Fernanda Brito Da Silva
Fernanda Brito Da Silva
Fernanda Brito Da Silva
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO I
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS – MESTRADO PROFISSIONAL
Salvador/BA
2019
FERNANDA BRITO DA SILVA
Salvador/BA
2019
Autorizo a reprodução parcial ou total dessa Dissertação para fins acadêmicos, desde que seja
citada a fonte.
A minha amada filha Isabela Brito,
Minha Luz; Minha Flor; Minha Alegria!
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, o Grande Arquiteto do Universo, pela vida, pela realização dos
sonhos, projetos e conquistas.
A minha Ancestralidade e Espiritualidade pelos sinais intuitivos, por meio da presença
“Eu Sou” que me auxiliam na caminhada da vida sempre nos passos da fé, respeito e confiança.
Aos meus pais, Alaide e João, agradeço pela vida, amor, apoio, educação e orientações.
Obrigada pelo apoio neste projeto de vida do Mestrado e em todos os projetos e etapas da vida
que vocês sempre estiveram comigo.
A minha Querida e Amada filha Isabela, agradeço pela serenidade e luz que você
transmite desde o dia que nasceu. Essa luz que me iluminou e muito me fortaleceu a caminhar
nessa etapa de forma tranquila, através do seu sorriso e amor.
Ao meu companheiro de vida Beto, por vivenciar e caminhar comigo em mais uma etapa
de formação. Obrigada pelo apoio, idas e vindas na rotina do dia a dia entre casa, trabalho e
mestrado e pelo apoio nas madrugadas em claro.
Agradeço aos meus irmãos, Camila e Marcelo pelo apoio, estímulo e cuidado nesta
trajetória. Mila, obrigada pela irmandade e sororidade e suporte na organização da qualificação
e defesa do trabalho.
Aos meus sobrinhos queridos e amados, Leonardo e João Pedro, por estarem sempre
perto de Isabela, nas diversões e parceria enquanto me debruçava na pesquisa.
A minha família, tias, tios, primos, primas pelo apoio, torcida e boas vibrações. Em
especial agradeço a minha tia Madrinha Irá, pelo incentivo e atenção; a tia Bete pela sua
iluminada arte em forma de velas, presentes na qualificação e na defesa; a Lívia pelo suporte e
a Isabel pelo apoio no inglês.
A minha querida orientadora, a Professora Doutora Ana Paula Conceição pelas
orientações, acolhimento, conselhos, carinho e afeto. Ana, gratidão pela trajetória que
construímos juntas. Gratidão por compreender e respeitar a minha história, minha luta e meu
lugar. Você ficará para sempre em meu coração.
Agradeço as minhas Márcia’s – Gisele Márcia Freitas pelo empurrão e apoio desde a
seleção até a defesa, pelo incentivo, orientações, carinho e irmandade. A Márcia Maria Lago
pelo caminhar juntas desde o meu início no Sesi como estagiária e até hoje, na atuação como
coordenadora. Meninas Marcia’s, gratidão pela história e trajetória que construímos de
solidariedade, amor e carinho. Impossível mensurar o que aprendi com vocês!
Gratidão as fabulosas e fabulosos professores, professoras e colaboradoras da EJA do
Sesi Salvador: Aislene Gabriel, Rafaela Giffone, Leliany Mazzei, Saoara Sotero, Sara Flaviane,
Uiara Moura, Reinaldo de Jesus, Gledson Paiva, Daniel Silva, Jorlânia Candido, Alan Cunha,
Cátia Bomfim e Sileide Lopes. Obrigada pelas maravilhosas contribuições para esta pesquisa.
Pelo cotidiano de trabalho leve, respeitoso e colaborativo.
Aos meus e minhas colegas de trabalho, equipe que faz a EJA no Sesi Bahia em com
muito amor, carinho, respeito e resistência. Em especial, agradeço a Carolina Freitas e Camila
Vieira pela parceria, trocas de experiência, aprendizados, solidariedade e companheirismo.
Ao Sesi Bahia pela oportunidade da formação em ação. Obrigada a Cléssia Lobo e
Antonia Bizerra pelo apoio e incentivo.
Agradeço a Professora Doutora Maria da Conceição Ferreira e ao Professor Doutor
Joaquim Luis Medeiros Alcoforado pela disponibilidade para colaborar e contribuir na
qualificação deste trabalho. Obrigada pela preciosa presença na banca de defesa deste estudo.
Aos professores e professoras do Mpeja pelas provocações e reflexões sobre e para a
EJA. Agradeço em especial, as professoras Edite Faria, Érica Alves e Patricia Lessa.
As colaboradoras do Mpeja, as meninas fantásticas Neide Lopes e Nildete Ferreira.
Gratidão pelo apoio, sorrisos e cuidado, pelos conselhos e broncas quando necessários. Vocês
são muito especiais!
A minha amada e inesquecível Turma 4, por todo o aprendizado construído juntos.
Agradeço em especial, as minhas mestras Deysiene, Graciela e Jársia pela parceria e sororidade.
E a nossa panelinha de ajuda mútua, risadas e partilhas: Francineide, Nilzete, Daniel,
Hildebrando, Auxiliadora, Miriam Teixeira, Natalia, Deysi, Jársia e Gal.
E por último e não menos importante, um agradecimento aos estudantes da Educação
de Jovens e Adultos do Sesi por tudo que aprendi com vocês desde 2001, quando ingressei
nessa instituição como docente. Em especial, agradeço aos colaboradores e colaboradoras deste
estudo, estudantes das turmas Salvador 2016 e Camaçari 2018, que caminharam conosco na
implantação da Metodologia de Reconhecimento de Saberes e por confiarem a nós o maior
tesouro de vocês: as histórias de vida e os seus saberes.
Gratidão!
Não se pode encarar a educação a não ser como um que-fazer humano.
Quefazer, portanto, que ocorre no tempo e no espaço,
Entre os homens, uns com os outros.
Caminhos do Coração,
Gonzaguinha
Silva, Fernanda Brito da. O Caminho se faz caminhando: a implantação da Metodologia de
Reconhecimento e Validação de Saberes no Sesi Bahia. Orientadora: Profa. Dra. Ana Paula
Silva da Conceição. Bahia: UNEB, 2018. 200f. Dissertação (Mestrado Profissional em
Educação de Jovens e Adultos - MPEJA) – Departamento de Educação – Campus I,
Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Bahia, Salvador, 2018.
RESUMO
ABSTRACT
This study reports the experience in the implementation of the Knowledge Recognition
Methodology (MRS), in Salvador's Pole, located at School SESI Rector Miguel Calmon, from
2016 to 2018. The MRS is one of the foundations of the National Project of courses for Youth
and Adult Education, of the National Department of SESI - Social Service of Industry. It was
approved by the National Council of Education, under the opinion CEB 001/2016, as an
"innovative pedagogical experience". In this way, the question of research is based on the
following question: Has the Knowledge Recognition Methodology contributed to raising the
basic schooling of youths and adults who study in the Polo Salvador, in Sesi Bahia? As a general
objective of this research, we have chosen to investigate the extension in which the MRS has
contributed to the increase in the education of young and adult students. The present work
corresponds to the research of applied nature and qualitative approach, with its foundations
based on Ludke and André (1986); and Minayo (2005). For the methodological procedure, we
focused on the Critical and Multi-referential Ethiopian Research, referendum in Macedo (2000,
2009, 2010). The devices to collect all information suitable to produce and perform this action
research were: the bibliographic and documentary survey, field diary, participant observation,
and semi-structured interview. Within the investigated universe there were 35 subjects
collaborating to this research. For the course of the construction of theoretical ballast, we
elected authors who contributed to the foundation of this study and also they have a focus on
Education, Youth and Adult Education, and Knowledge Recognition. We conclude by
highlighting the importance of designing a methodology that recognizes, validates and entertain
EJA's students on their return from school, considering their background history, knowledge
and life trajectories, necessary especially, when this return occurs using a unique methodology
and proposal, totally different from learning experiences and the "Educations" that he
experienced during his journey and life journey.
Keywords: Youth and Adult Education. Recognition of knowledge. Education. High School
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 18
.................................................................................................................................................. 54
................................................................................................................................................ 132
1 INTRODUÇÃO
Gonzaguinha
Reconhecer saberes! Esta prática sempre esteve presente em minha vida, e para iniciar
essa conversa, tomo como empréstimo, os versos de Gonzaguinha, ilustre compositor, poeta e
intérprete brasileiro, que sempre embalou as fases de minha caminhada. “Eu apenas queria que
você soubesse”... que os saberes me acompanham desde a infância, quando via minhas avós
Maria’s dividirem suas sabedorias, nos chás para curar nossas dores, nos métodos para curar
insônia e trazer um sono tranquilo. Na sabedoria de meu avô, antes mesmo do modismo dos
orgânicos e de uma alimentação saudável, nos orientar que tudo que não é criado nem plantado
não serve para nossa alimentação.
