Direito Das Obrigaçoes - Final

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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE DIREITO

Tema: Classificação dos contratos

Marrufo Saíde

Código
81220283
Nampula, Maio de 2023

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Nome:
Marrufo Saíde

Tema: Classificação dos contratos

Trabalho de campo de Direitos das


Obrigações a ser submetido na
coordenação do curso de Direito na
UnIsced do 2º ano

Código
81220283
Nampula, Maio de 2023

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Índice

Introdução...............................................................................................................................4

1. Classificaçao dos contratos.................................................................................................5

1.1. Quanto aos efeitos............................................................................................................5

1.1.1. Contratos gratuitos ou benéficos e onerosos.................................................................8

1.1.2. Contratos Comutativos e Aleatórios.............................................................................9

1.1.3. Contratos aleatórios por natureza................................................................................10

1.1.4. Contratos acidentalmente aleatórios...........................................................................10

1.2. Quanto ao modo.............................................................................................................11

1.3. Quanto à forma...............................................................................................................13

1.3.1. Contratos Consensuais e Reais...................................................................................14

2. Os efeitos dos contratos....................................................................................................15

Conclusão..............................................................................................................................17

Bibliografia...........................................................................................................................18

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Introdução

Os contratos são acordos legais entre duas ou mais pessoas que estabelecem obrigações e
direitos. Quando um contrato é celebrado, ele produz efeitos que afetam as partes
envolvidas. Esses efeitos podem ser classificados em diversos tipos, dependendo do
conteúdo do contrato e da intenção dos interessados.

Neste trabalho, abordaremos os principais tipos de efeitos contratuais e a vigência dos


contratos. Entender seus efeitos é fundamental para garantir que todas as partes envolvidas
estejam cientes das suas obrigações e direitos, e que o contrato seja cumprido em
conformidade com o que foi estipulado.

Neste trabalho, apresentaremos a classificação dos contratos (quanto a forma, modo e aos
efeitos), como um fator importantíssimo na aplicabilidade da justiça constitucional.

Sabemos que a constituição como norma suprema do ordenamento jurídico não tem valor
enquanto não houver entidades com poderes para fazer valer essa qualidade de norma
suprema do ordenamento jurídico. É justamente por esse facto que a própria constituição
estabelece várias formas destinadas a garantir que seja salvaguardada a sua supremacia, e
que seja zelada por entidades com poderes para tal.

Contudo, esperamos com esta abordagem traga elementos relevantes que possam nos
acompanhar no processo de aprendizagem e assimilação dos objectivos traçados para este
módulo.

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1. Classificaçao dos contratos

De acordo com Canotilho (2003), o contrato é formado pela vontade das partes, deve ser
composto por uma ou mais parte interessada, no qual se estabelecem as cláusulas que
criam, extinguem ou modificam o direito. O contrate então se trata de uma operação
econômica, onde é costume haver um advogado intermediando o processo. Esse
profissional atuaria elaborando o documento e apresentando para as partes envolvidas seus
direitos e obrigações.

Por ser um contrato um acordo entre duas ou mais pessoas ou empresas, existem diferentes
tipos desse documento, tais como: contrato de aluguel, contrato de compra e venda,
contrato de prestação de serviços, etc.

É de se frisar que um mesmo fenômeno pode ser classificado de diversas formas, conforme
o ângulo em que se coloca o analista. Desse modo, os contratos classificam-se em diversas
modalidades, subordinando-se a regras próprias ou afins, conforme as categorias em que se
agrupam. Sendo assim, Gonçalves (2014), descreve a seguinte classificação:

Quanto aos efeitos – em unilaterais, bilaterais e plurilaterais (gratuitos e onerosos). Os


últimos subdividem-se em comutativos e aleatórios, e estes, em aleatórios por natureza e
acidentalmente aleatórios.

Quanto ao modo – por que existem, em principais, acessórios ou adjetos e derivados ou


subcontratos.

Quanto à forma – em solenes ou formais e não solenes ou de forma livre; consensuais e


reais.

