Painel Do Agronegócio 2022
Painel Do Agronegócio 2022
Painel Do Agronegócio 2022
xxx
Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão
Subsecretaria de Planejamento
Departamento de Economia e Estatística
Painel do Agronegócio do
Rio Grande do Sul ----- 2022
https://dee.rs.gov.br/painel-agro
P147
Painel do Agronegócio do Rio Grande do Sul ----- 2022 / Rodrigo
Daniel Feix ... [et al.]. - Porto Alegre : Secretaria de
Planejamento, Governança e Gestão, 2022.
78 p. : il.
CDU 338.43(816.5)
Bibliotecário responsável: João Vítor Ditter Wallauer --- CRB 10/2016
Introdução ................................................................................................................................ 4
Referências .............................................................................................................................. 73
Mantendo o formato das versões anteriores, que foram amplamente acessadas e re-
percutidas, esta edição apresenta e analisa brevemente informações sobre:
Nesta edição, além das atualizações das estatísticas e análises, a principal novidade
é a introdução de uma seção específica sobre o padrão de emissões de gases de efeito estu-
fa na agropecuária e o detalhamento das informações sobre as empresas startups gaúchas
dedicadas ao desenvolvimento de inovações para o agronegócio.
Para fins analíticos, existe uma substancial diferença entre agropecuária e agrone-
gócio. O conceito de agronegócio deriva da expressão ‘‘agribusiness’’, atribuída a Davis e
Goldberg (1957), e refere-se ao conjunto das operações de produção e distribuição de supri-
mentos agrícolas; das operações de produção na fazenda; do armazenamento, do processa-
mento, da industrialização e da distribuição dos produtos agrícolas.
Portanto, além das atividades agropecuárias ----- de base empresarial ou familiar -----,
o agronegócio engloba a produção de insumos e de bens de capital (fertilizantes, defensivos,
máquinas agrícolas); a indústria de transformação de matéria-prima agropecuária (alimen-
tos, biocombustíveis, fumo); e as atividades ofertantes de serviços agropecuários especiali-
zados, desde o crédito, a assistência técnica e as consultorias agrícolas, até a armazenagem,
a distribuição e a comercialização dos produtos do agronegócio.
Figura 1
O que é o agronegócio?
15,0%
12% 12%
10% 10% 9%
9%
10,0% 8%
7% 6% 6%
5% 6% 5%
6%
4%
6%
4%
6%
5,0%
1% 1% 1% 1% 1% 2%
0,0%
2016 2017 2018 2019 2020 2021
A análise que segue, específica para o Rio Grande do Sul, apresenta informações re-
ferentes às principais atividades agropecuárias (segmento ‘‘dentro da porteira’’), agroindus-
triais (segmento ‘‘depois da porteira’’) e da indústria de máquinas e implementos agrícolas e
startups da agropecuária (segmento ‘‘antes da porteira’’) presentes no território gaúcho. Por
sua relevância socioeconômica e produtiva, algumas informações a respeito da agricultura
familiar e do cooperativismo agropecuário também são apresentadas e brevemente discuti-
das.
Figura 2
Uso do solo nos estabelecimentos agropecuários do Rio Grande do Sul ----- 2017
Total
5,7%
15,9%
42,3%
36,1%
Pastagens
Lavouras Matas e florestas
1,0% 8,8%
2,5%
16,8%
27,0%
64,2%
82,2%
97,5%
Tabela 1
Número de estabelecimentos e área dos estabelecimentos agropecuários, por grupos de área total,
no Rio Grande do Sul ----- 2017
ESTABELECIMENTOS ÁREA
GRUPOS DE ÁREA TOTAL Número de
% Hectares (ha) %
Estabelecimentos
Menos de 10ha ........................................................... 133.683 36,6 622.812 2,9
De 10ha a menos de 20ha ………………………………... 89.850 24,6 1.248.381 5,8
De 20ha a menos de 50ha ………………………..………. 82.863 22,7 2.458.100 11,3
De 50ha a menos de 100ha ……………………………. 26.671 7,3 1.798.380 8,3
De 100ha a menos de 200ha ………………………....... 13.180 3,6 1.788.182 8,2
De 200ha a menos de 500ha ……………………..……. 10.492 2,9 3.235.549 14,9
De 500ha a menos de 1.000ha ……………………..… 4.811 1,3 3.310.744 15,3
De 1.000ha a menos de 2.500ha ……………………… 2.837 0,8 4.180.397 19,3
De 2.500ha e mais ..................................................... 707 0,2 3.042.013 14,0
Total ............................................................................. 365.094 100,0 21.684.558 100,0
Fonte dos dados brutos: Censo Agropecuário 2017 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2020).
1
VAB é o valor que a atividade agrega a bens e serviços no seu processo produtivo. É a contribuição ao Produto
Interno Bruto das diversas atividades econômicas, obtida pela diferença entre o valor de produção e o consumo
intermediário absorvido por essas atividades.
Gráfico 2
Valor Adicionado Bruto (VAB) da agropecuária nas unidades da Federação ----- 2019
(R$ milhões)
40.000
35.000
30.000
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
0
São Paulo
Piauí
Rio Grande do Sul
Paraná
Bahia
Pará
Ceará
Rondônia
Roraima
Amapá
Minas Gerais
Goiás
Alagoas
Tocantins
Amazonas
Mato Grosso
Pernambuco
Maranhão
Espírito Santo
Rio de Janeiro
Rio Grande do Norte
Sergipe
Acre
Mato Grosso do Sul
Distrito Federal
Santa Catarina
Paraíba
No Brasil, a agropecuária responde por cerca de 5% do VAB total, o que indica uma
maior dependência da economia do RS em relação a esse setor, quando comparado à média
do restante do País.
Figura 3
Estrutura do Valor Adicionado Bruto, por setores de atividade, no Rio Grande do Sul e no Brasil ----- 2019
8,6 4,9
14,8 17,4 Agropecuária
21,8
22,5 Indústria
Serviços
54,0 55,9
Gráfico 3
Municípios com maior dependência econômica da agropecuária no Rio Grande do Sul ----- 2019
Figura 4
Outro aspecto interessante evidenciado pelo estudo é que a maior parte do produto
gerado pelo agronegócio gaúcho não está na agropecuária, mas no segmento depois da por-
teira. Em 2010, para cada R$ 1,00 gerado na agropecuária, outros R$ 6,39 eram gerados na
agroindústria e na distribuição. Isso é ilustrativo da relevância da industrialização antes da
exportação, embora seja importante frisar que essa agregação de valor é condicionada pela
produção agropecuária local (LUZ; FOCHEZATTO, 2022).
Estrutura do Valor Adicionado (VAB) do agronegócio do Rio Grande do Sul, por setores de atividade ----- 2000 e 2010
2000 2010
4,5 3,4
Montante
13,1
14,9
Agropecuária
49,5
Jusante
56,8 26,7
Distribuição
31,2
As estatísticas do valor das saídas fiscais2 permitem uma análise mais atualizada e
desagregada da relevância econômica do agronegócio para a indústria estadual. Em 2018, os
grupos de atividades industriais características do agronegócio contribuíram com, aproxi-
madamente, um terço do total da indústria de transformação do RS (Tabela 2). Essa magni-
tude é reveladora dos encadeamentos diretos entre a agropecuária e os demais setores
produtivos da economia gaúcha. No segmento antes da porteira, o destaque é a fabricação
de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários, que respondeu por 4,2% do valor das
saídas fiscais da indústria de transformação gaúcha. No segmento depois da porteira, desta-
cam-se os setores de abate e fabricação de produtos de carne (6,9%) e de moagem, fabrica-
ção de produtos amiláceos e de alimentos para animais (5,6%).
2
O valor das saídas fiscais é uma variável indicativa do Valor Bruto de Produção que constitui uma expressão mo-
netária da soma dos bens e serviços produzidos em determinado território econômico, em dado período.
