EB20 MF 03 106 Estratégia AGO 20
EB20 MF 03 106 Estratégia AGO 20
EB20 MF 03 106 Estratégia AGO 20
106
MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO
Manual de Fundamentos
ESTRATÉGIA
5ª Edição
2020
EB20-MF-03.106
MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO
Manual de Fundamentos
ESTRATÉGIA
5ª Edição
2020
MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO
Pag
PREFÁCIO
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
1.1 Finalidade................................................................................................................ 1-1
1.2 Considerações Iniciais............................................................................................ 1-1
1.3 Histórico.................................................................................................................. 1-1
1.4 Relações entre Poder, Política, Estratégia e Tática................................................ 1-6
CAPÍTULO II – CONCEITUAÇÃO DE ESTRATÉGIA
2.1 Considerações Gerais............................................................................................. 2-1
2.2 Conceitos Básicos................................................................................................... 2-1
2.3 Estratégia................................................................................................................ 2-3
2.4 Estratégia Nacional................................................................................................. 2-9
CAPÍTULO III - O CONFLITO E SUA RESOLUÇÃO
3.1 Considerações Gerais............................................................................................. 3-1
3.2 O Conflito................................................................................................................ 3-1
3.3 Solução dos Conflitos............................................................................................. 3-2
3.4 A Crise e sua Manobra........................................................................................... 3-3
3.5 A Guerra / Conflito Armado..................................................................................... 3-9
CAPÍTULO IV – ESTRATÉGIA MILITAR
4.1 Considerações Gerais............................................................................................. 4-1
4.2 Conceitos Básicos................................................................................................... 4-1
4.3 Estratégia Militar...................................................................................................... 4-3
4.4 Princípios de Guerra............................................................................................... 4-6
4.5 Concepção da Ação Militar..................................................................................... 4-11
O presente manual não tem por escopo ser um tratado de Estratégia. Seu propósito
é, antes, servir de orientação para o estudo e a aplicação dessa arte-ciência no âmbito do
Exército Brasileiro.
Assim, para cumprir sua finalidade, encontra-se desenvolvido em capítulos que
abordam os tópicos de interesse mais imediato para o trato da Estratégia no âmbito
mencionado, partindo de considerações mais amplas para enfoques mais específicos.
Cumpre ressaltar a existência dos Anexos "A" e "B", que abordam,
respectivamente, Estudo Estratégico de Área e Modelo para Condução da Manobra de
Crise.
INTRODUÇÃO
1.1 FINALIDADE
1.1.1 O presente manual tem por finalidade servir de orientação para o estudo e a
aplicação da Estratégia no âmbito do Exército Brasileiro, consideradas as prescrições
estabelecidas pelo Ministério da Defesa.
1.2.1 Todo fato ou fenômeno deve ser analisado à luz da conjuntura em que
ocorreu ou ocorre, sendo este aspecto de fundamental importância no estudo da
Estratégia.
1.2.3 Outro aspecto significativo para quem trabalha com Estratégia é a imposição
de se analisar todas as faces e todas as versões disponíveis sobre determinado fato
ou uma conjuntura. Não se deve tomar como "verdade absoluta" ou como "a versão
correta" apenas uma das considerações sobre um evento. É preciso ponderar, ouvir
ou conhecer outras opiniões, ainda que contrárias aos próprios valores do analista,
para se chegar a uma versão a mais exata e imparcial possível. Nessa tarefa, é
imprescindível observar tendências, identificar variáveis relevantes, verificar os
protagonistas do problema e os interesses em jogo.
1.2.4 Atualmente, uma das técnicas mais utilizadas, senão a mais utilizada, por
analistas e planejadores estratégicos é a técnica dos cenários prospectivos, que
adota diversas metodologias. Mas, o importante a se considerar é que cenários não
devem ser entendidos como projeções de futuro e, sim, como possibilidades no
futuro, com base em tendências no presente.
1.3 HISTÓRICO
1-1
1.3.2 Na Idade Antiga, mais especificamente em seu período Clássico, a Grécia é
reconhecida como primeiro referencial para o estudo da História Militar e, por
conseguinte, da arte da guerra. Nesse mister, os gregos legaram lições de uma
espécie de "estratégia indireta", posto que não demonstravam maior preocupação
em destruir os povos vencidos e, sim, em assimilá-los culturalmente ou torná-los
associados comerciais.
Já os romanos, buscavam a conquista de territórios (ampliação do Império) e a
destruição dos adversários, valendo-se da estratégia direta, caracterizada pelo
emprego efetivo das legiões militares.
Do Extremo Oriente, herdaram-se os princípios da estratégia indireta de Sun Tzu
(Sun Zi), general chinês autor da conhecida obra "A Arte da Guerra", elaborada
cerca de quatro séculos antes da Era Cristã. Em seu pensamento, já se vislumbra o
relacionamento estreito que deve existir entre o poder civil (o Estado) e o poder
militar, ressaltando a "disciplina do general em relação ao soberano", embora as
coisas da guerra devessem permanecer com os chefes militares. Ao salientar que o
Estado deve ser forte, acena com a ideia de que ele disponha de capacidade
dissuasória para sua sobrevivência.
1.3.2.1 Durante a Idade Média (476 a 1453), seu primeiro período — denominado
Barbarismo — não apresentou contribuição significativa para a arte da guerra, a não
ser a "estratégia direta" de Carlos Magno, ao empregar maciçamente seu aparato
militar nas conquistas de expansão do seu império. Já no segundo período — o
Feudalismo —, que vigorou na Europa desde o século X até o final dessa época
histórica, prevaleciam nesse Continente os "exércitos" compostos por hostes que, sob
nomes distintos, os senhores feudais eram obrigados a manter disponíveis para atender
a solicitações dos soberanos. Por outro lado, na Ásia e no Oriente Próximo, Gengis
Khan realizou intensiva campanha militar numa arrancada destruidora jamais vista até
então e prosseguida por seu filho e sucessor —Ogatai—- e por seu neto, Kublai Khan.
As ações eram caracterizadas pelo ímpeto na impulsão e pela violência nos combates.
1.3.2.2 A Idade Moderna (1453 a 1789) caracterizou-se como a época das grandes
invenções, dos descobrimentos marítimos, da Renascença, da Reforma Religiosa,
das guerras "santas", da Independência dos Estados Unidos e da Revolução
Francesa. A estratégia que predominou, ainda restrita à área militar, foi a indireta.
Isso, porque os monarcas evitavam lançar-se em combates francos, preferindo os
longos movimentos e os cercos, posto que os exércitos (de mercenários) eram
pequenos e caros. Nesse período histórico, é interessante destacar a contribuição
de Nicolau Maquiavel (1469-1527), que escreveu inúmeros trabalhos de natureza
política, com destaque para "O Príncipe". O pensamento político-estratégico de
Maquiavel pode ser sintetizado em quatro premissas básicas:
- fortalecimento do Estado;
- definição clara de objetivos;
- aplicação violenta e inescrupulosa dos meios; e
- aplicação dos meios subordinada à vontade do Estado(Soberano).
É na forma de aplicar os meios que Maquiavel se caracteriza como estrategista
implacável ao afirmar que "um príncipe deve ser raposa para conhecer os laços e
armadilhas e leão para aterrorizar os lobos" ou "em política, se devem ter mais em
conta os resultados em si do que a maneira pela qual eles foram obtidos" ou, ainda,
"é a vitória e não o método de lográ-la que confere glória ao vencedor". Sem colocar
ética e moral em primeiro plano, Maquiavel preconizava o ajustamento permanente
1-2
entre a ação desenvolvida e os desígnios do Estado, fazendo da estratégia o
instrumento da política para se atingir o fim por esta proposto.
LIBERDADE DE
MODELO MEIOS OBJETIVOS AÇÃO ESTRATÉGIAS
1-4
potentes na ameaça nuclear
1-5
Guerra Mundial, o vocábulo adquiriu amplo e diversificado uso, quando atingiu a totalidade
das atividades sociais, principalmente na área administrativa, e popularizou-se com
significado totalmente diferente do original (condução de forças no campo de batalha).
1.3.2.6 Em síntese, a estratégia saiu, ao longo da História, dos limites dos campos
de batalha e interpôs-se em todas as atividades de governo e econômico-sociais de
um país, mesmo em tempo de paz. Foi-se modificando mediante etapas sucessivas,
cada qual com abrangência crescente, incorporando características de cada época,
o que ficará evidente na gama de conceitos que serão apresentados adiante.
1.4.1.2 A vontade (traduzida em "vontade política") não deve ser entendida como
mero desejo subjetivo, mas como decisão, vontade concreta de fazer, determinação
na consecução dos objetivos. Dessa forma, a vontade nacional tem que ser
concretizada pelos representantes da sociedade que dela receberam a delegação
do poder.
1.4.1.3 O poder deve ser visualizado segundo suas características básicas, a saber:
sentido instrumental; caráter de integralidade; e relatividade.
PODER NACIONAL
EXPRESSÕES
FUNDAMENTOS Científico-
Política Econômica Psicossocial Militar
tecnológica
Recursos Recursos Recursos
Homem Povo Pessoa
humanos humanos humanos
Recursos
Recursos
Terra Território (*) Ambiente Território (*) naturais e
naturais
materiais
1-7
1.4.1.10 A expressão militar do poder nacional é integrada pelos poderes naval,
militar terrestre e militar aeroespacial.
1.4.2 POLÍTICA
1.4.3 ESTRATÉGIA
1.4.3.3 Como se pode observar, muitas vezes não fica clara a delimitação entre
Política e Estratégia, podendo-se mesmo associá-las à imagem das faces de uma
mesma moeda. O fundamental é o entendimento de que a Estratégia assenta-se em
uma metodologia complexa e abrangente de planejamento, preparo e aplicação do
poder, dando forma à concepção política e cumprindo suas diretrizes. Por isso, diz-se
que "a estratégia estabelece o como fazer".
1-8
não deve ser confundida com a condução específica das operações militares no
teatro de operações ou nos campos de batalha, função precípua da expressão
militar do poder nacional, atribuída às Forças Armadas.
1.4.4 TÁTICA
1-9
CAPÍTULO II
CONCEITUAÇÃO DE ESTRATÉGIA
2.1.2 Não se pode perder de vista que todos esses conceitos se encontram inter-
relacionados, formando uma malha coerente de variáveis e de atores que precisa
ser conhecida em todos os seus meandros.
2.2.1.3.1 Objetivos Nacionais (ON) – são aqueles que a Nação busca alcançar, em
decorrência da identificação de necessidades, interesses e aspirações, ao longo das
fases de sua evolução histórico-cultural. Os Objetivos Nacionais, em função de sua
natureza, podem ser agrupados em: Objetivos Fundamentais; Objetivos de Estado;
e Objetivos de Governo.
a) Objetivos Fundamentais (OF) – são os Objetivos Nacionais voltados para a
conquista e preservação dos mais elevados interesses da Nação e de sua
identidade, subsistindo por longo tempo. Segundo a ESG, os OF não são
estabelecidos nem fixados. Derivam do processo histórico cultural e emergem,
naturalmente, à medida que as necessidades e os interesses da comunidade se
cristalizam na consciência nacional, representando aspirações que,
independentemente de classes, região, credo religioso, ideologias políticas, origens
étnicas ou outros atributos, a todos irmanam. (ESG, 2006). Normalmente, esses
objetivos encontram-se acolhidos em dispositivos constitucionais.
b) Objetivos de Estado (OE) – são ON intermediários voltados para o atendimento
de necessidades, interesses e aspirações, considerados de alta relevância para
atingir, consolidar e manter os Objetivos Fundamentais. Embora os OE sejam
estabelecidos por um Governo, devem refletir um consenso nacional sobre
aspirações relevantes e assim deverão ser buscados por seus sucessores por
intermédio de outros objetivos intermediários (ESG, 2006).