Identificar e validar saberes, “não ficou no tempo preso na poeira”! Estão presentes na
minha história, quando vi meu pai, João Pereira, se constituir profissional no aprender a fazer
do dia a dia do trabalho, até qualificar-se na educação profissional como uma forma de certificar
o que construiu e constituiu em campo, na sua rotina como técnico em elevadores. Minha mãe,
Alaide Brito, por sua vez, mulher de fibra, além de herdar a sabedoria da minha avó, se
constituiu na maternagem. Buscou qualificar-se para atender as demandas da família, fazendo
curso de técnica em enfermagem, corte costura, culinária para aprender a aplicar injeção, aferir
pressão dos filhos e familiares, fazer fantasias para os festejos escolares até chegar a concretizar
a sua paixão de fazer curso de cabeleireira para garantir, junto com meu pai, o acesso a uma
educação de qualidade para a sua prole.
E nessa ciranda de saberes da minha família, “minha ternura não ficou na estrada”, e
com ela fui crescendo, optei pelo magistério no ensino médio, antigo segundo grau, para atender
o meu desejo de ser professora. Estudei no Iceia, onde guardo com gratidão lembranças da
professora metodologia de ciências sociais, Georgina, e da professora de estágio
19
supervisionado, Maria da Paz. O estágio, do último ano, reafirmou o meu desejo em ser
professora e seguir na carreira docente, em especial, quando vi o amor e dedicação da professora
Elizete que tive o prazer de substituir, tendo seu apoio e presença em sala, me orientando,
incentivando, dividindo comigo seus saberes e experiências.
Nesse desejo de continuar na carreira docente, “a alegria esteve comigo”! Prestei
vestibular da Universidade Federal da Bahia – Ufba, para o curso de Pedagogia e daí começa a
minha andança pela Educação de Jovens e Adultos - EJA, por meio do mural da faculdade, um
anúncio de estágio, em 2001, para o Serviço Social da Industria - Sesi. Então começa minha
estrada na companhia de mulheres pedagogas e educadoras de jovens e Adultos: Márcia Lago,
Amaleide Lima, Sayonara Lordelo, Lucimar Batista, Solange Novis, Sandra Regina Rocha,
Luciana Ramos, Aparecida Oliveira e Joice Costa (in memoriam).
Fui conhecer a proposta e participei da seleção, fiz um curso de formação, o que me
proporcionou os primeiros conhecimentos sobre EJA. Após a formação, iniciei a minha
primeira turma, em um canteiro de obras, na construção de um hospital em Salvador, foi onde
me apaixonei por esse segmento e pela grandeza e resistência daqueles operários em voltar a
estudar, na satisfação de aprender a assinar o nome, tirar uma nova carteira de identidade,
assinar o nome na empresa.
Esses estudantes trabalhadores chegavam em sala acreditando que nada sabiam, pois
não detinham a habilidade da leitura e da escrita. Contudo eram hábeis na tarefa de construir
edificações, ler plantas baixas, assentar pisos e revestimentos e quando reconhecia esse saber,
partia deste conhecimento para iniciar processo de letramento e de aquisição do sistema de
escrita alfabético, eles manifestavam uma grande gratidão pelo que aprendiam, mas não
entendiam que também me ensinavam.
Atuei em duas turmas como docente de EJA no Sesi, logo após fui convidada para atuar
como assistente de coordenação pedagógica, onde pude vivenciar outras trilhas de saberes, onde
tudo começa, para garantir o acesso destes alunos trabalhadores ao sonho de aprender a ler e
escrever. Vivenciar a coordenação pedagógica com pedagogas que muito aprendi sobre EJA,
sobre Letramento, sobre Alfabetização de adultos, através da troca, da partilha, do estudo no
coletivo com Verena Vidal, Maria da Conceição Brazil, Marilia Magalhães e Sérgio Ricardo
Silva.
Em 2005, a colheita continuou ...”colhi o fruto, flor do seu carinho”, fui convidada para
o desafio de atuar como coordenadora pedagógica do ensino fundamental I da EJA no Sesi.
Essa proposta me possibilitou continuar o trabalho de realizar o sonho dos trabalhadores,
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basicamente nos canteiros de obras, que tinham uma história de vida de negação de direitos e
que creditavam na educação a possibilidade de reconhecer-se como gente, como ser humano.
Paralelo ao Sesi atuei por dois anos na Universidade Salvador - Unifacs, como tutora
do curso do Normal Superior que depois virou Pedagogia, oferecido na metodologia a distância.
Os saberes adquiridos nesta experiência como Tutora de um curso a distância, me possibilitou
experienciar uma nova atuação como educadora e de entender que mesmo em um curso a
distância, como nós professores, somos importantes para os nossos alunos e alunas.
Em 2010, “eu apenas queria que você soubesse, que esta menina hoje é uma mulher, e
que esta mulher é uma menina”, onde tem uma pausa para novos saberes, o da maternagem,
mãe de Isabela, que agora me ensinava a relacionar os saberes: do ser mulher, mãe,
trabalhadora, educadora de jovens e Adultos.
Em 2013, inicia o momento de entender que “a atitude de recomeçar é todo dia toda
hora!”. O Sesi tem o Projeto de um curso a distância autorizado pelo Conselho Estadual de
Educação (CEE-BA), então fui convocada para atuar nesta implantação, como coordenadora
pedagógica do Polo Salvador. Nesta experiência era tudo muito novo, pois além de se tratar de
um curso para EJA era um curso a distância. Foi necessário abarcar os saberes acumulados e
reconstruídos nas experiências do próprio Sesi, no ensino presencial, na Unifacs com a
Educação a Distância e no apoio e investimento da coordenadora da Educação a Distância na
Bahia que acompanharia a implantação do Polo Sudoeste e Salvador. Nesta experiência,
aprendemos juntos, trocamos saberes, ressignificamos, quebramos paradigmas juntos com os
nossos e nossas estudantes que abraçaram e acreditaram em mais esta proposta e mostraram,
mais uma vez, que com persistência e força de vontade eles chegam longe, realizam seus sonhos
e transformam suas vidas e de seus familiares.
Em 2014, era mais uma vez, “o momento de colher o fruto flor do nosso carinho”, o
Sesi Nacional vem a Bahia conhecer a nossa expertise em EJA EAD e partilha conosco a
proposta de uma nova metodologia para EJA pautada no reconhecimento de saberes. A partir
daí iniciamos a feitura desta colcha de retalhos junto com o Sesi Nacional e com outros estados
para juntos e com bases em experiência da Europa, desenvolvermos uma proposta que pudesse
reconhecer e validar os saberes e experiências de pessoas jovens e adultas. Esta proposta muito
nos encantou, pois ao longo destes anos de atuação na EJA, os nossos e nossas estudantes já
nos revelavam que muito sabiam a partir das itinerâncias da vida no exercício da cidadania e da
profissão.
21
Ao longo de dois anos trabalhamos (Sesi Nacional e Regionais) nesta proposta. A equipe
do Sesi Nacional elaborou a proposta e submetia para apreciação dos Regionais. Quando em
2016, o Sesi Nacional tem a aprovação do curso da Nova EJA que tem como pressuposto a
Metodologia de Reconhecimento de Saberes. E assim, nos versos de Gonzaguinha, nossa colcha
de retalhos fica pronta e temos o desafio, enquanto Sesi Bahia, de pôr em pratica a primeira
turma com a Metodologia de Reconhecimento de Saberes (MRS). E agora? Será que ela
atenderá as necessidades dos nossos e das nossas estudantes? Será que essa colcha, a MRS,
consegue aquecer e abrigar tanta experiência, tanto saber? Do que ela dá conta? O que ela
propõe? Vamos arrematar esses pontos, conhecer esta metodologia e avaliar os contrastes
emergidos dessa experiência no Polo Salvador, por meio dessa pesquisa.
por outras vias que não a escolarização formal) e a de Belém em 2009 (que buscou reavaliar os
princípios da conferência anterior).
Na LDB, que permite a inscrição do educando, analisando seu grau de desenvolvimento
e experiência, na etapa curricular adequada, independentemente da escolarização anterior
(LDB, art. 24, inciso II, letra “b”), situando o educando no itinerário educativo. Recentemente,
o Ministério da Educação e Cultura reafirmou a seguinte premissa como uma das orientações
fundamentais para EJA: valorizar e reconhecer os saberes apreendidos pelos estudantes ao
longo da sua trajetória pessoal e profissional.
Configura-se como fonte inspiradora da MRS do Sesi, a proposta de RVCC de Portugal,
que conforme Alcoforado (2008), trata-se de um apoio ao adulto na formalização do
reconhecimento, validação e certificação das suas competências adquiridas em decorrência da
sua ação social, cultural pessoal e profissional.
Nesse sentido, a MRS - Metodologia de Reconhecimento de Saberes, do Departamento
Nacional do Sesi, estabelece como uma dinâmica pedagógica muito além de exames, provas ou
qualquer processo avaliativo pontual. A metodologia busca não repetir esse processo de
“castigo e humilhação” em nome da burocracia de cumprir um currículo, ou um exame que
apenas busca aferir conhecimento adquirido. Ela vai mais adiante, pois, contempla acolhimento,
diagnóstico, autoavaliação, composição de portfólio/dossiê pessoal que considera histórias e
trajetória de vida, depoimentos, entrevistas, criações e realizações, com o objetivo de indicar
competências e habilidades desenvolvidas ao longo da vida, conforme sustenta a Unesco
(2010), em um tempo e ritmo que não é e nem foi igual para todos. Desse modo, a MRS caminha
na direção de uma inclusão social, cidadã do aluno adulto em busca de contribuir com o
desenvolvimento da consciência de si, de sua dignidade e de seu papel na construção da
sociedade.