A evolução recente das taxas de crescimento do VAB por setores de atividade tam-
bém contribui para o entendimento dessa relação entre o setor agropecuário, a economia
gaúcha e a economia brasileira. Analisando-se os últimos 19 anos (2003-2021) da série das
Contas Regionais do IBGE, observa-se que, em 15, vigorou a seguinte máxima: quando o Valor
Adicionado da agropecuária gaúcha cresce acima (ou abaixo) do PIB gaúcho, o PIB do Estado
cresce acima (ou abaixo) do PIB brasileiro (RIO GRANDE DO SUL, 2022a).
Conforme observado por Lazzari (2012), autor que, pela primeira vez, analisou essa
relação, o desempenho da agropecuária torna-se decisivo na explicação da evolução da
economia do Estado, ao impactar, direta e indiretamente, parcela tão significativa do PIB. O
ano de 2012 foi especialmente marcante em razão do impacto da estiagem sobre a produção
e, consequentemente, sobre o VAB da agropecuária. Afetado pela menor oferta agropecuária
e por suas repercussões na indústria e nos serviços, o PIB do Estado sofreu uma retração de
2,1% naquele ano (FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA SIEGFRIED EMANUEL HEUSER,
2017). Em 2020, mais uma vez, a agricultura foi impactada pelo stress hídrico. Isso determi-
nou que, no primeiro ano da pandemia de Covid-19, a queda no PIB gaúcho (-6,8%) tenha
sido substancialmente superior à registrada no Brasil (-3,9%), segundo cálculos do DEE-SPGG
(RIO GRANDE DO SUL, 2022a).
Gráfico 4
Índice de volume trimestral do Valor Adicionado Bruto (VAB) da agropecuária, da
indústria e dos serviços no Rio Grande do Sul ----- 1.° trim./2002-4.° trim./2021
Índice
240
220
200
180
160
140
120
100
80
60
3.° trim./2006
4.° trim./2017
4.° trim./2005
4.° trim./2014
3.° trim./2003
2.° trim./2010
2.° trim./2013
1.° trim./2020
4.° trim./2020
1.° trim./2002
4.° trim./2002
3.° trim./2009
3.° trim./2012
2.° trim./2019
1.° trim./2011
4.° trim./2011
3.° trim./2021
1.° trim./2008
4.° trim./2008
3.° trim./2018
2.° trim./2007
1.° trim./2017
2.° trim./2004
1.° trim./2005
1.° trim./2014
2.° trim./2016
3.° trim./2015
Agropecuária Indústria Serviços VAB total
Figura 6
Produção de grãos e variação no PIB do Rio Grande do Sul ----- 2003-2021
38,1
35,6 34,5 35,9
33,0
28,8 29,7 28,7 32,4
25,4 26,3
22,4 23,5 22,6 22,6
21,3 20,9
18,2
13,2
Produção de grãos no RS
(milhões de toneladas)
2010
2013
2020 2020
2009 2009
2012
2019
2011
2021
2008 2008
2018
2007
2004 2004
2006 2006
2005 2005
2014
2016
2017
2015
2003 2003
2007
2010
2018
2014
2016
2019
2015
2013
2012
2021
2017
2011
8,5 10,4
6,7 6,9
4,1 4,6
3,3 2,9
2,0 1,8 2,0 1,1
Variação % no PIB do RS
-1,1 -0,3
-2,7 -2,1 -2,4
-4,6
-6,8
Fonte: Séries Históricas das Safras (COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO, 2022); PIB Trimestral (RIO GRANDE DO SUL, 2022a).
Nota: As áreas hachuradas do gráfico representam os anos em que ocorreram estiagens severas.
Gráfico 5
Exportações do agronegócio e dos demais setores do Rio Grande do Sul ----- 2010-21
15 50%
40%
10 30%
20%
5
10%
0 0%
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
40 9,0
12,9
50,8
20
22,1
0
2018
2005
2014
2016
2017
2015
2000
2003
2010
2013
2020
2002
2009
2012
2019
2001
2011
2021
2008
2004
2006
2007
A consolidação desse modelo, que contou com forte estímulo da demanda externa
para se desenvolver, reflete-se na complexidade dos produtos exportados pelo Rio Grande
do Sul. A complexidade do produto é uma medida desenvolvida pelo Atlas da Complexidade
Econômica, com o objetivo de captar a sofisticação ou know-how requerido para a fabrica-
ção de um produto (HAUSMANN et al., 2014).3 Essa medida é importante porque uma série de
estudos revelou que o potencial de crescimento econômico futuro de um país ou de uma
região aumenta de acordo com o número de produtos complexos que é capaz de produzir
com vantagem comparativa. Entre os estados da Região Sul, o Rio Grande do Sul ocupa a
3
O Atlas da Complexidade Econômica é um projeto desenvolvido em parceria entre a Harvard Kennedy School e o
Massachusetts Institute of Technology Media Lab. A complexidade de um produto é calculada com base na quan-
tidade de países capazes de produzi-lo e na sua complexidade econômica.
Gráfico 7
Evolução da complexidade média dos produtos exportados pelo agronegócio do Brasil
e dos estados da Região Sul ----- 1997-2020
0,0
1997
2014
2015
2010
2013
2020
1999
2002
2009
2012
2019
2001
2011
1998
2008
2018
2004
2006
2007
2016
2017
2005
2000
2003
-0,2
-0,4
-0,6
-0,8
-1,0
-1,2
Brasil Paraná Rio Grande do Sul Santa Catarina
Fonte: Projeto Complexidade do Agronegócio Gaúcho, resultados preliminares (RIO GRANDE DO SUL, 2022c).
4
Em 2021, a China foi responsável por 93,4% do valor exportado de soja em grão pelo RS.
30,5%
China (↑78,9%)
48,6% União Europeia (↑33,9%)
Estados Unidos (↑43,1%)
Coreia do Sul (↑53,7%)
2,4% Vietnã (↑68,6%)
3,0% Demais destinos (↑28,6%)
4,4% 11,2%
Por outro lado, a queda nos embarques do complexo soja (menos US$ 1,3 bilhão;
-41,5%) evitou que o desempenho fosse ainda melhor. O rendimento físico das lavouras de
soja colhidas em 2022 foi inferior a 1,5 tonelada por hectare (queda de 56% em relação a
2021), bem abaixo do potencial produtivo em condições climáticas favoráveis. Com uma pro-
dução de soja estimada em apenas 9,2 milhões de toneladas, e aproximadamente 33,5% des-
se volume exportado até junho, a queda nas exportações do complexo soja não foi ainda
mais profunda em razão da alta de 27,1% nos preços médios, alcançados em um contexto de
baixas relações estoque/consumo mundial e elevada incerteza causada pelo conflito entre a
Rússia e a Ucrânia. Além disso, o risco de desaceleração nos preços internacionais, associa-
Tabela 4
Exportações dos principais setores do agronegócio do Rio Grande do Sul ----- 1.° sem./2022
VARIAÇÃO
SETORES E GRUPOS DE VALOR PARTICIPAÇÃO
PRODUTOS (US$ FOB) % Volume Preço
US$ FOB Valor (%)
(%) (%)
Soja ........................................................... 1.874.152.051 26,9 -1.327.571.694 -41,5 -53,9 27,1
Soja em grão .......................................... 631.419.591 9,0 -1.877.870.718 -74,8 -79,4 22,0
Farelo de soja ......................................... 838.378.655 12,0 282.314.990 50,8 36,9 10,1
Óleo de soja ............................................ 404.353.805 5,8 267.984.034 196,5 116,8 36,8
Carnes ....................................................... 1.279.067.296 18,3 150.831.486 13,4 0,7 12,5
Carne bovina ........................................... 211.773.934 3,0 78.676.688 59,1 30,2 22,2
Carne suína ............................................. 247.570.259 3,5 -134.031.742 -35,1 -26,2 -12,1
Carne de frango ..................................... 740.886.226 10,6 181.727.657 32,5 8,1 22,6
Cereais, farinhas e preparações ....... 1.075.666.505 15,4 728.561.664 209,9 175,1 12,6
Trigo .......................................................... 729.516.068 10,5 606.924.859 495,1 317,7 42,5
Milho ......................................................... 113.909.394 1,6 51.554.584 82,7 18,7 53,9
Arroz .......................................................... 192.023.961 2,8 51.344.305 36,5 57,7 -13,4
Fumo e seus produtos .......................... 881.536.598 12,6 281.380.569 46,9 25,6 17,0
Fumo não manufaturado ..................... 817.895.485 11,7 280.844.134 52,3 33,8 13,8
Produtos florestais ............................... 766.866.125 11,0 159.962.550 26,4 -0,7 27,3
Madeiras................................................... 236.381.929 3,4 32.627.970 16,0 -3,8 20,6
Celulose ................................................... 502.046.342 7,2 112.902.659 29,0 4,1 24,0
Máquinas e implementos agrícolas 275.813.294 4,0 104.704.063 61,2 33,2 21,0
Tratores agrícolas ................................. 132.016.999 1,9 41.338.567 45,6 20,1 21,2
Colheitadeiras ...................................... 80.348.304 1,2 49.954.765 164,4 109,1 26,4
Couros e peleteria ................................. 202.045.162 2,9 -21.705.841 -9,7 -21,9 15,7
Couros e peles ....................................... 183.841.619 2,6 -17.162.379 -8,5 -21,7 16,8
TOTAL ........................................................ 6.978.634.233 100,0 250.627.350 3,7 -13,1 19,3
Fonte: Exportações do agronegócio (RIO GRANDE DO SUL, 2022b).
