas já emergidas, as folhas basais
ficam amarelas e murcham. Nas duas situações as
plantas atrofiam e atrasam seu desenvolvimento.
O ataque às folhas pelos besouros adultos resulta
em grande número de pequenas perfurações, que

Figura 9. Lagarta-rosca, Agrotis ipsilon.

presença de plantas mortas cortadas à altura do


solo, ao longo da fileira de cultivo.

Outras pragas

O pepineiro, além das pragas já mencionadas,


está sujeito à ação de outros artrópodes que,
eventualmente, podem ocasionar perdas
consideráveis à produção. Estes organismos-praga
Figura 8. Adulto da vaquinha Diabrotica speciosa. estão caracterizados na Tabela 1.
Recomendações técnicas para o controle de pragas do pepino 7

Tabela 1. Outras pragas associadas ao pepineiro.


Praga Características Injúrias / Sintomas

Ácaro rajado O adulto é um pequeno ácaro, possui coloração amarelada Ataca a face inferior das folhas e tece
Tetranychus urticae ou esverdeada, com duas manchas verde-escuras ou teias que o recobrem. Seu ataque provoca
Koch avermelhadas no dorso (uma de cada lado). Os ovos são amarelecimento das folhas e, em alta
(Acari: esféricos e de coloração amarelada; a postura é feita entre intensidade, as folhas mais velhas ficam
Tetranychidae) os fios de teia que o ácaro tece na face inferior das folhas. ressecadas e ocorre severa desfolha da
As injúrias causadas são consequência da alimentação planta. Pode apresentar surtos populacionais
do ácaro, que rompe as células da epiderme inferior das severos em cultivo protegido.
folhas.

Mosca-minadora O adulto é uma pequena mosca, de coloração preta, As larvas abrem galerias, ou minas, de
Liriomyza spp. com a parte inferior do abdome amarela. A larva é muito formato serpenteado no mesófilo foliar, à
(Diptera: pequena, não possui pernas (ápoda) e tem coloração medida que crescem. As minas causam
Agromyzidae) branco-amarelada ou esverdeada. redução da área fotossintética, afetando a
produção. Em altas infestações, as folhas
ficam ressecadas e quebradiças, havendo
maior exposição dos frutos ao sol, os quais
podem ter sua qualidade externa depreciada.
Na região Nordeste brasileira, onde há
produção intensiva de melão, a mosca-
minadora também tem ocasionado severas
injúrias ao pepineiro, assumindo condição de
praga-chave da cultura.

Mosca-das-frutas Adultos são moscas de coloração amarela, 10 mm de As larvas desenvolvem-se no interior da


Anastrepha grandis comprimento e que apresentam uma mancha em forma polpa e o fruto apodrece. A espécie A.
(Macquart) (Diptera: de V invertido na asa. A fêmea possui ovipositor bem grandis é praga quarentenária em diversos
Tephritidae) desenvolvido, com o qual perfura a casca do fruto para países; sua ocorrência em determinadas
a oviposição. A larva é vermiforme, de coloração branca, regiões brasileiras pode inviabilizar a
cabeça afilada e com até 1 cm de comprimento. exportação de frutas em razão das restrições
quarentenárias adotadas pelos países
consumidores.

Percevejo escuro Inseto sugador de coloração marrom-escura, com listras Ataca ramos e frutos novos, sugando-lhes
Leptoglossus alaranjadas na cabeça e linha transversal amarela no a seiva; em conseqüência, as plantas ficam
gonagra (Fabricius) pronoto; mede 20 mm de comprimento. Suas pernas depauperadas e sua produção pode ser
(Hemiptera: posteriores são alargadas e as tíbias possuem expansões prejudicada.
Coreidae) laterais em forma de folha.

Broca-do-fruto Os adultos são mariposas de 30 a 40 mm de envergadura, As lagartas broqueiam o fruto, de fora para
Helicoverpa asas anteriores de coloração cinza-esverdeada a amarelo- dentro, destruindo parcial ou totalmente a
zea (Boddie) palha, com faixas transversais escuras e manchas sua polpa, tornando-o imprestável para o
(Lepidoptera: dispersas sobre as asas; as asas posteriores são mais consumo.
Noctuidae) claras e apresentam uma faixa escura nas bordas externas
e outra no centro da asa. Os ovos possuem forma
hemisférica e saliências laterais, com 1 mm de diâmetro,
coloração inicial branca a amarelada e marrom próximo da
eclosão.