Neste cenário, a problemática desta pesquisa girou em torno da seguinte questão: a
Metodologia de Reconhecimento de Saberes contribuiu para elevação da escolaridade básica
de jovens e adultos que estudam no Polo Salvador, do Sesi Bahia?
Como objetivo geral buscamos investigar em que medida os resultados da implantação da
Metodologia de Reconhecimento e Validação de Saberes (MRS), do Sesi Bahia, no polo
Salvador contribui para elevar a escolaridade dos seus estudantes jovens e adultos. Para tanto,
elegemos como objetivos específicos: identificar a importância do “Acolhimento”, enquanto
primeira etapa do RS, no regresso do estudante à escola, mais precisamente em um curso que
contempla um projeto pedagógico inovador, para a EJA, no Ensino Médio. Compreender a
23
importância do “Conselho”, enquanto a última etapa do RS, em uma metodologia que se propõe
a reconhecer, validar e certificar saberes e competências de jovens e adultos, construídas e
consolidadas ao longo dos percursos de aprendizagens vivenciados na trajetória de vida do
estudante da EJA.
Apresentamos na figura abaixo, as questões principais que buscaremos elucidar, por
meio da imersão em campo, das percepções e apreensões dos sujeitos, dos contrastes obtidos
por meio dos dispositivos da informação produzida, no caminho que caminhamos durante a
implantação da MRS, no Sesi, em Salvador, Bahia.
Questão de Pesquisa/Problemática
Objetivo Geral
Objetivo Especifico 1
Objetivo Especifico 2
Percurso de Pesquisa
Organizamos este trabalho por capítulos, que além desta introdução, tem na segunda
seção o caminho percorrido durante a pesquisa. Detalhamos a metodologia utilizada, uma
Pesquisa formação, de Natureza Aplicada, centrada em uma abordagem Qualitativa alicerçada
na Etnopesquisa Crítica e Multirreferencial como procedimento metodológico. Neste segundo
capítulo, tratamos também a escolha dos dispositivos de investigação dialogando com a ação
em campo a partir da contextualização e a caracterização do local e dos sujeitos do estudo.
Nesta parte também apresentamos a sustentação teórica em torno da análise interpretativa e de
compreensão dos contextos, apreensões e percepções dos sujeitos e do campo de pesquisa – a
Análise Contrastiva.
No terceiro capítulo oferecemos uma visão da educação de jovens e adultos no cenário
nacional, concentrando o nosso olhar acerca dos contextos em que a EJA atuou e atua e como
26
esses se aproximam dos contextos de dificuldades e possibilidades dos sujeitos da EJA que
buscam o Sesi para concluir a Educação Básica.
Apresentamos no quarto capítulo, o Estado do Conhecimento do Reconhecimento de
Saberes a partir de uma busca no Banco de Teses e Dissertações da Capes. Focalizamos o nosso
olhar em como o Reconhecimento de Saberes se apresenta nessas pesquisas a fim de
identificarmos aproximações e distanciamentos com a proposta de Reconhecimento de Saberes
(RS) desenvolvida pelo Sesi, considerando o seu escopo, o projeto pedagógico e matriz
curricular. Em seguida, apresentamos as etapas da Metodologia de Reconhecimento de Saberes
e como ela foi se desenvolvendo no Polo Salvador, a partir da implantação em dois cenários:
em 2016, na turma piloto de Salvador e em 2018, turma piloto implantada no município de
Camaçari. Neste capítulo, também tratamos a análise das informações obtidas na implantação
da metodologia na Bahia, dados, resultados, indicadores. Posteriormente apresentamos as
conclusões do estudo e as referências que subsidiaram a pesquisa.
Acreditamos que os resultados obtidos neste estudo contribuem para ratificar a
importância do processo de reconhecimento de saberes como uma possibilidade emancipatória
para os estudantes, sujeitos da educação de jovens e adultos de vida. Assim como, evidenciando
a medida da promoção da elevação da escolaridade dos estudantes, o seu ingresso em outras
modalidades de ensino (educação superior e/ou profissional) e a sua transformação social, por
meio da visão crítica, frente a sua cidadania, através da elevação da sua autoestima,
reconhecimento da sua identidade histórica e social, confiança na sua capacidade de aprender e
nos saberes e aprendizagens consolidados ao longo do seu percurso.
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(Gonzaguinha)
[...] uma formação contínua do professor; formação pela pesquisa como princípio
educativo; a formação de professores reflexivos-na-ação e sobre a ação; a contribuição
da formação de professores para a pesquisa em educação; a formação do processo
cognitivo de compreender, interpretar e desvelar o que está oculto, as relações e os
etnométodos (procedimentos que os indivíduos utilizam para dar sentido e ao mesmo
tempo construir suas práticas cotidianas).
1
Bricolar termo de origem francesa, surge neste estudo, a partir da leitura de Macedo (2010) e de Ferreira (2015),
a partir da contribuição de Kincheloe (2006) citado Macedo (2010), que a concebe um como um modo de
investigação alicerçadas em métodos, estratégias e referenciais teóricos que tornam relevantes diferentes pontos
de vista e interpretações a respeito de um mesmo fenômeno construídas por meio de discursos, experiências e
construções sociais em uma dada realidade.
29
consideramos este estudo como uma Pesquisa Exploratória que tem como procedimento
metodológico a Etnopesquisa Crítica e Multirreferencial.
Antes de explicitarmos a escolha do procedimento metodológico adotado neste estudo,
consideramos importante reforçarmos o desenho do percurso trilhado em busca de respostas
para nossas inquietações e questões de pesquisa que buscou compreender como a Metodologia
de Reconhecimento de Saberes contribuiu para elevação da escolaridade básica de jovens e
adultos que estudam no Polo Salvador, do Sesi Bahia.
Quanto à natureza:
Quanto à abordagem:
Pesquisa Aplicada
Pesquisa Qualitativa
Pesquisa Pesquisa-ação
Caminho Metodológico
A escuta sensível é sempre multirreferencial, conforme nos indica Borba (2001), a partir
do que propõe Jacques Adoirno, pois é por meio dela que o escutar-ver é contrastado,
considerando o reconhecimento da pessoa e da sua realidade em “seu ser” multirreferencial.
Nesse sentido, Macedo (2004, p. 200), nos alerta que “a escuta sensível passa a ser não
só um dispositivo de informação significativo para se fazer Etnopesquisa Crítica e
Multirreferencial, mas uma forma de ser radicalmente humanizante”.
Para tanto, a partir da escuta sensível, foi importante que a pesquisadora utilizasse o
caleidoscópio e realizasse o exercício sensível de sair de si, dos seus preconceitos, para perceber
e interpretar como os sujeitos dão sentido e significados a sua existência de ser/estar no mundo.
Gerhardt e Silveira (2009, p. 39) citando Fonseca (2002, p. 36), nos informam que:
A etnometodologia nos mostra, com pertinência, que os atores sociais não são “idiotas
culturais”, produzem etnométodos, ou seja, modos, jeitos, maneiras de compreender
e resolver interativamente as questões da vida, para todos os fins práticos.
Nesta pesquisa, a percepção dos sujeitos, suas opiniões, emoções, crenças, ações,
histórias de vida e apreensão acerca do objeto e do lócus em busca das respostas para a questão
da pesquisa, serão elucidadas por meio dos seguintes dispositivos de interpretação da
informação: análise documental, questionários, entrevistas semiestruturada e observação
participante. Ademais, Macedo (2009, p. 94), nos revela que os dispositivos de interpretação
da informação estão além de serem meros coletores de informação, se estabelecem como:
2
Macedo (2000), nos apresenta o entendimento de dispositivos, a partir da compreensão de Ardoino, como uma
estratégia de conhecimento de um objeto de investigação, por meio de meios organizados que podem ser materiais
e inteletuais.
3
Noções Subsunçoras para Macedo (2009) são as tradicionais categorias ou macro conceitos que possibilitam a
imersão no contexto pesquisado a partir da apreensão dos sentidos e significados dos sujeitos em busca
potencialidades para as inquietações de pesquisa.
34
Levantamento
Bibliográfico e
Documental
Dispositivo de
Entrevista Interpretação da
Diário de Campo
Semiestruturada Informação
Produzida
Observação
Participante
4
Denominação Estado do Conhecimento pauta-se na contribuição e perspectiva adotada por Ferreira (2002, p.
258) que a define como uma pesquisa de caráter bibliográfico, que visa trazer em comum o desafio de mapear e
de discutir uma certa produção acadêmica em diferentes campos do conhecimento, tentando responder que
aspectos e dimensões vêm sendo destacados e privilegiados em diferentes épocas e lugares, de que formas e em
que condições têm sido produzidas certas dissertações de mestrado, teses de doutorado, publicações em periódicos
e comunicações em anais de congressos e de seminários.
