Geologia Da Regiao
Geologia Da Regiao
Geologia Da Regiao
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
BELO HORIZONTE
Nº 101
01/12/2009
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
1 - INTRODUÇÃO 01
1.1 - Objetivos 02
2 - MÉTODOS DE TRABALHO 06
3 - GEOLOGIA REGIONAL 10
6 - GEOQUÍMICA 62
6.1 - Formação Parauapebas 62
11 - DISCUSSÃO 107
12 - CONCLUSÃO 118
ANEXO – Mapa Geológico da Região Sul da Serra Norte, Província Mineral Carajás 131
AGRADECIMENTOS
Ao Carlos Alberto Rosière, pelo incentivo, apoio e entusiasmo geológico em todas as etapas, bem como pelas
discussões que trouxeram crescimento profissional e humano.
À Lydia Maria Lobato, pela ajuda, dedicação e bom humor em todas as horas.
Ao pessoal da empresa Geoservice (Sebastião Fiumari, Rodrigo, Gilvan, Mário, Nice, Arleandro, Maranhão,
Dinei), pelas discussões e assistência durante o trabalho de campo em Carajás.
Ao Gabriel Valentim Berni, pela indispensável ajuda na parte de geoprocessamento e companheirismo nas boas
e más situações.
Aos companheiros de mato Maciel, Obede e Índio, pela alegria, confiança e disposição nas empreitadas mato
adentro, em Carajás.
Aos colegas de mestrado (Tabão, Chico Vilela, Paulo Dias, Célia, Fabrício Caxito, Breno, Elizene e Wallace)
pelos bons momentos e dificuldades vivenciadas.
Aos geólogos Kessiane Silva Lima e Carlos Henrique, ambos da Vale, pelo apoio e discussões sobre a geologia
de Carajás.
Ao pessoal da Vale pelo apoio durante e execução dos trabalhos de campo e estadia em Carajás (Seabra, Henry
Galbiatti, Roberto Carvalho, Roberto Messias e Cristiano César).
Aos geólogos Elaine Kelly e Rafael (Cofrinho), pelas discussões e transporte de amostras.
Aos professores Joel B. Macambira e Roberto Vizeu L. Pinheiro, da UFPA, pelos comentários e sugestões.
Aos amigos Brunão, Eduardo Zenha, Marcelão (Professor), Vitão, Gilberto (Prat), Yara Valle, Raul, Camila
Carvalho, Bráulio.
Aos professores Antônio Wilson Romano e Patrícia Sgarbi, pelas sugestões petrográficas.
Aos colegas Mario Casaverde Rio e Paulo Mário, pela boa amizade e diversão.
À Cássia, Amanda e Walter de Brito, pela assistência nas análises de difratometria de raios-X.
Aos laminadores Fernando e Venceslau, pela presteza e atenção, e ao Élvio, pelo empréstimo microscópico.
Àqueles que no momento esqueci, mas que têm minha sincera gratidão.
RESUMO
A região sul da Serra Norte, Província Mineral Carajás, é constituída pelo Grupo
Grão-Pará, neoarqueano, e pela Unidade Caninana, uma nova unidade paleoproterozóica
proposta, baseada em idades de cristais de zircão detríticos e nas relações estruturais com a
Falha Carajás. O Grupo Grão-Pará é formado pela intercalação de jaspelito e minério de ferro
de alto teor da Formação Carajás em rochas vulcânicas máficas da Formação Parauapebas,
que é sobreposta por siltitos da Formação Águas Claras. A Unidade Caninana compreende
rochas sedimentares detríticas fluviais (arenitos, conglomerados), com deposição
provavelmente controlada por episódios de reativação extensional da Falha Carajás no
Paleoproterozóico, entre as idades de 2011 e 1880 Ma, sendo uma provável bacia foreland de
idade transamazônica. Estudos petrológicos, petrográficos, geoquímicos, geocronológicos e
de minerais pesados permitem afirmar que a proveniência sedimentar da Unidade Caninana é
derivada de rochas dos domínios Carajás, Bacajá e Rio Maria. Análises geoquímicas de
rochas (basalto, clorita basalto e cloritito) da Formação Parauapebas apontam assinatura
cálcio-alcalina, associação de arco vulcânico e contaminação crustal, sugerindo sua formação
em ambiente de arco magmático. Peperitos formados por rochas vulcânicas intrusivas rasas da
Formação Parauapebas nos sedimentos ferríferos inconsolidados da Formação Carajás
indicam a contemporaneidade dessas duas formações. O arcabouço estrutural da região foi
gerado em três fases deformacionais compressivas e uma extensiva: as fases D1 e D2 são
progressivas e desenvolvidas em regime dúctil-rúptil, tendo idade arqueana e afetado somente
o Grupo Grão-Pará. A fase D1 é definida por dobras suaves a abertas, de eixo subhorizontal
NW-SE, parasíticas do flanco norte da Dobra de Carajás. A Fase D2 é representada pela Zona
de Cisalhamento Carajás, de direção NW-SE, caracterizada por zonas de cisalhamento
transpressivas e dobras reclinadas com caimento para SW e padrão em “S”. A fase D3 afetou
todas as unidades no Paleoproterozóico (anteriormente a 1880 Ma), sendo constituída por
falhas inversas rúpteis, em parte reativações das falhas D2, que provocaram inversão
estratigráfica, provavelmente associadas ao Ciclo Transamazonas. A Fase D4 é definida por
falhas normais verticais e lineamentos NNE. Clastos de minério de ferro compacto e clastos
cortados por vênulas de óxidos de ferro que não cortam a matriz das rochas da Unidade
Caninana indicam ter ocorrido mineralização de ferro hidrotermal pré-2011 Ma. O minério de
ferro do Depósito N8 possui alto teor em Fe (± 66%), e níveis baixos de contaminantes e é
classificado como friável ou compacto. A hematita é o mineral principal, ocorrendo nas
formas microcristalina, anédrica, microlamelar, tabular e como martita, seguido por
kenomagnetita e goethita. O minério compacto (± 66.9% de Fe) possui trama
microgranoblástica a decussada, estrutura maciça ou laminada e porosidade baixa, sendo
classificado em hematítico-martítico (tipo principal), hematítico-kenomagnetítico e martítico-
goethítico. O minério friável (± 65.4% de Fe) é constituído por partículas isoladas, mistas e
agregados de minerais, cuja granulometria predominante é 0.005-0.8 mm. Em relação ao
protominério, os minérios estão enriquecidos em Ba, Sr, Y e ΣETR. A porosidade
intergranular é relacionada a agregados de hematita microlamelar, e a intragranular está
associada a cristais de martita e goethita microcristalina.
Palavras chave: Província Mineral Carajás, Grupo Grão-Pará, Unidade Caninana, minério de
ferro, Falha Carajás.
ABSTRACT
The southern region of the Serra Norte, in the Carajás Mineral Province, is constituted by the
Neoarchean Grão-Pará Group and the Caninana Unit, a newly proposed Paleoproterozoic
unit based on detrital zircons ages and its structural relation to the Carajás Fault. The Grão-
Pará Group is composed by intercalation of jaspelite and high-grade iron ore, both from the
Carajás Formation, with mafic volcanic rocks of the Parauapebas Formation, which is
overlied by siltstones of the Águas Claras Formation. The Caninana Unit comprises fluvial
clastic sedimentary rocks such as conglomerates and sandstones probably deposited by
extensional reactivation episodes of the Carajás Fault between 2011 Ma and 1880 Ma, as a
probable foreland basin of the transamazonic Bacajá Orogen. Based on petrological,
petrographic, geochemical, geochronological and heavy minerals studies, it is suggested that
the sedimentary provenance of the Caninana Unit’s rocks derived from the Carajás, Bacajá
and Rio Maria domains. Whole rock geochemistry analyses of the Parauapebas Formation
(basalts, chlorite basalts and chloritite) indicate a calc-alkaline signature, with volcanic arc
association and crustal contamination, suggesting a tectonic setting of magmatic arc.
Peperites formed by mixture between shallow volcanic intrusive rocks of the Parauapebas
Formation and unconsolidated ferruginous sediments of the Carajás Formation indicate the
narrow timing/spacial relation of these two formations. The structural features indicate three
compressive deformational phases and one last extensional: D1 and D2 phases developed in
brittle-ductile conditions, probably in a progressive event, only affected the Grão-Pará
Group. The D1 phase is represented by open to gentle folds with NW-SE subhorizontal axis,
that are parasitics of the Carajás Fold’s northern limb. The D2 phase is characterized by
NW-SE sinistral transpressive shear zones and reclined folds with that are associated with the
Carajás Shear Zone. The D3 phase affected all units in the Paleoproterozoic (before 1880
Ma) and is represented by brittle inverse faults, which in part were reactivations of the D2
faults, having caused stratigraphic inversion, probably associated to the Trans-Amazonian
Cycle. The D4 phase is defined by vertical normal faults and lineaments with NNE trend. In
the Caninana Unit, clasts crosscut by iron oxide veins are observed and these do not cut the
matrix and together with clasts of compact iron ore indicate that hydrothermal iron
mineralization is prior to 2011 Ma. The N8 iron ore deposit contains high-grade ore (± 66%
Fe) with low levels of contaminants, being classified as compact or friable ore. The principal
ore mineral is hematite, followed by kenomagnetite and goethite. Hematite crystals are
present as microcrystalline, anhedral, microplaty, tabular and martite. The compact ore (±
66.9% Fe) is massive or laminated and presents microgranoblastic and decussate fabric, and
low porosity, being classified as martitic-hematitic, kenomagnetitic-hematitic and goethitic-
martitic types. The friable ore (± 65.4% Fe) is composed by isolated, aggregates and/or
mixed mineral particles, with diameter predominately between 0.005 to 0.8 mm. Both ores are
enriched in Ba, Sr, Y and ΣETR when compared to the protore. The porosity is intergranular
(associated to microplaty hematite aggregates) and intragranular (related to microcrystalline
goethite and martitized magnetite).
Keywords: Carajás Mineral Province, Grão-Pará Group, Caninana Unit, ore iron, Carajás
Fault.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 - Mapa de localização da região sul da Serra Norte na Província Mineral Carajás 02
Figura 1.2 - Mapa de localização da região sul da Serra Norte na Serra dos Carajás 03
Figura 1.3 - Região sul da Serra Norte e os platôs ferríferos (N6 a N9 e N5S) 04
Figura 3.1 - Províncias geológicas do Cráton Amazonas e localização da Província Mineral Carajás 11
Figura 3.2 - O Cinturão Itacaiúnas como unidade geotectônica da Província Mineral Carajás e seus
limites com outras unidades geotectônicas 13
Figura 3.3 - Bloco diagrama esquemático das principais estruturas da região da Serra dos Carajás 20
Figura 4.1 - Mapa geológico e empilhamento estratigráfico simplificados da região sul da Serra Norte 24
Figura 4.13 - Imagens por elétrons retroespalhados de goethita (Go) substituindo sericita (Se) na
matriz da brecha sedimentar 51
Figura 5.1 - Estereograma de pólos de acamamento das dobras D1 do flanco norte do Sinforme Carajás 52
Figura 5.2 - Estereogramas de atitudes de eixo de dobras D1 dos depósitos N8, N5S e N6 53
Figura 5.6 - Estereograma de pólos de acamamento das dobras D2 do flanco norte do Sinforme Carajás 58
Figura 5.7 - Estereogramas de medidas de eixo de dobras da Fase D2 dos depósitos N6 a N8 e N5S 58
Figura 6.2 - Classificação das rochas vulcânicas da região sul da Serra Norte com base nas variáveis
(Zr*0.0001)/TiO2 e Nb/Y 64
Figura 6.4 - Diagrama binário Zr/Y vs. Nb/Y, que indica se os basaltos são de origem mantélica
ou não mantélica, das rochas vulcânicas do Grupo Grão-Pará 65
Figura 6.5 - Diagrama binário Zr/Y vs. Zr indicando que as rochas vulcânicas do Grupo Grão-Pará
enquadram-se no campo dos basaltos de arco continental 65
Figura 6.6 - Diagrama binário Th/Yb vs. Nb/Yb das rochas vulcânicas do Grupo Grão-Pará 66
Figura 6.8 - Diagrama de elementos terras raras de rochas da Unidade Caninana e da Formação
Águas Claras, normalizados ao condrito 69
Figura 7.7 - Gráficos da média dos elementos mais importantes para a qualidade do minério de
ferro friável e compacto do Depósito N8, comparados e normalizados com a média
da formação ferrífera de Lindenmayer et al. (2001) do mesmo depósito 85
Figura 7.9 - Gráficos de distribuição dos elementos terras raras dos minérios de ferro friável
e compacto do Depósito N8, normalizados ao condrito 87
Figura 7.10 - Gráfico da média dos elementos terras raras dos minérios de ferro friável e compacto
do Depósito N8 e da média das amostras de formação ferrífera de Lindenmayer et al.
(2001), normalizados ao condrito 88
Figura 8.1 - Imagens por elétrons retroespalhados de zircões detríticos da Unidade Caninana 90
Figura 8.2 - Fotomicrografias de minerais e fragmentos líticos que compõem o arcabouço e/ou matriz
das rochas da Unidade Caninana
91
Figura 8.3 - Diagrama cumulativo de idades (207Pb/206Pb) de 79 cristais de zircão detríticos, mostrando os
grupos principais de fontes sedimentares 94
Figura 9.3 - Vênulas/veios de quartzo com clorita (1) e de quartzo com estrutura em pente (2) na
Unidade Caninana 101
Figura 10.1 - Testemunhos de sondagem do furo N4W 1332 que mostram a interação entre as rochas
vulcânicas da Fm. Parauapebas e jaspelitos da Formação Carajás 103
Figura 10.2 - Fotomicrografia de peperitos e da formação ferrífera associadas aos mesmos 104
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 - Dados geocronológicos das principais unidades geológicas da Província Mineral Carajás 12
Tabela 6.1 - Composição dos elementos maiores, traços e terras raras de litotipos da Formação
Parauapebas 63
Tabela 6.2 - Composição dos elementos maiores, traços e terras raras de litotipos da Unidade
Caninana e da Formação Águas Claras 68
Tabela 7.1 - Componentes químicos maiores, menores e traços mais importantes para a qualidade
do minério de ferro friável e compacto do Depósito N8 84
Tabela 8.1 - Dados composicionais U e Th e idades obtidas pelo método U-Pb SHRIMP para zircões
detríticos da Unidade Caninana 93
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
1
1.1 - Objetivos
Figura 1.1. Mapa de localização da região sul da Serra Norte (retângulo verde) na Província Mineral Carajás.
Fonte: Google Maps 2009.