1.1. Quanto aos efeitos

A esta classificação, temos: Contratos Unilaterais, Bilaterais e Plurilaterais

Unilaterais: são os contratos que criam obrigações unicamente para uma das partes, como a
doação pura, por exemplo. Segundo Gouveia (2005, p. 192), o contrato “é unilateral se, no
momento em que se forma, origina obrigação, tão somente, para uma das partes — ex uno

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latere”. consiste no contrato em que só uma da parte tem a obrigação, enquanto a outra
apenas concorda com os termos, como no caso do contrato de doação pura.

Bilaterais: são os contratos que geram obrigações para ambos os contratantes, como a
compra e venda, a locação, o contrato de transporte etc. É o contrato no qual há prestação e
contraprestação estipulada entre as partes, como no contrato de compra e venda. Essas
obrigações são recíprocas, sendo por isso denominados sinalagmáticos, da palavra grega
sinalagma, que significa reciprocidade de prestações.

Na compra e venda, dispõe o art. 481 do Código Civil, um dos contraentes se obriga a
transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. A
obrigação de um tem por causa a do outro. Não é necessário, todavia, que todas as
prestações sejam estabelecidas com esse nexo de reciprocidade e equivalência, bastando
que o sejam as obrigações principais, podendo haver obrigações acessórias (devolver as
coisas ao término do contrato) ou deveres de conduta (dar informações) apenas de uma das
partes.

Plurilaterais: são os contratos que contêm mais de duas partes. Trata-se da possibilidade da
existência de vários polos no contrato, cada um com seus deveres e direitos distintos, sendo
vontades próprias. Na compra e venda, mesmo que haja vários vendedores e compradores,
agrupam-se eles em apenas dois polos: o ativo e o passivo.

Se um imóvel é locado a um grupo de pessoas, a avença continua sendo bilateral, porque


todos os inquilinos encontram-se no mesmo grau. Nos contratos plurilaterais ou plúrimos,
temos várias partes, como ocorre no contrato de sociedade, em que cada sócio é uma parte.

Assim também nos contratos de consórcio. Uma característica dos contratos plurilaterais é
a rotatividade de seus membros. A sua principal característica consiste no fato de que,
mediante a sua realização, as partes perseguem um fim comum.

Desse modo, o chamado contrato plurilateral se manifesta, em realidade, como ato coletivo,
o qual é, efetivamente, do tipo negocial, mas não é figura contratual. Disto é exemplo
eloquente a sociedade, da qual constituem características a ausência do elemento

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“consentimento” e a possibilidade de sua formação (e de sua gestão) mediante deliberação
também majoritária; daí a sua exclusão do rol dos contratos.

Podem ser apontadas algumas vantagens práticas da distinção entre contratos unilaterais e
bilaterais:

 a exceptio non adimpleti contractus e a cláusula resolutiva tácita somente se


amoldam ao contrato bilateral, que requer prestações simultâneas, não podendo um
dos contratantes, antes de cumprir sua obrigação, exigir o implemento da do outro
(CC, art. 476, primeira parte);
 A teoria dos riscos só é aplicável ao contrato bilateral, no qual se deverá apurar qual
dos contraentes sofrerá as consequências da perda da coisa devida ou da
impossibilidade da prestação;
 No contrato bilateral pode uma das partes recusar-se à prestação que lhe incumbe,
se, depois de concluído o contrato, sobrevier ao outro contratante diminuição em
seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se
obrigou (CC, art. 477).

À primeira vista pode parecer estranho denominar-se um contrato unilateral, porque todo
contrato resulta de duas manifestações de vontade. Sob este aspecto, isto é, o de sua
formação, o contrato é, realmente, sempre bilateral, pois se constitui mediante concurso de
vontades. Entretanto, a classificação em unilateral e bilateral é feita não sob o prisma da
formação dos contratos, mas, sim, sob o dos efeitos que acarretam. Os que geram
obrigações recíprocas são bilaterais. E os que criam obrigações unicamente para um dos
contraentes são unilaterais.

Parte da doutrina vislumbra uma categoria intermediária: a do contrato bilateral imperfeito.