36
O diário de campo, neste estudo foi empreendido como instrumento reflexivo, como
forma de conhecer o vivido dos atores pesquisados, assim como as impressões e vivências da
pesquisadora acerca da sua atuação, implicação, construção e ressignificação do experienciado
na implantação da Metodologia de Reconhecimento de Saberes (MRS). A prática de escrita de
um diário de campo, para Macedo (2006, p.133), possibilita ao pesquisador compreender de
forma “despojada e minuciosa como seu imaginário está implicado no labor da pesquisa; quais
seus atos falhos; quais os verdadeiros investimentos que ali estão sendo elaborados”,
constituindo-se em um significativo dispositivo de autoformação.
A prática da escrita do diário, além de se estabelecer como um dispositivo de
informação, nesta pesquisa, foi um desafio recomendado no procedimento metodológico do
estudo e proposto pela Orientadora Ana Paula Conceição, com vistas a registrar e relativizar o
olhar, as memórias e o registro do caminhar na implantação da MRS e da pesquisa. Esta
5
Fixador de experiência é um termo adotado por Macedo (2010), à luz da contribuição de Blumer (1969), que o
concebe como um registro objetivo do vivido pelos sujeitos de uma pesquisa, a partir de documentos podendo até
se tratar de documentos pessoais.
6
Os Etnotextos, neste estudo são compreendidos, a partir do pensamento Macediano (2000) como uma língua de
legitimação da comunidade, aquilo que expressa o cotidiano, os hábitos, usos, costumes, religião, imaginário que
a comunidade constrói, reconstrói, produz, reproduz.
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Dimensão Educacional
•Oferecer elementos de avaliação dos
resultados decorrentes da implantação e
Dimensões e Compromissos da oferta da MRS na EJA, no Ensino
Médio, no Polo Salvador, do Sesi.
da Pesquisa
Dimensão Social
•Abrange os estudantes, ao tempo que
pretendemos avaliar em que medida a
implantaçao da MRS contribui para a
elevação de escolaridade de Jovens e
Adultos sujeitos da EJA do Sesi Bahia.
7
E-Portfólio é um portfólio eletrônico, suportado no portal Sesi Educação, utilizado como importante instrumento
da Metodologia de Reconhecimento de Saberes do Sesi, onde o aluno acessa para incluir documentos, fotos,
percursos da sua vida pessoal, profissional e social que nos revelem ou indiquem os saberes adquiridos na sua
trajetória de vida.
39
8
Google Forms é um aplicativo online do conjunto do portfólio do Google, que viabiliza a composição de
documentos digitais como questionários, entrevistas, pesquisas, agregados em um link possível de ser
disponibilizado para o público onde as respostas são agrupadas em gráficos e planilha a partir da configuração das
questões elaboradas.
41
A Escola Sesi Reitor Miguel Calmon, é a escola certificadora do Polo Salvador. O Polo
é autorizado pelo Conselho Estadual de Educação – CEE, sob o parecer CEE nº 139/2014. Este
parecer regulamenta a oferta da EJA EAD, na Bahia, a qual teve sua implantação em Salvador
e Vitória da Conquista. Assim, o Polo Salvador, juntamente com o Polo Vitória da Conquista
se configuram como pioneiros na oferta da Educação a Distância na EJA e também desponta
na oferta da turma piloto da EJA, no Projeto Pedagógico Nova EJA, que contempla a
Metodologia de Reconhecimento de Saberes. O Polo Salvador é responsável pela oferta e
acompanhamento das classes de EJA implantadas em Salvador e na Região Metropolitana de
Salvador (RMS). Com relação a equipe pedagógica, o Polo Salvador é composto por um quadro
de 06 docentes (02 professores e 04 professoras), 01 coordenadora pedagógica e 01 gerente de
processo9.
No período de janeiro de 2017 a dezembro de 2018, o Polo Salvador matriculou 2.754
estudantes da EJA EAD no Ensino Fundamental II e Ensino Médio (1.291 em 2017 e 1.454 em
2018). Entre esses estudantes matriculados no período de 2017 a 2018, 931 ingressaram no
Projeto Pedagógico Nova EJA e vivenciaram a Metodologia de Reconhecimento de Saberes.
Desses, destacamos 210 estudantes, os quais 105 compõem a turma piloto monitorada pelo
Departamento Nacional – DN em Salvador, que após a primeira auditoria técnica, recomendou
a expansão do projeto da oferta da Nova EJA. São também sujeitos dessa pesquisa,
9
Gerente de Processo exerce um cargo com funções correspondente a diretora escolar que além de gerir
pedagogicamente o polo, monitora indicadores estratégicos e financeiros dos processos Educação de Jovens e
Adultos e Educação Continuada.
42
considerando os contrastes emergidos após a expansão recomendada pelo DN, 105 estudantes
da turma do Projeto Nova EJA realizada no município de Camaçari.
A escolha deste lócus de pesquisa, se deve ao fato do Polo Salvador, ser o Polo piloto
de implantação da metodologia na Bahia e no Nordeste. Salientamos que a Bahia é um dos
estados escolhido pelo Sesi Nacional para implantação da metodologia, em regime de
experiência pedagógica inovadora. Os demais Estados que implantaram a metodologia no
Brasil são Santa Catarina e Pará. A expansão na Região Metropolitana de Salvador (RMS) se
deu em Camaçari, a partir do apoio de uma grande empresa industrial da região, que possibilitou
o fomento da oferta para a comunidade deste município, buscando a qualificação dessa
população jovem e adulta que ainda não tinha concluído a educação básica.
Camaçari é um dos principais municípios da RMS por abrigar o Polo Petroquímico,
circundado por empresas, que compõem o denominado, polo de apoio, que viabilizam a
produção de insumos e manutenção da sua rotina produtiva. No município de Camaçari
oferecemos cento e cinco vagas para o Ensino Médio através da Nova EJA, curso realizado na
perspectiva do RS. Na chamada pública tivemos a adesão de oitocentos e onze inscritos em
cinco dias de inscrição, demonstrando ainda uma demanda muito grande pelo Ensino Médio
para jovens e adultos na região.
O Sesi Bahia tem experiência na educação de pessoas jovens e adultas e iniciou a
articulação da EJA com a metodologia a distância (EAD), em 2013. A EJA EAD do Sesi Bahia,
recentemente foi objeto de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Educação de Jovens e
Adultos - MPEJA, da Uneb, por meio da pesquisa de Gisele Márcia Oliveira de Freitas (2016).
Na oportunidade, a pesquisadora, que a época da sua pesquisa atuava como Assessora de
Educação de Jovens e Adultos e desempenha a função de Gerente de Educação de Jovens e
Adultos no Sesi Bahia, nos apresentou o Sesi, sua relevância na área da educação, em especial
da EJA, para tanto, utilizaremos o seu estudo e apresentaremos o Sesi, contexto desta pesquisa
por meio do quadro abaixo:
A EJA no Sesi Bahia A oferta da EJA no Sesi Bahia iniciou nos anos 90. Neste período
foram iniciadas as primeiras turmas de EJA, resultante de uma
parceria com o Sindicato da Indústria da Construção Civil na
Bahia. Nestes 23 anos de atuação na EJA, o Sesi Bahia realizou
mais de 100.000 mil matrículas.
(Conclusão)
Fonte: Organizado pela pesquisadora em 2017, adaptado de Freitas (2017).
Definida como uma ação estratégica pelo Sesi Nacional, a EJA também é reconhecida
a sua necessidade pela demanda social, em especial pelos índices de analfabetismo que nos
apresentam os dados do Relatório Anual de Informações Sociais – RAIS, acompanhados
periodicamente pelo Sesi. Diante disso, a EJA na Bahia se mantém como uma estratégia para
atender as demandas dos trabalhadores pela formação na educação básica e continuada, contudo
oferece ainda, outros serviços voltados para as áreas de cultura, lazer e saúde.
marco inaugural da MRS no Sesi, pois em outubro do referido ano, foi inaugurada a primeira
turma piloto a com a MRS, iniciando a etapas de acolhimento, matrícula e primeiras mediações
do Reconhecimento de Saberes. Na perspectiva de contar com um olhar contrastivo, buscamos
referência na turma implantada em 2018, no município de Camaçari pois essa se refere a
primeira turma do Polo Salvador, também implantada a partir do Projeto Pedagógico que
contempla a MRS, localizada na Região Metropolitana de Salvador (RMS).
A amostra de sujeitos entrevistados é composta por estudantes, docentes e gestoras
(coordenadora pedagógica e gerentes). As entrevistas possibilitaram, a partir das vivências e
experiências adquiridas durante a estruturação do curso, implantação, execução das etapas da
metodologia de reconhecimento de saberes (acolhimento, validação e certificação de saberes e
competências), a construção do marco inaugural da MRS no Sesi Bahia e no Brasil. No quadro
2, especificamos os sujeitos da pesquisa, os instrumentos utilizados.