O acesso rodoviário à área pode ser feito partindo-se de Belém até 100 km de distância
após a cidade de Marabá, através da rodovia PA-150. A partir daí toma-se a rodovia PA-275,
percorrendo-se cerca de 80 km até atingir o município de Parauapebas. Há somente dois
acessos à área partindo-se de Parauapebas. O primeiro se dá por estrada secundária até o
vilarejo de Bocaina, extremo sudeste da área, próximo ao Rio Parauapebas (Figs. 1.2 e 1.3). O
2
segundo inicia-se por estrada pavimentada até as minas de ferro da Vale. De lá ramifica uma
estrada secundária que passa pelo Depósito N7 e termina no Depósito N8, porção oeste da
área. Há também uma estrada secundária que sai das minas de ferro e vai até o Depósito N5S,
na porção noroeste da área.
O acesso aéreo à região pode ser realizado até as cidades de Parauapebas e Marabá,
devido à existência de vôos comerciais regulares. O acesso ferroviário é possível por meio da
Estrada de Ferro Carajás, que liga a Mina N4 (Fig. 1.2) e a cidade de Parauapebas ao Porto de
Itaqui, em São Luís, Maranhão.
Figura 1.2. Mapa de localização da região sul da Serra Norte na Serra dos Carajás. Linha tracejada preta:
estrada. Área de estudo: retângulo preto. Imagem Landsat 7 - RGB 457/1999.
3
A área de estudo localiza-se na parte sul da Serra Norte, que junto com a Serra Sul
formam as principais elevações da Serra dos Carajás. A junção entre as serras Norte e Sul
constitui o Platô da Água Boa (Fig. 1.2).
Bocaina
Figura 1.3. Região sul da Serra Norte e os platôs ferríferos (N6 a N9 e N5S). Landsat 7 - RGB 457/1999.
A Serra dos Carajás constitui um divisor de águas entre a bacia do Rio Tocantins-
Araguaia, a leste, representada pelas subacias dos rios Parauapebas, Vermelho e Itacaiúnas, e
a Bacia do Rio Amazonas, a oeste, representada pelas bacias dos rios Fresco e Xingu.
4
O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é equatorial super-úmido tipo
Am, na transição para tipo Aw (IBGE 1989). A temperatura média é de 26oC, com a média
das temperaturas máximas e mínimas de 32oC e 21oC, respectivamente. A umidade relativa é
elevada, variando entre 98%, na estação chuvosa, a 52%, na estação seca, com média em
torno de 75%. A estação mais úmida vai de novembro a maio e a estação seca de junho a
outubro. Devido à temperatura ser relativamente mais baixa nos meses mais chuvosos, esse
período é regionalmente conhecido como “inverno”. As médias pluviométricas variam entre
2.000 a 2.500 mm/ano.
5
2 - MÉTODOS DE TRABALHO
A etapa de trabalho de campo foi composta por mapeamento geológico (60 dias) e
descrição de testemunhos de sondagem (10 dias), ocorridos em janeiro, fevereiro, março e
agosto de 2008. O mapeamento geológico iniciou-se com o reconhecimento regional das
unidades geológicas (4 dias), seguido por mapeamento geológico clássico na escala 1:50.000,
exceto para o Depósito N8, cuja escala adotada foi de 1:25.000.
Eu/Eu* = EuN/√[(SmN).(GdN)]
8
As amostras foram trituradas, moídas e peneiradas até a granulometria de 60 mesh. Os
cristais de zircão foram separados por bromofórmio, separador magnético e selecionados na
lupa binocular. Os grãos foram montados em discos de resina epóxi e polidos até a metade da
espessura de cada grão. Posteriormente foram fotografados em luz transmitida e refletida e
imageados por MEV (elétrons retroespalhados), com a finalidade de verificar a morfologia
interna de cada grão. As montagens em epóxi foram metalizadas com película de ouro, de
modo a se obter uma condutividade elétrica uniforme durante as análises.
9
3 - GEOLOGIA REGIONAL
Este capítulo aborda aspectos geológicos da Província Mineral Carajás, com enfoque
no Domínio Carajás, no qual a área de estudo está inserida. São discutidas as principais
unidades geológicas, a litoestratigrafia, o arcabouço estrutural e a evolução geotectônica.
A Província Carajás abriga as unidades crustais mais antigas do Cráton Amazonas. Foi
formada e estabilizada no Arqueano, sendo afetada posteriormente por um evento extensional
no Paleoproterozóico (1.8 Ga), responsável por intrusões graníticas e diques máficos
(Tassinari & Macambira 2004).
10
deste último grupo, datadas pelo método U-Pb, revelaram idades entre 2.9 e 3.0 Ga (Pimentel
& Machado 1994, Macambira & Lafon 1995). Granodioritos, tonalitos e trondhjemitos do
Domínio Rio Maria têm idades que variam de 2.96 a 2.87 Ga (Macambira & Lafon 1995).
Província
Mineral
Carajás
Figura 3.1. Províncias geológicas do Cráton Amazonas e localização da Província Mineral Carajás. Modificado
de Santos (2003).
11
Tabela 3.1. Dados geocronológicos das principais unidades geológicas da Província Mineral Carajás
(Modificado de Tallarico et al. 2004).
12
O Domínio Carajás (Fig. 3.1) abrange a Serra dos Carajás e adjacências, sendo
limitado a leste pela Faixa Araguaia e a oeste por rochas vulcânicas e sedimentares do
Supergrupo Uatumã e da Formação Gorotire, respectivamente. Sua estruturação principal é
WNW, sendo constituído por rochas metamórficas de fácies anfibolito a granulito (Santos
2003), mais velhas que 2.8 Ga (complexos Pium e Xingu), e sequências
metavulcanossedimentares de fácies xisto verde e granitóides de 2.76 a 2.56 Ga (Tab. 3.1).
Também ocorrem granitos tafrogênicos paleoproterozóicos (1.88 Ga) que truncam as
unidades anteriores, e que serviram de área-fonte para rochas clásticas da Formação Gorotire.
Figura 3.2. O Cinturão Itacaiúnas como unidade geotectônica da Província Mineral Carajás e seus limites com
outras unidades geotectônicas. Modificado de Holdsworth & Pinheiro (2000). Área de estudo em retângulo.
13
3.2 - Domínio Carajás
É a unidade mais antiga da parte norte da Província Mineral Carajás, formada por
rochas de alto grau metamórfico, como granulitos máficos e félsicos, charnockitos e
enderbitos, de origem magmática e/ou vulcanossedimentar (Araújo & Maia 1991). A unidade
aflora como corpos alongados de direção E-W, paralelos à foliação regional (DOCEGEO
1988). Idades de 3.05 e 2.86 Ga, obtidas pelo método U-Pb em zircão, indicam a época de
cristalização do protólito e da granulitização, respectivamente (Rodrigues et al. 1992, Pidgeon
et al. 1998).
Designado como sequência Rio Novo (Hirata et al. 1982) e posteriormente como
Grupo Rio Novo (Araújo & Maia 1991), trata-se de uma sequência vulcanossedimentar do
tipo greenstone belt, constituída por formação ferrífera bandada, xisto, rocha máfica e
14
ultramáfica, chert e anfibolito. A idade mínima é limitada pela intrusão do Complexo Máfico-
Ultramáfico Luanga (2.763 ± 6 Ma, Machado et al. 1991), pelo qual é truncado.
Metamorfismo de contato pela intrusão do Granito Estrela no Grupo Rio Novo é verificado
por Costa (2007), que sugere uma origem em ambiente de arco de ilhas para os metabasaltos
da região de Serra Leste.
Grupo Grão-Pará
O Grupo Grão-Pará (Beisiegel et al. 1973) é formado por rochas vulcânicas máficas a
félsicas com intercalações de formações ferríferas e rochas clásticas (DOCEGEO 1988). O
grau metamórfico é de fácies xisto verde baixo a muito baixo (Meireles et al. 1984). Datações
indicam idade de formação entre 2.8 e 2.7 Ga (Gibbs et al. 1986, Santos 2003). As rochas
vulcânicas desta unidade têm sido consideradas como originadas de vulcanismo basáltico
continental (Olszewsky et al. 1989), mas alternativamente foram interpretadas como
shoshonitos de arco magmático (Meirelles & Dardenne 1991). Zucchetti (2007) aponta que os
metabasaltos têm afinidade magmática cálcio-alcalina, características geoquímicas de arco
continental e assinatura de zona de subducção. Também pontua evidências de contaminação
crustal, sugerindo que as rochas vulcânicas do Grupo Grão-Pará podem ter extravasado sobre
crosta continental atenuada, em ambiente de retro-arco (back-arc). O Grupo Grão-Pará é
subdivido em quatro formações, da base para o topo:
15
- Formação Parauapebas (Meireles et al. 1984): basaltos, dacitos e, subordinadamente,
riolitos, por vezes metamorfisados na fácies xisto verde;
- Formação Carajás (Beisiegel et al. 1973): formações ferríferas bandadas, tais como
jaspelitos (Meireles et al. 1984) e corpos ricos de hematita;
- Formação Igarapé Cigarra (Macambira et al. 1990): basaltos com lentes de BIF, siltito,
arenito e chert.
- Formação Águas Claras (Araújo et al.1988): subdividida no Membro Inferior, composto por
pelitos, siltitos e arenitos, com características deposicionais de plataforma marinha, e no
Membro Superior, predominantemente arenítico e de ambiente litorâneo a fluvial (Nogueira et
al. 1995). A idade máxima de deposição é indicada por cristais de zircão detríticos com 2.68
Ga de uma camada superior desta unidade, aparentemente derivados de vulcanismo
sindeposicional (Trendall et al. 1998), e por soleiras de diabásio e gabro de 2.64 Ga (Dias et
al. 1996). A idade mínima é 2573 ± Ma, que é a idade do Granito Velho Salobo (Machado et
al. 1991).
Tolbert et al. (1971) admite uma origem supergênica para o minério de ferro. Beisiegel
et al. (1973) propõem uma origem hipogênica para os corpos de hematita compacta, associada
16
ao metassomatismo causado por intrusões máficas e ao calor fornecido pela deformação.
Guedes et al. (2002) sugerem que a gênese do minério é hidrotermal (substituição do chert
por carbonatos e desenvolvimento contemporâneo de magnetita), modificada por ação
supergênica (lixiviação do carbonato e formação do minério friável).
Beukes et al. (2002) interpretam que o minério friável formou-se pelo enriquecimento
supergênico da formação ferrífera previamente alterada hidrotermalmente. Segundo Dalstra &
Guedes (2004), a lixiviação hidrotermal de sílica da formação ferrífera e a introdução de
carbonatos de Ca, Fe e Mg, posteriormente lixiviados supergenicamente, teriam formado o
minério hematítico de alto teor.
Datações Pb-Pb e U-Pb em zircão indicam idades entre 2.76 e 2.72 Ga, interpretadas
como sendo as de colocação e deformação dos corpos (Huhn et al. 1999, Sardinha et al. 2001,
Barros et al. 2004). Avelar et al. (1999) interpretou a idade Pb-Pb de 2.74 Ga, obtida em
zircões de um granito sincolisional, como relacionada à intrusão e estruturação do Cinturão de
17
Cisalhamento Itacaiúnas. A acentuada diferença textural (e.g. equigranular, oftálmica)
encontrada entre alguns corpos é provavelmente relacionada a distintos níveis crustais de
emplacement, erosão e/ ou grau de deformação.
Dobra de Carajás
19
Figura 3.3. Bloco diagrama esquemático das principais estruturas da região da Serra dos Carajás e arredores
(Modificado de Rosière et al. 2005). Os eixos das dobras apresentam caimento entre 20 e 35º para WNW.
20
Cinzento aparentemente desenvolveu-se ao longo de um par antiformal-sinformal, cujo flanco
comum foi rompido e deslocado paralelamente ao plano axial (Fig. 3.3).
Domos Estruturais
21
Cinzento foi controlada pela trama milonítica arqueana. Sequências de cobertura subsidiram
em zonas de dilatação que foram submetidas a uma cinemática destral. Os efeitos de episódios
posteriores de deformação transpressiva sinistral estão localmente registrados nas adjacências
de falhas maiores.
Figura 3.4. Mapa geológico da Província Mineral Carajás (Costa 2007). QH - Quaternário-Holoceno: aluvião;
TQa - Terciário-Quaternário: laterita e sedimentos; TI - Terciário: canga; Pcm - Supergrupo Araguaia; Pge -
granitóides paleoproterozóicos; Pgb - gabros paleoproterozóicos; Aac - Formação Águas Claras: arenito
arcoseano; Aacm -Formação Águas Claras: unidade pelítica; Suíte Plaquê e Suíte Estrela; As - Grupo Sapucaia;
Aip - Grupo Igarapé Pojuca; Agp - Grupo Grão Pará; Aab - Grupo Rio Bonito; Arni - Grupo Rio Novo indiviso;
Arns - Grupo Rio Novo: metassedimentos; Arnv - Grupo Rio Novo: metavulcânicas, anfibolitos e formações
ferríferas bandadas; Al – Complexo Máfico-Ultramáfico Luanga; Ap - Complexo Pium; Ax - Complexo Xingu;
Aind - Unidades arqueanas indiferenciadas.
22
O segundo modelo propõe um ambiente de arco (Tab. 3.2) magmático (Meirelles &
Dardenne 1991, Teixeira 1994, Santos 2003, Lobato et al. 2005 e Rosière et al. 2005).
Para este modelo pode ser aplicado a evolução estrutural de Rosière et al. (2005), que
admitem um encurtamento regional NE-SW. O primeiro evento deformacional relaciona-se a
uma tectônica compressiva oblíqua que gerou dobras nas sequências
metavulcanossedimentares (originalmente estruturadas na direção NE), com caimento
moderado para WNW. A deformação por achatamento associada ao encurtamento NE-SW
também é verificada no Granito Estrela (Barros 1997), cuja natureza é sintectônica. O mesmo
intrudiu as sequências metavulcanossedimentares e marcou a idade deformacional do
primeiro evento. O segundo evento deformativo é relacionado à acomodação da deformação
do primeiro evento por escape lateral, que se deu por meio de transcorrências. As estruturas
resultantes são falhas e lineamentos regionais E-W, fraturas, clivagem nos metassedimentos e
xistosidade em plútons sindeformacionais. Os fortes contrastes metamórficos locais e
regionais poderiam estar relacionados a essa tectônica transcorrente. Os dois eventos,
provavelmente um evento progressivo maior, causaram deformação rúptil a dúctil-rúptil nas
sequências metavulcanossedimentares, exceto nas bordas de intrusões ígneas, onde a
temperatura elevada favoreceu a deformação dúctil.
Tabela 3.2. Síntese dos dados geológico-geotectônicos do Domínio Carajás. Extraído de Santos (2003).
23
4 – ESTRATIGRAFIA DA REGIÃO SUL DA SERRA NORTE
u
p
c p
c
u
p
c u
c u
a
a
u u
p a
c
c
p p
Figura 4.1. Mapa geológico e empilhamento estratigráfico simplificados da região sul da Serra Norte. Os pontos
de amostragem 1 e 2 para datação de cristais de zircão detríticos da Unidade Caninana estão em subsuperfície.
