Producao de Arroz em Moçambique
Producao de Arroz em Moçambique
Producao de Arroz em Moçambique
Introdução
Segundo (MADER, 2020), o arroz tornou-se uma das principais culturas alimentares
em Moçambique. Devido a um consumo crescente, o arroz ganhou mais destaque nos últimos
anos em relação à outras culturas alimentares tradicionais, tais como mandioca, batata-doce,
milho e mapira. A uma taxa anual de crescimento no consumo de 8,6%, o arroz tem superado
outros cereais como o milho (5.5%), o trigo (7.4%) e a mapira (4.7%) nos mercados locais.
Ao contrário de outros países da África Austral, Moçambique tem uma longa história
de cultivo do arroz através de missões dos portugueses e chineses. Com seus abundantes rios
e afluentes, várias paisagens deltáicos ao longo do litoral fornecem grandes extensões de
terras aráveis, adequadas para o cultivo do arroz.
1.1. Objectivos
1.2. Metodologia
Para a elaboração do trabalho, recorreu-se à combinação de métodos que permitiram
abordar sobre a produção de arroz em Moçambique.
A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho foi a pesquisa qualitativa, com
caráter exploratório e procedimento técnico de revisão bibliográfica. Conforme GIL (2008) a
pesquisa exploratória pode proporcionar maior familiaridade com o problema (explicitá-lo), e
pode envolver o levantamento bibliográfico que é desenvolvido com base em materiais já
elaborados, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Segundo MARCONI E
LAKATOS (1992), a revisão bibliográfica é o levantamento de toda a bibliografia já
publicada, com finalidade de fazer com que o pesquisador entre em contato direto com todo o
material escrito sobre um determinado assunto, auxiliando na análise de suas pesquisas
O arroz é uma planta da família das gramíneas (Oryza sativa), com cada espigueta
provida apenas de uma flor de seis estames e o fruto rodeado por duas glumelas ligadas
(DAE, 1994). É uma planta semiaquática, cultivada em praticamente todos os continentes
(PEDROSO, 1989 citado por NDAVA, 2015). Rizicultura é o termo que define a agricultura
do arroz. O arroz é uma planta da família das gramíneas.
É difícil determinar a data e o local do arroz. Contudo, este cereal é conhecido há mais
de 3 000 a. C. e é geralmente aceite que é originário da Asia e mais rigorosamente na Índia.
Os primeiros registos sobre o arroz encontram-se na China (VIANA e SILVA, 1969:11 citado
por MUEDUME, 1999). Da Índia o arroz propagou até a China, Indonésia, Sri Lanka (antigo
Ceilão), Ásia Ocidental e Costa do Mediterrâneo (ALMEIDA, 2006, citado por NDAVA
2019). Na região Sul do continente africano a origem do arroz não é clara, sendo atribuído aos
Árabes, portugueses ou comerciantes asiáticos e imigrantes.
A partir dessa altura o arroz tornou-se uma das principais culturas alimentares em
Moçambique. Devido a um consumo crescente, o arroz ganhou mais destaque nos últimos
anos em relação à outras culturas alimentares tradicionais: Milho, mandioca, batata-doce,
Mapira. Dai que passou a ser considerada uma cultura estratégica (contribuição para a
segurança alimentar) e prioritária.
A produção nacional de arroz tem crescido nos últimos três anos, como consequência
do aumento das áreas cultivadas e como resultado do aumento do rendimento por hectare.
O regadio de Chokwè possui uma área total é de 30.000 ha, dos quais 20.000 são
irrigáveis. O regadio está dotado as infra-estruturas de irrigação e drenagem, obras de defesa
contra as cheias do rio Limpopo e pistas para a circulação interna e encontra-se dividido em
zonas hidro-agrícolas e por diques, constituindo uma das maiores obras de engenharia civil
construídas em Moçambique.
O regadio foi construído nos anos 50 e funcionou regularmente até 1974. A construção
da barragem de Massingir iniciou em 1972, para fazer frente à seca que se registara na década
de 60. Depois da independência, verificou-se a entrada de um grande número de camponeses,
reduzindo a taxa média de terra irrigada por agricultor, (MUEDUME, 1999).
Província Distritos
Água - é um insumo precioso e escasso na produção de arroz. A média total do uso da água
nos sistemas irrigados depende do tipo de solo e tipo de cultura e práticas de maneio.
(RICKMAN e ZANDAMELA, 2011 citado por MARTINS, 2015).
Solo - quanto à textura o arroz pode ser cultivado em vàrios tipos de solos dependendo do
sistema de rega a usar e das condições para o maneio cultural, sendo os mais recomendados
aluvionares, fraco-argilosos, franco-arenosos até aos argilosos, porém, são preferidos os
pesados devido à baixas perdas de água por percolação. (RICKMAN e ZANDAMELA, 2011
citado por MARTINS, 2015).