Ácaro branco Os adultos possuem coloração branco-esverdeada ou Este ácaro não produz teia e aloja-se na
Polyphagotarsonemus branco-amarelada brilhante; são invisíveis a olho nu face inferior das folhas, as quais se tornam
latus (Banks) (Acari: (0,17 mm de comprimento), sendo os machos menores e curvadas para baixo (enrolamento dos
Tarsonemidae) hialinos, os quais têm o quarto par de pernas avantajado. bordos), ressecadas, bronzeadas e com
Os ovos são de coloração branca ou pérola, apresentam rasgaduras, podendo cair prematuramente.
formato achatado e saliências superficiais; são depositados
isoladamente na face inferior das folhas novas. As larvas
possuem seis pernas e coloração branca, sendo bastante
móveis.
Formiga cortadeira Estas formigas também são conhecidas como saúvas e As injúrias causadas pelas saúvas são
Atta spp. estão entre as mais importantes pragas da agricultura facilmente reconhecidas pelo corte que
Acromyrmex spp. brasileira. São insetos com organização social, que vivem fazem nas folhas, em formato de meia-lua
(Hymenoptera: em ninhos subterrâneos (formigueiros). Cortam folhas, ou arco, com desfolha completa da planta
Formicidae) hastes e flores e transportam estas estruturas vegetais atacada. Essas formigas, ao desfolhar
para o interior da colônia, onde são utilizadas como as plantas de pepino, reduzem a área
substrato para cultivo de um fungo, do qual as formigas fotossintética das folhas, acarretando
se alimentam. São de coloração pardo-avermelhada e reduções do crescimento, produção e,
facilmente identificadas pela presença de três ou quatro dependendo do nível de desfolha, também a
pares de espinhos no dorso, na região logo após a cabeça. morte das plantas.
São mais ativas à noite e nas horas de temperatura mais
amena do dia.
8 Recomendações técnicas para o controle de pragas do pepino

Métodos de controle dessas pragas não é realizado de forma sistemática


durante todo o ciclo de cultivo;
Diversos métodos de controle são usados para o
manejo integrado de pragas do pepineiro, dentre – Cultivo protegido em estufas com telado e
eles: o manejo do ambiente de cultivo (incluindo antecâmara que dificultem a entrada de insetos
práticas culturais, métodos físicos e mecânicos), o sugadores, vaquinhas e mariposas;
controle legislativo, o controle comportamental, o
– Manejo da nutrição (adubação química e orgânica)
controle biológico e o controle químico.
conforme análise de solo ou foliar e requerimentos
Insetos sugadores e vetores de virose da cultura, evitando-se a deficiência e/ou excesso
de nutrientes (principalmente nitrogênio) nas
a) Manejo do ambiente de cultivo plantas;

Recomenda-se a adoção planejada e preventiva das – Manejo adequado da irrigação para evitar o
seguintes medidas: estresse hídrico, favorecendo o estabelecimento
rápido das plantas;
– Uso de sementes sadias e isentas de viroses;
– Cobertura do solo com superfície refletora
– Quando for adotado o transplantio do pepineiro, de raios ultravioletas (casca de arroz, palha ou
a produção de mudas deve ser realizada em “mulching” plástico de coloração branca ou prata),
locais protegidos por tela ou tecido à prova de para dificultar a colonização dos pulgões, tripes e da
insetos sugadores, que sejam distantes de campos mosca-branca;
infestados por estas pragas ou abandonados e longe
do local definitivo de plantio; – Uso de painéis ou faixas adesivas de coloração
amarela, preferencialmente nas bordaduras da
– Uso de cultivares de ciclo curto e adequação da cultura, para retardar a entrada de pulgões alados e
época de plantio para a região, visando o escape de adultos da mosca-branca;
picos populacionais dos insetos vetores de virose;
– Uso de armadilhas adesivas e bandejas com água,
– Seleção de mudas sadias, vigorosas e isentas de de coloração amarela, para captura dos pulgões
viroses para plantio; alados e de mosca-branca dentro da área cultivada;

– Isolamento dos talhões por data e área, evitando – Uso de armadilhas adesivas e bandejas com água,
escalonamento de plantio, inclusive dentro da de coloração azul, para captura de tripes, dentro da
estufa; área cultivada;

