Introdução À Neuroimunologia, Aula 5
Introdução À Neuroimunologia, Aula 5
Introdução À Neuroimunologia, Aula 5
n e u r o i n f l a m a ç ã o, t r a u m a s e
Neuroinflamação traumas e
Pontos-chave:
- Maior causa de mortalidade e morbidade a longo prazo no mundo;
- Dois tipos principais: isquêmico (70 a 80% dos casos) e
hemorrágico (10 a 20%);
- Quebra da BHE (aumento da permeabilidade);
- Cascatas de neuroinflamação (ciclo da neuroinflamação que
exacerba a inflamação, liberando citocinas);
- Morte neuronal;
- Déficits neurológicos;
- Tratamento limitado;
- Cursa com duas fases: fase aguda e crônica.
Existem inicialmente a zona
onde ocorreu de fato o extravasamento
do sangue ou a oclusão do vaso,
causando a isquemia da região,
chamada de zona de infarto, destacado
em laranja. Mas ainda temos uma
segunda fase, destacada em amarela,
chamada de zona de penumbra. Essa
região circunda a zona de infarto. Ou
seja, a morte celular dos neurônios na zona de infarto, causa o
extravasamento de debris celulares e outros fatores que vão fazer o
espalhamento da morte neuronal ao redor do local inicial da lesão.
Além disso, esse artigo trás o ritmo de como funciona a
ativação microglial no AVE isquêmico (A) e no AVE hemorrágico (B –
ICH: intracerebral hemorrahge).
Em rosa temos o fenótipo M1 da microglia e em verde temos
o fenótipo M2. Podemos imaginar que o comum seria termos no início, 1.1.1 Fatores de transcrição
Peroxisome proliferator-activated receptor gamma (PPARγ):
na fase aguda, temos a expressão do fenótipo M1 (pró-inflamatória) e,
- Família de receptores nucleares com ação antioxidante e anti-
em seguida, temos o fenótipo M2, resolvendo a neuroinflamação. Mas
inflamatória;
isso não ocorre no AVE isquêmico e isso que causa os problemas.
- Ativação leva à redução do fenótipo M1 e aumento do M2 na microglia.
Inicialmente temos um pico de M2, e a M1 evolui gradativamente,
chegando ao pico depois da primeira semana. Assim, não temos a ação
Membros da família STAT (signal transducer and activator of
esperada no quadro inflamatório, temos uma inversão no aparecimento
transcription):
dos fenótipos.
- Atuam na proliferação celular, imunidade e inflamação;
- STAT1: leva à ativação M1;
- STAT6: promove polarização M2 (tende para o lado M2, mas coloquei
aqui porque é da família STAT) após isquemia cerebral;
- STAT3: efeito contexto-dependente (hora vai fazer com que a
microglia ganhe o fenótipo M1, hora o M2 a depender do contexto).
E no AVE hemorrágico, temos de fato a fase M1 sendo
ativada/expressa logo início, decaindo ao longo do tempo, ao passo que ---------------
a M2 vai crescendo. Mesmo assim há uma descompensação e o ciclo da NFkB:
neuroinflamação não ocorre de forma correta. Além disso temos outras - Regula expressão de genes que farão a regulação ao tipo M1;
complicações do AVE hemorrágico, que inclui principalmente o - Ativação via TLR-2 e TLR-4 leva a aumento de citocinas pró-
aumento da pressão intracraniana. inflamatórias (IL-1β e IL-18) no AVE isquêmico e hemorrágico.
2.1.5 Neuroplasticidade
- Microglia/macrófagos podem modificar rapidamente a
atividade neuronal e modular a função sináptica após o AVE;
- Após isquemia transitória (isquemia que dura um tempo
menor que a isquêmica): duração dos contatos entre processos
microgliais e sinapses é substancialmente aumentado – promovendo
renovação sináptica.
Ou seja, a microglia pode atuar na renovação sináptica, seja
após o AVE clássico como na isquemia transitória.