Assim é denominado o unilateral que, por circunstância acidental, ocorrida no curso da
execução, gera alguma obrigação para o contratante que não se comprometera. Pode
ocorrer com o depósito e o comodato quando, por exemplo, surgir para o depositante e o
comodante, no decorrer da execução, a obrigação de indenizar certas despesas realizadas
pelo comodatário e pelo depositário.

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Também é assim considerado aquele contrato que, já na sua celebração, atribui prestações
às duas partes, mas não em reciprocidade (o comodante tem a obrigação de propiciar ao
comodatário o gozo da coisa, e este, a de restituí-la, como estatuem os arts. 579 e s. do CC).

O contrato bilateral imperfeito subordina-se ao regime dos contratos unilaterais porque


aquelas contraprestações não nascem com a avença, mas de fato eventual, posterior à sua
formação, não sendo, assim, consequência necessária de sua celebração.

Essa modalidade de contrato, precisamente porque continua sendo unilateral, como fica
claro na classificação de Tartuce (2007, p. 328), está “fora do instituto da resolução,
porquanto inexiste prestação correspectiva que possa ser incumprida, pressuposto do
surgimento do direito resolutivo. A eventual obrigação, posteriormente criada, não decorre
da vontade contratual, mas da incidência da lei...”.

1.1.1. Contratos gratuitos ou benéficos e onerosos

Quanto às vantagens patrimoniais que podem produzir, os contratos classificam-se em


gratuitos e onerosos.

Gratuitos ou benéficos – são aqueles em que apenas uma das partes aufere benefício ou
vantagem, como sucede na doação pura, no comodato, no reconhecimento de filho etc. Para
a outra há só obrigação, sacrifício. Nessa modalidade, outorgam-se vantagens a uma das
partes sem exigir contraprestação da outra.

Nos contratos onerosos – ambos os contraentes obtêm proveito, ao qual, porém,


corresponde um sacrifício. São dessa espécie quando impõem ônus e, ao mesmo tempo,
acarretam vantagens a ambas as partes, ou seja, sacrifícios e benefícios recíprocos. É o que
se passa com a compra e venda, a locação e a empreitada, por exemplo. Na primeira, a
vantagem do comprador é representada pelo recebimento da coisa, e o sacrifício, pelo
pagamento do preço. Para o vendedor, o benefício reside no recebimento deste, e o
sacrifício, na entrega da coisa. Ambos buscam um proveito, ao qual corresponde um
sacrifício.

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A doutrina distingue os contratos gratuitos propriamente ditos dos contratos
desinteressados. Aqueles acarretam uma diminuição patrimonial a uma das partes, como
sucede nas doações puras. Estes, subespécies dos primeiros, não produzem esse efeito,
malgrado beneficiem a outra parte (comodato e mútuo, p. ex.).

Para Vasconcelos et al. (2019), todo contrato oneroso é, também, bilateral. E todo unilateral
é, ao mesmo tempo, gratuito. Não, porém, necessariamente. O mútuo feneratício ou
oneroso (em que é convencionado o pagamento de juros) é contrato unilateral e oneroso.
Unilateral porque de natureza real: só se aperfeiçoa com a entrega do numerário ao
mutuário, não bastando o acordo de vontades. Feita a entrega (quando o contrato passa a
produzir efeitos), nenhuma outra obrigação resta ao mutuante. Por isso se diz que gera
obrigação somente para o mutuário.

Como exemplo de contrato que pode ser bilateral e gratuito menciona-se o mandato,
embora se trate de bilateral imperfeito, visto que, para o mandante, a obrigação surge, em
geral, a posteriori (a de pagar as despesas necessárias à sua execução.).

A proteção outorgada ao contratante que recebe a título gratuito é menos importante que a
conferida a quem obtém a título oneroso. Assim, por exemplo, os negócios jurídicos
benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente (CC, art. 114); no caso de fraude contra
credores, os contratos gratuitos são tratados mais rigorosamente do que os onerosos (CC,
arts. 158 e 159); o doador não está sujeito à evicção (CC, art. 552), que por disposição
expressa da lei só se aplica aos contratos onerosos (CC, art. 447), nem está sujeito às ações
decorrentes da existência de vícios redibitórios — a menos que se trate de doação gravada
de encargo, pois a responsabilidade por esses vícios só pode decorrer de contrato
comutativo que é espécie de contrato oneroso.