Nota: Cálculos realizados pelo DEE-SPGG a partir da base de dados do Ministério da Economia (Sistema Comex Stat).
Gráfico 9
2.000.000 1.893.935
1.747.230 1.747.932
1.800.000
1.600.000 1.446.813
1.377.022
1.400.000 1.231.825
1.200.000 992.413
1.000.000
800.000
600.000
400.000
200.000
0
1970 1975 1980 1985 1995 2006 2017
Gráfico 10
Estoque de empregos formais celetistas no agronegócio do Rio Grande do Sul ----- 2007-22
364.748
450.000
350.817
332.643
319.280
321.653
321.953
321.622
319.303
317.654
317.571
308.761
400.000
305.973
294.358
283.148
277.075
269.815
350.000
300.000
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
Fonte: Emprego formal celetista do agronegócio (RIO GRANDE DO SUL, 2022d).
Nota: 1. As informações de 2022 referem-se ao estoque de junho. Para os demais anos, o estoque corresponde a de-
zembro.
Nota: 2. Os dados até 2019 são do Caged, e, a partir de 2020, utiliza-se o Novo Caged. A rigor, essas séries não são dire-
tamente comparáveis.
Nota: 3. O estoque é estimado através da combinação das informações do Novo Caged e da Relação Anual de Informa-
ções Sociais.
Gráfico 11
Evolução do saldo do emprego formal celetista no agronegócio do Rio Grande do Sul ----- 2007-21
20.000
18.174
18.000
16.000
13.725
14.000
12.000 11.210 11.615
10.542 10.690
10.000
7.260
8.000
6.073
6.000
3.968
4.000 2.788 2.350
1.709
2.000
331
0
-2.000 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
-4.000 -1.626
-4.082
-6.000
Em 2020, foram criados 10.690 postos de trabalho com carteira assinada no agrone-
gócio gaúcho. É importante ressalvar que, a partir de janeiro de 2020, a captação de dados
do Caged passou a ocorrer por meio do Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fis-
cais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial), dando origem ao que se convencionou chamar
de ‘‘estatísticas do Novo Caged’’ (BRASIL, 2022c). As diferenças metodológicas entre as esta-
tísticas do Caged e as do eSocial podem afetar a comparabilidade das séries históricas, mas
constituem as únicas informações disponíveis para o acompanhamento mensal e desagre-
gado da dinâmica setorial do mercado de trabalho formal no Rio Grande do Sul.
Em 2021, a criação de empregos foi ainda maior, superando 18,1 mil novos postos.
Enquanto, em 2020, a geração de empregos formais no agronegócio gaúcho foi liderada pela
cadeia produtiva da pecuária, em 2021 o setor de máquinas e equipamentos agropecuários
assumiu essa posição. Foram criados 5.355 empregos formais no setor, o maior número da
série histórica. A disposição e a capacidade de investimento dos agricultores brasileiros em
novas tecnologias aqueceram o mercado de máquinas, e as expectativas continuam promis-
soras para 2022, apesar da alta nos custos de produção agrícola e do ciclo de aumento nas
Por outro lado, os setores com as maiores perdas de empregos em 2021 foram os de
fabricação de conservas (-585 postos) e de abate e fabricação de produtos de carne (-411
postos). Enquanto o desempenho do setor de conservas é explicado por um movimento sa-
zonal e pela menor oferta de matéria-prima em razão da estiagem, no setor de carnes a per-
da de empregos é mais preocupante. A indústria de carnes, que é a maior empregadora for-
mal do agronegócio gaúcho, enfrentou um ambiente desafiador tanto no mercado interno
quanto no internacional, em um ambiente de encolhimento das margens de rentabilidade,
causado pela elevação dos custos de produção das commodities agrícolas. O quadro é espe-
cialmente grave para os pequenos e médios produtores independentes de suínos e aves,
que iniciaram o ano de 2022 operando com margens negativas de rentabilidade. Na indústria
frigorífica, as empresas de menor porte, estritamente dependentes do mercado regional e
nacional, seguiram enfrentando dificuldades maiores, uma vez que se beneficiam menos da
expansão das exportações. Isso tudo contribuiu para o resultado negativo no emprego em
2021, movimento que se manteve no primeiro semestre de 2022.
Laticínios 10.594
10.413
Pecuária 23.707
23.187
Dez./2021 Dez./2020
Como é usual ocorrer no primeiro semestre, seguindo o padrão sazonal, o setor com
a maior criação de empregos no agronegócio foi o de fabricação de produtos do fumo. Con-
centrado na região do Vale do Rio Pardo, historicamente, esse setor aumenta as contrata-
ções temporárias até o final do segundo trimestre, quando se reduz a necessidade de mão
de obra para o processamento da matéria-prima agrícola. Contudo, o número de vagas gera-
das na indústria fumageira, em 2022, foi 12,3% inferior ao registrado nos seis primeiros me-
ses de 2021. Em razão da estiagem, a produção gaúcha de fumo recuou 15,2% (INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2022c), afetando a rentabilidade da produção agrí-
cola e o emprego industrial. O setor com a segunda maior criação de empregos entre janeiro
e junho de 2022 foi o de fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários
(2.053 postos). Por outro lado, o setor com maior perda de empregos no semestre foi o de
fabricação de lavouras temporárias, movimento associado à redução da produção agrícola.
Em seguida, destacaram-se os setores de fabricação de conservas e laticínios, que sazonal-
mente registram perda de empregos no primeiro semestre.
Tabela 5
Setores do agronegócio com maior criação e perda de empregos formais celetistas no
Rio Grande do Sul ----- 1.° sem./2021 e 1.° sem./2022
SALDO
SETORES DIFERENÇA
1.° Sem./2021 1.° Sem./2022
Maiores saldos
Fabricação de produtos de fumo ...................................................................... 9.823 8.613 -1.210
Fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários......... 3.459 2.053 -1.406
Comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais ....... 2.346 962 -1.384
Produção de lavouras permanentes ............................................................... 903 815 -88
Moagem e fabricação de produtos amiláceos .............................................. 451 510 59
Fabricação de produtos intermediários de madeira .................................. 1.060 503 -557
Fabricação de outros produtos alimentícios................................................. 15 403 388
Fabricação de adubos e fertilizantes .............................................................. 549 347 -202
Menores saldos
Produção de lavouras temporárias................................................................... 228 -695 -923
Fabricação de conservas .................................................................................... -1.192 -551 641
Laticínios ................................................................................................................ -154 -501 -347
Abate e fabricação de produtos de carne...................................................... 4 -412 -416
TOTAL DO AGRONEGÓCIO ..................................................................................... 19.967 13.931 -6.036
Fonte: Emprego formal celetista do Agronegócio (RIO GRANDE DO SUL, 2022d).
