O Letramento E A Produção Escrita Das Pessoas Surdas: Resumo
O Letramento E A Produção Escrita Das Pessoas Surdas: Resumo
O Letramento E A Produção Escrita Das Pessoas Surdas: Resumo
Resumo
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Mestranda em Educação /Formação de professores pela Universidade Européa Miguel de Cervantes (UEMC).
Participa do grupo de pesquisa: Educação, Saberes, Linguagem e Multiculturalidade; Líder do Grupo de
pesquisa: Educação, Inclusão e Diversidade. Coordenadora do Curso de Especialização em LIBRAS E-mail
ele_marc@yahoo.com.br
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Mestranda em História e Políticas pelo PPGE da Universidade Estadual de Ponta Grossa. E-mail:
janettfcaldas@hotmail.com
ISSN 2176-1396
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Introdução
O processo de elaboração da escrita dos alunos surdos tem como base a compreensão
da língua de sinais a qual é o tema do presente artigo. O artigo comtempla um recorte
histórico, relatando sobre as interferências ocorridas no processo de escrita do aluno surdo
decorrentes da metodologia do oralismo imposta pelo Congresso de Milão, na Itália em 1880,
da Comunicação total e do Bilinguismo discussões estas que influenciam até os dias atuais.
Hoje reconhecida e legitimada pela Lei 10.436/2002 que reconhece a Língua Brasileira de
Sinais como língua materna dos surdos L1(primeira língua) e a língua portuguesa como L2
(segunda língua) e regulamentada pelo decreto 5.626/2005.
A educação dos surdos como diferença linguística ganha destaque ao tratar o processo
de escrita do aluno surdo como parte da construção do letramento e alfabetização no ensino-
aprendizagem. Silva (2001, p.48) complementa essa ideia ao apontar que:
Portanto, a língua escrita é parte da linguagem, não sendo de uso individual e sim de
uma determinação social, a qual atribui grande importância para essa modalidade,
considerando que no processo de aquisição devem ser apresentados ao aprendiz contextos
linguísticos e extralinguísticos para garantir um melhor resultado.
Como fator determinante na escrita do surdo encontra-se a leitura, tendo em vista que
esta constitui uma etapa fundamental na aprendizagem da escrita. Levando em consideração
que, uma das dificuldades é a produção textual em português, principalmente, em fazer
ligação entre palavras, segmentos, orações, períodos e parágrafos é importante que o leitor
conheça essas limitações a fim de entender a mensagem a ser transmitida.
Ao ressaltar o papel que a língua portuguesa desempenha na obtenção do português
escrito, Silveira (2003, p.46), assegura que: “Textos em língua portuguesa, elaborados por
surdos falantes de Libras, apesar de apresentarem algumas falhas na forma, não tem violado o
princípio de coerência: os surdos conseguem expressar de modo inteligível suas ideias”.
A partir dos enunciados acima se pretende realizar uma pesquisa com contribuições
bibliográficas e verificações in loco a fim de identificar as fragilidades e as possibilidades
nesse campo de estudo.
Em 1880 [...] aconteceu o congresso de Milão [...] evento internacional que resultou
no fortalecimento da filosofia oralista, sendo desta forma, um verdadeiro retrocesso
da educação dos surdos do mundo. Essa tendência proibia os surdos de utilizar
qualquer tipo de comunicação através de sinais. (BARBOSA, 2011, p.3)
A comunicação total inclui todo o aspecto dos métodos linguísticos: gestos criados
pelas crianças, língua de sinais, fala, leitura oro facial, alfabeto manual, leitura e
escrita. A comunicação total incorpora o desenvolvimento de quaisquer restos de
audição para a melhoria das habilidades de fala ou de leitura orofacial, através de
uso constante, por um longo período de tempo, de aparelhos auditivos individuais
e/ou sistemas de alta fidelidade para amplificação em grupo. (DENTON, apud
FREEMAN, CARBIN, BOESE, 1999 p.170)
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A comunicação total abre espaço para novas formas de ensino na educação de surdos.
Com a insatisfação dos surdos, das famílias destes e dos educadores de surdos deu-se inicio a
metodologia bilíngue. Esta metodologia passa a entender e reconhecer a língua de sinais como
língua dos surdos.
A proposta bilíngue contribui significativamente para aprendizagem do surdo e
considera a libras a língua materna L1 e o português a segunda língua L2, procurando
entender os surdos em suas particularidades, considerando que a aprendizagem da língua oral-
auditiva é muito lenta devido à complexidade dos recursos orais e auditivos. No Brasil há um
movimento que busca da organização de educação bilíngue para pessoas surdas. O estatuto da
pessoa com deficiência no art.27, paragrafo IV determina a “oferta de educação bilíngue, em
Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda
língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas”, atendendo os anseios da
comunidade surda.