Com relação aos estudantes, salientamos que os 210 aderiram a ideia de participar de
uma pesquisa que buscava avaliar a contribuição da MRS da escolaridade dos estudantes da
EJA. Contudo, considerando a abordagem adotada na pesquisa, a Qualitativa, que busca a partir
do que nos orienta Minayo (2001), “concentrar sua compreensão nos fenômenos decorridos
de um grupo social, respondendo a questões muito particulares do seu contexto, do seu
singular e plural”. Centramos o olhar acerca do vivido e experenciado, conforme nos alicerça
o procedimento metodológico eleito nesse estudo, a Etnopesquisa Crítica e Multirreferencial,
em 11 estudantes da primeira turma implantada em Salvador (2016) e em 11 estudantes da
primeira turma implantada na RMS (2018), mais precisamente em Camaçari, sob a coordenação
do polo Salvador. O tamanho da amostra 22 estudantes, expressa o percentual de 20% do
universo total da pesquisa, os 210 estudantes da primeira turma em Salvador e da primeira
turma na RMS/Camaçari. Os sujeitos da pesquisa foram caracterizados a partir da identificação
e critérios dispostos abaixo:
(Continua)
Tamanho
Dispositivos e/ou
Sujeitos da Critérios Identificação
procedimento
amostra
Estudantes da Sujeitos que aceitaram Levantamento
turma piloto da 11 participar da pesquisa documental no
Nova EJA mediante sistema de gestão Ametista
45
Levantamento
Sujeitos que aceitaram
Estudantes da documental no
participar da pesquisa
turma do Município sistema de gestão
11 mediante Rubi
de Camaçari - Nova escolar, análise do
preenchimento do
EJA de 2018 E-Portfólio e
TCLE
questionário.
Sujeitos implicados na
Diários reflexivos,
EJA que
Encontros
Docentes 10 acompanharam a Safira
dialogais,
implantação e
questionário.
execução da MRS
Sujeitos implicados na
EJA que possuem
experiência na EJA
Coordenadora presencial e a Entrevista
1 Jade
Pedagógica distância. Semiestruturada
Acompanharam a
implantação e
execução da MRS
Sujeitos implicados na
EJA que possuem
experiência na EJA
presencial e a Entrevista
Gerentes 2 Turquesa
distância. Semiestruturada
Acompanharam a
implantação e
execução da MRS
(Conclusão)
Fonte: elaborado pela pesquisadora, em 2017.
Seguimos para a segunda fase, quando iniciamos a organização do nosso lastro teórico
a partir da pesquisa exploratória de literatura especializada nas categorias “Educação de Jovens
e Adultos” e “Reconhecimento de Saberes”. Os procedimentos adotados nesta fase embasaram
o escopo utilizado para a construção da base teórica das categorias propostas que também foram
48
revisados no projeto de pesquisa. Nesta fase, contamos com a contribuição de outros autores e
autoras que não foram contemplados no projeto inicial, como Maria da Gloria Gohn, Felipe
Serpa, Carlos Rodrigues Brandão, Miguel G. Arroyo.
Neste momento, em outubro de 2016, iniciávamos a chamada pública para matrícula de
estudantes para a turma piloto da Nova EJA, que iniciaria o processo de reconhecimento de
saberes. A equipe pedagógica estava muito ansiosa para colocar em prática tudo o que foi
vivenciado durante as formações. A ansiedade só aumentava a cada estudante que recebíamos
e que entrevistávamos no processo de matrícula, onde buscávamos estabelecer o primeiro
contato com esses e essas pessoas, que junto conosco iniciariam o marco inaugural do
Reconhecimento de Saberes na Educação Básica.
Tínhamos uma meta de matricular cento e cinco estudantes para a turma piloto, esta
marca foi definida pelo Departamento Nacional do Sesi, que determinou o escopo de
implantação de três turmas com trinta e cinco estudantes. Matriculamos os cento e cinco
estudantes no SGE do Sesi (Sistema Acadêmico de Gestão Educacional) e iniciamos a
preparação do sitio que hospedava a composição do e-portfólio do Reconhecimento de Saberes,
o Portal Sesi Educação. Iniciamos a composição do e-portfólio com a mediação de oito docentes
(quatro docentes do Polo Salvador e quatro docentes que acompanham a EJA do Sesi na Bahia),
esses eram responsáveis em vivenciar na prática para serem multiplicadores para os demais
polos do Sesi na Bahia que iniciariam o reconhecimento de saberes, após a implantação da
turma piloto.
Iniciamos as atividades do RS com a etapa Acolhimento, que foi muito importante para
a vinculação do grupo que caminharia a partir daquele momento como turma. A equipe que
acompanharia o grupo foi apresentada e todas as etapas do processo também. Percebíamos que
os estudantes também estavam animados, mas ansiosos, curiosos e desconfiados para vivenciar
algo novo, nunca antes vivido por eles. Neste momento, percebemos a importância de termos
passado por uma formação percorrendo o processo como estudantes, onde foi possível mediar
com segurança, pisando em solo firme.
No papel de pesquisadora, a preparação do lastro teórico para a pesquisa, por meio da
leitura de Maria da Glória Gohn e de Felipe Serpa contribuiu para aprofundar os desafios e o
processo de construção da educação formal, informal e não formal muito importante no RS. A
Educação Formal, Informal e Não formal são percursos presentes no Projeto Pedagógico da
Nova EJA do Sesi, que tem como premissa a Metodologia de Reconhecimento de Saberes.
Felipe Serpa possibilitou compreendermos a construção e reconstrução do conhecimento a
49
10 Benchmarking é uma palavra original da Língua Inglesa que significa Referência. No Sesi, o termo é empregado
como denominação de uma prática que visa buscar referência bem-sucedida dentro da própria instituição Regional
e/ou Nacional ou de instituições externas que atuam na mesma área. A prática de Benchmarking tem como objetivo
buscar referencias que possibilitem uma melhoria os processos a partir do compartilhamento de experiências.
50
Análise Contrastiva
Reconstituição
Levantamento das noções subsunçoras
Escrutinio
Contrastes
Sistematização
Totalizações ou análises
A partir das etapas propostas pela Análise Contrastiva construímos o método de análise.
Deste modo a Reconstituição definida por Fróes Burnham (2002), como a etapa de
reestruturação de documentos e registros em unidades de análise (UA), possibilitou o
levantamento das Noções Subsunçoras. Estas, denominadas de categorias analíticas na
perspectiva da Etnopesquisa Critica e Multirreferencial, nortearam o olhar a partir da
multirreferencialidade, encontradas e tecidas nos E-portfolio que abrigam histórias de vidas dos
estudantes e percursos de aprendizagens vivenciadas.
O olhar minucioso para essas Noções Subsunçoras e os Contrastes emergidos foi
possível na etapa de Escrutínio, por meio das entrevistas realizadas e dos registros das
reflexões dos grupos dialogais. Ferreira e Brito (2015), nos alerta acerca da importância de
tratarmos as noções subsunçoras, em um cenário que envolve um contexto educativo, como
perspectivas analíticas, frutos da análise e interpretação dialógica entre empiria e teoria. Deste
modo, de escrutínio estas estariam a viabilizar uma reflexão de compreender, a partir da
problemática da pesquisa, de compreender como a MRS contribuiu para a elevação da
escolaridade dos estudantes da EJA, no percurso inaugural da MRS em Camaçari (2018) e em
salvador (2016).
Tomando como base o detalhamento minucioso (Escrutínio), recomendado por Fróes
Burnham (2002), na Análise Constrativa possibilitou construir as categorias de análise (CA)
que nos levaram a atender o problema de pesquisa, evidenciados nos quadros e figuras, que
apresentam a voz dos sujeitos participantes deste estudo, no capítulo 4. Desta forma,
compreendemos que a medida da contribuição da Metodologia de Reconhecimento de Saberes
na elevação da escolaridade do jovens e adultos, que buscaram o Sesi para concluir a Educação
Básica, se processou e se consolidou muito além da esfera quantitativa, revelada no aumento
do número de concluintes e na redução da desistência, após a implantação da metodologia, num
processo de aprendizagem significativa
A partir da organização das categorias de análise que resultou num sistema de análise
dos contrastes, conforme orienta a etapa de Sistematização, foi possível entender que a
contribuição da MRS se estabeleceu muito mais no viés qualitativo, por meio das
transformações sociais, psicológicas e educacionais vivenciadas pelos estudantes, evidenciadas
nos seus relatos, apreensões ao longo deste estudo.
Assim, concluímos que o ciclo de análise de informações representa as interseções
presentes na linguagem de cada sujeito implicado na pesquisa, por meio dos gestos, percepções,
53
“ É!
A gente quer viver pleno direito
A gente quer viver todo respeito
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação...”
(Gonzaguinha)
É! Difícil apresentar e refletir acerca de uma metodologia que apresenta uma proposta
que reconhece saberes de jovens e adultos como ponto de partida para o regresso ao percurso
escolar, sem antes promover um breve diálogo com a Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Nos versos de “É!” de autoria de Gonzaguinha, o grito pelo direito, pelo respeito, pelo exercício
da cidadania ao longo desta seção se expressará na EJA, através do acesso à educação como
meio para constituição de uma nação, de fato e de direito.
