Tema 2021 Liberdade
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O CARNAVAL DA LIBERDADE
AS BATUCADAS E BLOCOS
Havia um bloco chamado "O Urso", de Antônio Souza Bispo, cujas roupas
eram feitas de calhamaço e os pelos eram dos balaios de ovos de samambaia.
Um rapaz chamado "Tourinho" entrava na roupa do urso e saía pelo bairro
acompanhado pelos brincantes. Na década de 60 e início de 70 também se
destacou o bloco "Os Desajustados", que saiam com mais de mil componentes,
vestidos de pescador e que faziam muito sucesso no bairro em função das
suas bonitas fantasias estilizadas de pescadores com chapéu de palha, cesto e
vara de pescar. Outros blocos importantes do bairro da Liberdade foram os
Barrabas, os Estudantes e os Magnatas. Outros blocos oriundos da Liberdade
são o Deixa Disso, Os Guaranis, único bloco de índio do bairro; Os
Protestantes, bloco que saia na Liberdade com os compositores vestidos de
paletós e com a bíblias na mão.
AS ESCOLAS DE SAMBA
“Esse é um samba muito bonito que conta uma história em quatro versos, as
quatro etapas da Abolição da Escravatura”, disse Carlos.
Muitas outras escolas marcaram a história do carnaval de Salvador, como a
Filhos do Tororó, detentora de dois títulos, e outras que encantaram desfilando
pelo 1º grupo e pelo 2º grupo, mas uma morte anunciada trouxe fim aos luxos,
a beleza e os batuques das baterias, com a crescente popularidade dos trios
elétricos. Três escolas ainda tentaram desfilar em 1976, mas foi sem sucesso,
dando fim ao um belo momento da história do carnaval da Bahia e uma o início
da nova fase do carnaval do Estado.
O ILÊ AIYÊ
O MUZENZA
O Bloco Afro Muzenza nasceu em 1981 na Rua São Cristóvão (no bairro da
Liberdade), teve por base o conceito histórico-literário contido no nome do
bairro da Liberdade - que assim foi batizado por ter sido um dos cenários da
Batalha de Pirajá, onde 80% das forças populares eram formadas por negros.
O nome do bloco é um termo de origem Bantu Kikongo, equivalente à Iaô da
nação Nagô (Iaô é como são designados os filhos de santo que já passaram
pela iniciação no candomblé).
O BLOCÃO DA LIBERDADE
PRAÇAS E LARGOS
PRAÇA NELSON MANDELA
LARGO DA CENTRAL
LARGO DO TANQUE
É passagem para quem mora no Uruguai, Baixa do Fiscal, São Caetano, San
Martin e Liberdade. A centralidade se explica quando lembramos que ali existia
um dique para onde escorria toda a água das terras altas ao redor,
especialmente da Liberdade. Com o aterramento, acabou sendo um espaço de
convivência para as pessoas que circulam entre todos esses bairros. Basta
lembrar que o largo já foi ponto de encontro da capoeiragem baiana, com
célebres rodas de capoeira de Mestre Valdemar, às sextas feiras. O espaço
abrigou por muitos anos uma edificação com diversas lojas. Foi o primeiro
shopping de Salvador. O prédio pertencia ao pai do jogador Bebeto Gama,
porém há alguns anos o edifício, já em péssimas condições, foi demolido, e em
seu lugar foram feitos uma extensão da praça e um melhoramento na pista.
Outra característica forte do Largo é a culinária, com a famosa feijoada do
Largo do Tanque.
O CURUZU
Por muitos anos, foi conhecido com uma rua do bairro da Liberdade, mas,
desde 2017, foi incluído na lista de bairros oficiais de Salvador pela força e
representatividade que tem. A presença do primeiro bloco afro do Brasil na rua
fez a região se consolidar com empreendimentos voltados para a cultura afro.
Mas o Curuzu vai além do bloco. Além do patrimônio cultural, preserva ainda
dois dos mais importantes terreiros de candomblé do Brasil. Lá, por exemplo,
há o Terreiro Hunkpame Savalu Vodun Zo Kwe, que foi, em 2016, o primeiro a
ser tombado com base na Lei de Preservação do Patrimônio Cultural do
Município de Salvador. O Terreiro Vodun Zo é, de acordo com a Associação
Brasileira de Preservação da Cultura Afro Ameríndia (AFA), o único da nação
Jêje Savalu que mantém os ritos originais da linhagem, assim como o dialeto
africano Ewe-Fon, preservado nas expressões e cânticos da comunidade. O
terreiro, que é regido por Xangô, ocupa uma área de 2.400 m², o que
representa a maior área verde do Curuzu. No terreiro, há uma fotografia feita
pelo fotógrafo francês Pierre Verger, que foi doada ao terreiro em 2018. A obra
que está lá é a fotografia Elégùn de Oxumaré feita em Savé, na África.
Para se ter uma ideia da visibilidade dessa noite, grandes estrelas mundiais já
participaram desse momento, a exemplo da top model internacional inglesa
Naomi Campbell. Os associados do bloco carnavalesco – que é exclusivo para
o desfile de pessoas negras – têm esta noite de sábado como a mais especial
do Carnaval.
“Liberdade. Ali era a estrada das boiadas. O boi que descia do sertão era
comercializado na feira do Capuame, feira de gado, Capuame, que depois
mudou o nome para Dias D’Ávila, hoje é a cidade de Dias D’Ávila, ali estava a
feira do gado. Esse gado era trazido para o abate. O abate da cidade estava
onde hoje é o terminal da Barroquinha, ali é que era o matadouro da cidade.