24
4.1 - Grupo Grão-Pará
25
A maioria das rochas da Formação Parauapebas está bastante intemperizada, o que
originou um solo vermelho argiloso típico, usado como critério de mapeamento em campo.
Os basaltos e diabásios podem ser verde escuros a preto esverdeados (Fig. 4.2A),
localmente com tons cinza esverdeados (Fig. 4.2B). Possuem estrutura maciça e são
holocristalinos. Macroscopicamente os basaltos são afaníticos, mas é possível observar
cristais milimétricos de pirita a olho nu.
As amígdalas estão presentes nos basaltos (Fig. 4.2A), clorita basaltos e clorititos (Fig.
4.2B). São milimétricas e podem estar preenchidas por clorita, calcita e/ou calcedônia.
Formas ovais a ligeiramente achatadas, preenchidas por clorita, prevalecem nas rochas
máficas cloritizadas, sendo comuns as formas arredondadas e irregulares. Xenólitos de rocha
ígnea intermediária, afanítica, cinza claro esverdeado, de composição andesítica (Tab. 6.1),
são encontrados localmente no clorita basalto (Fig. 4.2F). Os xenólitos podem ter até 4 cm de
diâmetro e mostram um discreto zoneamento de cor, com a borda mais clara e fina e o centro
relativamente mais escuro e grosso, reflexo do “cozimento” do xenólito.
26
A B
C D
1 cm
E F
Figura 4.2. Fotografias de litotipos da Formação Parauapebas. A. Basalto com amígdalas de calcita (branco) e
clorita (verde-escuro) – 607263/9322935. B. Cloritito com amígdalas de clorita ligeiramente achatadas. C.
Diabásio com textura granular, isotrópico. D. Afloramento de basalto - 612002/9305010. E. Rocha
vulcanoclástica mineralizada em ferro, com fragmentos de jaspe (vermelho) e rocha máfica intemperizada (ocre)
- 592115/9317200. F. Clorita basalto com xenólito de andesito - 589149/9323241.
27
Venulações irregulares constituídas de quartzo e óxidos de manganês estão presentes
nos basaltos, localmente com textura stockwork. Estas venulações são mais comuns nas
proximidades de zonas de cisalhamento, onde pode formar massas compactas de óxido de
manganês. Vênulas de carbonato e quartzo ocorrem nos basaltos do Depósito N8.
Petrografia
28
clorita, provavelmente substituição de vidro vulcânico, estão dispostos paralelamente um ao
outro (Fig. 4.3B), localmente margeados por diminutos cristais de titanita.
A matriz (Fig. 4.3D) é microcristalina e perfaz mais de 90% da totalidade mineral dos
clorita basaltos, sendo constituída por clorita (80 a 90%), epidoto, minerais opacos, quartzo,
plagioclásio, sericita e carbonato (raro). Titanita ocorre como mineral-traço. O quartzo ocorre
como diminutos cristais anédricos localmente recristalizados. Os cristais de plagioclásio são
ripiformes, com tamanho médio de 0.1 mm.
Vênulas de quartzo com clorita são comuns, algumas das quais terminando por
envolver e preencher amígdalas. A serpentina pode estar recristalizada e alterada para clorita.
29
A Pl B
Aug
Pl
V
Aug
0,25 mm 1 mm
An
C D
Pl
Cpx
Srp
Cl
Op
Cl
0,1 mm 0,25 mm
E F Cpx
Cpx
Pl
Pl
Pl
Cl Cl
Op
Pl
Cl
0,5 mm 0,5 mm
Figura 4.3. Fotomicrografias de litotipos da Formação Parauapebas. A. Cristais de augita (Aug), com textura em
corona e geminação simples, e plagioclásio (Pl) envolvidos por matriz fina. LTNC. B. Matriz microcristalina que
envolve cristais de plagioclásio (Pl) e fragmentos em cúspide de vidro vulcânico (V) substituídos por clorita.
Notar estruturas perlíticas esferoidais ( ). LTND. C. Cristal poiquilítico de clinopiroxênio (Cpx) que engloba
ripas de plagioclásio (Pl), parcialmente substituído por anfibólio (Na) e minerais opacos (Op) nas bordas. LTND.
D. Pseudomorfos de serpentina (Srp) e clorita (Cl) em olivina, envoltos por matriz microcristalina de clorita e
minerais opacos. Notar embaiamento no cristal de olivina (superior). LTND. E. Cristais subédricos/euédricos de
plagioclásio (Pl) com interstícios ocupados por clorita (Cl). Os minerais opacos (Op) são produto da alteração de
piroxênios. LTND. F. Ripas de plagioclásio (Pl) envolvidas por clinopiroxênio (Cpx) e clorita (Cl). LTNC.
30
Os diabásios são holocristalinos, inequigranulares, com cristais microcristalinos a
médios (2 a 2.5 mm). Os minerais primários são o plagioclásio, clinopiroxênio (relictos) e
minerais opacos (Fig. 4.3E). Titanita é acessório e apatita é traço. Embora os clinopiroxênios
estejam bastante alterados para epidoto e clorita, nota-se que os mesmos definem uma textura
ofítica, localmente subofítica.
31
Formações Ferríferas Bandadas
Os jaspelitos (Fig. 4.4A) são formados pela alternância de bandas cinza escuro a pretas
constituídas por óxidos de ferro e bandas vermelhas formadas por jaspe (chert vermelho
devido às impurezas de hematita criptocristalina). Os óxidos de ferro são microcristalinos a
muito finos. Predomina a hematita, sendo que a magnetita é menos comum. As bandas têm
espessuras entre 2 a 18 mm, normalmente com 5 mm. Geralmente as bandas de jaspe são mais
espessas que as de óxidos de ferro (Fig. 4.4A). As microbandas ou laminações têm espessuras
menores que 2 mm, sendo mais abundantes as de óxidos de ferro. O bandamento é quase
sempre regular e contínuo, mas algumas mesobandas podem afinar e constituírem laminações,
ou vice-versa. Comuns são as ramificações e afunilamentos de bandas de óxidos de ferro por
entre as bandas de jaspe. As bandas podem ser ligeiramente onduladas ou retas. Pods de jaspe
(Fig. 4.4B) envolvidos por bandas de óxidos de ferro são bastante típicos. Caso raro são os
pods de bandas de óxidos de ferro envolvidos pelas bandas de jaspe (Fig. 4.4C).
O outro tipo de formação ferrífera bandada alterna bandas brancas formadas por chert
e bandas cinzas constituídas por óxidos de ferro (Fig. 4.4D). As características morfológicas e
granulométricas das bandas são semelhantes à dos jaspelitos. Cristais milimétricos de óxidos
de ferro ocorrem isolados nas bandas de chert ou formam lâminas descontínuas. Veios de
goethita milimétricos a centimétricos ocorrem localmente em arranjos cruzados.
32
A B
1 cm 1 cm
C D
1 cm
E F
Figura 4.4. Fotografias de litotipos da Formação Carajás. A. Jaspelito com microbandamento mais perceptível
nas bandas de jaspe. Notar suaves ondulações e afinamento de algumas bandas. B. Jaspelito (base) com banda de
óxido de ferro parcialmente desagregada (centro) e discordância erosiva (topo) com a Unidade Caninana. Na
parte centro inferior ocorrem pods de jaspe. C. Jaspelito com pods de bandas de óxido de ferro. D. Formação
ferrífera bandada formada por alternância de bandas de chert e de óxido de ferro. Notar falha normal com rejeito
centimétrico. E. Dobras convolutas em jaspelito. F. Minério hematítico friável e laminado – 593043/9318291.
33
Minério de ferro
Pelo fato de estar coberto por canga, o minério de ferro friável ocorre principalmente
em subsuperfície, sendo que sua presença em superfície (Fig. 4.4F) é sempre em escarpas nas
bordas das clareiras. Em testemunhos de sondagem o minério friável é representado por um
material cinza escuro a preto, pulverulento ou de fácil desagregação manual, constituído por
óxidos de ferro, goethita e, subordinadamente, quartzo. Também ocorrem como fragmentos
milimétricos a centimétricos, laminados ou sem estrutura. Os fragmentos laminados
apresentam alternância de bandas brilhantes e relativamente mais coesas, geralmente
constituídas de hematita, e bandas foscas mais porosas e friáveis, constituídas de martita e
alguma magnetita. Os fragmentos sem estrutura são altamente porosos e facilmente
desagregáveis, com cristais de quartzo esparsos. No minério friável predomina a hematita,
ocorrendo proporções variáveis de goethita e magnetita. A granulação varia de criptocristalina
a muito fina (0.1-0.01 mm), eventualmente fina (0.5-0.1 mm).
34
A B
C D
Figura 4.5. Fotografias de formações ferríferas da Formação Carajás. A. Minério hematítico compacto. Notar
variação de porosidade entre as lâminas – 593640/9317953. B. Canga estruturada (ou hematita laminada
laterítica), fraturada – 591312/9322566. C. Canga detrítica. Os fragmentos são de minério hematítico compacto
– 591692/9322354. D. Canga química com aspecto ruiniforme – 591045/9323024.
Canga
A canga tem espessura variável, mas não ultrapassa 30 m, como verificado pelos
testemunhos de sondagem. Ocorrem dois tipos de canga: canga de minério, subdividida em
canga estruturada e canga detrítica, e canga química. A diferença entre canga de minério e
química é o teor elevado de ferro e menor quantidade de goethita/limonita do primeiro tipo,
claramente distinguidas pelo aspecto visual de ambas.
A canga estruturada (ou hematita laminada laterítica), como o próprio nome diz, tem
como característica principal a estrutura laminada (Fig. 4.5B), preservada do intemperismo in
situ das formações ferríferas bandadas. As lâminas são cinza claras a cinza escuras, formadas
por hematita e magnetita (menos comum), que geralmente estão alteradas em goethita,
35
adquirindo daí matizes vermelhas e marrons, predominantes em porções mais rasas. As
estruturas tectônicas tais como dobras, falhas e fraturas também estão preservadas (Fig. 4.5B).
Petrografia
Bandas de jaspe e/ou chert têm tendência de serem mais espessas que as de óxidos de
ferro (espessuras de até 1 cm) e podem estar rompidas, com as extremidades afinadas.
Comumente ocorre microbandas de óxidos de ferro (0.3 a 12 mm) nas bandas de jaspe.
Dispersos em bandas de jaspe ou de óxidos de ferro ocorrem agregados esferoidais de quartzo
e/ou chert (Figs. 4.6C-D), que podem medir até 0.1 mm de maior comprimento. Os agregados
esferoidais podem conter no núcleo cristais euédricos de martita parcialmente goethitizados
com relictos de kenomagnetita (fase deficiente em Fe2+ entre magnetita e maghemita, de cor
36
A B
Jp/Ch
Ox
Jp
Qz Hm
Ox
1 mm 0,4 mm
C D Qz
Jp
Qz
Qz
Jp
Ox
Ox
0,1 mm Go 1 mm
E F
Hma
Go
Kmg
Figura 4.6. Fotomicrografias de jaspelitos da Formação Carajás. A. Microbandas alternadas de óxidos de ferro
(Ox) e de jaspe/chert (Jp/Ch). LRND. B. Microbandas ligeiramente onduladas de jaspe (Jp) e óxidos de ferro
(Ox), truncadas por vênulas de quartzo (Qz) e hematita (Hm). LTND. C. Microbanda de óxido de ferro (preto)
em banda de jaspe (Jp) envolvendo porção esferoidal de quartzo (chert recristalizado). LTND. D. Bolsões
esferoidais de quartzo (Qz) em bandas de óxidos de ferro (Ox) e de jaspe (Jp). Também ocorrem vênulas de
quartzo e goethita (Go) que truncam o bandamento. (LTND). E. Hematita microcristalina (Hmm) cortada por
vênulas de hematita anédrica (Hma). LRNC. F. Banda de óxido de ferro maciça formada por agregados de
martita (branco) com núcleos de goethita (Go) e relictos de kenomagnetita (Kmg). LRND.
37
castanho róseo), bem como estar envoltos por um manto de cristais de óxidos de ferro com
granulação relativamente maior que a das adjacências.
Dois tipos de esferulitos podem ocorrer em meio à hematita microcristalina nas bandas
de jaspe e calcedônia (Fig. 4.7D). Ambos esferulitos ocorrem isolados e, quando coalescem,
formam aglomerados, alguns dos quais são filamentosos (Fig. 4.7E). O primeiro tipo é
caracterizado por esférulas de 0.02 a 0.07 mm de diâmetro, constituídas por um núcleo escuro
de agregados de hematita criptocristalina (Fig. 4.7F) que é circundado por chert ou quartzo
microcristalino. O segundo tipo apresenta distribuição uniforme de hematita microcristalina,
mas a parte externa tende a ser mais rica e pode ser concentricamente laminada (Fig. 4.7E).
São marrons a pretos (nas bordas) e possuem diâmetros de 0.03 a 0.15 mm, localmente com
uma fina auréola externa de chert.
38
A B
Fig. 5.7C
Go
J
Mt
0,05 mm 0,8 mm
C Hm
D
Qz Cc
Go Ch
Hm
Hm
0,05 mm 0,1 mm
E F
I
II
II
0,07 mm 0,1 mm
Figura 4.7. Fotomicrografias de jaspelitos da Formação Carajás. A. Cristais anédricos de martita (Mt) com
aspecto de queijo suíço sobrecrescidos em banda de jaspe (J). LRND. B. Cristais de goethita (Go) com estrutura
em pente dispostos segundo o bandamento. LTND. C. Cristais euédricos de hematita (Hm) associados com
goethita (Go) e quartzo (Qz). LRND. D. Contato entre banda de chert (Ch) e banda de calcedônia (Cc). Cristais de
hematita (Hm) ocorrem preferencialmente no contato entre as bandas. LTNC. E. Esferulitos do primeiro (I) e
segundo tipo (II), isolados e/ou formando agregados filamentosos. LTND. F. Esferulitos do tipo (I), isolados e
em agregados. LTND.
39
Hematita e finas partículas de ouro podem estar associadas a vênulas de quartzo.
Algumas vênulas de quartzo aparentam ser originadas dos bolsões esferoidais de quartzo.
Localmente ocorrem vênulas de hematita anédrica que cortam as vênulas de quartzo, ora
oblíquas e ora paralelas ao microbandamento.
Falhas normais com rejeitos de até 0.8 cm estão preenchidas por quartzo e martita com
relictos de kenomagnetita, com goethita na borda da martita. Estes minerais também podem
ter penetrado o bandamento da formação ferrífera nas imediações das falhas.
A Formação Águas Claras é constituída por siltitos e sua distribuição areal ocupa a
parte ao sul da Falha Carajás (Fig. 4.1). Na parte centro-sul da área a Formação Águas Claras
está orientada segundo a direção WNW-ESE, mas inflete para NW nas porções oeste e
sudeste. O contato com a Formação Parauapebas, que está sotoposta, está oculto pela
cobertura coluvionar. A espessura mínima observada é de aproximadamente 70 m.