1.1.2. Contratos Comutativos e Aleatórios

Os contratos onerosos subdividem-se em comutativos e aleatórios.

Comutativos são os de prestações certas e determinadas. As partes podem antever as


vantagens e os sacrifícios, que geralmente se equivalem, decorrentes de sua celebração,
porque não envolvem nenhum risco.

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Na ideia de comutatividade está presente a de equivalência das prestações, pois, em regra,
nos contratos onerosos, cada contraente somente se sujeita a um sacrifício se receber, em
troca, uma vantagem equivalente. Todavia, pode não haver equivalência objetiva, mas
subjetiva, existente apenas no espírito dos contraentes, e não necessariamente na realidade,
visto que cada qual é juiz de suas conveniências e interesses. Assim, na compra e venda,
por exemplo, o vendedor sabe que irá receber o preço que atende aos seus interesses, e o
comprador, que lhe será transferida a propriedade do bem que desejava adquirir.

Contrato comutativo é, pois, o oneroso e bilateral, em que cada contraente, além de receber
do outro prestação relativamente equivalente à sua, pode verificar, de imediato, essa
equivalência.

1.1.3. Contratos aleatórios por natureza

Contrato aleatório “é o bilateral e oneroso em que pelo menos um dos contraentes não pode
antever a vantagem que receberá, em troca da prestação fornecida. Caracteriza-se, ao
contrário do comutativo, pela incerteza, para as duas partes, sobre as vantagens e sacrifícios
que dele podem advir” (Miranda 2002, p. 99). É que a perda ou lucro dependem de um fato
futuro e imprevisível.

O vocábulo aleatório é originário do latim alea, que significa sorte, risco, acaso. São
exemplos dessa subespécie os contratos de jogo, aposta e seguro. Já se disse que o contrato
de seguro é comutativo porque o segurado o celebra para se acobertar contra qualquer risco.
No entanto, para a seguradora é sempre aleatório, pois o pagamento ou não da indenização
depende de um fato eventual.

1.1.4. Contratos acidentalmente aleatórios

Além dos aleatórios por natureza, há contratos tipicamente comutativos, como a compra e
venda, que, em razão de certas circunstâncias, tornam-se aleatórios. Denominam-se
contratos acidentalmente aleatórios.

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Os contratos acidentalmente aleatórios são de duas espécies: a) venda de coisas futuras; e b)
venda de coisas existentes mas expostas a risco. Nos que têm por objeto coisas futuras, o
risco pode referir-se: a) à própria existência da coisa; e b) à sua quantidade.

Do risco respeitante à própria existência da coisa trata o art. 458 do Código Civil. Tem-se,
na hipótese, a emptio spei ou venda da esperança, isto é, da probabilidade de as coisas ou
fatos existirem. O art. 459 cuida do risco respeitante à quantidade maior ou menor da coisa
esperada (emptio reisperatae ou venda da coisa esperada). A venda de coisas já existentes
mas sujeitas a perecimento ou depreciação é disciplinada nos arts. 460 e 461.

A distinção entre contratos comutativos e aleatórios é de indiscutível importância, visto que


estão submetidos a regimes legais diversos. Assim, por exemplo, o Código Civil, ao cuidar
da evicção, restringe-a ao campo dos contratos comutativos; os vícios redibitórios
apresentam-se, exclusivamente, nos contratos comutativos (CC, art. 441); criou-se um
regime especial para os contratos aleatórios, nos arts. 458 a 461; a rescisão por lesão não
ocorre nos contratos aleatórios, mas apenas nos comutativos.

Com efeito, a possibilidade de oferecimento de suplemento suficiente, prevista no art. 157


do novo Código Civil, reforça a ideia defendida pela doutrina de que a lesão só ocorre em
contratos comutativos, em que a contraprestação é um dar e não um fazer, e não nos
aleatórios, pois nestes as prestações envolvem risco e, por sua própria natureza, não
precisam ser equilibradas.

