Capítulos Livro Controladoria Estratégica
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Introdução
Bibliografia
1.4Funções da Controladoria
No contexto da administração financeira, a Controladoria serve como órgão de observação e
controle da cúpula administrativa, preocupando-se com a constante avaliação da eficácia e
eficiência dos vários departamentos no exercício de suas atividades. É ela que fornece os dados
e as informações, que planeja e pesquisa, visando sempre mostrar a essa mesma cúpula os
pontos de estrangulamento presentes e futuros que põem em perigo ou reduzem a rentabilidade
da empresa.
De acordo com o Financial Executive Institute, as principais atribuições da Controladoria
compreendem:
•estabelecer, coordenar e manter um plano integrado para o controle das operações;
•medir a performance entre os planos operacionais aprovados e os padrões, reportar
e interpretar os resultados das operações dos diversos níveis gerenciais;
•medir e reportar a eficiência dos objetivos do negócio e a efetividade das políticas,
estrutura organizacional e procedimentos para o atingimento desses objetivos;
•prover proteção para os ativos da empresa. Isso inclui adequados controles internos
e cobertura de seguros;
•analisar a eficiência dos sistemas operacionais;
•sugerir melhorias para a redução de custos;
•verificar sistematicamente o cumprimento dos planos e objetivos traçados pela
organização;
•analisar as causas de desvios e sugerir correção desses planos ou dos instrumentos e
sistemas de controle;
•analisar a adequação na utilização dos recursos materiais e humanos da
organização;
•em suma, revisar e analisar os objetivos e métodos de todas as áreas da organização,
sem exceção.
Kanitz, por sua vez, entende que as funções da Controladoria podem ser resumidas como
segue:2
Entende-se por esse conceito a utilização dos procedimentos contábeis como instrumentos
de “prestação de contas”. Daí surgiram os fundamentos para a Contabilidade Social e
Ambiental, divulgação dos atos de corrupção, fraudes e sonegação etc.
Com base nesse princípio, conclui-se que a Contabilidade está presente nas diversas formas
de prestação de contas. Exemplos:
•prestação de contas à sociedade das entidades sem finalidades lucrativas: caso
das universidades e hospitais públicos, corpo de bombeiros, delegacias de polícia
etc.;
•emissão dos relatórios financeiros de um condomínio residencial: no caso,
apesar de estar desobrigado de elaborar a contabilidade para fins fiscais e/ou
societários, o síndico deve prestar contas, aos condôminos, das atividades financeiras
e operacionais sob sua responsabilidade;
•delegação de autoridade e poder e necessidade de prestação de contas: a
autoridade e o poder são delegados por meio de toda a estrutura organizacional. O
processo inicia-se com a eleição pelos investidores de um Conselho de
Administração, o qual deve representar os acionistas, definir as diretrizes estratégicas
da entidade e garantir retorno adequado sobre cada investimento efetuado.
O Conselho de Administração seleciona os membros da Diretoria para a gestão dos
negócios da empresa, que, por sua vez, contrata os gerentes responsáveis pelos diversos
departamentos.
Os gerentes selecionam seus supervisores, e assim sucessivamente, formando a cadeia
de accountability por meio da estrutura organizacional.
As responsabilidades de cada um são, portanto, determinadas em todos os escalões da
organização. Simultaneamente, são delegados poderes específicos e fornecidos os recursos
necessários ao cumprimento das tarefas, visando alcançar o sucesso na obtenção e superação
das metas.
Dentro dessa cadeia de accountability, a expectativa será sempre a gestão eficiente e eficaz
dos negócios da empresa, devendo todos estar engajados na consecução dos objetivos e das
metas estabelecidos dentro de seu âmbito de autoridade.
Para os níveis de chefia da empresa, as responsabilidades de cada cargo estão normalmente
explicitadas em descrição de cargos, que delimita claramente os níveis de autoridade e detalha
os resultados que a empresa espera obter.
Outros resultados esperados são derivados de padrões desenvolvidos com o intuito de
definir parâmetros de eficiência e eficácia na condução dos negócios.
A prestação de contas dos resultados alcançados corresponde à obrigação derivada dessa
delegação de autoridade. Esse processo é feito pela mensuração dos resultados reais apontados
pelo sistema de contabilidade da empresa e pela comparação desses resultados com os previstos
com base no desenvolvimento do plano estratégico e orçamentário, conjugados com as
demonstrações contábeis projetadas. Ver Figuras 1.4 e 1.5.
Agente Assume a responsabilidade de Delega a autoridade
Acionista Eleger o Conselho de Ao Conselho de Administração para
majoritário Administração da empresa administrar o negócio e nomear a diretoria
da empresa
Conselho de Gerir o negócio e nomear a À diretoria da empresa para dirigir as
Administração diretoria da empresa atividades do negócio e contratar a
gerência
Diretoria Dirigir o negócio e contratar a À gerência, para administrar o negócio e
gerência contratar supervisores e assistentes
Gerência Gerenciar o negócio e contratar Aos supervisores e assistentes, para
supervisores e assistentes executar as atividades operacionais do
negócio
Supervisores e Executar as atividades
assistentes operacionais do negócio
Figura 1.4Cadeia da accountability – responsabilidade e autoridade.
_____________
1
BEUREN, Ilse Maria; MOURA, Verônica de Miglio. O papel da controladoria como suporte ao processo de
gestão empresarial. Revista Brasileira de Contabilidade, Brasília, p. 60, nov./dez. 2000.
2
KANITZ, Stephen Charles. Controladoria: teoria e estudos de casos. São Paulo: Pioneira, 1977.
3
TUNG, N. H. Controladoria. São Paulo: Edusp, (s.d.).
4
NAKAGAWA, Masayuki. Introdução à controladoria: conceitos, sistemas e implementação. São Paulo:
Atlas, 1993.
2 CONTROLADORIA ESTRATÉGICA
A origem da palavra estratégia vem dos campos de batalhas travadas pelos antigos gregos,
e seu significado era “a arte dos generais”. Isso porque na antiga Grécia denominava-se
de estrategos os comandantes supremos escolhidos para planejar e fazer a guerra.
No ambiente empresarial, estratégia é uma forma de pensar no futuro, uma atividade que
deve estar integrada no processo decisório das organizações e que envolve o profundo
conhecimento do negócio e a verificação sistemática de tendências.
2.1Considerações iniciais
Autores e consultores de empresas consagrados mundialmente, como Igor Ansoff, Michael
Porter, Henry Mintzberg, entre outros, há décadas divulgam o conceito da estratégia como um
instrumento para a obtenção da vantagem competitiva sustentada pelas organizações e mesmo
entre as nações.
Nas variadas ópticas, a definição mais comum de estratégia é de que se trata de um conjunto
deliberado de ações orientadas para desenvolver e manter as vantagens competitivas. E
competitividade é a capacidade de a empresa formular, implementar e divulgar estratégias
concorrenciais que lhe permitam manter ou ampliar, de forma duradoura, uma posição
sustentável no mercado.
Nessas circunstâncias, pensar em uma Controladoria Estratégica significa, em primeiro
lugar, a necessidade de planejar estrategicamente, o que exige do controller a posse das
informações e alta dose de sensibilidade para a correta identificação das ameaças e das
oportunidades que surgem a todo o momento no ambiente empresarial.
Implica, ainda, que o Controle Estratégico deve representar uma filosofia de gestão que
procura contemplar todas as estratégias de longo prazo, levando em consideração tudo o que for
vital para a sobrevivência e o aumento da capacidade competitiva.