Nota: Cálculos realizados pelo DEE-SPGG a partir da base de dados brutos do Ministério do Trabalho e Previdência (Novo Caged).
Figura 7
Distribuição do emprego formal celetista do agronegócio e sua participação no total, nas mesorregiões do
Rio Grande do Sul ----- estoque em dezembro de 2020
Noroeste
100.793
30,3%
Nordeste
48.351
14,5%
Centro
Ocidental Centro
Sudoeste 13.741 Oriental Metropolitana
28.331 4,1% 41.453 74.057
8,5% 12,5% 22,3%
Sudeste
25.917
7,8%
TOTAL
332.643
100%
(milhões)
40 38,1
Área (hectares) Produção (toneladas)
35
30
25
24,9
20
15
10,1
10
5
1979/80
1983/84
1985/86
1989/90
1993/94
2003/04
2009/10
2019/20
1987/88
1997/98
2007/08
2017/18
1981/82
1991/92
2001/02
2011/12
1995/96
1999/00
2013/14
2015/16
1977/78
2021/22
2005/06
Fonte: Séries Históricas das Safras (COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO, 2022).
Nota: 1. Área medida em milhões de hectares e produção medida em milhões de toneladas.
Nota: 2. Os dados da safra 2021/2022 foram estimados em agosto de 2022.
Atualmente, soja, arroz, trigo e milho constituem as principais culturas agrícolas pra-
ticadas no RS, em termos de área plantada e quantidade produzida. Em se tratando de valor
da produção, a esse conjunto de produtos somam-se, em importância, o fumo, a uva e a
maçã.5 As informações da Tabela 6 evidenciam o impacto da estiagem sobre a produção in-
dividual das culturas agrícolas na safra 2021/2022. A principal cultura agrícola do RS foi a
mais atingida. Mesmo em uma área plantada 4,6% maior, houve uma queda de 54,3% na
quantidade produzida e de 51,9% no valor da produção da soja no Rio Grande do Sul.
Tabela 6
Área plantada, produção física e valor da produção das principais culturas agrícolas do RS ----- 2021 e 2022
5
A partir de janeiro de 2018, o IBGE retirou a maçã da divulgação do Levantamento Sistemático da Produção Agríco-
la. Em 2022, a safra de maçã também foi uma das culturas atingidas pela estiagem. A Associação Gaúcha de Produ-
tores de Maçã (Agapomi) (2022) estima uma quebra de 23,5% na quantidade produzida no RS.
Figura 8
Quantidade produzida de fumo em folha nos municípios
do Rio Grande do Sul ----- média 2018-20
Fonte dos dados brutos: Produção Agrícola Municipal (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2021a).
Nota: Elaborado pelo DEE-SPGG.
Figura 9
Quantidade produzida de uva, maçã, erva-mate e laranja nos municípios do Rio Grande do Sul ----- média 2018-20
Fonte dos dados brutos: Produção Agrícola Municipal (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2021a).
Nota: Elaborado pelo DEE-SPGG.
Entre os principais cultivos de grãos do Estado, o da soja foi o que mais avançou nas
últimas duas décadas. O crescimento da sojicultura ocorreu em diversas regiões do País,
incentivado tanto pela demanda externa quanto pela alta nos preços recebidos pelos agri-
cultores. No RS, a produção de soja acelerou no período de boom das commodities (2004-11),
quando, superando sucessivos anos de estiagem, rompeu o patamar de 10 milhões de tone-
ladas anuais. No período seguinte, o crescimento seguiu expressivo e culminou no recorde
de 20,4 milhões de toneladas em 2021 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA,
2021a, 2022c). Como resultado desse avanço, a participação da soja no valor da produção das
culturas agrícolas temporárias do RS passou de cerca de um terço no final da década de 70
para mais da metade a partir de 2015 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA,
2021a).
1990
1982
1992
2012
1988
1998
2018
1974
1976
1986
1994
1996
2004
2006
2014
2016
2000
2010
2020
2002
2022
1978
2008
Arroz Milho Soja Trigo
Fonte: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2021a, 2022c).
Nota: 1. Produção medida em milhões de toneladas.
Nota: 2. Os dados da safra 2021/2022 foram estimados em julho de 2022.
Figura 10
Evolução da área plantada de soja nos municípios gaúchos ----- 1990, 2000, 2010 e 2020
Fonte dos dados brutos: Produção Agrícola Municipal (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2021a).
Nota: Elaborado pelo DEE-SPGG.
Tabela 7
Evolução da área plantada de soja nas mesorregiões do Rio Grande do Sul ----- 2010 e 2020
Tabela 8
Evolução da área plantada de milho nas mesorregiões do Rio Grande do Sul ----- 2010 e 2020
O recente avanço da soja em áreas do bioma Pampa tem sido atribuído às vantagens
econômicas dessa atividade em relação a outras lavouras temporárias e à pecuária extensi-
va. Nos principais municípios das mesorregiões Sudoeste e Sudeste Rio-Grandense, é per-
ceptível a expansão da oferta de serviços especializados voltados à agricultura temporária,
tais como o comércio de insumos e máquinas e equipamentos. Porém ainda é difícil deter-
minar os impactos sociais, econômicos e ambientais decorrentes do crescimento da área de
soja. Faz-se necessário, portanto, o acompanhamento técnico-científico dessa mudança,
observando-se a integração das três dimensões do desenvolvimento sustentável.
6
A rotação de culturas (arroz e soja na mesma área) proporciona, entre outros benefícios, a melhoria nas condições
de fertilidade do solo e no controle de pragas daninhas para a lavoura do arroz. O avanço da soja em terras bai-
xas é apontado como um dos fatores explicativos para o aumento da produtividade física do arroz (INSTITUTO RIO
GRANDENSE DO ARROZ, 2021).
Fonte dos dados brutos: Produção Agrícola Municipal (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2021a).
Relação Anual de Informações Sociais (BRASIL, 2021).
Nota: Elaborado pelo DEE-SPGG.
Principais destinos das exportações do complexo soja do Rio Grande do Sul ----- 2021
Gráfico 17
Estoque de empregos formais celetistas nas principais atividades industriais processadoras de
matéria-prima agrícola do Rio Grande do Sul ----- 2020-21
Nas últimas décadas, o RS perdeu espaço na produção nacional de carne bovina para
os estados das Regiões Centro-Oeste e Norte. Segundo os dados da Pesquisa da Pecuária
Municipal do IBGE para o ano de 2020, o RS é detentor do sétimo maior rebanho de bovinos
e de bubalinos e do terceiro maior rebanho de equinos e de ovinos do território nacional
(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2021b).
Gráfico 18
Rebanho bovino do Rio Grande do Sul ----- 1990-2020
1993
2010
2013
1992
1999
2012
2019
1991
2001
2011
1998
2008
2018
1996
1997
2007
2017
2004
2006
2005
2014
2016
2015
2000
2003
2020
2002
2009
Figura 12
Distribuição espacial da criação pecuária no Rio Grande do Sul ----- 2020
Fonte dos dados brutos: Produção da Pecuária Municipal (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2021b).
Nota: Elaborado pelo DEE-SPGG.
Figura 13
Distribuição espacial da produção de leite de vaca no Rio Grande do Sul ----- média 2018-20
Fonte dos dados brutos: Produção da Pecuária Municipal (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2021b).
Nota: Elaborado pelo DEE-SPGG.
Como resultado dos movimentos da produção física e dos preços, o Valor Bruto da
Produção da atividade leiteira também recuou. Entre as principais atividades pecuárias do
Rio Grande do Sul, o valor da produção do leite foi o que menos cresceu entre 2013 e 2019
(-21,6%), o que impactou a sua atratividade relativa (BRASIL, 2022a).
