A "Invenção" Do Município: A Criação de Japeri
A "Invenção" Do Município: A Criação de Japeri
A "Invenção" Do Município: A Criação de Japeri
Rio de Janeiro
Junho de 2012
VINICIUS MAYO PIRES
Dissertação de Mestrado
apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Sociologia e
Antropologia (PPGSA-UFRJ) como
parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de mestre em
Sociologia (com concentração em
Antropologia).
Rio de Janeiro
Junho de 2012
PIRES, Vinicius Mayo
A “invenção” do município: a criação de Japeri/ Vinicius Mayo Pires. – Rio de Janeiro,
UFRJ, 2012.
Dissertação de Mestrado
apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Sociologia e
Antropologia (PPGSA-UFRJ) como
parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de mestre em
Sociologia (com concentração em
Antropologia).
Banca Examinadora:
_______________________________________
Profª. Dra. Karina Kuschnir (orientadora)
_______________________________________
Profª. Dra. Elina Gonçalves Pessanha (PPGSA/IFCS/UFRJ)
_______________________________________
Prof. Dr. Marcos Otávio Bezerra (PPGA/ICHF/UFF)
Suplentes:
_______________________________________
Prof. Dr. André Pereira Botelho (PPGSA/IFCS/UFRJ)
_______________________________________
Prof. Dr. Antônio Carlos Alkmin (IBGE/PUC-Rio/FGV)
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço ao meu pai Nelson, minha mãe Neli e minhas irmãs
Juliana e Marcela pelo amor mais do que necessário que recebo ao longo de minha vida.
Aos meus amigos, Alexandre Goulart, Diego Inagoki, Guto Menezes, Bruno
Seabra, Guilherme Castro, Helio Sá, Bruno Drumond, Cleiderman Braga, Denis de
Barros, Mariana Leoncini, Lilian Samea, Mauricio Hoelz, Paloma Malaguti, Jorge
Donato e Ismael Esteves, por me fazerem acreditar a cada dia que “sonhos não
envelhecem”.
À Silvia Canatto, pela companhia e o amor a mim dedicados nos últimos anos.
Aos amigos Lier Pires, Afrânio Oliveira, Marcelo Silva e Lésio Tavares no
amadurecimento da prática docente.
Agradeço aos amigos Anísio, Geraldo, Jonas e Danilo, pela ajuda e companhia
no florescer de cada manhã na Rua Camerino.
Aos meus alunos, pela compreensão da minha militância para um saber mais
crítico e reflexivo.
ABSTRACT
The main goal of this study is providing a reflection about the municipal
emancipation that occured as of the redemocratization of Brazil, that was consolidated
with the Federal Constitution of 1988. In this period successive incorporations,
divisions and fragmantations of towns occured, correspondind to 32% increase of
Brazilian towns from 1988 until 2001(IBGE, 2003). The study shows as an analytic cut
the emancipation of Japeri, a town of Rio de Janeiro, that obtained its emancipation in
1991. This research analyses the emancipation of Japeri from a variety of factors,
demonstrating that the town is not a priori a data with population, divisions and a
definite territory but rather a result of continuous inventions of meanings and
resignifications during its history.
INTRODUÇÃO....................................................................................................10
Capítulo 1
1.1. A história de Japeri ........................................................................................21
1.2. A emancipação municipal de Japeri................................................................28
Capítulo 2
A legitimação das “bases” e os “apóstolos” da emancipação de Japeri .................39
Capítulo 3
3.1. Localidades, divisas e pertencimento - Japeri e Engenheiro Pedreira: iguais ou
diferentes? .............................................................................................................53
3.2. Os moradores das divisas municipais e o sentimento de pertencimento..........58
Capítulo 4
O município à procura de uma “vocação” ..............................................................67
Anexos.................................................................................................................... 91
LISTA DE MAPAS:
LISTA DE FOTOS:
LISTA DE TABELAS:
Tabela 4 – Pessoas de 15 anos ou mais de idade, não alfabetizadas e taxa de analfabetismo, por
grupos de idade, segundo as Regiões de Governo e municípios - Estado do Rio de Janeiro –
2010...................................................................................................................................73
10
INTRODUÇÃO
1
Perfil dos municípios brasileiros: gestão pública 2001. Rio de Janeiro: IBGE, 2002.
12
2
O debate sobre a associação entre descentralização e democracia se encontra no capítulo 1 dissertação.
3
Ver o sítio < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc15.htm#art1 >.
4
Durante os anos de 1997-2001 foram criados 53 municípios no Brasil (IBGE, 2002). No entanto, cabe
ressaltar, que todos os pedidos emancipacionistas que tramitavam antes da aprovação da emenda 15/96
foram julgados dentro do regimento anterior.
13
5
Sobre a emancipação de Mesquita, ver Figueiredo (2006).