Para o Prof. Dr. Eliseu Martins,
1
“um compromisso muito forte na Contabilidade Estratégica diz respeito com o longo prazo, à
obrigação de começar a introduzir indicadores, procurar identificar quais são, implantar
acompanhamento para verificar as aderências da empresa com relação ao seu plano estratégico e
uma ampliação muito forte para que passem a agregar informações, além das monetárias, as
físicas, de produtividade, de qualidade, amplamente subjetivas”.
Nesse contexto, a Controladoria tem que se preocupar com os clientes, fornecedores,
empregados, acionistas, sociedade em geral e, mais uma coisa importante, com os concorrentes.
Como já ressaltado, a Controladoria existe nas empresas principalmente para facilitar aos
administradores o desenvolvimento e a implementação da estratégica empresarial.
2.2Conceito de estratégia e as implicações para a Controladoria
A estratégia foi conceituada por diversos autores como o processo pelo qual os gestores das
organizações, usando uma projeção de três a cinco anos, avaliam as oportunidades ambientais
externas, assim como a capacidade e os recursos internos a fim de se decidirem sobre metas e
sobre um conjunto de planos de ação para realizar essas metas.
Por esse prisma, o moderno gerenciamento das corporações deve constituir-se em um
processo cíclico contínuo de:
•formular estratégias;
•comunicar essas estratégias por toda a organização;
•desenvolver e pôr em prática táticas para implementar as estratégias; e
•desenvolver e implementar controles para aprimorar as etapas da implementação e depois
o sucesso no alcance das metas estratégicas.
A Controladoria é vital para o planejamento a longo prazo de qualquer tipo de organização,
com ou sem finalidades lucrativas. Fatores como a atual competitividade do mundo dos
negócios, a globalização da economia, a abertura das fronteiras comerciais, a crescente
preocupação com a ecologia e os aspectos sociais, entre outros, exigem um gerenciamento cada
vez mais eficiente e eficaz das entidades.
Para poder contribuir com sucesso nessa missão, a Controladoria deve exercer um papel
preponderante, apoiando e fornecendo subsídios para os diversos gestores no planejamento e
controle das atividades operacionais, comerciais, financeiras, administrativas, tributárias etc.,
por meio da manutenção de um sistema de informações que permita integrar as várias funções e
especialidades.
Um esquema hierárquico para as diversas atividades de planejamento e controle realizadas
pelas organizações pode ser citado como segue:
Planejamento Processo de decidir objetivos da organização, mudanças nesses objetivos,
estratégico recursos para atingir tais objetivos e políticas a governar a aquisição, uso e
disposição desses recursos.
Controle Processo pelo qual os gerentes asseguram que os recursos são obtidos e
gerencial usados eficaz e eficientemente, na consecução dos objetivos da
organização.
Controle Processo de assegurar que tarefas específicas sejam levadas a cabo de
operacional modo eficaz e eficiente.
Figura 2.1As diversas atividades de planejamento e controle.
entre o que é estratégico, o que recai no nível tático e o que vem a ser nível operacional, da
seguinte maneira:
a)nível estratégico: vem a ser o processo de decidir sobre:
•os objetivos da organização;
•alterações desses objetivos;
•os recursos necessários para alcançá-los; e
•as políticas que governam sua aquisição e utilização.
As decisões estratégicas são tomadas e formuladas para um período usualmente longo
e não têm características repetitivas.
b)nível tático: controle gerencial, que seria “o processo pelo qual os gerentes se asseguram
de que os recursos são obtidos e utilizados eficazmente para o cumprimento dos objetivos
da organização”;
c)nível operacional: nota-se o controle operacional, ou seja, “o processo que visa
assegurar que tarefas específicas sejam executadas eficiente e eficazmente”.
Usualmente, os sistemas de informações contábeis e gerenciais são delineados e
implantados tendo em vista atender aos níveis operacional e tático. É difícil para tais sistemas
incluir o estratégico, pois os resultados e objetivos a serem alcançados, e que fazem parte do
planejamento estratégico, não são facilmente mensuráveis em unidades monetárias, pelo menos
de forma mais detalhada, expressando-se melhor em unidades físicas e qualitativas.
O planejamento estratégico é formado, em seu alto nível, por metas mais qualitativas do que
financeiras. Dessa maneira, os contadores têm tido dificuldades em montar, dentro do sistema
de informação, cadastros capazes de indicar, pelo menos, o grau de desvio entre as metas
previstas e o que foi realizado em nível estratégico.
Beuren exemplifica da seguinte maneira o tipo de integração que deve existir no papel da
3
Significa, como meta estratégica, a meta de aumento da fatia de mercado, mesmo que à
custa de redução dos ganhos de curto e médio prazos ou do decréscimo das entradas de caixa.
Essa estratégia foi amplamente utilizada pelos empresários da indústria automobilística
japonesa.
Ao optar por tal meta, a empresa está disposta a ser uma usuária líquida de caixa, no sentido
de que o numerário gerado das operações atuais geralmente seria insuficiente para atender às
necessidades de investimentos de capital.
Em outras palavras, o fluxo de caixa seria negativo durante o prazo previsto para a obtenção
do sucesso dessa meta de crescimento, devido à necessidade de grandes investimentos, com
pouca geração, no início, de ganhos e caixa.
As organizações capitalizadas e agressivas, com pequena participação de mercado em
setores de grande crescimento, adotam essa meta estratégica. Exemplos: setor alimentício,
biotecnologia, telecomunicações etc.
2.Manter
Essa meta estratégica tem como objetivo principal a manutenção, a qualquer custo, da fatia
de mercado conquistada e da posição competitiva da unidade de negócio. As organizações
valem-se de diversos recursos para se proteger contra as ameaças dos concorrentes.
As empresas que detêm grandes participações em mercados já consolidados adotam,
geralmente, a meta de manutenção. Por exemplo, setor de computadores, mainframes.
O fluxo de caixa das unidades de negócio que adotam tal meta está quase sempre
equilibrado, ou seja, as entradas de recursos são mais ou menos equivalentes às saídas.
3.Colher
Our client is a leading European renewable and power company, living a great moment of
expansion in Brazil.
1998.
2
ANTHONY, Robert N. The management control function. Boston: Harvard Business School, 1988.
3
BEUREN, Ilse Maria. Gerenciamento da informação: um recurso estratégico no processo de gestão
empresarial. São Paulo: Atlas, 1998, p. 46.
4
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2000. p. 315.
3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Uma das funções básicas da Controladoria é comparar os resultados gerados pela atividade
com os que haviam sido projetados. Para que isso possa ser adequadamente executado, é
necessário o pleno conhecimento, por parte de toda a organização, dos objetivos estabelecidos e
da forma com que se pretende alcançá-los. A documentação dessas informações é feita por meio
do chamado Planejamento Estratégico, que será estudado neste capítulo e que se constituirá no
principal instrumento de orientação e controle de todas as atividades da empresa.
3.1Considerações iniciais
Compete à alta administração definir os objetivos da empresa, bem como as ações
requeridas para atingir esses objetivos. Em outras palavras: cabe aos executivos de alto nível
decidir o que fazer (traçar os objetivos) e dotar a organização das ferramentas necessárias para
fazer (ações requeridas).
Essa atividade gerencial, quando aplicada de forma organizada, dentro de certa
metodologia, recebe a denominação técnica de “planejamento estratégico”, o que requer, além
de planos mais detalhados para o período de curto prazo, um trabalho constante de reformulação
e aperfeiçoamento das projeções de médio e, principalmente, do longo prazo, de forma a
reconhecer e incorporar as alterações originalmente não previstas nos ambientes empresarial,
econômico, financeiro, mercadológico etc. nos quais a empresa está inserida.