3.3. Calendário
Calendário agrícola que visam a implementação duma agricultura intensiva nos
regadios através do uso eficiente e sustentável da irrigação, mecanização, insumos (sementes
certificada/melhorada de alto rendimento, fertilizantes, insecticidas, herbicidas) e difusão de
novas tecnologias. O calendário agrícola constitui o primeiro passo para o sucesso das
actividades da produção, embora haja alguma diferença entre a zona centro e sul. A época de
cultivo do arroz engloba o período que vai de Outubro à Junho, sendo Novembro o mês de
transplante massivo e Maio o principal mês de colheita em todo o país. (MADUMA, 2020)
O nivelamento das parcelas individuais é limitado devido a resistência dos solos, enquanto no
sector privado (sector comercial), o nivelamento é limitado pelas características topográficas,
falta de mecanização e das práticas apropriadas durante a preparação da terra. O arroz é
produzido principalmente ao longo das terras baixas próximo dos rios e das regiões de deltas.
Os solos das zonas próximas de deltas dos rios geralmente variam de turfas (machongos) a
solos minerais (MADER, 2020)
3.5. Fertilizantes
De ponto de vista do (MADER, 2020) uma vez que os solos localizados próximos de
deltas dos rios são muitas vezes de natureza heterogénea, o arroz produzido em Moçambique
tem perdido a qualidade devido a uma gama da variação de fertilidade. Portanto, a correcção
para o equilíbrio dos nutrientes nos solos torna-se muito essencial para elevar a produtividade
do arroz.
Embora o país dispõe de recursos minerais (gás natural, fosfatos, cálcio e depósitos orgânicos)
que podem ser utilizados para o fabrico de fertilizantes, os mesmos ainda são importados do
exterior. As flutuações nos preços internacionais, a falta de infra-estruturas de armazenamento
e altos custos de logística para seu manuseamento constituem desafios que tem limitado o seu
acesso param os pequenos produtores. O exercício de demonstração de custo-benefícios no
uso de fertilizantes por equipas de extensão agrária e/ou agentes de comercialização são
escassos. Igualmente, o pequeno produtor tem acesso limitado ao conhecimento sobre
técnicas de aplicação dos fertilizantes (tempo, dosagem, modo de aplicação) e seu uso
eficiente.
3.6. Sementes
O Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), é responsável pela produção de
semente básica. A produção e comercialização de outras classes de semente é feita por
empresas privadas. Em Moçambique, as variedades aprovadas pelo Ministério da Agricultura
(BR 38/95) são: Tradicionais: Chupa, Chibiça, Agulha, Faia, Mamima, Ndegue, Muaia
Muriangani. Melhoradas: C4-63, IR-52, IR-64, ITA-212, ITA 312.
As variedades tradicionais são mais resistentes à seca e, por isso, geralmente utilizadas nas
culturas de sequeiro no sector familiar. Em contrapartida do baixo rendimento agrícola, estas
variedades são mais procuradas pelo seu sabor. As variedades melhoradas são de alto
rendimento, mas são menos procuradas (MUEDUME, 1999).
A monda (processo de eliminação das ervas daninhas. Distingue-se 2 tipos de monda: manual
e Controlo químico; uso de herbicidas, MADUMA, 2022) é a principal forma de controlo de
infestantes o que pode levar à ineficiência no controlo e à exigência de muita mão-de-obra.
Isto tudo condiciona na baixa eficiência ocasionando menor desenvolvimento e crescimento
da planta (Rickman e Zandamela, 2011 citado por MARTINS, 2015).
A alta pressão das ervas daninhas no sistema de sequeiro representa um enorme desafio que
afecta significativamente a produtividade do arroz sobretudo para os pequenos produtores.
Informações sobre as formas do controlo das ervas daninhas com recurso a métodos de gestão
ecologicamente viáveis não estão a ser disponibilizadas pelos agentes de extensão local.
Embora existem recomendações do uso dos produtos químicos contra as ervas daninhas tais
(MADER, 2020):
A falta de acessibilidade destes produtos aos pequenos produtores impede a redução do nível
de infestação das ervas daninhas através de métodos eficientes. O conhecimento limitado
sobre o tempo, quantidade e o método de aplicação de herbicidas tem sido uma das principais
ameaças em relação as medidas de higiene e segurança.
