Crónica de D. João I
Crónica de D. João I
Crónica de D. João I
João I
Idade Média
Século XV
Fernão Lopes (c. 1380 – 1460)
Crónica de D. João I (c. 1450)
São escassos os dados biográficos conhecidos sobre Fernão Lopes. Os testemunhos
documentais de que dispomos informam, sobretudo, sobre os cargos que ocupou ao
serviço dos primeiros reis da dinastia de Avis. Por certidões de 1418, sabe-se que
exercia as funções de “guardador das escrituras do Tombo” e “escrivão dos livros” de
D. João I e D. Duarte.
Enquanto cronista oficial sob as cortes de D. João I, D. Duarte e regência de D. Pedro,
redigiu as crónicas de D. Pedro, D. Fernando e D. João I. As suas funções simultâneas
como guardador das escrituras e cronista-mor do reino acabam por favorecer o seu
legado como historiador, visto que a composição das crónicas dependeu do
conhecimento e seleção do material a que tinha acesso.
Mas é acima de tudo pelas crónicas de D. Pedro, de D. Fernando e de D. João I (que
chegaram até nós por apógrafos do século XVI) que o talento e excecionalidade como
historiador e como escritor, relativamente aos cronistas medievais, se afirmou. Não se
trata para o cronista de refundir textos historiográficos anteriores, mas de elaborar em
novos moldes a narração do devir histórico, individualizando os protagonistas na sua
compleição psicológica denunciada em ato, encenando os episódios históricos no
mesmo momento da sua ocorrência, emprestando tanto quanto possível verosimilhança
no encadeamento dos factos.
Mestre de Avis
Um homem que se mostra receoso, no seguimento do assasinato
do conde Andeiro; acarinhado e apoiado pelo povo - um líder
resoluto, mas também solidário com a população.
Álvaro Pais
O burguês que espalha pelas ruas de Lisboa que estão a matar o
Mestre, influenciado o povo a correr em seu auxílio.
D. Leonor Teles
A mulher que gera ódios na população e que é apelidade de
"aleivosa" (traidora) (capítulo 11).
Todas estas figuras são apresentadas pelo cronista na sua densidade psicológica, nos
dramas, nas angústias e nos anseios e, por isso, ainda que muito diferentes (em termos
de motivações, comportamentos, atitudes), aproximam-se pelo seu lado humano.
Mesmo quando o cronista foca a sua atenção nestes atores individuais, fá-lo, porém,
apenas no sentido de os integrar num todo, na sociedade à qual pertencem. Daí a
consciência coletiva ser tão marcante na sua obra.
População (massa coletiva)
A ideia de pátria em Fernão Lopes é diferente da dos seus antecessores: não é um
espaço geográfico delimitado que é necessário defender dos invasores, mas uma
sociedade de abrigo, que gera, defende e salva os seus habitantes. Uma salvação
coletiva que se situa acima dos interesses particulares e só obedece a um imperativo
do bem comum. A manta retalhada do domínio feudal dá lugar à consciência nacional e
a Nação já não pertence ao rei, mas o rei é que pertence à Nação.
Crónica medieval – género da tradição historiográfica e literária
Características comuns a outras crónicas medievais
Estrutura global
Crónica dividida por duas partes (divididas em capítulos):
1ª parte 2ª parte
Relato dos acontecimentos Relato dos acontecimentos
ocorridos entre a morte de D. ocorridos durante o reinado de D.
Fernando e a subida ao trono de D. João I até 1411 (ano em que foi
João I. assinada a paz com Castela).