3.2Conceito de planejamento estratégico
De modo geral, encontra-se na literatura especializada que a estratégia empresarial tem
como principais pilares:
•a determinação de metas, estratificando-as em: metas qualitativas, metas quantitativas e
metas integradas; e
•o conjunto de decisões, objetivos e políticas a serem adotadas para que tais metas sejam
atingidas.
A estratégia, no contexto do ambiente corporativo, é a determinação de metas básicas a
1
longo prazo e dos objetivos de uma empresa, bem como a adoção das linhas de ação e aplicação
dos recursos necessários para alcançar essas metas.
As estratégias corporativas podem ser determinadas por empresas, por linhas de negócios
e/ou produtos etc. ou por macrodecisões, tais como: conquista de mercado e market share,
projeção e desempenho nas perspectivas mercadológica, tecnológica, institucional,
administrativa, estrutural, de recursos humanos, financeira, de aquisição de empresas, de
parcerias estratégicas em forma de joint ventures, de aquisição ou participações em outras
empresas etc.
Dessa maneira, pode-se conceituar planejamento estratégico como o conjunto de objetivos,
finalidades, metas, diretrizes fundamentais e planos para atingir esses objetivos, coordenado de
forma a definir em que atividade se encontra a empresa, que tipo de empresa ela é ou deseja ser.
Na visão de Mosimann e Fisch, 2
“pode-se conceituar, então, planejamento estratégico como aquele planejamento que, centrado
na interação da empresa com seu ambiente externo, focalizando as ameaças e oportunidades
ambientais e seus reflexos na própria empresa, evidenciando seus pontos fortes e fracos, define
as diretrizes estratégicas”.
Utilizando outra conceituação, Thompson Jr. e Strickland III entendem que
3
Um fator-chave de sucesso representa um atributo do qual a entidade deve dispor para ser
bem-sucedida em seu ramo de negócios. Naturalmente, a especificação desses fatores depende
de forma direta da definição da missão da empresa. De modo geral, pode-se entender que um
fator-chave de sucesso é aquele com relação ao qual a empresa precisa obter um desempenho
pelo menos satisfatório para ser bem-sucedida.
Em uma empresa industrial, por exemplo, um fator importante para o sucesso pode estar
relacionado com a qualidade dos produtos fabricados e vendidos; já para outra que atue em
setores de alta tecnologia, a capacidade de inovação pode ser o fator fundamental.
Os fatores-chave de sucesso podem ser de natureza tanto quantitativa quanto qualitativa. A
imagem de uma empresa na comunidade e no mercado em que atua representa um fator
qualitativo; a obtenção de uma rentabilidade mínima sobre o capital investido caracteriza, neste
caso, um fator quantitativo.
A experiência indica que o número de fatores-chave de sucesso deve, o quanto possível, ser
reduzido.
Os fatores-chave de sucesso são essenciais para identificação e análise das variáveis
ambientais críticas internas e externas, razão por que a eles procuram-se vincular objetivos e
estratégias. Esse processo é fundamental para a eficácia do planejamento, à medida que vincula
esses fatores-chave a alternativas para a melhor alocação dos recursos disponíveis.
Uma vez identificados, os fatores-chave de sucesso devem ser postos em ordem decrescente
de importância. Nos tópicos seguintes da etapa de análise da situação será avaliado o
desempenho da empresa em relação a cada fator.
3.5.2Análise das variáveis ambientais críticas
Uma variável ambiental crítica representa um fator interno ou externo à entidade, cujo
comportamento impacta de forma positiva ou negativa um ou mais fatores-chaves de sucesso.
a)Variá veis ambientais críticas externas
Estas variáveis são representadas por fatores econômicos, políticos, sociais e tecnológicos
cujo comportamento pode afetar um ou mais fatores-chaves de forma positiva ou negativa e
gerar oportunidades ou ameaças para a empresa.
Ameaça, nesse contexto, é definida como uma situação desfavorável oriunda do ambiente
externo existente, que poderá prejudicar de forma quantitativa ou qualitativa o desempenho da
entidade em relação a um ou mais fatores-chave. Inversamente, Oportunidade consiste numa
situação favorável decorrente do ambiente externo que a entidade poderá aproveitar de forma
eficaz para melhorar quantitativa ou qualitativamente seu desempenho relativamente a um ou
mais fatores-chave.
Analisando uma empresa industrial, verifica-se que a qualidade dos produtos é um fator-
chave; a questão que se segue é: quais as variáveis ambientais externas que podem afetar a
qualidade dos produtos fabricados pela empresa? É de esperar, naturalmente, que a variável
“ritmo das mudanças tecnológicas” afete essa qualidade. Dependendo do comportamento dessa
variável, ela tanto poderá gerar oportunidades quanto constituir-se em uma ameaça para a
entidade. Cabe à empresa, após uma análise adequada da evolução passada e das tendências de
comportamento futuro da variável, definir estratégias e implementar ações para o
aproveitamento de tais oportunidades ou para a redução e neutralização das ameaças.
Para que a análise externa atenda integralmente a suas finalidades, ela deve ter caráter tanto
retrospectivo quanto prospectivo. Como em planejamento a análise do futuro é mais importante
que a do passado, a avaliação retrospectiva é útil à medida que possibilita um entendimento
mais acurado da realidade, facilitando a identificação dos prováveis estados futuros do ambiente
externo.
b)Variá veis ambientais críticas internas
•quanto à amplitude: macroestratégias que correspondem à ação que a empresa vai tomar
perante o ambiente, tendo em vista sua missão e seus propósitos, bem como o resultado do
diagnóstico estratégico; táticas funcionais; microestratégias, limitadas a determinado
desafio;
•quanto à concentração: estratégia pura, desenvolvida especificamente numa área de
atividade; estratégia conjunta, que envolve várias áreas;
•quanto à qualidade dos resultados: estratégias fortes, que provocam alterações de
impacto; estratégias fracas, cujos resultados provocam pequenas, porém significativas,
mudanças;
•quanto à fronteira: estratégias internas, que envolvem apenas reorganização de alguns
setores da administração; estratégias externas à empresa, que envolvem concorrência,
busca de novas oportunidades etc.; estratégias internas e externas à empresa, que
proporcionam interligação entre os aspectos internos e externos dessa estratégia;
•quanto aos recursos aplicados: recursos humanos; recursos materiais e/ou financeiros; e
a combinação desses dois recursos em estratégias que os equilibram;
•quanto ao enfoque: pessoais, que representam os valores, motivações, técnicas para lidar
com o pessoal e execução de tarefas pelo executivo; e empresariais, que representam a ação
da empresa perante seu ambiente (macroestratégia).
Em geral, as estratégias bem-sucedidas combinam quatro características principais:
•metas simples de longo prazo: as metas devem ser bem definidas, claras, coerentes em
termos de responsabilidades para com a alta administração, acionistas, empregados,
clientes, para que haja estabilidade e unidade de direção e possibilidade de serem bem
entendidas e assim bem cumpridas, atingindo a empresa seus objetivos;
•análise do ambiente competitivo: identificar as necessidades comuns aos consumidores
na sociedade, habilidade de identificar pontos fortes e fracos seus e da concorrência;
•avaliação objetiva dos recursos: reconhecer os recursos básicos e as capacidades que
possui, como reputação da empresa, das marcas de seus produtos, controle de qualidade,
capacidade de motivar seus funcionários, eficiência na administração das relações com
fornecedores, para desenvolver e, se necessário, fortalecer esses pontos;
•implementação eficaz: para executar a estratégia a implementação eficaz exige liderança,
estrutura organizacional e sistemas de gerenciamento que induzam ao comprometimento e
à coordenação de todos os empregados e à mobilização de recursos.