– Plantio dos talhões no sentido contrário à direção – Uso de irrigação por aspersão, para controle
predominante do vento, do mais velho para o mais mecânico de pulgões, tripes, e mosca-branca
novo, para desfavorecer o deslocamento das pragas presentes nas folhas;
dos talhões velhos para os novos;
– Eliminação de plantas com viroses;
– Implantação prévia de barreiras vivas ou faixas
de cultivos (sorgo, capim elefante, milheto ou cana- – Eliminação de plantas daninhas e plantas
de-açúcar) ao redor da lavoura ou estufa, de tal silvestres que sejam hospedeiras de pulgões, tripes
forma que tenham pelo menos 1,0 m de altura no e mosca-branca, nas proximidades da área, antes
momento do plantio do pepino. O objetivo é retardar da implantação da cultura e daquelas presentes no
as infestações das brocas-das-cucurbitáceas, interior e nas bordaduras do cultivo de pepino e
pulgões, tripes e mosca-branca, bem como reduzir
a incidência de viroses transmitidas por picadas de – Sucessão e rotação de culturas com plantas
prova; não hospedeiras de insetos sugadores e vetores
de viroses, evitando-se plantios sucessivos de
– Não fazer plantios próximos a cultivos de soja, pepineiro, de outras cucurbitáceas, bem como
feijoeiro e algodoeiro, que são hospedeiros de de tomateiro, pimentão, alho, cebola e batata na
insetos sugadores e, em cujas culturas, o controle mesma área de cultivo ou estufa.
Recomendações técnicas para o controle de pragas do pepino 9

b) Controle comportamental concentração utilizada. Portanto, o manejo dos


insetos sugadores transmissores de viroses deve
Podem ser utilizadas plantas repelentes, mediante preconizar vários métodos de controle adotados
seu cultivo nas bordaduras ou dentro da lavoura, simultaneamente, sendo todos igualmente
em fileiras ou em covas alternadas. As mais importantes.
promissoras são: coentro (Coriandrum ativum),
tagetes ou cravo-de-defunto (Tagetes sp.), hortelã Especial atenção deve ser dada quando se adota
(Mentha spp.), calêndula (Calendula officinalis), o transplantio de mudas. Na fase de produção de
mastruz (Chenopodium ambrosioides), artemisia mudas e logo após o estabelecimento das plantas
(Artemisia sp.) e arruda (Ruta graveolens). Estas no campo, devem-se adotar todas as medidas
plantas liberam substâncias voláteis que repelem os necessárias (acima mencionadas) para se evitar
insetos sugadores adultos. a infecção precoce das viroses. A produção de
mudas deve ser feita em locais protegidos contra
c) Controle Biológico insetos sugadores, juntamente com a aplicação
de inseticidas de ação sistêmica, aplicados em
Na cultura do pepino ocorrem diversos predadores, pulverização ou na forma de esguicho (“drench”).
como as joaninhas e os bichos lixeiros, que Em áreas sem histórico de incidência de viroses,
se alimentam de pulgões e mosca-branca. Os quando necessário, o controle de pulgões e tripes
parasitóides pertencem a outra categoria de deve ser iniciado após a constatação dos primeiros
inimigos naturais e, em sua maioria, são vespas sintomas de ataque ou capturas nas armadilhas
diminutas que se desenvolvem no interior ou sobre adesivas. Deve-se manter baixas as populações dos
o corpo da praga. Além destes agentes existem insetos vetores durante todo o ciclo da cultura.
microrganismos como fungos, bactérias e vírus,
que ocasionam doenças e matam as pragas quando Brocas-das-cucurbitáceas
estas alcançam grandes populações no cultivo.
a) Manejo do ambiente de cultivo
Em regiões e ambientes com alta umidade relativa
do ar (>70%) podem ser utilizados produtos – Implantação prévia de barreiras vivas ou faixas de
comerciais a base de fungos entomopatogênicos cultivos (sorgo, capim elefante, milheto ou cana-de-
(Lecanicillium spp., Beauveria bassiana, Metarhizium açúcar) ao redor da lavoura ou estufa;
anisopliae e Isaria spp.) para controle de pulgões,
moscas-brancas e tripes. Entretanto, estes – Uso de cultivares de ciclo curto e adequação da
inseticidas microbianos somente podem ser época de plantio para a região, visando o escape de
utilizados em condição de baixa incidência de picos populacionais das brocas;
viroses na região.
– Cultivo protegido em estufas com telado e
Controle Químico antecâmara que dificultem a entrada de mariposas;

O controle eficaz dos insetos sugadores – Isolamento dos talhões, evitando-se o


transmissores de viroses representa o principal escalonamento de plantio;
desafio para o manejo integrado de pragas do
pepineiro, tendo em vista que, nas áreas com – Uso de cultivos intercalares (policultivos)
histórico de alta incidência de viroses, torna-se com culturas não hospedeiras das brocas-das-
necessário o emprego de inseticidas de forma cucurbitáceas e que tenham porte ereto;
preventiva. Contudo, a concepção que a simples
– Sucessão e rotação de culturas com plantas não
aplicação de agrotóxicos para eliminar o inseto
hospedeiras das brocas-das-cucurbitáceas, evitando-
vetor (pulgões e tripes) é suficiente para controle
se plantios sucessivos de pepineiro e de outras
das viroses é equivocada.
cucurbitáceas;
A pulverização com óleo mineral ou vegetal
– Remoção de flores e frutos atacados pelas
emulsionável também não oferece a proteção
brocas;
desejada contra as viroses, podendo causar
fitointoxicação ao pepineiro, em razão da
– Catação de flores e frutos caídos no chão;
10 Recomendações técnicas para o controle de pragas do pepino