2-1
c) Objetivos de Governo (OG) – são ON intermediários, voltados para o
atendimento imediato de necessidades, interesses e aspirações, decorrentes de
situações conjunturais em um ou mais períodos de Governo.
2.2.2.3 Espaço geográfico de interesse nacional com dimensão limitada, que, pelas
próprias características, pode oferecer vantagens militares importantes, mediante
seu controle ou domínio, em situações de conflito, crises ou guerra de caráter
limitado ou total.
2.2.3 ÓBICES
2-2
FATORES ADVERSOS
(sem sentido contestatório)
ÓBICES
PRESSÃO
ANTAGONISMOS (dificulta)
(deliberadamente contestatórios)
PRESSÃO DOMINANTE
(impede)
2.2.4.5 Embora pareça paradoxal, por vezes, diante de determinado óbice, a inação
intencional configura uma ação estratégica. É o caso típico de quando não se deseja
que determinado fato tenha repercussão, procurando fazer com que ele se dissipe
na origem. Via de regra, essa atitude é mais comum no nível político de decisão.
2.3 ESTRATÉGIA
2.3.1.1 Desde sua concepção original, surgida em Atenas no século V a.C., como a
"arte do general" (estratego), o conceito de Estratégia sofreu sensível evolução até
chegar às variações conceituais hoje encontradas.
2-3
diversos foram sendo incorporados pela polemologia, estudo científico das guerras e
seus efeitos, formas, causas e funções enquanto fenômeno social, conforme
apresentado na Seção 1.3 – HISTÓRICO, do Capítulo I, e nos extratos a seguir:
a) "Emprego das operações de guerrilha no desgaste do inimigo, mediante fluidez na
execução, permanente mobilidade, finta, surpresa e ofensiva". (Mao Tse-tung; 1893-
1977).
b) "Arte de empregar forças militares para atingir resultados fixados pela política".
(Liddell Hart; 1895-1970).
c) "Creio que a essência da estratégia repousa no jogo abstrato resultante da
oposição de duas vontades; arte da dialética das forças" ou, ainda mais exatamente,
"a arte da dialética das vontades, empregando a força para resolver seu conflito".
(André Beaufre; 1902-1975). Aqui cabe uma observação: quando se deseja atingir
um objetivo, no contexto do entrechoque de vontades, constitui visão estratégica
deixar uma "saída honrosa" ao oponente, que lhe faculte aquiescer ao nosso
interesse sem se mostrar derrotado ou humilhado, além de facilitar o atendimento
mais rápido ao nosso propósito.
d) "Arte de solução de conflito pelo emprego do poder militar". (Raymond Aron;
1905-1983).
e) "Arte de preparar e aplicar o poder para conquistar e preservar objetivos, superando óbices
de toda ordem". (ESG; Elementos Doutrinários - 2006).
f) "Estratégia Militar – arte e ciência de prever o emprego, preparar, orientar e aplicar o
poder militar durante os conflitos, considerados os óbices existentes ou potenciais,
visando à consecução ou manutenção dos objetivos fixados pelo nível político". (MD;
Doutrina Militar de Defesa - 2007).
g) "Arte de preparar e aplicar o poder para conquistar e preservar objetivos,
superando óbices de toda ordem. (EB20-MF-03.109).
h) "A estratégia é, fundamentalmente, um fenômeno de ação/reação. Todo
movimento de um dos protagonistas deve suscitar uma resposta de seu adversário.
Quando não há dialética, não há estratégia". (Coutau – Bégarie; Prof do Instituto de
Estratégia Comparada da França).
i) "Capacidade de visualizar caminhos para se atingir as metas de uma empresa".
(Conceito empresarial civil).
j) "Meio de que se vale a Política para obtenção de resultados concretos".
(Conceito governamental).
k) "Arte de aplicar os meios disponíveis com vista à consecução de objetivos
específicos"; "arte de explorar condições favoráveis com o fim de alcançar objetivos
específicos". (Conceito genérico).
l) "Ardil, estratagema, artimanha, astúcia". (Conceito de sentido figurado).
m) De uma outra forma, a estratégia pode ser entendida como o relacionamento
entre fins, caminhos e meios. Os fins são os objetivos ou metas pretendidas. Os
meios são os recursos postos à disposição para se atingir os fins. Os caminhos ou
métodos constituem a maneira (ações) como os recursos serão organizados e
aplicados para se atingir os fins. Transportando-se essa concepção para a área
militar (estratégia militar), ter-se-á a seguinte configuração:
1) Os fins como os objetivos militares.
2) Os caminhos como a doutrina de emprego das forças combatentes.
3) Os meios como os recursos (humanos e materiais) necessários ao
cumprimento da missão.
2-4
2.3.1.4 Para este manual, o conceito geral de Estratégia adotado é: “Estratégia é a
arte e ciência de preparar e aplicar o poder para, superando óbices de toda
ordem, alcançar os objetivos fixados pela política”. Arte, por envolver
característica pessoais do seu formulador, como experiência, conhecimento, visão e
criatividade. Ciência, por se valer de conhecimentos científicos de diferentes áreas.
Este conceito pode ser ilustrado graficamente de acordo com a figura a seguir.
2.3.1.5 É importante ressaltar que o fato de ser "arte" não traduz individualismo.
Normalmente, a formulação de estratégias se processa por meio de trabalho de
equipe; daí a constituição dos "centros de estudos estratégicos", dos "gabinetes de
gerenciamento de crises", dos tradicionais "estados-maiores" etc, onde várias
pessoas realizam o trabalho de elaboração mental das estratégias e das
correspondentes ações que irão implementá-las. Como disse o Marechal Castello
Branco:
2-5
2.3.2 CONSIDERAÇÕES FUNDAMENTAIS DA ESTRATÉGIA
2.3.2.3 Deve ser ressaltado que esse aspecto toma vulto quando se trata de
liderança estratégica. É o líder estratégico quem mais deve exercitar a arte de
implementar estratégias que congreguem o esforço nacional ou institucional para a
consecução dos objetivos pretendidos pela nação ou pela organização.
2-6
2.3.2.9 Já se abordou em tópicos anteriores que a estratégia visa a superar os
obstáculos de toda ordem que possam se antepor à conquista de objetivos. Esta é
sua característica de superação. Relembrando o pensamento do Prof Coutau-
Bégarie, "a Estratégia é, fundamentalmente, um fenômeno de ação e reação. O
propósito de toda ação estratégica é de superar o inimigo [óbices] a fim de impor-lhe
a nossa vontade".
2-7
2.3.2.16 Dentre os aspectos fundamentais até agora abordados, não poderia deixar
de ser mencionado o de atualização ou atualidade. Nesse mister, a estratégia não
pode prescindir de um acompanhamento continuado da atualidade conjuntural.
Constitui "erro estratégico" proceder a avaliações esporádicas, apenas quando aflora
alguma "efervescência" social. É imprescindível, nessa tarefa de atualização,
observar, identificar variáveis relevantes, os protagonistas do problema e os
interesses em jogo. Para se ajustar às constantes mutações conjunturais, a
estratégia precisa ser amplamente flexível. O professor Thomas Owen, do Colégio
de Guerra Naval dos EUA, costuma afirmar que "ter uma estratégia inflexível pode
ser pior que não ter nenhuma estratégia". Para atender plenamente a essa
necessidade, a estratégia deve contar com os conhecimentos e a experiência de
pessoas ligadas ao fato, à área ou ao tema em pauta.
2-8
2.4 ESTRATÉGIA NACIONAL
2-9
b) A manobra interior, aproveitando a liberdade de ação obtida com a manobra exterior,
deve explorar, na zona de conflito e nas suas áreas de influência:
1) as vulnerabilidades estruturais do adversário, obrigando-o a protegê-las,
mediante a dispersão de seus meios;
2) as atividades que visam a assegurar a lealdade da população, conduzindo-a a
não colaborar com o oponente;
3) as fraquezas morais do oponente, para minar o seu poder de combate; e
4) outros aspectos conjunturais.
2.4.2.1 Fase da preparação – Nesta fase, realizam-se diversas ações, tais como:
a) preparação da opinião pública, por meio de ações psicológicas, para suportar os
encargos psicossociais, políticos, econômicos e militares decorrentes da execução
da estratégia proposta;
b) legitimação das operações militares que possam ocorrer na fase da execução
diante da opinião pública mundial e nacional, perante governos aliados e neutros,
por meio de uma campanha que deve estar apoiada em um tema político com
profundas implicações morais, mas sempre coerente com o objetivo perseguido;
c) consideração quanto à reação de países neutros ou aliados ao desenvolvimento
da estratégia escolhida, de forma a eliminar ou, no mínimo, a reduzir a ocorrência de
circunstâncias aleatórias que, normalmente, provocam profundas alterações na
liberdade de ação obtida por ocasião do início das ações;
d) isolamento do inimigo com a aplicação de medidas como: realização de tratados
e/ou alianças; promessa de partilha de território ou de privilégios; tranquilização de
adversários potenciais quanto ao valor ou alcance dos objetivos visados; concessão
de garantias a países neutros e exploração de temas ideológicos;
e) previsão da resposta do Estado adversário e, por conseguinte, adoção de
medidas para neutralizá-la; e
f) considerações quanto à possibilidade de fracasso militar, aos apoios que se
podem obter se a vitória demorar, às consequências de uma derrota, às
possibilidades de se minorar os riscos por meio de uma saída honrosa e quanto às
interrupções previsíveis no desenvolvimento da estratégia estabelecida.
2-10
b) As ações diplomáticas e de operações psicológicas, realizadas previamente,
devem ter propiciado um ambiente internacional favorável, bem como condições
para que o adversário seja surpreendido e facilmente desorganizado.
c) As atividades não militares, especialmente as políticas, continuam tendo grande
importância para a paralisação de elementos potencialmente hostis e para a
galvanização de simpatias.
2-11
CAPÍTULO III
3.1.1 Em sociedade e acima dos indivíduos há, via de regra, uma autoridade
superior, onde uma ordem estabelecida garante direitos e deveres dos cidadãos. No
caso das nações, não existe um órgão supremo que as subordine ou que as faça
cumprir normas ou, ainda, que tenha autoridade incontestável para resolver seus
conflitos mediante determinada sentença. Embora tentativas nesse sentido tenham
sido feitas, tais empreendimentos não conseguiram ainda aprimorar o
relacionamento entre os Estados a ponto de evitar o surgimento de conflitos entre
eles, nem obter, com frequência, a resolução amistosa de litígios. Nesse contexto,
verifica-se que impedir a agressão entre as partes é uma tarefa complexa, sendo
comum que elas, muitas vezes e independentemente de respaldo externo, agridam-
se mutuamente, apoiadas nos próprios meios.
3.1.3 A solução desses conflitos pode ocorrer por meio da forma não violenta,
utilizando-se processos e técnicas inerentes aos meios diplomáticos, jurídicos e
políticos, ou por meio da forma violenta, valendo-se da capacidade de coagir do
poder nacional, desde ameaças ou pressões até a guerra declarada.
3.2 O CONFLITO
3.2.4 Crise é um estado de tensão, provocado por fatores externos ou internos, sob
o qual um choque de interesses, se não administrados adequadamente, corre o
risco de sofrer um agravamento, até a situação de enfrentamento entre as partes
envolvidas. É um fenômeno complexo, de diversas origens, caracterizado por um
3-1
estado de grande tensão, não permitindo que se anteveja com clareza o curso de
sua evolução. Uma crise interna pode assumir caráter político, econômico, social,
militar, científico-tecnológico ou múltiplo.