Gráfico 20
Evolução do Valor Bruto da Produção dos principais setores da pecuária no Rio Grande do Sul ----- 2013-22
(R$ milhões)
16.000
14.000 13.089
12.000
10.000
8.000 7.347
7.222
6.000
5.447
4.000
2.000 1.607
0
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
Em 2021, o VBP da pecuária gaúcha foi recorde, totalizando R$ 37,2 bilhões (BRASIL,
2022a). A produção de frangos responde por 38% desse valor e é a principal atividade da
pecuária gaúcha em termos econômicos. Aparecendo na sequência, a bovinocultura de corte
é responsável por 21,7% do valor da produção da pecuária, seguida pela produção leiteira
(20,2%) e pela suinocultura (16,5%). Para 2022, as estimativas do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento indicam uma queda de 6,7%. A atividade também foi impactada
pela estiagem, mas muito menos que as lavouras, cujo recuo projetado é de 37,9% em rela-
ção ao ano anterior (BRASIL, 2022a).
Gráfico 21
Composição do Valor Bruto da Produção da pecuária do Rio Grande do Sul ----- 2021
Ovos
Suínos 3,6%
16,5%
Leite
20,2%
Frango
38,0%
Bovinos
21,7%
Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Valor Bruto da Produção Agropecuária (BRASIL, 2022a).
É importante observar que parte da criação animal do Rio Grande do Sul é abatida
em outras unidades da Federação, assim como a indústria de abates gaúcha também se
abastece de animais criados fora de seus limites estaduais. O saldo de abates é o resultado
desse fluxo interestadual de animais vivos com essa finalidade e representa uma variável
importante para a avaliação das condições competitivas da indústria gaúcha de abates em
relação aos demais estados, sobretudo os vizinhos. Os dados do Departamento de Defesa
Agropecuária da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio
Grande do Sul (RIO GRANDE DO SUL, 2022e) apontam para a ocorrência de saldos cada vez
mais negativos para os suínos e galináceos no período 2013-20, com inversão de direção em
2021. Isso significa que, em termos relativos, diminuiu o recebimento de animais de outros
estados para abate no Rio Grande do Sul, comparativamente ao envio de animais vivos para
abate em outros estados. Em 2021, o saldo negativo foi equivalente a 1,5% da oferta de gali-
náceos e 10,3% da oferta de suínos do Rio Grande do Sul. O fluxo interestadual de bovinos
guiados para abate é inexpressivo, embora tenha aumentado a saída de animais vivos desti-
nados à exportação e à recria em outras regiões do Brasil.
Figura 14
Fluxo interestadual de suínos e galináceos guiados para abate envolvendo o Rio Grande do Sul ----- 2013-21
a) Suínos b) Galináceos
1,5 25
20
1,0
15
10
0,5
5
0,0 0
2015
2015
2015
2013
2013
2013
2017
2017
2017
2019
2019
2019
2021
2021
2021
2013
2013
2013
2017
2017
2017
2019
2019
2019
2021
2021
2021
2015
2015
2015
-5
-0,5
-10
Fonte: Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (RIO GRANDE DO SUL, 2022e).
Nota: Fluxos medidos em milhões de cabeças.
Gráfico 23
Composição das exportações do complexo carnes do Rio Grande do Sul ----- 2021
3,3% 2,5%
13,2%
Carne de frango
Carne suína
Carne bovina
30,5%
Demais carnes, miudezas e preparações
Carne de peru
50,4%
Tabela 10
Principais destinos das exportações do setor das carnes do Rio Grande do Sul ----- 2021
Além das carnes, outros setores relevantes na pauta exportadora gaúcha que se
abastecem de matéria-prima da pecuária são os de couros e peleteria (US$ 464,4 milhões em
2021) e de demais produtos de origem animal (US$ 77,9 milhões em 2021), que incluem uma
imensa variedade de derivados, como ossos e miudezas. As exportações de lácteos somam
apenas US$ 21,3 milhões e, apesar de terem crescido em 2021, seguem sendo pouco relevan-
tes para a indústria. Ao passo que, aproximadamente, 30% do faturamento da indústria gaú-
cha de carnes corresponde a vendas no mercado exterior, praticamente toda a produção do
setor lácteo local é comercializada no mercado brasileiro (CRUZ; FEIX; LEUSIN JÚNIOR, 2020).
Gráfico 24
Composição do emprego formal celetista na pecuária do Rio Grande do Sul ----- 2021
4,2%
5,6%
13,0%
Criação de bovinos
Criação de aves
Outros
50.000
40.000
2020 2021 2022
30.000
20.000
10.000
0
Abate de reses, Abate de Fabricação de Preparação do Fabricação de Fabricação de Curtimento e
exceto suínos suínos, aves e produtos de leite laticínios sorvetes e outras
outros carne outros gelados preparações de
pequenos comestíveis couro
animais
Gráfico 26
Evolução do estoque de empregos no setor de abate e fabricação de produtos de carne
do Rio Grande do Sul ----- 1.° trim./2020-2.° trim./2022
80.000
65.933 67.285 68.011 67.289 67.285 66.874 66.765
70.000 64.285 66.462
62.004
60.000
47.467 48.462 49.620 50.326 49.900 49.705 49.203 49.409 49.235
50.000 45.110
40.000
30.000
20.000
9.238 9.062 9.657 9.882 9.797 9.562 9.727 9.809 9.426 9.350
10.000
0
4.° trim./2021
1.° trim./2020
2.° trim./2020
3.° trim./2020
4.° trim./2020
1.° trim./2022
2.° trim./2022
1.° trim./2021
2.° trim./2021
3.° trim./2021
Agricultura familiar
Em 2006, com a realização do Censo Agropecuário, foi viabilizada, pela primeira vez,
a obtenção de um retrato abrangente da agricultura familiar brasileira com base em estatís-
ticas oficiais. Na edição de 2017, o IBGE atualizou os indicadores disponíveis, incorporando
dimensões que adquiriram relevância nos últimos anos. No que se refere à agricultura fami-
liar, o IBGE utiliza-se da definição legal que orienta as políticas públicas federais para elabo-
rar estatísticas que retratam as características desse tipo de organização produtiva.
De acordo com o Decreto n.° 9.064/2017, que regulamentou a Lei Federal n.° 11.326,
de julho de 2006, a agricultura familiar é observada nas unidades produtivas que reúnem as
seguintes características:
Gráfico 27
Distribuição do número de estabelecimentos, da área, do pessoal ocupado e do valor da produção
da agropecuária da agricultura familiar e não familiar no Rio Grande do Sul ----- 2017
(%)
100
90 19,5
27,8
80
70 62,6
60 74,7
50
40 80,5
72,2
30
20 37,4
10 25,3
0
Estabelecimentos Área (hectare) Pessoal ocupado Valor da produção
Em termos do uso do solo, as lavouras ocupam a maior parcela da área dos estabe-
lecimentos da agricultura familiar no RS. Essa característica contrasta com o predomínio das
pastagens, observado nos estabelecimentos não familiares (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEO-
GRAFIA E ESTATÍSTICA, 2020).
Gráfico 28
Utilização das terras nos estabelecimentos da agricultura familiar do Rio Grande do Sul ----- 2017
1,8% 4,9%
Lavouras
19,9% Pastagens
41,0%
Matas
Sistemas agroflorestais
Figura 15
Número de estabelecimentos agropecuários de agricultura familiar no Rio Grande do Sul ----- 2017
Fonte dos dados brutos: Censo Agropecuário 2017 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2020).
Nota: Elaborado pelo DEE-SPGG.
