Manual de Politicas Publicas 20220704102450
Manual de Politicas Publicas 20220704102450
Manual de Politicas Publicas 20220704102450
DIAGRAMAÇÃO
MARCUS VINÍCIUS DA R. G. CARDOSO
EQUIPE TÉCNICA
2.4. IMPLEMENTAÇÃO 9
2.5. AVALIAÇÃO 10
3.1.1.1. Brainstorming 16
3.2.2. Público-Alvo 21
4. GESTÃO DE RISCOS 38
4.2. RISCO 39
7. INDICADORES 60
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS 70
1. POLÍTICAS PÚBLICAS
1.1 CONCEITO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
Políticas públicas são programas e ações que têm como finalidade atender
demandas da sociedade e gerar transformações, que podem ou não envolver
recursos financeiros. Nesse cenário, a atuação governamental tem como norte a
entrega de bens e serviços a fim de proporcionar a melhoria na qualidade da
sociedade.
As diversas necessidades sociais são identificadas por meio das
manifestações da população (como, por exemplo, na participação de audiências
públicas), Organizações da Sociedade Civil, Sindicatos, Associações, Mídia, etc. e
também através dos representantes eleitos para compor o Poder Executivo e
Legislativo.
Com os anseios em mãos, os gestores públicos buscarão, de forma
criteriosa, analisar e elaborar uma solução adequada ao problema, conforme
prioridades emanadas da sociedade. Cabe observar, que as políticas públicas
também podem ser desenvolvidas por particulares, como por exemplo, entidades
filantrópicas, Organizações Não Governamentais (ONGs) e Organizações
Internacionais. No entanto, o foco deste manual é abordar a atuação do Poder
Público no Desenvolvimento de Políticas Públicas.
A produção e formalização de uma política pública ocorre mediante um ciclo
que é composto por 5 etapas: Formação da Agenda, Formulação da Política,
Tomada de Decisão, Implementação e Avaliação. A seguir, veremos o
desdobramento desse ciclo e sua classificação.
7
2.1. FORMAÇÃO DA AGENDA
É na etapa de Formação da Agenda em que há o levantamento das
necessidades e demandas da sociedade, ou seja, onde é constatado o “problema”.
É de extrema importância que a problemática seja identificada para a formulação de
uma solução adequada, para que seja possível monitorar e avaliar o impacto gerado
pela política pública. São através de movimentos sociais, manifestações, mídia,
audiências públicas, redes sociais e demais ferramentas da tecnologia da
comunicação e informação que o governo obtém as informações que irão compor a
agenda. Os indivíduos ou grupos que participam da formação, modificação ou
extinção da política pública são conhecidos como atores. Eles possuem grande
influência e participam de todo o ciclo.
Com o conjunto de problemas considerados relevantes, cabe ao poder
público selecionar as que terão prioridade na formulação de uma política pública,
visto que os recursos públicos são extremamente limitados diante da grande
demanda da sociedade.
Na fase da definição da agenda, o gestor tem um papel importante. Ele
pode utilizar seus conhecimentos e suas experiências acumulados para
auxiliar na articulação dos atores, fornecendo informações que assegurem
interpretações mais adequadas, ante os problemas e suas potenciais
soluções (WU et al., 2014). Pode, ainda, auxiliar os políticos eleitos em
relação aos cursos de ação mais adequados, além de apontar as iniciativas
que já estejam sendo desenvolvidas, que podem contribuir para enfrentar o
problema social em destaque. Tudo isso, no entanto, depende da qualidade
da informação que tenha disponível. A estruturação de um bom sistema de
informação e a gestão do conhecimento são fundamentais para a gestão
pública. (LIMA; D’ASCENZI, 2018, p.59).
8
problemática. Para que isso ocorra de forma eficaz, as causas do problema devem
ser investigadas e elencadas para que se possa ter noção dos objetivos e a forma
de atuar, evitando que no decorrer da execução a política perca o sentido por conta
de um diagnóstico equivocado do problema.
Segundo Kingdon (2006), citado por Lima e D’ascenzi (2018, p.60), “a
definição das alternativas é uma arena na qual convivem uma série de propostas
que, para alcançarem o status de solução mais adequada para um dado problema,
passam por um processo de seleção que obedece a alguns critérios. São eles:
viabilidade técnica e financeira, conformidade com os valores da sociedade e
receptividade da sociedade política” e ainda Howlett e Mukherjee, citados por
Capella (2018, p.71), definem que “[...] formulação é o estágio da produção de
políticas em que uma variedade de opções disponíveis é considerada e, em seguida,
reduzida a um conjunto sobre o qual atores relevantes, especialmente o governo,
podem concordar que sejam úteis para lidar com uma questão de política pública”.
2.4. IMPLEMENTAÇÃO
A etapa de implementação compreende a execução da política pública
escolhida para enfrentar determinado problema. Nessa fase, já se sabe quais são os
objetivos, as metas e resultados esperados, os recursos necessários para
operacionalização e quem são os executores e suas responsabilidades. É
importante que haja constante monitoramento da execução para identificar possíveis
gargalos que comprometam o produto final e façam com que a execução custe mais
do que inicialmente previsto.
9
2.5. AVALIAÇÃO
A fase de avaliação da política pública consiste em verificar se houve o
alcance dos objetivos e metas estabelecidos, se ela pode ser extinta (visto que já
cumpriu com o que foi definido), se precisa ser reformulada e também serve como
experiência no processo de retroalimentação do planejamento governamental. É
uma fase de grande aprendizado em que todas as informações, no que diz respeito
a política pública, servirá aos gestores e demais atores como fonte para conhecer as
deficiências da organização desde o planejamento até a execução, subsidiará
futuras reformulações e elaborações de novas políticas públicas.
A avaliação deve levar em consideração a eficiência (otimização na
utilização dos recursos), eficácia (atingimento das metas estabelecidas) e efetividade
(impacto social da política pública).
10
Figura 1. Ciclo de Políticas Públicas.
11
Por sua vez, um programa pode ser definido como: “a solução dada a cada
um dos problemas causais que explicam o problema central da política e que foram
julgados cruciais por uma estratégia concebida para cercá-lo, enfrentá-lo e
superá-lo” (LASSANCE, 2021, p. 63). Dessa forma, identificar a relação que vários
programas têm com determinado problema central é a chave para desenhar políticas
integradas (Lassance, 2021; p. 63).
Como se pode perceber, na gênese de uma política pública está um
problema e é a partir da sua identificação e inclusão na agenda que se “inicia” o
processo de criação de políticas públicas proposto por Howlett e Ramesh nos anos
90, conhecido como ciclo de Políticas Públicas, cujas fases são: montagem da
agenda, formulação da política, tomada de decisão, implementação e avaliação
(Batista e Rezende, 2011).