3.12Exemplo de planejamento estratégico de uma empresa
Para tornar mais claros os vários aspectos abordados neste capítulo, passa-se a apresentar
um caso hipotético de planejamento estratégico de uma empresa fictícia, denominada
PlanEstrategic Ltda.
3.12.1Desafio empresarial
O objetivo da empresa é a contínua expansão das receitas, tanto em volume de vendas como
no aspecto financeiro. Para isso, há necessidade de alterar o perfil da linha de produtos, para
atingir novos segmentos de mercado e outras regiões geográficas do país.
Portanto, o desenvolvimento de novas linhas de produtos, a fim de atender às demais
necessidades de seu público-alvo, será um dos principais objetivos estratégicos. Isso permitirá o
ingresso no mercado de produtos de higiene e limpeza doméstica com o propósito de tornar a
PlanEstrategic Ltda. uma marca reconhecida e confiável.
3.12.3Objetivos funcionais
As metas estabelecidas pela PlanEstrategic Ltda. para alcançar os objetivos propostos são:
•definir uma cadeia hierárquica, com atribuição de funções para cada integrante-chave da
empresa;
•disponibilizar o serviço de apoio técnico e de treinamento para o cliente;
•implementar a nova central telefônica com capacidade para atender às necessidades de
vendas (telemarketing) e administrativas;
•disponibilizar microcomputadores, ligados em rede e com acesso permanente à Internet,
para os funcionários administrativos;
•oferecer cursos internos para capacitar todos na utilização das ferramentas de automação
de escritórios e Internet;
•preparar e treinar pessoal interno para ocupar novos cargos;
•desenvolver tabelas de preços e incentivos comerciais a parceiros;
•elaborar catálogos, fichas técnicas e de informações a respeito das linhas de produto;
•dar ênfase à nova política de distribuição exclusiva para distribuidores; e
•em 2002, lançar de três a quatro produtos de uso doméstico, já em testes, de volume
relativamente baixo, mas alta visibilidade e conceito de sofisticação.
3.12.5Estratégias
4.1Considerações iniciais
Um dos maiores desafios para os responsáveis pela gestão das empresas é a criação de um
clima organizacional para antecipar tendências. Para a obtenção de êxito nessa missão, torna-se
imprescindível o prévio conhecimento do verdadeiro papel estratégico da informação como
ferramenta para a transformação empresarial e para o redesenho dos processos administrativos.
Nesse sentido, torna-se fundamental a contribuição da Controladoria.
Na visão de Oliveira, 1
“no desempenho de suas funções como uma das responsáveis pela administração da informação
no contexto das corporações empresariais de todos os setores, atividades e finalidades, a
controladoria, em nível internacional, procura se caracterizar como um grande banco de dados e
informações, para subsidiar as tomadas de decisões para a gestão empresarial e controle das
atividades. O objetivo máximo a ser alcançado é produzir a informação certa, para a pessoa
certa no momento certo. Analisar a massa de dados, formular diagnósticos os mais precisos e
atualizados possíveis, estudar alternativas e gerar relatórios compactos passa a ser,
consequentemente, a filosofia máxima da moderna controladoria”.
Como uma empresa decide uma mudança de direção antes que seja tarde demais? Como a
equipe administrativa aprende a antecipar tendências antes que surja uma grave crise que pode
dificultar a reação da empresa? Como os executivos podem resistir à tentação de pretender
explicar que o sucesso no passado continue a ser indicador fidedigno para o futuro?
Se uma empresa opera em uma base global, como os gestores podem continuar a fazer
contínuas avaliações das tendências econômicas, sociais e políticas mundiais que influenciam as
perspectivas da organização em relação a risco e sucessos futuros?
Sem dúvida, para alimentar o processo de gestão, especialmente na definição da estratégia,
as informações precisam ser, principalmente, extrovertidas, prospectivas e qualitativas.
A complacência com base nos sucessos do passado pode conduzir a pressupostos
precipitados, pontos obscuros e tabus que não só bloqueiam a criação de outras ambições entre
os administradores, como também tornam difícil a percepção, a comunicação e a utilização de
informações sobre tendências. Não é de surpreender que os administradores esperam pela
evidência dos sinais antes de considerarem uma séria incursão pelos percursos alternativos para
o futuro.
4.2Que é informação estratégica?
A informação estratégica pode ser definida da seguinte forma: trata-se das informações que
a empresa precisa obter sobre seu ambiente operacional para poder mudar e desenvolver
estratégias adequadas capazes de criar valor para os clientes e de ser vantajosas em novos
mercados e indústrias, em um tempo futuro.
A informação estratégica não deve ser comparada simplesmente com “informação do
concorrente”, nem deve ser confundida com “informação competitiva”, preparada por pequenos
grupos de “analistas de informação”, que realizam determinados trabalhos e pesquisas para os
gestores da organização, a fim de ajudá-los a tomar decisões-chave, como, por exemplo,
participar de uma joint venture com uma empresa específica.
Historicamente, as empresas têm recorrido a várias abordagens diferentes para desenvolver
previsões e informações sobre tendências.
Algumas grandes corporações têm-se baseado em um grupo de planificação estratégica para
realizar estudos sobre tendências e usado suas descobertas para obter um panorama sobre o
plano a ser seguido. Outras, especialmente as empresas de produtos de consumo, utilizam seus
departamentos de marketing para, mediante as pesquisas, conhecer as necessidades do
consumidor e as tendências de mercado.
Muitas das grandes empresas, fabricantes de produtos farmacêuticos, por exemplo, confiam
a orientação das tendências ao departamento de pesquisa de empresas especializadas.
Enquanto muitas empresas ainda utilizam uma ou mais combinações dessas abordagens
funcionais para aprender sobre o futuro, é claro que as chamadas empresas de classe mundial
estão nesse momento criando um conjunto diferente de pressupostos sobre informação
estratégica.
Já não a encaram como uma função, mas como um processo de aprendizagem sistemática,
ou uma contínua atividade empresarial preocupada em modelar o futuro.
Existe outra diferença: a abordagem tradicional baseia-se no modelo isolado de informação
operacional, em que um grupo de especialistas prepara análises como base para as decisões da
administração em assuntos importantes, tais como fusões e aquisições.
No entanto, o novo modelo organizacional considera o processo de obtenção e difusão das
informações estratégicas como uma responsabilidade da alta direção, que deve fazer parte da
cultura de aprendizagem e do comportamento dos administradores da empresa,
independentemente de seu nível hierárquico.
4.3Vantagens da obtenção e difusão da informação estratégica
O processo de utilização da informação estratégica como vantagem competitiva passa
primeiramente pela etapa de aperfeiçoamento das capacidades dos administradores e dos
trabalhadores de uma empresa para captar e entender as mudanças no ambiente da empresa ou
do setor industrial.
Em uma segunda fase, tais colaboradores devem partilhar suas observações, as novas
informações e conhecimentos aprofundados para qualquer setor da empresa em que a
informação seja necessária.
O desafio da informação estratégica consiste em aumentar o
“coeficiente de informação de todos os administradores e empregados em vez de assumir que,
no futuro, o monopólio da informação sobre a concorrência pertence a funções específicas ou
executivos da alta direção”.
Michael Porter, professor da Harvard Business School, um dos mais conhecidos
2
Cada fase pode envolver uma combinação de diretores, gerentes e especialistas de funções.
