Material de Apoio - Direito Penal Militar II
Material de Apoio - Direito Penal Militar II
Material de Apoio - Direito Penal Militar II
APOSTILA DA DISCIPLINA:
DIREITO PENAL MILITAR II
Carga-horária: 30 horas/aula
1.1 Conceito
1.2 Crimes militares em tempo de paz
1.3 Crimes militares em tempo de guerra
1.4 Penas do Código de Direito Penal Militar
CRIMES EM ESPÉCIE
Direito Penal Militar é o ramo especializado do Direito Penal que estabelece as regras
jurídicas vinculadas à proteção das instituições militares e ao cumprimento de sua destinação
constitucional. A especialidade do Direito Penal Militar decorre da natureza dos bens
jurídicos tutelados, principalmente a autoridade, a disciplina, a hierarquia, o serviço e o dever
militar, que podem ser resumidos na expressão: “regularidade das instituições militares”. Daí
a importância de diferenciar a ideia de “Dever moral” e “Obrigação (Dever militar)” na
caracterização do crime militar como veremos a seguir:
Dentre algumas linhas doutrinárias, podemos citar, para fins de melhor compreensão,
o que ensina Jorge Alberto Romeiro (1994, p. 01), onde afirma que o Direito Penal Militar
“consiste no conjunto de normas que definem os crimes contra a ordem jurídica militar,
cominando-lhes penas, impondo medidas de segurança e estabelecendo as causas
condicionantes, excludentes e modificativas da punibilidade”. Por isso, é importante
diferenciar o que vem a ser normas, regras e princípios aplicados ao Direito Penal Militar.
Destarte, podemos, assim, afirmar em linhas gerais que o Direito Penal Militar protege
um bem jurídico especial, que é a regularidade das Instituições Militares, no que concerne a
hierarquia e a disciplina, cuja quebra acarretaria sua desestabilização e a desregularidade de
suas missões constitucionais peculiares. O Código Penal Militar, instituído pelo Decreto-Lei
nº 1.001, de 21 de outubro de 1969, contempla crimes militares em tempo de paz e crimes
militares em tempo de guerra.
Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo quando dolosos contra a
vida e cometidos contra civil serão da competência da justiça comum, salvo
quando praticados no contexto de ação militar realizada na forma do art. 303
da Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de
Aeronáutica.
A Lei 14.688, que altera o Código Penal Militar (CPM) e compatibiliza o CPM com as
reformas no Código Penal, com a Constituição Federal e com a Lei dos Crimes Hediondos.
Ela endurece algumas penalidades, como no caso de tráfico de drogas praticado por militares.
A pena máxima agora será de 15 anos, enquanto anteriormente era de 5 anos. A norma
originou-se do Projeto de Lei nº 9432/2017, da Câmara dos Deputados.
Com relação ao uso de drogas e roubo de armas, além disso, o militar que se
apresentar para o serviço sob o efeito de substância entorpecente poderá agora ser punido com
reclusão de até 4 anos. A lei também torna qualificado o roubo de armas e munições de uso
restrito militar, ou pertencente a instituição militar. Isso significa que a pena (4 a 15 anos de
reclusão) pode aumentar de um terço até a metade.
Diversos tipos penais do CPM passam por adequação legal para serem listados como
crimes hediondos: homicídio qualificado, estupro, latrocínio, extorsão qualificada por morte,
extorsão mediante sequestro, epidemia com resultado morte e envenenamento com perigo
extensivo com morte.
artigo será convertida em pena de detenção, de três meses a um ano (parágrafo único
do art. 64).
f) Reforma: sujeita o condenado à situação de inatividade, não podendo perceber mais
de um vinte e cinco avos do soldo, por ano de serviço, nem receber importância
superior à do soldo (art. 65, do CPM)
Penas acessórias: São previstas no art. 98 do CPM. Tais penas não surtem efeitos por si sós,
porquanto dependem da aplicação de uma sanção principal. À guisa de comparação, o Código
Penal comum não fala em pena acessória, mas em efeitos da condenação.
a) a perda do posto e da patente: resulta da condenação a pena privativa de
liberdade por tempo superior a dois anos, e importa a perda das condecorações (art.
