Epicuro
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Epicuro afirmava não ter tido outro mestre além dele mesmo, mas é inegável a
importância de Demócrito em seu pensamento, com o atomismo, e dos
Cirenaicos, com uma ética voltada para o prazer. Epicuro permaneceu a
infância e juventude em Samos. Sendo do período helenista, pertenceu a uma
geração depois da tríade dos grandes filósofos gregos: Sócrates e Platão, que
já haviam morrido, e Aristóteles, que estava na corte de Filipe da Macedônia.
Epicuro afirmava não ter tido outro mestre além dele mesmo, mas é
inegável a importância de Demócrito em seu pensamento, com o atomismo, e
dos Cirenaicos, com uma ética voltada para o prazer.
Epicuro não é o único a pensar sobre uma ética hedonista, ou seja, ética
relativa aos prazeres, pode-se pensar nos cirenaicos que buscam o prazer de
modo incessante, propunham o prazer a qualquer custo, entretanto destaca-se
Epicuro que requalifica a ideia de hedonismo. Vale ressaltar que o epicurismo
não deve ser compreendido como busca só pelo sexo, tal concepção é errada,
a busca pelos prazeres desenfreados dos libertinos não se enquadro na ética
epicurista, pois os próprios atrapalham a felicidade.
Nota-se que se o prazer é princípio e fim, então o oposto do prazer é a
dor, e sendo a dor contrária à nossa natureza. Pondere sobre, sempre
buscamos evitar as dores que sentimos e maximizar das felicidades que
sentimos, ora exemplo, quando sentimos fome ficamos estressados, isso é
negativo, mas quando alimentados, sentimos saciedades e isso parece
princípios de felicidade. A ética epicurista busca afastar as dores e prolongar os
prazeres.
Me parece, que assim como Aristóteles, Epicuro busca fornecer a cada
um os meios de realizar uma vida boa, entretanto se é tão obvio que a vida
boa, é a vida que está de acordo com os prazeres, então porque falar sobre?
Para Epicuro é simples, afinal muitas vezes nos enganamos tomando como
coisas prazerosas aquilo que não passa de opinião, geralmente equivocada.
Nenhum prazer é um malefícios em si mesmo, entretanto alguns prazeres
carregam consigo níveis de sofrimentos maiores do que os próprios prazeres.
Epicuro então busca ponderar sobre quais prazeres deve-se abraçar e quais
devem ser abandonados, pois existe um fio tênue sobre o que se encontra
entre prazer e dor.
Epicuro aconselha que a amizade é a felicidade mais preciosa, o mesmo
diz que o sábio troca as riquezas por um bom amigo, porque sabe que esse
tipo de relação é muito mais raro e valioso. A amizade é a celebração da
felicidade, eis a fórmula definitiva do conceito epicurista, mas entre todas as
alegrias que a amizade proporciona, há uma que merece destaque: a filosofia,
ressalta-se a própria palavra filosofia é composta por philia e sophia, amizade e
sabedoria. Ao que tudo indica, os epicuristas propõem um outro paradigma
para definir a filosofia: em vez de amigo do saber, ou amante do conhecimento,
podemos pensar em uma comunidade de pensamento, de amigos filósofos,
que auxiliam uns aos outros naquilo que mais importa, que é pensar bem para
viver bem.
Tetrapharmakon (quádruplo remédio de Epicuro): A proposta hedonista
é direta e simples, realista e prática. Os dois primeiros “remédios” se referem
ao intelecto e têm efeito imediato, pois desfazem todas as superstições e
medos irracionais que causam angústia nos homens, a saber, a morte e a
cólera dos deuses. Os dois últimos remédios são éticos e tratam de um modo
de vida com caráter preventivo para a dor e obtenção do prazer.
Primeiro remédio, sobre o temor dos deuses: para Epicuro os deuses
existem de fato, mas as características em volta da imagem dos mesmos não,
para o filósofo os deuses são entes imortais e bem-aventuradas, isso porque
não cabe aos deuses nenhuma decisão no mundo dos humano, para ele, os
deuses se debruçam apenas em suas próprias virtudes, isso porque os
assuntos divinos só interessam os deuses e nos mesmos, sequer alcançamos
tais verdades, em síntese, os deuses existem, mas não se preocupa com a
nossa existência.
Segundo remédio, a morte não é para nós: o que foi já não é e o que
será ainda não é. A morte, portanto, não existe na vida. “Quando estamos
vivos, é a morte que não está presente; ao contrário, quando a morte está
presente, nós é que não estamos”, ou seja, o que nos aflige não é a morte,
mas o medo dela, por isso devemos ir além desse medo.
Terceiro remédio, é a possibilidade de obter o prazer: Epicuro parte para
demostrar os caminhos para o prazer, o mesmo distingue em três tipos, para
ele existem os prazeres naturais necessários, os naturais e não necessários e
os não naturais e não necessários. Os naturais e necessários são os desejos
que permitem que o corpo continue afirmando-se na existência, exemplo a
água. Os naturais não necessários são os prazeres que não são necessários
para afirmar a existência, exemplo é um suco, necessitamos da água qualquer
líquido além da mesma, não é necessário. Por fim, os não naturais e não
necessários são os que não precisam existir, já que não beneficia em nada a
existência do próprio indivíduo, exemplo disso é o dinheiro, fama, glória, etc.
Pondero que Epicuro concebe um homem em seu estado de natureza,
pois só precisamos das coisas naturais e necessárias, e caso queira, podemos
usufruir um pouco mais dos prazeres naturais, entretanto não necessários, pois
o homem em seu estado de natureza não corre atrás do dinheiro, fama e
poder, isso é indiferente ao mesmo, assim na visão de Epicuro o homem em
seu estado de natureza não seria hobbesiano, “o homem é lobo do homem”,
mas sim, pacifico. O homem caminharia para os próprios prazeres, tal como
concebe a ideia rousseauniana.
Por fim, o último remédio é o bom uso da dor: Epicuro percebe que a dor
no final das contas é inevitável, e que é possível suportar. Nota-se que
tardiamente, Nietzsche dirá no crepúsculo dos ídolos uma máxima que
expressa esse remédio epicurista, Nietzsche diz: “o que não me mata, me
fortaleza”. A dor é inevitável, mas é possível ser suportada, é preciso saber
lidar com a dor e supera-la. O Tetrapharmakon é as máximas de Epicuro para
se ter uma vida feliz, é o caminho para o telos da mesma.