1.2. Quanto ao modo

A presente classificação toma como ponto de partida o fato de que alguns contratos
dependem, lógica e juridicamente, de outro como premissa indispensável. Os contratos dos
quais dependem chamam-se principais.Contratos principais são os que têm existência
própria, autônoma e não dependem, pois, de qualquer outro, como a compra e venda e a
locação.

Os contratos que, no entanto, dependem da existência de outros são chamados de


acessórios. Contratos acessórios, assim, são os que têm sua existência subordinada à do
contrato principal, como a cláusula penal, a fiança etc. Assinala Tartuce (2007) que a

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função predominante dos contratos acessórios é garantir o cumprimento de obrigações
contraídas em contrato principal, como o penhor, a hipoteca convencional, a fiança e
similares. Entretanto, aduz, não são apenas acessórios os contratos de garantia, mas todos
os que têm como pressuposto outro contrato.

A distinção entre contratos principais e acessórios encontra justificativa no princípio geral


de que o acessório segue o destino do principal. Em consequência:

 Nulo o contrato principal, nulo será também o negócio acessório; a recíproca,


todavia, não é verdadeira (CC, art. 184);
 A prescrição da pretensão concernente à obrigação principal acarretará a da relativa
às acessórias, embora a recíproca também não seja verdadeira; desse modo, a
prescrição da pretensão a direitos acessórios não atinge a do direito principal.

António (2012), com apoio em Santoro Passarelli, afirma que os contratos acessórios
podem ser preparatórios, como o mandato; integrativos, como a aceitação do terceiro na
estipulação em seu favor; complementares, como a adesão a um contrato aberto.

Alguns contratos são denominados derivados ou subcontratos, por também dependerem ou


derivarem de outros. Contratos derivados são os que têm por objeto direitos estabelecidos
em outro contrato, denominado básico ou principal. Entre os principais subcontratos
destacam-se a sublocação, a subempreitada e a subconcessão.

Esses contratos têm em comum com os acessórios o fato de que ambos são dependentes de
outro. Diferem, porém, pela circunstância de o derivado participar da própria natureza do
direito versado no contrato-base. Nessa espécie de avença, um dos contratantes transfere a
terceiro, sem se desvincular, a utilidade correspondente à sua posição contratual. O
locatário, por exemplo, transfere a terceiro os direitos que lhe assistem, mediante a
sublocação.

O contrato de locação não se extingue. E os direitos do sublocatário terão a mesma


extensão dos direitos do locatário, que continua vinculado ao locador. O subcontrato
também se distingue da cessão da posição contratual, na qual o contrato básico persiste em
sua integridade, mas com novo titular, o cessionário. No contrato derivado, no entanto,

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surge uma nova relação contratual, sem alteração da primeira, havendo apenas um dos
sujeitos que é titular de ambos os contratos.

Segundo a lição de Vasconcelos (2019), o subcontrato se distingue da cessão do contrato


porque dá lugar ao nascimento de um direito novo, embora do mesmo conteúdo e de
extensão não maior (nemo plus iuris etc.) que o contrato básico, enquanto a cessão de
contrato transfere ao cessionário o mesmo direito pertencente ao cedente.

Os contratos personalíssimos ou intuitu personae não admitem a subcontratação, pois são


celebrados em razão das qualidades pessoais do obrigado. Também não a permitem os
contratos de execução instantânea, tendo em vista que o subcontrato é um negócio de
duração.

1.3. Quanto à forma

Formais ou Solenes: Contratos que tem forma prescrita em lei, como a fiança e o seguro,
que só valem se escritos, ou a compra e venda de imóvel que, em regra, só vale por
escritura pública. Contratos formais são aqueles em que a lei impõe determinada
formalidade. É o que ocorre, por exemplo, com o contrato de fiança que deve ser escrito.

Solenes são os contratos que devem obedecer à forma prescrita em lei para se aperfeiçoar.
Quando a forma é exigida como condição de validade do negócio, este é solene e a
formalidade é ad solemnitatem, isto é, constitui a substância do ato (escritura pública na
alienação de imóveis, pacto antenupcial, testamento público etc.). Não observada, o
contrato é nulo (CC, art. 166, IV).