99).
b) a indignidade para o oficialato: fica sujeito à declaração de indignidade para o
oficialato o militar condenado, qualquer que seja a pena, nos crimes de traição,
espionagem ou cobardia, ou em qualquer dos definidos nos arts. 161, 235, 240,
242, 243, 244, 245, 251, 252, 303, 304, 311 e 312. (art. 100)
c) a incompatibilidade com o oficialato: fica sujeito à declaração de
incompatibilidade com o oficialato o militar condenado nos crimes dos arts. 141 e
142. (art. 101).
d) a exclusão das forças armadas: a condenação da praça a pena privativa de
liberdade, por tempo superior a dois anos, importa sua exclusão das forças
armadas. (Art. 102). A pena acessória deve ser expressamente declarada na
sentença que condenar a praça à pena superior a dois anos. A Constituição Federal
no art. 125, §4º, subordina a perda de graduação das praças das PMs e CBMs à
decisão do tribunal competente.
e) a perda da função pública, ainda que eletiva: incorre na perda da função pública
o assemelhado ou o civil que for condenado a pena privativa de liberdade por
crime cometido com abuso de poder ou violação de dever inerente à função
pública ou for condenado a pena privativa de liberdade por crime cometido com
abuso de poder ou violação de dever inerente à função pública (art. 103)
f) a inabilitação para o exercício de função pública: incorre na inabilitação para o
exercício de função pública, pelo prazo de dois até vinte anos, o condenado a
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reclusão por mais de quatro anos, em virtude de crime praticado com abuso de
poder ou violação do dever militar ou inerente à função pública (art. 104).
g) a suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela: o condenado a pena privativa
de liberdade por mais de dois anos, seja qual for o crime praticado, fica suspenso
do exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, enquanto dura a execução da pena,
ou da medida de segurança imposta em substituição (Art. 113).
h) a suspensão dos direitos políticos: consiste na impossibilidade de sufrágio, na
incapacidade de votar e ser votado (art. 106).
2.1.1 Motim
pela utilização de armas. Enquanto, na figura do motim, os agentes agem sem estarem
armados, na revolta atuam com armas.
2.1.2 Revolta
Em que pese o tipo admitir como agente a figura do assemelhado, é de se registrar que
desde a existência da Lei Nº 1.711, que tratava do Funcionário Público, hoje lei Nº 8.112, não
há mais esta figura no direito castrense, pois o civil é regido por estatuto próprio e não por
normas prescritas pela caserna.
Nesse sentido, Acordão do STM, Recurso Criminal 1985.01.005665-9, DJ, 05 de
setembro de 1985, quando afirma que “atualmente inexiste o assemelhado nos quadros da
administração federal [...]”
Na hipótese de as condutas contarem com o concurso de civis, não responderão estes
por motim ou revolta na Justiça castrense. Poderão até responder por outros delitos militares,
tais como aliciamento, incitação ou apologia, mas não o motim ou revolta castrense.
No inciso I, os agentes reunidos atuam contrariamente à ordem recebida ou negam-se
a cumpri-la, não havendo necessidade de que haja manifestação por palavras, gestos ou
escritos; A primeira modalidade de conduta é comissiva, enquanto a segunda é omissiva,
dando-se com a inércia dos agentes contrariamente às ordens que foram dadas, que tanto
poderá se dar por imobilidade, silêncio dos agentes ou retardar cumprimento de ordem. A
participação dos agentes também não precisa ser uniforme entre eles, o que não desnatura o
crime, repercutindo apenas na aplicação da pena.
O delito se consuma no momento em que dois ou mais militares reunidos realizam
pelo menos um ato contrário à ordem recebida ou no momento em que manifestam recusa em
cumprir a ordem. Não se admite a tentativa.
No inciso II, a ordem é posterior às condutas descritas. Os agentes encontram-se
agindo sem ordem ou praticando violência e recusam obediência à ordem do superior para
cessarem a desordem ou a violência. Não ocorrendo a ordem para cessar algumas condutas
descritas no inciso, não há que se falar em motim ou revolta quanto ao elencado no inciso II.
