Article 425052 1 10 20230101
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1, e6712139302, 2023
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v12i1.39302
Cauê Bugatti
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4198-9284
Centro Universitário de Patos de Minas, Brasil
E-mail: caue.bugatti@hotmail.com
Karine Cristine de Almeida
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1758-3957
Centro Universitário de Patos de Minas, Brasil
E-mail: karineca@unipam.edu.br
Mônica Soares de Araújo Guimarães
ORCID: https://orcid.org 0000-0003-0324-4273.
Centro Universitário de Patos de Minas, Brasil
E-mail: monica@unipam.edu.br
Natália de Fátima Gonçalves Amâncio
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4006-8619
Centro Universitário de Patos de Minas, Brasil
E-mail: nataliafga@unipam.edu.br
Resumo
Os fragmentos plásticos, mais especificamente os microplásticos (MPS) e nanoplásticos (NPS), estão presentes e são
produzidos em grandes quantidades e em escalas mundiais. São encontrados em praticamente todos os lugares como
na água do mar, nos alimentos e no ar. Desse modo, visto as formas de contato humano como o próprio consumo ou a
respiração e efeitos biológicos, efeitos químicos e efeitos físicos desses fragmentos, torna-se necessária a discussão
acerca da relevância e dos possíveis efeitos desse material no corpo dos indivíduos. Assim, este estudo se propõe a
entender a possível relação entre efeitos danosos ao organismo causados pelo contato com tais fragmentos plásticos,
observando seus efeitos. Utilizando a revisão exploratória integrativa de literatura foram utilizados 22 artigos, sendo
excluídos oito artigos devido ao não pertencimento aos critérios de inclusão. O consumo de MPS e NPS pode induzir
a efeitos danosos nos organismos seja por meio de fenômenos físicos com químicos ou biológicos. No primeiro, nota-
se a associação a barreiras físicas que induzem processos de inflamação. Já o papel biológico aborda a associação de
Microplásticos (MPS) com alguns seres possivelmente patógenos ao ser humano. Por fim, o papel químico
relacionado com o fenômeno da adsorção de substâncias nocivas mostra-se gerador de possível malefício. Logo,
revela-se essencial a realização de novos estudos sobre os efeitos dos MPS e dos NPS nos seres humano, decorrentes
de sua elevada abrangência em escala mundial e o relato de que embora haja poucos estudos realizados recentemente,
estes apresentam quadros alarmantes sobre a ação danosa desses compostos para o ser humano.
Palavras-chave: Microplástico; Nanoplástico; Saúde.
Abstract
Plastic fragments, more specifically microplastics (MPS) and nanoplastics (NPS) are present and produced in large
quantities and on global scales. They are found virtually everywhere in seawater, food and air. Thus, considering the
forms of human contact such as consumption itself or breathing and biological effects, chemical effects of these
fragments, it becomes necessary to discuss the relevance and possible effects of this material on the individuals'
bodies. This study aims to understand the possible relationship between harmful effects to the body related to contact
with such plastic fragments, observing their effects. Using the integrative exploratory literature review, 22 articles
were used, with eight articles being excluded due to non-compliance with the inclusion criteria. The consumption of
MPS and NPS can induce harmful effects on organisms either through physical, chemical or biological phenomena. In
the first, there is an association with physical barriers that induce inflammation processes. The biological role
addresses the association of MPS with some possibly pathogenic beings to humans. Finally, the chemical role related
to the phenomenon of adsorption of harmful proves to be a generation of possible harm. Therefore, it is essential to
carry out new studies on the effects of MPS and NPS in human, due to their high coverage on a worldwide scale and
the report that, although there are few studies carried out recently, they present alarming pictures about the action
harmful of these compounds to humans.
Keywords: Microplastic; Nanoplastic; Heath.