– Destruição e incorporação dos restos culturais e – Isolamento dos talhões, evitando-se o


de cultivos abandonados e escalonamento de plantio;

- Eliminação de plantas voluntárias de pepino – Utilizar densidade de plantio adequada conforme


oriundas de safras passadas, antes do novo plantio o hábito de crescimento da cultivar e a modalidade
de pepino no mesmo local. de cultivo. Densidades muito altas devem ser
evitadas, visto que dificultam a aplicação dos
b) Controle comportamental agrotóxicos e a sua distribuição nas folhas, flores e
frutos localizados no interior do dossel das plantas;
Consiste no uso de abobrinha italiana (cv. Caserta),
nas bordaduras da área ou em cultivo intercalar com – Aumento na densidade de semeadura/transplantio
o pepineiro, que funciona como planta-isca para as quando houver histórico de redução no estande
brocas-das-cucurbitáceas, sobre a qual se aplica inicial de plantas pelo ataque de lagarta-rosca,
inseticidas químicos e biológicos (B. thuringiensis). formigas cortadeiras e larvas de vaquinha;

c) Controle Biológico – Cultivo protegido em estufas com telado e


antecâmara que dificultem a entrada de vaquinhas e
A bactéria entomopatogênica Bacillus thuringiensis
mariposas;
Berliner (subespécies kurstaki e aizawai) é o
agente de controle biológico mais utilizado nos
– Uso de cobertura do solo com casca de arroz,
cultivos de pepino, cujos produtos comerciais são
palha ou “mulching” plástico visando propiciar
registrados para o controle de lagartas das brocas-
menor acúmulo de poeira sobre as folhas do
das-cucurbitáceas (Tabela 2). Estes inseticidas
pepineiro, reduzindo a disponibilidade de abrigo para
biológicos devem ser utilizados, principalmente,
oviposição de ácaros-praga;
no momento em que as lagartas são pequenas e
durante o período de floração-frutificação, quando – Uso de irrigação por aspersão, para controle
há intensa atividade de polinizadores no cultivo. As mecânico de ácaros-praga, lagartas e mariposas,
pulverizações devem ser dirigidas às folhas, flores presentes nas folhas;
e frutos novos e realizadas sempre com vento fraco
e no final da tarde, quando as temperaturas estão – Coleta manual de lagartas presentes na superfície
mais amenas e o sol fraco. do solo (lagarta-rosca);

d) Controle Químico – Sucessão e rotação de culturas com plantas não


hospedeiras de pragas do pepineiro;
Para o controle das brocas-das-cucurbitáceas
recomenda-se a utilização de inseticidas de contato – Evitar a entrada de pessoas, carros e caixas nas
e, dentro do possível, os produtos devem ser áreas de cultivo;
aplicados de forma seletiva, ou seja, nas bordaduras
do cultivo (onde se inicia a infestação) e nos – Evitar a comercialização nas estradas, próximo às
focos de infestação, geralmente em reboleiras. Ao áreas de cultivo;
aplicar inseticidas certificar-se de que as folhas,
flores e frutos tenham boa cobertura de aplicação, – Adoção de vazio fitossanitário, de modo que a
lembrando sempre que as lagartas das brocas-das- área de cultivo ou estufa e todas as outras áreas
cucurbitáceas permanecem na região inferior da que lhe são próximas fiquem, simultaneamente,
folha e em locais sombreados. livres da cultura (pousio) por, pelo menos, quatro
semanas;
Outras pragas
– Destruição e incorporação dos restos culturais e
a) Manejo do ambiente de cultivo de cultivos abandonados e

- Não fazer plantios ou instalar estufas próximas às – Eliminação de plantas voluntárias de pepino
estradas, uma vez que estas são fontes de poeira, oriundas de safras passadas, antes do novo plantio
que se acumulará sobre as folhas do pepineiro e de pepino no mesmo local.
poderá favorecer a infestação de ácaros-praga;
Recomendações técnicas para o controle de pragas do pepino 11