6
Fonte: Centro de Memória Oral da Baixada Fluminense Disponível:
<http://www.cemobafluminense.com.br> Acesso: 07/12/2011.
14
estudar Japeri? Lá não tem nada”. A pesquisa sobre o município de Japeri, em certa
medida, aparecia dentro da lógica de estudar o “exótico”, como algo distante e
desconhecido e desprovido de familiaridade (VELHO, 1987). O encaminhamento da
dissertação por uma proposta antropológica é a transformação de Japeri de exótico em
familiar e, necessariamente, do familiar em exótico. (DA MATTA, 1978). O
estranhamento, em grande parte, em relação a Japeri repousa no fato de que o município
é caracterizado por elevados índices de pobreza e baixíssimos índices desenvolvimento
humano. Segundo dados do IBGE (2003), Japeri apresenta o maior índice de pobreza e
desigualdade (76,37%) de todo estado do Rio de Janeiro. Assim sendo, se em um
primeiro momento Japeri não possui “nada”, como descrito acima, aos poucos, a
emancipação de Japeri foi se apresentando como instigante tema de pesquisa.
O trabalho de campo
morador e com outras pessoas que se disponibilizaram a ajudar com informações para a
constituição da minha pesquisa.
No local em que fiquei hospedado, pertencente a uma família tradicional que
morava no município desde o início do século XX, proprietária de alguns terrenos e um
armazém7, comecei a experimentar os primeiros contatos com a população de Japeri. O
trabalho de campo se realizou em uma semana durante o mês de abril de 2010 e,
posteriormente, no mês de dezembro do mesmo ano. Neste período, percorri as ruas dos
bairros, conversei com moradores e participei da vida do município.
Nas primeiras entrevistas como os moradores das regiões de divisas, percebi
muita desconfiança por parte dos mesmos por achar que eu trabalhava para algum
vereador ou prefeito local, apesar de me apresentar como pesquisador vinculado a uma
instituição de ensino. Deste modo, resolvi estabelecer nas entrevistas posteriores uma
conversa mais informal, não recolhendo dados (nome, idade e profissão)ou informações
sobre os moradores.
Sei das implicações metodológicas de minha permanência em uma única
residência e o trabalho de campo em um período curto. Porém, como mencionado
anteriormente, estes dados representaram uma fonte importante, que dialoga com outras
utilizadas nesta dissertação.
O trabalho de campo foi fundamental para a pesquisa, pois propiciou minha
aproximação e conhecimento do município, assim como, o reconhecimento das suas
divisas e a vivência de alguns moradores. Deste modo, pude sair das questões
puramente teóricas e historiográficas e penetrar numa pequena parte de um universo
empírico. Muito além dos dados oficiais e das referências sobre o município, o
encaminhamento de dar “voz ao campo”, apesar de suas limitações, permite um
enriquecimento da pesquisa, uma vez que não encontrei pesquisas sobre emancipação
municipal que utilizem essa abordagem.
Estrutura do trabalho
7
Em recente visita à casa onde fiquei hospedado, o referido armazém da família virou uma igreja
evangélica.
19
CAPÍTULO 1
8
Segundo Moraes: “Japeri antigamente se chamava Belém. (...) Devido a família Paes Leme, vindo atrás
das esmeraldas (...) e veio por cima das terras de Tinguá mas não deu certo.(...) Ali ele montou uns
engenhos e um lado da família se fixou ali e ele continuou a aventura dele. E depois ate então nessa época
do Império, existia uma figura jurídica chamado morgadio que tinha característica de uma sociedade
anônima, onde o Imperador doava para umas famílias uma sesmarias que explorasse a agricultura e
mantivesse as estradas abertas para o escoamento da produção do Império. A família ganhou a sesmaria e
foi denominado Morgado de Belém em homenagem a uma capela que eles fizeram que era Menino Jesus
de Belém. Isso foi em 13 de agosto de 1743.” (Carlos Moraes, entrevista concedida em 2/04/2010).
21
Tanto Willian Teixeira9 como Carlos Moraes afirmam que a localidade onde
hoje é o município de Japeri floresceu veementemente com a abertura da ferrovia e que,
após o declínio desta, aos poucos a localidade foi renegada ao esquecimento. As
9
Willian Teixeira em seu depoimento apresenta um ceticismo sobre Japeri nos dias atuais. E, de forma
descontraída, sugere que o melhor título da presente dissertação seria “O trem descarrilhou de Belém para
Japeri.”
22
imagens a seguir demonstram a famosa estação10 de trem de Japeri e uma das cafeterias
frequentadas pelos viajantes.