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(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v12i1.39302
Resumen
Por lo tanto, es fundamental realizar nuevos estudios sobre los efectos de MPS y NPS en humanos, debido a su alta
cobertura a escala mundial y al reporte de que, si bien son pocos los estudios realizados recientemente, presentan
cuadros alarmantes sobre la acción. efectos nocivos de estos compuestos para los seres humanos. Se encuentran en
casi todas partes, incluyendo agua de mar, comida y aire. Así, considerando las formas de contacto humano como el
consumo mismo o la respiración y los efectos biológicos, químicos y físicos de esos fragmentos, se hace necesario
discutir la relevancia y los posibles efectos de este material en los cuerpos de los individuos. Por lo tanto, este estudio
se propone comprender la posible relación entre los efectos nocivos para el cuerpo causados por el contacto con tales
fragmentos de plástico, observando sus efectos. Utilizando la revisión integrativa exploratoria de la literatura, se
utilizaron 22 artículos, siendo ocho artículos excluidos por incumplimiento de los criterios de inclusión. El consumo
de MPS y NPS puede inducir efectos nocivos en los organismos ya sea a través de fenómenos físicos, químicos o
biológicos. En el primero, existe una asociación con barreras físicas que inducen procesos inflamatorios. El rol
biológico aborda la asociación de los Microplásticos (MPS) con algunos seres posiblemente patógenos para los
humanos. Finalmente, el papel químico relacionado con el fenómeno de adsorción de sustancias nocivas resulta ser un
generador de posibles daños. Por lo tanto, es fundamental realizar nuevos estudios sobre los efectos de MPS y NPS en
humanos, debido a su alta cobertura a escala mundial y al reporte de que, si bien son pocos los estudios realizados
recientemente, presentan cuadros alarmantes sobre la acción. efectos nocivos de estos compuestos para los humanos.
Palabras clave: Microplástico; Nanoplástico; Salud.
1. Introdução
O termo “plástico” é derivado da palavra grega “plastikos”, que significa moldagem (Sindplast, 2022) sendo essencial
na vida humana por possuir características como leveza durabilidade, maleabilidade e relativo custo baixo (Boucher & Friot,
2017). No Brasil, há uma elevada produção desse material sendo, de acordo com o Banco Mundial (2019), o país considerado
o quarto maior produtor de lixo plástico no mundo, com 11,3 milhões de toneladas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos,
China e Índia. A Onu (2022) aponta que, no país, são 3,44 milhões de toneladas desse material, propenso ao escape para o
ambiente, sendo que 1/3 do plástico produzido em todo o continente corre o risco de chegar aos oceanos todos os anos. Dessa
forma, o potencial de dano dessas substâncias, amplamente utilizadas, mostra-se ignorado por autoridades e, apesar da ampla
gama de usos e de sua relevância, revela-se necessário uma ação mundial conjunta para impedir a fragmentação dos derivados
de petróleo, uma vez que os recursos naturais mundiais e recursos humanos podem ser amplamente afetados.
Os microplásticos, de acordo com Massos e Turner (2017), podem estar presentes no ambiente de duas formas-
primária e secundária sendo, respectivamente, a primária que representa os resíduos plásticos em seu formato de fabricação,
isto é, sem alterações e a secundária, que representa as pequenas partículas desse material, resultantes do processo de
fragmentação de plásticos primários decorrente da degradação química ou da abrasão física. Nesse sentido, partículas de
plástico com tamanho menor ou igual a 5 mm são denominadas microplásticos (Thompson, 2004 apud Revista Fapesp, 2021) e
os nanoplásticos podem ser constituídos por partículas inferiores a 1 μm (Kershaw et al., 2019). Os microplásticos (MPS)
podem estar presentes em vários locais tanto em corpos marinhos como em água doce (Gesamp, 2015), em alimentos como
cerveja, bebidas energéticas e refrigerantes (Kosuth et al., 2018 & Shruti et al., 2020). Sua ampla detecção em variados locais
revela a abrangência e a facilidade da disseminação de MPS e nanoplásticos (NPS), fato que agrava a situação.
Da mesma forma, observou-se a presença de microplásticos na placenta (Ragussa, 2021) e no leite materno (Ragussa,
2022) que, segundo a Dra. Valentina Notarstefano, da Universidade politécnica de Marche, em Ancona, Itália em entrevista à
British Broadcasting Corporation (Bbc) em 2022: “Nesse viés, a comprovação da presença de microplásticos no leite materno
aumenta nossa grande preocupação com a população extremamente vulnerável de bebês”, fato que também pode comprometer
toda uma geração futura, visto o pouco conhecimento acerca do problema e a possibilidade de grandes danos como pode ser
notado pelo fato de que estes compostos podem ser transferidos ao longo da cadeia alimentar (Nelms et al., 2018),
demostrando que quanto mais cedo o contato com tal material, mais elevado pode ser o acúmulo dessa substância no
organismo, assim como seu efeito sobre a saúde das futuras gerações. Tais riscos são descritos pelo World Health
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Organization (Who) (2019), que relata o risco para o humano em três frentes: a biológica, devido à produção de biofilme; uma
química, visto a capacidade de adsorção do plástico e uma física, com a criação de uma barreira.