Se os agentes obedecem à ordem exarada, inexistirá o delito do art. 149, II, o que não
impede que respondam os agentes individualmente por eventuais ilícitos praticados antes do
recebimento e do cumprimento da ordem. O inciso III pune os atos preparatórios. O legislador
reprova o assentimento quando a recusa é conjunta. O preceito se aplica com a simples
concordância, sem exigir qualquer outra conduta posterior.
No inciso IV, o imóvel militar não precisar estar edificado (ex. Campo aberto de
treinamento). A ocupação poderá ser total ou parcial e o delito configura-se no momento em
que exerçam sua conduta sobre os bens descritos, substituindo a autoridade militar ou civil
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sobre o bem. Conforme demonstra o parágrafo único, a revolta é uma forma qualificada de
motim pelo uso de armamento. Vale registrar que o tipo não exige que todos os militares
amotinados portem as armas, bastando que dois militares a portem para que ele se configure.
A circunstância se comunica ao demais, sem os quais não haveria revota.
Sujeito Ativo: Somente Militares
Sujeito Passivo: Instituições Militares
Elementos Objetivos: Necessária a reunião de pelo menos dois militares, não sendo
imprescindível o ajustamento prévio entre eles
Fique atento nas diferenças, pois o O motim é crime militar próprio, em que o sujeito
ativo é o militar. Militar é qualquer pessoa que, em tempo de paz ou de guerra, seja
incorporada às forças armadas, para nelas servir em posto, graduação, ou sujeição à disciplina
militar. Já o “Motim” é um crime que só militares e seus assemelhados podem cometer. O
dolo, elemento do tipo, é o genérico, não existindo a modalidade culposa no motim, como
veremos no esquema a seguir:
2.2.1 Conspiração
2.2.2 Incitamento
Art. 156. Fazer apologia de fato que a lei militar considera crime, ou do autor do mesmo,
em lugar sujeito à administração militar:
Pena - detenção, de seis meses a um ano.
Fazer apologia é defender, justificar, enaltecer “de forma que constitua incentivo
indireto ou implícito à repetição da ação criminosa”, bastando que seja endereçada a uma
única pessoa.
Portanto, não comete o delito quem se manifesta por simples manifestação de
solidariedade, defesa ou apreciação favorável, ainda que veemente, não sendo punível a mera
opinião.
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3.1 Da deserção
É crime militar por excelência, ratione materiae, de mera conduta. É crime permanente
porque a consumação se prolonga no tempo e somente cessa quando o militar se apresenta ou
é capturado. Não cabe tentativa.
Ausentar-se significa, também, deixar de comparecer. E o prazo de graça é o período
de oito dias da ausência do militar. Antes desse prazo não haverá desertor e sim, o ausente, a
quem são aplicadas as sanções disciplinares.
O art. 451, § 1º, do CPPM dispõe que “A contagem dos dias de ausência, para efeito
da lavratura, iniciar-se-á zero hora do dia seguinte àquele em que for verificada a falta
injustificada do militar”.
À luz do texto legal percebe-se que o tipo penal abrange duas condutas: 1°) O
abandono de posto ou lugar de serviço e; 2°) o abandono do serviço.
Ressalte-se que o abandono de posto é delito instantâneo, consumando-se no exato
momento em que o mi litar se afasta do local onde deveria permanecer.
Consuma-se o abandono de posto, igualmente, quando o militar, após iniciar o serviço,
abandona-o antes de seu término (abandono de serviço). A raiz do delito do art. 195 é,
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Ocorre o tipo penal militar do art. 196, quando o militar deixa de cumprir,
dolosamente, a missão que lhe foi incumbida. É crime omissivo, que não se confunde com o
abandono de serviço antes de terminá-lo, porque, embora a missão não deixe de ser serviço,
trata-se de incumbência de maior relevância, de caráter intuito personae e na qual o sujeito
ativo deveria representar seu superior hierárquico, levando documentação encomendada,
executando encargo específico e coisas do gênero.
* Há previsão da modalidade culposa. ]
Fique atento: Refletir acerca do texto legal do art. 10 da Lei nº. 8.429/92: debates sobre a
modalidade culposa de improbidade administrativa. A Lei nº. 8.429/92 enumera os atos de
improbidade administrativa, por meio das figuras do enriquecimento ilícito (art. 9º), do
prejuízo ao erário (art. 10) e do atentado aos princípios da administração pública (art. 11),
sendo que o rol dos atos de improbidade enunciados pelo diploma legal é exemplificativo.