CONFLITO
CONTROLÁVEL INCONTROLÁVEL
NEGOCIAÇÃO
FORÇA
3-2
terceiros para, solucionando o conflito, imporem condições a uma ou a ambas as
partes litigantes.
3.3.4 Violência declarada é a forma de solução do conflito em que uma das partes
litigantes é submetida pela outra, por sujeição ou destruição, mediante o emprego
violento de meios de toda ordem.
3.4.1.4 Como a situação conflituosa entre Estados é situação comum, decorre daí a
necessidade do acompanhamento contínuo da conjuntura, das tendências e
ameaças, da existência de pressões e pressões dominantes e dos fatores de riscos
presentes, com o fim de verificar a aproximação de agravamento do conflito.
3-3
fundamentalmente, a possibilidade do holocausto nuclear são fatores que
determinaram estudos de metodologias para lidar com esse tipo de fenômeno social.
3-4
mantendo o status quo, a fim de ganhar tempo para arregimentação de novas forças
ou aguardar conjunturas mais favoráveis.
c) Distender - Trata-se da evolução de natureza defensiva, que busca evitar o uso
da força, procurando aliviar tensões, diminuir riscos de escalada indesejável e criar
condições de negociação em níveis mais baixos de hostilidades.
CRISES INTERNACIONAIS
SEQUÊNCIA DE AÇÕES/REAÇÕES COMPORTAMENTO POLÍTICO
* Desafio * Escalar
* Desenvolvimento - Horizontal
- Reação - Vertical (Ofs/Def)
- Confrontação * Estabilizar
* Resultados Finais * Distender
- Acordo
- Conflito Armado
Fig 3-2 – Manobra de Crise
3.4.2.4 Planejamento
3.4.2.4.1 O planejamento das ações concorrentes caracteriza-se pela escolha da
opção para o comportamento político-estratégico a adotar: escalar, estabilizar ou
distender. Nesse planejamento devem ser considerados, entre outros, os seguintes
aspectos:
a) manter inegociáveis os objetivos nacionais, uma vez que as crises são conflitos
de interesses e não de princípios;
b) manter o autocontrole sobre o próprio comportamento e procurar exercer controle
sobre o do oponente;
c) evitar o excesso deliberado de violência e prevenir o inadvertido, pelo efetivo
controle político das ações de toda a natureza;
d) evitar a diversificação desnecessária dos objetivos e propósitos;
e) evitar opções irreversíveis, mantendo a liberdade de ação para escalar ou
distender;
f) deixar aberturas para o entendimento e saídas honrosas para o oponente;
g) procurar o apoio da opinião pública nacional e internacional, influindo
permanentemente sobre as mesmas;
h) manter abertos canais diretos de comunicação com o partido oposto;
i) refrear o curso dos acontecimentos, empregando as forças com flexibilidade e
controle, para que sejam repensadas e diminuídas as tensões emocionais;
j) não atribuir importância a eventos e fatos aparentemente pequenos, que possam
gerar aumento no grau de complexidade;
k) reconhecer os dilemas do oponente, que estará também em busca de um
resultado final que atenda aos seus interesses;
l) servir-se de constante e íntimo relacionamento entre os domínios das
considerações políticas, econômicas, psicossociais e militares;
m)controlar as informações dirigidas ao público e exercer atividades de operações
psicológicas;
3-5
n) empregar as Forças Armadas (FA) em ações não facilmente classificáveis como
atos de guerra, mas como ameaça para dissuadir ou persuadir, ou para demonstrar
a disposição de escalar, sendo a violência armada compatível com os interesses em
jogo;
o) manter prontidão permanente dos segmentos do Poder Nacional que estão sendo
ou poderão ser empregados no desenvolvimento do conflito;
p) exercer pressões políticas e diplomáticas;
q) explorar indiretamente personalidades, dissidentes e grupos de opinião;
r) obter e usar o apoio de aliados ou alinhados; e
s) exercer pressões econômicas.
3-6
O segundo aspecto é atentar para a possibilidade, normalmente indesejável, de
envolver interesses nacionais de outros países na crise, cujas eventuais inclusões
podem influir significativamente em seu desenvolvimento.
3-7
3.4.2.6.2 Não há regras gerais ou mesmo recomendações que garantam a eficácia
da aplicação do Poder Nacional em manobra de crise. Além de cada situação
envolver um grande número de fatores e variáveis diferentes, os Estados possuem
peculiaridades, fruto das características de cada povo. Assim, as soluções que são
adequadas para um país podem ser inaceitáveis para outros.
3.4.2.7.2 O poder militar busca dar continuidade às relações políticas entre Estados,
agora com o emprego de meios que contribuam para o acordo desejado, por
compulsão (intimidação ou atrição). Assim, o emprego do poder militar tem como
propósito inicial dissuadir o oponente e indicar-lhe a firme disposição do Estado de
defender seus interesses até as últimas consequências.
3-8
portanto, a necessidade de um eficiente sistema de C2 que garanta respostas
tempestivas e adequadas à situação.
3.5.1.1 A guerra é o conflito no seu grau máximo de violência. Muito tem-se adotado
substituir o vocábulo “guerra” por “conflito armado”. Em função da magnitude do
conflito, pode-se implicar a mobilização de todo o Poder Nacional, com
predominância da expressão militar, para impor a vontade de um ator ao outro.
3-9
3.5.1.4 A crescente dificuldade de aceitação internacional da guerra como recurso
lícito do Estado e seu indevido entendimento, pelo público em geral, como crime
contra a humanidade, são outras razões que explicam a tendência da limitação do
emprego do termo guerra. No entanto, a bibliografia especializada e os recentes
compêndios de História continuam a utilizar sistematicamente a expressão guerra,
exceto quando esse fenômeno social é tratado no campo jurídico. Por outro lado, o
termo “conflito armado” pode traduzir uma ideia de limitação de engajamento do
Poder Nacional e de objetivos em jogo. Escaramuças armadas na faixa de fronteira
de uma área em litígio e convulsões sociais em um Estado, que superem a
capacidade de controle dos órgãos policiais, exemplificam a assertiva.
3-10
3) Guerra de Resistência - Conflito armado em que nacionais de um país
ocupado por outro país ou coligação de países, total ou parcialmente, lutam contra o
poder de ocupação para restabelecer a soberania e a independência preexistentes.
3-11
3.5.3.3 O nível estratégico transforma os condicionamentos e as diretrizes políticas
em ações estratégicas, voltadas para os ambientes externo e interno, a serem
desenvolvidas setorialmente pelos diversos ministérios, de maneira coordenada com
as ações da expressão militar (expressão prevalecente). Este nível se desdobra em
todos os setores da vida nacional. Eventualmente neste nível, as diretrizes políticas
e os recursos setoriais de toda ordem podem ser reavaliados e ajustados, mediante
a adequação, a flexibilização ou o cancelamento dos objetivos anteriormente
fixados, acordados com o nível político. O nível estratégico, no Brasil, é composto
pelo MD, Conselho Militar de Defesa (CMiD) e pelos Comandos das Forças
Armadas.
3.5.4.1 Seja qual for a sua causa, a solução da guerra será conseguida quando
alcançar uma ou mais das seguintes condições:
a) a estrutura de apoio ao esforço de guerra do inimigo tiver sido afetada a tal ponto
que ele não consiga mais manter poder militar suficiente para o prosseguimento das
operações;
b) quebra da vontade de lutar do inimigo;
c) perda de condições do governo inimigo em congregar o povo para o esforço de
guerra;
d) redução da capacidade das FA inimigas a um ponto tal que impeça uma oposição
efetiva.
3-12
CAPÍTULO IV
ESTRATÉGIA MILITAR
4-1
c) implantação de novo regime político-econômico;
d) difusão de ideologias ou dogmas religiosos;
e) manutenção do equilíbrio de poder;
f) ampliação territorial;
g) conquista de faixa de segurança;
h) manutenção de "status quo";
i) rendição incondicional;
j) conquista de posições de alto valor estratégico; e
k) extinção de um Estado; etc.
4-2
4.2.3 CENTRO DE GRAVIDADE
4.2.4.3 Segundo André Beaufre, cumpre ressaltar que, “em nossos dias, todo
conflito somente se pode travar dentro de uma margem bem-definida de liberdade
de ação, por causa das repercussões que seu desenvolvimento poderia ter sobre a
situação internacional”.
4-3
adotar um dos seguintes métodos da Estratégia Militar: ação direta, aproximação
indireta, ação indireta e nuclear.
4.3.1.2 A Estratégia Militar da Ação Direta busca a solução do conflito pela vitória
militar, mediante o emprego de forças militares com a finalidade de destruir as forças
armadas inimigas e/ou conquistar seu território. Esse método exige flagrante
superioridade de meios militares e boa liberdade de ação para empregá-los. Nos
dias atuais, há que se considerar as normas do Direito Internacional dos Conflitos
Armados (DICA) em relação à destruição das forças inimigas.
4.3.1.4 A Estratégia Militar da Ação Indireta não busca a solução do conflito pela
vitória militar. Está baseada em ações militares limitadas (bloqueios, bombardeios,
incursões, etc.) em complemento às ações políticas/diplomáticas, econômicas e
psicossociais, que buscam a submissão do oponente no contexto de uma Estratégia
Nacional. Esse método é adotado, normalmente, em decorrência da inferioridade de
meios militares e/ou da falta de liberdade de ação e, ainda, da convicção de que a
solução para o conflito pode e deve ser obtida sem o emprego da violência máxima.
4.3.1.5 A Estratégia Militar Nuclear busca a solução do conflito pela vitória militar,
empregando armas nucleares contra os centros do poder do inimigo e/ou contra as
suas forças estratégicas de ataque. Cabe ressaltar que, não sendo o Brasil uma
potência nuclear, esse método não constitui uma opção de planejamento
estratégico.
4-4
observância e a consecução de seus fundamentos e objetivos nacionais estipulados
na legislação em vigor, com base no princípio da legítima defesa e dos interesses
vitais nacionais, e mesmo à revelia dos organismos internacionais.
4-5
4.3.2.9 Projeção de Poder: caracteriza-se pela participação militar além fronteiras,
em situações que possibilitem o respeito internacional ao País, por iniciativa própria
ou atendendo a solicitações provenientes de acordos externos e/ou organismos
internacionais, visando a apoiar os interesses nacionais relacionados com a
manutenção da paz internacional.
4.4.2 Não existe uma ordem de prioridade na enumeração dos princípios, pois a
importância de cada um em relação aos demais varia de acordo com a situação
considerada.
4.4.4 OBJETIVO
4.4.4.2 Uma vez fixado o objetivo, deve-se perseverar na sua busca, sem permitir
que as circunstâncias da guerra façam perdê-lo de vista.
4.4.5 OFENSIVA
4.4.5.1 Princípio que se caracteriza por levar a ação bélica ao inimigo, de forma a
se obter e manter a iniciativa das ações, estabelecer o ritmo das operações,
determinar o curso do combate e, assim, impor sua vontade.
4-6
4.4.5.2 A ação ofensiva é necessária para obterem-se resultados decisivos, bem
como para manter a liberdade de ação. É inspirada na audácia, fortalecendo o
espírito de corpo e motivando o combatente. Quando obrigado a uma postura
defensiva, o comandante deve procurar, por todos os meios, reverter a situação,
retomando a ofensiva o mais rápido possível.