Tabela 2. Produtos registrados para o controle das principais pragas da cultura do pepino.
Praga Produto comercial Ingrediente Grupo químico Modo de ação Intervalo de Classe Classe
ativo segurança toxicológica3 ambiental4
(dias)
Aphis Actara 250 WG Tiametoxam Neonicotinóide Sistêmico, contato e 45 III III
gossypii ingestão;
ação translaminar
Decis 25 EC Deltametrina Piretróide Contato e ingestão 2 III I
Eforia (SC) Lambda- Piretróide + Sistêmico, contato e 1 III I
cialotrina + neonicotinóide ingestão;
tiametoxam ação translaminar
Engeo Pleno Lambda- Piretróide + Sistêmico, contato e 1 III I
cialotrina + neonicotinóide ingestão;
tiametoxam ação translaminar
Evidence 700 WG Imidacloprido Neonicotinóide Sistêmico, contato e 40 IV III
ingestão;
ação translaminar
Kohinor 200 SC1 Imidacloprido Neonicotinóide Sistêmico, contato e 40 III III
ingestão;
ação translaminar
Lebaycid 500 Fentiona Organofosforado Contato e ingestão 21 II II
Malathion Prentiss Malationa Organofosforado Contato e ingestão 3 III III
(EC)
Platinum Neo (SC) Lambda- Piretróide + Sistêmico, contato e 1 III I
cialotrina + neonicotinóide ingestão;
tiametoxam ação translaminar
Warrant (WG)1 Imidacloprido Neonicotinóide Sistêmico, contato e 40 IV III
ingestão;
ação translaminar
Myzus Actara 250 WG Tiametoxam Neonicotinóide Sistêmico, contato e 14 III III
persicae ingestão;
ação translaminar
Provado 200 SC Imidacloprido Neonicotinóide Sistêmico, contato e 7 III III
ingestão;
ação translaminar
Bemisia Actara 250 WG Tiametoxam Neonicotinóide 45 III III
tabaci

biótipo B
Alanto (SC) Tiacloprido Neonicotinóide Sistêmico, contato e 7 II III
ingestão;
ação translaminar
Applaud 250 (WP) Buprofezina Tiadiazina Contato e ingestão 7 III III
Calypso (SC) Tiacloprido Neonicotinóide Sistêmico, contato e 7 III III
ingestão;
ação translaminar
Cordial 100 (EC) Piriproxifem Éter Contato e ação 1 I II
piridiloxipropílico translaminar
Evidence 700 WG Imidacloprido Neonicotinóide Sistêmico, contato e 40 IV III
ingestão;
ação translaminar
Warrant (WG)1 Imidacloprido Neonicotinóide Sistêmico, contato e 40 IV III
ingestão;
ação translaminar
Balvéria Beauveria Biológico - fungo Contato e ingestão 15 IV IV
bassiana entomopatogênico
Thrips Cartap BR500 (SP) Cloridrato de Bis(tiocarbamato) Contato e ingestão 3 III II
tabaci cartape
Thiobel 500 (SP) Cloridrato de Bis(tiocarbamato) Contato e ingestão 3 III II
cartape
Thrips Cordial 100 (EC) Piriproxifem Éter Contato e ação 1 I II
palmi piridiloxipropílico translaminar
Epingle 100 (EC) Piriproxifem Éter Contato e ação 1 I II
piridiloxipropílico translaminar
Evidence 700 WG Imidacloprido Neonicotinóide Sistêmico, contato e 40 IV III
ingestão;
ação translaminar
12 Recomendações técnicas para o controle de pragas do pepino

Tabela 2. Produtos registrados para o controle das principais pragas da cultura do pepino (continuação).
Praga Produto comercial Ingrediente ativo Grupo químico Modo de ação Intervalo de Classe Classe
segurança (dias) toxicológica3 ambiental4
Thrips palmi Focus WG Clotianidina Neonicotinóide Sistêmico, contato e 1 III III
ingestão;
ação translaminar