40
A B
1 cm
C D
1 mm 1 mm
E F
1 mm 1 mm
Figura 4.8. Fotografias e fotomicrografias de siltito da Formação Águas Claras. A. Siltito com estratificação
plano–paralela dobrada – 610900/9304992. B. Estratificação e laminação plano-paralelas. Cores vermelhas são
devido à oxidação de vênulas ferruginosas - 610900/9304992. C. Laminação definida por variação
granulométrica de areia muito fina a silte. Notar granodecrescência ascendente. LTNC. D. Idem Fig. 4.8C em
LTND. E. Laminação plano-paralela definida por faixas com maior proporção de minerais micáceos (amarelo) e
outras com maior quantidade de quartzo. LTNC. F. Idem Fig. 4.8E em LTND. Notar massas irregulares de
minerais opacos dispostos paralelamente e vênulas de quartzo oblíquas à laminação, respectivamente.
41
Petrografia
Predomina a fração granulométrica silte (± 93%), seguida por areia muita fina (± 5%)
e areia fina (± 2%). A maioria dos grãos é constituída de quartzo, caolinita e muscovita, todos
perfazendo mais de 96% da totalidade mineral da rocha. É comum ocorrer faixas mais ricas
em muscovita e caolinita e outras ricas em quartzo, que desse modo definem o acamamento
(Figs. 4.8E-F). Minerais opacos representam cerca de 2-3% do total, geralmente como
agregados e cristais isolados com até 1.5 mm de maior comprimento, geralmente elongados
segundo o acamamento. Zircão e clorita ocorrem como minerais-traço. Vênulas de quartzo
são comuns (Fig. 4.8F).
42
Esse conjunto rochoso pode ter até 130 m de espessura visível, tal como verificado na
porção a nordeste do Depósito N8. Diversos lineamentos retilíneos a suavemente curvos de
direção NW-SE (Figs. 1.2-3, 4.1), paralelos e por vezes descontínuos, estão presentes na
Unidade Caninana, possivelmente traços de falhas.
Aspectos macroscópicos
43
A B
1 cm
C D
Q
VQ
JM
Q MC
G J M
E F Ar
J
Ar
JM 2 cm 2 cm P
Figura 4.9. Fotografias de litotipos da Unidade Caninana. A. Arenito médio a grosso, rosa, com laminação
plano-paralela – 597162/9320651. B. Arenito conglomerático maciço. C. Conglomerado com clastos de
quartzito (Q) e rocha granitóide (G), que gradaciona para arenito sublítico, no topo - 617112/9311651. D.
Esquerda: Conglomerado com clastos de rocha máfica cloritizada (MC), cortado por vênulas de quartzo (VQ)
com clorita. Direita: Conglomerado com clastos de jaspelito (J), máfica intemperizada (M), jaspelito
mineralizado em ferro (JM) e quartzito (Q). E. Esquerda: Na base ocorre brecha sedimentar maciça com clastos
de jaspelito (J) e jaspelito mineralizado em ferro (JM), que gradaciona em direção ao topo para arenito muito
fino com lâminas cinzas ricas em óxidos de ferro. Direita: Transição de conglomerado com matriz goethítica
vermelha, na base, para arenito conglomerático com matriz sericítica, no topo. F. Intercalação de pelitos (P)
laminados em arenitos imaturos (Ar) – 597183/9320669.
44
As brechas sedimentares, mais comuns em testemunhos de sondagem do Depósito
N5S, são vermelhas (Fig. 4.9E), marrons e marrom avermelhadas. Os fragmentos líticos são
de jaspelito, quartzito, vulcânica máfica alterada e minério de ferro. Predominam grânulos e
seixos, com raros matacões. A matriz é muito fina, constituída de grãos de quartzo, goethita,
hematita e argilominerais. Localmente ocorrem gradações para o topo de porções ricas em
óxidos/hidróxidos de ferro para partes ricas em argilominerais (Fig. 4.9E).
São comuns veios de quartzo de até 3 cm de espessura, e que podem possuir textura
em pente. Localmente ocorrem vênulas de quartzo com clorita, descritos detalhadamente no
capítulo 10 (A relação entre a Unidade Caninana e a mineralização em ferro).
Estruturas Sedimentares
45
A B
C D
II
I b
2 cm
E F
46
A única estrutura pós-deposicional são os diques de preenchimento de arenito, que
penetraram discordantemente o bandamento dos jaspelitos (Fig. 4.10F).
Petrografia
Com relação ao arredondamento, ocorre uma proporção quase igual entre grãos
subangulosos e subarredondados (Fig. 4.11B), sendo subordinados os de formas arredondadas
e angulosas. A esfericidade é variável, mas há um leve predomínio de formas de alta
esfericidade (Figs. 4.11A-B,D). A porosidade das rochas psamíticas é muito baixa.
A maioria dos grãos está em contato direto um com outro, que geralmente é do tipo
côncavo-convexo ou tangencial (Figs. 4.11A-C), mas localmente é interpenetrante e suturado.
47
A B
0,25 mm 1 mm
C D
0,25 mm 0,25 mm
E F
1 mm 0,25 mm
Figura 4.11. Fotomicrografias de rochas da Unidade Caninana. A. Arenito imaturo com grãos de quartzo mono
e policristalinos (alguns com extinção ondulante), envolvidos por matriz sericítica. LTNC. B. Arenito com clastos
subarredondados a subangulosos de quartzo e minerais opacos. Estes formam uma lâmina que define o
acamamento. LTND. C. Arenito com grãos de quartzo e de jaspelito (seção paralela ao bandamento), com
contatos côncavo-convexos. Cristal de zircão ocorre incluso em quartzo (seta preta). LTND. D Subarcósio com
grão de quartzo falhado (seta preta) por compactação. Notar a baixa esfericidade da maioria dos grãos. LTNC.
E. Conglomerado com arcabouço de grãos de quartzo mono e policristalinos, alguns com extinção ondulante.
Os grãos são subangulosos a subarredondados, localmente arredondados. LTNC. F. Clasto de rocha vulcânica
intemperizada (superior, com cristais prismáticos transformados em argilominerais) e clastos de quartzo mono
e policristalino. LTNC.
48
O acamamento é definido por variação granulométrica, composicional, tal como leitos
horizontais milimétricos formados por minerais opacos (Fig. 4.11B), e por orientação
preferencial de grãos de quartzo e muscovita, que têm seus eixos maiores dispostos em
paralelo. Em certas porções os grãos de quartzo e de minerais opacos estão imbricados. As
rochas psamíticas são frequentemente cortadas por vênulas de quartzo e de hidróxido de ferro.
A matriz (fragmentos menores que 2 mm) é constituída por sericita (80-95%), quartzo
(5-20%), goethita (1-10%) e minerais opacos (1-8%). Em geral, os conglomerados são clasto-
suportados, mas são comuns porções sustentadas pela matriz.
49
Qz
A B S
Vu
Vu
Cc
Qz
I Mc
Pl
1 mm 0,25 mm
C Qz D
Qz
Ox
J
Qz
J Ms
Ms
Qz
0,4 mm 0,8 mm
E F
Qz
II
Go
Qz Qz
Go
Go
0,2 mm I 1 mm
Figura 4.12. Fotomicrografias de litotipos da Unidade Caninana. A. Conglomerado com clastos de rocha
vulcânica intemperizada (Vu), plagioclásio (Pl) e quartzo (Qz) mono e policristalino. LTNC. B. Conglomerado
com grãos de quartzo com contatos interpenetrante (I), côncavo-convexo (Cc) e suturado (S). A microclina (Mc)
está em contato côncavo-convexo com o quartzo. LTNC. C. Grão de muscovita (Ms) encurvada por efeito de
compactação mecânica. LTNC. Notar grãos de quartzo policristalinos e monocristalinos (Qz). D. Brecha
sedimentar com fragmentos caóticos de jaspelito (J) e óxidos de ferro (Ox). A matriz é formada por quartzo (Qz)
e óxidos de ferro, cimentada por goethita. LTND. E. Brecha sedimentar com clastos de quartzo (Qz) angulosos a
subarredondados em meio à matriz goethítica (Go). LRND. F. Dois ciclos de granodecrescência ascendente (I e
II). Notar a erosão do ciclo superior sobre o ciclo inferior (seta amarela). LTNC.
50
Brechas sedimentares. O arcabouço é constituído por clastos de jaspelito, quartzo
(mono e policristalino), minério de ferro, chert (Fig. 4.12D) e óxido de ferro. Os fragmentos
são subangulosos, subordinadamente subarredondados. O cimento é goethita, e a matriz é
formada por goethita, sericita e quartzo, com óxidos de ferro e argilominerais subordinados.
Em menor proporção ocorrem fragmentos de rocha xistosa com muscovita. A goethita pode
ocorrer como vênulas irregulares entre os clastos (Fig. 4.12E), e localmente parece ter
substituído a sericita (Fig. 4.13).
Qz
Se
Go
Se
Go
Go
Qz
Qz
Se
Figura 4.13. Imagens por elétrons retroespalhados de goethita (Go) substituindo sericita (Se) na matriz da
brecha sedimentar. Os grãos de quartzo (Qz) são subangulosos. Escala gráfica: 50µm.
51
5 - GEOLOGIA ESTRUTURAL DA REGIÃO SUL DA SERRA NORTE
Dobras D1
Figura 5.1. Estereograma de pólos de acamamento das dobras D1 do flanco norte do Sinforme Carajás. N= 80 e
contornos em 1, 3 e 6%. Máximos em 047/38 e 213/36.
52
A maioria das atitudes estruturais relacionadas a esta fase foram medidas nos litotipos
das formações Carajás e Águas Claras, possivelmente devido ao comportamento reológico
favorável ao dobramento e/ou pela preservação destas estruturas diante do intemperismo.
As dobras da Fase D1 são suaves a abertas, circulares e paralelas, cujos flancos são
representados pelos máximos 047/38 e 213/36 (Fig. 5.1) São métricas a centimétricas (Figs.
5.3A-D) e as de eixo NW-SE comumente possuem fraca vergência para NE (Fig. 5.3D). As
charneiras são suaves e arredondadas e não há foliação plano-axial associada (Fig.11.1). Os
eixos são retilíneos a ligeiramente ondulados e a superfície axial é planar, raramente
curviplanar. Dobras do tipo chevron são decimétricas e menos comuns (Fig. 5.3E), assim
como dobras em caixa ou conjugadas (Fig. 5.3F).
Figura 5.2. Estereogramas de atitudes de eixo de dobras D1 dos depósitos N8, N5S e N6.
53
A B
C D
E F
Figura 5.3. Fotografias de estruturas tectônicas da Fase D1. A. Dobra D1 aberta e com charneira arredondada.
Eixo: 301/11 - 595977/9323322. B. Dobra aberta. Eixo: 334/05 – 593687/9318018. C. Dobra D1 com vergência
fraca para NE. Eixo: 290/06 – 594931/9317053. D. Dobra aberta em siltito da Formação Águas Claras -
610900/9304992. E. Dobras D1 do tipo chevron, abertas a suaves. Eixo= 179/09 – 595977/9323322. F. Dobra
D1 em caixa – 591312/9322566.
54
5.2 - Estruturas da Fase D2
Domínios de rochas foliadas que envolvem domínios de rochas não deformadas (Fig.
5.4B) definem pods dispostos paralelamente à ZCC. Estas zonas de maior deformação estão
relacionadas aos feixes paralelos associados à ZCC e indicam a partição da deformação.
Zonas de cisalhamento geralmente ocorrem ao longo de contatos litológicos, onde as camadas
têm competências diferentes (Fig. 5.4B).
55
A B
FC
MF
FP
C D
E F
So
NE SW
15-20°
Figura 5.4. Fotografias de estruturas tectônicas da Fase D2. A. Contato vertical entre as formações Parauapebas
(FP) e Carajás (FC) – 613189/9306680. B. Jaspelito (J) em contato vertical com rocha máfica foliada (MF).
Sn=172/81 – 613196/9306901. C. Dobra D2 com padrão em “S”, movimento sinistral. Vista em planta. Eixo:
190/40 - 592719/9318395. D. Dobra D2 aberta, vista em planta. Eixo= 240/75 com caimento no sentido do cabo
do martelo – 591396/9319830. E. Dobra D2 em “Z”, movimento destral. Eixo= 280/60 – 595977/9323322. F.
Relação entre acamamento (So= 218/18) e sentido de paleocorrente (seta) que indica rotação horária de 15-20°
do acamamento em torno de um eixo horizontal NW-SE (visada para SE), Falha Caninana - 596293/9317931.
56
Foliação
Umas das feições diagnósticas da ZCC é a foliação das rochas máficas da Formação
Parauapebas, melhor evidenciada quando a rocha está moderadamente intemperizada (Figs.
5.4A-B). A foliação é definida pela orientação preferencial planar de minerais placóides, tais
como argilominerais e filossilicatos dispostos de forma retilínea a ondulada, geralmente
formando uma clivagem espaçada (Fig. 5.4A) ou, localmente, uma xistosidade (Fig. 5.4B).
Figura 5.5. Estereogramas de atitudes de foliação. a) Porção a sudoeste do Depósito N8; b) Região da Bocaina,
nas proximidades do Rio Parauapebas; c) Formação Parauapebas a sudoeste do Aeroporto de Carajás.
Dobras D2
57
Figura 5.6. Estereograma de pólos de acamamento das dobras D2 do flanco norte do Sinforme Carajás. N= 68 e
contornos em 1, 3, 6 e 10%. Máximo em 216/35.
A charneira é elíptica a angulosa nos tipos mais fechados, e arredondada nos demais
(Fig. 5.4D). Num mesmo perfil de dobra pode ocorrer ambos os padrões, com charneiras
angulosas no núcleo que se tornam arredondadas à medida que se afasta do mesmo (Fig.
5.4C). A superfície axial comumente é curviplanar. Quando observadas em planta, a maioria
das dobras D2 possui padrão em “S”, definindo que a movimentação foi sinistral (direção
NW-SE). Contudo, não é raro encontrar padrões do tipo “Z” que indicam movimento destral
(Fig. 5.4E).
Figura 5.7. Estereogramas de medidas de eixo de dobras da Fase D2 dos depósitos N6, N5S, N7 e N8.
58
As dobras abertas a suaves são simétricas, com plano-axiais subverticais e eixos com
caimento moderado a forte geralmente para SW, W e S, sendo classificadas como dobras
normais com caimento moderado a subvertical. À medida que as dobras ficam mais fechadas,
elas tornam-se assimétricas e o mergulho do plano-axial tende a se paralelizar com o caimento
do eixo, formando dobras reclinadas. A maioria dos eixos das dobras D2 possui caimentos
para W, S e SW, sendo esta última a direção modal nos depósitos N6, N7 e N8 (Fig. 5.7). No
Depósito N5S o caimento dos eixos mostra preferência para a direção W.