4.4.6 SIMPLICIDADE
4.4.7 SURPRESA
4.4.7.1 Princípio que consiste em golpear o inimigo onde, quando ou de forma tal
que ele não esteja preparado. O comandante que obtém o efeito da surpresa poderá
alterar a seu favor, de forma decisiva, a correlação das forças em combate. Esse
princípio sugere que os esforços devam ser empreendidos de forma a surpreender o
inimigo e não ser surpreendido por ele. Com o emprego da surpresa, poderão ser
obtidos resultados superiores ao esforço despendido, compensando fatores
desfavoráveis.
4.4.7.2 A surpresa deverá ser buscada nos níveis estratégico, operacional e tático.
Manifesta-se pela originalidade, audácia nas ações, sigilo, despistamento, inovação
tecnológica e, sobretudo, pela velocidade de execução das ações e dissimulação.
4.4.8 SEGURANÇA
4.4.8.2 Esse princípio realça três aspectos que devem ser considerados para sua
efetiva aplicação:
a) A obtenção de informações oportunas e precisas sobre o inimigo é indispensável,
não somente para o planejamento das operações como também para evitar-se a
surpresa;
b) Os planos e a localização das forças e dos pontos sensíveis no território, assim
como todas as atividades relacionadas com as ações militares, devem ser cercados
4-7
do maior grau de sigilo possível, o que dificultará a intervenção inimiga nas
operações e no esforço de guerra; e
c) a existência de doutrina e de mentalidade de contrainteligência, estabelecidas
desde o tempo de paz.
4.4.8.3 A segurança não implica atitude defensiva, evitando-se todos os riscos. Uma
certa dose de audácia é essencial ao êxito das operações. Demasiado cuidado ou
indevida cautela podem comprometer seriamente o uso da ofensiva ou a exploração
de vantagens. A aplicação desse princípio requer adequada análise das
possibilidades do inimigo, visando em especial à defesa das bases, das fontes de
suprimentos, das comunicações e das instalações vitais, com o propósito de reduzir
vulnerabilidades e de preservar a liberdade de ação. Esse princípio não busca a
eliminação de todos os riscos, mas admite o conceito de risco calculado.
4.4.9.1 Princípio que se caracteriza pelo uso econômico das forças e pela
distribuição e emprego judiciosos dos meios disponíveis para a obtenção do esforço
máximo nos locais e ocasiões decisivos.
4.4.10 MASSA
4.4.10.2 Os meios devem ser concentrados para que se possa obter superioridade
decisiva sobre o inimigo, no momento mais favorável às ações que se tenham em
vista. Essa concentração permite:
a) alcançar decisiva superioridade nos locais ou áreas onde o inimigo se apresenta
fraco e sem possibilidade de ser reforçado em tempo útil; e
b) aplicar o máximo de força para a produção do efeito desejado à campanha ou à
operação e para a consecução de seu propósito.
4-8
4.4.11 MANOBRA
4.4.12 MORAL
4.4.13 EXPLORAÇÃO
4-9
4.4.13.2 A exploração permite tirar vantagem de oportunidades e,
consequentemente, empregar as forças em toda extensão de sua capacidade,
obtendo efeitos desejados que poderão facilitar a consecução do propósito final.
4.4.14 PRONTIDÃO
4-10
4.4.15.2 Atuando em íntima cooperação, o que somente se consegue com
planejamento integrado e emprego coordenado, os esforços serão maximizados
para a obtenção das metas comuns. Isso só é possível quando há unidade de
comando no mais alto escalão e mentalidade militar unificada em todos os níveis.
4.5.4 Mais detalhes sobre o PEM podem ser encontrados nos documentos do
Ministério da Defesa que tratam sobre o assunto, como o Manual de Operações
Conjuntas (MD30-M-01).
4-11
4.6 CONCEPÇÃO DA AÇÃO NÃO MILITAR
4.6.5 Por não serem objeto específico do presente manual, as ações não militares
não serão aqui estudadas em sua essência. Cumpre, entretanto, ressaltar que tais
ações, sempre presentes, mesmo na estratégia direta, deverão orientar-se para o
esforço nacional de guerra ou de evitar a guerra, desde o tempo de paz.
4-12
CAPÍTULO V
5.1.1 CONCEITUAÇÃO
5.1.2 COMANDO
5-1
5.1.2.3 O comandante de uma força combinada, interagência ou interaliada deve
conhecer e saber avaliar diferenças, variações e reflexos para as operações. Deve
combinar o tato com a determinação, a paciência com o entusiasmo, para assegurar
o máximo de eficiência da força. Deve insistir no exercício do comando por meio dos
canais estabelecidos, a despeito das dificuldades impostas pelas diferenças de
procedimentos e pela barreira dos idiomas.
5.1.3 ESTADO-MAIOR
5-2
5.2.2.3 A Estratégia Militar de Defesa (EMiD), decorrente da Política Militar de
Defesa, é o documento de mais alto nível que define as Hipóteses de Emprego (HE)
das Forças Armadas (FA) e as estratégias militares a serem empregadas em cada
uma delas.
5-3
5.2.5.2 O nível estratégico-operacional, representado pelo TO, é o elo vital entre a
estratégia militar e o emprego tático das forças componentes.
5.2.6.1 O deslocamento estratégico tem por objetivo a condução das forças para a
área de concentração. No âmbito do TO, o deslocamento das forças da área de
concentração para a região onde deverão iniciar as operações militares, ou onde se
faça necessária a sua presença, é denominado deslocamento estratégico-
operacional.
5-4
5.2.6.3 DIREÇÃO ESTRATÉGICA – Visualização de uma direção de aplicação de
força militar no quadro de uma manobra estratégica. (MD35-G-01)
5-5
5.2.7.3 A concentração estratégica é uma atividade complexa, que envolve o
transporte e a instalação de grandes efetivos e ponderáveis quantidades de
suprimentos em áreas muito vastas. A concentração estratégica deve atender a uma
série de exigências, particularmente a de guardar flexibilidade para reunir a força
para ser aplicada em uma manobra decisiva. Por essa razão, o dispositivo da
concentração, normalmente, traz em si o embrião da manobra anteriormente
concebida.
5-6
5.2.8.4 Existem duas formas básicas de manobra estratégica: a manobra ofensiva e
a manobra defensiva. Essas formas de manobra são válidas, também, para a
manobra estratégico-operacional. Estas designações referem-se ao caráter
predominante da manobra estratégica, visto que, neste nível, a combinação de
atitudes é normal.
- RUPTURA (PENETRAÇÃO)
- LINHAS INTERIORES (POSIÇÃO CENTRAL)
- LINHAS EXTERIORES (CONVERGENTE)
- FLANCO (ALA)
- AÇÃO FRONTAL
5-7
5.2.9.1.2 Linhas interiores - A manobra em linhas interiores ou em posição central
consiste na adoção de um comportamento defensivo em todos os grupamentos de
forças, à exceção de um que, atuando ofensivamente, visa à destruição de um dos
elementos de manobra do inimigo. As ações são divergentes.
5-8
de conquistar objetivo em profundidade que isole o campo de batalha e obrigue o
inimigo a lutar em duas frentes, sujeitando-o à destruição.
5.2.9.1.5 Ação frontal - A manobra de ação frontal é aquela que incide em toda a
frente do dispositivo inimigo. Só deve ser empregada por uma força com poder
relativo de combate muito superior ao do inimigo. Caso isso não se verifique,
permitirá ao defensor executar a manobra operacional defensiva retrógrada (ver item
seguinte), apresentando novas resistências em linhas favoráveis e cobrando alto
preço em tempo e baixas pela conquista de cada nova posição.
5-9
5.2.9.2 Manobra estratégica defensiva
5.3 AS BATALHAS
5-10
força inimiga e conseguir sua destruição. Compreende uma ou mais operações
táticas e consiste no choque violento de forças de valor considerável, mediante o
qual os contendores buscam modificar sua situação estratégica, conquistando
posições no terreno ou destruindo parcela do poder de combate inimigo.
5.3.1.5 A batalha pode ser breve e travada numa área relativamente pequena ou
pode durar várias semanas, cobrindo grandes áreas. Sua decisão se produz com a
quebra da capacidade de combate de um dos contendores.
5-11
responsabilidade, ficando em condições de assumir encargos relativos à segurança
de área de retaguarda, no TO ou na área de operações, caso determinado pelo
comandante operacional ativado.
PLANEJAMENTO
NÍVEL DOCUMENTOS
Diretrizes Estratégicas:
– Diretrizes Ministeriais (DMED).
Estratégico
– Diretrizes do Chefe do Estado-Maior Conjunto das
(MD)
Forças Armadas (DPEM).
Planos Estratégicos (PEECFA).
Operacional
(Comandos Diretrizes de Planejamento Operacional.
Operacionais Planos Operacionais.
ativados)
Planos Táticos.
Tático
Diretrizes de Planejamentos Táticos.
(F Cte)
Ordens de Operações.
5-12
5.3.4.4 Área de Operações (A Op)
5-13
5.3.6.2.2 O COMAE é uma organização militar com duas funções: Órgão Central do
Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA) e Comando Operacional.
5-14
fim de produzir a Análise de Inteligência Estratégica. Esta Análise deverá estar
concluída antes do início do Exame de Situação Estratégico.
5-15
CAPÍTULO VI
6-1
presente", mas como "possibilidade de ocorrência no futuro", com base nas
tendências do presente.
6.1.8 Muitos dos aspectos aqui arrolados somente podem ser levantados ou
avaliados mediante atividades de inteligência estratégica, da qual o planejamento
estratégico não pode prescindir.
6.2.3 O planejamento estratégico não deve ser entendido como uma fórmula
mágica que assegura o sucesso na resolução de todos os problemas da
organização. É preciso entender que, pela própria dinâmica do processo, poderão
surgir diferenças entre as intenções, o planejamento e a execução. Por conseguinte,
é preciso estar consciente de que existem dificuldades a serem identificadas e
superadas no processo de elaboração do planejamento estratégico.
6-2
6.3 PLANEJAMENTO DA DEFESA NACIONAL
6.4.1 FINALIDADE
6-3
garantia da condição de segurança definida para o País, frente a ameaças de
ataques militares ou de conflitos armados.
6-4
NÍVEIS DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO MILITAR
(Defesa Nacional)
NACIONAL SETORIAL SUBSETORIAL
(COMANDANTE SUPREMO) (MINISTÉRIO DA DEFESA) (FORÇAS ARMADAS)
Constituição Federal
Constituição Federal Leis Complementares Cenários Prospectivos
Leis Complementares Política Nacional Política Militar de Defesa
Política Conceito Estratégico Nacional Estratégia Militar de Defesa
Conceito Estratégico Nacional Política Nacional de Defesa Doutrina Militar de Defesa
Estratégia Nacional de Defesa
REALIMENTAÇÃO
- Acompanhamento e avaliação de cenários.
- Alteração de recursos: financeiros, materiais etc.
(*)Estes planos são formulados pela EMiD e servirão de subsídios para a elaboração dos planos operacionais dos
Comandos Operacionais ativados.
6-5
Fig. 6-2. Representação da SPEM
6-6
6.4.3.5 Quanto ao planejamento do emprego operacional, compete ao Estado-Maior
Conjunto das Forças Armadas elaborar o planejamento de emprego conjunto das
Forças Armadas para atender aos imperativos da defesa nacional.
6-7
b) racionalizar as atividades de planejamento e a execução das ações em vários
níveis e setores;
c) acompanhar o planejamento e a execução das ações, realimentando e
controlando o sistema; e
d) propiciar as melhores condições para o cumprimento da missão do Exército
Brasileiro com eficiência, eficácia e efetividade.
6.5.3.1 As ações a serem realizadas para o Preparo da Força Terrestre são medidas
contínuas referentes aos campos do pessoal e do material, sobretudo na instrução e
adestramento, na dotação de meios, na distribuição do pessoal e na mobilização,
com o objetivo de permitir que as organizações militares (OM) estejam em condições
de participar de operações em ambiente Conjunto, Combinado ou Singular em
conformidade com a concepção estratégica de emprego.