Kohinor 200 SC1 Imidacloprido Neonicotinóide Sistêmico, contato e 40 III III


ingestão;
ação translaminar

Tiger 100 EC Piriproxifem Éter Contato e ação 1 I II


piridiloxipropílico translaminar
Warrant (WG)1 Imidacloprido Neonicotinóide Sistêmico, contato e 40 IV III
ingestão;
ação translaminar
Diaphania Agree (WP) Bacillus Biológico Ingestão - IV IV
nitidalis thuringiensis
Bac-Control WP Bacillus Biológico Ingestão - IV IV
thuringiensis
Brigade 25 EC Bifentrina Piretróide Contato e ingestão 4 II II
Cartap BR500 (SP) Cloridrato de Bis(tiocarbamato) Contato e ingestão 3 III II
cartape
Decis 25 EC Deltametrina Piretróide Contato e ingestão 2 III I
Dipel WP Bacillus Biológico Ingestão - IV IV
thuringiensis
Dominador (SC) Deltametrina Piretróide Contato e ingestão 2 IV I
Eforia (SC) Lambda-cialotrina Piretróide + Sistêmico, contato e 1 III I
+ neonicotinóide ingestão;
tiametoxam ação translaminar
Engeo Pleno Lambda-cialotrina Piretróide + Sistêmico, contato e 1 III I
+ neonicotinóide ingestão;
tiametoxam ação translaminar
Gallaxy 100 EC Novularom Benzoiluréia Iingestão 3 IV II
Lebaycid 500 (EC) Fentiona Organofosforado Contato e ingestão 21 II II
Malathion Prentiss (EC) Malationa Organofosforado Contato e ingestão 3 III III
Match EC Lufenurom Benzoiluréia Ingestão 7 IV II
Platinum Neo (SC) Lambda-cialotrina Piretróide + Sistêmico, contato e 1 III I
+ neonicotinóide ingestão;
tiametoxam ação translaminar
Polytrin (EC) Cipermetrina + Piretróide + Contato e ingestão 3 III I
profenofós organofosforado
Polytrin 400/40 EC Cipermetrina + Piretróide + Contato e ingestão 3 III I
profenofós organofosforado
Premio (SC) Chlorantraniliprole Antranilamida Contato e ingestão 1 III II
Rimon 100 EC Novularom Benzoiluréia Ingestão 3 IV II
Rumo WG Indoxacarbe Oxadiazina Contato e ingestão 1 I III
Thiobel 500 (SP) Cloridrato de Bis(tiocarbamato) Contato e ingestão 3 III II
cartape
Diaphania Bac-Control WP Bacillus Biológico Ingestão - IV IV
hyalinata thuringiensis
Dipel WP Bacillus Biológico Ingestão - IV IV
thuringiensis
Diabrotica Decis 25 EC Deltametrina Piretróide Contato e ingestão 2 III I
speciosa
Lebaycid 500 (EC) Fentiona Organofosforado 21 II II
Malathion Prentiss (EC) Malationa Organofosforado Contato e ingestão 3 III III
Anastrepha Lebaycid 500 (EC) Fentiona Organofosforado Contato e ingestão 21 II II
grandis
Malathion Prentiss (EC) Malationa Organofosforado Contato e ingestão 3 III III
Liriomyza Abamectin Nortox (EC) Abamectina Avermectina Contato e ingestão 3 III III
huidobrensis
Abamectin Prentiss (EC) Abamectina Avermectina Contato e ingestão 3 I III
Abamex (EC) Abamectina Avermectina Contato e ingestão 3 I III
Cartap BR500 (SP) Cloridrato de Bis(tiocarbamato) Contato e ingestão 3 III II
cartape
Potenza (EC) Abamectina Avermectina Contato e ingestão 3 I III
Thiobel 500 (SP) Cloridrato de Bis(tiocarbamato) Contato e ingestão 3 III II
cartape
Trigard 750 WP Ciromazina Triazinamina Sistêmico e ingestão 3 IV III
Vertimec 18 EC Abamectina Avermectina Contato e ingestão 3 III II
Tetranychus Vertimec 18 EC Abamectina Avermectina Contato e ingestão 3 III II
urticae

1Produto aplicado na forma de “drench” (esquiço) sobre mudas e plantas jovens.


2Produto aplicado em jato dirigido para o coleto da planta.
3Classe toxicológica: I- Extremamente tóxico (faixa vermelha); II - Altamente tóxico (faixa amarela); III - Moderadamente tóxico (faixa azul); IV - Pouco tóxico (faixa verde).
4Classe ambiental: I - Produto altamente perigoso ao meio ambiente; II - Produto muito perigoso ao meio ambiente; III - Produto perigoso ao meio ambiente; IV - Produto pouco perigoso
ao meio ambiente.
Formulação: EC – Concentrado emulsionável; SC – Suspensão concentrada; SP – Pó solúvel; WG – Granulado dispersível em água; WP - Pó molhável.
Fonte: MAPA (BRASIL, 2003).
Recomendações técnicas para o controle de pragas do pepino 13