O bilinguismo tem como pressuposto básico que o surdo deve ser bilíngue, ou seja,
deve adquirir como língua materna a língua de sinais, que é considerada à língua
natural dos surdos, e como segunda língua a língua oficial do seu país [...] os autores
ligados ao bilinguismo percebem que o surdo aprende de forma bastante diferente
dos autores oralistas e da comunicação total. Para os bilinguistas, o surdo não
precisa almejar uma vida semelhante ao ouvinte, pode assumir sua surdez.
(GOLDFELD, 1997, p. 38)
O aluno surdo tem o desafio de ser alfabetizado em língua de sinais, sua primeira
língua, e escrever na língua portuguesa. O ensino-aprendizagem da pessoa surda necessita
estabelecer o mínimo de comunicação com o professor regente. Destaca-se neste contexto a
necessidade da presença do interprete, que é o mediador da comunicação entre o professor
ouvinte e o aluno surdo.
desenvolvido com os alunos ouvintes, onde o texto é apontado como recurso primordial na
aquisição de novos conhecimentos e como instrumento nas práticas sociais. Conforme o
decreto 5.626/2005 entende-se como Libras a forma de comunicação e expressão de natureza
visual motora, com estrutura gramatical própria. O aprendizado do português como segunda
língua na modalidade escrita é resultado da influência da língua materna (Libras) e da língua
alvo (português). Inicialmente a escrita terá características da língua de sinais, no entanto, no
final do processo estará mais próxima da língua portuguesa.
[...] atualmente a aquisição do português escrito por crianças surdas ainda é baseada
no ensino do português para crianças ouvintes que adquirem o português falado. A
criança surda é colocada em contato com a escrita do português para ser alfabetizada
em português seguindo os mesmos passos e materiais utilizados nas escolas com as
crianças falantes de português. Varias tentativas de alfabetizar a criança surda por
meio do português já foram realizadas, desde a utilização de métodos artificiais de
estruturação de linguagem até o uso do português sinalizado. (QUADROS e
SCHMLEDT, 2006 p.23).
escrito por um aluno que trabalha em uma cerealista e que usa da escrita para se comunicar. O
texto apresenta a importância da escrita na convivência social e profissional.
Conclusão
A presente pesquisa indicou que quando a pessoa surda tem contato com a língua de
sinais desde pequena se constitui como um sujeito de linguagem. Assim sendo, quando nasce
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em uma família de pais surdos tem desde criança surda adquire uma língua, o que acaba
facilitando a aprendizagem do português escrito.
Portanto a educação bilíngue faz com que os surdos aprendam de maneira mais fácil,
na medida em que tem uma metodologia que predomina o visual, sem dispensar o português
escrito. Para isso, faz-se necessário que se desenvolva a linguagem e que por meio do contato
com os livros e leitura o aluno surdo adquira palavras para seu vocabulário, o que facilita a
aprendizagem da escrita.
Concluímos que durante o processo de alfabetização é de suma importância à presença
de um interprete, na medida em que o aluno surdo irá aprender o sinal e em seguida a escrita,
além disso, é preciso material didático e metodologias diferenciados, tendo o professor que
partir da realidade social do aluno, considerando o contexto em que está inserido.
Considerando a educação de modo geral, é indispensável o uso da linguagem, de
maneira especial na educação de surdos devemos os envolver de maneira significativa no
contexto social por meio da produção de pequenas frases, o que compreende um meio de
comunicação além da língua materna.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Monica de Gois Silva, BARBOSA, Wagner dos Santos. Analise Da Produção
Escrita Dos Surdos: a interferência da língua de sinais brasileira, 2011. Disponível em:
http://www.educonufs.com.br/vcoloquio/cdcoloquio/cdroom/eixo%2011/PDF/Microsoft%20
Word%20-
%20ANALISE%20DA%20PRODUCAO%20ESCRITA%20DOS%20SURDOS%20A%20IN
TERFERENCIA%20DA%20LINGUA%20BRASILEIRA%20DE%20SINAIS.pdf acessado
em: 29 ago. 2014.
FALCÃO, Luiz Albérico Barbosa. Surdez, cognição visual e libras: estabelecendo novos
diálogos. Recife: Ed. Do autor, 2010.
FREEMAN, Roger D. CARBIN, Crifton F., BOESE, Roberto J. Seu filho não escuta? Um
guia para todos que lidam com Crianças surdas. Brasilia: MEC/SEESP, 1999.
QUADROS, Ronice Muller de. Ideias para ensinar português para alunos surdos. Ronice
Muller de Quadros, Magali L. P. Schmledt. – Brasília : MEC, SEESP, 2006.
_______. Ronice Muller de. O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e língua
portuguesa / Secretaria de Educação Especial; Programa nacional de Apoio à Educação de
Surdos – Brasília : MEC ; SEESP, 2002.
SILVEIRA, Carolina Hessel; KARNOP, Lodenir; ROSA, Fabiano. Cinderela surda - 2 ed.
Canoas; ed. ULBRA, 2003.