Embora a avaliação seja apontada como uma fase específica ao final do
ciclo, ela não se restringe à etapa final do processo. Longe disso, a função da
avaliação é subsidiar a tomada de decisão nos mais variados momentos e fases do
ciclo de políticas públicas (Batista e Rezende, 2011). Sua importância tende a
aumentar com a crescente demanda por serviços públicos de maior qualidade,
eficácia e eficiência, a avaliação de políticas públicas se torna cada vez mais
indispensável (Oliveira e Passador, 2019).
Como se sabe, o tipo de avaliação é determinado pelos objetivos e questões
colocadas em relação às políticas, assim como pelo momento do ciclo da política ao
qual a avaliação se remete é um elemento, conforme sintetizado na tabela abaixo:
12
Fonte: Elaborado por Batista e Rezende (2011)
13
Figura 2. Etapas da Análise Ex ante.
Fonte: Avaliação de políticas públicas: guia prático de análise ex ante,vol. I (CASA CIVIL DA
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2018).
Este documento reúne conhecimentos e ferramentas úteis para a
formulação de políticas, nas etapas do diagnóstico do problema a ser enfrentado, da
caracterização da política – objetivos, público-alvo e resultados esperados – e do
seu próprio desenho. Além disso, propõe-se discorrer, brevemente, sobre outros
temas afetos às Políticas Públicas, tais como: os impactos financeiros e
orçamentários, as estratégias de construção de legitimidade, implementação,
monitoramento, avaliação e controle, assim como sobre a análise prévia de seus
custos e benefícios são também detalhados.
14
Figura 3. Síntese das Etapas do Diagnóstico do Problema.
Fonte: Adaptado. Avaliação de políticas públicas: guia prático de análise ex ante,vol. I (CASA CIVIL
DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2018).
15
3.1.1. Ferramentas para Identificação do Problema e suas Causas Potenciais
Algumas das principais ferramentas são:
3.1.1.1. Brainstorming
Popularmente conhecida como “Tempestade de Ideias” ou “Chuva de
Ideias”, é um termo traduzido do inglês utilizado para designar o processo no qual a
equipe envolvida no processo de formulação de políticas públicas expõe suas
contribuições sobre o tema proposto de forma a permitir que o grupo, em conjunto,
construa uma solução pautada na diversidade de experiências e conhecimentos dos
indivíduos.
Esse tipo de dinâmica pode contribuir para levantar hipóteses sobre as
causas do problema identificado, bem como soluções plausíveis. De maneira geral,
podem existir muitas causas para um determinado problema, no entanto, geralmente
algumas destas, terão associação fraca ou muito indireta com a política que está
sendo proposta. O grau de sucesso da política pública depende também da clareza
e do foco em atacar determinadas causas do problema (CASA CIVIL DA
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2018).
16
Figura 4. Árvore do Problema.
Fonte: Manual de Critérios para a Elaboração das Políticas Públicas (SECRETARIA DE ESTADO DO PLANEJAMENTO E
ORÇAMENTO DO MARANHÃO, 2019).
17
● Consórcio Interestadual de Desenvolvimento do Brasil Central (BrC): mais
conhecido como Consórcio Brasil Central, é uma autarquia pública composta
pelo Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Rondônia e Tocantins. Seu objetivo é promover o desenvolvimento econômico
e social da região, de forma integrada e por meio da cooperação entre as
Unidades Federativas para assim tornar a região ainda mais competitiva.1
● Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: os ODS representam um plano de
ação global para eliminar a pobreza extrema e a fome, oferecer educação de
qualidade ao longo da vida para todos, proteger o planeta e promover
sociedades pacíficas e inclusivas até 2030. 2
1
Ver mais em: http://brasilcentral.gov.br/
2
Veja mais em: https://www.unicef.org/brazil/objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel
18
● Constitucional e Normativa: pode se tratar de um preceito ou de uma
missão do Estado brasileiro estabelecido pela Constituição Federal ou
Estadual, ou ainda por uma disposição positivada em lei; e
● Econômica: que engloba as funções alocativa, redistributiva e
estabilizadora do Estado, em que, nesse sentido, a intervenção pode
ser motivada pela existência de falhas de mercado, como a existência
de externalidades positivas ou negativas, a existência de monopólios
naturais, entre outros.
19
Figura 5. Etapas para o Desenho e a Caracterização da Política Pública.
Fonte: Adaptado. Avaliação de políticas públicas: guia prático de análise ex ante,vol. I (CASA CIVIL
DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2018).
20
pública é desenhada para atuar sobre as causas de um determinado problema e sua
solução é o objetivo da ação do governo. Os objetivos devem ser:
a. Realistas: devem ser alcançáveis com os recursos disponíveis, dentro das
condições dadas;
b. Efetivos: devem não apenas responder aos problemas presentes, mas
também àqueles que existirão no tempo futuro em que o objetivo está
localizado;
c. Coerentes: devem cumprir um objetivo, sem impedir o cumprimento de
outro;
d. Quantificáveis: devem ser mensuráveis ao longo do tempo.
A definição de objetivo ou objetivos da política pública formulada envolve,
ainda, a previsão ou estimativa do tempo de sua implantação e de duração dos seus
efeitos ou impactos. Isso repercute nos resultados, metas e objetivos parciais (curto
e médio prazos) e finais (longo prazo), que serão, também, fontes de avaliação ex
post. Nessa linha, o objetivo da política pública será insumo para a elaboração do
modelo lógico, que, por sua vez, subsidiará a avaliação ex post da política pública.
3.2.2. Público-Alvo
Apesar dos desafios inerentes ao processo de definição do público-alvo,
espera-se que na formulação da política pública sejam realizados esforços nesse
sentido, por meio de estudos e estimativas que permitam sua delimitação e
mensuração. A unidade do público-alvo pode ser definida como pessoas, famílias,
empresas, trabalhadores de um setor, escolas, entre outros. A identificação e a
caracterização do público-alvo, pode ser realizada da seguinte forma3:
● População potencial: caracterizada por toda a população que possivelmente
esteja envolvida no problema diagnosticado. Quando relevantes, deverão ser
incluídos dados socioeconômicos, demográficos e da distribuição geográfica
dessa população.
3
Avaliação de políticas públicas: guia prático de análise ex ante, volume 1. Brasília: Ipea, 2018.
21
● População elegível: parcela da população potencial que poderá efetivamente
se candidatar ao programa, por atender aos critérios de elegibilidade definidos
na política proposta. Quando não há focalização da política pública, a
população potencial será igual à população elegível.
