Educação de Jovens e Adultos
Educação de Jovens e Adultos
Educação de Jovens e Adultos
alfabetização
Damares Araujo Teles1
Maria Perpétua do Socorro Beserra Soares2
RESUMO
O presente artigo discute os resultados de uma pesquisa referente
ao processo de alfabetização e letramento na Educação de Jovens e
Adultos em uma escola pública na cidade de Parnaíba-PI, tendo como
sujeito da pesquisa uma professora que atua nessa modalidade de
ensino. Por isso o objetivo geral foi discutir os desafios e possibilidades
na alfabetização de jovens e adultos. A pesquisa foi fundamentada em
alguns autores como Freire (2001), Pinto (1991), Portela (2009), Soares
(1998); Tfouni (2002), entre outros. Optamos pela abordagem qualitativa
e o estudo de caso, com base em André (2005), Bogdan e Biklen (1994).
Os resultados revelam que a prática pedagógica da professora tem
contribuído eficazmente para alfabetizar e letrar os alunos. Por isso é
preciso que o docente crie atividades que estimulem os discentes para
que possam ler e produzir diferentes textos. Por conseguinte, concluímos
que o intuito da Educação de Jovens e Adultos é desenvolver no sujeito
jovem ou adulto o senso crítico, a capacidade de ler o mundo, além das
habilidades e competências técnicas necessárias a vida em sociedade,
ou seja, colaborar na formação e emancipação humana.
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Youth and Adult Education: challenges and opportunities in literacy
ABSTRACT
This article discusses the results of a survey concerning the acquisition
of literacy and literacy in youth and adult education in a public school
in the city of Parnaíba-PI, having as research subject a teacher who
acts in this type of education. So the overall objective was to discuss
the challenges and opportunities in literacy for youth and adults. The
research was based on some authors such as Freire (2001), Pinto (1991),
Portela (2009), Smith (1998); Tfouni (2002), among others. We chose the
qualitative approach and case study, based on André (2005), Bogdan and
Biklen (1994). The results reveal that the teaching practice of the teacher
has contributed effectively to literate students. So it is necessary that the
teacher create activities that encourage the students so they can read and
produce different texts. Therefore, we conclude that the Youth and Adult
Education aim is to develop in youth or adult subject critical thinking,
the ability to read the world and the skills and techniques necessary to
live in society, or collaborate in training and human emancipation.
RESUMEN
El presente artículo discute los resultados de una encuesta sobre
el processo de alfabetización y letramento en la Educación de
Jóvenes y Adultos en una escuela pública en la ciudad de Parnaíba-PI,
teniendo como sujeto de la investigación una profesora que actúa en
esta modalidade de enseñanza. Así el objetivo general fue discutir los
desafíos y possibilidades en la alfabetización para jóvenes y adultos.
La investigación se basó en algunos autores como Freire (2001), Pinto
(1991), Portela (2009), Smith (1998); Tfouni (2002), entre otros. Elegimos
el enfoque cualitativo y el de estudio de caso, basado en André
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(2005), Bogdan y Biklen (1994). Los resultados revelan que la práctica
pedagógica de la maestra ha contribuido eficazmente para alfabetizar y
letrar los alunos. Por lo tanto, es necesario el professor crear actividades
que favorezcan a los estudiantes para que puedan leer y producir textos
diferentes. Por conseguiente, llegamos a la conclusión que la intención
de la Educación de Jóvenes y Adultos es desarrollar en el sujeto joven
o adulto el pensamiento crítico, la capacidad de ler el mundo, además
de las habilidades y competencias técnicas necesarias para vivir en
sociedad, o sea, colaborar en la formación y emancipación humana.
Introdução
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informações, pelas tecnologias, uma sociedade do escrito, mas com
déficit de letramento, o que, por si, gera contradições.
Nesse sentido, é importante salientarmos que muitos jovens
e adultos fracassam na escola devido a diferentes fatores; um dos que
gostaríamos de enfatizar decorre das lacunas existentes na formação
dos professores que atuam nessas salas de aula, pois muitas vezes a
formação que possuem é insuficiente para que possam exercer práticas
pedagógicas eficazes no atendimento a esse público. Em muitos casos a
formação inicial desse professor não garante discussões e reflexões sobre
essa modalidade de ensino, seu público, as práticas pedagógicas e suas
especificidades, então “[...] o professor precisa urgentemente repensar
sua ação educativa” (MOURA, 2006, p. 110). Por isso, é necessário que o
professor repense seu fazer docente, já que a formação do educador é
um processo contínuo e sistematizado que precisa de constante reflexão.
O professor da EJA deve adotar em sua prática pedagógica
metodologias que facilitem e estimulem o processo de ensino-
aprendizagem em seus alunos, pois se trata de pessoas que não tiveram
acesso à escola na idade apropriada e que podem apresentar maiores
dificuldades para aprender se o método adequado não for utilizado.