Arroz em casca 6 94
Soja 23 77
Trigo 27 73
Bovinhos 33 67
Feijão 43 57
Milho em grão 46 54
Fruticultura 62 38
Horticultura 65 35
Suínos 69 31
Aves 79 21
Leite de vaca 83 17
Mandioca 91 9
Fumo de folha 95 5
(%)
0 20 40 60 80 100
NÚMERO DE
PESSOAL OCUPADO NA
COREDES AGROINDÚSTRIAS
AGRICULTURA FAMILIAR
FAMILIARES
Serra ............................................ 181 51.260
Norte ........................................... 144 35.319
Vale do Taquari ........................ 120 42.854
Vale do Rio Pardo .................... 111 73.832
Fronteira Noroeste ................... 100 38.442
Nordeste .................................... 79 26.978
Missões ....................................... 74 38.436
Noroeste Colonial ................... 66 18.292
Sul ................................................ 61 61.297
Central ........................................ 58 27.625
Médio Alto Uruguai .................. 53 33.045
Rio da Várzea ............................ 53 26.314
Hortênsias ................................. 50 5.861
Produção .................................... 46 21.579
Alto Jacuí .................................... 41 13.417
Metropolitano Delta do Jacuí 38 10.765
Alto da Serra do Botucaraí .... 36 23.647
Celeiro ......................................... 36 26.540
Vale do Caí ................................ 33 16.148
Litoral ......................................... 32 12.022
Fronteira Oeste ......................... 28 17.751
Vale do Jaguari ......................... 28 15.053
Vale do Rio dos Sinos .............. 25 3.352
Jacuí-Centro ............................... 22 15.243
Paranhana-Encosta da Serra 21 7.975
Centro-Sul ................................. 17 32.208
Campanha ................................. 11 11.367
Campos de Cima da Serra ..... 9 10.073
TOTAL .......................................... 1.573 716.695
Fonte: Programa Estadual de Agroindústria Familiar (RIO GRANDE DO SUL, 2021c).
Censo Agropecuário 2017 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2020).
Nota: Os dados das agroindústrias familiares referem-se ao mês de agosto de 2021.
Tabela 12
Quantidade e valor dos contratos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
no Rio Grande do Sul ----- 2021
TOTAL PARTICIPAÇÃO DO RS
SUBPROGRAMAS NO CRÉDITO
Quantidade Valor (R$) CONCEDIDO (%)
Custeio .............................................................................. 164.966 6.942.812.109 32,9
Mais Alimentos ................................................................ 35.918 2.687.826.850 20,2
Agroindústria (industrialização) ................................ 178 605.817.765 44,7
Agroindústria (investimento) ...................................... 109 93.803.526 28,9
ABC+ Bioeconomia ........................................................ 989 63.134.832 34,5
Cotas partes ..................................................................... 6 50.397.000 26,0
Eco (energia renovável e sustentável ambiental) 730 40.437.998 16,3
Mulher ............................................................................... 26 1.948.565 2,9
Agroecologia .................................................................... 28 1.543.067 42,7
Reforma Agrária .............................................................. 44 713.090 0,5
Microcrédito .................................................................... 10 45.000 0,0
TOTAL ............................................................................... 203.004 10.488.479.802 26,1
Fonte: Matriz de Dados do Crédito Rural (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2022).
2006 2017
REGIÃO E TIPO DE Associados à Associados à
ESTABELECIMENTO Total de Cooperativa Total de Cooperativa
Estabelecimentos Estabelecimentos
N.° % N.° %
BRASIL ....................... 5.175.636 346.369 6,7 5.073.324 579.438 11,4
Não familiar ................ 809.369 108.533 13,4 1.175.916 167.133 14,2
Familiar ........................ 4.366.267 237.836 5,4 3.897.408 412.305 10,6
Sul .................................. 1.006.203 158.428 15,7 853.314 313.763 36,8
Não familiar ................ 156.510 35.164 22,5 187.547 65.727 35,0
Familiar ........................ 849.693 123.264 14,4 665.767 248.036 37,3
Paraná .......................... 371.063 75.163 20,3 305.154 106.440 34,9
Não familiar ................ 68.235 20.277 29,7 76.266 30.028 39,4
Familiar ........................ 302.828 54.886 18,1 228.888 76.412 33,4
Santa Catarina ............ 193.668 24.042 12,4 183.066 63.842 34,9
Não familiar ................ 25.156 3.687 14,7 40.079 10.640 26,5
Familiar ........................ 168.512 20.355 12,1 142.987 53.202 37,2
Rio Grande do Sul .... 441.472 59.223 13,4 365.094 143.481 39,3
Não familiar ................ 63.119 11.200 17,7 71.202 25.059 35,2
Familiar ........................ 378.353 48.023 12,7 293.892 118.422 40,3
Fonte: Tomazzoni e Schneider (2022).
Nota: Dados brutos do Censos Agropecuários de 2006 e 2017.
Gráfico 30
Número de cooperativas agropecuárias, segundo principais segmentos de atuação, no Rio Grande do Sul ----- 2020
Grãos 63
Leite 46
Insumos 41
Hortifruticultura 36
Varejo 23
Proteína animal 12
Vitivinicultura 10
Representação 10
Lã 1
Etanol 1
0 10 20 30 40 50 60 70
Fonte: Expressão do cooperativismo gaúcho 2021 (SISTEMA OCERGS-SESCOOP/RS, 2021).
Nota: Algumas cooperativas realizam mais de uma atividade.
A produção agrícola mundial tem sido impactada de diferentes formas pelas mudan-
ças climáticas. Segundo o Intergovernmental Panel on Climate Change Secretariat (IPCC)
(2021), invernos excepcionalmente quentes têm criado condições propícias para a infestação
de insetos. Ao todo, 15 pragas tiveram sua propagação acelerada devido a elevações nas
temperaturas no inverno para diversas culturas e países. Todos os anos, entre 10% e 28% da
produção global de alimentos é perdida devido às pragas, que também são responsáveis
pela redução de biodiversidade na natureza (SAVARY et al., 2019). Além da propagação de
pragas, a instabilidade climática decorrente do efeito estufa aumenta o risco de produção
na agropecuária, prejudicando o desenvolvimento da atividade e aumentando a volatilidade
nos preços.
7
As estimativas de emissões brutas de gases do efeito estufa não consideram a remoção de CO2. Essa é uma ressal-
va importante, uma vez que as atividades agropecuárias, sobretudo as em sistemas de integração, também captu-
ram uma quantidade expressiva de gases de efeito estufa.
8
O CO2 equivalente é uma unidade de medida de emissão de GEE obtida através de uma compatibilização do Poten-
cial de Aquecimento Global (GWP, sigla em inglês) ou do Potencial de Mudança da Temperatura Global (GTP, sigla
em inglês), para um horizonte de 100 anos, dos GEE, e toma o CO2 como gás de referência (INTERGOVERNMENTAL
O Rio Grande do Sul emitiu 84,3 milhões de toneladas de CO2 equivalente em 2020,
posicionando-se na décima colocação no ranking dos estados brasileiros. O total das emis-
sões gaúchas em 2020 foi 4,0% menor que o verificado em 2019 e 7,5% inferior ao verificado
em 2010. Em ambos os períodos, as reduções nas emissões da agropecuária foram condicio-
nantes para o arrefecimento nas emissões totais dos gases do efeito estufa no Estado. Em
2020, ano de severa estiagem, o RS teve uma redução de 4,6% nas emissões da agropecuária,
colocando o Estado (junto com Amazonas e Bahia) na direção oposta das emissões do setor
no Brasil (que aumentaram 2,5% em comparação com o ano anterior).
Gráfico 31
Emissões de CO2 equivalente no Rio Grande do Sul ----- 1990-2020
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
1991
1998
2018
1997
2017
1994
1996
1995
2005
2014
2016
2015
1990
1993
2000
2003
2010
2013
2020
1992
1999
2002
2009
2012
2019
2001
2011
2008
2007
2004
2006
Total Agropecuária
Energia Mudança no uso da terra e florestas
Resíduos Processos industriais
PANEL ON CLIMATE CHANGE, 2018). Os dados analisados neste documento utilizaram como métrica para o cálculo
do CO2 equivalente o GWP, do Quinto Relatório do IPCC (AR5).