Por isso que o rio se chama de rio das Tripas, porque os dejetos, as sobras do
sacrifício dos animais eram jogadas no rio das Tripas. O rio das Tripas está lá,
a Baixa dos Sapateiros não existia, ela era um rio que foi canalizado, você
anda por cima do extradorso da abóbada que cria a Baixa dos Sapateiros, o rio
das Tripas está lá. Então, este gado vinha pela estrada que você chama da
Liberdade, que era a estrada das boiadas. Em 1823, por ali entrou o exército
libertador e então, a estrada das boiadas passou a ser chamada estrada da
Liberdade.” (Cid Teixeira)
"Cheguei na Liberdade com meus pais em 1930. Tinha sete anos. Isso aqui
tinha todas as aparências de quilombo, desses que você só ouviu falar. (...)
Todos os moradores eram negros. Algum escravizado liberto, tinha muitos que
eram africanos mesmo, mas a maioria eram filhos deles, os filhos da
escravidão." (Mãe Hilda Jitolu)
"Eu vejo um futuro melhor. Vejo pessoas inquietas, questionando uma cidade e
essa cidade vai ter que dar uma resposta a essas pessoas. Vejo adolescente
que se mobilizam e se interligam, sabem que não podem andar sozinhos e que
vão dar uma cara nova a essa cidade." (Lucy Antônia - Grupo Integrado de
Adolescentes GIA - Liberdade
“A maioria das pessoas inclusive aqui do bairro não sabe que no Queimadinho
existe um prédio histórico onde foi visitado pelo imperador Pedro II e era lá que
funcionava a primeira estação de tratamento de água das Américas. A Fonte
do Queimado. No passado como não existia o encanamento, não existia
um sistema de abastecimento estruturado, as pessoas daqui como da maioria
das partes da cidade de Salvador se servia das fontes. Essa é a nossa maior
fonte aqui da região que é a Fonte do Queimado que ainda funciona. Outra
coisa é que a Liberdade foi durante 11 anos local de trabalho de Irmã
Dulce que antes de descobrir a vocação religiosa foi professora no Abrigo
Filhos do Povo, fundado em 1918 pelo pai dela Augusto Lopes Pontes.” (Seu
Adelmo Souza).
CURIOSIDADES
Muita gente não sabe, mas a Liberdade foi durante 11 anos local de trabalho
de Irmã Dulce que antes de descobrir a vocação religiosa foi professora no
Abrigo dos Filhos do Povo, fundado em 1918 pelo pai dela, Augusto Lopes
Pontes. O abrigo funciona até hoje no prédio com arquitetura intacta.
Atualmente o prédio é a Escola Municipal Abrigo dos Filhos do Povo. Um
retrato da riqueza escondida também nas ruas, nos casarões e nas memórias
de quem vive no bairro.
A igreja de Santa Bárbara, na rua Lima e Silva, foi a primeira Igreja Brasileira
da Liberdade (a primeira de Salvador foi fundada no Baixo do Bonfim, a
Paróquia Nossa Senhora da Glória), fundada pelo Monsenhor Valdir
Guimarães do Espírito Santo. Com a intensa participação popular, a igreja já
não comportava mais tanta gente. Para atender a demanda, Dom Valdir fundou
a igreja de São Roque, em 1975, que, mais tarde, vem a ser a Igreja de São
Lázaro. Em 1976, Dom Valdir faleceu e Dom Miguel assumiu a administração,
juntamente com a viúva de Dom Valdir (a igreja brasileira permite o casamento
entre os padres). A igreja continuou com o Padre Josivaldo, que depois deixou
a função por motivos judiciais, e fundou outra igreja de São Roque na ladeira
de São Cristóvão. Em 1977, Janete deu continuidade às atividades da igreja
com padre Jorge, só que com São Lázaro como padroeiro da paróquia. Em
1989, a igreja desvinculou-se da Igreja Brasileira e se ordenou como Igreja
Católica Apostólica Ortodoxa do Brasil. Com o falecimento de D Miguel em 1º
de Julho de 1998, assume a administração sua esposa Janete, após ser
ordenada presbítera, em janeiro de 1990, como a primeira mulher a celebrar
uma missa.
CINE BRASIL
Inaugurado em 1959 pelo espanhol Júlio Juncal, o Cine Brasil teve momentos
de glória como uma das mais tradicionais salas de projeção de Salvador. O
cinema resistiu até 1979, mas, com a crise do cinema baiano na década de 70,
foi fechado. No espaço já funcionaram desde comitês políticos até danceterias.
Quando da tentativa de transformar o memorável Cine Brasil em
supermercado, a população se mobilizou. Com o apoio da rádio comunitária
Serviço de Som da Liberdade, e do diretor do Colégio Caxiense, 3.000 pessoas
fizeram um abaixo-assinado que pressionou o governo do estado a transformar
o Cine Brasil num espaço cultural de utilidade pública.
FONTE DO QUEIMADO
Referências
● http://www.vertentes.ufba.br/bairro-liberdade
● https://www.salvadordabahia.com/experiencias/historias-dos-bairros-de-salvador-cur
uzu/
● https://liberdadenossobairronossaidentidade.wordpress.com/
● http://liberdadesalvador.blogspot.com/2011/09/quando-comecou.html