6-8
6.5.4 VERTENTE DE GESTÃO DO SIPLEX
6.5.4.4 As Necessidades Gerais do Exército (NGE) são compiladas pelo EME, captando
as demandas do custeio e manutenção da instituição e as do processo de transformação
da Força e são a base para o processo de Orçamentação do Exército. Anualmente ele é
iniciado, quando o Governo Federal envia ao Ministério da Defesa a Pré-Proposta
Orçamentária, consoante com os objetivos e metas previstos no PPA. Com a edição da
Lei de Diretrizes Orçamentárias, são estabelecidos os parâmetros para a elaboração do
PLOA com base na Proposta Orçamentária de cada Ministério. A conciliação das NGE às
possibilidades oferecidas pelo PPA e pela Pré-Proposta Orçamentária resulta na
Proposta Orçamentária do Comando do Exército, que é encaminhada ao MD. Esse por
sua vez apresenta a Proposta conjunta das três Forças e do próprio Ministério.
6-9
respectivos Planos Setoriais. Os PDR estabelecem metas físico-financeiras de A+1, para
a execução das Atividades das Ações Estratégicas e demais ações correntes do Exército.
Os PDR são expedidos concomitantemente com a aprovação do PLOA.
6.5.4.8 As prestações de contas são realizadas por meio dos diversos processos
estipulados pela administração pública, culminando com a elaboração do Relatório de
Gestão da Unidade Orçamentária. Cabe destacar que este relatório aborda
principalmente a execução do Plano Estratégico da Instituição e suas entregas para a
sociedade.
Legenda:
DtzEstrt – Diretriz Estratégica Pl - Plano Interno
6-10
6.5.4.2 O esquema anteriormente apresentado pode ser detalhado conforme a
seguinte figura:
Legenda:
PIO – Proposta Inicial do Orçamento
PFO – Proposta Final do Orçamento
POE – Proposta do Orçamento do Exército
6-11
desafios visualizados. A partir daí, interagir com as capacidades disponíveis, com o
intuito de obter uma força apropriada para atuar em uma gama de possibilidades
imprevisíveis de ocorrência no espaço e no tempo.
6.5.5.3 Permite a concepção, a criação e o emprego de forças de forma ágil e
flexível, plenamente contextualizado com a realidade presente e alinhado com as
perspectivas de futuro, reduzindo os riscos a que o planejamento de Defesa está
submetido.
6.5.5.4 O PBC é contínuo e deve estar de acordo com as imposições
governamentais decorrentes das legislações pertinentes (PND, END, dentre outras).
Deve considerar, também, a alocação de recursos orçamentários correntes para a
Defesa e as necessidades futuras estabelecidas nos cenários prospectivos, que
visualizam situações prementes de atuação da Força.
6.5.5.4 Em resumo, o PBC visa a obtenção de Capacidades Militares Terrestres
(CMT) e decorrentes Capacidades Operativas (CO) fundamentadas em objetivos
estratégicos estabelecidos a partir do nível político da Nação. Nesse contexto, os
fatores determinantes para a obtenção das requeridas capacidades são
representados pelo acrônimo DOAMEPI (Doutrina, Organização e/ou Processos,
Adestramento, Material, Educação, Pessoal e Infraestrutura).
6.5.5.5 O PBC está em processo de estudos e pesquisas para a definição de
metodologia apropriada e consequente adoção e aplicação no âmbito das Forças
Armadas. Quando admitida, implicará em inovações consideráveis nos métodos e
amplitude de planejamentos em utilização pela Força.
6-12
ANEXO A
1. GENERALIDADES
a. O estudo estratégico de área consiste, basicamente, na compilação
ordenada e atualizada de todos os elementos, mensuráveis e não mensuráveis, que
possam ser de interesse para o planejamento geral de qualquer ação estratégica em
determinada área ou para a exata compreensão de estratégias que nela estejam em
curso. O estudo estratégico permite detectar não apenas as potencialidades da área,
mas também suas vulnerabilidades, ou seja, suas deficiências ou pontos fracos
passíveis de serem explorados por um oponente. Em toda estrutura, existem
elementos fundamentais que, sendo eliminados, enfraquecidos, agravados ou
desarticulados, provocam o seu desmoronamento.
b. Os modelos existentes para o estudo estratégico de uma área servem apenas
como referência, devendo esse estudo ser adaptado a cada caso particular, em função
das informações disponíveis, do grau de desenvolvimento da área em questão e,
principalmente, da finalidade do estudo.
c. Os fatores que são considerados na caracterização de áreas estratégicas
podem ser enquadrados nas seguintes categorias básicas:
(1) poder e potencial estratégico;
(2) posição estratégica;
(3) óbices; e
(4) vulnerabilidades.
d. Poder e potencial estratégico – são avaliados quanto a suas possibilidades
em relação aos objetivos considerados, quanto a suas vulnerabilidades em relação
aos óbices e quanto à formulação de um juízo de valor sobre sua capacidade, com
vistas à ação política.
e. Posição estratégica – é a situação geográfica da área em relação aos centros
do poder ou a áreas de interesse vital para o país. Determinadas áreas podem ser
consideradas como estando em posição estratégica por servirem de pontos de apoio
para a execução de ações estratégicas em outras áreas.
f. Óbices – os óbices existentes ou potenciais são fundamentais para a
caracterização da área enfocada. Em última instância, as ações estratégicas nela
desenvolvidas terão como finalidade precípua a superação de tais óbices, de modo
a impedir o enfraquecimento do poder nacional.
g. Vulnerabilidades – são os óbices (deficiências) passíveis de serem
explorados pelo oponente. Assim, a existência de condições peculiares ao
subdesenvolvimento, a escassez de matérias-primas, as dificuldades e os
estrangulamentos no sistema de transporte são exemplos de deficiências na
expressão econômica do poder nacional que a ação de oponentes pode transformar
em vulnerabilidades. Outros exemplos podem ser citados: instabilidade política,
caracterizando deficiências na expressão política; equipamentos militares obsoletos
ou tecnologia ultrapassada, como deficiências na expressão militar; etc.
2. ZONA DE POTENCIAL ESTRATÉGICO
a. Este conceito refere-se a região caracterizada pela existência de: “território
extenso e contínuo; posição continental (na acepção de massa terrestre continental
banhada por oceanos ou mares abertos); riqueza natural diversificada; população
numerosa, densa e coesa e com capacidade realizadora; estruturas políticas
unitárias; progresso científico e poder econômico”.
b. É importante não se menosprezar a análise dos fatores de ordem histórica e
estrutural, valorizando-os da mesma forma que os fatores de ordem geográfica e
geoestratégica.
c. Em relação ao grau de desenvolvimento de uma área, há, normalmente, um rol
muito grande de elementos que devem ser considerados. Entretanto, o fundamental é
que o estudo seja norteado pelos conceitos de quantidade, qualidade e eficiência de
funcionamento dos elementos abordados.
3. ÁREA ESTRATÉGICA
a. Caracterização – Áreas, regiões ou setores são caracterizados como
estratégicos quando, no seu estudo, ficar constatada a presença ou a possibilidade de
interesses nacionais significativos, bem como a existência de óbices importantes,
fazendo-se necessária a aplicação de ações estratégicas.
b. Determinação de áreas estratégicas
Durante os estudos que culminam com a formulação da Concepção
Estratégica Nacional (CEN), começam a se configurar as primeiras áreas
estratégicas, considerando-se os interesses, os óbices existentes e as
características de cada região.
Configuradas tais áreas, torna-se necessário definir os seus limites, definição
essa que, no início, pode não ser precisa. A definição inicial dos limites de uma área
estratégica é buscada por meio do processo das tentativas pela coincidência de
unidades geográficas, econômicas, políticas, psicossociais e militares, sofrendo ao
longo do processo os reajustamentos necessários.
As áreas estratégicas podem localizar-se no próprio território nacional
(internas), fora dele (externas) ou em regiões que englobam espaços nacionais e
estrangeiros (mistas).
Convém ressaltar que algumas áreas passam a ser consideradas
estratégicas somente após determinada época. Outras, ao contrário, perdem seu
caráter estratégico com o passar dos anos. O Oceano Ártico, por exemplo,
inexpressivo por ocasião da II Guerra Mundial, é hoje uma importante área
estratégica, por permitir que os países por ele banhados projetem seu poder em
outros territórios.
4. ÁREA OPERACIONAL
a. Área operacional é a área estratégica, ou parte dela, relacionada com o
planejamento de ações predominantemente da expressão militar do poder nacional
e onde possíveis operações militares podem ocorrer.
b. A principal diferença entre uma área estratégica e uma área operacional é
que aquela se relaciona com ações de todo o poder nacional, enquanto que esta se
volta, predominantemente, para as ações militares, sem excluir as ações das demais
expressões do poder, ou seja, admite-se que as operações militares devem se
desenrolar nas áreas operacionais. Da mesma forma, quando se estuda uma área
com ênfase para o preparo e a aplicação militar, ela passa a ser considerada, para
esse estudo, uma área operacional.
c. Quando do estabelecimento da CEN, ao serem formuladas as possíveis
hipóteses de emprego, é feita uma primeira indicação das áreas onde,
presumivelmente, serão realizadas operações militares. Os estudos subseqüentes à
CEN irão possibilitar que se complementem as indicações iniciais, de forma a se
configurar, com maior nitidez, as áreas operacionais a serem efetivamente
consideradas. A delimitação mais precisa de tais áreas será obtida no
prosseguimento do processo de planejamento da defesa nacional.
6. INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA
a. Nos tempos atuais, a gama de conhecimentos inerentes às atividades
humanas torna-se cada vez mais ampliada e complexa, com inequívoco reflexo para
aqueles que desejam ou necessitam deter o poder. Nesse contexto, informar-se é
fundamental, sobretudo quando se trata de obter um conhecimento antecipado que
proporcione visão prévia do que pode acontecer, permitindo identificar
comportamentos ou reações diante de fatos ou situações futuras, em qualquer nível
de ação.
b. As informações podem abranger aspectos amplos e gerais ou restritos e
específicos, e sua necessidade avulta quando se trata de obter conhecimentos que,
por sua natureza, devam ser pesquisados e produzidos com o objetivo de serem
utilizados para bem fundamentar decisões nos mais altos escalões governamentais.
O estudo estratégico de área consiste nesse trabalho de produzir conhecimentos
adequados e oportunos, que favoreçam os atos decisórios, enquadrando-se, pois, no
campo da inteligência estratégica.
c. Informação estratégica é o conhecimento que tenha ou possa vir a ter
reflexos em qualquer expressão do poder nacional, produzido com a finalidade de
atender às necessidades de planejamento e à condução de ações de alcance
estratégico.
d. Ela encerra conhecimentos necessários à conquista e/ou à manutenção dos
objetivos nacionais.
e. As informações estratégicas não designam objetivos, não estabelecem
políticas, não formulam planos e não executam operações (exceto as específicas de
inteligência). Elas apenas servem de subsídio para os estudos e tomada de
decisões.
f. Em relação ao estudo estratégico de área, cumpre considerar três tipos de
informações estratégicas, classificadas de acordo com sua validade no tempo:
(1) Informação básica – Quando se refere a conhecimentos estáveis, já
consolidados, levantados ou catalogados, abrangendo todos os setores de atividade
e de caráter relativamente permanente. É utilizada com a finalidade de proporcionar
os elementos necessários aos planejadores e executores da política e da estratégia
nacional. Como o próprio nome indica, essa informação serve de base para
produção de outros conhecimentos, particularmente para acompanhar o
desdobramento de determinadas atividades ao longo de um período. O
levantamento estratégico (1ª fase), por exemplo, constitui informação básica que
fornece grande volume de dados sobre todas as expressões do poder nacional.