9
O Brasil foi na contramão do resto do mundo, que reduziu em cerca de 7% as emissões em 2020, devido à desace-
leração das principais atividades emissoras de GEE e da circulação de pessoas e produtos, consequências da pan-
demia de Covid-19. O principal responsável por esse incremento foi o aumento do desmatamento na Amazônia e
no Cerrado e a transformação das florestas em pastagens (OBSERVATÓRIO DO CLIMA, 2021).
10
O gás metano apresenta um impacto significativo no volume de emissões de GEE, pois possui um potencial de
aquecimento global cerca de 20 vezes maior do que o CO2.
Do total das emissões no Rio Grande do Sul, em 2020, a agropecuária foi responsável
por 53,3%, enquanto, no Brasil, em seu conjunto, essa relação foi de 26,7%. O RS ocupa a
sexta colocação entre os que mais emitem GEE no setor, com um volume bruto total de 44,9
milhões de toneladas de CO2 equivalente em 2020. Comparativamente à média brasileira, o
Rio Grande do Sul também apresenta uma participação maior nas emissões dos setores de
energia e de resíduos. Apesar das emissões induzidas pela mudança de uso do solo, sobre-
tudo no bioma Pampa11, relativamente ao Brasil, a participação da mudança no uso da terra
e florestas no total das emissões é muito inferior no RS.
Gráfico 32
Participação percentual dos setores nas emissões de CO2 equivalente do Rio Grande do Sul e do Brasil ----- 2020
60,0%
53,3%
50,0% 46,2%
Rio Grande do Sul Brasil
40,0%
30,0% 26,7%
25,2%
20,0% 18,2%
15,4%
Em 2020, a pecuária foi responsável por 58,5% das emissões da agropecuária gaúcha.
Do total emitido pela pecuária em 2020, a bovinocultura de corte foi a atividade com maior
participação (71,0%), seguida do gado de leite (17,2%), dos suínos (6,3%), dos ovinos (2,0%),
dos equinos (1,6%) e das aves (1,4%). Bubalinos, caprinos, asininos e muares somados parti-
cipam com 0,4% das emissões da pecuária gaúcha (OBSERVATÓRIO DO CLIMA, 2022).
A agricultura gaúcha foi responsável por 22,7% do total emitido pela agropecuária em
2020. O arroz é a cultura com maior impacto ----- também relacionado com a grande emissão
de CH4, oriunda, principalmente, da decomposição anaeróbia da matéria orgânica e dos fer-
tilizantes utilizados. A atividade orizícola responde por 83,9% das emissões da agricultura,
19,1% das emissões da agropecuária e 10,2% das emissões totais do Estado. Na sequência, a
soja participa com 10,2% do total emitido pela agricultura, o milho com 3,2%, e o trigo com
1,2%.
11
Segundo dados do Projeto MapBiomas (2020), a supressão da vegetação natural do bioma Pampa foi de 25,8%
entre 2000 e 2020.
70
60
50
89,9
40 84,6 85,0 82,9 84,1 83,2 81,3 80,6 81,3 83,9
78,1
30
20
10
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
12
Cachoeira do Sul, Alegrete, Uruguaiana, São Gabriel, São Gabriel, Santa Vitória do Palmar, Itaqui e São Borja.
Existe uma forte correlação entre a área dos municípios destinada à agropecuária e
o volume das emissões de gases de efeito estufa no setor. Isso também está associado ao
fato de que uma parcela significativa dos municípios com maiores áreas, em geral
localizados no bioma Pampa, apresentam uma estrutura fundiária mais concentrada e são
especializados em atividades com maior emissão média, como a pecuária e a orizicultura.
Por outro lado, municípios menores e com uma estrutura fundiária mais fragmentada
concentram mais atividades que, na média, requerem menos área e geram menos GEE, como
o fumo e a fruticultura. Contudo, essa relação não é válida em pequenos municípios
especializados na criação de suínos e aves, onde a emissão por unidade de área tende a ser
elevada e a produção está organizada predominantemente em bases familiares. Esse é o
caso de Tupandi, de Pinhal, de Rodeio Bonito, de Westfália e de Nova Candelária, todos
relacionados com a produção de suínos e aves, e que apresentaram as maiores razões de
emissão de GEE por área. Entre os 20 municípios que lideram as emissões por unidade de
área, 15 estão associados à produção de suínos e aves (sozinhos ou combinados com outras
culturas), e dois com a produção de arroz.
Gráfico 34
Peso dos produtos na estrutura geral da indústria de máquinas e equipamentos do Rio Grande do Sul ----- 2010
15,1%
Outras máquinas e
equipamentos; Máquinas e
9,4%
49,5% equipamentos de
uso agropecuário; 16,4%
50,5% 2,8%
2,5%
1,9%
0,6% 1,8%
Tratores agrícolas e suas peças e acessórios
Máquinas para colheita e suas partes e peças
Semeadores, plantadeiras ou adubadores e suas partes e peças
Reboques e semirreboques autocarregáveis para uso agrícola
Silos metálicos para cereais e secadores para produtos agrícolas
Pulverizadores para uso agrícola
Outras partes e peças para máquinas e aparelhos para agricultura e pecuária
Fonte: Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2014).
Até o momento, o aumento da distância em relação aos consumidores finais não im-
plicou redução da importância do Estado na produção nacional de máquinas agrícolas. Pelo
contrário, pois, enquanto, em 1990, o Rio Grande do Sul respondia por 38,8% da produção
nacional de máquinas agrícolas e rodoviárias, em 2019 essa participação foi de 43,6% (ASSO-
CIAÇÃO NACIONAL DOS FABRICANTES DE VEÍCULOS AUTOMOTORES, 2021b). As vantagens eco-
nômicas derivadas da concentração dessa indústria no território gaúcho parecem ter induzi-
do o seu enraizamento local. Trata-se de um setor que se favoreceu da sinergia entre em-
presas, fornecedores, consumidores, trabalhadores, instituições de suporte, poder público e
população local, o que contribuiu para a elevação da sua performance produtiva e inovativa.
Fonte dos dados brutos: Relação Anual de Informações Sociais (BRASIL, 2021).
Nota: Elaborado pelo DEE-SPGG.
Índice
190 182,9
168,4
170
90
93,8
70
2017
2014
2016
2015
2003
2010
2013
2020
2002
2009
2012
2019
2011
2021
2008
2018
2004
2006
2007
2005
Fonte: Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2022e, 2022f).
Nota: Os índices têm como base 2002 = 100.
Após ter alcançado o maior nível histórico em 2013, o investimento dos agricultores
brasileiros em bens de capital foi gravemente reduzido. Entre 2013 e 2020, o valor da produ-
ção das lavouras brasileiras cresceu 20% em termos reais segundo o Ministério da Agricultu-
ra, Pecuária e Abastecimento (MAPA) (BRASIL, 2022a), mas as vendas de máquinas agrícolas
(tratores de rodas, colheitadeiras e pulverizadores autopropelidos) no território nacional
recuaram 45,5% de acordo com a ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS FABRICANTES DE VEÍCULOS
AUTOMOTORES (2021a). A deterioração das condições de crédito, a elevação dos custos de
produção e a maior incerteza quanto à receita futura da atividade (oscilações no câmbio e
nos preços externos) contribuíram para criar um ambiente menos favorável à expansão da
frota agrícola. O endividamento dos produtores, principalmente daqueles que investiram
nos anos imediatamente anteriores, e o conturbado quadro econômico e político no País são
outros motivos comumente referidos para explicar a queda nas compras de máquinas e im-
plementos no período recente. Depois de quatro anos de queda, em 2018 as vendas ensaia-
ram uma recuperação, mas voltaram a cair no ano seguinte. No primeiro semestre de 2020, o
setor foi gravemente atingido pela pandemia, que interrompeu temporariamente as ativida-
des industriais e desorganizou a cadeia de suprimentos. Desde então, a produção voltou a
crescer, favorecida pela elevação nos preços agrícolas, pelas ótimas margens de rentabilida-
de e pela demanda reprimida dos meses anteriores. Segundo o Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística (2022e), a produção nacional de tratores, máquinas e equipamentos de
uso agropecuário cresceu 40,7% em 2021 e voltou a se aproximar dos níveis observados em
2013. Em 2022, no primeiro semestre, o setor acumulou alta de 9,5% em relação a igual perí-
odo de 2021.