Inicialmente, cumpre esclarecer que a embriaguez que está sendo abordada neste
artigo é a dolosa, sendo, destarte, afastada a culposa e a decorrente de caso fortuito ou força
maior. O delito da embriaguez apresenta duas modalidades: na primeira, o militar encontra-se
em serviço e, nessa qualidade embriaga-se.
Destarte, caso ingira bebida alcóolica e não se embriague, inexiste o delito. Na
segunda modalidade, a de apresentar-se embriagado para prestar serviço, é necessário que o
sujeito ativo tenha ciência de que iria entrar em serviço.
Conforme citado e consta no Código de Ética e Disciplina da PMSE, a conduta do
militar em embriagar-se em serviço configura crime militar, bem como transgressão
disciplinar prevista em diversos regulamentos disciplinares tanto das Forças Armadas quanto
das auxiliares.
Este crime pode ser classificado como:
• Propriamente militar (com supedâneo na classificação do artigo 9º, inciso I do CPM),
só podendo ser praticado por militares. Se o civil praticar tal conduta ela será atípica;
• Crime de mão própria – não admite co-autoria, mas admite participação (exemplo da
pessoa que forneceu bebida ao militar);
• Doloso – a conduta do militar de embriagar-se ou apresentar-se embriagado em
serviço tem que ser intencional, bem como sua vontade de violar o serviço e o dever
funcional. Não admite a modalidade culposa.
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Para Assis (2018) é irrelevante saber se resultou dano, porquanto trata-se de crime de
perigo contentando-se a norma penal com a probabilidade de dano a segurança da Unidade,
coloca-se ao lado dos que defendem o dispositivo penal, pois as funções especificadas no
artigo do Código são de grande importância para a segurança de Unidades, estabelecimentos
militares, navios etc. No entanto, se o militar estiver embriagado terá praticado a conduta
típica prevista no artigo 202 do Código Penal Militar e responderá penal e
administrativamente (porque nesta última esfera de responsabilidade não importa a
quantidade de álcool no sangue para que o militar seja responsabilizado) de forma cumulada.
Dentro desta perspectiva, faz-se necessário destacar que o referido autor ensina que o
militar tem o dever de utilizar todos os meios possíveis para evitar que adormeça e quando
esses meios se apresentem deficientes, cumpre participar ao superior hierárquico a fim de que
sejam adotadas providências cabíveis. Neste caso, tipo penal militar a objetividade jurídica,
ou seja, o interesse que é tutelado pela norma penal militar é o serviço militar / dever militar,
como destacado na diferenciação de dever moral e dever militar, seguindo a definição ética
aplicado aos militares.
Fique atento: Para finalizar citamos, com relação de crime contra o patrimônio, tem-se o
furto de uso criado para proteger o patrimônio alheio (público ou particular), de forma ampla,
contra toda e qualquer espécie de ofensa ou violação da propriedade e da vontade do
possuidor. Nesse tipo a vontade do infrator é a de usar momentaneamente o bem, seguida de
restituição ou reposição ao lugar em que se encontrava. Esse delito não encontra
correspondência no Código Penal Comum.
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Desrespeito a superior
Art. 160. Desrespeitar superior diante de outro militar:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Desrespeito a comandante, oficial general ou oficial de serviço
Parágrafo único: Se o fato é praticado contra o comandante da unidade a que pertence o
agente, oficial-general, oficial de dia, de serviço ou de quarto, a pena é aumentada da
metade.
Pela imposição hierárquica, observa-se que o ilícito somente poderá ser praticado
por um militar. A conduta típica consiste em desrespeitar, que nada mais é do que agir sem
a devida educação, faltar com a consideração devida entre superior e subordinado, sendo
necessário para sua configuração que o ato ocorra diante de outro militar. O ato de
desrespeitar é de forma livre. O desrespeito é crime subsidiário, ou seja, não se aplica
quando configurar crime mais grave, como desacato (art. 298, CPM) ou insubordinação
(Art. 163, CPM).