Dizem-se solenes os contratos que só se aperfeiçoam quando o consentimento é expresso


pela forma prescrita na lei. Também denominam-se contratos formais. A solenidade exigida
consiste em serem lavrados por tabelião. Têm como forma a escritura pública”.

Quando a formalidade é exigida não como condição de validade, mas apenas para facilitar a
prova do negócio, diz-se que ela é ad probationem tantum.

Não formais: Contratos de forma livre – ex: compra e venda da maioria dos bens móveis. O
contrato é o negócio jurídico bilateral, ou plurilateral (acordo das partes e sua manifestação

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externa), pois depende de mais de uma declaração de vontade, que sujeita as partes à
observância de conduta idônea à satisfação dos interesses de que regularam, visando criar,
modificar, resguardar, transmitir ou extinguir relações jurídicas. O contrato informal, em
contraposição, é o que a lei não impõe qualquer formalidade.

Contratos não solenes são os de forma livre. Basta o consentimento para a sua formação.
Como a lei não reclama nenhuma formalidade para o seu aperfeiçoamento, podem ser
celebrados por qualquer forma, ou seja, por escrito particular ou verbalmente. Em regra, os
contratos têm forma livre, salvo expressas exceções. Podem ser mencionados como
exemplos, dentre inúmeros outros, os contratos de locação e os de comodato. Dispõe, com
efeito, o art. 107 do Código Civil: “A validade da declaração de vontade não dependerá de
forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir”.

Por outro lado, “não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade
dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de
direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente
no País” (CC, art. 108).

Têm as partes permissão para estipular que determinado contrato só poderá ser celebrado
por instrumento público. Neste caso, este será da “substância do ato” (CC, art. 109). E o
contrato, que não seria, em princípio, formal, passa a sê-lo. Todavia, um contrato solene
não terá validade se não for celebrado por instrumento público, ainda que as partes o
tenham dispensado.

O principal efeito prático da distinção entre contratos solenes e não solenes reside no fato
de serem nulos os primeiros, se não observada a forma prescrita em lei, que é elemento
essencial à sua validade, ao passo que os segundos não.

1.3.1. Contratos Consensuais e Reais

Contratos consensuais são aqueles que se formam unicamente pelo acordo de vontades
(solo consensu), independentemente da entrega da coisa e da observância de determinada
forma. Por isso, são também considerados contratos não solenes.

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Embora se possa dizer que todo contrato, na sua formação, é consensual no sentido de que
pressupõe o consentimento, alguns existem para cujo aperfeiçoamento a lei nada mais exige
que esse consentimento. A classificação em epígrafe também encara os contratos segundo a
maneira como se aperfeiçoam. Como predomina, no direito moderno, o princípio do
consensualismo pode-se afirmar que o contrato consensual é a regra, sendo exceções os
contratos reais.

A compra e venda de bens móveis, por exemplo, quando pura, pertence à classe dos
contratos consensuais, segundo dispõe o art. 482 do Código Civil, pois “considerar-se-á
obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço”(grifei).

Contratos reais são os que exigem, para se aperfeiçoar, além do consentimento, a entrega
(traditio) da coisa que lhe serve de objeto, como os de depósito, comodato, o mútuo, por
exemplo, e alguns poucos (penhor, anticrese, arras). Esses contratos não se formam sem a
tradição da coisa. Antes pode existir promessa de contratar, mas não existe depósito,
comodato ou mútuo. A efetiva entrega do objeto não é fase executória, porém requisito da
própria constituição do ato.

Em regra, os contratos reais são unilaterais, visto que, entregue a coisa (quando o contrato
torna-se perfeito e acabado), só resta a obrigação para o depositário, o comodatário e o
mutuário.

Nada impede, porém, como lembra Orlando Gomes, que a realidade se exija como requisito
para a formação de um contrato bilateral, ainda que excepcionalmente. O depósito, frisa, no
qual o depositante se obriga a remunerar o depositário, “é contrato bilateral que, todavia, só
se torna perfeito e acabado com a entrega da coisa” (Gonçalves 2014, p. 261).