Desse modo, um maior entendimento acerca da relação entre tais fragmentos plásticos na saúde humana, ainda são
pouco conhecidos e a realização de novos estudos mostra-se necessária para um maior conhecimento no que diz respeito ao
impacto dos MPS e dos NPS para a saúde.
Nesse viés, o presente estudo busca, por meio de uma revisão de literatura, correlacionar os novos achados sobre os
microplásticos com a ocorrência de alterações nos seres humanos e como as recentes pesquisas demonstram ou buscam
demonstrar os efeitos da presença de fragmentos plásticos na saúde humana.
2. Metodologia
O presente estudo consiste em uma revisão exploratória integrativa de literatura. A revisão integrativa visa, por meio
da análise de vários estudos, chegar a conclusões gerais mantendo o rigor metodológico (Galvão; Silveira & Mendes 2008). Ela
foi realizada em seis etapas: 1) identificação do tema e seleção da questão norteadora da pesquisa; 2) estabelecimento de
critérios para inclusão e exclusão de estudos e busca na literatura; 3) definição das informações a serem extraídas dos estudos
selecionados; 4) categorização dos estudos; 5) avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa e interpretação dos textos
e 6) apresentação da revisão de literatura.
Na etapa inicial, para definição da questão de pesquisa utilizou-se da estratégia PICO (Acrômio para Patient,
Intervention, Comparation e Outcome). (Santos; Pimenta & Nobre, 2007) Assim, definiu-se a seguinte questão central que
orientou o estudo: “Quais são os efeitos dos microplásticos na saúde humana?” Nela, observa-se o P: Não especificado; I:
contato com microplásticos; C: Não se aplica; O: Efeito dos microplásticos na saúde humana.
Para responder a essa pergunta, foi realizada a busca de artigos envolvendo o desfecho pretendido utilizando as
terminologias cadastradas nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCs) criados pela Biblioteca Virtual em Saúde,
desenvolvido a partir do Medical Subject Headings da U.S. National Library of Medcine, que permite o uso da terminologia
comum em português, inglês e espanhol. Os descritores utilizados foram: “microplásticos”, “saúde”, “inflamação”, “leite
materno”, “placenta”, “estresse”, “oxidativo”, “saúde”, “nanoplásticos” e alguns termos em inglês como “bodies”, ”placenta”,
“nanoplastics”, “breastmilk” e “microplastic”. Para o cruzamento das palavras chaves utilizou-se os operadores booleanos
“and”, “or” e/ou “not”.
Realizou-se um levantamento bibliográfico por meio de buscas eletrônicas nas seguintes bases de dados: Biblioteca
Virtual de Saúde (BVS), Scientif Eletronic Library Online (SciELO), National Library of Medicine (PubMed), EbscoHoste, e
em alguns outros bancos de dados como publicações em revistas científicas como na revista Fapesp e alguns endereços
eletrônicos como o do WHO.
A busca foi realizada nos meses de setembro e outubro de 2022. Como critério de inclusão, utilizou-se artigos
publicados no período de 2018 a 2022, que abordassem o tema pesquisado e que estivem disponíveis eletronicamente em seu
formato integral; foram excluídos os artigos que não obedeceram aos critérios de inclusão (artigos repetidos nas bases de
dados; não se enquadram na temática da pesquisa) e aqueles que não possuíam uma boa metodologia e os que estavam
incompletos além dos artigos que eram trabalhos de conclusão de curso.
Após a etapa de levantamento das publicações, encontraram-se 30 artigos, sendo realizada a leitura do título e do
resumo das publicações considerando o critério de inclusão e de exclusão definidos. Em seguida, realizou-se a leitura na
íntegra das publicações, atentando-se novamente aos critérios de inclusão e exclusão, sendo que 9 artigos não foram utilizados
devido aos critérios de exclusão. Foram selecionados 22 artigos para análise final e construção da revisão de literatura.