Fazer as perguntas certas com base no ponto de vista da tomada de decisão determina
efetivamente a capacidade do resto do processo para gerar informação útil. Além disso,
observando as seis fases como um processo multifuncional, obtém-se uma base
de benchmarking estratégico das melhores práticas relacionadas com o processo em si, bem
como com os resultados do processo em termos de qualidade de informação, rapidez de entrega,
custo de produção e flexibilidade de adaptação às contínuas alterações.
4.6Organização do processo de informação estratégica
Não existe forma ideal para organizar o processo de informação estratégica. Em algumas
empresas, e para certos tipos de decisões tomadas pela alta direção, é conveniente adotar uma
abordagem centralizada.
Para outras empresas, é preferível uma abordagem mais descentralizada, na qual os
processos são desenvolvidos entre grupos de administradores que partilham responsabilidades
no mesmo ambiente, ramo de atividade ou funções orientadas para o cliente.
Talvez seja mais simples pensar nessas abordagens como lados opostos de uma mesma
realidade. Ao selecionar o melhor método de centralização ou descentralização do processo de
informação estratégica, é provável que existam diferenças significativas entre as empresas.
No entanto, todas serão impelidas pela necessidade de antecipar a mudança e desenvolver
estratégias de forma rápida, com o objetivo de começar um novo negócio antes de seu declínio.
As diferentes abordagens ao valor da informação estratégica para a empresa criam
diferenças fundamentais para a determinação de uma abordagem mais centralizada ou
descentralizada. Nesse contexto, devem ser considerados os seguintes pressupostos:
•Cultura da informação: na abordagem centralizada, tem como principal objetivo o
controle e a necessidade de informação, em vez de ser uma cultura em que a informação
relevante é partilhada livremente dentro da empresa e, talvez, com os fornecedores, clientes
e outras partes interessadas. Até que ponto os administradores responsáveis confiam na
utilização correta da informação estratégica por parte de seus colegas?
•Orientação futura: na abordagem centralizada, tende a centralizar a informação
estratégica em decisões-chaves sobre compromissos concretos, com vista no
desenvolvimento de uma cultura de aperfeiçoamento de pesquisa, aprendizagem e
antecipação às alterações de mentalidade e tendências críticas. O modelo tradicional tende
a estar ligado às principais mudanças competitivas, em vez de estar ligado à percepção
contínua do ambiente da empresa em situações de grande incerteza, complexidade e lucro.
•Estrutura do fluxo de informação estratégica: é mais vertical na abordagem
centralizada, com divisões que fornecem informação a uma unidade de empresa para
efeitos de revisão e interpretação. Na abordagem descentralizada, uma organização paralela
permite que a informação seja partilhada pelos administradores, sobrepondo grupos
sujeitos a uma constante alteração de limites. Os profissionais estão envolvidos em todas as
fases, mas na abordagem descentralizada a informação estratégica de alta qualidade resulta
da interatividade entre os diferentes grupos de administradores e empregados.
•Organização da informação: na abordagem centralizada estratégica, é orientada quase
exclusivamente para as necessidades da alta direção, em vez de ter, como na abordagem
descentralizada, o principal objetivo focado na construção de uma administração de
aprendizagem e competência para toda a empresa.
•Visão da informação: na abordagem centralizada, a informação estratégica é vista como
um fator de curto a médio prazo, ao contrário da visão de médio e longo prazo da
abordagem descentralizada, na qual administradores a encaram como parte essencial para a
configuração do futuro da empresa.
•Tecnologia de informação: o papel da tecnologia de informação é mais funcional, pois
envolve menos pessoas no processo da informação estratégica, na abordagem centralizada.
Diferentemente, na abordagem descentralizada, o papel da tecnologia de informação pode
ser estratégico, à medida que as empresas desenvolvem soluções de rede para partilhar
informações e softwares pelos diversos grupos de administradores.
Muitas empresas continuam utilizando uma ou mais combinações de diferentes abordagens
funcionais para acompanhar as tendências. As modernas empresas, no entanto, encaram cada
vez mais a informação estratégica como um processo de aprendizagem sistemática, no qual ela
se torne parte da cultura e do comportamento dos administradores dentro da organização.
O Quadro 4.1 resume os diversos aspectos de uma abordagem centralizada ou
descentralizada na organização do processo de informação estratégica.
Quadro 4.1Organização do processo de informação estratégica.
Dimensões-chave Abordagem centralizada Abordagem descentralizada
Cultura da informação Controle Partilha
Orientação futura Informação para Abertura para aprender e desaprender
decisões-chave
Estrutura do fluxo de Vertical. Orientada para a Lateral. Orientada para o aprendizado de
informação alta direção todo o quadro de funcionários
Organização da Altamente centralizada Altamente interativa
informação
Visão da informação Curto e médio prazo Médio e longo prazo
Tecnologia de Operacional Estratégico
informação
4.7Sistema de informações gerenciais
Um conceito universalmente aceito para qualquer sistema é o seguinte:
“Sistema é um conjunto de partes e componentes, logicamente estruturados, com a
finalidade de atender a um objetivo.”
Na literatura voltada para a administração das empresas e negócios, pode-se encontrar a
seguinte conceituação de sistema válida para o ambiente corporativo:
“Sistema é um conjunto de funções e processos, logicamente estruturados, de modo a
possibilitar o planejamento, a coordenação e o controle das atividades organizacionais, com a
finalidade de atender aos objetivos empresariais.”
Para que a Controladoria possa coletar, analisar, classificar e divulgar as informações úteis
no processo decisório das corporações, é necessária a existência de um sistema específico para
tais finalidades. Trata-se do chamado Sistema de Informações Gerenciais, que tornou possível
acompanhar a velocidade e a integração das informações do atual mundo dos negócios,
atualmente com maciça utilização das tecnologias de informação.
Sistema de informações é a combinação de um conjunto de dados sobre os quais se aplica
determinada rotina de trabalho, manual e/ou com a utilização dos recursos computacionais, para
a obtenção de informação de saídas.
Parte dos dados entra no sistema de forma articulada; eles encontram-se com outros
conjuntos de dados e/ou tabelas mantidos em arquivo, gerando informações, que podem ser:
demonstrações contábeis, relatórios administrativos e gerenciais, listagens, gráficos de
atividades, mapas, demonstrativos de desempenho, análises comparativas etc.
O que distingue dado de informação (que auxilia no processo decisório) é o conhecimento
que esta última propicia ao tomador de decisões.
Para melhor entendimento do significado de Sistema de Informações Gerenciais,
apresentam-se os seguintes conceitos:
•Dado: é qualquer elemento identificado em sua forma bruta, que por si só não conduz a
uma compreensão de determinado fato ou situação. Pode ser entendido como a “matéria-
prima” que necessita ser trabalhada dentro de determinado contexto para, de forma
sistêmica e ordenada, transformar-se no “produto acabado”, representado pela informação;
•Informação: trata-se do “produto acabado” em decorrência da “lapidação” dos dados
disponíveis, pronto para ser consumido pelos gestores da corporação, de forma útil e capaz
de proporcionar o retorno necessário à realização dos objetivos estratégicos estabelecidos;
•Gerencial: é o processo administrativo (planejamento, organização, direção e controle)
voltado para resultados.
Com base nessas definições, apresenta-se o significado de SIG, como segue:
•Sistema de informações gerenciais (SIG) é o processo de transformação de dados em
informações, que são utilizadas na estrutura decisória da empresa como ferramenta que
possibilita a sustentação administrativa para otimizar os resultados esperados.