Os pássaros têm sido a principal causa das perdas do arroz na fase de espigamento e colheita,
o que é muito comum nas províncias de Gaza, Sofala e Maputo. Os pequenos produtores não
estão organizados em blocos de forma a permitir um controlo efectivo dos pássaros. Outros
grandes desafios que afectam a produtividade do arroz são as pragas migratórias, pragas de
armazém (gorgulhos e ratos) e doenças. Porém, constata-se que a extensão agrária não tem
tido capacidade suficiente para realizar um diagnóstico efectivo ou apoiar os produtores em
termos de conselhos e medidas preventivas (MADER, 2020).
3.9. Mecanização
Em Moçambique a maior parte dos pequenos produtores são (sector familiar) não
possuí conhecimentos técnicos suficientes sobre as opções e vantagens do uso da
mecanização agrícola. Os benefícios económicos e custos da mecanização não são divulgados
por forma a serem entendidos pelos intervenientes da cadeia de valor. Assim, os pequenos
produtores limitam-se apenas a empregarem a mão-de-obra familiar, e a sua contratação pelo
sector familiar é onerosa (custos elevados e sua sub-optimização: máquinas maiores em
campos menores), (MADER, 2020).
Segundo (MADER, 2020) embora a posse de máquinas tem aumentado nas últimas duas
décadas a maior parte destas são do sector comercial. Contudo, este sector ainda carece de
informações sobre os custos e energia-máquinas durante as operações de campo. Em
Moçambique, a contratação dos serviços de tractores e/ou máquinas pelos pequenos
produtores estão disponíveis apenas em alguns lugares onde os proprietários de máquinas
(sector comercial) oferecem-se para a preparação da terra ou apoiarem alguns vizinhos
normalmente depois dos proprietários concluírem as suas operações de campo.
3.10. Colheita
Duma maneira geral, a colheita do arroz em Moçambique é feita à mão e as perdas da
colheita ao descasque são aproximadamente 30-40%. A colheita mecanizada usando auto-
combinadas é rara, sendo feita por alguns agricultores e empresas agrícolas da província de
Gaza. No entanto, os pequenos produtores usam meios tradicionais para a secagem, debulha
do arroz. O processamento é feito manualmente (RICKMAN e ZANDAMELA, 2011 citado
por MARTINS, 2015).
Manual - As práticas de colheita e pós colheita são rudimentares para a maioria dos
camponeses (perdas pós colheita e desperdícios). O arroz proveniente do sector familiar é
processado manualmente por meio de batidas no tambor e por outros métodos tradicional.
3.11. Processamento
O arroz é usado na alimentação humana depois do descasque e branqueamento, de onde
resulta o arroz inteiro mais ou menos misturado com as trincas, como produto principal, os
subprodutos (a moinha, o farelo, as sêmeas e o gérmen) e os resíduos que são as cascas e as
impurezas. Após a colheita, o arroz é seco, ao sol ou em secadores mecânicos, de modo a
facilitar a sua conservação.
4. Importância do Arroz
A importância deste cereal é dada pelo seu peso na alimentação humana: os cereais
constituem a alimentação básica do ser humano e o arroz é o cereal mais consumido no
mundo. Do arroz dependem muitos países, tanto sob o ponto de vista económico, peso nas
exportações, como no consumo, em particular, no Oriente. Talvez por isso, o mundo gasta
elevadas somas na investigação que têm vindo a elevar a produção e o rendimento agrícola
mundial (MUEDUME, 1999).
O arroz é um dos cereais mais produzidos no mundo e desempenha papel estratégico sob os
aspectos económico e social nos países asiáticos e nas regiões de baixa renda, como países da
África sobretudo Moçambique, por ser um dos alimentos mais importantes na nutrição
humana. (SITOE et all, 2021). Em Moçambique, o consumo de arroz continua crescendo e a
procura provém dos mercados urbanos, os quais preferem variedades de boa qualidade, com
grão de tamanho médio á longo.
(https://pt.slideshare.net/calistodapaz/producao-de-arroz-em-mocambique)
5. Impactos ambientais da produção de arroz
Impactos ambientais associados á agricultura estão associados a agricultura estão
directamente relacionados a problemas como erosão do solos, desmatamento, uso de agro-
tóxicos, entre outros exemplos dos prejuízos causados aos recursos naturais (DAL SOGLIO,
2009 citado por BELLOLI e GUASSELLI, 2016). Com o emprego de fertilizantes e agro-
tóxicos, tem-se impactos imediatos a perda de nutrientes do solo, a contaminação dos
mananciais de água e comprometimento dos demais recursos.
No caso do arroz irrigado, o sistema de maneio empregado nas lavouras tem sido considerado
responsável pelo alto impacto ambiental, verificado na qualidade de água dos rios e barragens,
em função do maneio inadequado no momento da irrigação, gerando a salinização dos solos,
contaminação da água, consumo exagerado da disponibilidade hídrica e problemas de saúde
pública (BELLOLI e GUASSELLI, 2016).