Figura 1 – Estação de Trem de Japeri. Fonte: Centro de Memória Oral da Baixada Fluminense
Figura 2 – Bar e Cafeteria no Interior da Estação de Trem de Japeri. Fonte: Centro de Memória Oral
da Baixada Fluminense
10
Cyro Corrêa Lyra, em “Documenta Histórica dos Municípios do Estado do Rio de Janeiro”, destaca que
na época do lançamento dos selos em homenagem as estações Luz, Japeri e São João Del Rei, a Revista
Ferroviária de julho e agosto de 1984 traz uma nota descrevendo a estação de Japeri da seguinte forma:
“O prédio, no mesmo estilo das construções usadas no norte da Europa, foi construído na técnica
enxaimel, que consiste em estacas ou caibros de madeira constituindo um engradado a receber a vedação
de alvenaria de tijolo maciço. O telhado, em telhas francesas originais, é formado de três elementos: o
primeiro cobrindo o corpo principal do prédio; os outros dois, em quatro águas com mansardas cobrindo
os dois pavimentos superiores que formam os corpos laterais. Os elementos decorativos das fachadas são
compostos pela própria estrutura de madeira formando desenhos geométricos, pelas mãos francesas e
pelos apliques em madeira recortada.”.
23
11
Apesar de não conseguir documentos precisos que demonstrem o porquê ou o momento da mudança
do nome da localidade de Belém para Japeri, indiretamente, por analogia, o nome aparece como sugestiva
hipótese. Japeri, cujo significado é “flutuante ou aquilo que flutua”, parece corroborar com as diversas
mudanças administrativas que sofreu ao longo de sua história. Neste caso, o objeto da presente
dissertação aparece como mais uma “flutuação” de Japeri, no momento que o 6º distrito de Nova Iguaçu é
elevado à categoria de município.
24
12
Fonte: Portal do Cidadão – Governo do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://www.portaldocidadao.rj.gov.br/municipal.asp?M=76>
Acesso: 07/12/2011, editado pelo autor em: 07/12/2011
26
seja, estaria na mesma condição que a localidade foi submetida ao longo de sua história.
Após a derrota no plebiscito de 1988, Carlos Moraes – então vereador de Nova Iguaçu –
começa a pleitear a possibilidade da emancipação de Japeri sem a anexação (fusão) a
outros distritos:
13
Durante as entrevistas com os moradores de Japeri e dos próprios agentes emancipacionistas, a frase “é
melhor ser cabeça de sardinha do que rabo de baleia” aparece sempre para justificar o discurso pró-
emancipação. Apesar de não encontrar nenhum documento da campanha da emancipação de Japeri que
apareça a frase, tanto Carlos Moraes como Luiz Barcelos afirmam que este era o slogan da campanha
emancipacionista.
27
14
Nova Iguaçu, antes da emancipação de Japeri (1991) e dos distritos de Belford Roxo (1990),
Queimados (1991) e Mesquita (1999), se encontrava entre os dez municípios mais populosos do país.
Segundo Bremaeker, “Nova Iguaçu era em 1991 um município de 764 km² e com 1.293.611 habitantes.
Já em 1993 estava com 528 Km² e 769.963 habitantes (BREMAEKER, 1993a). Mesquita (1997) afirma
que Nova Iguaçu também se transformou em um município novo, pois apresenta “novo recorte, novo
contingente populacional e nova estrutura econômica, refletida em nova composição de recursos”
(MESQUITA, 1997, p. 94).
15
Como o jornal não apresenta uma referência precisa, título, número de páginas e autores definidos, o
mesmo, na presente dissertação, quando for utilizado para fins de citação será tratado como o Jornal
Emancipacionista.
28
16
No marco inicial destas transformações podemos citar a Carta Constitucional Federal de 1988 que, em
seu regimento, apresentava inúmeras propostas de mudanças estruturais significativas em diferentes
esferas da sociedade, conforme vimos na Introdução.
17
Ver por exemplo Bremaeker (1991, 1993); Lordello de Mello (1992); e Noronha (1996).
29
18
Além das arrecadações que são produzidas no próprio município, como o IPTU (Imposto Predial e
Territorial Urbano), o município passou a receber recursos do âmbito federal (FPM – Fundo de
Participação Municipal) e estadual (ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias). No caso de
Japeri, outra fonte de arrecadação são os royalties provenientes da passagem do gasoduto da Petrobrás
pelo município.
19
O termo descentralização utilizado acima se refere às modificações do federalismo brasileiro a partir do
processo de redemocratização e da Constituição de 1988 É interessante estar atento para o fato de a
utilização do termo “descentralização” não ser unicamente para a compreensão das emancipações
municipais, podendo ser aplicado a outros contextos (a municipalização do Sistema Único de Saúde
(SUS), por exemplo).
