02-Nota Técnica Priorização Transporte - V4-Capa
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Sumário executivo
Esta nota técnica faz uma análise empírica para avaliar a relação
entre algumas medidas propostas pelo último Plano Diretor Estratégico
(PDE) de São Paulo, elaborado em 2014, e seus efeitos quanto à priorização
do sistema transporte coletivo e as medidas de desestímulo ao uso do
automóvel. A análise apresentada a seguir está organizada em duas partes.
A primeira aborda a política de implantação dos corredores exclusivos de
ônibus, por ser um elemento central para incentivar o uso do transporte
coletivo, reduzir tempos de viagem por esse modo e aumentar a eficiência
do sistema. A segunda avalia os efeitos do PDE no desincentivo ao uso do
automóvel, a partir do espaço destinado para vagas de garagens,
especialmente em novos empreendimentos residenciais nas proximidades
dos EETU. Para o estudo dos corredores de ônibus, os traçados viários
existentes até o momento, disponibilizados pelo Centro de Estudos da
Metrópole (CEM1), foram comparados ao planejamento e execução das
obras previstas no PDE 2.
Constatou-se que apenas 5,4% dos corredores exclusivos de ônibus
previstos no PDE para 2016 foram implantados. Foram identificadas
também disparidades importantes na existência, no planejamento e na
implantação efetiva dos corredores entre diferentes regiões do município
de São Paulo. Atualmente as regiões Leste 2 e Leste 1 apresentam
respectivamente por volta de 20 e 11 vezes mais habitantes por quilômetro
de corredor de ônibus do que a região administrativa do Centro. Observa-
se, portanto, uma desigualdade territorial em que as áreas periféricas da
região leste, cujos residentes dependem e utilizam mais o transporte
coletivo, são as que têm a pior proporção entre infraestrutura e população
residente na área.
1 https://centrodametropole.fflch.usp.br/pt-br/file/17847/download?token=Fe709A0n
2 https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/marco-regulatorio/plano-diretor/arquivos/
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Além disso, a análise das vagas de garagem indicou um crescimento
substantivo da concentração de vagas para os automóveis em
empreendimentos residenciais fora dos EETU, mas ainda nas áreas de
influência dos eixos de transporte público, o que pode indicar apenas uma
realocação das vagas para essas áreas. Essa hipótese precisa ser testada
com métodos mais robustos de inferência causal, portanto, vale mencionar
que as análises aqui são indicativas e preliminares, mas já sugerem uma
direção a ser melhor investigada.
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coletivo. Nos EETU, o plano estabelece os limites máximos de 1 vaga de
garagem por unidade habitacional nos usos residenciais (Art. 80, III, a) e
1 vaga por 70 m² de área construída computável nos usos comerciais (Art.
80, III, b). O plano ainda estabelece que a Lei de Zoneamento deve
incentivar a construção de edifícios-garagem próximo às extremidades dos
eixos de transporte (Art. 27, XLVI).
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corredores de ônibus no município de São Paulo, foram previstos mais 208
km que deveriam ter sido implantados até o ano de 2016 (somando 368
km) e outros 322 km planejados para o ano de 2025 (totalizando 690 km).
Observa-se, no entanto, que foram implantados apenas 5,4% (11,8 km)
dos corredores de ônibus previstos para 2016.
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Os atrasos na implantação dos novos corredores de ônibus
comprometem os objetivos de melhorar a eficiência e qualidade do sistema
de transporte coletivo e reduzir as desigualdades (homogeneização) nas
condições de macroacessibilidade entre diferentes regiões do município
(Art. 227, II).
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Figura 2 - Quilômetros de corredores de ônibus por região administrativa.
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Figura 3 - Razão da população por quilômetro de corredor de ônibus nas regiões administrativas.
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carentes de corredores como a Leste 1, 2 e Norte 1 é de uma ordem de
magnitude que salta aos olhos. Basta notar os valores de outras regiões de
caráter mais residencial como a Sul 1 e 2, cuja ordem de grandeza é muito
mais próxima da Oeste.
Desestimular o carro?
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mesma tendência, passando de 275 mil entre 2009 e 2013 para 132 mil
entre 2014 e 2018, uma queda de 52%.
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lidar com a interdependência das dinâmicas territoriais e seus efeitos
adversos.
Figura 5 - Número de vagas de garagem por 100 m² de área útil nos eixos e em suas bordas
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Figura 6 - Concentração de empreendimentos lançados entre 2014 e 2018 com maior número de
vagas de garagem
Figura 7 - Detalhe da figura 6 em locais selecionados com área de serviço de estações de trilhos e
EETU
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Recomendações para políticas
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Referências
Prefeitura Municipal de São Paulo. Lei Municipal nº 16.050, de 31 de julho
de 2014. Aprova a Política de Desenvolvimento Urbano e o Plano
Diretor Estratégico do Município de São Paulo e revoga a Lei nº
13.430/2002. Disponível em:
<https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/marco-
regulatorio/plano-diretor/texto-da-lei-ilustrado/>
Prefeitura Municipal de São Paulo. Anexo Único do Decreto nº 56.384, de
24 de fevereiro de 2016. Institui o Plano Municipal de Mobilidade
Urbana de São Paulo – PlanMob/SP 2015. Disponível em:
<https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/transportes/p
lanmob/index.php?p=189299>
Coordenadoria de Planejamento Urbano - PLANURBE. Monitoramento e
avaliação da implementação do Plano Diretor Estratégico: relatório
de atividades. Dezembro de 2020. Disponível em:
<https://monitoramentopde.gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/relat
orios/
Arbex, R.; Cunha, C.; Setti, J. Comparação de velocidades comerciais antes
e depois da implantação de faixas exclusivas para ônibus na cidade
de São Paulo através de análise de dados de GPS dos veículos. 20°
Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito, 2015.
Oliveira, R. M. Impactos da adoção de faixas exclusivas de ônibus: uma
análise do caso de São Paulo. São Paulo: Dissertação de mestrado -
Escola Paulista de Política, Economia e Negócios, 2018.
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EQUIPE RESPONSÁVEL PELA NOTA TÉCNICA
BRUNA PIZZOL é engenheira civil pela USP, mestre e doutoranda pela Poli-USP. É
pesquisadora vinculada ao LabGEO e ao Centro de Estudos da Metrópole.
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