2. Os efeitos dos contratos

Existem diferentes tipos de contratos, que podem variar de acordo com o setor, finalidade e
forma. A título de exemplo podemos citar os contratos de compra e venda, contratos de
prestação de serviços, contratos de locação, contratos de empréstimo e contratos de
trabalho.

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Cada tipo de contrato produz diferentes efeitos, dependendo do que foi previamente
estabelecido pelos envolvidos. Em concordancia com Conotilho (2003), os contratos
apresentam quatro efeitos principais:

Criam obrigações: Quando um contrato é assinado, as partes vinculadas assumem


obrigações entre si. Essas obrigações podem ser de diferentes tipos, como entregar um
produto, prestar um serviço ou pagar uma quantia em dinheiro.

Geram direitos: Os contratos também geram direitos para as partes envolvidas. Por
exemplo, o direito de receber o produto ou serviço contratado ou o direito de receber o
pagamento combinado. Caso uma das partes não cumpra as obrigações estabelecidas no
contrato, ela pode ser considerada responsável pelo descumprimento do acordo. A parte
prejudicada pode buscar reparação pelos danos sofridos.

Estabelecem prazos: Todo contrato tem um prazo de vigência, ou seja, um período de


tempo em que as obrigações e direitos estabelecidos serão válidos. Esse prazo pode ser
determinado ou indeterminado, dependendo do tipo de contrato.

Definem penalidades: Em caso de descumprimento das obrigações estabelecidas no


contrato, as partes vinculadas podem sofrer penalidades. Essas penalidades podem ser
multas, juros ou outras sanções previstas em lei ou no próprio contrato, ou seja, há proteção
legal.

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Conclusão

Ao longo deste artigo, discutimos os diferentes tipos de efeitos que os contratos podem
produzir, desde sua vigência até seus impactos sobre terceiros e as particularidades dos
contratos na internet. Fica claro que os contratos são instrumentos fundamentais para as
relações comerciais e pessoais, estabelecendo relações saudáveis e seguras entre as pessoas
e as empresas envolvidas. Para isso, é recomendável contar com uma consultoria jurídica
capaz de auxiliá-lo na assinatura do contrato mais adequado para o seu negócio!

Contudo, O direito das obrigações é a base de toda relação jurídica privada. É


extremamente importante se atentar para a enorme gama de atuação por parte dos
advogados, que devem prezar pelos detalhes específicos cabíveis em cada caso concreto
para que o direito seja bem utilizado ou não seja mau utilizado.

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Bibliografia

António C., et al. (2012). Estudos de Direito Constitucional Moçambicano – Contributos


para a reflexão. Maputo: CFJJ-FDUEM-ISCTEM.

Canotilho, J. J. G. (2003). Direito das Obrigações. (7ª ed.). Lisboa: Almedina.

Gouveia, J. B. (2005). Manual de Direito da Obrigações. Vol. II. (2ª ed.). Lisboa: Almeida.

Miranda, J. (2022). A Fiscalização da Constitucionalidade, (2ª ed.). Revista Actualizada,


Lisboa: Almedina.

Prata, A. (2008). Dicionário Jurídico. (5ª ed.). Lisboa: Almedina.


Vasconcelos, P. P. et al. (2019). Teoria Geral do Direito. (9ª ed.). Lisboa: Almedina.
Tartuce, F. (2007). Manual de Direito Civil: volume único. (7ª ed.). Rio de Janeiro:
Forense.

Gonçalves, C. R. (2014). Direito Civil Brasileiro, volume III: contratos e atos unilaterais.
(11ª ed.). São Paulo: Saraiva.
Legislação

 Constituição da República (CRM) de 2004


 Constituição da República (CRM) de 1990
 Lei n.º 6/2006, de 02 de Agosto (lei orgânica do Conselho Constitucional)
 Lei n.º 5/2008 de 09 de Julho (lei orgânica do Conselho Constitucional que faz uma
alteração pontual da lei 6/2006, de 02 de Agosto).
 Lei n. º 9/2003 de 22 de Outubro (lei orgânica do Conselho Constitucional
revogada)

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