(2) Informação corrente – É o conhecimento dinâmico, sempre atualizado, da
conjuntura interna e externa em todas as expressões do poder nacional, que
propicia dados de valor imediato aos usuários. É utilizada para atualizar a
informação básica, permitindo acompanhar a tendência ou a evolução dos
acontecimentos que se desenrolam no país e no cenário internacional.
(3) Informação estimada ou estimativa
(a) É a projeção, em futuro previsível, de um fato ou uma situação, feita
com base na análise objetiva de todos os dados envolvidos e no estudo das
possibilidades e probabilidades de sua evolução. Exige do analista conhecimento,
argúcia, isenção, experiência e, principalmente, absoluta correção e precisão ao
expressar seu pensamento.
(b) O conhecimento estimado, proporcionando elementos que permitam
levantar linhas de ação prováveis e possíveis intenções de outras nações, evita que
os dirigentes do país sejam tomados de surpresa pelas modificações na política
internacional. Da mesma forma, no âmbito interno também podem ser elaboradas
estimativas sobre os elementos de todas as expressões do poder nacional. Pelo seu
grande valor estratégico, as estimativas são consideradas o mais nobre produto da
inteligência estratégica.
(c) As informações nitidamente militares também podem ser básicas,
correntes e estimativas. Merecem destaque as estimativas militares pelo acentuado
reflexo que terão na formulação da política de preparo e emprego da expressão
militar. Essas estimativas devem abranger, dentre outros, os seguintes elementos:
1) capacidade de mobilização;
2) avaliação do potencial militar da nação-alvo e sua possibilidade de
transformação em poder;
3) capacidade produtiva de material de defesa;
4) prováveis TO;
5) objetivos estratégicos;
6) direções estratégicas;
7) evolução da doutrina militar;
8) acordos militares e alianças.
(4) Em termos de planejamento de guerra, buscam-se informações sobre o
poder e o potencial do oponente e sobre a capacidade do nosso poder nacional de
sobrepujá-lo, sobre as possibilidades de o oponente conseguir o apoio de outras
nações e sobre a nossa capacidade de impedir essas alianças e de buscar apoio
externo.
(5) Para atender ao Plano Militar de Guerra, as necessidades de informações
incidem sobre as possibilidades de mobilização do oponente, o material de que ele
dispõe e sobre sua capacidade econômica de apoiar as operações e de durar na
ação. Em relação ao nosso País, tais necessidades voltam-se para definir as
possibilidades de, com nossos meios e potencial, atingir os objetivos de guerra
colimados.
Apêndices:
1 – Memento para o levantamento estratégico de área
2 – Memento para a avaliação estratégica de área operacional
3 – Memento para a avaliação estratégica de área operacional específico para
defesa territorial e garantia da lei e da ordem.
APÊNDICE 1 ao Anexo A
(Memento)
020 – Geologia
021 – rochas e tipos de solos
030 – Orografia
031 – configuração do solo em seu conjunto
032 – acidentes do relevo; direções e altitudes
040 – Hidrografia
041 – bacias e rede fluvial
042 – lagos, açudes e canais
043 – quedas de água e suas características
044 – regimes de águas
045 – navegabilidade
050 – Climatologia
051 – elementos e fatores do clima e sua influência sobre o solo
052 – zonas climáticas
053 – regime de chuvas
060 – Vegetação
061 – revestimento florístico, espécies e áreas cobertas (zonas de vegetação)
062 – camuflagem (possibilidades)
063 – permeabilidade
070 – Litoral
071 – faixa litorânea e seu aspecto
072 – águas adjacentes e seus movimentos
073 – plataforma continental submarina
080 – Apreciação
081 – a extensão, a forma e a posição em relação a outros países ou áreas
082 – regiões naturais; características principais e valor relativo
083 – os fatores fisiográficos (geologia, relevo, clima, hidrografia e vegetação) como
condicionantes do povoamento e da capacidade de produção
084 – os fatores fisiográficos e suas influências nos transportes (barreiras e
caminhos naturais de penetração das regiões naturais)
085 – vegetação, quanto à permeabilidade e à possibilidade de camuflagem
086 – a faixa litorânea, as áreas adjacentes e seus movimentos e a plataforma
continental; reflexos na economia e na acessibilidade
120 – População
121 – Aspectos demográficos
121.1 – efetivos humanos
121.2 – distribuição pelo território (regiões demográficas) e Densidade
121.3 – composição da população (sexo e idade)
121.4 – taxas de natalidade, mortalidade e sobrevivência
122 – Movimentos da população
122.1 – imigração e emigração
122.2 – migrações internas
123 – Núcleos estrangeiros
123.1 – distribuição e densidade
123.2 – nacionalidade
123.3 – tendências políticas
123.4 – desenvolvimento e atividades
124 – Mão de obra
124.1 – distribuição por atividades econômicas
124.2 – agropecuária, caça e pesca
124.3 – produção industrial
124.4 – transportes
124.5 – comunicações
124.6 – comércio
124.7 – outras
170 – Apreciação
171 – tradições históricas
171.1 – tensões sociais existentes (natureza e valor)
172 – população
172.1 – influência da composição e da distribuição de população no poder
nacional
172.2 – tendências de crescimento populacional
172.3 – repercussão econômica e social das migrações internas
172.4 – influência do imigrante na formação e nas atividades nacionais
172.5 – valores qualitativos e quantitativos da mão de obra
173 – estado sanitário geral e sua influência no poder nacional
174 – influência da educação e da cultura na formação do poder nacional
175 – nível cultural da população
176 – trabalho, previdência e assistência social
176.1 – organização trabalhista e sua influência na vida do país
176.2 – sistemas de previdência social; valor e execução
176.3 – assistência social, sua aplicação e resultados
177 – moral social e opinião pública
177.1 – psicologia nacional e bases morais da nação
177.2 – psicologias regionais
177.3 – grau de patriotismo do povo e seu valor moral
177.4 – tendências políticas das elites e das massas
177.5 – opinião pública em face das ações governamentais
178 – sentido da propaganda e seus efeitos reais.
250 – Política Externa (no caso de a área ser um país reconhecido pela
comunidade internacional)
251 – princípios que regulam as relações internacionais
251.1 – tradição política
252 – participação e influência nos organismos e nos sistemas internacionais
253 – ação da comunidade internacional
254 – atitudes políticas, aparentes ou não
255 – Ministério do Exterior
255.1 – organização
255.2 – repartições diplomáticas e consulares
255.3 – missões especiais
255.4 – tradição diplomática
256 – relações externas
256.1 – países limítrofes
256.2 – países continentais
256.3 – países extracontinentais
256.4 – pactos e ajustes internacionais: alianças, tratados e acordos em vigor
256.5 – limites; zonas de fricção e de litígio
257 – aceitação popular.
280 – Apreciação
281 – estrutura de estado
281.1 – relação entre os poderes
281.2 – valor da administração pública
282 – respeito às liberdades humanas e compreensão dos deveres
283 – linhas mestras da política nacional
284 – política interna
284.1 – estabilidade política; tensões políticas (natureza e valor)
284.2 – características da vontade e dos anseios
284.3 – o interesse do povo pelos atos do governo e o sincronismo de ação entre o povo e
o governo
285 – valor e eficiência dos órgãos de segurança pública
286 – política externa
286.1 – relações internacionais; significação real
286.2 – realizações da política externa em face dos compromissos internacionais
286.3 – repercussão na vida do país
287 – defesa nacional
287.1 – a repercussão na opinião pública das medidas ligadas à defesa nacional
288 – valor e eficiência das organizações de inteligência
380 – Finanças
381 – orçamento, receita e despesa
382 – investimentos
383 – dívida pública interna e externa
384 – situação financeira externa; balança de pagamentos
385 – moeda e câmbio
386 – circulação fiduciária
387 – mecanismo de crédito
388 – regime fiscal
390 – Apreciação
391 – Estrutura econômica
391.1 – valor da estrutura econômica
391.2 – potencial econômico (valor e deficiências)
391.3 – autossuficiência e dependência externa (materiais estratégicos e críticos)
391.4 – pressões econômicas (internas e externas)
392 – Produção
392.1 – possibilidades de aumento de produção
392.2 – distribuiçãorelativa das fontes de produção
393 – Transportes e Comunicações
393.1 – possibilidades gerais dos transportes e das comunicações para atender a um
tráfego intenso
393.2 – traçado das vias de transporte para a circulação de riquezas
394 – Situação financeira interna e externa
395 – Comércio
395.1 – trocas internacionais e possibilidades de novos mercados
395.2 – posição relativa às rotas internacionais
396 – Regiões geoeconômicas (ligações e grau de dependência)
397 – Valor quantitativo e qualitativo da mão de obra
400 – FATORES MILITARES
450 – Logística
451 – Logística Militar
451.1 – doutrina
451.2 – organização
451.3 – sistema de apoio
452 – Organização logística de cada força
452.1 – sistema de suprimento na paz e em campanha
452.2 – sistemas de manutenção e reparo
452.3 – sistemas de evacuação sanitária e hospitalização
452.4 – sistemas de transportes militares
452.5 – sistemas de comunicações militares
452.6 – sistemas industriais militares
452.7 – capacidade técnico-industrial
453 – Emprego militar dos transportes e das comunicações civis
454 – Sistemas de aquisições
455 – Suprimentos dependentes de fontes externas
490 – Apreciação
491 – eficiência da organização administrativa
492 – organização das forças
492.1 – valor da organização militar e dos comandos
492.2 – valor do equipamento das forças
492.3 – possibilidades de mobilização e de concentrações militares
492.4 – resultados práticos da legislação do Serviço Militar
492.5 – valor e possibilidades das forças auxiliares
493 – instrução
493.1 – nível de instrução e adestramento das forças
493.2 – valor combativo das forças
494 – importância das organizações permanentes na defesa do território
495 – valor da organização logística do país para atender às necessidades
militares
496 – estado de disciplina das Forças Armadas
497 – influência dos militares na política nacional
498 – valor do contingente humano para a mobilização
610 - Personalidades
611 – líderes políticos e religiosos
612 – representantes diplomáticos
613 – chefes militares
614 – pessoas que exercem influência no ambiente nacional
615 – dirigentes de organizações com influência nas atividades básicas do Estado
615.1 – estatais e paraestatais
615.2 – privadas
615.3 – de comunicação social (mídia)
615.4 – sindicais
615.5 – outras
616 – escritores, jornalistas, juristas de renome, etc
617 – líderes estudantis, pesquisadores científicos e técnicos, inventores e
pioneiros
640 – Apreciação
641 – Tendências dos líderes de
641.1 – política
641.2 – economia
641.3 – educação, cultura, ciência e tecnologia
641.4 – órgãos de comunicação social
641.5 – entidades religiosas e assistenciais
641.6 – organizações militares
641.7 – sindicatos e entidades empresariais
APÊNDICE 2 ao Anexo A
(Memento)
1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
a. Posição relativa
(1) Posição relativa aos centros vitais do nosso território e de outras áreas
extraterritoriais.
(2) Articulação com as linhas de circulação terrestres, marítimas e aéreas.
b. Dimensões e forma
(1) Facilidades e dificuldades que as dimensões e a forma da área podem
apresentar para a organização do teatro de operações.
(2) Sua influência na realização de ações ofensivas e defensivas e no
desdobramento das forças.
(3) Influência nas operações de guerra irregular.