● População priorizada: Se não houver recursos suficientes para atendimento
de toda a população elegível, é preciso estabelecer critérios transparentes de
priorização no acesso à política. Muitas vezes, a priorização decorre de força
legal, ou, em outros casos, devido a falta de recursos suficientes para atender
a todas as demandas.
Nas políticas e nos programas, o princípio da progressividade deve ser
traduzido no desenho de políticas redistributivas, ou seja, que beneficiem os que
mais precisam e, para isso, é imprescindível que responsáveis pela política pública
compreendam as possíveis distorções no mercado ou na sociedade, uma vez que o
conjunto de incentivos gerados pela política podem ser benéficos ou não, ou seja,
podem contribuir para a ampliação ou redução das desigualdades sociais.
Além disso, o público-alvo pode estar mais acessível a outros entes
federativos, de tal sorte que identificar a forma de participação e a responsabilidade
dos agentes e das instituições dos diferentes níveis de governo e da sociedade na
ação pública pode concorrer para sua maior eficácia.
22
Por outro lado, deve-se procurar estimar o quantitativo da população a ser
atendida em relação à população potencial, elegível e priorizada, sempre que
possível. A proporção de indivíduos efetivamente atendidos em cada grupo de
população determina o nível específico de cobertura esperado.
Nem sempre é possível estimar com robustez o grau de cobertura em face
de limitações ou restrições das informações disponíveis ou utilizadas para a
definição da população envolvida. Independente disso, a análise ou a estimativa da
tendência da cobertura é um indicador importante na avaliação da efetividade e dos
resultados das ações públicas.
4
Essas preocupações sobre como o processo de seleção é capaz de alcançar os diferentes perfis do
público-alvo têm ganhado cada vez mais relevância. Em 2017, diversos acórdãos do Tribunal de
Contas da União trouxeram recomendações ao governo federal para que sejam aprimorados os
processos de seleção das políticas públicas executadas. Como exemplo, pode-se citar o Acórdão no
1.655/2017, Processo TC no 011.432/2015-2 (fiscalização do financiamento regional), em que entre
23
3.2.5. Atores Envolvidos
A etapa de desenho da política pública envolve diversos agentes e
diferentes instituições, em vários níveis governamentais e de representações da
sociedade, interagindo com capacidades técnicas próprias, interesses específicos e
poderes políticos diferenciados. Possivelmente, os atores que participaram da
avaliação e do diagnóstico do problema farão parte, também, do desenho da
política, que procurará solucioná-lo.
A definição dos atores e do arranjo institucional responsável no desenho da
política pública compreende o estabelecimento de deveres e atribuições, com
diferentes níveis de responsabilidades no processo de decisão e implantação da
política. O desenho supõe, ainda, que as escolhas entre ações políticas alternativas
possíveis reflitam a composição dos arranjos institucionais a serem criados e dos
atores envolvidos. Ao mesmo tempo, as escolhas pressupõem uma compatibilização
entre as demandas legítimas da sociedade e a capacidade técnica, política e
financeira do poder público.
Os arranjos institucionais são fundamentais, pois demonstram a
interdependência e a integração setorial ou funcional e federativa necessária na
ação pública. A consistência do desenho de uma política pública está relacionada
com a capacidade de sua integração ou articulação no rol do sistema de políticas
públicas. Da mesma forma, uma política formulada no âmbito federal pode ter
diferentes formas de articulação, implantação e de efetividade de resultados, caso
estejam ou não envolvidas instituições e atores estaduais e/ou municipais.
A elaboração e o desenho das políticas públicas e o dimensionamento dos
seus impactos, posteriormente por meio de avaliações, precisam, pelo menos,
considerar os possíveis papéis dos diversos entes federativos, bem como os
prováveis efeitos locais ou regionais da ação pública em suas várias dimensões.
as suas recomendações está que a Casa Civil e os ministérios afins “considerem a utilização de
formas de repasse de recursos públicos alternativas para que os municípios menos desenvolvidos
sejam alcançados”, a partir do diagnóstico de que os municípios classificados como alto ou muito alto
índice de desenvolvimento humano foram responsáveis por mais da metade dos recebimentos de
transferências discricionárias oriundos da União. (Avaliação de políticas públicas: guia prático de
análise ex ante, volume 1. Brasília: Ipea, 2018.)
24
Essas orientações permitem, não apenas aprimorar os instrumentos das políticas
públicas e os seus efeitos, mas, também, avançar em arranjos federativos que
proporcionem maior articulação, coordenação e cooperação entre os diferentes
entes.
5
Elaborado a partir da Nota Técnica Número 2 do IPEA (2007), Freitas e Silveira (2015) e do Guia de
Avaliação ex ante.
6
O termo Programa aqui empregado se estende aos diferentes níveis possíveis de intervenção
governamental: política pública, programa de governo, projetos, ações.
25
programa. As hipóteses são de que os recursos adequados serão
transformados em ações necessárias para os beneficiários selecionados, e
isso, em um determinado contexto, irá levar aos resultados que o programa
pretende alcançar. Tornar explícitas as hipóteses sobre como o programa
supostamente deve funcionar, em variados contextos, cria a referência
principal em que se baseia a gestão e o seu instrumento imprescindível, a
avaliação. (Cassiolato e Gueresi, 2010, p. 5).
26
Nesse sentido, o modelo lógico é um passo a passo estruturado de forma a
demonstrar como recursos e atividades geram produtos, resultados e seus
respectivos impactos. Além disso, é uma poderosa e importante ferramenta para
identificar o processo por meio do qual se espera que a intervenção leve à resolução
das necessidades inicialmente encontradas, podendo ainda subsidiar a construção
de matrizes SWOT e a gestão de riscos.
Figura 6. Etapas do Modelo Lógico.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de Avaliação de políticas públicas: guia prático de análise ex
ante,vol. I (CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2018).
● Insumos: São os recursos necessários para a sua execução, sejam
financeiros, físicos (equipamentos, materiais, instalações), humanos (número,
tipo, qualificação) ou outros.
● Ações: As atividades são as ações e os serviços realizados sob o escopo da
política. Nessa etapa, devem ser consideradas as atividades diretas (que
recaem sobre os beneficiários da política em si, tais como treinamentos,
distribuições de renda etc.) e as atividades indiretas (aquelas necessárias
para garantir a realização da política, por exemplo, treinamento de
funcionários, tarefas de gerenciamento, provisão de instalações etc.).
● Produtos: Denominam-se produtos (outputs) os frutos diretos e quantificáveis
das atividades da política pública, entregues imediatamente pela realização
de suas atividades. Por exemplo: número de beneficiários atendidos, do
número de horas de duração de uma intervenção, número de funcionários
treinados, quantidade de benefício entregue, entre outros.
Cada atividade deve contribuir para, no mínimo, um produto.