30
20
Ao total foram consultadas dezoito matérias em diferentes jornais sobre a emancipação de Japeri. Dez
matérias no Jornal do Brasil, duas no jornal O Dia e jornal O Globo e quatro matérias no Jornal de Hoje
(Nova Iguaçu). Cabe ressaltar que os jornais serão utilizados a fim de realçar o debate sobre a
emancipação de Japeri e não como verdades ou objeto de análise em si mesmo.
31
“Estou radiante, alegre e muito feliz. Votei a favor com muito amor e
isto aqui vai melhorar se Deus quiser. Fiz campanha e tudo pela
emancipação.” (Arnaldo Tomás, 65 anos, aposentado)
21
O jornal O Globo não informa o número de eleitores que compareceram às urnas no dia do plebiscito.
O Jornal do Brasil, do dia 1º de julho de 1991, informa que o total de eleitores aptos a votar era de 33.573
mil eleitores e que 24.751 eleitores compareceram as urnas computando um total de adesão de 73,3%. No
Jornal de Hoje do dia 2 de julho de 1991 informa que 91% da população de Japeri compareceram às
urnas, enquanto em Engenheiro Pedreira o percentual foi de 52%. O jornal ainda informa que houve 334
votos contrários, 106 nulos e 250 brancos.
33
O jornal O Dia do dia 1º de julho de 1991 traz uma entrevista com o subprefeito
do 6° Distrito de Nova Iguaçu (Japeri e Engenheiro Pedreira) sobre as possíveis receitas
que o Município receberia após a emancipação:
22
Adentrando nesta discussão, podemos extrair uma questão interessante a partir de Gouvêa (2005), onde
o mesmo estabelece um contraponto entre descentralização política e desconcentração administrativa. A
35
Não é por acaso que nos países mais desenvolvidos a participação dos
Governos locais nas receitas públicas é maior. Estes países já
descobriram que o Governo local é mais eficiente e executa os
programas de governo de forma mais barata. (BREMAEKER, 1993.
P. 90)
diferença estaria presente no fato de que a descentralização seria o repasse de atribuições de um nível de
maior hierarquia, ou seja, o governo federal, para um menor (municípios), sem apresentar níveis de
dependência. A desconcentração, por outro lado, apesar da incumbência de atribuições, mantém níveis de
subordinação com as esferas superiores. Quando colocamos a questão da arrecadação tributária
observamos diferenças entre os níveis da federação, ou seja, o discurso da equidade político-
administrativa esbarra em uma diretriz econômica, apesar da ocorrência de uma descentralização fiscal
(TOMIO, 2002a). Segundo Gouvêa, observa-se “uma forte intenção de descentralizar atividades, sem que
ocorra, no entanto, a correspondente descentralização dos recursos disponíveis.” (GOUVÊA, 2005, p.
177).
23
No Capítulo 4 haverá uma discussão sobre as modificações no procedimento dos pedidos
emancipacionistas.
36
uma prefeitura e de suas respectivas secretarias. O autor, por outro lado, não nega este
fato, ao contrário:.
Daí o interesse eleitoreiro de muitos políticos na criação de novos
Municípios, pois, além de contarem com os Prefeitos e Vereadores
como cabos eleitorais, poderão valer-se deles para a obter empregos
nas Prefeituras e nas Câmaras Municipais para os seus apaziguados
políticos, visto que o sistema de mérito ainda não conseguiu
implantar-se na grande maioria dos nossos Municípios, nem nos
Estados e no Governo Federal como regra geral. (LORDELLO DE
MELLO, 1992, p. 26-27)
CAPÍTULO 2
24
Este argumento já foi trabalhado no capítulo anterior a partir do slogan da campanha emancipacionista:
“É melhor ser cabeça de sardinha do que rabo de baleia”.
39
25
Mais adiante, veremos como o universo de moradores entrevistados associa os nomes de Carlos Moras
e Luiz Barcelos diretamente à emancipação de Japeri.
40
26
Barcelos afirma que após a Constituição Federal de 1988, a Lei Orgânica do município de Nova Iguaçu
(30 de maio de 1990) foi refeita e que no regimento municipal já consta a possibilidade de emancipação
dos distritos de Nova Iguaçu. Carlos Moraes e Luiz Barcelos estavam entre os vereadores que elaboraram
a Lei Orgânica de Nova Iguaçu. No regimento municipal existem artigos que tratam sobre a fusão e
desmembramento de distritos, e no Título VII (Das Disposições Gerais e Transitórias), o Artigo 3º
menciona as emancipações municipais. Segundo o Artigo 3º da Lei Orgânica: “Os Distritos de Nova
Iguaçu que se transformarem em Municípios reger-se-ão pela presente Lei Orgânica até a edição de leis
próprias.”
41
Carlos Moraes, do mesmo modo, afirma que não havia por parte dos moradores
de Japeri uma “consciência coletiva”, o que dificultava a mobilização em prol da
emancipação.