Da Insubordinação
Recusa de Obediência
Art. 163. Recusar obedecer a ordem de superior sobre assunto ou matéria de serviço, ou
relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos, se o fato não constitui crime mais grave.
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Sujeito Ativo: somente o Militar pode praticar este tipo penal, sendo deste modo definido
como propriamente militar;
Sujeito Passivo: a Administração Pública Militar (Estado);
Elemento Subjetivo: dolo, não existe a modalidade culposa para este tipo penal;
Crime formal onde a prática da conduta consuma o crime, e no caso do crime por omissão,
deve ser observado a existência de prazo para a consumação;
Crime de ação pública incondicionada.
Diante disto, se faz necessário o entendimento correto do conceito de SUPERIOR, de
modo que o Código Penal Militar, em seu Art. 24 o define como sendo: o militar que, em
virtude da função, exerce autoridade sobre outro de igual posto ou graduação,
considera-se superior, para efeito da aplicação da lei penal militar. Neste caso,
observamos que para efeitos penais o foco é a autoridade funcional, decorrente da
hierarquia.
A ordem deve ser impositiva, ou seja, devidamente entendida como determinação e
não pedido ou solicitação, dirigida diretamente a subordinado, atinente a assunto de serviço
ou dever imposto em lei, norma ou instrução. Portanto, recusa de ordem relativo a assuntos
pessoais não configura este crime, bem como, a recusa de obediência deve ser constituída
de negativa direta e inequívoca a ordem dada.
Somente existira o crime de recusa de obediência, se o fato não gerar crime mais grave,
pois a recusa de obediência pode se transformar no crime de motim, quando a recusa ao
cumprimento da ordem se manifestar por mais de 1 (um) subordinado, caso estes estejam
armados configura o crime de revolta.
Reunião Ilícita
Art. 165. Promover a reunião de militares, ou nela tomar parte para discussão de ato de
superior ou assunto atinente à disciplina militar.
Pena – Detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano a quem promove a reunião; de 2 (dois) a 6
(seis) meses a quem dela participa, se o fato não constituir crime mais grave.
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Sujeito Ativo: somente o militar pode praticar este tipo penal, sendo deste modo definido
como propriamente militar;
Sujeito Passivo: a Administração Pública Militar (Estado);
Elemento Subjetivo: dolo, não existe a modalidade culposa para este tipo penal;
Crime formal onde a prática da conduta consuma o crime.
Crime de ação pública incondicionada.
Da Resistência
O crime se consuma quando alguém contesta, contrapõe-se, combate, põe obstáculo
a realização de um ato legal, legítimo, utilizando-se de violência, de coerção física ou
ameaça, intimidação, que independe da gravidade desta, ao agente (devidamente
competente) que está praticando o ato, ou seja, dirigido diretamente a este. Devemos
observar que não se pode confundir ilegalidade com injustiça, pois se o ato que está sendo
praticado é injusto, porém perfeitamente legal, não cabe a resistência, caso contrário,
cometerá este tipo penal.
Outro aspecto que merece ser destacado, é que a ameaça de comunicação ou
representação, pura e simples contra o agente que está praticando o ato, a seus superiores,
não configura este delito. Como também, existindo dúvida concreta da legalidade do ato, ou
em desfavor do agente que a executa, este tipo penal estará afastado, pois a legalidade do
ato deve ser irrefutável. O crime se consuma na forma qualificada quando o ato legal,
realizado por agente competente e legítimo, não se realiza, agravando a pena de detenção
para reclusão, bem como aumentando a pena.
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1º) Sobre o que constitui a conduta típica de crime militar de motim, assinale a
alternativa correta.
a) reunirem-se dois militares, com armamento de propriedade militar, praticando violência à
coisa pública ou particular em lugar não sujeito à administração militar.
b) reunirem-se militares desarmados agindo contra a ordem de superior, ou negando-se a
cumpri-la
c) reunirem-se mais de dois militares ou assemelhados, com material bélico de propriedade
militar, praticando violência à pessoa em lugar sujeito à administração militar
d) deixar o militar de levar ao conhecimento do superior conspiração de cuja preparação teve
notícia, ou, estando presente ao ato criminoso, não usar de todos os meios ao seu alcance
para impedí-lo.
e) reunirem-se militares armados, recusando obediência a superior, quando estejam agindo
sem ordem ou praticando violência.