2. ASPECTOS FISIOGRÁFICOS
a. Relevo
(1) Facilidades e dificuldades de circulação e de condições de acesso à área.
(2) Influência na observação aérea e terrestre.
(3) Necessidade de emprego de tropa especializada.
(4) Possibilidade de emprego de forças blindadas, mecanizadas,
motorizadas, aeromóveis ou paraquedistas.
(5) Regiões favoráveis ao homizio de forças irregulares.
(6) Influência nas operações.
(7) Repercussões na escolha da manobra a realizar.
b. Hidrografia
(1) Os cursos de água como obstáculos à manobra.
(2) O significado das obras de arte e das regiões de passagem.
(3) Possível influência das chuvas no volume das águas.
(4) Existência de áreas passivas (pântanos, banhados, mangues, etc).
(5) Compartimentação da área, do ponto de vista hidrográfico.
(6) Reflexos para o emprego de forças blindadas, mecanizadas, motorizadas,
aeromóveis ou paraquedistas.
(7) Utilização dos rios como vias de transporte.
(8) Influência nas operações.
c. Solo
(1) Influência na transitabilidade, sobretudo em condições meteorológicas
desfavoráveis: facilidades e dificuldades de circulação na área.
(2) Reflexos nos trabalhos de construção, fortificações de campanha e
conservação de estradas.
(3) Influência no emprego de forças blindadas, mecanizadas, motorizadas,
aeromóveis ou paraquedistas.
(4) Recursos minerais que efetivamente poderão ser aproveitados em
trabalhos de construção, de conservação e de fortificação.
d. Clima e condições meteorológicas
(1) Efeitos sobre a observação aérea e terrestre.
(2) Influência na transitabilidade: reflexos nos trabalhos de construção e
conservação, particularmente de estradas.
(3) Influência na atuação e na aclimatação do combatente.
(4) Influência na manutenção e no funcionamento do material e na
conservação de suprimentos.
(5) Oportunidades favoráveis ao desencadeamento de operações previstas.
(6) Influência no emprego de forças paraquedistas e apoio aéreo.
(7) Possibilidades de ocorrência de calamidades públicas.
(8) Reflexos na navegação aérea, costeira, fluvial e lacustre.
e. Vegetação
(1) Possibilidade de cobertura, disfarces e observação.
(2) Permeabilidade.
(3) Obstáculos.
(4) Necessidade de emprego de tropas especializadas.
(5) Reflexos no emprego de forças blindadas, mecanizadas, motorizadas,
aeromóveis ou paraquedistas.
(6) Necessidade de suprimentos especiais.
(7) Facilidades e dificuldades para a realização de operações aeromóveis ou de
suprimento aéreo.
(8) Possibilidades de aproveitamento como fonte de suprimento de
subsistência e de material de construção.
(9) Regiões favoráveis ao homizio de forças irregulares.
f. Litoral
(1) Faixas litorâneas adequadas às operações de desembarque.
(2) Facilidades e dificuldades na realização de operações anfíbias.
3. ASPECTOS ECONÔMICOS
a. Recursos econômicos – Possibilidades e limitações econômicas da área
para o apoio às operações militares e para o atendimento à população civil quanto a:
(1) recursos alimentícios;
(2) materiais de construção;
(3) combustíveis; e
(4) outros artigos.
b. Centros Industriais
(1) Importância interna e externa.
(2) Possibilidade de subdivisão da área, sob o ponto de vista econômico,
caracterizando os centros industriais e as zonas mais importantes que serão
prováveis objetivos para quem pretende dominar a área.
c. Energia
(1) Grau de dependência externa dos principais centros geradores de
energia.
(2) Vulnerabilidades às ações inimigas.
(3) Reflexos na economia da área.
d. Transportes
(1) Facilidades e dificuldades de ligação dentro da área.
(2) Facilidades e dificuldades de ligação com outras áreas.
(3) Capacidade das vias de transporte, dos campos de pouso e dos portos,
para fins militares. Valor máximo aproximado das forças que poderão ser apoiadas
em cada eixo.
(4) Estrangulamentos nos sistemas de transporte.
(5) Locais de convergência e pontos críticos.
(6) Disponibilidade e adaptabilidade dos sistemas de transportes para o apoio
às operações militares.
e. Sistemas de Comunicações
(1) Facilidades e dificuldades de apoio às operações militares.
(2) Possibilidades de aproveitamento de instalações e equipamentos civis.
4. ASPECTOS PSICOSSOCIAIS
a. População
(1) Existência de núcleos populacionais que possam interferir nas operações:
possibilidades de surtos insurrecionais e revolucionários.
(2) Adensamentos populacionais e seus reflexos no planejamento da
evacuação de civis.
(3) Reflexos das migrações.
(4) Reflexos dos contrastes socioeconômicos.
(5) Tendências políticas e possibilidades de cooperação com as forças
regulares.
b. Mão de obra
(1) Facilidade ou dificuldade para recrutamento de mão de obra,
especializada ou não, e as consequências para as atividades civis.
(2) Problemas decorrentes de mão de obra ociosa.
(3) Reflexos na mobilização.
c. Saúde pública
(1) Possível influência do estado sanitário da área nas forças em campanha.
(2) Possibilidades e limitações da área no apoio de saúde às operações
militares.
d. Situação cultural e religiosa – Perspectivas de uma atitude de cooperação
ou de hostilidade.
e. Moral social e opinião pública
(1) Ação das organizações de comunicação de massa e de líderes que
influem na formação da opinião pública e do moral social.
(2) Condições de reação da opinião pública aos esforços de guerra
solicitados.
5. ASPECTOS POLÍTICOS
a. Administração da área
(1) Eficiência da administração política da área.
(2) Eficiência dos órgãos de segurança pública e seu entrosamento com as
Forças Armadas: possibilidades, deficiências e capacidade de manter a ordem na
área.
(3) Tensões políticas que poderão ter reflexos nas operações militares.
b.Centros políticos
(1) Centros políticos importantes, também, prováveis objetivos.
(2) Problemas de refugiados.
(3) Aproveitamento de localidades, particularmente nas atividades logísticas.
c. Defesa nacional
(1) Antagonismos internos e externos existentes na área, que possam
comprometer a defesa nacional
(2) Movimentos existentes na área, influenciados, financiados ou auxiliados
por forças externas.
6. ASPECTOS CIENTÍFICO-TECNOLÓGICOS
a. Grau de desenvolvimento técnico-científico da área.
b. Resultados de pesquisas e de novas realizações e experiências.
c. Aplicações concretas e em larga escala dos conhecimentos técnico-
científicos.
d. Impacto provocado pela C&T na sociedade e no ambiente.
e. Influências de técnicos nas decisões políticas.
f. Uso e grau de valorização da C&T por políticos, militares e outros.
g. Influências concretas da C&T na economia.
h. Políticas e intenções de aplicação de inovações tecnológicas na guerra.
i. Capacitação tecnológica para fins militares:
- eletrônica;
- informática;
- defesa química, biológica, radiológica e nuclear (QBRN);
- biossegurança; e
- cibernética.
7. ASPECTOS MILITARES
a. Organização das forças
(1) Eficiência da organização administrativa de cada força.
(2) Valor do equipamento disponível.
(3) Resultados práticos do serviço militar para atender às necessidades das
organizações militares.
b. Capacidade operacional
(1) Resultados e padrões alcançados na instrução, nas condições de
aprestamento e no adestramento das Grande Unidade (GU) e Unidade (U).
(2) Resultado obtido em operações recentes.
(3) Avaliação dos padrões de disciplina das Organizações Militares (OM),
bem como do espírito de corpo.
(4) Reflexos da localização, natureza e composição das forças, tendo em
vista as operações militares.
(5) Capacidade ofensiva e defensiva.
c. Capacidade logística
(1) Valor e possibilidades dos sistemas de apoio logístico existentes para o
apoio às operações militares.
(2) Valor e possibilidades das instalações de serviços existentes, para fins
militares, inclusive nas atividades de biossegurança.
d. Mobilização
(1) Valor do contingente humano para a mobilização e seus reflexos para
uma situação continuada de guerra.
(2) Avaliação das possibilidades da área quanto à mobilização de material,
industrial e de transportes.
(3) Avaliação do sistema e dos órgãos de mobilização existentes.
8. CONCLUSÕES
a. Condicionantes que a área impõe para a conduta de operações
militares.
b. Natureza das forças que poderão ser empregadas.
c. Valor aproximado das forças que poderão ser empregadas.
d. Regiões de importância estratégica.
e. Direções estratégicas existentes.
f. Áreas favoráveis à guerra irregular.
g. Possibilidades e vulnerabilidades existentes e suas implicações nas
operações militares.
h. Adequabilidade das GU existentes às operações que possam
desenvolver-se na área.
APÊNDICE 3 ao Anexo A
(Memento)
1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
a. Posição relativa
(1) Posição relativa aos centros vitais do nosso território e de outras áreas
extraterritoriais.
(2) Articulação com as linhas de circulação terrestres, marítimas e aéreas.
b. Dimensões e forma
(1) Facilidades e dificuldades que as dimensões e a forma da área podem
apresentar para a organização do teatro de operações.
(2) Sua influência na realização de ações ofensivas e defensivas e no
desdobramento das forças.
(3) Influência nas operações de guerra irregular.
2. ASPECTOS FISIOGRÁFICOS
a. Relevo
(1) Facilidades e dificuldades de circulação e de condições de acesso à área.
(2) Influência na observação aérea e terrestre.
(3) Necessidade de emprego de tropa especializada.
(4) Possibilidade de emprego de forças blindadas, mecanizadas,
motorizadas, aeromóveis ou paraquedistas.
(5) Regiões favoráveis ao homizio de forças irregulares.
(6) Influência nas operações.
(7) Repercussões na escolha da manobra a realizar.
b. Hidrografia
(1) Os cursos de água como obstáculos à manobra.
(2) O significado das obras de arte e das regiões de passagem.
(3) Possível influência das chuvas no volume das águas.
(4) Existência de áreas passivas (pântanos, banhados, mangues, etc).
(5) Compartimentação da área, do ponto de vista hidrográfico.
(6) Reflexos para o emprego de forças blindadas, mecanizadas, motorizadas,
aeromóveis ou paraquedistas.
(7) Utilização dos rios como vias de transporte.
(8) Influência nas operações.
c. Solo
(1) Influência na transitabilidade, sobretudo em condições meteorológicas
desfavoráveis: facilidades e dificuldades de circulação na área.
(2) Reflexos nos trabalhos de construção, fortificações de campanha e
conservação de estradas.
(3) Influência no emprego de forças blindadas, mecanizadas,
motorizadas,aeromóveis ou paraquedistas.
(4) Recursos minerais que efetivamente poderão ser aproveitados em
trabalhos de construção, de conservação e de fortificação.
d. Clima e condições meteorológicas
(1) Efeitos sobre a observação aérea e terrestre.
(2) Influência na transitabilidade: reflexos nos trabalhos de construção e
conservação, particularmente de estradas.
(3) Influência na atuação e na aclimatação do combatente.
(4) Influência na manutenção e no funcionamento do material e na
conservação de suprimentos.
(5) Oportunidades favoráveis ao desencadeamento de operações previstas.
(6) Influência no emprego de forças paraquedistas e apoio aéreo.
(7) Possibilidades de ocorrência de calamidades públicas.
(8) Reflexos na navegação aérea, costeira, fluvial e lacustre.
e. Vegetação
(1) Possibilidade de cobertura, disfarces e observação.
(2) Permeabilidade.
(3) Obstáculos.
(4) Necessidade de emprego de tropas especializadas.
(5) Reflexos no emprego de forças blindadas, mecanizadas, motorizadas,
aeromóveis ou paraquedistas.