44
27
As motivações apresentadas, segundo o autor, não são tidas como classificações em sua essência,
podendo uma emancipação municipal apresentar mais de uma motivação.
46
A emancipação foi uma coisa pensada e feita por um grupo, ela não
foi uma coisa planejada [pela população]. Tinha interesse em
emancipar o município. A gente sabe disso, que tinha uma ou duas
famílias que já faziam parte da política e queriam criar um
“curral eleitoral” para eles. Eles já tinham o voto porque eram
vereadores de Nova Iguaçu e então teve a oportunidade de emancipar
e fez. (Francisco, morador de Japeri, entrevista concedida em
21/06/2010, grifo meu.)
Assim sendo, Leal afirma que indiretamente existia uma correlação entre o
fortalecimento dos “coronéis” num cenário de desinteresse velado para com o
município. O que aparentemente representava um “abismo” e paradoxo entre poderes,
49
por outro lado, se apresentava como uma concomitância de interesses – o que Leal
denominou inúmeras vezes por “sistema de reciprocidade” (LEAL, 1976). José Murilo
de Carvalho afirma que “o coronelismo é um sistema político, uma complexa rede de
relações que vai desde o coronel até o presidente da República, envolvendo
compromissos recíprocos” (CARVALHO, 1997, p. 131). Durante a República Velha, na
denominada “república oligárquica” o autor destaca que não havia uma ruptura entre as
diferentes esferas de poder. Conforme destaca Leal:
CAPÍTULO 3
LOCALIDADES, DIVISAS E PERTENCIMENTO
32
Japeri é o nome dado ao município. No entanto, ele é formado por Engenheiro Pedreira e Japeri
(bairro).
53
mercado, tem tudo e Japeri (bairro) não tem nada, nem uma praça.
(Regina, moradora de Japeri, entrevista em 04/06/2010, grifo meu)
33
No depoimento de Luiz Barcelos, perguntei ao mesmo se a instalação da prefeitura entre Japeri (bairro)
e Engenheiro Pedreira foi estratégico, e ele respondeu que sim.
54
[...] – reordena fluxos que se deslocam entre os pontos fixos onde está
o poder e que antes da emancipação seguiriam para a antiga sede
municipal. Estes fluxos de pessoas, documentos, recursos, ordens,
instruções, sejam eles tangíveis ou não, costumam atrair os fluxos de
produtos, pessoas, informações e recursos (p. 6)
Para além dos dados oficiais, da lei que determina a criação do município de
Japeri e da configuração de sua nova territorialidade, o município e seus limites
limitróficos enquanto conceitos não são suficientes para a compreensão de sua vida
social.
Anteriormente à ida ao campo, em conversa com um informante, sobre a questão
das divisas municipais, o mesmo disse:
Quando foi criado o município, tinha o interesse de gente, por
exemplo, que queria que aquela parte ali de Seropédica (...) na
verdade aquelas pessoas de Seropédica na entrada de Japeri, ninguém
vai a Seropédica fazer nada vem tudo para Japeri. Toda a vida é aqui:
escola, comercial (...) a vida intelectual é toda em Japeri. Aquela parte
de Engenheiro Pedreira (localidade que faz divisa com Queimados), o
pessoal vai para Queimados para nada. Pegaram o rio, perto do posto,
34
Fonte: Instituto de Pesquisas e Análises Históricas e de Ciências Sociais da Baixada Fluminense
Disponível: http://www.ipahb.com.br/. Acesso: 23/10/2010. Modificado pelo autor: 26/11/2011
35
Fonte: Secretaria de Agricultura e Pecuária do Estado do Rio de Janeiro
Disponível: http://www.emater.rj.gov.br/japeri.asp. Acesso: 08/11/2011.
60
então aquela parte já é Seropédica (...) o limite poderia ser a Dutra (...)
lá tem um rio, poderia ser o limite do rio mesmo. Se você pegar da
entrada da Dutra até Japeri são 10 km e da entrada da Dutra até
Seropédica são 40 km, 30 km dependendo (...) (Henrique, morador de
Japeri, entrevista concedida dia 19/04/2010)
No caso, o informante não tem acesso ao próprio município de origem sem antes
ter de passar por outros dois municípios. O simples fato de ser cadastrado em um
município não confere a ele pertencimento e nem vínculo com a vida local. O
informante utiliza serviços e vota em Japeri, mas paga impostos para Seropédica.
Existe a compreensão por parte dos moradores das divisas sobre os limites municipais,
no entanto, esta é ressignificada no trajeto dos moradores na busca do acesso aos bens
de serviço e melhorias na qualidade de vida.