5º) Acerca dos crimes contra a autoridade ou disciplina militar do Código Penal
Militar, assinale a alternativa correta:
a) Para a caracterização do crime de motim é necessário que os agentes estejam armados.
b) Comete crime de conspiração o militar que deixa de levar ao conhecimento do superior o
motim ou revolta de cuja preparação teve notícia.
c) Comete o crime de violência contra inferior, o superior hierárquico que ofende inferior,
mediante ato de violência que, por natureza ou pelo meio empregado, se considera aviltante.
d) O militar que critica publicamente ato de seu superior incide no crime de publicação ou
crítica indevida
e) O crime de incitamento consiste em fazer apologia de fato que a lei militar considera
crime, ou do autor do mesmo, em lugar sujeito à administração militar
6º) No que se refere ao crime de violência contra superior (art. 157 do Código Penal
Militar), assinale a alternativa correta:
a) Trata-se de crime comum, que qualquer pessoa pode praticar.
b) O crime é qualificado se a violência é praticada contra o comandante da unidade a que
pertence o agente
c) Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de metade.
d) Se da violência resulta lesão corporal, absorve-se o crime contra a pessoa.
e) Nenhuma das assertivas anteriores.
7º) A respeito do crime de violência contra superior, é CORRETO afirmar que se:
a) o superior for comandante da unidade a que pertence o agente, ou oficial general, a pena
será de detenção.
b) a violência for praticada com arma, a pena será aumentada de dois terços.
c) da violência resultar lesão corporal, aplicar-se-á, além da pena da violência, a do crime
contra a pessoa
d) da violência resultar morte, a pena será de reforma
e) o crime ocorrer em serviço, a pena será aumentada de um terço
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8º) Assinale a alternativa correta sobre qual conduta consiste no crime de Violência
contra militar de serviço.
9º) Assinale a alternativa correta sobre qual conduta consiste no crime de desrespeito a
superior.
a) Desrespeitar superior diante de civil.
b) Desrespeitar superior diante de qualquer pessoa.
c) Desrespeitar civil diante de outro militar.
d) Desrespeitar civil diante de qualquer pessoa.
e) Desrespeitar superior diante de outro militar
10º) De acordo com previsto no Decreto-Lei nº 1.001/69 (Código Penal Militar), assinale
a alternativa INCORRETA:
a) Comete o crime de despojamento desprezível, o agente que se despoja de uniforme,
condecoração militar, insígnia ou distintivo, por menosprezo ou vilipêndio.
b) Comete o crime de ofensa aviltante a inferior, o agente que ofende inferior, mediante ato
de violência que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considere aviltante.
c) Comete o crime de violência contra superior, o agente que pratica violência contra oficial
de dia, de serviço, ou de quarto, ou contra sentinela, vigia ou plantão
d) Comete o crime de rigor excessivo o agente que excede a faculdade de punir o
subordinado, fazendo-o com rigor não permitido, ou ofendendo-o por palavra, ato ou escrito
e) Comete o crime de desrespeito a superior, o agente que desrespeita superior diante de
outro militar
11) Sobre o que configura conduta típica do crime de recusa de obediência, assinale a
alternativa correta.
a) desrespeitar superior diante de outro militar.
b) despojar-se de uniforme, condecoração militar, insígnia ou distintivo, por menosprezo ou
vilipêndio.
c) recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço, ou
relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução
d) promover a reunião de militares, ou nela tomar parte, para discussão de ato de superior ou
assunto atinente à disciplina militar
e) praticar o militar diante da tropa, ou em lugar sujeito à administração militar, ato que se
traduza em ultraje a símbolo nacional
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12) Assinale a alternativa correta sobre qual conduta consiste no crime de recusa de
obediência.
a) Opor-se às ordens da sentinela.
b) Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço, ou
relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução
c) Promover a reunião de militares para discussão de ato de superior
d) Tomar parte em reunião de militares para discussão de ato de superior
e) Promover a reunião de militares, ou nela tomar parte, para discussão de assunto atinente à
disciplina militar
13) Assinale a alternativa correta sobre qual conduta consiste no crime de Reunião
ilícita.
a) Promover a reunião de militares, ou nela tomar parte, para discussão de assunto atinente à
disciplina militar.
b) Promover a reunião de militares para discussão de ato de superior.
c) Tomar parte em reunião de militares para discussão de ato de superior.
d) Opor-se às ordens da sentinela.
e) Promover a reunião de militares, ou nela tomar parte, para discussão de ato de superior ou
assunto atinente à disciplina militar
14) Assinale a alternativa correta sobre qual conduta consiste no crime de publicação
ou crítica indevida.
a) Promover a reunião de militares para discussão de assunto atinente à disciplina militar.
b) Publicar o militar, sem licença, ato ou documento oficial
c) Promover a reunião informal de militares, ou nela tomar parte, para discussão de ato de
superior
d) Tomar parte em reunião informal de militares para discussão de assunto atinente à
disciplina militar
e) Criticar publicamente ato de qualquer natureza
16) Assinale a alternativa correta sobre a conduta que consiste no crime de resistência
mediante ameaça ou violência.
a) Opor-se à execução de ato legal, mediante ameaça ou violência ao executor, não havendo
crime se a conduta se volta contra quem esteja prestando auxílio.
b) Opor-se à execução de ato legal, mediante ameaça ou violência a quem esteja prestando
auxílio ao executor, não havendo crime se a conduta se volta contra o executor diretamente.
c) Opor-se à execução de ato legal, apenas mediante violência ao executor, não havendo
crime se a conduta se volta contra quem esteja prestando auxílio ou mediante grave ameaça.
d) Opor-se à execução de ato legal, apenas mediante ameaça a quem esteja prestando auxílio
ao executor, não havendo crime se a conduta se volta contra o executor diretamente ou
mediante violência.
e) Opor-se à execução de ato legal, mediante ameaça ou violência ao executor, ou a quem
esteja prestando auxílio
17) O militar que se opuser à execução de ato legal, mediante ameaça ou violência ao
executor, ou a quem esteja prestando auxílio, comete crime militar. Marque a
alternativa CORRETA com relação à tipificação do crime cometido e previsto no
Código Penal Militar:
a) Desacato a militar (artigo 299 do CPM).
b) Resistência mediante ameaça ou violência (artigo 177 do CPM)
c) Abuso de requisição militar (artigo 173 do CPM)
d) Oposição a ordem de sentinela (artigo 164 do CPM)
e) Nenhuma das assertivas anteriores.
22) Com relação ao crime militar de “Dormir em serviço” tem-se como INCORRETA:
a) Trata-se de crime de perigo contentando-se a norma penal com a probabilidade de dano a
segurança da Unidade.
b) Coloca-se ao lado dos que defendem o dispositivo penal, pois as funções especificadas no
artigo do Código são de grande importância para a segurança de Unidades, estabelecimentos
militares, navios etc.
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SERGIPE
TERCEIRA SEÇÃO DO ESTADO MAIOR GERAL
CENTRO DE ENSINO E INSTRUÇÃO
COORDENADORIA DE ENSINO
c) Defende-se que o militar tem o dever de utilizar todos os meios possíveis para evitar que
adormeça e quando esses meios se apresentem deficientes, cumpre participar ao superior
hierárquico a fim de que sejam adotadas providências cabíveis.
d) Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de quarto ou de ronda, ou em situação
equivalente, ou, não sendo oficial, em serviço de sentinela, vigia, plantão às máquinas, ao
leme, de ronda ou em qualquer serviço de natureza semelhante.
e) Nenhuma das alternativas anteriores
REFERÊNCIAS
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jurisprudências dos tribunais militares e tribunais superiores. Editora Juruá; 10ª
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Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1001.htm. Acesso em
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1969. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1002.htm.
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2018.
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NEVES, Cícero Robson Coimbra. Manual De Direito Processual Penal Militar. - 3ª ed. -
São Paulo: Saraiva, 2018.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Militar Comentado. - 3ª ed. - Rio
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ANEXO
MATERIAL DE APOIO