Sujeitos da EJA no Sesi, não contrariam este perfil. Nossos regressos, são homens e
mulheres jovens e adultos, que passaram pouco tempo na escola e que se encontram em situação
de desemprego, como demonstram os dados de pesquisa, dos contextos turma piloto (realizada
em Salvador, iniciada em 2016) e turma Camaçari (primeira turma realizada na RMS, iniciada
em 2018):
Masculino Feminino
50
41
40
30
20
10
0
1
Masculino Feminino
Estudar a tarde foi bom para mim. Tive que abandonar algumas vezes, pois a EJA
aqui para adultos é somente à noite e fica difícil você trabalhar de turno e acompanhar
as aulas. Com essa turma vou conseguir realizar meu sonho de completar meus
estudos e poder fazer um curso técnico que é importante na empresa que trabalho.
(RUBI 4, pesquisa de campo, 2018).
Arroyo (2017), nos apresenta as dificuldades dos passageiros da noite, forma como ele
denomina os estudantes da EJA que saem do trabalho ao final da tarde para irem à escola
durante a noite, sendo passageiros no acesso à educação noturna. Contudo, em Camaçari,
devido as atividades do Polo Petroquímico e da produção de produtos e insumos fabricados
vinte e quatro horas por dia, requer uma jornada de trabalho em três turnos, onde muitos
trabalhadores atuam no chamado terceiro turno. Deste modo, os candidatos a serem
“passageiros do dia – do trabalho para a EJA”, não são contemplados na oferta para o Ensino
Médio, onde este segmento é destinado durante o dia para os estudantes localizados na faixa da
“dita idade certa”.
Nesta perspectiva de sujeitos e conceitos, de “passageiros e passageiras do dia ou da
noite”, Faria (2009), nos auxilia a pensar acerca dos e dos estudantes da EJA, que ainda são
vistos de uma forma ampla, geral, sem considerar a sua pluralidade e especificidades, na medida
que:
57
De um modo geral, os sujeitos da EJA são tratados como uma massa de alunos, sem
identidade, qualificados sob diferentes nomes, relacionados diretamente ao chamado
“fracasso escolar”. Considera-se normal e banaliza-se a existência de um grande
número de mulheres e homens excluídos do acesso à escolarização, até mesmo entre
aqueles e aquelas que foram excluídos ou que nunca foram à escola. (FARIA, 2009,
p. 156).
Os contrastes que revelam a caracterização dos sujeitos da EJA atendidos nas turmas
piloto, nos indicam até o momento as particularidades das demandas dos homens e mulheres
pelo turno vespertino, por questões de trabalho, oriundos de vínculos empregatícios ou das
atividades domiciliares e de cuidados com os filhos, coadunando com o pensamento de Faria
(2009). Deste modo, analisaremos outros contrastes que nos revelam como estes contribuíram
para a negação deste direito a educação, que culminou com a permanência de homens e
mulheres de Salvador e de Camaçari, fora da escola, na infância ou no regresso da vida adulta,
antes desta experiência do ingresso da EJA, no projeto pedagógico que contempla a MRS.
Ao considerarmos a categoria idade, o público da MRS do Sesi é em sua maioria (48%)
composto por jovens com idade entre 21 a 30 anos, conforme gráficos abaixo:
58
45
40
40
35
30
25 23
20
15
15
10 9
8
5
5 3
2
0
19 - 24 anos 24 - 29 anos 29 - 34 anos 34 - 39 anos 39 - 44 anos 44 - 49 anos 49 - 54 anos 54 - 59 anos
Idade
70 67
60
50
40
30 26
20
11
10
0 1
0
Faixa Etária
18 - 25 26 - 35 36 - 45 46 - 55 56 - +
11 11
LMS origina-se do Learning Management System, que significa Sistema de Gerenciamento da Aprendizagem. Ele se
configura como uma plataforma, desenvolvida com base em uma metodologia pedagógica, onde o estudante acessa os
conteúdos dos cursos, objetos de aprendizagem, tarefas e avaliações, espaços de mediação pedagógica e interatividade.
60
Os dados do censo escolar 2016, INEP (2017, p. 22), por sua vez, nos indicam um aumento da
matrícula de estudantes cada vez mais jovens nas últimas séries do Ensino Médio na EJA.
Segundo esse relatório, este movimento expressivo de alunos do ensino dito regular
(considerando as prerrogativas indicadas entre idade/série) para a EJA está atrelado ao histórico
de retenção. A fim de contrastarmos as noções idade e sexo da turma piloto, apresentamos o
gráfico que nos revela a adesão de homens e mulheres por faixa etária, onde percebemos a
incidência de regresso de mulheres, mas ainda em menor número que o de homens.
Constatamos também neste cenário, a elevação da matrícula de homens na faixa etária de
dezenove a vinte e quatro anos.
35
30
Número de alunos
25
20
15
10
5
0
19 - 24 24 - 29 29 - 34 34 - 39 39 - 44 44 - 49 49 - 54 54 - 59
anos anos anos anos anos anos anos anos
Masculino 31 17 11 3 9 5 3 2
Feminino 8 6 5 5 0 0 0 0
Idade
Masculino Feminino
A Turma piloto de Salvador, era uma turma jovem, de estudantes que deixaram de
estudar na rede pública de ensino devido a alteração de turno de estudos do vespertino para o
noturno. Declararam na entrevista que optaram pelo regresso ao Ensino Médio no Sesi, mesmo
no noturno, por essa ser uma instituição particular que oferece o Ensino Gratuito, sem a
ocorrência de greves e falta de professores e professoras. A turma de Camaçari, também surge
com um elevado número de estudantes jovens. Segundo os estudantes Rubi, estes não
concluíram a escola na idade “dito correta”, pois avaliaram a escola como “defasada e nada
atrativa”. A maternidade na adolescência, segundo as jovens estudantes de Camaçari, foi um
dos fatores que inviabilizaram a permanência na escola.
61
O contexto que estamos analisando repõe um debate que foi intenso nos últimos dez
anos10, sobre quem de fato são os sujeitos da EJA, por isso esses dados do
quantitativo de adolescentes que ainda não concluíram ensino fundamental é tão
relevante. Parte dos segmentos que atuam na EJA defendem a idade mínima de 18
anos para matrícula na modalidade, todavia, o sistema de ensino não se responsabiliza
pelos quase 900 mil que não estão em lugar nenhum e para aqueles que ainda buscam
a escola, somente a EJA é dada como alternativa, ou, em alguns sistemas, como a
expulsão dos alunos que “dão trabalho” no diurno. (MACHADO, 2016, p. 442)
60
54
50
40 38
30
20
10 7
4
2
0
60%
49%
50%
41%
40%
30%
20%
10%
5% 3%
1%
0%
1
As vezes percebo que aqui em Camaçari nos falta oportunidade pela falta dos estudos
sim, mas também vejo que também pela nossa cor, por sermos pretos. Aqui ou você
trabalha no polo ou no comércio. Não tem muita oportunidade para quem é filho
daqui. São muitos fatores e essa conta não fecha. O tempo vai passando e vivemos da
informalidade ou dos serviços da feira. (Rubi 11, Pesquisa de Campo, 2018)
Rubi 11, nos revela sua percepção acerca das dificuldades para buscar uma colocação
no mercado e quando utiliza a expressão “essa conta não fecha” nos apresenta a partir da sua
apreensão do vivido e do experienciado, os fatores que para o tempo em que está desempregado,
expressado nas categorias escolarização, cor/etnia e o cenário/perfil requisitado nos postos de
trabalho no município de Camaçari que interseciona com as duas categorias anteriores.
Em relação à situação de trabalho na turma de Salvador, 40% estão empregados (30%
com carteira assinada e 10% sem carteira assinada), 16% realizam trabalhos como autônomos,
39% desempregados (do total de desempregados 11% estão em busca do primeiro emprego) e
3% não revelaram a situação de trabalho, conforme detalha gráfico abaixo:
45 42
40
35
30
25 22
20 18
15 12
10
10
5
1
0
60 56
50
40
30
21
19
20
10 7
2
0
1
[...]uma questão importante, para a EJA, é pensar os seus sujeitos além da condição
escolar. O trabalho, por exemplo, tem papel fundante na vida dessas pessoas,
particularmente por sua condição social, e, muitas vezes, é só por meio dele que eles
poderão retornar à escola ou nela permanecer, como também valorizar as questões
culturais, que podem ser potencializadas na abertura de espaços de diálogo, troca,
aproximação, resultando interessantes aproximações entre jovens e adultos.
(ANDRADE, 2004, p. 3).
Outros 7
Problemas familiares 2
Desmotivação 12
Violência Urbana 1
Paternidade na adolescência 1
Gestação na adolescência 5
Trabalho 21
Problemas Financeiros 1
0 5 10 15 20 25
Quando eu tinha treze anos, cuidava de uma criança de sete anos. Era um modo de
ajudar minha mãe. Lembro que ficava feliz em receber o pagamento comprava doces,
maquiagens. (AMETISTA 8, pesquisa de campo, 2017).
Muitas vezes me matriculei na escola, na EJA noturna daqui de Camaçari. Já era muito
difícil estudar e trabalhar...e depois de tanto esforço, chegava na escola não tinha aula,
quando tinha era cópia a noite toda e tudo isso foi me desmotivando. (Rubi 9, pesquisa
de campo, 2018).