Nesse ambiente de educação, dominar a leitura e a escrita
são habilidades essenciais que os alunos devem ter para que possam
enfrentar as exigências do mundo contemporâneo. Elas proporcionam
o acesso às diversas informações, seja no que diz respeito aos nossos
direitos e deveres, às notícias de jornais, revistas, à literatura de um livro,
entre outras. E isso possibilita que todos participem de uma sociedade
democrática. Para que a escola forme leitores e escritores competentes,
é fundamental que os alunos tenham contato com diferentes gêneros
textuais, se aproximando de contextos diversificados de informação. É
preciso que o professor crie atividades que estimulem os alunos a ler e a
produzir diferentes textos, assim os mesmos desenvolverão autonomia
para ler e escrever seus próprios textos.
Diante disso, surgiu o seguinte questionamento: Quais os
desafios e possibilidades na alfabetização de jovens e adultos?
O objetivo geral foi discutir os desafios e possibilidades na
alfabetização de jovens e adultos. E os objetivos específicos são:
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reconhecer a importância da leitura e da escrita para os alunos da EJA;
verificar as metodologias utilizadas pelo professor para estimular a
aprendizagem dos discentes e identificar os problemas que interferem
nesse processo.
No referencial teórico a pesquisa foi fundamentada em alguns
autores como Freire (2001), Pinto (1991), Portela (2009), Soares (1998),
Freire (2001), Lerner (2002), Tfouni (2002), entre outros. Optamos pela
abordagem qualitativa e o estudo de caso, com base nos estudos de
André e Lüdke (1986), André (2005), Bogdan e Biklen (1994).
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Ser um leitor de si mesmo, refletindo, sistematica-
mente, sobre a sua prática, o seu fazer pedagógico; o
que sabe e o muito que desconhece, as suas contradi-
ções enquanto educador, os seus receios e inseguran-
ças; para que possa vislumbrar as suas faltas e buscar
suprí-las. É partindo desta leitura, leitura crítica de si,
que poderá, em exercício concomitante, executar a
leitura do mundo que o cerca. (MACHADO; NUNES,
2016, p.55).
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e a prática pedagógica do professor é fundamental nesse processo. Por
isso, o docente necessita estar preparado, pois ser professor alfabetizador
não é tarefa fácil.
Nesse sentido uma prática pedagógica eficaz na EJA, consiste
em fazer com que o educando se aproprie das especificidades da
alfabetização e do letramento em um contexto que envolva a leitura,
a escrita e a produção de gêneros textuais diversificados. Desse modo,
a partir do momento que o professor considere o estudante jovem e
adulto, como produtor de saber e de cultura, ainda que não saiba ler
e escrever, esse alfabetizando em práticas efetivas de letramento e o
processo de alfabetização se torna muito mais significativo (GALVÃO;
SOARES, 2006).
Sabemos que os discentes que frequentam a Educação de Jovens
e Adultos nos primeiros ciclos, não são alfabetizados ou possuem pouco
domínio sobre a leitura e a escrita, todavia esses jovens vivenciam as mais
diversas formas de interação com a escrita e a leitura cotidianamente.
Sendo assim, ressaltamos que a alfabetização e o letramento devem
ocorrer de maneira significativa, a partir da cultura e história de vida dos
estudantes.
É importante destacar que “pensar na formação do professor de
jovens e adultos, no atual contexto socioeconômico, político e cultural,
exige uma avaliação e uma revisão da prática educativa e da formação
inicial e continuada desses educadores” (MOURA, 2009, p.48). Assim,
repensar a prática educativa e a formação continuada do professor é
fundamental, já que esse docente precisa prender a atenção de seus
discentes de modo que não se sintam desmotivados com aulas que não
conseguem atraí-los. E essas aulas serão atrativas a partir de práticas
eficientes que são adquiridas desde a formação inicial até o processo
de busca pelo aperfeiçoamento profissional por meio da formação
continuada.
Não basta lançar aleatoriamente conteúdos que não fazem
sentido na vida do educando, é necessário utilizar metodologias que
valorizem sua experiência cotidiana, por meio dos conhecimentos
prévios e saberes adquiridos ao longo da vida. Nesse contexto, é preciso
que o professor utilize práticas pedagógicas que auxiliem no trabalho
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com a leitura e a escrita. Para isso, o docente não deverá desenvolver
seu trabalho utilizando as mesmas estratégias que são realizadas com as
crianças em processo de alfabetização, já que os públicos são distintos,
e procurar alfabetizar jovens e adultos como se fossem crianças
grandes faz com que muitos deles abandonem a escola por se sentirem
desmotivados com os recursos utilizados em sala de aula, como por
exemplo: os livros que são usados na alfabetização de crianças. Pinto
(1991, p. 86) argumenta sobre o problema de utilizar metodologias
inadequadas:
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Portanto, as práticas de alfabetização e letramento objetivam
promover o desenvolvimento de habilidades para que os discentes,
jovens e adultos, se insiram com autonomia em práticas de leitura,
interpretação e produção de diversos textos. Assim, o papel do
educador na alfabetização e letramento é o de estabelecer diálogos com
os estudantes, inserindo-os em práticas sociais de leitura e escrita. Por
conseguinte, concluímos que o intuito da Educação de Jovens e Adultos
é desenvolver no sujeito jovem ou adulto o senso crítico, a capacidade de
ler o mundo, além das habilidades e competências técnicas necessárias
a vida em sociedade, ou seja, colaborar na formação e emancipação
humana.