A lesão primária engloba a fase 1 e a lesão secundaria engloba
as fases 2 e 3.
2.2 Fase 2
- Recrutamento de células T e monócitos (do sistema imune
periférico, recrutados pela microglia ativada);
- Liberação de citocina anti-inflamatórias;
- Clearance de debris e células lesionadas (limpeza dos debris
Também conhecido como TBI (trumatic brain injury), suas
e das células que foram lesionadas).
causas podem ser por:
- Impacto direto – causando ou não ruptura da calota
craniana; frequentemente acompanhado por um acúmulo de sangue e 2.3 Fase 3
- Ideal: resolução da inflamação e reparo tecidual, liberação
aumento da pressão intracraniana;
de fatores tróficos e isolamento da área lesionada via cicatriz glial
- Lesão por aceleração/desaceleração – como é o caso do
Mas não é isso que ocorre. Há uma perpetuação do ciclo da
Ayrton Sena;
neuroinflamação, gerando uma resposta exagerada da microglia.
- Lesão por explosão.
Abaixo temos um gráfico ilustrando a super liberação das mitocôndria, com uma perda passiva de moléculas intracelulares que
DAMPs, citocinas e quimiocinas na fase aguda, em vermelho. A chegada funcionam como DAMPs, ativando ainda mais a microglia, fazendo esse
dos neutrófilos em azul, que é a resposta primaria. Depois temos a ciclo se perpetuar.
ativação da microglia e dos astrócitos em verde, na fase 2. Os monócitos Em resumo, temos uma via diferente que cursa com a
circulantes chegando na mesma fase, em amarelo. E as células T e B desestabilização da membrana celular do neurônio, gerando o aumento
em roxo, que deveria perpetuar por semanas, resolvendo ao final o da permeabilidade neuronal, fazendo com que tenha uma desregulação
quadro de inflamação, mas na maioria dos casos não é o que ocorre. energética da mitocôndria, que culminará na liberação dessas moléculas
intracelulares que funcionarão como DAMPs.
NMDA
Desregulação da
- Excitotoxicidade;
- Transdução desregulada
mitocôndria, perda
↑Influxo de cálcio de energia; passiva de moléculas
- Geração de radicais livres; intracelulares que
- ROS funcionam como DAMPs
Lesão medular (LM) O esquema abaixo traz ilustrado o que ocorre em cada uma
das fases.
- Definição: é uma condição debilitante causada pelo rompimento da medula espinhal, levando
à perda de movimentos e sensibilidade na região abaixo do local da lesão;
- Dependendo da altura da lesão, pode ocorrer paraplegia ou quadriplegia;
- De acordo com a OMS, 250 a 500 mil pessoas sofrem lesão medula traumática todos os
anos, no mundo inteiro;
- A maior parte dos casos ocorre em homens, entre 16 e 42 anos.
Principais causas: Acidentes automobilísticos (48%), quedas (23%), violência (17%) e esportes
(12%).
Figura 2: Imagem explicativa do local da medula espinhal que sofreu o trauma. A lesão se espalha
com o tempo, e os astrócitos reativos migram até o local para formar a cicatriz glial, barreira
física que impede o espalhamento da lesão. As microglias se tornam ativadas, e os macrófagos
migram para o local. A bainha de mielina próxima à lesão se torna danificada, prejudicando a
transmissão de informação dos neurônios. Figura adaptada de Zhou, Xiaoping et al. (2014).
Figura 1: Line graph displaying the percentage of studies that observed significant upregulation
in IL-1β, TNFα, IL-6, and IL-10. The majority of investigators observe a significant
upregulation of the three most investigated inflammatory cytokines early after injury and TNFα
and IL-1β remain upregulated. The anti-inflammatory cytokine IL-10 lags further behind and
the majority of investigators show it peaking around 1-week post-injury.
a. II, III e IV estão corretas.
b. I, III e IV estão corretas.
c. II e IV estão corretas.
d. I, II e III estão corretas.