27
● Resultados: Os resultados (outcomes) de uma política pública, por sua vez,
são mudanças observadas no curto prazo sobre indivíduos, grupos ou
instituições, como resultado da intervenção realizada. Resultados devem ser
observáveis e mensuráveis, por serem os efeitos diretos da intervenção sobre
os beneficiários, por exemplo: alterações sobre conhecimento, habilidades,
atitudes, motivação e comportamento de indivíduos são alguns exemplos.
● Impactos: Os impactos de uma política são mudanças de mais longo prazo
promovidas sobre o aspecto ou a perspectiva futura de seus beneficiários ou
grupo social no qual se inserem. Podem ser:
○ Impactos Individuais: efeitos de longo prazo sobre os beneficiários
(sejam estes indivíduos ou organizações), tais como alterações em
rendimentos, acesso a empregos, obtenção de assistência social,
comportamentos criminais, em níveis de saúde, entre outras.
○ Impactos Coletivos: efeitos combinados de impactos individuais sobre
a comunidade ou sociedade em que estejam inseridos. Incluindo, por
exemplo, mudanças sociais, econômicas, civis, ambientais, políticas
etc.
28
componente atividades do modelo lógico. Neste sentido, tanto o mapeamento das
fontes (primárias ou secundárias) quanto os meios de coleta de dados dos
indicadores são aspectos fundamentais e devem ser devidamente planejados.
Seguindo o modelo lógico, é possível construir indicadores de eficácia,
eficiência e efetividade. Resumidamente, pode-se dizer que indicadores de
economicidade demonstram se foi possível gastar menos. Os de eficácia, se foi
entregue o prometido. Os de eficiência, se foi possível fazer mais com menos. Os de
efetividade, se a missão foi ou está sendo cumprida.
Figura 7. Processo de avaliação de eficácia, eficiência e efetividade orientado pelo modelo lógico.
Fonte: Avaliação de políticas públicas: guia prático de análise ex ante,vol. I (CASA CIVIL DA
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2018).
29
3.2.9. Diagnóstico Situacional e a Identificação de Fatores Relevantes de
Contexto
Para finalizar a construção do modelo lógico é preciso refletir sobre as
possíveis influências do contexto sobre a implementação do programa, identificando
os fatores que podem favorecer ou comprometer o desenvolvimento das ações.
Essa análise do ambiente interno e externo consiste em identificar as ameaças e
oportunidades ao atingimento dos objetivos da política pública (fatores ditos
externos), assim como seus pontos fortes (forças) e fracos (fraquezas).
30
3.2.9.2. Matriz PESTAL
Outra ferramenta de análise bastante utilizada é a matriz PESTAL (do inglês:
PESTEL):
“PESTEL (Political, Economic, Socio-cultural, Technological, Environment
and Legal) analysis is a method used in strategic planning to analyze
macro-environmental factors within which an organization operates” (Yüksel,
2009 apud MKUDE e WIMMER,2015).
Cada letra do nome corresponde a uma categoria de fatores externos a
analisar: (P) Política, (E) Economia, (S) Sociocultural, (T) Tecnológica, (A) Ambiental,
(L) Legal. Ao contrário da matriz swot, essa ferramenta de planejamento é utilizada
para mensurar as mudanças do ambiente externo, trazendo uma visão macro das
ameaças e oportunidades, por isso mesmo, muitas vezes utilizada de forma
complementar à análise SWOT.
31
Ressalta-se que é de suma importância o monitoramento dos fatores
internos e externos do diagnóstico situacional, de tal forma que seja possível a sua
contínua atualização.
32
b. em se tratando de despesa discricionária, explicar o motivo pelo qual o
gasto pretendido se justifica, bem como esclarecer se não haveria formas
alternativas de resolver o problema com menor custo para o erário.
3. Indicação das fontes de financiamento da despesa, destacando
principalmente se há previsão de utilização de:
a. recursos ordinários (Tesouro);
b. recursos provenientes de operações de crédito; e
c. recursos oriundos de outras fontes.
4. Apresentar estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em
que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes, informando, de forma
clara e detalhada, as premissas e as metodologias de cálculo utilizadas,
inclusive:
a. se as medidas foram consideradas nas metas de resultados fiscais
previstas na LDO;
b. simulação que demonstre o impacto da despesa com a medida proposta,
detalhada, no mínimo, por elemento de despesa e, no caso de despesa
com pessoal, destacando ativos e inativos;
c. se, além da despesa finalística da política pública, existe previsão de
aumento de despesas administrativas, de pessoal etc., necessárias para
a sua implementação;
d. se as medidas de compensação foram consideradas na proposta que
implique renúncia de receitas ou benefícios de natureza financeira e
creditícia; e
e. demonstração da origem dos recursos para seu custeio, quando se tratar
de despesa obrigatória de caráter continuado.
5. Apresentar declaração de que a medida tem adequação orçamentária e
financeira com a LOA e compatibilidade com o PPA e com a LDO.
6. Efetuar análise de potenciais riscos fiscais da proposta – como a geração de
passivos contingentes, crescimento da população beneficiária do programa
além do previsto, cláusulas de reajuste dos benefícios acima da inflação,
33
riscos de judicialização etc. – que possam suscitar futuros aportes não
previstos de recursos orçamentários.
7. Informar se a política pode gerar impactos cruzados em outras rubricas
orçamentárias, tais como aumento ou redução de outra despesa, ou elevação
da arrecadação.
3.4. ESTRATÉGIA DE IMPLEMENTAÇÃO
A Estratégia de implementação diz respeito à definição dos processos
estruturados que articulam diversos atores e tipos de recursos para o alcance dos
objetivos e a execução das metas.
Figura 8. Etapas da fase de implementação.
Fonte: Avaliação de políticas públicas: guia prático de análise ex ante,vol. I (CASA CIVIL DA
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2018).
No caso da avaliação ex ante da fase de implementação, a intenção é
identificar inconsistências, insuficiências ou desperdícios de maneira antecipada.
Para minimizar os problemas futuros, recomenda-se o envolvimento dos atores
desde a fase inicial das ações, incluindo a construção conjunta da estratégia, ou
plano, de implementação da política pública, que deverá ser composto por:
34
● análise das atribuições e dos incentivos dos atores envolvidos na execução
da política, verificando se o arranjo institucional proposto é adequado;
● análise da base legal da política e da espécie de instrumento que será
utilizado para constituir as obrigações e avenças necessárias para a sua
consecução e dos seus programas e ações;
● definição do plano de comunicação a ser executado durante todas as etapas
da política; e
● análise de riscos eventuais ao longo da execução da política pública, com sua
identificação, elaboração de estratégias de mitigação, administração e
controle, compatível com a matriz SWOT (do inglês, strengths, weaknesses,
opportunities and threats).