Gráfico 36
Saldo de
empregos Variação %
8.000 60
50
6.000
40
4.000 30
20
2.000
10
0
0
-2.000 -10
-20
-4.000
-30
-6.000 -40
Dez./09
Jun./12
Jun./19
Jun./11
Jun./21
Dez./08
Jun./18
Dez./07
Jun./14
Dez./14
Jun./16
Jun./17
Jun./15
Dez./15
Jun./10
Dez./10
Jun./13
Dez./13
Jun./20
Dez./20
Jun./09
Dez./12
Dez./19
Jun./22
Dez./11
Dez./21
Jun./08
Dez./18
Dez./16
Dez./17
Fonte: Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física - Brasil (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2022e).
Fonte: Emprego formal celetista do Agronegócio (RIO GRANDE DO SUL, 2022d).
Nota: 1. Variação percentual da produção física acumulada em 12 meses.
Nota: 2. Saldo de empregos acumulado em 12 meses.
De julho de 2020 a dezembro de 2021, foram gerados 6.993 empregos com carteira
assina no setor. O setor agropecuário foi um dos poucos que se mantiveram pujantes duran-
te o período pandêmico de Covid-19, tendo praticamente dobrado a sua participação no PIB
brasileiro (CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA, 2022). Essa expansão
da renda ocorreu simultaneamente ao aumento da difusão de novas tecnologias no campo,
sobretudo as da agricultura digital, embarcadas em tratores, colheitadeiras e pulverizadores.
Mais recentemente, a alta da taxa de juros base da economia e a perspectiva de encareci-
mento do crédito bancário também induziram a antecipação de investimentos para a aquisi-
ção de tecnologias redutoras de custos e otimizadoras da gestão.
Gráfico 37
Evolução das exportações de máquinas agrícolas do Rio Grande do Sul ----- 2010-22
(US$ milhões)
700
600
500
400
300
200
100
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
Startups do agronegócio
A diversidade de atuação das 124 startups mapeadas no Rio Grande do Sul é um indi-
cativo da complexidade do ecossistema gaúcho de inovação para a agricultura. Das 33 cate-
gorias de atuação possíveis (taxonomia desenvolvida pela Embrapa), as Agtechs gaúchas
estavam enquadradas em 25 delas. Analogamente ao que ocorre no Brasil, as Agtechs gaú-
chas são especializadas na oferta de soluções para os segmentos ‘‘dentro da porteira’’ e ‘‘de-
pois da porteira’’.
Tabela 14
Segmentos de atuação das Agtechs no Brasil e no Rio Grande do Sul ----- 2021
(%)
No Rio Grande do Sul, a maioria das Agtechs que atua no segmento ‘‘antes da portei-
ra’’ enquadra-se nas categorias de marketplace de insumos para o agronegócio ou de crédi-
to, permuta e seguro. No segmento ‘‘dentro da porteira’’, o predomínio é de startups enqua-
dradas nas categorias de sistema de gestão de propriedade rural. Essas empresas dedicam-
se ao desenvolvimento e à disponibilização de plataformas on-line para o auxílio à gestão,
organização e tomada de decisão do produtor rural. Em seguida, ainda no segmento ‘‘dentro
da porteira’’, aparecem as categorias de plataforma integradora de sistemas, soluções e da-
dos e de drones, máquinas e equipamentos. O desenvolvimento de soluções para controle
biológico e manejo integrado de pragas e de sensoriamento remoto e internet das coisas
também se destacam em frequência de empresas nesse segmento. No segmento ‘‘depois da
porteira’’, a categoria de alimentos inovadores e novas tendências alimentares conta com o
maior número de Agtechs, seguida da categoria de empresas dedicadas ao desenvolvimento
Tabela 15
Categorias de atuação das Agtechs do Rio Grande do Sul ----- 2021
NÚMERO DE
CATEGORIAS PARTICIPAÇÃO %
AGTECHS
Segmento ‘‘antes da porteira’’ ................................................................................................ 8 3,4
Crédito, permuta, seguro, créditos de carbono e análise fiduciária ............................. 3 1,3
Marketplace de insumos para o agronegócio ..................................................................... 3 1,3
Análise laboratorial .................................................................................................................... 1 0,4
Fertilizantes, inoculantes e nutrição vegetal ...................................................................... 1 0,4
Segmento ‘‘dentro da porteira’’ .............................................................................................. 64 26,9
Sistema de gestão de propriedade rural ............................................................................. 23 9,7
Plataforma integradora de sistemas, soluções e dados .................................................. 12 5,0
Drones, máquinas e equipamentos ....................................................................................... 7 2,9
Controle biológico e manejo integrado de pragas ............................................................ 5 2,1
Sensoriamento remoto, diagnóstico e monitoramento por imagens ........................... 5 2,1
Internet das coisas para o agro: detecção de pragas, solo, clima e irrigação ............ 4 1,7
Meteorologia e irrigação e gestão de água .......................................................................... 3 1,3
Conteúdo, educação, mídia social .......................................................................................... 2 0,8
Telemetria e automação ........................................................................................................... 2 0,8
Economia compartilhada .......................................................................................................... 1 0,4
Segmento ‘‘depois da porteira’’ .............................................................................................. 51 21,4
Alimentos inovadores e novas tendências alimentares ................................................... 18 7,6
Marketplaces e plataformas de negociação e venda de produtos agropecuários 9 3,8
Armazenamento, infraestrutura e logística ......................................................................... 5 2,1
Mercearia on-line ........................................................................................................................ 5 2,1
Biodiversidade e sustentabilidade ........................................................................................ 3 1,3
Restaurantes on-line e kit de refeições ................................................................................ 3 1,3
Plantio urbano: fábrica de plantas e novas formas de plantio ...................................... 2 0,8
Sistema autônomo de gerenciamento de lojas e serviços de alimentação ................ 2 0,8
Sistemas de embalagem, meio ambiente e reciclagem ................................................... 2 0,8
Bioenergia e energia renovável .............................................................................................. 1 0,4
Segurança e rastreabilidade de alimentos .......................................................................... 1 0,4
Fonte dos dados brutos: Radar Agtech Brasil 2020/2021 (FIGUEIREDO; JARDIM; SAKUDA, 2021).
Nota: dados em percentagem do total de Agtechs mapeadas.
Fonte dos dados brutos: Radar Agtech Brasil 2020/2021 (FIGUEIREDO; JARDIM; SAKUDA, 2021).
Nota: 1. Dados em percentagem do total de Agtechs de cada Região Funcional.
Nota: 2. Elaborado pelo DEE-SPGG.
Os Municípios de Porto Alegre (42 empresas), Santa Maria (11 empresas) e Pelotas (10
empresas) concentram a maior parte das Agtechs gaúchas. Para além da proximidade com o
mercado consumidor, as potenciais interações com os sistemas locais de inovação parecem
ser definidoras do surgimento e do posicionamento geográfico dessas empresas. Essa tam-
bém é uma característica marcante dos principais clusters de Agtechs no restante do Brasil,
especialmente nas regiões de São Paulo (SP), Piracicaba (SP), Curitiba (PR), Rio de Janeiro
(RJ) e Campinas (SP).
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Matriz de Dados do Crédito Rural ----- crédito concedido. Brasília,
DF: BCB, 2022. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/micrrural.
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Unidades da Federação. Brasília, DF: Conab, 2022. Disponível em:
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2022.
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inteiro. Porto Alegre: Farsul, 2022. Disponível em:
https://www.farsul.org.br/files/ef35f45d62d323d4866d4db0acea1f8a/midia_document/20220
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