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A análise dos estudos selecionados baseou-se em Bardin (2011) que aborda a divisão em três etapas das quais a
primeira aborda a pré-análise com a realização de uma leitura superficial e escolha dos documentos; uma segunda com a
exploração do material, categorização ou codificação; com a observação sobre o conteúdo em si dos documentos e em uma
última análise o tratamento dos resultados, inferências e interpretação, visando à reunião de conhecimento produzido acerca do
tema a ser explorado na revisão de literatura.
A Figura 1 demonstra o processo de seleção dos artigos por meio das palavras-chaves de busca e da aplicação dos
critérios de inclusão e exclusão citados na metodologia. O fluxograma leva em consideração os critérios elencados pela
estratégia PRISMA.
Figura 1 - Fluxograma do processo de seleção dos estudos primários adaptado do Preferred Reporting Items for Systematic
review and Meta-Analyses (PRISMA) Page (2021).
Fonte: Adaptado do Preferred Reporting Items for Systematic review and Meta-Analyses (PRISMA). Page, (2021).
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3. Resultados
Após a seleção dos artigos por meio dos critérios de inclusão e de exclusão, elaborou-se um quadro (Tabela 1)
contendo as principais informações sobre os microplásticos e nanoplásticos e os seus efeitos sobre os humanos. A análise
permitiu relacionar os fragmentos plásticos e os riscos à saúde.
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4. Discussão
De início, torna-se importante discutir métodos de detecção de fragmentos plásticos. Segundo Kershaw e
colaboradores (2019), pode ser realizada a detecção com a filtragem de amostras de água ou separados de amostras de
sedimentos usando extrações de gradiente de densidade, uma vez que, estudos de acumulação proveniente do mar são mais
complexos, visto a dificuldade de obtenção de uma praia limpa ou a garantia de que os microplásticos que chegarão são novos
(Ryan et al.,2020). De modo geral, há um apelo internacional para a utilização de mexilhões como bioindicadores de poluição
microplástica visto que são facilmente coletados e amplamente distribuídos. (Li et al., 2018). Em 2022, a técnica de
espectroscopia μFTIR utilizada por Jenner et al. mostrou-se promissora para a análise de pulmões humanos.Entretanto, apesar
da realização de inúmeros estudos sobre a presença de MPS e NPS, ainda não existem métodos oficiais para a determinação de
MPs em cada compartimento ambiental, fato que dificulta a comparação dos resultados (Montagner et al., 2021).
Em outro estudo, realizado em Chichester Harbour- Reino Unido- os cientistas observaram a ampla presença de MPS
no mar, sendo observadas partículas em todas as amostras analisadas, provenientes de três locais diferentes de coleta, com uma
concentração média de 8,2 partículas por m 3de água do mar amostrada (Outram et al., 2020). Da mesma forma, tais
substâncias estavam presentes no maior lago do interior da China, o Lago Qinghai (Xiong et al., 2018), sendo também
encontrados em partes profundas do oceano, como as Fossas Marianas (Peng et al. 2018). Desse modo, observa-se a grande
extensão de tal problemática, fato esse, agravado pela recente pandemia da COVID-19, em que a produção de resíduos tais
como máscaras e luvas, bem como o descarte incorreto (Sanchez F., 2021), acarretou uma maior necessidade da adoção de
medidas como programas de conscientização quanto aos processos de reutilização e reciclagem de produtos plásticos (Lucio et
al., 2019) e também a correta adoção de políticas públicas de manejo de biopoluentes especialmente da área da saúde. (Vilca-
Quispe et al.,2021).
Os microplásticos podem entrar na cadeia alimentar humana por vias como a predação; sendo que a presença de
fragmentos plásticos varia (Santillo; Miller & Johnston 2017); decorrente de processos de produção de alimentos do mar
(Karami et al 2017 Pelo processo de lixiviação, a água engarrafada apresenta cerca de 2,5 vezes a mais de MPS do que os
demais produtos engarrafados (Yee, et al,2021), fato que eleva a concentração dos fragmentos nos organismos podendo gerar
consequências no decorrer dos níveis tróficos. Considerando que segundo os pesquisadores Nor et al., (2021), as taxas de
ingestão de MPS representam aproximadamente 20%, em massa de peso total de alimentos consumidos diariamente. Tal
porcentagem pode ser alterada em função do alimento consumido, além de aspectos como idade, demografia, herança cultural,
localização geográfica, natureza do desenvolvimento do ambiente que cerca o indivíduo e opções de estilo de vida (Rahman et
al., 2021). Outro estudo estimou uma média de ingestão semanal de 0,1 a 5 g de MPS por pessoa. (Senathirajah et al.,2021,
apud Montagner, et al, 2021)
Segundo Prata e colaboradores (2020) os meios principais com que os MPS e NP entram no corpo humano, além da
alimentação e a consequente entrada na cadeia alimentar, são a inalação e o contato com a pele.Além disso os NPS também
podem entrar após a passagem por barreiras físicas enfraquecidas como no caso de feridas (Nor et al.,2021).