Em A invenção do cotidiano, Michel de Certeau (2008) propõe uma análise
focada nas “ações narrativas”, onde o objetivo seria passar das “estruturas às ações”,
onde a compreensão da vida e do mundo estaria na “arte do fazer” (2008). Deste modo,
o autor atribui uma importância aos relatos, onde o mesmo “abre um teatro de
legitimidade e ações efetivas” (p. 210). Certeau utiliza os relatos quando retrata a
“bipolaridade” entre “mapa” e “percurso”, sendo que este último é a forma utilizada no
63
CAPÍTULO 4
O MUNICÍPIO À PROCURA DE UMA “VOCAÇÃO”
Da mesma forma, outro morador revela a saída diária dos moradores de Japeri
para outros municípios em busca de emprego.
Japeri sempre foi uma cidade dormitório. Emprego aqui sempre foi
muito baixo. Não tem nada e eu acho que continua a mesma coisa
desde a emancipação. Você trabalha no comércio, na prefeitura e
acabou (...) não cresceu em nada. (Francisco, morador de Japeri.
Entrevista concedida em 22/03/2010)
FONTE: Acompanhamento Sistemático da Produção Agrícola - ASPA, Estado do Rio de Janeiro, 2009. Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro - EMATER - RIO/CPLAN/NIDOC
Mesquita -- 49 93
.Fonte: CEPERJ/CEEP - Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro (2011)
Tabela 2 – Índice de Desenvolvimento Humano – Municípios do Estado do Rio de Janeiro (1991). Fonte: PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento)
Tabela 3 – Índice de Desenvolvimento Humano – Municípios do Estado do Rio de Janeiro (1991). Fonte: PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento)
36
O município de Queimados não está presente na lista do IDH, pois tanto o plebiscito como sua
fundação se realizaram no ano de 1999.
37
A mensuração do Índice de Desenvolvimento Humano é determinada pelos cálculos dos seguintes
critérios: (a) Esperança de vida ao nascer: Número médio de anos que as pessoas viveriam a partir do
nascimento; (b) Taxa de alfabetização de adultos (%): Percentual de pessoas acima de 15 anos de idade
que sabem ler e escrever; (c) Taxa Bruta de Frequência Escolar (%): Proporção entre o número total de
pessoas em todas as faixas etárias que frequentam os cursos do ensino fundamental, segundo grau ou
superior em relação ao total de pessoas na faixa etária de 7 a 22 anos; (d) Renda per Capita: Razão entre
o somatório da renda de todos os indivíduos (incluindo aqueles com renda nula) e a população total; (e)
Índice de Longevidade (IDHM-L): É obtido a partir do indicador esperança de vida ao nascer, através da
fórmula: (valor observado do indicador - limite inferior) / (limite superior - limite inferior), onde os
limites inferior e superior são equivalentes a 25 e 85 anos, respectivamente; (f) Índice de Educação
(IDHM-E) e Índice de Renda (IDHM-R): Obtido a partir da taxa de alfabetização e da taxa bruta de
frequência à escola, convertidas em índices por: (valor observado - limite inferior) / (limite superior -
limite inferior), com limites inferior e superior de 0% e 100%. O IDHM-Educação é a média desses 2
índices, com peso 2 para o da taxa de alfabetização e peso 1 para o da taxa bruta de frequência; (g) Índice
de Desenvolvimento Humano Municipal: É obtido pela média aritmética simples de três índices,
referentes às dimensões Longevidade (IDHM-Longevidade), Educação (IDHM-Educação) e Renda
(IDHM-Renda); (h) Classificação na UF: Posição do município dentro do estado a que pertence em
relação ao IDHM; (i) Classificação Nacional: Posição do município no Brasil em relação ao IDHM.
74
analfabetismo, assim como fica distante da média estadual. Dos 19 municípios que
compõem a região metropolitana do estado do Rio de Janeiro, Japeri é o 3º em
analfabetismo.
O quadro a seguir demonstra a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) dos
anos de 2002-2003.
2001 1.605.273.26
2002 1.990.012.72
2003 1.986.903.40
2004 2.369.216.49
2005 2.767.017.06
2006 3.210.303.47
Fonte: Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ). Valores referentes ao mês de novembro
de cada ano. Transferência Estadual (ICMS/ IPVA/ FPEX (IPI)/ Royalties) e Federal (FPM/ ITR/ LC
87/96/ FUNDEF).
38
No estado do Rio de Janeiro, o município de São Francisco de Itabapoana apresenta a maior incidência
de pobreza subjetiva (57,32%)
76
Em sua defesa, Moraes afirma que Japeri é um município novo e que não pode
ser comparado com municípios que já estão constituídos por longos anos. Na sua
opinião, a emancipação foi bem sucedida:
Barcelos afirma que muitas coisas precisariam ser “revistas”. Todavia, contra-
argumenta que, no caso da educação, a emancipação foi benéfica:
39
No caso do Rio de Janeiro, a responsabilidade para a elaboração do projeto de lei ficava a cargo da
Comissão de Assuntos Municipais e de desenvolvimento Regional.