A EJA proporciona aos educandos igualdade de oportunidades
tendo o direito a uma educação de qualidade na escola pública; permite
que os mesmos sejam reingressados no sistema de ensino. Desta forma
a EJA possibilita que os índices de analfabetismo diminuam. De acordo
com Tfouni (2002, p.9):
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jovens e adultos que Freire enfatiza, rejeita o aspecto mecânico e critica
a ênfase dada à repetição. Mas apoia-se na interlocução e na construção
de significados. Freire (1991, p.16) diz o que segue:
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todos os alunos à cultura do escrito, é o de conseguir
que todos seus ex-alunos cheguem a ser membros
plenos da comunidade de leitores e escritores.
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estratégias para acelerar a inserção plena dos adultos recém-leitores no
mundo da escrita”.
A escola precisa enfrentar o desafio de tornar a leitura e a escrita
como práticas sociais na vida dos alunos. Ainda nas palavras de Lerner
(2002, p.27-28):
Metodologia
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Nesse sentido, é importante destacarmos que optamos pela
pesquisa qualitativa do tipo descritiva, que procura explicar e descrever
com fidedignidade o objeto investigado. Conforme Oliveira (2010)
esse tipo de pesquisa faz uma descrição detalhada da forma como se
apresenta o fenômeno, caracterizando-se como uma análise profunda
da realidade pesquisada.
A pesquisa de abordagem qualitativa do tipo descritiva
caracteriza-se como qualitativa, já que trabalha os fenômenos humanos
como parte da realidade social. E é descritiva, pois utiliza as informações
da própria realidade, dando grande relevância aos significados, valores
e crenças, que os sujeitos atribuem ao tema que está sendo investigado
(MINAYO, 2012).
Na pesquisa de cunho qualitativo utilizamos como técnicas
de coleta de dados: a entrevista semiestruturada e a observação
participante. De acordo com André e Lüdke (1986 p.26):
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unidades passíveis de mensuração, estudando-as
isoladamente), defendendo uma visão holística dos
fenômenos, isto é, que leve em conta todos os com-
ponentes de uma situação em suas interações e influ-
ências recíprocas.
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o desenvolvimento no processo de alfabetização e letramento. Assim já
começavam a demonstrar afinidade com textos.
Por isso Marília também trazia pequenos textos que falavam
sobre a vida cotidiana para que eles lessem. Depois respondiam
alguns questionamentos referentes ao texto lido, nesse momento
eles demonstravam o que haviam compreendido. Por conseguinte,
observamos que as atividades exercitadas durante as aulas ajudaram
muito os alunos a começarem a ler e escrever.
Embora houvesse algumas dificuldades na leitura e escrita, com
o passar dos meses os alunos progrediram e já liam e escreviam. Depois
eles faziam pequenas redações sobre os assuntos que lhes interessava.
Ao longo das aulas a professora também trouxe jogos de leitura e escrita.
No que se refere à prática pedagógica, os desafios e possibilidades
no processo de alfabetização e letramento na EJA, a docente Marília
relatou o que segue:
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também fazer trabalhos criativos com eles. Pra mim
um desafio na EJA é inovar, é chamar a atenção dos
alunos, é ter mais recursos para isso, é fazer com que
eles acreditem que podem aprender a ler e a escrever.
Mas quando eu consigo isso, fico realizada3.
Considerações Finais
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sejam estimulados a ler e a produzir diferentes textos, assim os mesmos
desenvolverão autonomia para ler e escrever seus próprios textos.
Portanto, o educador da EJA deverá facilitar o processo de ensino
e aprendizagem de seus alunos, pois se trata de pessoas que não tiveram
acesso à escola na idade apropriada e que podem apresentar maiores
dificuldades para aprender se o método adequado não for utilizado.
Assim a leitura e a escrita serão práticas sociais constantes na vida dos
educandos quando o professor por meio de sua prática possibilitar que
haja a inserção desses alunos no mundo cultural da leitura e da escrita.
Formando discentes que sejam capazes de ir além de uma decifração
da escrita, que saibam ler o que está nas entrelinhas, entendendo,
questionando e criticando o que lhes está exposto.
Por conseguinte, concluímos que o intuito da Educação de
Jovens e Adultos é desenvolver no sujeito jovem ou adulto o senso crítico,
a capacidade de ler o mundo, além das habilidades e competências
técnicas necessárias a vida em sociedade, ou seja, colaborar na formação
e emancipação humana.
Referências
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100 Revista Educação e Emancipação, São Luís, v. 9, n. 1, jan./jun. 2016
BRASIL. Lei nº. 9. 394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes
e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 23 dez. 1996.
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Revista Educação e Emancipação, São Luís, v. 9, n. 1, jan./jun. 2016 101
MINAYO, M. Cecília de Souza (Org.). Pesquisa Social: Teoria, Método e
Criatividade. 31 ed. São Paulo: Vozes, 2012.
PINTO, Álvaro Vieira. Sete lições sobre educação de adultos. 7 ed. São
Paulo: Cortez: Autores Associados, 1991.
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