35
locais, seja para a aprovação da proposta, seja para a sua efetiva
implantação.
A confiança e suporte, juntamente ao desenho da política e a sua estratégia
de implementação, compõem os pilares do impacto público. Esses três elementos
influenciam-se de tal forma que, em algumas situações, a alta confiança e alto
suporte podem compensar um desenho ou uma implementação não perfeita. Outras
vezes, deficiências de confiança e suporte podem comprometer o impacto de uma
política pública bem desenhada e bem implementada.
Não são raras as vezes em que um desenho ou uma estratégia de
implementação precisam ser ajustadas para conseguirem uma maior aceitação
popular ou mesmo uma maior aceitação política. Nesses casos, redesenhar a
política pública numa versão menos próxima das melhores práticas, porém mais
viável em termos de suporte, pode ser uma saída pragmática.
Atualmente, os gestores dispõem de uma série de ferramentas que
possibilitam uma maior aderência e participação da sociedade, tais como os canais
de dados abertos, transparência governamental, orçamentos participativos e
audiências públicas. Tais ferramentas são amplamente potencializadas pelas
tecnologias e isso viabiliza a colaboração e participação coletiva, que pode ser visto
por iniciativa do governo de permitir que cidadãos influenciem políticas públicas ao
compartilhar ideias e opiniões on-line ou ao completar pequenas tarefas que
subsidiam decisões e ações governamentais.
36
responsabilidade por seus ajustes. Um modelo estabelece quem pode o quê
(competências) e quem faz o quê (atribuições).
37
3.5.3 Plano de Comunicação
Os gestores e técnicos envolvidos devem elaborar plano de comunicação a
ser executado durante todas as etapas da política, considerando os modelos lógicos
estabelecidos (é possível consolidar mais de um modelo lógico em uma mesma
estratégia de comunicação). Um plano de comunicação voltado para uma política
pública tem o objetivo de descrever como os processos de comunicação serão
gerenciados a partir de sua fase de criação, perpassando sua implementação,
monitoramento e avaliação.
4. GESTÃO DE RISCOS
A gestão de riscos é definida pela ABNT ISO 31000 - 2018 como “atividades
coordenadas para dirigir e controlar uma organização no que se refere a riscos”.
Podemos então compreender que a gestão de riscos está relacionada às atividades
que buscam, através de metodologias, compreender e gerir os riscos da
organização.
38
4.2. RISCO
● Risco é esclarecido pela ABNT ISO 31000 - 2018 como o “efeito da incerteza
nos objetivos”.
● O Tribunal de Contas da União - TCU define risco como a “possibilidade de
que um evento afete negativamente o alcance dos objetivos”.
Observando os conceitos acima apresentados, podemos observar que o
risco está relacionado à incerteza e a capacidade de produzir resultados negativos.
É a combinação entre a probabilidade de determinado evento ocorrer e os impactos
por ele gerados.
39
4.4. PRINCÍPIOS DA GESTÃO DE RISCOS
● Agregar valor ao ambiente institucional;
● Integrar todas as atividades organizacionais;
● Subsidiar a tomada de decisões;
● Fomentar a inovação;
● Ser baseada nas melhores informações disponíveis;
● Alinhada ao contexto da organização;
● Ser transparente e inclusiva;
● Ser dinâmica, capaz de reagir a mudanças; e
● Apoiar a melhoria contínua da organização.
40
● Identificar as pessoas envolvidas nos processos;
● Identificar elementos internos capazes de influenciar os resultados; e
● Identificar elementos externos capazes de influenciar os resultados.
41
5. Evento certo: situação em que o evento tem a ocorrência certa ou
praticamente certa.
O impacto está relacionado ao total de comprometimento do objetivo, caso
determinado evento venha a ocorrer. Também é organizado em escala de modo a
facilitar a gestão de risco.
● Escala de impacto:
1. Muito baixo: compromete minimamente o objetivo.
2. Baixo: compromete minimamente o objetivo, mas não atrapalha o alcance de
grande parte do resultado esperado.
3. Médio: compromete o objetivo de forma considerável .
4. Alto: compromete o objetivo em grande parte.
5. Muito alto: compromete totalmente ou quase totalmente o alcance dos
objetivos.
42
Fonte: Elaboração própria com base na literatura consultada.
43
Na elaboração do plano de monitoramento, para cada indicador, deve-se
especificar:
1) a fase do modelo lógico à qual o indicador está associado;
2) a descrição do indicador;
3) a frequência da coleta;
4) o órgão responsável pela coleta;
5) o valor de linha de base sempre que pertinente;
6) a meta para o período em questão; e
7) o valor realizado para o período.
44
implementação das atividades da política pública, seus resultados, seus impactos, o
cumprimento de prazos e limites orçamentários e demais questões relacionadas às
políticas públicas, com o intuito de verificar se a política está funcionando, como
está funcionando, a qualidade dos produtos e serviços ofertados e afins.
O caráter cíclico da avaliação, é fruto da aplicação dos dados obtidos
através da avaliação ex post no momento da elaboração de novas políticas públicas,
reformulação ou encerramento de políticas em curso, como visto anteriormente na
avaliação ex ante. Assim, observa-se que o processo de avaliação retroalimenta as
políticas públicas.
A avaliação propõe reflexões e análises sobre diversos pontos da política
pública avaliada, tomando por base critérios estipulados no momento de formulação
da política a ser analisada. Destaca-se que a correta formulação de uma política
pública já prevê em seu projeto alguns dos procedimentos de monitoramento e
avaliação que serão utilizados durante a execução e após o encerramento da
política.
Para orientar as práticas de avaliação das políticas públicas, este manual
aponta alguns dos aspectos das políticas que devem ser avaliados, bem como
metodologias que orientam a execução destas avaliações. Salienta-se que nem
sempre será possível aplicar todas as avaliações em determinada política
pública. Isso se deve tanto às particularidades de cada política, quanto às eventuais
falhas no processo de elaboração da política pública que impossibilitam algumas
avaliações.
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● Informações gerais;
● Data de instituição da política e prazos;
● Legislação pertinente;
● Verificação se a política é a sucessão ou a consolidação de políticas
anteriores;
● Identificação das causas do problema;
● As instituições públicas e privadas que participam da implementação da
política; e
● O público alvo e a abrangência territorial da política.
46
Figura 10. Passo a passo do diagnóstico do problema
Fonte: Avaliação de políticas públicas: guia prático de análise ex post, vol. II (CASA CIVIL DA
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA et al., 2018).
Fonte: Avaliação de políticas públicas: guia prático de análise ex post, vol. II (CASA CIVIL DA
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA et al., 2018).