78
40
Ver Tavares Bastos (1977); Alberto Torres (1978); Oliveira Vianna (1973); Leal (1976); Queiroz
(1976)
79
CONSIDERAÇÕES FINAIS
41
Hobsbawn e Ranger citam o estudo de Rudolf Braun sobre a formação do nacionalismo suíço, onde
elementos tradicionais como: canções folclóricas, os campeonatos de ginástica e tiro ao alvo receberam
novos significados, sendo institucionalizada dentro da proposta patriótica. (Hobsbawm e Ranger,
1984:14)
80
42
As três tradições do exército brasileiro analisadas por Castro são: O culto a Caxias como patrono do
exército brasileiro, as comemorações da vitória da Intentona Comunista de 1935 e o Dia do Exército.
81
propõe “a condição de proceder a uma análise rigorosa das relações entre as estruturas
do espaço social e as estruturas do espaço físico.” (BOURDIEU, 1998, p. 159)
O objetivo é o entendimento da construção dos conceitos para além do espaço
físico dado por sua realidade objetiva e conferir as compreensões subtendidas no âmbito
subjetivo, pois “esta dupla verdade, objetiva e subjetiva, que constitui a verdade
completa do mundo social”. (BOURDIEU, 2010, p. 53)
A análise sobre as diferenças entre Japeri e Engenheiro Pedreira permitiu a
desconstrução em torno do “espaço físico” e “espaço social”, onde, a princípio,
aparecem “dissimulada pelo efeito de naturalização que a inscrição durável das
realidades sociais do mundo natural acarreta” (BOURDIEU, 1998, p. 160). A
desnaturalização e desconstrução do mundo social são os preceitos metodológicos que
abarcam a obra de Pierre Bourdieu. Assim, o autor apresenta uma visão crítica das
ideias de “lugar”, “espaço” e “região”, demonstrando que as mesmas devem ser
entendidas como um campo de luta e de legitimidade. Além da análise sobre a
diferenciação entre Japeri e Engenheiro Pedreira, outra interessante discussão
contemplou a respectiva pesquisa: a formação das novas divisas municipais.
A emancipação municipal acarreta diretamente um reordenamento territorial
das divisas municipais que implica diretamente uma mudança não apenas no espaço
físico dos novos municípios, mas se estende aos vínculos de solidariedade e
pertencimento de um morador com determinado município. A definição dos limites da
divisa de um município com outro são importantes e instigantes objetos de análise, pois
anexar uma determinada área que anteriormente pertencia a outro município pode
proporcionar questionamentos por parte dos moradores que durante tempos pagavam
impostos e quando havia toda uma relação de pertencimento, tanto físico quanto social,
no município de que agora este não faz mais parte. Assim, a definição das novas divisas
municipais pode se apresentar como o resultado de disputas políticas e, diretamente, do
“reforço” ou a possibilidade de conferir novas “bases” eleitorais.
Por outro lado, não se justifica entender estes distritos, localidades e
comunidades como algo estável, e que possivelmente podem sofrer outras variações
territoriais e político-administrativas. O intuito não é a defesa e o entendimento de
comunidades como representantes de uma totalidade, sem espaços para interseções e
modificações. No entanto, cabe salientar as implicações e decorrências que o processo
emancipacionista ocasiona sem levar em consideração as devidas decorrências
86
produzidas, pois neste processo estão em jogo também mudanças que aparentemente
são imperceptíveis, como vínculos de solidariedade, pertencimento e identidade.
A “invenção” do município: a criação de Japeri não apresenta efeitos
conclusivos sobre as discussões a respeito das emancipações municipais. A pesquisa de
dissertação, ao elencar alguns temas para análise da emancipação municipal,
indiretamente, também, inventou um município. No início, e agora no término de leitura
das presentes linhas, o município de Japeri tal como foi apresentado pela pesquisa já
não é o mesmo. O “município” deve ser atribuído como um marco temporal e histórico
e não normatizado e simplificado categoricamente e espacialmente. A “invenção” e
“reinvenção” do município, seja no caso de Japeri ou de outros municípios, devem ser
feitas com cuidados analíticos imprescindíveis para não cair no erro da naturalização e
da legitimação conceitual que se realiza em um campo de lutas. (BOURDIEU, 2010)
O estudo sobre Japeri a partir de então já requer novas formulações que
merecem revisão e investidas pelas orientações inconclusas e instigantes apresentadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PERIÓDICOS CONSULTADOS:
Jornal do Brasil:
11.07.1988 – “Queimados faz hoje apuração do plebiscito”
12.07.1988 - “Faltou Quorum em Queimados”
20.11.1990 - “Rio ganha 4 municípios”
25.11.1990 - “Plebiscito decide emancipação em 6º. distrito do Rio”
30.06.1991- “Eleitor de Búzios vota hoje a separação de Cabo Frio”
01.07.1991 - “Plebiscito dão ao Estado do Rio 2 novos municípios”
“Japeri vai às urnas para festejar o sim”
02.07.1991- “Búzios não se emancipa”
04.07.1991- “Ivo Saldanha critica ação por Búzios”
05.07.1991- “Búzios espera que recurso vença no TRE”
Jornal O Dia:
16.06.1991- “Japeri espera o fim da miséria com a liberdade”
01.07.1991- “Plebiscito dão ao Rio de Janeiro mais 2 municípios”
Jornal O Globo:
87
OBRAS CONSULTADAS
BEZERRA, Marcos Otávio. Em nome das bases: política, favor e dependência pessoal.