A aplicação do EDI envolve a conversão de documentos para uma forma possível de leitura
direta pelos computadores das empresas envolvidas.
Principalmente nos países tecnologicamente mais avançados, com essa tecnologia já é
possível interligar eletronicamente os diversos elos das atividades comerciais – compradores,
fornecedores, transportadoras, seguradoras, bancos etc. –, agilizando sensivelmente as
transações e eliminando as trocas de papéis.
A rede de comunicação de dados depende basicamente da ligação de computadores nas
diversas pontas, equipamentos como modems (ligação do computador à rede telefônica) e
um software de comunicação.
A rede EDI pode conectar diversos tipos de empresas: por exemplo, a indústria compradora,
seu fornecedor, o banco, que desconta duplicatas, a transportadora de mercadorias e a
seguradora, que protege o produto de acidentes. O que une todas as pontas é a caixa postal – um
espaço no computador central onde ficam guardados os dados de cada interlocutor.
É na “caixa postal” que se centraliza toda a filosofia da rede de comunicação de dados EDI.
Esse lugar existe para guardar informações que só interessam aos participantes e é, de fato,
semelhante às tradicionais caixas postais dos Correios. A diferença é que, em vez de serem
abertas por chaves, as caixas postais do EDI só revelam seus segredos a quem tiver a senha de
acesso ao sistema.
É uma solução mais elaborada para armazenamento de dados, porque possui recursos de
segurança que impedem pessoas estranhas de ter acesso às informações. É possível, por
exemplo, mudar as senhas todos os dias, e ainda colocar proteções extras contra intrusos.
A movimentação dos dados acontece por meio de canais de telecomunicação. São satélites e
linhas telefônicas terrestres que se encarregam de criar um ambiente físico para o trânsito desses
dados. O EDI é uma rede tão ampla que praticamente não há diferença no tempo de resposta de
uma transação entre parceiros comerciais localizados em locais distantes, mesmo em diferentes
países.
Facilita a prática da política do just in time, ou seja, a redução gradativa nos volumes de
estoques. As operações de compras e vendas de mercadorias são sensivelmente agilizadas,
diminuindo as preocupações com a formação de estoques de segurança.
Além dos aspectos positivos decorrentes da maior facilidade para reduções de inventários,
destacam-se outros benefícios estratégicos com a adoção do EDI:
•Maior competitividade da empresa
A maioria dos autores pesquisados afirma que a utilização do EDI é um fator estratégico
para a sobrevivência das organizações empresariais. Principalmente nos países do Primeiro
Mundo, a possibilidade de uso do EDI é cada vez mais um importante critério para a seleção
dos fornecedores.
•Redução dos custos
A migração do sistema tradicional do uso intensivo de papéis e documentos comprobatórios
das transações comerciais para a troca eletrônica de documentos fornece inúmeras
oportunidades para tornar mais eficientes as operações rotineiras. Com o EDI, são eliminados
diversos serviços administrativos que não agregam valor ao produto. Por exemplo, em uma
operação de compra:
•preparação do pedido de compras;
•obtenção de diversas aprovações;
•despacho do pedido para o fornecedor e verificação quanto à existência das mercadorias
solicitadas;
•conferência das condições de fornecimento;
•faturamento e envio para o cliente;
•cobrança de fatura etc.
4.10.2Internet
Nessa modalidade, utilizam-se os recursos proporcionados pelo e-mail, que significa correio
eletrônico.
Valendo-se, novamente, do livro de Cassaro, páginas 48 e 49, destacam-se os seguintes
aspectos:
•a operação é bastante semelhante à anterior, diferenciando-se pelo fato de que não existe a
empresa prestadora de serviços de EDI. No lugar delas, operam as “provedoras”, que
proporcionam acesso à Internet – rede mundial de transferência de informações;
•são necessários os seguintes recursos computacionais: computadores na empresa, linhas
telefônicas, modems ou fax-modem e uma provedora de acesso;
•a grande vantagem de operar via Internet é que quaisquer das empresas envolvidas –
fabricantes, fornecedores, transportadoras, clientes, provedoras de acesso etc. – poderão
estar em qualquer lugar do mundo, pois o sistema opera 24 horas, normalmente a custos
bem mais interessantes.
4.10.3Rede Extranet
A Contabilidade, em sua condição de ciência social, cujo objeto é o Patrimônio, busca, por
meio da apreensão, da quantificação, da classificação, do registro, da eventual sumarização, da
demonstração, da análise e do relato das mutações sofridas pelo patrimônio da entidade
particularizada, a geração de informações quantitativas e qualitativas sobre ela, expressas tanto
em termos físicos quanto monetários.
As informações geradas pela Contabilidade devem propiciar a seus usuários base segura
para suas decisões, pela compreensão do estado em que se encontra a entidade, seu
desempenho, sua evolução, riscos e oportunidades que oferece.
A informação contábil é expressa por diferentes meios, como demonstrações contábeis,
escrituração ou registros permanentes e sistemáticos, documentos, livros, planilhas, listagens,
notas explicativas, mapas, pareceres, laudos, diagnósticos, prognósticos, descrições críticas ou
quaisquer outros utilizados no exercício profissional ou previstos em legislação.
4.11.2Dos usuários
Os usuários são pessoas físicas ou jurídicas com interesse na entidade, que se utilizam das
informações contábeis desta para seus próprios fins, de forma permanente ou transitória. Os
usuários incluem, entre outros, os integrantes do mercado de capitais, investidores, presentes ou
potenciais, fornecedores e demais credores, clientes, financiadores de qualquer natureza,
autoridades governamentais de diversos níveis, meios de comunicação, entidades que agem em
nome de outros, como associações e sindicatos, empregados, controladores, acionistas ou
sócios, administradores da própria entidade, além do público em geral.
4.11.3Dos atributos da informação contábil
A informação contábil deve ser, em geral e antes de tudo, veraz e equitativa, de forma a
satisfazer às necessidades comuns a um grande número de diferentes usuários, não podendo
privilegiar deliberadamente nenhum deles, considerado o fato de que os interesses deles nem
sempre são coincidentes.
A informação contábil, em especial aquela contida nas demonstrações contábeis,
notadamente as previstas em legislação, deve propiciar revelação suficiente sobre a entidade, de
modo a facilitar a concretização dos propósitos do usuário. Entre os atributos indispensáveis de
que deve revestir-se, destacam-se os seguintes:
•confiabilidade;
•tempestividade;
•compreensibilidade; e
•comparabilidade.
4.11.4Da confiabilidade
A confiabilidade é atributo que faz com que o usuário aceite a informação contábil e a
utilize como base de decisões, configurando, pois, elemento essencial na relação entre aquele e
a própria informação.
A confiabilidade da informação fundamenta-se na veracidade, completeza e pertinência de
seu conteúdo:
•a veracidade exige que as informações contábeis não contenham erros ou vieses, e sejam
elaboradas em rigorosa consonância com os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as
Normas Brasileiras de Contabilidade, e, na ausência de norma específica, com as técnicas e
os procedimentos respaldados na ciência da Contabilidade, nos limites de certeza e
previsão por ela possibilitados;
•a completeza diz respeito ao fato de a informação compreender todos os elementos
relevantes e significativos sobre o que pretende revelar ou divulgar, como transações,
previsões, análises, demonstrações, juízos ou outros elementos;
•a pertinência requer que seu conteúdo esteja de acordo com a respectiva denominação ou
título.