47
Figura 12. Árvore do objetivo.
Fonte: Avaliação de políticas públicas: guia prático de análise ex post, vol. II (CASA CIVIL DA
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA et al., 2018).
48
Nacional de Educação, Plano Nacional de Resíduos Sólidos, entre outros) ou com
objetivos nacionais e internacionais assumidos pelo Brasil bem como acordos e/ou
tratados internacionais em que o Brasil seja signatário.
A análise de dados e indicadores internacionais e de outros entes federados
deve ser complementada com uma pesquisa por experiências destes outros lugares.
É recomendável efetivar uma comparabilidade entre os gestores de outros lugares,
como enfrentam problemas semelhantes para decidir quais estratégias adotar, sem
nunca deixar de considerar as especificidades locais.
Ao final de todas estas etapas deverão ser construídas as recomendações
para a política pública analisada. O ponto de partida das recomendações é se a
política pública ainda é necessária ou não. Outro ponto essencial é se o problema
atacado é realmente o problema central para a política pública. É a partir destas
duas questões que as demais recomendações serão realizadas.
49
pública novas ideias e soluções podem ser encontradas, sendo esta etapa a mais
adequada para a inserção destas novidades.
Propõe-se o seguinte Passo a Passo para a elaboração da Avaliação do
Desenho da Política:
Figura 13. Passo a passo da avaliação de desenho.
Fonte: Adaptado. Avaliação de políticas públicas: guia prático de análise ex post, vol. II (CASA CIVIL
DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA et al., 2018).
50
Frisa-se que os indicadores devem estar de acordo com o modelo
estabelecido no item 7 deste manual. Esses critérios são essenciais para a
formulação de bons indicadores. Afinal, se os indicadores forem impossíveis de
monitorar e não cumprirem os requisitos listados, perdem seu propósito.
O terceiro passo para a análise do desenho da política pública é a análise da
teoria do programa. Esta etapa se baseia no boxe a seguir:
Figura 14. Análise da teoria do programa.
Fonte: Avaliação de políticas públicas: guia prático de análise ex post, vol. II (CASA CIVIL DA
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA et al., 2018).
51
possíveis falhas do projeto foram tipificadas, salienta-se que elas não são planejadas
ou intencionais, mesmo assim, podem ocorrer de forma cumulativa.
É possível ver uma relação destas falhas eventuais no quadro a seguir:
Figura 15. Exemplo de falhas de desenho da política pública.
Fonte: Avaliação de políticas públicas: guia prático de análise ex post, vol. II (CASA CIVIL DA
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA et al., 2018).
52
Esta busca por erros e falhas deve ter como foco quatro pontos da política
pública:
● Definição e identificação da população elegível - verificar se a política pública
é focalizada ou não, se a população que deveria estar sendo assistida pela
política pública é de fato a população beneficiada, quais os critérios de
elegibilidade para participação da política;
● Ambiente Institucional - verificação de quais são os atores responsáveis por
cada etapa da execução da política pública, bem como se a política está
alinhada com a agenda do governo ou se enfrenta obstáculos internos;
● Controle - verificar os mecanismos de controle da política pública que devem
estar alicerçados na previsão de sanções caso sejam descumpridos os
acordos da política pública, na prestação de contas de forma tempestiva e na
transparência que permite à sociedade acessar as contas públicas;
● Incentivos - verificar como estão sendo estimuladas as participações dos
executores e dos beneficiários da política pública.
Em conformidade com a avaliação do desenho da política pública, deverá
ser realizado um breve relatório que demonstre as diferenças entre a expectativa da
política pública e a realidade encontrada, por meio dos indicadores. Este relatório
servirá de base para orientar as eventuais mudanças na implementação da política
pública, fornecendo as recomendações necessárias para aperfeiçoar a política,
indicando o que deve ser mantido, o que deve ser alterado e o que deve ser
excluído.
53
A Avaliação de Resultados pode ser realizada sob duas óticas
complementares. A primeira, é a análise quantitativa dos resultados obtidos em
conformidade com os indicadores escolhidos, uma atividade que se assemelha ao
monitoramento da execução da política pública. A outra ótica, visa verificar a
satisfação do público-alvo da política, o que pode ser aferido através de entrevistas
ou questionários.
Sugere-se que a análise quantitativa dos resultados tenha seu início com a
identificação dos resultados esperados da política pública, estruturando-os em uma
cadeia de resultados que esteja em conformidade com a formulação da política
pública e os resultados esperados durante aquele momento. Entretanto, é
necessário salientar que as políticas podem gerar resultados que não foram
esperados. Assim, faz-se necessário que sejam realizadas avaliações capazes de
rever os resultados esperados e incluir novos resultados inesperados.
A partir da organização dos resultados a serem avaliados, tem início o
planejamento desta avaliação. Neste momento é produzida uma sequência lógica de
perguntas que servirá para mapear os resultados obtidos. As perguntas devem estar
associadas aos indicadores. Alguns exemplos são:
● Quantos produtos foram entregues?
● Quantas pessoas foram beneficiadas?
● O produto atendeu as necessidades dos beneficiados?
● Os produtos foram entregues no tempo necessário?
A coleta das informações que responderão estas perguntas pode ser feita
através de diferentes técnicas. Destaca-se que a escolha da técnica de coleta de
informações dependerá do contexto da política pública ou da pergunta a ser
respondida. Dentre as várias técnicas, aponta-se, de maneira sucinta, algumas
delas:
● Observações Naturais: essa técnica de coleta de dados envolve a visita do
avaliador ao local onde a política está em operação, de modo a observar
diretamente o que está acontecendo. Os dados observacionais podem ser
usados para descrever a configuração da política, as atividades que ocorrem
no ambiente, os indivíduos que participam dessas atividades e o significado
54
das atividades para esses indivíduos (CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA
REPÚBLICA et al., 2018, p .247);
● Estudos de Caso: os estudos de caso coletam informações de um número
limitado de unidades ou situações específicas que o avaliador antecipa que
serão reveladores para a análise da política como um todo (CASA CIVIL DA
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA et al., 2018, p .247); e
● Pesquisas (survey): a pesquisa é uma técnica para coleta de dados primários
para compor uma amostra representativa, extraída de uma população mais
ampla. Para isso, pode-se utilizar a técnica de amostragem probabilística, na
qual cada unidade da população tem uma probabilidade conhecida, diferente
de zero, de ser selecionada para inclusão na amostra (CASA CIVIL DA
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA et al., 2018, p .247).
Após a coleta das informações deve ser realizada a análise dos resultados.