Rio de Janeiro. Relume-Dumará, 1999.
______ Políticos, representação política e recursos públicos. Porto Alegre, Horizontes
Antropológicos, ano 7, n. 15, p.181-207, Junho de 2001.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. 14ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.
______ A miséria do mundo. 8ª ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2011.
BRASIL. Constituição: República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal/
Centro Gráfico. 2004
BRAUDEL, Fernand. Escritos sobre a história. São Paulo: Editora Perspectiva, 1992.
BREMAEKER, François E. J. de. Os novos municípios brasileiros. Revista de
Administração Municipal. Rio de Janeiro: IBAM, V.38, nº 200. 1991.
_______ A evolução do FPM: a principal fonte de recursos dos municípios. Revista de
Administração Municipal, Rio de Janeiro: IBAM, V.40, nº 209. 1993.
______ Perfil das receitas municipais. Estudos Especiais. nº 6, Rio de Janeiro: IBAM.
1993a.
______ Mitos e verdades sobre as finanças dos municípios brasileiros. Rio de Janeiro:
IBAM, 1994.
______ A evolução das finanças dos municípios brasileiros. Rio de Janeiro: IBAM,
1996.
88
CASTRO, Celso. A invenção do Exército brasileiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,
2002.
CASTRO, I. E. Solidariedade territorial e representação. Novo pacto federativo
nacional. Território, Rio de Janeiro: UFRJ/LAGET, n. 2, V.1, p. 33-42. Jan./Jun.
1996.
CARVALHO, J. M. Mandonismo, Coronelismo, Clientelismo: Uma discussão
conceitual. Rio de Janeiro: Dados Vol. 40 n. 2, 1997.
CHACON, Vamireh. Brasil: modernização e globalização. In: Federalismo no Brasil:
Balanço de Poderes e Ideias. Madri: Iberoamericana, 2001.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. 15ª. ed. Petrópolis,
Rio de Janeiro: Vozes, 2008.
CORDEIRO, G. I; COSTA, A. F. Bairros: contexto e intercecção. In: Antropologia
Urbana: cultura e sociedade no Brasil e Portugal/ Gilberto Velho (org.). 3ª. ed.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006.
DA MATTA, Roberto. O ofício de etnólogo, ou como ter “Antropological Blues”. In:
Nunes, E. O (org). A aventura sociológica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,
1978.
DURHAM, E. R. A dinâmica da cultura. São Paulo: Cosac Naify, 2004.
______ Aventura antropológica: teoria e pesquisa. In: CARDOSO, Ruth (org.). A
pesquisa antropológica com populações urbanas: problemas e perspectivas.
3ºed Rio de Janeiro: Paz e Terra.1997.
ELIAS, Norbert e SCOTSON, John L Os estabelecidos e os outsiders. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Ed., 2000.
FIGUEIREDO, Carla B. V. C. Paixão pela política e a política dos Paixão.
PPGA/UFF, Niterói. (Dissertação)
GEERTZ, C. Forma e variação na estrutura da aldeia balinesa. Espírito Santo.
Mosaico- Revista de Ciências Sociais. Ano 2.Número 1.Volume 1 .1999
______ A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
GOUVÊA, R. G. A questão metropolitana no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV,
2005.
HAESBAERT, R. Concepções de território para entender a desterritorialização. In:
SANTOS, M; BECKER, B. Território, territórios: ensaio sobre o ordenamento
territorial. 2ºed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
HOBSBAWN, E. e RANGER, T. A invenção das tradições. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1984.
IBGE. Anuário Estatístico do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE. V.56. 1996.
_____ Perfil dos Municípios Brasileiros: Gestão Pública 2001. Coordenação de
População e Indicadores Sociais. Rio de Janeiro: IBGE, 2003.
_____ Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003: Primeiros resultados: Brasil e
grandes regiões, 2004.
89
ANEXOS