(6) Necessidade de suprimentos especiais.
(7) Facilidades e dificuldades para a realização de operações aeromóveis ou de
suprimento aéreo.
(8) Possibilidades de aproveitamento como fonte de suprimento de
subsistência e de material de construção.
(9) Regiões favoráveis ao homizio de forças irregulares.
f. Litoral
(1) Faixas litorâneas adequadas às operações de desembarque.
(2) Facilidades e dificuldades na realização de operações anfíbias.
3. ASPECTOS ECONÔMICOS
a. Recursos econômicos – Possibilidades e limitações econômicas da área
para o apoio às operações militares e para o atendimento à população civil quanto a:
(1) recursos alimentícios;
(2) materiais de construção;
(3) combustíveis; e
(4) outros artigos.
b. Centros Industriais
(1) Importância interna e externa.
(2) Possibilidade de subdivisão da área, sob o ponto de vista econômico,
caracterizando os centros industriais e as zonas mais importantes que serão
prováveis objetivos para quem pretende dominar a área.
c. Energia
(1) Grau de dependência externa dos principais centros geradores de
energia.
(2) Vulnerabilidades às ações inimigas.
(3) Reflexos na economia da área.
d. Transportes
(1) Facilidades e dificuldades de ligação dentro da área.
(2) Facilidades e dificuldades de ligação com outras áreas.
(3) Capacidade das vias de transporte, dos campos de pouso e dos portos,
para fins militares. Valor máximo aproximado das forças que poderão ser apoiadas
em cada eixo.
(4) Estrangulamentos nos sistemas de transporte.
(5) Locais de convergência e pontos críticos.
(6) Disponibilidade e adaptabilidade dos sistemas de transportes para o apoio
às operações militares.
e. Sistemas de Comunicações
(1) Facilidades e dificuldades de apoio às operações militares.
(2) Possibilidades de aproveitamento de instalações e equipamentos civis.
4. ASPECTOS PSICOSSOCIAIS
a. População
(1) Existência de núcleos populacionais que possam interferir nas operações:
possibilidades de surtos insurrecionais e revolucionários.
(2) Adensamentos populacionais e seus reflexos no planejamento da
evacuação de civis.
(3) Reflexos das migrações.
(4) Reflexos dos contrastes socioeconômicos.
(5) Tendências políticas e possibilidades de cooperação com as forças
regulares.
b. Mão de obra
(1) Facilidade ou dificuldade para recrutamento de mão de obra,
especializada ou não, e as consequências para as atividades civis.
(2) Problemas decorrentes de mão de obra ociosa.
(3) Reflexos na mobilização.
c. Saúde pública
(1) Possível influência do estado sanitário da área nas forças em campanha.
(2) Possibilidades e limitações da área no apoio de saúde às operações
militares.
d. Situação cultural e religiosa – Perspectivas de uma atitude de cooperação
ou de hostilidade.
e. Moral social e opinião pública
(1) Ação das organizações de comunicação de massa e de líderes que
influem na formação da opinião pública e do moral social.
(2) Condições de reação da opinião pública aos esforços de guerra
solicitados.
5. ASPECTOS POLÍTICOS
a. Administração da área
(1) Eficiência da administração política da área.
(2) Eficiência dos órgãos de segurança pública e seu entrosamento com as
Forças Armadas: possibilidades, deficiências e capacidade de manter a ordem na
área.
(3) Tensões políticas que poderão ter reflexos nas operações militares.
b.Centros políticos
(1) Centros políticos importantes, também prováveis objetivos.
(2) Problemas de refugiados.
(3) Aproveitamento de localidades, particularmente nas atividades logísticas.
c. Defesa nacional
(1) Antagonismos internos e externos existentes na área, que possam
comprometer a defesa nacional.
(2) Movimentos existentes na área, influenciados, financiados ou auxiliados
por forças externas.
6. ASPECTOS CIENTÍFICO-TECNOLÓGICOS
a. Grau de desenvolvimento técnico-científico da área.
b. Resultados de pesquisas e de novas realizações e experiências.
c. Aplicações concretas e em larga escala dos conhecimentos técnico-
científicos.
d. Impacto provocado pela C&T na sociedade e no ambiente.
e. Influências de técnicos nas decisões políticas.
f. Uso e grau de valorização da C&T por políticos, militares e outros.
g. Influências concretas da C&T na economia.
h. Políticas e intenções de aplicação de inovações tecnológicas na guerra.
i. Capacitação tecnológica para fins militares:
- eletrônica;
- informática;
- defesa química, biológica, radiológica e nuclear (QBRN);
- biossegurança; e
- cibernética.
8. CONCLUSÕES
a. Defesa territorial
(1) Pontos sensíveis relevantes.
(2) Adequabilidade dos meios disponíveis.
(3) Possibilidades de apoio logístico com os meios existentes.
(4) Viabilidade de mobilização dos recursos para atender às necessidades de
Def Ter.
b. Garantia da Lei e da Ordem
(1) Condições políticas, econômicas e sociais passíveis de gerar
insatisfações.
(2) Pontos e áreas sensíveis:
(a) identificação e localização geográfica dos pontos e áreas sensíveis; e
(b) pontos e áreas sensíveis de maior prioridade para a GLO.
(3) Áreas-problema:
(a) atuação de organizações/grupos oponentes: objetivos, principais ações,
peculiaridades e deficiências; e
(b) consequências para a garantia da lei e da ordem.
(4) Aspectos relevantes que favorecem ou dificultam as ações de natureza
policial e militar de GLO.
ANEXO B
5. RESOLUÇÃO
Finalmente, a RESOLUÇÃO define o ESTADO FINAL DESEJADO, as REGRAS DE
COMPORTAMENTO no nível político-estratégico, para quando for o caso, a
EXPEDIÇÃO DE DIRETRIZES e o que deve ser inicialmente declarado à MÍDIA.
MEMENTO
5 - RESOLUÇÃO
Resolução - Estado Final Desejado
- Regras de Comportamento no nível Político-Estratégico
- Expedição de Diretrizes
- Declaração à Mídia
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ARON, Raymond. Peace and war: a theory of international relations. New York:
Praeger, 1966.
2. BEAUFRE, André. Introdução à Estratégia. Rio de Janeiro: BIBLIEX, 1998.
3. _______________. Dissuasão e estratégia. [s.l.], 1964.
4. _______________.Estratégia de ação. Rio de Janeiro: Ed. Bloch, 1966.
5. BRASIL. Exército. Instruções provisórias de planejamento estratégico
organizacional. Brasília, DF, [2008].
6. _______________. Exército. Instruções gerais para as publicações padronizadas
do Exército: EB10-IG-01.002. Brasília, DF, [2011].
7. _______________. Exército. Instruções gerais para a organização e
funcionamento do sistema de Doutrina Militar Terrestre: EB10-IG-01.005.
Brasília, DF, [2017].
8. _______________. Exército. Instruções reguladoras da sistemática de
planejamento da Doutrina Militar Terrestre: EB20-IR-10.001. Brasília, DF,
[2015].
9. _______________. Exército. Glossário de termos e expressões para uso no
Exército: EB20-MF-03.109. Brasília, DF, [2018
10. _______________. Exército. Doutrina Militar Terrestre: EB20-MF-10.102.
Brasília, DF, [2014]
11. _______________. Exército. Metodologia do Sistema de Planejamento Estratégico
do Exército. Brasília, DF, 2007.
12. _______________. Exército. Operações: EB70-MC-10.223. Brasília, DF, 2017.
13. _______________. Ministério da Defesa. Glossário das Forças Armadas: MD35-G-
01. Brasília, DF, 2015.
14. _______________. Ministério da Defesa. Operações Interagências: MD33-M-12.
Brasília, DF, 2012.
15. _______________. Senado Federal. Constituição da República Federativa. Brasília:
DF, 1988.
16. _______________. Congresso Nacional. Normas Gerais para a Organização, o
preparo e o emprego das Forças Armadas: LC 97/99. Brasília, DF, 1999.
17. _______________. Alterações na LC 97/99 (LC 117 de 02 Set.). Brasília, 2004.
18. _______________. Escola Superior de Guerra. Fundamentos do Poder Nacional. Rio de
Janeiro, 2018.
19. _______________. Escola Superior de Guerra. Metodologia do Planejamento Estratégico.
Rio de Janeiro, 2018.
20. _______________. Câmara dos Deputados. Política de Defesa para o Século XXI.
Brasília, 2003. (Organizado por Aldo Rebelo e Luis Fernandes).
21. _______________. Ministério da Defesa. Política Nacional de Defesa. Brasília,
2016.
22. _______________. Ministério da Defesa. Estratégia Nacional de Defesa. Brasília,
2016.
23. _______________. Ministério da Defesa. Política Militar de Defesa:(MD 51-P-02).
Brasília, 2005.(Confidencial).
24. _______________. Ministério da Defesa. Estratégia Militar de Defesa: (MD 51-M-
03). Brasília, 2006.(Confidencial).
25. _______________. Ministério da Defesa. Sistemática de Planejamento Estratégico
Militar: (MD 51- M-01). Brasília, 2005.
26. _______________. Ministério da Defesa. Doutrina Militar de Defesa: (MD 51-M-
04). Brasília, 2007.
27. _______________. Congresso Nacional. Lei n. 8.183, de 11 Abr (Dispõe sobre
organização e o funcionamento do Conselho de Defesa Nacional). Brasília, DF,
1991.
28. _______________. Decreto n. 4.801, de 06 Ago (Cria a CREDEN do Conselho de
Governo). Brasília, 2003.
29. _______________. Decreto n. 3.897, de 24 Ago (Fixa as diretrizes para o emprego
das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem). Brasília, DF, 2001.
30. _______________. Ministério da Defesa. Portaria Normativa n. 452/EMD, de 27 Out
(Aprova e manda por em execução, em caráter experimental, a Estrutura Militar
de Defesa- MD 35-D-01). Brasília, 2005.
31. _______________. Ministério da Defesa. Pensamento Brasileiro sobre Defesa e
Segurança. Organizado por J. R. Almeida Pinto. A. J. Ramalho da Rocha, e R. Doring
Pinho da Silva. Brasília, 4 v. , 2004.
32. CLAUSEWITZ, Carl Von. Da Guerra. São Paulo: Martins Fontes, 1979.
33. COUTAU-BÉGARIE, Hervé. Tratado de Estratégia. Tradução de Brigitte Bentolila de
Assis Manso. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha, v. 1, 2006.
34. HOWARD, Michael, PARET, Peter. On War. Princeton University Press, 1986.
35. KEEGAN, John. A History of warfare. New York: Vintage Books, 1993.
36. KENNEDY, Paul M. Grand Strategy in war and peace: toward a Broaden
Definition.1991
37. LIDDELL HART, B. H. Strategy. 2.nd ed. New York: Meridian, 1991.
38. MACHIAVELLI, Niccolo. O Príncipe. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1972.
39. MARTÍNEZ, Carlos J. M. Estrategia: su teoria, planeamiento y realidad en la
Argentina. Buenos Aires: Centro FICCH, 2004.
40. ONU. Carta da Nações Unidas, de 26 Jun 1945.
41. PARET, Peter. Construtores da Estratégia Moderna. 2 v., Rio de Janeiro: Bibliex,
2001.
42. PROENÇA JR, Domício. DINIZ, Eugenio. RAZA, Salvador Ghelfi. Guia de Estudos
de Estratégia. Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar, 1999.
43. SCHWARTZ, Peter. A Arte da Previsão. São Paulo: Ed. Página Aberta Ltda, 1995.
44. TZU, Sun. A Arte da Guerra.15. ed. Rio de Janeiro: Record, 1994.