A desmotivação pelos estudos por meio de práticas pedagógicas que não viabilizam uma
aprendizagem dinâmica e significativa e a gravidez na adolescência são fatores que também
dificultaram a continuidade de jovens e adultos entrevistados e entrevistadas neste estudo. Essas
perspectivas e contrastes norteiam a concepção da Educação de Jovens e Adultos que
apresentamos ao abrirmos esse diálogo acerca dos “conceitos, sujeitos e contextos da EJA” dos
quais coadunamos. A desmotivação apresentada pelos estudantes, nos revela o
descontentamento por uma escola que não considera as suas necessidades. A aplicação do que
se aprende com a vida, com o trabalho, por exemplo.
Outro ponto que veremos a partir da voz dos sujeitos, acerca da desmotivação, se refere
ao fato de ter em uma turma de adultos, jovens que estavam em sala, não com intuito de
aproveitar aquele momento, mas de “matar o tempo”, atrapalhando os mais velhos que de fato
queriam aproveitar aquele tempo em sala de aula. Para subsidiar essa análise, recorremos ao
gráfico a seguir, que apresenta o cruzamento de faixa etária dos estudantes das turmas de
Salvador e Camaçari. Neste cenário, percebemos um grande número de estudantes jovens,
situados na faixa entre 19 e 24 anos. Estes jovens relatam uma fase de transição na adaptação
a esta nova realidade escolar no ensino noturno. E que em muitos casos, como o que veremos
no relato dos estudantes Rubi 10 e Ametista 9, desencadearam na desmotivação que os levaram
a desistir da escola.
67
80
70 67
60
50
40
40
30
23
20
15
11 11
9 8
10 7
5 5
3 3 2
0 1
0
19 - 24 anos 24 - 29 anos 29 - 34 anos 34 - 39 anos 39 - 44 anos 44 - 49 anos 49 - 54 anos 54 - 59 anos
As sucessivas suspensões de aulas por diversos motivos como greves, falta de água ou
docente nas unidades escolares, também foram apontadas como motivos que contribuíram com
a desmotivação para continuar os estudos.
Eu fui parar na EJA ainda muito jovem... na verdade eu perdi tanto o ano que me
jogaram para a noite. Eu não me identificava com aquela turma de pessoas mais velhas
que eu. Então eu, me sentia inquieto, bagunçava na aula, provocava as pessoas. Porque
o que eu queria mesmo era estudar com a minha turma. (Rubi 10, pesquisa de campo,
2018).
Na escola de antigamente, aquela que eu estudei e deixei tem 20 anos, o aluno não
podia nem falar. Eles achavam, que o aluno não sabia de nada. Que estávamos ali para
aprender o bêaba, sem saber que a gente já sabia o bêaba da vida. Hoje essas aulas
que a pró fala que é oficina, eu nem vejo o tempo passar. (Ametista 9, pesquisa de
campo, 2018).
[...] tive que parar de estudar pois engravidei muito cedo. Eu era muito novinha e não
tinha como conciliar essa nova vida de cuidar de uma criança e estudar. Não tinha
com quem deixar e não podia levar para escola. Então abandonei! (RUBI 1, pesquisa
de campo, 2018).
[...] precisei deixar de estudar para ajudar meus pais. Fui trabalhar muito cedo para
ajudar a comprar o pão para meus irmãos, não tinha como fazer a mesma coisa, ir para
a escola rodos os dias e trabalhar. Depois isso só foi aumentando, fui fichado em uma
empresa e chegava muito cansado e muito tarde, não dava para estudar. Hoje retornei
porque sei que o estudo é importante para eu continuar trabalhando e sustentando a
família que hoje eu tenho. O Sesi facilitou as coisas com esse estudo pelo computador
e com a aula que não é todo dia aqui na escola, só duas vezes na semana. Isso ajuda
muito. (RUBI 2, pesquisa de campo, 2018).
Arroyo (2005b), nos permite apurar essa reflexão da estudante Rubi 1 e do estudante
Rubi 2, pelo olhar da permanência, desistência destes estudantes jovens e adultos, onde
contrastamos a realidade da gestação na adolescência que inviabilizou a continuidade dos
estudos e o ingresso ao mercado de trabalho. Em ambos os relatos, percebemos também uma
inconsistência da escola em abarcar as necessidades dos estudantes, de uma mãe que não tem
com quem deixar seu filho recém-nascido e de um trabalhador que não consegue frequentar as
aulas todos os dias.
Em sua mais recente obra, reforça o viés do trabalho, caracterizando os sujeitos jovem
e adulto como “Passageiros da Noite: do trabalho para EJA” (ARROYO, 2017). Muitos desses
sujeitos, foram “Passageiros da EJA” abandonaram a escola, devido a dificuldades econômicas,
de aprendizagem/ensinagem ou delas foram excluídos por não serem reconhecidos como seres
humanos, sujeitos de um direito de acesso à educação, direito de ser um cidadão, como ecoou
Gonzaguinha, nos versos de “É!” e como ecoaram estudantes na pesquisa de campo.
A estudante Rubi 1, declara o direito negado de permanência a escola, pelo fato de não
ter suas necessidades como mãe, jovem, estudante, adolescente dessa nova realidade
conciliadas com a vida escolar. “É!”, assim como Rubi 1 e Rubi 2 e as estatísticas que endossam
os estudos acerca da permanência de estudantes da EJA, exprimem as denúncias da Pedagogia
do Oprimido, de Freire, a invisibilidade social que adultos sem escolarização, excluídos do
acesso à educação, do direito, do respeito, do suar não apenas pela labuta do dia a dia em busca
da sobrevivência, da luta pelo acesso à saúde, o clamor pela liberdade de entender e perceber
que não tem “cara de babaca”, para ser manipulado a serviço dos interesses políticos. Assim,
contrastamos a realidade desses estudantes da turma de Camaçari com a realidade apresentada
pelas Ametistas, no cenário que representa a situação de emprego desses e dessas Passageiros
da noite.
69
Assim, a EJA foi conduzida no caminho do interesse do poder público, por meio de
campanhas de alfabetização de adultos e erradicação do analfabetismo, de programas,
diversificando os seus contextos e objetivos. Ametista 1, nos apresenta esta realidade da adesão
de adultos que não estudaram quando crianças, pois necessitavam trabalhar, que recorreram às
campanhas para alfabetizarem-se. Contudo, mesmo passando por um processo de alfabetização
rápido, como ele mesmo nos relata, Ametista 1, nos revela os seus sonhos, o de continuar os
seus estudos na área de Sociologia e de possibilitar a sua família condições de vida confortável
e tranquila.
Sobre a erradicação do analfabetismo, muito difundido como política de governo no
Brasil, Freire nos revela que:
Para a concepção crítica, o analfabetismo nem é uma “chaga”, nem uma “erva
daninha” a ser erradicada, nem tampouco uma enfermidade, mas uma das expressões
concretas de uma realidade social injusta. Não é um problema estritamente linguístico
nem exclusivamente pedagógico, metodológico, mas político, como a alfabetização
através da qual se pretende superá-lo. Proclamar sua neutralidade, ingênua ou
astutamente, não afeta em nada a sua politicidade intrínseca. (FREIRE, 1981, p. 13)
No passo dos contextos, retomamos nosso olhar, na direção das campanhas para
compreendermos o percurso da EJA até constituir-se como uma modalidade de ensino. Paiva
(2015, p. 59), nos revela que em 1946 surge a primeira campanha de alfabetização de adultos,
com o objetivo de recompor o poder político dentro de um sistema e de “formar” uma massa
com pensamento e voz ordeira aos rumos que se caminhava o País. Neste cenário, a Educação
de Adultos se constitui um problema desatrelado da Educação Popular, no que tange considerar
a difusão do conhecimento, sendo marcada fortemente pelo caráter de campanha, demarcando
o perfil de atitudes de sujeitos que desejavam formar.
Por outro lado, a educação esteve na pauta de luta dos movimentos sociais que
enxergava na Educação Popular - EP, uma possibilidade de emancipação dos sujeitos, com
vistas ao reconhecimento da sua cidadania e da sua transformação social. A Educação de Jovens
e Adultos – EJA, ainda muito confundida com a EP, já que as duas se preocupam com a
educação de pessoas desfavorecidas que não puderam frequentar a escola no chamado “tempo
certo”. Oliveira (2010, p. 105), apresenta como ponto de interseção entre a EP e a EJA nas
propostas desenvolvidas nos movimentos sociais, o trabalho de Paulo Freire, com os processos
pedagógicos dialógicos, emancipacionistas e com Círculos Populares de Cultura. Contudo, o
afastamento de ambas se processa a partir da definição de políticas da EJA:
Com a definição de políticas públicas especificas para EJA, Oliveira (2010) nos revela
que debates foram efetivados, provocando reflexões acerca da metodologia, acesso, metas, ação
governamental. Neste cenário, se consolidam como fórum de debates, que contribuem com a
definição de diretrizes e permanência para a educação de adultos as Conferências Internacional
de Educação de Adultos (CONFINTEA).
No período de 1949 a 2009 foram realizadas seis Confintea. A Unesco (2012), nos
apresenta o histórico e importância deste fórum da Dinamarca/Elsinore (país/cidade que sediou
a primeira conferência) até o Brasil/Belém (país/cidade que sediou a última conferência). Das
agendas de debates surgiram documentos que marcaram a realização das conferências
direcionadas como tratado e marcos. Abaixo, descrevemos no quadro 3, os principais pontos
destacados em cada conferência.