Topo JP
B
Topo
CGL
CGL
D
D
CGL
HF
HF
Figura 5.8. A. Seção geológica esquemática do Depósito N5S. B. Contato por falha entre minério friável (topo)
e conglomerado (base). C. Contato entre conglomerado (topo) e jaspelito (base). D. Detalhe da Fig. 5.8A.
60
5.4 - Estruturas da Fase D4
Na região de Bocaina o Rio Parauapebas está encaixado em uma falha normal vertical
de direção N15E, onde estrias verticais e degraus de falha indicam que o bloco a leste foi
rebaixado em relação ao bloco a oeste.
61
6 – GEOQUÍMICA
Figura 6.1. Diagrama de classificação química e nomenclatura de rochas vulcânicas da região sul da Serra
Norte, baseado na proporção álcalis total (Na2O+K2O) vs. SiO2. Modificado de Le Bas & Streckeisen (1991).
62
Tabela 6.1. Composição dos elementos maiores, traços e terras raras de litotipos da Formação Parauapebas.
63
As mesmas amostras foram classificadas em relação às razões Zr/TiO2 e Nb/Y, que
informam sobre o índice de diferenciação e alcalinidade, respectivamente (Pearce 1996).
Exceto a amostra 112, que plotou no campo do andesito/andesito basáltico (Fig. 6.2), muito
próximo do limite com o basalto, as demais concentraram no campo do basalto, próximo do
limite com o andesito/andesito basáltico.
Figura 6.2. Classificação das rochas vulcânicas da região sul da Serra Norte com base nas variáveis
(Zr*0,0001)/TiO2 e Nb/Y (Pearce 1996).
Figura 6.3. Diagrama ternário de classificação de basaltos em relação a seus ambientes geotectônicos, em
função das variáveis Zr/4, Y e Nb*2 (Meschede 1986).
64
As rochas da Formação Parauapebas, quando classificadas em relação ao ambiente
geotectônico em que foram formadas (Fig. 6.3), em função das variáveis Zr, Y e Nb
(Meschede 1986), têm uma assinatura de basaltos de arco vulcânico (Volcanic Arc Basalts).
No diagrama binário Zr/Y vs. Nb/Y (Condie 2005), as vulcânicas máficas e o andesito
enquadram-se no campo dos basaltos não associados a plumas mantélicas (Fig. 6.4).
Figura 6.4. Diagrama binário Zr/Y vs. Nb/Y que indica se os basaltos são de origem mantélica ou não mantélica
(Condie 2005), com as rochas vulcânicas do Grupo Grão-Pará posicionando-se no campo dos não mantélicos.
Figura 6.5. Diagrama binário Zr/Y vs. Zr indicando que as rochas vulcânicas do Grupo Grão-Pará enquadram-se
no campo dos basaltos de arco continental (Pearce 1983).
65
Figura 6.6. Diagrama binário Th/Yb vs. Nb/Yb que mostra as rochas vulcânicas do Grupo Grão-Pará como
pertencentes ao campo dos basaltos de arco continental (Pearce 1983).
Nos diagramas binários Zr/Y vs. Zr e Th/Yb vs. Nb/Yb (Pearce 1983), todas as rochas
vulcânicas posicionaram no campo dos basaltos de arco continental (Figs. 6.5,6.6).
66
6.2 - Formação Águas Claras e Unidade Caninana
Figura 6.7. Diagrama de elementos terras raras para as rochas da Formação Parauapebas, normalizados pelo
condrito (Boynton 1984).
O siltito Águas Claras (amostra 121) tem teor intermediário de SiO2 (70.03%) e Al2O3
(17.91%) e o menor em Fe2O3 (1.61%). Também possui teor muito baixo em ΣETR (16.7
ppm), baixo enriquecimento em ETRL (LaN/SmN=1.34), suave enriquecimento em ETRP
(GdN/YbN=0.63) e anomalia positiva de Eu.
Arenitos da Unidade Caninana têm os maiores conteúdos de SiO2, que variam entre
76.97 a 85.24% (média de 82.4%) e os menores valores de Al2O3 (média de 7.66%), que
oscilam entre 5.54 a 12.18%. A fração arenosa de brecha sedimentar ferruginosa é composta
principalmente por SiO2 (55.63%) e Fe2O3 (25.97%), com menor participação de
argilominerais, representados por Al2O3 (9.85%). Pelitos da Unidade Caninana possuem os
conteúdos mais altos em Al2O3 (21.36 e 23.7%), devido à maior proporção de argilominerais,
e os mais baixos em SiO2 (52.39 e 52.83%). Ocorre correlação positiva entre o Al2O3 e K2O,
o que sugere que estes elementos estejam presentes como muscovita.
67
Tabela 6.2. Composição dos elementos maiores, traços e terras raras de litotipos da Unidade Caninana e da
Formação Águas Claras (amostra 121).
Amostra 1 130 306.5 F3 307 F3 755 AR 121 167.45 Trb 152
(Rocha) (Arenito) (Arenito) (Arenito) (Arenito) (Arenito) (Arenito) (Siltito) (Arenito) (Pelito) (Pelito)
SiO2 81,37 85,24 83,58 84,94 76,97 82,30 70,03 55,63 52,83 52,39
Al2O3 8,53 5,99 7,13 6,58 12,18 5,54 17,91 9,85 21,36 23,70
Fe2O3 3,95 4,23 3,76 3,62 3,68 7,85 1,61 25,97 11,82 7,33
K2O 2,06 1,76 2,05 1,88 3,70 1,59 2,07 2,63 5,81 6,87
MgO 1,35 0,17 0,84 0,58 0,43 0,55 0,60 0,89 1,07 1,07
MnO 0,07 0,03 0,10 0,03 0,02 0,05 0,03 0,18 0,09 0,12
Na2O 0,03 0,03 0,03 0,03 0,04 0,02 0,03 0,09 0,20 0,30
Cr2O3 0,004 0,004 0,005 0,005 0,011 0,009 0,016 0,031 0,012 0,012
CaO 0,06 0,04 0,08 0,06 0,03 0,04 0,28 0,16 0,17 0,15
P2O5 0,04 0,03 0,04 0,03 0,04 0,04 0,03 0,10 0,09 0,20
TiO2 0,09 0,12 0,17 0,19 0,30 0,24 0,92 1,29 0,85 0,82
LOI 2,3 2,3 2,1 2,0 2,5 1,7 6,4 2,9 5,4 6,7
TOT/C 0,04 0,25 0,05 0,05 <0,02 0,42 0,10 0,06 0,26 0,20
TOT/S <0,02 <0,02 <0,02 <0,02 <0,02 <0,02 <0,02 <0,02 <0,02 0,08
Ba 400 279 242 222 379 216 158 788 1405 1316
Be <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 2 3 3
Co 28,0 2,4 10,2 3,5 3,9 4,5 2,7 9,8 15,1 8,9
Cs 0,8 0,3 1,0 1,1 0,8 1,1 0,5 2,1 8,8 5,9
Ga 9,8 6,5 8,5 7,4 13,6 6,8 18,5 12,6 23,5 24,5
Hf 2,1 2,0 3,2 5,1 5,4 4,6 4,8 10,4 10,3 11,3
Nb 2,4 2,7 3,4 4,5 5,5 3,5 8,4 12,3 17,3 22,0
Ni 35 <20 <20 <20 28 <20 27 21 50 35
Rb 67,9 49,9 71,3 68,1 139,7 61,0 96,9 107,5 236,4 212,3
Sc 2 2 3 3 4 3 25 13 18 15
Sn <1 <1 <1 1 1 <1 2 1 3 4
Sr 4,1 9,3 4,1 6,3 10,4 7,3 2,7 13,3 21,6 54,7
Ta 0,2 0,2 0,3 0,4 0,6 0,3 0,6 0,8 1,5 1,7
Th 2,4 4,6 6,8 7,2 10,9 7,7 9,9 20,0 23,5 30,8
U 0,5 0,9 1,0 1,3 1,1 1,3 2,3 5,2 5,1 4,6
V 18 13 25 29 34 54 77 140 81 66
W <0,5 0,8 <0,5 1,4 <0,5 0,6 1,4 1,5 1,6 7,4
Y 2,0 6,0 6,1 7,6 2,8 4,6 12,4 24,8 30,2 40,6
Zr 68,1 76,8 108,6 160,4 180,4 158,0 154,2 361,8 358,6 359,9
Ag <0,1 <0,1 0,1 0,4 <0,1 <0,1 0,2 <0,1 0,1 <0,1
As 0,9 <0,5 <0,5 0,5 <0,5 <0,5 0,6 1,1 <0,5 <0,5
Au <0,5 <0,5 <0,5 17,2 0,9 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5
Bi <0,1 <0,1 0,4 1,4 <0,1 0,1 0,1 0,3 0,3 0,3
Cd <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1
Cu 5,8 6,7 159,2 117,9 12,0 12,1 6,4 19,1 43,3 4,5
Hg <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01
Mo 0,9 0,6 0,4 0,5 0,4 0,6 0,4 0,6 0,2 0,2
Ni 35,4 4,1 10,7 5,5 6,4 8,4 10,6 14,0 37,0 15,7
Pb 0,8 2,9 2,9 4,7 2,0 6,9 0,8 25,1 13,6 13,8
Sb <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 0,1 <0,1 0,2 <0,1 <0,1
Se <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5
Tl 0,1 0,2 0,1 0,1 <0,1 <0,1 <0,1 0,2 0,5 0,3
Zn 30 9 163 28 8 30 13 24 34 58
La 2,6 12,7 16,5 11,8 9,9 15,6 1,6 21,9 41,3 63,3
Ce 4,7 22,2 33,5 31,9 14,0 31,5 4,1 51,5 87,9 123,7
Pr 0,52 2,72 3,70 2,93 1,46 3,25 0,45 5,13 8,91 13,74
Nd 1,9 9,2 13,0 10,4 5,3 11,9 1,9 20,3 31,8 50,2
Sm 0,37 1,49 2,02 1,66 0,76 1,81 0,75 4,33 5,50 8,20
Eu 0,11 0,34 0,45 0,44 0,21 0,41 0,32 1,03 1,24 1,76
Gd 0,37 1,09 1,45 1,34 0,63 1,35 1,18 4,14 5,03 6,86
Tb 0,06 0,19 0,22 0,23 0,09 0,21 0,28 0,73 0,87 1,17
Dy 0,29 1,03 1,15 1,26 0,42 1,04 1,86 4,10 5,15 6,63
Ho 0,07 0,21 0,21 0,28 0,10 0,19 0,45 0,79 1,07 1,35
Er 0,19 0,65 0,68 0,86 0,29 0,50 1,48 2,45 3,26 3,99
Tm 0,04 0,10 0,10 0,14 0,05 0,08 0,23 0,36 0,50 0,65
Yb 0,22 0,62 0,62 0,86 0,35 0,52 1,51 2,35 3,21 3,96
Lu 0,04 0,10 0,10 0,14 0,07 0,09 0,25 0,37 0,51 0,61
ΣETR 11,5 52,6 73,7 64,2 33,6 68,5 16,4 119,5 196,3 286,1
LOI: perda ao fogo; Au em ppb;
68
O conteúdo de ETR das rochas da Unidade Caninana varia de 11.5 a 286.1 ppm (Tab.
6.2). Exceto a amostra 167.45, as rochas psamíticas têm conteúdos muito baixos a baixos de
ETR (11.5-73.7 ppm), com média de 50.7 ppm. Os pelitos têm os maiores conteúdos em ETR
(196.3 e 286.1 ppm) e há uma correlação positiva com o Al2O3,
que pode indicar que os ETR estejam associados aos argilominerais.
Figura 6.8. Diagrama de elementos terras raras) de rochas da Unidade Caninana e da Formação Águas Claras
(amostra 121), normalizados ao condrito (Boynton 1984)
Discussão
Formação Parauapebas
A anomalia positiva de Eu da Formação Águas Claras, embora tênue, sugere que a(s)
área(s)-fonte também têm anomalia positiva de Eu ou que a maior contribuição sedimentar
proveio de áreas-fonte com esta natureza. O Eu provavelmente está associado ao plagioclásio
(albita), que foi detectado por difração de raios-X. O maior enriquecimento em ETRP em
relação aos ETRL sugere rochas menos diferenciadas como áreas-fonte para a Fm. Águas
Claras. Este padrão de distribuição pode ser atribuído a cristais de zircão, que é naturalmente
rico em ETRP e foi identificado na petrografia.
70
7 - CARACTERÍSTICAS DO MINÉRIO DE FERRO DO DEPÓSITO N8
71
mm e pode ocorrer no interior de poros (7.3A), formando vênulas e recobrindo externamente
grãos de hematita e martita.
Constituição Mineralógica
Características Petrográficas
Mt Go
C D
Hmc
Ha
Hml
Ha
0,05 mm 0,05 mm
E F Hmc
Hml
Go
Ha
Hmc
0,1 mm 0,05 mm
Figura 7.1. Fotomicrografias de minério de ferro compacto. A. Microbandas formadas por agregados de blastos
de martita (Mt), na parte inferior, e por hematita microlamelar (Hml) com esparsos blastos de martita, na parte
superior. LRND. B. Detalhe de microbanda de hematita lamelar (Hml) com blastos de martita (Mt) cortada por
vênula de goethita (Go). LRND. C. Blasto de magnetita martitizado crescido sobre hematita microcristalina
(Hmc) e que internamente está recristalizado em hematita anédrica (Ha). LRNC. D. Trama decussada a
microgranoblástica definida por hematita microlamelar (Hml) e hematita anédrica (Ha). LRNC. E. Banda de
hematita microlamelar (Hml) e de hematita microcristalina (Hmc). LRND. F. Microbanda de hematita anédrica
(Ha) parcialmente goethitizada (Go) e microbanda de hematita microcristalina (Hmc). LRND.
73
A martita geralmente forma agregados de blastos euédricos a anédricos associados
com hematita anédrica, microlamelar e/ou microcristalina (Figs. 7.1A-C). Esses blastos
comumente estão dispostos segundo o microbandamento (Fig. 7.1A) e podem ser constituídos
internamente por hematita anédrica (microgranoblástica), que localmente está elongada
segundo os planos cristalográficos da martita (Fig. 7.1C). Relictos de kenomagnetita são
frequentes e ocorrem de modo irregular.