4.11.5Da tempestividade
A informação contábil deve ser exposta na forma mais compreensível ao usuário a que se
destine. A compreensibilidade presume que o usuário disponha de conhecimentos de
Contabilidade e dos negócios e atividades da entidade, em nível que o habilite ao entendimento
das informações colocadas a sua disposição, desde que se proponha analisá-las, pelo tempo e
com a profundidade necessários.
A eventual dificuldade ou mesmo impossibilidade de entendimento suficiente das
informações contábeis por algum usuário jamais será motivo para sua não divulgação.
A compreensibilidade concerne à clareza e objetividade com que a informação contábil é
divulgada, abrangendo desde elementos de natureza formal, como a organização espacial e
recursos gráficos empregados, até a redação e técnica de exposição utilizadas.
A organização espacial, os recursos gráficos e as técnicas de exposição devem promover o
entendimento integral da informação contábil, sobrepondo-se, pois, a quaisquer outros
elementos, inclusive de natureza estética.
As informações contábeis devem ser expressas no idioma nacional; é admitido o uso de
palavras em língua estrangeira somente no caso de manifesta inexistência de palavra com
significado idêntico na língua portuguesa.
4.11.7Da comparabilidade
5 CONTROLES INTERNOS
Por inúmeras vezes, comentou-se neste livro a importância dos sistemas contábeis e de
controles internos para a administração das organizações. Entende-se por organização todos os
tipos de entidade contábil, tendo ou não finalidades lucrativas, do setor privado ou público, de
todos os portes e setores de atividades.
5.1Considerações iniciais
Reconhecidamente, o controle permanente é uma função gerencial de relevância primordial
para o sucesso de qualquer empreendimento. Ignorar esse fato, ou mesmo menosprezar sua
importância, é como pilotar uma aeronave sem acesso constante às referências que indicam a
que velocidade ou altitude se está voando, a que distância se está do destino, quanto de
combustível resta no reservatório ou se a rota está dentro do planejado.
Sob tais condições, atingir o aeroporto de destino seria pouco provável, resultando de
simples obra do acaso ou de muita sorte. E, como sabemos, sorte e acaso são fatores que a
gerência competente procura, incessantemente, minimizar. Isso porque não é novidade que
administrar é contínua vigilância e constante correção de rotas e não arcar com prejuízos
consumados em função de negligência no que concerne ao controle das operações da empresa.
Assim, a função de controle deve ser preocupação contínua dos responsáveis pelo destino
das organizações, visto que a gerência sabe que nenhum planejamento ou coordenação, por
melhores que sejam, podem assegurar os objetivos pretendidos que possam ser atingidos. O
ambiente dos negócios é complexo e escorregadio, cheio de imprevistos que nunca se deixam
antever por inteiro nas fases de planejamento ou de coordenação.
Para a controladoria, é de fundamental importância conhecer a qualidade e o grau de
confiabilidade dos sistemas contábeis e de controles internos desde a fase de planejamento de
seus trabalhos, para auxiliar na adequada identificação das áreas de risco. Também é função
do controller recomendar melhorias nos procedimentos operacionais e de controle interno,
apesar de não ter poderes para implementar ou aprovar nada, visto que tais atividades são de
responsabilidade dos executivos de staff.
Uma segunda definição para os sistemas de controles internos, essa do American Institute of
Certified Public Accountants, é a seguinte:
“O controle interno é composto pelos planos de organização e pela coordenação dos
métodos e medidas implantados pela empresa para proteger seu patrimônio, seus recursos
líquidos e operacionais, por meio de atividades de fiscalização e verificação da fidedignidade
dos administradores e da exatidão dos processos de manipulação de dados contábeis,
promovendo, desta forma, a eficiência operacional e a adesão às políticas e estratégias traçadas
pela alta gestão.”
Valendo-se ainda de uma terceira definição, pode-se afirmar que os sistemas contábeis e de
controles internos é o conjunto de procedimentos que, integrados ao fluxo operacional da
empresa, visa detectar e prevenir desvios – erros e irregularidades, intencionais ou não – que
possam:
•afetar negativamente o desempenho da entidade;
•ocasionar impactos em sua lucratividade e/ou estrutura financeira; bem como
•resultar em reflexos significativos em suas demonstrações contábeis para o usuário interno
ou externo, relatórios gerenciais e demais análises e demonstrativos operacionais e
financeiros.
Essa definição é provavelmente mais ampla do que o significado que, às vezes, se atribui ao
termo. Na realidade, ela reconhece que um sistema de controle interno projeta-se além das
questões diretamente relacionadas com as funções dos departamentos de contabilidade e
finanças, mostrando que o sistema inclui outros importantes aspectos, tais como:
•sistema de orçamentos da empresa;
•definições de custos-padrões e análise das variações;
•relatórios operacionais e análises estatísticas do mercado e no qual a empresa atua;
•comportamento e desempenho dos concorrentes;
•programa de treinamento que visa capacitar os colaboradores da empresa;
•planejamento estratégico etc.
5.3Importância e objetivos do sistema de controles internos
A partir de determinado porte, as empresas são gerenciadas de forma segmentada, quase
sempre existindo um executivo responsável em cada uma das diversas divisões, departamentos
ou setores. Tais responsáveis devem, evidentemente, prestar contas periódicas do desempenho
de sua área, dentro da alçada de gerenciamento.
Como consequência, os controles internos encontram-se em todas as áreas da entidade:
vendas, recursos humanos, fabricação, compras, tesouraria etc.
O exercício de um adequado controle sobre cada uma dessas funções assume fundamental
importância para que se atinjam os resultados mais favoráveis com a aplicação de menos
recursos, o que implica necessariamente a diminuição de toda e qualquer forma de desperdícios.
Reconhecidamente, a função da controladoria como instrumento de controle administrativo
é fundamental. Um sistema de contabilidade que não esteja apoiado em um controle interno
eficiente é, até certo ponto, inútil, uma vez que não é possível confiar nas informações contidas
em seus relatórios.
Informações contábeis distorcidas podem levar a conclusões errôneas e prejudiciais para a
tomada de decisões pelos gestores da empresa e por seus diversos usuários externos. Quando
não existem procedimentos de controles internos, são frequentes os erros involuntários e
desperdícios.
5.3.1Importância
Os controles internos estratégicos são chamados de controles de gestão por alguns autores.
Amat e Gomes, por exemplo, definem Controle de Gestão Estratégico como o processo de
2
avaliação dos atos e fatos que ocorreram no passado – efeito aprendizado –, estejam ocorrendo
atualmente e que poderão ocorrer no futuro, interna e externamente, com vista em adequar os
mecanismos de controle às mudanças estratégicas requeridas.
Continuando, os citados contadores e professores afirmam que “o sistema de controle de
gestão deve fornecer informação que permita tanto elaborar o planejamento estratégico como
facilitar a adequação da estratégia à estrutura que se desenhou, ou seja, o controle estratégico”.
Para a melhor compreensão dessa visão, é necessário estabelecer níveis diferentes para
tratamento sistêmico dos controles internos.
Segundo a estrutura de poder das corporações, os controles podem ser diferenciados em três
grandes categorias:
•controles internos estratégicos: fundamentais no contexto estrutural e para servir de guia
para o dimensionamento e tratamento das outras categorias de controles;
•controles internos diretivos: relacionados às diversas situações de risco a que estão
expostas a empresas, variáveis sobre as quais esses controles devem agir para a
minimização dos efeitos; e
•controles internos operacionais: responsáveis por garantir a eficácia dos antecessores, ao
contribuir para a eliminação ou constatação de falhas na realização dos negócios,
ineficiência nas tomadas de decisões ou na execução das rotinas de trabalho
preestabelecidas.