Esta análise pode ser quantitativa, realizando uma análise de caráter conclusivo
baseada nos números obtidos, ou qualitativa buscando explorar o contexto da
política e a experiência dos beneficiários. Ressalta-se que os dois métodos são
complementares, portanto o ideal é que ambos sejam aplicados em conjunto. É
necessário ainda considerar que fatores externos e que não aparecem nos
indicadores da política pública podem influenciar nos resultados.
O quadro a seguir relaciona as diferenças das abordagens qualitativas e
quantitativas:
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Figura 16. Diferenças entre as abordagens quantitativas e qualitativas.
Fonte: Avaliação de políticas públicas: guia prático de análise ex post, vol. II (CASA CIVIL DA
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA et al., 2018).
56
Os resultados obtidos através das análises indicadas devem ser somados
aos fatores externos observados. A partir da junção dessas informações é possível
gerar um relatório da avaliação dos resultados que será essencial para a
aprimoração desta política pública e de outras correlatas.
57
não beneficiado e da metodologia escolhida para a avaliação de impacto. Ainda
assim, é possível realizar a avaliação de impacto mesmo que não tenha sido
realizada sua definição prévia.
A forma mais aceita para aferição do impacto é a comparação entre os
resultados obtidos pelos beneficiários da política pública e os resultados obtidos por
grupos de pessoas em condições semelhantes, mas que não foram beneficiados
pela política. De forma simplificada, o impacto é a diferença de resultados entre os
que foram beneficiados e os que não foram.
Ressalta-se que em muitos casos não é possível medir os resultados de
grupos semelhantes que não participaram da política pública; nesse caso, é
necessário criar um cenário hipotético em que os beneficiários não tivessem
participado da política pública. A este cenário hipotético se dá o nome de
contrafactual. Aqui o impacto seria a diferença entre os resultados obtidos pelos
beneficiários e o resultado do contrafactual.
A avaliação de impacto é essencial para verificar como a política pública
modifica a realidade dos seus participantes. É através da avaliação de impacto que
se confirma a necessidade de manter, modificar ou encerrar determinada política
pública.
58
primários é limitada a entrevistas com os principais interessados, como gerentes de
programas e outros atores envolvidos na execução das ações avaliadas.
O papel desse tipo de análise é o de utilizar as informações disponíveis,
complementadas por instrumentos simples de coleta de dados, da forma mais
proveitosa possível para avaliar as dimensões de desenho, operação e resultados
da política. Porém, as limitações referentes à disponibilidade e qualidade dos dados
existentes, bem como a disponibilidade dos gestores para fornecê-los e participar de
reuniões/entrevistas, podem elevar o tempo necessário para a elaboração da análise
executiva. Ainda assim, os julgamentos e recomendações provenientes de uma
análise executiva terão credibilidade somente na medida em que forem baseados
em evidências e informações condizentes com a realidade prática da política. Nesse
contexto, tem-se um primeiro produto, indireto, da análise executiva: a organização
sistemática das informações existentes acerca da política pública e a identificação
das dimensões de dados faltantes.
Em nível operacional, a ausência de uma coleta de dados primários e que
não exige métodos estatísticos sofisticados permite que as avaliações executivas
sejam realizadas e concluídas em prazos curtos (2 a 6 meses) e que sejam
relativamente baratas em comparação com outras modalidades de avaliação, como
as avaliações de impacto, por exemplo.
De acordo com Busjeet (2013), um dos principais componentes das
avaliações executivas é apontar onde faltam informações confiáveis.
59
em lições tiradas da análise ex post, seja de políticas públicas semelhantes, seja da
mesma política pública, que por sua vez, já tenha sido executada uma vez. Dessa
forma, observa-se o caráter complementar das análises como um processo cíclico,
já que a avaliação final serve para apoiar a formulação de políticas futuras. Além
disto, muitos dos mecanismos de monitoramento e avaliação posterior são previstos
já no desenho da política pública traçado durante sua formulação.
7. INDICADORES
Indicadores são instrumentos de mensuração que permitem identificar um
fenômeno ou medir aspectos relacionados a um evento, comparar resultados e
traçar tendências. São capazes de descrever a realidade de forma objetiva.
Para Jannuzzi (2001) o indicador é “Uma medida em geral quantitativa
dotada de significado substantivo, usado para substituir, quantificar ou
operacionalizar um conceito social abstrato, de interesse teórico (para pesquisa
acadêmica) ou programático (para formulação de políticas)”.
Já para Ferreira, Cassiolato e Gonzales (2009):
“...o indicador é uma medida, de ordem quantitativa ou qualitativa,
dotada de significado particular e utilizada para organizar e captar as
informações relevantes dos elementos que compõem o objeto da
observação. É um recurso metodológico que informa empiricamente
sobre a evolução do aspecto observado.”
Dessa forma, a partir da utilização de indicadores a Instituição pode
monitorar e medir o desempenho das metas estabelecidas e os resultados
organizacionais. Para isso, os indicadores devem conter alguns elementos, como:
● Nome do indicador;
● Fórmula de cálculo;
● Polaridade;
● Estado atual do indicador com o período de referência;
● Estado desejado do indicador para cada período (geralmente anual);
● Periodicidade de mensuração do indicador;
● Unidade de medida do indicador;
● Fonte; e
60
● Descrição do indicador.
61
7.3. INDICADORES NO PLANO PLURIANUAL - PPA
O Plano Plurianual - PPA é um instrumento previsto no art. 165 da
Constituição Federal, e destina-se a organizar e viabilizar a ação pública, com vistas
a alcançar os objetivos que resultem em bens ou serviços que atendam às
necessidades da sociedade. Por meio dele, é declarado o conjunto prioritário das
políticas públicas do Governo para um período de quatro anos e os caminhos a
serem percorridos para viabilizar as metas previstas.
As demandas da sociedade perpassam por variados setores do serviço
público, e é nesse propósito que são desenvolvidas políticas públicas. A partir de um
diagnóstico dos problemas, são criados os programas governamentais, orientados
para enfrentar as demandas e melhorar a qualidade de vida da população.
Com a finalidade de se reduzir esses problemas, são colocados em
execução os programas que foram criados pelo Governo, simultaneamente com a
fase de monitoramento para se analisar os gastos despendidos e, por fim, é
realizada a avaliação dos resultados do desempenho dos programas. Todas essas
etapas integram o chamado Ciclo de Planejamento.
Os indicadores, em decorrência de suas funções básicas, são amplamente
utilizados para o planejamento, a avaliação e o monitoramento de programas. Para
tanto é necessário saber com clareza quais aspectos do programa são importantes e
dispor de indicadores para que cada um deles seja constantemente monitorado e
periodicamente avaliado. O gerenciamento necessita de indicadores de processos,
de indicadores das ações que conformam resultados. Sobre elas, exerce o
julgamento e as medidas corretivas, quando necessário, buscando sempre o melhor
resultado, que é obtido por antecipação, com qualidade, oportunidade e intensidade
apropriada das ações (Garcia, 2001).