74
A B
Ha Ha
Ha
Hma
Hml
Ha
0,05 mm 0,3 mm
Kmg
C D
Mt Go
Go
Go
0,05 mm 0,06 mm
E Mt F
P
Go
Mt Mt
Mt
Go
Mt Go
0,2 mm 0,4 mm
Figura 7.2. Fotomicrografias de minério de ferro compacto. A. Bolsões elongados de hematita anédrica (Ha)
envolvidos por hematita anédrica muito fina a microcristalina (Hmc). LRND. B. Hematita anédrica (Ha) cortada
por vênulas de hematita microlamelar (Hml). LRND. C. Relictos de kenomagnetita (Kmg) em cristais de
hematita tabular. LRND. D. Detalhe de banda maciça de agregados de martita (Mt) e banda de goethita (Go)
microcristalina com hematita. Alguns cristais de martita têm o núcleo goethitizado. LRND. E. Microbanda de
goethita (Go) com cristais de martita (Mt) e microbandas maciças de agregados de martita. LRND. F.
Microbanda de agregados de martita (Mt) cortada por vênulas de goethita (Go) paralelas ou discordantes do
bandamento, neste último caso com estrutura em pente e poros (P). LTNC.
75
A martita ocorre em lâminas maciças formadas de aglomerados de vários cristais (Fig.
7.2E), que internamente podem estar recristalizados em hematita anédrica. Geralmente os
núcleos de martita estão associados com goethita e, menos comumente, podem ter relictos de
kenomagnetita. Nas bandas de goethita a martita ocorre como cristais isolados ou em
agregados (Fig. 7.2E).
A goethita comumente é microcristalina e está disseminada junto com hematita
microcristalina entre blastos isolados de martita (Fig. 7.2D). É comum goethita anédrica
intercrescida no núcleo da martita. Vênulas de goethita euédrica/subédrica, com cristais entre
0.05 a 0.1 mm, ocorrem paralelas ou oblíquas ao microbandamento. Localmente possuem
estrutura em pente e poros no interior da estrutura (Fig. 7.2F).
Bolsões irregulares de hematita anédrica com relictos de kenomagnetita ocorrem
localmente em bandas maciças de martita, provavelmente agregados de martita recristalizados
em hematita anédrica.
76
A B
Go
Mt
P Hml
Mt
C D
E F
Go
Mt
Mt
P
Figura 7.3. Imagens de minério compacto no microscópio eletrônico de varredura (MEV). A. Martita (Mt) com
goethita microcristalina (Go) preenchendo poros (P). B. Hematita microlamelar (Hml) que cresceu à custa de
martita (Mt). C. Agregados de hematita microcristalina. D. Agregados de hematita anédrica. E. Goethita (Go)
microcristalina, microporosa, com esparsos cristais de martita (Mt). F. Cristais de goethita com estrutura em
pente e poros (P) intercristais.
77
7.2 - Minério Friável
Constituição Mineralógica
Características Petrográficas
78
A B
Mt Go
Go
Kmg
Qz
Go
Go
Ha Mt
Hm Hm
0,3 mm 0,1 mm
C D
Hmc
Mt
Mt Mt
Hml
Mt
Ha
0,05 mm 0,05 mm
Hml
E F
Mt
P Go
0,05 mm 0,05 mm
Figura 7.4. Fotomicrografias de minério de ferro friável A. Partículas de tamanhos e formas variadas de
hematita (Hm), goethita (Go), martita (Mt) e quartzo (Qz). LRND. B. Partículas de martita com goethita (Go) e
relictos de kenomagnetita (Kmg), goethita anédrica (Go), martita subédrica (Mt) e hematita anédrica (Ha).
LRND. C. Agregado de hematita microcristalina (Hmc) sobrecrescido por blastos de martita (Mt) e cortado por
vênula de hematita microlamelar (Hml). Hematita microlamelar também ocorre como cristais isolados abaixo
do agregado. LRND. D. Cristais de martita (Mt) e hematita anédrica (Ha). O cristal de martita no centro da
figura é formado internamente por hematita anédrica. LRNC. E. Agregado de hematita microlamelar com trama
decussada e microporos (P). LRND. F. Cristal anédrico de martita intensamente goethitizado (Go). A alteração
em martita (Mt) ocorre preferencialmente segundo os planos cristalográficos. LRND.
79
A hematita microcristalina comumente ocorre como agregados policristalinos junto
com outros tipos de hematita (Fig. 7.4C) e como cristais individuais.
A hematita anédrica tem contorno rugoso (Fig. 7.4B) a liso e os grãos têm entre
0.005 a 0.1 mm (Fig. 8.5B), predominando os de aproximadamente 0.01 mm.
A hematita microlamelar possui contornos lisos (Fig. 7.5C) e geralmente ocorre como
partículas isoladas ou formando agregados policristalinos (Figs. 7.4C,E), sendo que estes
últimos podem ter porosidade intercristalina. Os agregados de hematita microlamelar têm
superfície externa lisa, retilínea a angulosa. Localmente a hematita microlamelar parece ter
sido formada a partir da martita, segundo os planos cristalográficos da última (Fig. 7.5D).
A hematita tabular é menos comum, ocorrendo geralmente isolada, com contorno liso,
mas ocasionalmente forma vênulas em agregados de outros tipos de hematita (Fig. 7.4C).
A martita ocorre como cristais isolados, mistos e em agregados (Fig. 7.4A-C, 7.5E),
comumente com relictos de kenomagnetita ou magnetita (muito raro). A martita comumente
está associada com goethita intragranular (Figs. 7.4B,F), provavelmente resultado do processo
de martitização (Morris 1985). A superfície da martita pode ser rugosa, serrilhada ou lisa, esta
última quando os cristais preservam faces bem formadas (Fig. 7.5E-F). Fraturas irregulares
são pouco comuns na martita. Blastos de martita têm sobrecrescido hematita microcristalina e
internamente são constituídos por hematita anédrica (Figs. 7.4C-D, 7.5A,E). A martitização se
processou irregularmente ou segundo planos {111} da magnetita (Figs. 7.4F, 7.5F).
A magnetita ocorre principalmente como relictos de kenomagnetita em cristais de
martita (Fig. 7.4B) e, menos comumente, em cristais isolados. Os relictos de kenomagnetita
geralmente ocorrem associados com goethita (Fig. 7.4B). Nos cristais de magnetita
parcialmente martitizados, a kenomagnetita ocorre distribuída irregularmente ou em porções
triangulares (Fig. 7.5F) definidas pela interseção dos planos {111} da magnetita.
A goethita ocorre como partículas isoladas (Fig. 7.4A), mistas (Fig. 7.4B,F) e em
agregados. Os fragmentos isolados possuem dimensões entre 0.05 a 1.5 mm (Fig. 7.4A). As
formas são subesféricas, elongadas a irregulares e a superfície é rugosa. A goethita geralmente
ocorre junto com kenomagnetita nos núcleos de grãos de martita (Fig. 7.6A), com poros
associados (Fig. 7.6B). Quando ocorre em fragmentos laminados associada com a hematita, a
goethita está disposta segundo o microbandamento. Também pode ocorrer como finos filmes
que envolvem partículas de martita e hematita. Os agregados são formados de cristais
subédricos a euédricos, tabulares, localmente com estrutura em pente. Menos comuns são os
cristais fibro-radiais que formam estruturas reniformes associados a fragmentos botrioidais.
80
A Mt B
Mt
Ha
Mt
Hmc
C D P
Hml
Mt
P Hml
Mt
E F
Ha
Mt
P
0,03 mm
Figura 7.5. Imagens de minério de ferro friável no MEV. A. Hematita microcristalina (Hmc) sobrecrescida por
martita (Mt), associada a hematita anédrica (Ha). B. Aglomerado de hematita anédrica. C. Hematita
microlamelar. Vista em planta. D. Hematita microlamelar (Hml) formada a partir da martita (Mt) segundo os
planos {111}. P=poros. E. Blastos de martita (Mt) internamente constituídos por hematita anédrica (Ha).
Também ocorre hematita (seta branca) crescida sobre a superfície da martita. F. Magnetita (agora
kenomagnetita, cinza escuro) martitizada (cinza claro) ao longo dos planos {111}. P=poros.
81
Quanto aos cristais isolados, predominam a hematita anédrica, a microlamelar e a
martita (Fig. 7.6C). Agregados de hematita anédrica são mais abundantes que agregados de
hematita microlamelar. As partículas mistas mais comuns são as de martita com goethita e
relictos de kenomagnetita e as de martita com goethita ou com kenomagnetita. Alguns
fragmentos são laminados, formados por microbandas de agregados de hematita
microcristalina com blastos de martita e microbandas de hematita anédrica.
O quartzo geralmente ocorre livre (Fig. 7.4A), sendo raramente encontrado incluso em
cristais de martita goethitizados. É anédrico e pode apresentar extinção ondulante.
Os tamanhos variam desde 0.02 a 0.9 mm (Fig. 7.4A), sendo mais frequente os de
aproximadamente 0.1 mm. Localmente agregados de quartzo são formados cristais subédricos
com textura em pente, com poros no núcleo da estrutura (Fig. 7.6B), podendo estar associados
com cristais de plagioclásio. Estes cristais podem atingir até 1.3 mm no maior comprimento
A muscovita é rara e ocorre como plaquetas isoladas, subédricas a euédricas, com
dimensões entre 0.005 a 0.3 mm. Plagioclásio é muito raro e ocorre associado a quartzo (Fig.
7.6D) e goethita.
82
Go
A B Go
Go Mt
Mt
P
Ha
Go
Kmg
Hml
0,02 mm 0,06 mm
Go
C D
Mt
Hml
Qz
Qz
P
Pl Hm
Ha
0,05 mm Go
0,1 mm
E F
Hmc
Hml
0,4 mm 0,4 mm
Figura 7.6. Fotomicrografias de minério de ferro friável. A. Partículas de minério friável constituídas de goethita
(Go), hematita anédrica (Ha), hematita microlamelar (Hml) e martita (Mt) com relictos de kenomagnetita (Kmg)
e goethita. LRND. B. Cristais de martita (Mt) intensamente goethitizados (Go) e com poros (P). LRND. C.
Partículas de hematita microlamelar (Hml), hematita anédrica (Ha) e martita parcialmente goethitizada (Mt).
LRND. D. Fragmento constituído de goethita (Go) e hematita (Hm), na borda, e quartzo (Qz) e plagioclásio (Pl),
no centro, com poro (P) associado. LTND. E. Fragmento laminado (linha tracejada) formado por microbanda de
hematita microlamelar (Hml) e microbanda de hematita microcristalina (Hmc) com blastos de martita. F. Idem
Fig. 7.6E em LTNC, onde se vê maior porosidade associada à banda de hematita microlamelar. Poros maiores e
elongados segundo o bandamento ocorrem preferencialmente na banda de hematita microcristalina com blastos
de martita.
83
Características Geoquímicas
Análises químicas de elementos maiores, traços e terras raras foram realizadas nos
minérios de ferro friável e compacto. A composição dos elementos mais importantes para a
qualidade do minério é listada na Tabela 7.1.
Tabela 7.1. Componentes químicos maiores, menores e traços mais importantes para a qualidade do minério de
ferro friável e compacto do Depósito N8. Valores em %, onde não indicado.
Média Média
FeT 64,89 65,36 63,27 66,76 66,50 65,36 65,17 66,55 67,83 67,72 67,25 66,90 39,50
P 0,035 0,07 0,022 0,035 0,018 0,036 0,236 0,07 0,013 0,052 0,013 0,077 0,011
Al2O3 1,12 1,22 0,41 0,4 0,52 0,73 0,47 0,51 0,34 0,34 0,58 0,44 0,29
SiO2 3,83 1,80 5,19 1,43 1,46 2,74 0,99 1,73 1,05 0,45 1,40 1,12 40,61
Mn 0,062 0,054 0,054 0,132 0,039 0,069 0,016 0,016 0,023 0,016 0,054 0,025 0,061
CaO 0,12 0,02 0,04 <0,01 0,02 0,042 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,05 0,014 0,025
MgO 0,09 0,02 <0,01 <0,01 <0,01 0,056 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,005 0,050
K 2O 0,11 0,03 0,03 0,03 0,02 0,056 0,01 0,05 <0,01 <0,01 0,02 0,015 0,016
Ti 0,024 0,036 0,012 0,006 0,012 0,018 0,036 0,012 <0,006 0,018 0,006 0,015 0,015
S 0,02 <0,02 <0,02 <0,02 <0,02 0,048 0,02 <0,02 <0,02 <0,02 <0,02 0,010 -
Cu
(ppm) 90,3 104,4 112,3 105,3 171,0 116,7 79,6 37,6 8,2 4,4 42,8 34,5 -
Pb
(ppm) 6,1 2,2 42,4 78,2 6,0 27,0 8,2 0,4 3,7 4,3 3,2 4,0 -
LOI 1,6 3,0 3,6 2,3 2,7 2,6 4,6 2,3 1,5 2,2 1,6 2,4 1,51
FeT= ferro total, expresso comoF2O3;
LOI= perda ao fogo;
* n=7 (Lindenmayer et al. 2001).
O minério friável tem um teor médio de 65.3% de Fe, 0.7% de Al2O3 e 2.7% de SiO2.
O minério compacto possui teor médio de Fe de 66.9%, enquanto o de Al2O3 é 0.45% e o de
SiO2 é 1.1%. A média de fósforo do minério compacto (0.077%) é mais alta que a do minério
friável (0.036%) devido à influência da amostra 24, que é de minério compacto martítico-
goethítico (0.236%). Se não considerarmos esta amostra, a média do minério compacto é
84
A
Figura 7.7. A. Gráfico da média dos elementos mais importantes para a qualidade do minério de ferro friável e
compacto do Depósito N8, comparados com a média da formação ferrífera de Lindenmayer et al. (2001) do
mesmo depósito. B. Gráfico da média de elementos maiores do minério de ferro friável e compacto do Depósito
N8, normalizada pela média da formação ferrífera de Lindenmayer et al. (2001) para o mesmo depósito.
85
0.037, que é aproximadamente a mesma do friável. Para os demais elementos, os valores do
minério friável são sempre maiores que os do minério compacto (Tabela 7.1, Fig. 7.7).
Os teores médios dos elementos maiores do minério friável e compacto do Depósito
N8, comparados com a formação ferrífera do mesmo depósito (Lindenmayer et al. 2001), que
é o protominério, são mais ricos em Fe, Al2O3, P, K2O e perda ao fogo (LOI), e mais pobres
em SiO2 e Na2O (Fig. 7.7). Em relação ao protominério, o minério compacto também está
empobrecido em MgO, CaO e Mn.
Para os elementos-traço, a comparação com a média da formação ferrífera do Depósito
N8 (Fig. 7.8), de Lindenmayer et al. (2001), indica que os minérios friável e compacto são
mais ricos em Ba, Sr, Y e ΣETR, e mais pobres em Zr, Nb e Cr. Comparando-se com o
minério compacto (Fig. 7.8), o friável possui teores médios iguais ou maiores que o minério
compacto, exceto para o Sb, Cr e ΣETR. As maiores diferenças foram as dos elementos Ba
(194.4 e 19.4) e Cu (116.7 e 34.5), para o minério friável e compacto, respectivamente.