No caso da ingestão oral, os MPS podem atravessar a barreira intestinal e atingir a circulação sistêmica, podendo
sofrer variações de acordo com o tamanho e a composição química. A formação de “coroa de proteínas” após interação com
proteínas, também podem aumentar essa translocação e, consequentemente, a biodisponibilidade de NPS. (Walczak et al.,
2015).
Em seguida, mostra-se essencial discutir os efeitos dos MPS E NPS na saúde humana de modo a abordar os seus
efeitos químicos, físicos ou biológicos:
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Destaca-se ainda, a associação entre o composto bisfenol (BFA) e o tipo de MPS associado. O BFA é conhecido como
agonista de estrogênio e antagonista de androgênio com uma ampla gama de efeitos no sistema reprodutivo humano (Park et
al., 2020; Wu et al, 2020); como por exemplo resultados adversos no parto (Peretz et al.2014). Dessa forma, o tipo de MPS
pode elevar a biodisponibilidade do BFA, como relatado por López-vázquez e colaboradores (2022) que verificaram que a
biodisponibilidade oral de BFA corresponde a 65% da bioacessibilidade gástrica. Também se destaca a utilização de ftalatos,
utilizados para dar flexibilidade aos plásticos e presentes em cerca de 80 % dos mesmos, que podem, segundo algumas
pesquisas, induzir a ocorrência de asmas e de alergias (Bamai et al.,2014).
• Potencial carcinogênico
A exposição humana crônica a concentrações não citotóxicas de MNPLs ambientais pode levar a uma potencial
indução de efeitos associados à transformação celular e ao início do processo carcinogênico, como uma maior incidência de
danos ao DNA e um aumento no estresse oxidativo, entretanto, o estudo de Domenech et al (2021) não demonstrou tal
associação.
Em tecidos cirróticos do fígado, também foram encontrados MPS como PS, policloreto de vinila (PVC), politereftalo
de etileno (PET), polimetilmetacrilato (PMMA), polioximetileno (POM) e polipropileno (PP), entretanto, são necessários mais
estudos para a compreensão da real associação entre MPS e doença hepática (Horvatits et al., 2022).
5. Conclusão
A análise das informações permite concluir que os fragmentos de plásticos sejam elas MPS OU NPS podem induzir a
efeitos danosos nos organismos, fato que pode ser observado pelos fenômenos físicos, químicos e biológicos. No primeiro,
nota-se a associação a barreiras físicas que induzem processos de inflamação. Já o papel biológico aborda a associação de MPS
com alguns seres possivelmente patógenos ao ser humano. Por fim, o papel químico relacionado com o fenômeno da adsorção
de substâncias nocivas mostra-se gerador de possível grande malefício.
Dessa forma, o presente artigo buscou analisar as correlações existentes sobre tais efeitos e o impacto que causam
sobre a saúde, sendo observadas algumas lacunas que precisam ser melhor abordadas pela comunidade de pesquisadores.
Logo, ainda que exista a presença de estudos realizados recentemente, e que os mesmos apresentem quadros
alarmantes sobre a ação danosa desses compostos no ser humano, revela-se essencial a realização de novos estudos sobre os
efeitos dos MPS e dos NPS nos seres humanos, decorrentes de sua elevada abrangência em escala mundial.
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Assim, a ação dos Microplásticos como possíveis teratógenos, seus efeitos sobre a indução de processos inflamatórios
crônicos, a possibilidade de efeitos na cadeia alimentar e a possibilidade da existência de um papel carcinogênico revelam
abordagens essenciais para o melhor entendimento do papel dos MPS e NPS são importantes sugestões para trabalhos futuros.
Por outro lado a padronização de normas como o tamanho correto de cada fragmento, meios de coleta e preparação dos MPS e
NPS das amostras a serem analisadas também são de importante relevância para permitir a comparação entre os estudos de
modo a visar uma maior colaboração entre os pesquisadores com o compartilhamento de dados.
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