Considerando que os programas são construídos para enfrentar problemas
e demandas na sociedade, os indicadores constituem a principal medida do
resultado da atuação governamental para a verificação do alcance de seus objetivos
ao longo do tempo. Para que isso ocorra, é importante que o problema ao qual se
refira o programa esteja bem definido e adequadamente descrito por informações da
realidade que deverão integrar o indicador, juntamente com aquelas relativas às
62
mais importantes ações que atacarão o problema. Do contrário, não será possível
verificar mudanças no problema, tampouco associar os resultados ao desempenho
das ações. Se o indicador não estiver assim construído, torna-se difícil avaliar os
resultados dos esforços desprendidos para sanar o problema (Garcia, 2000).
63
pode ser complexo na sua fórmula, envolvendo muitas variáveis. Em todo
caso, porém, é imprescindível que seja claro, atenda à necessidade de quem
irá decidir e que esteja adequadamente documentado.
● Sensibilidade: Capacidade que um indicador possui de refletir
tempestivamente as mudanças decorrentes das intervenções realizadas.
● Simplicidade: Indicadores devem ser de fácil obtenção, construção,
manutenção, comunicação e entendimento tanto pelo público interno quanto
externo.
● Mensurabilidade: Esta propriedade informa que os indicadores devem ser
criados, desde que sejam mensuráveis, sendo esses indicadores objetivos ou
subjetivos.
● Desagregabilidade: Capacidade de representação regionalizada de grupos
sociodemográficos, considerando que a dimensão territorial se apresenta
como um componente essencial na implementação de políticas públicas.
● Economicidade: O custo para obtenção dos dados para se gerar e se manter
o indicador deve ser menor do que os benefícios que ele agrega a Instituição.
● Estabilidade: A estabilidade da base de cálculo dos indicadores por
determinado período, permite que esses indicadores estáveis sejam
monitorados e comparados.
● Auditabilidade/Transparência: Qualquer pessoa deve sentir-se apta a
verificar a boa aplicação das regras de uso dos indicadores (obtenção,
tratamento, formatação, difusão, interpretação).
● Publicidade: Os indicadores devem ser conhecidos e acessíveis a todos os
níveis da instituição, bem como à sociedade e aos demais entes da
administração pública.
● Cobertura: Está relacionada à abrangência territorial ou populacional que o
indicador irá cobrir.
● Historicidade: Estabelecimento de séries históricas estáveis que permitam
monitoramentos e comparações.
64
7.5. NÍVEIS DOS INDICADORES
Os indicadores podem ser divididos conforme os níveis estratégicos da
organização de maneira a apresentarem a realidade de acordo com o interesse de
cada usuário. Assim, eles podem ser divididos em:
● Estratégicos: Ligado ao nível mais alto da gestão, apresentam resultados
mais amplos e menos detalhados. Estão relacionados ao longo prazo.
● Táticos: Relacionados com o médio prazo, se alinham com os indicadores
estratégicos nos diversos setores da organização.
● Operacionais: indicadores de curto prazo, ligados às metas imediatas como
resultados diários ou semanais.
65
● Impacto: estão relacionados à capacidade de cumprir os objetivos almejados,
entregando os produtos com os meios disponibilizados e com o dispêndio
mínimo de recursos e esforços. Relacionam-se à efetividade.
66
● Efetividade: mede os efeitos positivos ou negativos na realidade que sofreu a
intervenção, ou seja, aponta se houve mudanças na situação
socioeconômica, ambiental ou institucional decorrentes dos resultados obtidos
pela política, plano ou programa. É o que realmente importa para efeitos de
transformação social. Um programa pode ser eficaz, mas não efetivo, caso
não tenha transformado a realidade social.
●
Figura 17. Desempenho dos indicadores.
ESFORÇO E RESULTADO
Economicidade Eficácia
Excelência Efetividade
Execução Eficiência
67
7.6.3. Quanto à Forma
● Analítico: Apresentam-se de forma simples e objetiva, mostrando
determinada realidade de forma rápida.
● Sintético: São indicadores mais complexos, com combinações de diversas
variáveis capazes de apresentar diversas dimensões da mesma realidade.
68
elementos básicos, como fórmula de cálculo, unidade de medida, fonte,
periodicidade e resultado esperado.
Para auxiliar no processo de formulação e implementação, sugerimos a
adoção de três etapas, que são: planejamento e elaboração, validação e medição de
resultados.
69
7.8.2. Medição de Resultados
Após a criação do indicador se faz necessária a medição dos seus
resultados. Esta deve ser uma atividade rotineira, e a frequência do monitoramento
deve ser definida conforme a necessidade da tomada de decisão que pode ser, por
exemplo, diário, mensal ou anual.
Algumas ações podem ser adotadas visando a finalidade de aferir se os
objetivos propostos estão sendo alcançados conforme planejado. São elas:
● Ações Preventivas: Durante o processo de mensuração, o gestor após
verificar que existe tendência para redução do desempenho ou
descumprimento da meta, deve adotar medidas a fim de garantir o alcance
dos resultados esperados.
● Ações Corretivas: O gestor adotará a ação corretiva caso se verifique que o
desempenho do indicador não atingiu a meta;
● Ações de Melhoria: Quando a meta proposta foi cumprida, no entanto, o
gestor decide investir na melhoria dos processos a fim de elevar os padrões
de satisfação da sociedade.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Secretaria de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, com o intuito
de disseminar conhecimentos básicos sobre políticas públicas, apresenta este
manual visando construir gradualmente a cultura sobre políticas públicas no Estado
de Rondônia.
É importante salientar que este manual não contém todas as formas de
avaliar uma política pública e que mesmo as avaliações aqui propostas podem não
ser aplicáveis a todas as políticas. No entanto, tem-se aqui a proposição de um
modelo para uma boa avaliação, capaz de potencializar as políticas públicas
estaduais e auxiliar na tomada de decisão pelos gestores públicos.
Ainda, ressalta-se que o arcabouço de conhecimentos sobre o tema é vasto
e que os conceitos mais avançados serão abordados em futuras atualizações.
70
REFERÊNCIAS
71
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guia prático de análise ex post, volume 2. Brasília: Casa Civil da Presidência da
República, 2018. v. 2. 301 p. Disponível em:
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10 jun. 2021.
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Desempenho Institucional. Brasília, 2013. Disponível em:
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um Modelo Lógico: Roteiro para formular programas e organizar avaliações.
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Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1679-395169657>. Acesso em: 09 out.
2021.
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76