O ΣETR dos minérios friável e compacto varia de 12.27 a 30.49 (média de 16.58) e de
2.81 a 51.51 (média de 16.78) ppm, respectivamente (Fig. 7.8). Ambas as amostras têm
valores mais altos de ETRL do que ETRP. A média dos ΣETRL e dos ΣETRP para o minério
friável é 14.93 e 1.65 ppm, respectivamente, e para o minério compacto é 15.94 e 0.84 ppm.
Figura 7.8. Gráfico da média de elementos-traço do minério de ferro friável e compacto do Depósito N8,
normalizado pela média da formação ferrífera (n=7) de Lindenmayer et al. (2001) para o mesmo depósito.
86
Os padrões dos ETR normalizados ao condrito (Nakamura 1974) dos minérios de ferro
compacto e friável são apresentados na Fig. 7.9. O minério friável é enriquecido em ETRL
(LaN/SmN=3.46-7.77, média de 5.67) e empobrecido em ETRP (GdN/YbN=1.67-4.52, média
de 2.89). O minério compacto é bastante enriquecido em ETRL (LaN/SmN=3.66-23.65, média
de 14.18) e pouco empobrecido em ETRP (GdN/YbN=1.10-1.91, média de 1.59), exceto a
amostra 92, que é bastante empobrecida (GdN/YbN=5.66).
As anomalias de Eu do minério compacto são positivas, variando de 1.08 a 3.04
(média de 1.93). Para o minério friável a anomalia de Eu também é positiva, variando entre
1.12 a 1.56 (média de 1.39). Os padrões médios de distribuição dos ETR dos minérios de
ferro friável e compacto e da média da formação ferrífera de Lindenmayer et al. (2001) têm
tendências similares, porém os minérios são mais enriquecidos em ETR (Fig. 7.10). O
minério friável é sempre mais enriquecido em ETR do que o minério compacto, exceto para o
La, que tem valor semelhante, e para o Ce, cujo valor é maior no compacto.
A B
B
Figura 7.9. Gráficos de distribuição dos elementos terras raras dos minérios de ferro do Depósito N8,
normalizados ao condrito (Nakamura 1974). A. Minério Friável. B. Minério compacto.
87
Figura 7.10. Gráfico da média dos ETR dos minérios de ferro friável e compacto do Depósito N8 e da média da
formação ferrífera (BIF) de Lindenmayer et al. (2001), normalizados ao condrito (Nakamura 1974).
88
8 - PROVENIÊNCIA SEDIMENTAR E GEOCRONOLOGIA DA
UNIDADE CANINANA
Minerais Pesados
11
4 5
0,2 mm
Figura 8.1. Imagens por elétrons retroespalhados de cristais de zircão detríticos da Unidade Caninana
(provenientes de testemunho de sondagem F-780 N5S, profundidade de 111,45 m). Canto superior esquerdo:
zircão zonado; direita inferior: zircão fraturado; Canto inferior direito: zircão elongado com superfície
arredondada na terminação inferior. Grande parte da angulosidade dos zircões é efeito de corte devido à
preparação (corte e polimento) para a datação.
Cristais com duas direções de clivagem que fazem ângulo de 90º entre si, substituídos
por clorita, sericita e quartzo, são interpretados como piroxênio intemperizado ou alterado
hidrotermalmente (Figs. 8.2C-D). Grãos cloritizados com duas direções de clivagem com
90
ângulo de 60° entre si provavelmente deveriam ser anfibólio. Estes minerais devem ser
derivados de rochas máficas da Formação Parauapebas.
Fragmentos Líticos
Os fragmentos líticos são formados por jaspelito, quartzito, quartzo de veio, vulcanito,
minério de ferro, quartzo xisto, granitóide, anfibolito e silexito. A preservação destes
fragmentos, alguns dos quais bastante instáveis diante da erosão e transporte fluvial, que foi o
caso para a Unidade Caninana - ver capítulo 11 (Discussão) -, indica transporte relativamente
curto e área-fonte próxima.
A B
Mc
Qz
Qz
Qz
Qx
Cl
0,1 mm 0,2 mm
C D
Cl
Cl
Cl
0,7 mm 0,7 mm
Figura 8.2. Fotomicrografias de minerais e fragmentos líticos que compõem o arcabouço e/ou matriz das rochas
da Unidade Caninana. A. Grãos subarredondados a arredondados de zircão (seta azul) e subangulares de quartzo
(Qz). LTND. B. Grão de microclina (Mc) parcialmente alterado para sericita e fragmento de quartzo xisto (Qx).
LTNC. C e D. Clorita (Cl) que é produto da alteração de piroxênio, quartzo (Qz) e sericita (setas amarelas), esta
última disposta ao longo dos traços de clivagem aproximadamente ortogonais. LTND (C) e LTNC (D).
91
Os clastos de jaspelitos, minério de ferro e chert são os mais angulosos e os de
maiores dimensões, evidenciando transporte curto. Esses clastos, assim como vulcanitos
intemperizados e/ou cloritizados, são interpretados como derivados do Grupo Grão-Pará.
Minerais Leves
92
Tabela 8.1. Dados composicionais de U e Th e idades obtidas pelo método U-Pb SHRIMP para zircões
detríticos (n=79) da Unidade Caninana.
Idade Idade
U Th (Ma) Erro U Th (Ma) Erro
Zircão Th/U 207 Zircão Th/U 207
(ppm) (ppm) Pb/ (Ma) (ppm) (ppm) Pb/ (Ma)
206 206
Pb Pb
93
Figura 8.3. Diagrama cumulativo de idades (207Pb/206Pb) de 79 cristais de zircão detríticos, mostrando os grupos
principais de fontes sedimentares: 2877 Ma (Mesoarqueano), 2735 Ma (Neoarqueano) e 2055-2123 Ma
(Riaciano).
94
Zircões Detríticos
Os cristais de zircão mesoarqueanos, com idades entre 2972 ± 10 a 2824 ± 11 Ma, são
interpretados como derivados de rochas do Domínio Rio Maria, o que indica fluxo de
correntes desde o sul e sudoeste. O primeiro e o segundo ciclo de geração de granitóide-
greenstone do Domínio Rio Maria têm entre 3.05 a 2.96 Ga e 2.85 a 2.87 Ga, respectivamente
(Pimentel & Machado 1994, Macambira & Lafon 1995). Também podem ser oriundos de
granitóides que não possuem idades estabelecidas, que são por isso agrupados no Complexo
Xingu (Machado et al. 1991, Santos 2003). Nascimento et al. (2009) interpreta que os
migmatitos que cortam rochas metabásicas da Serra Leste são granitos sintectônicos,
reinterpretando a idade de 2.85 Ga de Machado et al. (1991) como a de cristalização. Desse
modo, paleocorrentes provindas de nordeste e leste também são possíveis.
Os cristais de zircão com idades entre 2.76 a 2.74 Ga provavelmente são derivados de
rochas do Supergrupo Itacaiúnas (principalmente do Grupo Grão-Pará) e do Grupo Rio Novo,
situado a leste. Para o Grupo Grão-Pará, as idades de 2759 ± 2 Ma e 2758 ± 39 Ma foram
encontradas por Machado et al. (1991) e Wirth et al. (1986), respectivamente. Machado et al.
(1991) obtiveram a idade de 2761 ± 3 Ma para o Grupo Igarapé Salobo e 2732 ± 3 Ma para o
Grupo Igarapé Pojuca. Galarza et al. (2001) obtiveram idades de 2747 ± 1 e 2745 ± 1 Ma para
rochas do Grupo Igarapé Bahia. A idade mínima do Grupo Rio Novo é limitada pela idade da
intrusão do Complexo Máfico-Ultramáfico Luanga (2763 ± 6 Ma, Machado et al. 1991), pelo
qual é truncado.
As idades entre 2.76 e 2.74 Ga dos zircões detríticos também podem ser atribuídas a
granitos sintectônicos. A idade do Granito Estrela é 2763 ± 7 Ma (Barros et al. 2004), a do
Granito Planalto é 2747 ± 2 Ma (Huhn et al. 1999), e a do Granito Serra do Rabo é 2743 ± 2
Ma (Sardinha et al. 2001). O Granito Plaquê (2736 ± 24 Ma, Avelar et al. 1999), o Diorito
Cristalino (2738 ± 6 Ma, Huhn et al. 1999) e o Granito Geladinho (2688 ± 11 Ma, Barbosa et
al. 2001) podem ser as fontes dos zircões detríticos de idades entre 2.73 a 2.67 Ga,
considerando a margem de erro.
Dois cristais de zircão detríticos, um com 2655 ± 10 e outro de 2640 ± 24 Ma, podem
ser derivados de diques e soleiras de gabro de 2645 ± 12 Ma que cortam a Formação Águas
Claras (Dias et al. 1996).
95
O zircão detrítico de 2543 ± 19 Ma pode ser oriundo do Granito Itacaiúnas (2560 ± 37
Ma, Souza et al. 1996), mais também se aproxima da idade do Granito Velho Salobo (2573 ±
2 Ma, Machado et al. 1991).
96
9 - A RELAÇÃO ENTRE A UNIDADE CANINANA E A
MINERALIZAÇÃO EM FERRO
97
A B
J
Fe
Fe V
C
Br C
Br 1 cm
Br Qz
Br
B
Fig. 10.1B
He J
3 cm
1 cm 0,2 mm
E
D
Qz
Hml
Qz
Ha 0,15 mm
0,15 mm
Figura 9.1. A. Conglomerado com clastos de jaspelito (J), minério de ferro compacto (Fe), vulcanito
intemperizado (V) e brecha de minério (Br), esta com fragmentos de jaspelito e minério de ferro compacto. B.
Detalhe do clasto de brecha de minério com fragmentos angulosos de minério de ferro compacto (Fe) e jaspelito
(J), ambos cortados por vênula de hematita (seta). C. Fotomicrografia da vênula de hematita especular (He) com
quartzo (Qz) que corta a matriz da brecha de minério (Br) e um fragmento de jaspelito (J). LRND. A maioria dos
cristais de hematita têm o maior comprimento disposto perpendicularmente à parede da vênula. D.
Fotomicrografia de fragmento de minério de ferro compacto, formado por hematita microlamelar (Hml) e
envolvido pela matriz da brecha, que é formada por quartzo granoblástico (Qz) e hematita anédrica (Ha). LRND.
E. Idem fotomicrografia 9.1D com LTNC, mostrando cristais de quartzo anédricos com extinção ondulante.
98
Clastos de martita com relictos de magnetita (Figs. 9.2D) e/ou kenomagnetita, alguns
dos quais bastantes porosos e com arranjo em treliça (Fig. 9.2E), e fragmentos de jaspelito
parcialmente mineralizados em ferro (Fig. 9.2F) são componentes comuns das rochas
rudíticas e psamíticas da Unidade Caninana.
A Unidade Caninana também é cortada por veios de quartzo com clorita (Fig. 9.3A),
tal como verificado no furo F3 do Depósito N8 (prof. 306.6 m), no contato com a Formação
Parauapebas, no topo. Ocorrem dois tipos de veios de quartzo com clorita. No primeiro a
clorita tem cor de interferência azul cinzento e trama granoblástica (Fig. 9.3B), com cristais
menores que 0.1 mm (média de 0.03 mm). O segundo tipo de veio trunca o primeiro, e a
clorita tem cor de interferência roxa e os cristais podem ter arranjos radiais, com 0.1-2 mm,
em média (Fig. 9.3C). Localmente ocorrem cristais milimétricos de monazita.
Discussão
Os tipos e tramas dos óxidos de ferro dos fragmentos de minério, rochas mineralizadas
e das vênulas, encontrados nas rochas da Unidade Caninana assemelham-se com os do
minério de ferro do Depósito N8 (capítulo 7) e de outros depósitos da Serra Norte (Figueiredo
e Silva 2004).
Diversos autores (Dalstra & Guedes 2004, Lobato et al. 2005) atribuem uma origem
hipogênica, hidrotermal, para a mineralização de ferro de Carajás, mas sua idade ainda é
motivo de discussão. Lobato et al. (2005) sugerem que o evento de enriquecimento
hidrotermal está associado a fluidos derivados de granitos alcalinos paleoproterozóicos.
Os veios de quartzo com clorita e quartzo com estrutura em pente que cortam a
Unidade Caninana podem, considerando a idade de deposição da Unidade Caninana, estar
relacionados com a granitogênese paleoproterozóica de 1.88 Ga.
99
A B
J
Fe
Ch
Hml
Ha
0,2 mm 2 cm
C D
Qz
Mgt
Ha
Mt
Ch
Hml
0,1 mm 0,1 mm
E F
Hml
0,02 mm 0,04 mm
Figura 9.2. A. Fotomicrografia de fragmento de minério de ferro compacto formado por agregados de hematita
microlamelar (Hml) com porções de hematita anédrica (Ha) microgranoblástica, provavelmente martita
recristalizada. LRND. B. Conglomerado polimítico com clasto de chert (Ch) cortado por vênulas de hematita em
padrão stockwork que não cortam a matriz. Os outros clastos são de minério de ferro compacto (Fe) e jaspelito
(J). C. Fotomicrografia do clasto de chert (Ch) cortado por vênula de hematita anédrica (Ha) microgranoblástica,
que por sua vez é cortada por vênula de quartzo (Qz) com hematita microlamelar (Hml). LRND. D.
Fotomicrografia de clasto de martita (Mt) com relictos de magnetita (Mgt). LRND. E. Fotomicrografia de grão
de martita esqueletal ou em treliça. LRNC. F. Fotomicrografia de clasto de jaspelito rico em hematita
microlamelar (Hml). LRND.
100
A B
Cl
B
Qz
0,1 mm
Cl
Qz
0,5 cm 0,2 mm
D E
J
Qz
J Qz
Ar 0,07 mm
Figura 9.3. A. Conglomerado cortado por veios de quartzo com clorita. B. Fotomicrografia de veio de quartzo
(Qz) com clorita (Cl) microcristalina. LTNC C. Fotomicrografia de veio de quartzo (Qz) com clorita (Cl) em
arranjo radial. LTNC. D. Arenito (Ar) cortado por veio de quartzo (Qz) – 598951/9321002 . E. Fotomicrografia
de clasto de jaspelito com a banda de jaspe (J) cortada por veio de quartzo (Qz) e hematita (vermelho) que não
corta a matriz da rocha. LRNC.
101
10 – INTERAÇÃO ENTRE O VULCANISMO PARAUAPEBAS E A
FORMAÇÃO CARAJÁS: PEPERITOS
Peperito (Fisher 1960 in McPhie et al. 1993) é uma rocha gerada pela mistura de lava
coerente ou magma com sedimentos inconsolidados “encharcados” (wet), caracterizados por
uma textura clástica em que um dos componentes pode formar a matriz. Intrusões associadas
a peperitos são sin-sedimentares ou sin-vulcânicas (McPhie et al. 1993). Peperitos são
componentes importantes de sequências vulcanossedimentares, principalmente daquelas de
ambiente subaquoso (Hanson & Wilson 1993).