A título de exemplo da existência dessas três grandes categorias de controles, apresenta-se
um caso hipotético envolvendo o processo de concessão de crédito de uma instituição
financeira.
Para garantir a consecução dos principais objetivos empresariais da instituição bancária –
lucratividade, rentabilidade e crescimento –, os diretores estabeleceram uma política de crédito,
na qual é definida uma série de diretrizes para a aprovação e realização dos negócios.
Entre as diretrizes, estabelecem que o banco irá conceder empréstimos a seus clientes de
acordo com a classificação de risco e dentro de limites máximos de comprometimento de capital
para cada um, evitando dessa maneira que concentrações em poucos tomadores de recursos ou
avaliações malsucedidas da capacidade econômico-financeira dos interessados possam expor a
empresa a graves situações de risco.
Dessa maneira, já no nível estratégico da citada instituição financeira, os gestores estão
tomando decisões tendo em conta a inevitável presença do risco da concessão do crédito. Essas
políticas e diretrizes assim estabelecidas compõem o grupo dos controles internos estratégicos.
A seguir, a unidade do banco responsável pelo Risco de Crédito modela, institui e normatiza
sistemáticas diretivas para serem utilizadas por toda a rede de negócios, visando ao
cumprimento das diretrizes estratégicas estabelecidas na Política de Crédito. Essas sistemáticas
diretivas são:
•avaliação de riscos de clientes; e
•atribuição de limites de crédito por cliente.
Assim procedendo, a instituição está definindo os controles internos diretivos, ou seja, quais
os parâmetros, métodos e processos a empresa utilizará para minimizar o risco representado
pela concessão de crédito.
Nessa fase, é importante salientar que tanto a Política de Crédito, com suas diretrizes
estratégicas, quanto as sistemáticas diretivas citadas seriam amplamente divulgadas por meio do
sistema normativo, na rede operadora de negócios.
Por último, surgem os controles internos operacionais. No caso, quais seriam as normas
complementares de controles que precisariam ser adotadas para garantir a eficácia do
cumprimento da Política de Crédito?
Basicamente, devem ser estabelecidos, entre outros, os seguintes procedimentos de
controles:
•segregação de funções nas redes, para garantir que aprovações de limites de crédito e
liberação do financiamento sejam executadas por funcionários distintos;
•sistemas automatizados que impedissem o registro e contabilização de empréstimos para
clientes sem limite de crédito pré-aprovado;
•supervisão e conferência dos processos de análises do cadastro de clientes etc.
Os controles internos operacionais, de presença intensiva no dia a dia das corporações,
encerram assim o ciclo sistêmico dos controles internos, desde o nível estratégico até o
operacional.
Finalmente, é oportuno ressaltar que o sistema de controles internos está pulverizado por
toda a organização, sob as mais variadas formas e em níveis diferentes de importância. Se
houver falha em um procedimento de controle interno operacional, até ser corrigido podem não
ter ocorrido prejuízos em montantes significativos para a organização empresarial. Ao contrário,
se houver falhas em um controle interno estratégico, o preço a pagar pode ser a falência da
empresa.
5.7.2Desenho dos sistemas de controles de gestão estratégica
a)A Empresa Vale Rio Salgado contratou Auditoria Independente pela primeira vez para
auditar e emitir um Parecer sobre seus saldos contábeis de 31/12/2014. Este Parecer foi
solicitado pelo Bank of London e faz parte dos documentos que a Vale tem que enviar para
o Setor de Análise de Créditos do banco, já que a empresa está solicitando um empréstimo
bancário no mencionado banco.
b)A Vale Rio estava passando por um momento de crise, estando com a seguinte situação
de prejuízos:
▶ Prejuízos acumulados em 31/12/2013: $ 1.840.000,00.
▶Prejuízos do exercício de 2014: $ 720.000,00.
c)Devido à situação de prejuízos em sua contabilidade, a Diretoria recomendou
ao Controller e ao Contador que não efetuassem a provisão para devedores duvidosos – ou
para Créditos de Liquidação Duvidosa – nos exercícios de 2014 e 2013, para não aumentar
o prejuízo, o que dificultaria, mais ainda, a obtenção de novos empréstimos bancários. Os
profissionais, com medo de perder o emprego, atenderam às solicitações dos Diretores.
d)A empresa de auditoria contratada foi a FMU Auditores Independentes, que solicitou e
recebeu o aging list abaixo (Anexo I) que fará parte dos seus Papéis de Trabalho.
Este aging list foi solicitado durante a primeira visita dos auditores, quando foi efetuado o
Planejamento da Auditoria.
e)Você é o(a) sócio(a) da FMU Auditores Independentes, responsável pelo gerenciamento
dos trabalhos de auditoria.
f)Ao executar os testes de auditoria, os auditores constataram que:
1.$ 700.000,00 contabilizados nas Receitas de Vendas, a Débito de Duplicatas a
Receber, em 28/12/2014, na realidade eram receitas de 2015, cujo faturamento foi
antecipado, para melhorar os resultados de 2014.
2.$ 400.000,00 contabilizados nas Receitas de Vendas, a Débito de Duplicatas a
Receber, em 28/12/2013, na realidade eram receitas de 2014, cujo faturamento foi
antecipado, para melhorar os resultados de 2013.
3.em ambos os casos, os custos das mercadorias vendidas não foram registrados no
período de competência, sendo contabilizados somente quando as mercadorias foram
efetivamente entregues para os clientes.
4.$ 2.000.000,00 de duplicatas (Créditos Recebíveis) foram descontados em
20/12/2014 no Banco do Brasil, por um período de 30 dias. A Empresa Vale Rio não
efetuou qualquer contabilização destes fatos, nem a conciliação bancária, que
demonstrava tais pendências.
5.havia em 31/12/2014 o total de $ 500.000,00 de duplicatas emitidas contra clientes
incobráveis, cuja falência já havia sido solicitada pelos advogados da Vale Rio. Deste
total, $ 200.000,00 foram emitidas em 2013, sendo que em 31/12/13 as duplicatas já
haviam sido consideradas incobráveis. A empresa já desistiu de qualquer
possibilidade de recuperação deste total, de acordo com os seus diretores e advogados.
E já foram cumpridos todos os mecanismos legais à disposição da empresa, ou seja, a
perda dos créditos já é certeza e será aceita pela legislação do imposto de
renda/receita federal.
g)Evidentemente, os Conselheiros e Diretores da Vale Rio querem um Parecer com
ressalva, visto que têm que enviá-lo para os analistas de crédito do banco em Londres.
Portanto, orientaram a Controladoria a proceder todos os ajustes contábeis recomendados
pela Auditoria, antes do fechamento final das demonstrações contábeis.
h)Sua missão (sócio(a) da FMU Auditores Independentes):
•explicar em reunião de Diretoria todos os ajustes contábeis necessários para que os
saldos contábeis passem a representar adequadamente a situação patrimonial da Vale.
Para facilitar a vida do Controller, Sr. Enroladinho da Silva, elaborar um
demonstrativo das contas devedoras e credoras para cada lançamento contábil que
você sugerir.
Proposta de solução: página 330, capítulo 5.
•emitir uma Carta de Recomendações como parte do conjunto Relatório de Auditoria,
contendo as sugestões para aprimoramento dos controles internos (Memorando de
Recomendações para Melhoria dos Controles Internos). Vide modelo no livro
pesquisado: Auditoria das demonstrações contábeis, do prof. José Hernandez Perez
Junior, páginas 91 a 94, Editora Atlas.
Proposta de solução: página 332, capítulo 5.