b) Controle comportamental 3, de 15/10/2009, MAPA), visando a identificação


e a manutenção de áreas de produção aptas para
Uso de pedaços de raízes de “tajujá” (Cayaponia exportação de cucurbitáceas (melancia, melão e
tayuya; Ceratosanthes hilariana; Cayaponia abóbora) a países da América do Sul.
martiana) ou de cabaça verde (Lagenaria vulgaris)
como isca, nos quais são aplicados inseticidas e) Controle Químico
químicos para controle de vaquinhas.
Somente deve ser utilizado quando forem
c) Controle Biológico detectadas infestações de pragas secundárias
que possam acarretar perdas econômicas. Na
Para favorecer o controle biológico de pragas cultura do pepino existem produtos registrados
secundárias pela ação dos inimigos naturais já para vaquinhas, mosca-minadora, ácaro rajado
existentes no agroecossistema (controle biológico e mosca-das-frutas (Tabela 2). Entretanto, não
conservativo), recomendam-se práticas como: existem produtos registrados que controlem a
1) catação manual das pragas; 2) manutenção lagarta-rosca (A. ipsilon), a broca-do-fruto (H.
de plantas que produzem flores na bordadura do zea), o percevejo escuro (L. gonagra), as formigas
cultivo, em ambiente aberto ou da estufa, visto que cortadeiras (Atta spp. e Acromyrmex spp.) e o
estas fornecem alimento complementar, refúgio e ácaro branco. Também não há registro de produtos
local de reprodução para predadores e parasitóides em formulações para tratamento de sementes e
das pragas; 3) manutenção do solo recoberto por para aplicação no solo/cova de plantio, visando
vegetação, por cobertura morta (palhada) ou por o controle de pragas que atacam a cultura após
“mulching” plástico; 4) policultivos (consórcios, a semeadura e logo após o estabelecimento das
faixas de cultivo) tanto em ambiente aberto como mudas (lagarta-rosca e larvas de vaquinhas).
dentro da estufa; 5) preservação das matas nativas Portanto, estas práticas não são recomendáveis,
próximas à cultura ou estufa, as quais atuam como devendo-se investir no manejo do ambiente de
ilhas de reposição de inimigos naturais; 6) uso de cultivo para o controle das pragas em questão.
inseticidas químicos seletivos em favor dos inimigos
naturais; e 7) aplicação seletiva de inseticidas
químicos (pulverização apenas nos focos de Recomendações para o uso do
infestação; produtos de ação sistêmica aplicados na controle químico
cova, na época da semeadura ou transplantio).
O uso de inseticidas químicos tem sido a principal
d) Controle legislativo tática de controle das pragas do pepineiro.
Entretanto, o uso indiscriminado de agrotóxicos
Consiste em medidas de controle, preventivo ou tem elevado substancialmente o custo de produção
não, porém, sempre embasadas em dispositivos do pepino e pode acarretar sérios problemas, como
legais (decretos, instruções normativas, portarias e surgimento de populações das pragas resistentes
resoluções). Estes dispositivos procuram normatizar aos produtos utilizados, ressurgência da praga,
datas de plantio, impedir o escalonamento erupção de pragas secundárias, eliminação de
inadequado de plantios, propiciar a eliminação organismos benéficos (polinizadores, inimigos
de restos culturais e períodos livres de cultivo, naturais e microbiota decompositora), poluição do
bem como implementar medidas de mitigação de meio ambiente, intoxicação dos usuários e presença
risco de pragas quarentenárias para comodities de resíduos tóxicos nos frutos acima do tolerável,
de exportação. Um exemplo em que a cultura do colocando em risco a saúde dos consumidores.
pepino está envolvida refere-se ao Sistema de
Mitigação de Risco para a mosca-das-frutas, A. No uso de inseticidas químicos, algumas
grandis, em cultivos de cucurbitáceas (Instrução precauções, a seguir descritas, devem ser tomadas
Normativa nº 16, de 05/03/2006, Ministério da para que se alcance a eficiência de controle
Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA) nos desejada, causando o mínimo de desequilíbrio
Estados de Goiás (Instrução Normativa nº 41, de biológico e evitando o surgimento de populações de
07/08/2006, MAPA) e de Minas Gerais (Instrução pragas resistentes aos produtos.
Normativa nº 29, de 08/08/2007 e Resolução nº
14 Recomendações técnicas para o controle de pragas do pepino

– Utilizar apenas os produtos registrados, no – Evitar pulverização nos períodos quentes do