A sequência de formação ferrífera é truncada por rocha intrusiva que forma uma
matriz que envolve os fragmentos rompidos e contorcidos da própria intrusão e da formação
ferrífera bandada (Figs. 10.1A-B), localmente formando textura do tipo quebra-cabeça (jigsaw
texture), tal como na Fig. 10.2C. A alteração hidrotermal substituiu totalmente os minerais
primários da rocha intrusiva, que agora é formada por clorita magnesiana (clinocloro),
magnetita, carbonato, muscovita e, localmente, pirita e óxido de titânio.
102
2 cm
Figura 10.1. Testemunhos de sondagem do furo N4W 1332 que mostram a interação entre as rochas vulcânicas
da Fm. Parauapebas e jaspelitos da Formação Carajás. A) Contato brusco entre a BIF e o peperito, onde a matriz
de rocha vulcânica hidrotermalizada (preto) envolve fragmentos de BIF. B) Peperito formado pela matriz de
rocha vulcânica hidrotermalizada (preto) que envolve fragmentos bandados contorcidos de BIF. C) BIF truncada
por veios/vênulas de calcita e magnetita relacionados à alteração hidrotermal. D) Peperito com maior quantidade
de fragmentos de BIF e matriz de jaspe intensamente hidrotermalizada (veios de calcita e magnetita).
Jp
Mgt
Crb
Ch
0,3 mm J 0,3 mm
C D Vu
M
M
J
Jp
1 cm 1 cm
Figura 10.2. A. Fotomicrografia de carbonato (Crb) que substituiu jaspe (Jp) ao longo do bandamento.
Mgt=magnetita. LTND. B. Fotomicrografia de magnetita (Mgt) e pirita (Py) sobrecrescidos em jaspe (J). LRND.
C. Peperito formado por matriz (M) de rocha vulcânica hidrotermalizada que envolve e invade fragmentos de
jaspelito (J). Notar a apófise da matriz que invadiu o jaspelito (seta). D. Peperito com matriz (M) de jaspe e
carbonato (hidrotermal) que envolve fragmentos de jaspelito, jaspe (Jp) e rocha vulcânica (Vu) hidrotermalizada.
104
A B
Mgt
Clr
Clr
0,7 mm Ch 0,7 mm
C D
Py Clr
Crb
Clr
0,3 mm 0,3 mm
E F
Mgt Clr
J
0,2 mm
J
Crb Clr 0,15 mm 2,5 cm
Mus
0,3 mm 2,5 cm
Figura 10.3. A. Fragmentos irregulares e em cúspide de rocha vulcânica cloritizada (Clr), envolvidos por uma
matriz de magnetita. Notar o incipiente bandamento por fluxo ígneo. LTND. B. Fragmentos irregulares de rocha
vulcânica hidrotermalizada (Clr) e chert (Ch). LTND. C. Fotomicrografia de vesículas preenchidas por
carbonato (Crb), Clorita (Clr). Py=pirita. LTND. D. Idem fotomicrografia 10.3C, com LTNC. E.
Fotomicrografia de fragmento rompido e afilado de rocha vulcânica hidrotermalizada. Clr=Clorita,
Mus=muscovita e Mgt=magnetita. LTND. F. Jaspelito (J) cortado por intrusão ígnea posteriormente cloritizada
(Cl). Veios de calcita (Ca) com magnetita são tardios.
105
No caso de Carajás, a pilha de sedimentos ferruginosos que deram origem às
formações ferríferas foi truncada pelo magma ascendente e soleiras associadas ao vulcanismo
Grão-Pará. O peperito é associado a soleiras e intrusões irregulares, pois os mesmos
apresentam contato brusco com a formação ferrífera da base e do topo. As feições
apresentadas pela matriz do peperito, tal como vesículas e shards, indicam que originalmente
se tratava de uma intrusão rasa (McPhie et al. 1993). A posterior alteração hidrotermal
substituiu os minerais primários preexistentes, mas não obliterou totalmente as estruturas
desenvolvidas durante a intrusão.
Peperitos, portanto, são diferentes das intrusões que invadem a rocha no estado sólido,
tal como na Fig. 10.3F, onde o jaspelito é truncado por rocha ígnea intrusiva que foi
posteriormente cloritizada.
106
11 – DISCUSSÃO
Formação Parauapebas
108
texturas ígneas (porfirítica, amigdaloidal, glomeroporfirítica, ofíticas, subofíticas) também
podem estar preservadas. As rochas máficas cloritizadas foram, portanto, basaltos que foram
cloritizados ou por processos de alteração hidrotermal de fundo submarino e/ou relacionados
à mineralização em ferro, e mesmo por metamorfismo (Zucchetti 2007).
109
Formação Carajás
Os esferulitos com núcleos hematíticos envoltos por chert e/ou quartzo microcristalino
(primeiro tipo) são bastante semelhantes às esférulas do tipo I descritos por Grenne & Slack
(2003), que as interpretam como provavelmente formadas dentro de uma pluma hidrotermal.
Os esferulitos ricos em hematita e com estrutura concêntrica (segundo tipo) são semelhantes
às esférulas do tipo II de Grenne & Slack (2003), cuja interpretação é de que as mesmas se
formaram durante os últimos estágios de maturação do gel no fundo oceânico. Para os
autores, os esferulitos são formados ou a partir da ação microbial ou do efeito catalítico de
oxi-hidróxidos de ferro na precipitação de sílica. Macambira (2003) interpreta os esferulitos
da mina N4E, em Carajás, como formados a partir da atividade biológica, com possível
produção de oxigênio para a precipitação de ferro.
110
Formação Águas Claras
Unidade Caninana
Áreas-fonte proximais são representadas por rochas do Domínio Carajás, cujas idades
de formação apresentam boa correlação com as idades entre 2543 a 2764 Ma obtidas dos
111
zircões detríticos. Cristais de zircão detríticos com idades entre 2228 a 2011 Ma são
interpretados como derivados de rochas do Domínio Bacajá, representando a área-fonte mais
distal e indicando paleocorrentes de norte para sul. Paleocorrentes desde sul, sudoeste,
nordeste e leste são inferidas pelos zircões com idades entre 2972 e 2824 Ma, que são
possivelmente atribuídos às rochas do Domínio Rio Maria e Complexo Xingu.
Poucos estudos foram realizados nas rochas clásticas da região sul da Serra Norte, que
neste trabalho são denominadas de Unidade Caninana. Baseado em aspectos estruturais e
petrológicos e sem o suporte geocronológico, essas rochas foram interpretadas como
pertencentes às formações Gorotire (Beisiegel et al. 1973, Lima & Pinheiro 2001), Rio Fresco
(Hirata et al. 1982), Águas Claras (DOCEGEO 1988), Igarapé Boa Sorte (Macambira 2003) e
ao Grupo Rio Fresco (Silva et al. 1974).
112
Geologia Estrutural
113
e oblíquos, associados a uma superfície de cisalhamento inclinada, sugerem um modelo de
‘transpressão inclinada’ para a ZCC (Jones et al. 2004). Entretanto, no segmento próximo ao
Rio Parauapebas a zona de cisalhamento é vertical a subvertical. O particionamento da
deformação provavelmente foi induzido pela anisotropia reológica e estrutural (bandamento e
dobras D1) preexistente.
A Falha Carajás foi reativada como falha reversa após a formação da Unidade
Caninana, pois a mesma colocou o Grupo Grão-Pará sobre a primeira, como verificado na
região da Bocaina. Esta fase de reativação (Fase D3) gerou a Falha Caninana, principal falha
inversa que colocou o Grupo Grão-Pará sobre a Unidade Caninana. Não há evidência se o
basculamento da Falha Caninana (Fig. 5.4F) ocorreu durante ou após a geração da mesma.
A análise dos furos de sondagem que cortam a Unidade Caninana, no Depósito N5S,
permite afirmar que a mesma ocorre como um corpo descontínuo lateral e longitudinalmente.
Diante disso, ocorre a sobreposição de formação ferrífera sobre formação ferrífera pela
mesma falha que colocou Formação Carajás sobre a Unidade Caninana (Fig. 5.8), indicando
que houve espessamento da Formação Carajás por ação de uma tectônica compressiva
paleoproterozóica. Poderia esta deformação compressional ter afetado a Formação Carajás em
outros depósitos, causando falhamentos internos e ter contribuído para o aumento das
espessuras de formação ferrífera existentes na região de Carajás?
A Fase D4 é rúptil e trunca as estruturas das fases anteriores. Pinheiro & Holdsworth
(2000) atribuem que conjuntos de fraturas NE-SW e N-S são do Proterozóico Médio a
Superior, sendo associados à intrusões de diques e corpos graníticos.
Evolução Geotectônica
115
No Paleoproterozóico (Orosiriano) houve a formação da Bacia Caninana, que recebeu
aporte de sedimentos oriundos dos domínios Carajás, Bacajá e Rio Maria, provavelmente
controlada por reativações extensionais da Falha Carajás. Esforços compressivos após a
deposição da Unidade Caninana reativaram a Falha Carajás e geraram falhas inversas que
causaram inversão estratigráfica anteriormente a 1880 Ma, visto que a Falha Carajás é
truncada pelo Granito Central Carajás.
Com base em dados Rb-Sr, K-Ar e 40Ar/39Ar em biotita, alguns autores interpretaram
que a Província Mineral Carajás já foi afetada pelo Ciclo Transamazonas (Silva et al. 1974,
Gomes et al. 1975, Tassinari et al. 1982, Cordani et al. 1984). Estes autores obtiveram idades
entre 1900 a 2000 Ma, das quais propuseram modelos evolutivos que englobavam a formação,
estruturação e deformação da Província Mineral Carajás no Ciclo Transamazonas.
Posteriormente, essas idades foram interpretadas por outros autores como sendo
reflexos de processos extensionais associados aos granitos anorogênicos de 1880 Ma
(Macambira & Lafon 1995), descartando a possibilidade de a Província Mineral Carajás ter
sido afetada pelo Ciclo Transamazonas.
Entretanto, a idade da tectônica que afetou a Unidade Caninana (Fase D3), situada
entre 1880 e 2011 Ma, pode ser correlacionada com as idades em torno de 1950 Ma obtidas
por Silva et al. 1974, Gomes et al. 1975, Tassinari et al. 1982 e Cordani et al. 1984. Sendo
assim, estas idades poderiam ser atribuídas ao resfriamento e estabilização cratônica após o
Ciclo Transamazonas ter afetado a PMC.
116
Se a PMC foi afetada pelo Ciclo Transamazonas, o mesmo não atingiu temperaturas
acima de 250°C, pois não foi detectado pelos métodos U-Pb em titanita e monazita (Machado
et al. 1991) e 40Ar/39Ar em anfibólio (Renne et al. 1988). Isto é corroborado pela ausência de
recristalização metamórfica na matriz das rochas da Unidade Caninana.
Desse modo, é proposto que o Ciclo Transamazonas tenha afetado a PMC em dois
estágios: primeiro durante à amalgamação dos bloco Bacajá e Carajás, que propiciou
condições propiciou para a deposição e formação da Unidade Caninana, que seria uma bacia
foreland do orógeno transamazônico Bacajá, localizado a norte; no segundo, provavelmente a
fase tardi-tectônica e pós-granitogênese Bacajá, gerou falhas inversas e reativou falhas D2 que
afetaram a própria Unidade Caninana e o Grupo Grão-Pará, caracterizando a Fase D3.
Por fim, sugere-se que linhas de pesquisas sejam direcionadas nos seguintes temas:
40
- datações K-Ar e Ar/39Ar em muscovita que constituem a matriz das rochas da
Unidade Caninana, com o objetivo de melhor balizar a idade de deposição da mesma;
- análise estrutural regional e de detalhe para definir qual o papel das falhas D3 na
estruturação da Província Mineral Carajás, bem como sua importância local no espessamento
117
de camadas, como visto no Depósito N5S, haja vista a dificuldade de diferenciar estas
estruturas daquelas da Fase D2, devido à deformação de ambas as fases serem coaxiais.
12 - CONCLUSÃO
A região sul da Serra Norte é formada por rochas pertencentes ao Grupo Grão-Pará
(Supergrupo Itacaiúnas), neoarqueno, e a uma nova unidade paleoproterozóica, denominada
Unidade Caninana. O Grupo Grão-Pará é representado pela intercalação da Formação Carajás
(jaspelito e minério de ferro hematítico de alto teor) em rochas vulcânicas máficas da
Formação Parauapebas, esta última sobreposta por siltitos da Formação Águas Claras. A
Unidade Caninana é formada por rochas sedimentares clásticas (arenitos, conglomerados) que
representam uma ambiente deposicional fluvial.
118
desenvolvidas num regime dúctil-rúptil, provavelmente num evento progressivo e afetaram
somente o Grupo Grão-Pará; a fase D3 é paleoproterozóica, de natureza rúptil e afetou todas
as unidades.
A fase D1 é caracterizada por dobras abertas a suaves de eixo geral subhorizontal NW-
SE, parasíticas do flanco norte da Dobra de Carajás, que sugerem um encurtamento de direção
NE-SW. A Fase D2 relaciona-se com o desenvolvimento da Zona de Cisalhamento Carajás,
de direção NW-SE, que formou dobras reclinadas com caimento para SW e padrão em “S”,
sinistrais, e zonas de cisalhamento transpressivas, onde a principal delas é a Falha Carajás. A
Fase D3 é representada por falhas inversas e reativações das falhas D2, as quais causaram
inversão estratigráfica e, localmente, espessamento de camadas, muito provavelmente
relacionadas ao Evento Transmazônico. A Fase D4 é definida por falhas normais verticais e
lineamentos estruturais de direção NNE.
Clastos de minério de ferro compacto e clastos cortados por veios de óxidos de ferro
que não cortam a matriz nas rochas da Unidade Caninana sugerem ter havido mineralização
de ferro hidrotermal pré-2011 Ma.
O minério de ferro do Depósito N8 é de alto teor (± 66% de Fe), com baixa ganga,
sendo classificado em friável e compacto. Os principais minerais-minérios são a hematita,
seguido por kenomagnetita e goethita. A hematita pode ocorrer nas formas microcristalina,
microlamelar, anédrica, tabular e como martita. Os minérios estão enriquecidos, em relação
ao protominério, em Ba, Sr, Y e ΣETR. A porosidade é principalmente asssociada a
agregados de hematita microlamelar (intergranular) e a cristais de magnetita martitizados e
goethita microcristalina (intragranular).
O minério compacto possui teor médio de 66,9% de Fe, porosidade baixa, trama
microgranoblástica a decussada e estrutura maciça ou laminada. Proporções variáveis de
goethita e magnetita (kenomagnetita) permitem classificá-lo em hematítico-martítico
(principal tipo), hematítico-kenomagnetítico e martítico-goethítico.
119
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ANEXO – Mapa Geológico da Região Sul da Serra Norte, Província Mineral Carajás
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