MAPA, para a cultura do pepino (Tabela 2); dia, bem como nos momentos de ventos fortes.
As pulverizações devem ser realizadas a partir
– Dar preferência para produtos que sejam seletivos das 16:00 h, devido à maior atividade dos insetos
em favor dos inimigos naturais e polinizadores e polinizadores pela manhã;
pouco tóxicos ao homem (classes toxicológicas III e
IV); – Ao aplicar os pesticidas certificar-se de que as
folhas, flores e frutos tenham boa cobertura de
– Evitar o uso de produtos de amplo espectro aplicação, principalmente na região inferior da folha
de ação, como inseticidas piretróides e e em locais sombreados.
organofosforados, no inicio do ciclo da cultura
e durante a época de florescimento das plantas,
pois causam grande distúrbio no agroecossistema, Considerações finais
inclusive alta mortalidade dos polinizadores. A
É importante lembrar que o desenvolvimento e
atividade de insetos polinizadores na lavoura
a implementação de um programa de manejo
é determinante para a produção de cultivares
integrado de pragas na cultura do pepino mostra-se
monoicas, ou seja, daquelas em que flores
de essencial importância para o agronegócio desta
masculinas e femininas ocorrem na mesma planta
hortaliça, pois, somente assim, será possível suprir
e há necessidade de polinização cruzada para a
a crescente demanda pela produção de pepino
formação dos frutos. Isto já não é um problema
de elevada qualidade e livre de contaminantes e,
nas cultivares ginóico-partenocárpicas (próprias
ao mesmo tempo, respeitar o ambiente e a saúde
para cultivo protegido ou mesmo em áreas abertas
do consumidor e do trabalhador rural. Tal avanço
pobres em população de abelhas), em que não há
tecnológico também contribuirá para a melhoria
necessidade de polinização por insetos;
na eficiência produtiva e na sustentabilidade do
– Evitar o uso indiscriminado de fungicidas, já que segmento no Brasil, resultando em maiores ganhos
muitos destes produtos apresentam efeito nocivo econômicos e no desenvolvimento rural.
aos fungos entomopatogênicos;

– Utilizar a dosagem recomendada pelo fabricante


Referências
e a quantidade de água conforme o estádio de
Bacci, L.; Picanço, M. C.; Fernandes, F.
desenvolvimento da cultura, observando, ao mesmo
L.; Silva, N. R.; Martins, J. C. Estratégias
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e táticas de manejo dos principais grupos de
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Zambolim, L.; Lopes, C. A.; Picanço, M. C.;
acaricidas;
Costa, H. (Ed.). Manejo integrado de doenças e
– Utilizar espalhante adesivo; pragas: hortaliças. Viçosa, MG: UFV/DFT, 2007.
Cap.13, p. 463-504.
– Ter cuidado com fitotoxicidez de inseticidas e
acaricidas ao pepineiro, visto que a espécie é muito BARBOSA, S.; FRANÇA, F. H. Pragas das
sensível a vários deles; cucurbitáceas e seu controle. Informe Agropecuário,
Belo Horizonte, v. 8, n. 85, p. 54-57, 1982.
– Utilizar, de forma alternada, inseticidas de
diferentes grupos químicos, levando-se em Blackman, R. L.; Eastop, V. F. (Ed.). Aphids on
consideração, também, o modo de ação do produto, the world’s crops: an identification and information
o estádio de desenvolvimento da praga e a fase guide. Chichester: John Wiley & Sons, 2000. 466
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resistência dos insetos sugadores aos pesticidas.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e
Cada produto deve ser utilizado por um período de
Abastecimento. AGROFIT : sistema de agrotóxicos
três semanas, sendo substituído por outro, caso
fitossanitários. Brasília, DF, 2003. Disponível em
seja necessária a continuidade das pulverizações;
<http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit_cons/
Recomendações técnicas para o controle de pragas do pepino 15

principal_agrofit_cons> Acesso em: 10 dez. 2011. MORAES, G. J. de; FLECHTMANN, C. H. W.


Manual de acarologia: acarologia básica e ácaros de
Carvalho, G. A.; Godoy, M. S.; Pedroso E. plantas cultivadas no Brasil. Ribeirão Preto: Holos,
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Zambolim, L.; Lopes, C. A.; Picanço, M. C.; Oliveira, M. R. V.; faria, m. r. Mosca-branca do
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MG: UFV: Sociedade de Investigações Florestais, control. New York: Chapman & Hall, 1996. 539 p.
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GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.;


CARVALHO, R. P. L.; BAPTISTA, G. C.; BERTI
FILHO, E.; PARRA, J. R. P.; ZUCCHI, R. A.; ALVES,
S. B.; VENDRAMIM, J. D.; MARCHINI, L. C.;
LOPES, J. R. S.; OMOTO, C. Entomologia Agrícola.
Piracicaba: FEALQ, 2002. 920 p.

Comitê de Presidente: Warley Marcos Nascimento


Circular Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na
Embrapa Hortaliças Publicações Editor Técnico: Fábio Akyioshi Suinaga
Técnica 109 Supervisor Editorial: George James
Rodovia BR-060, trecho Brasília-Anápolis, km 9
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1ª edição José Lindorico de Mendonça,
1ª impressão (2012): 1.000 exemplares Mariane Carvalho Vidal,
Neide Botrel,
Rita de Fátima Alves Luengo
Expediente Normalização bibliográfica: Antonia Veras
Editoração eletrônica: André L. Garcia

Ministério da
Agricultura, Pecuária
e Abastecimento

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