(Conclusão)
Fonte: Organizado pela pesquisadora, em 2018, a partir da Unesco, 2012.
A pequena exposição de pauta e tema das seis Conferências realizadas, nos reporta a
perceber que os debates a favor da afirmação da educação de jovens e adultos como política de
governo, voltada para as classes populares, com os princípios da alfabetização de adultos na
perspectiva do letramento, como uma ação conscientizadora e inclusiva, sempre esteve
presente.
No eixo “Político”, do Marco de Belém (UNESCO, 2009, p. 9), documento resultante
da VI Conferência realizada em 2009, foi assumido o compromisso de:
12
WorDart é um recurso online que possibilita criar nuvem de palavras personalizadas em diversos formatos, em
cores e fontes diversas, de acordo com a seleção do editor. O recurso está disponível em https://wordart.com
13
Canva é uma ferramenta on-line de design de conteúdo gráfico, que possibilita a elaboração de linhas do tempo,
cartões, imagens e outros recurso que facilitam uma comunicação visual. A ferramenta está disponível em
https://www.canva.com/onboarding-wizard?userCreated=true&authMode=google
74
Abaixo, apresentamos uma linha do tempo que resume esse marco temporal da década
de 90 da EJA no Sesi.
MARCOS DA EDUCAÇÃO DE
1993 - Programa Nacional de Ensino
JOVENS E ADULTOS NO SESI
Fundamental de Adultos (PNEFA).
BAHIA
recorremos mais uma vez, ao recurso das nuvens de palavras, para revelar a partir do histórico
de Freitas (2016), acerca da EJA no Sesi, no século XXI.
7000
6355
6212
5827
6000
5503
5321
4900
5000
Título do Eixo
4000 2430
3476 3395 3476
3298
2913 2884
3000 2751
2614
2000
1000
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Realizado 2913 3476 3395 2884 2614 3476 5321 7578
Meta 6355 5827 6212 4900 2430 2751 3298 5503 7526
A EJA EAD, no Sesi foi responsável pela ampliação da oferta do Ensino Médio e
também pelo aumento do número de concluintes da Educação Básica, conforme apresentado
nos gráficos acima. Em 2014 ocorreu a ampliação da oferta para outros Polos do Regional
Bahia (Ilhéus, Feira de Santana, Juazeiro, Luis Eduardo Magalhães e Barreiras), onde o curso
é suportado em um Learning Management System (LMS) que possibilita a mediação entre
docentes e discentes e discentes e discentes dos polos regionais. A seguir apresentamos o
gráfico que expressa a evolução da atuação da EJA do Sesi, com a elevação do número de
concluintes da Educação Básica após a implantação do curso ofertado por meio da Educação a
Distância (EAD).
79
1348
1600
1400
1200
1000
582
800
463
600 230
400 85 167
53 61 252
226 224 222 239 218
161
200 85
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Total de concluintes Educação
53 61 85 230 167 582 463 1348
Básica - EM
Concluintes do Ensino
226 224 222 252 161 239 85 218
Fundamental
A EJA EAD do Sesi Bahia, tem sua aprovação no Conselho Estadual da Bahia (CEE),
sob a resolução 57/2014 publicada no Diário Oficial 29.09.2015. Denominada de “Nossa EJA”
pela equipe da Bahia, para diferenciá-la do Projeto pedagógico da Nova EJA do Sesi Nacional
que contempla a MRS. Na “Nossa EJA” as aulas presenciais, foram realizadas na perspectiva
de oficinas temáticas, as quais promovem uma reflexão do conteúdo, teoria disponível no LMS,
mediado por meio de experimentos e reflexões relacionadas com a prática cotidiana.
(...) Viver
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz (...)
(Gonzaguinha)
Os versos de Gonzaguinha nos falam da vida “como batida do coração, como doce
ilusão, como alegria ou lamento”. O fato é que por ela passamos como eternos aprendizes,
vivendo, cantando e contemplando a beleza do aprender! Na perspectiva que aprendemos
enquanto vivemos, os versos de “O que é o que é”, reforçam os pressupostos da aprendizagem
ao longo da vida, da boniteza de aprender em qualquer espaço ou situação de aprendizagem.
Com isso, apresentaremos um panorama pautado no Estado do Conhecimento, acerca dos
estudos encontrados sobre metodologias de Reconhecimento de Saberes.
validação e certificação da educação básica, pioneira no Brasil. Diante do seu pioneirismo, por
se constituir premissa de um projeto pedagógico estruturado para a oferta de EJA dentro de um
sistema de ensino de uma instituição privada, foi aprovada pelo Conselho Nacional de Educação
(CNE), sob o parecer 001/2016, como experiência pedagógica, um projeto pedagógico,
destacado em nota técnica conjunta da Secadi/MEC e Setec/MEC, o seu caráter inovador:
O projeto apresentado pelo SESI descreve uma proposta pedagógica inovadora, com
foco na Educação de Jovens e Adultos, com elevação do nível de escolaridade dos
trabalhadores, desenvolvida com foco no mundo do trabalho, tendo como
instrumentos de apoio pedagógico o reconhecimento de saberes e competências e a
educação a distância. Nesse contexto, em contraponto aos desafios apresentados na
Educação de Jovens e Adultos na conciliação de seu trabalho com seu tempo de
estudo, o SESI apresenta ferramentas de apoio pedagógico com a utilização da
Educação a Distância e estrutura curricular que contempla o reconhecimento,
validação e certificação de saberes. Os instrumentos apresentados nesta proposta
pedagógica de Educação de Jovens e Adultos voltada ao mundo do trabalho visam
desenvolver as competências e habilidades dos trabalhadores de forma
contextualizada, com foco nas necessidades da vida do educando e respeitando-se as
faixas etárias e os perfis. (BRASIL, 2016, p. 4)
O quadro, que resume o Estado do Conhecimento acerca do RS, nos revela que dentre
as pesquisas encontradas, destacam-se uma tese e quatro dissertações, que abordam estudos
acerca do reconhecimento de saberes relacionados a saberes experienciais, profissionais. Os
estudos são oriundos de Programas de Pós-Graduação de Universidades das Regiões Sudeste e
Sul do País, sendo que a UFRS, nesta busca, desponta com duas pesquisas, uma de mestrado e
outra de doutorado.
Das cinco pesquisas encontradas, quatro nos apresentam estudos relacionados a
experiência brasileiras com o reconhecimento de saberes experienciais/profissionais de
Institutos Federais (IF) e uma da Rede Nacional de Certificação Profissional e Formação Inicial
e Continuada (Certific). A Rede Certific é uma política pública que visa “promover processos
de certificação profissional para prosseguimentos de estudos ou de exercício profissional”
(BRASIL, 2014, p. 21), por meio da Metodologia de Avaliação e Reconhecimento da
Aprendizagem Prévia (ARAP).
As pesquisas que retratam experiências brasileiras, se configuram como referências de
possibilidades para certificar os saberes profissionais de adultos que se “formaram e
qualificaram” profissionalmente no labor diário, na experiência e vivência com seus pais,
familiares ou no ingresso no mundo do trabalho ainda na infância, mas que não possuem
certificação que garanta a qualificação profissional formal. O viés de gênero é abordado na
pesquisa que retrata a experiência do “Mulheres Mil” no município de Tubarão, ao destacar a
reinserção das mulheres na educação. O Programa “Mulheres Mil” é uma iniciativa da rede
Federal de Educação Profissional executada no âmbito do IF, nos Estados Brasileiros através
da Portaria nº 1.015, de 21 de julho de 2011.
A quinta pesquisa retrata uma experiência internacional, mais precisamente na
Inglaterra, na oferta de um processo de dispositivos de certificação de saberes profissionais,
não incluindo a certificação para a Educação básica. As buscas no banco de teses e dissertações
da Capes e das universidades, contudo, não apresentaram nenhuma pesquisa acerca da
experiência de Portugal, país pioneiro na implantação de política de reconhecimento de saberes
no âmbito da educação básica para adultos. Nesse levantamento, encontramos apenas
informações sobre o RVCC Português, na pesquisa da Rita de Cassia Dias da Costa, orientada
pela Professora Naira Lisboa Franzoi, onde realizam uma breve análise acerca das
aproximações e distanciamentos do RVCC de Portugal com a Rede Certific.
A relevância do RVCC de Portugal, se deve ao fato, deste de constituir no alicerce para
os primeiros passos no desenvolvimento de uma metodologia pautada nesta premissa no Sesi.
86
Deste modo, Alcoforado (2008), nos apresenta esse cenário que emergia a
implementação de políticas que reconhecessem aprendizagens oriundas de diversas
experiências educativas, muito além dos muros da escola, que se tornavam como uma
possibilidade de transformação social na vida da população portuguesa economicamente
desfavorecida, subescolarizada e desempregada. Por meio do Estado do Conhecimento,
percebemos os contrastes que aproximam, em especial as pesquisas de Alcoforado (2008),
Cunha (2015 e Passos (2016), no que tange a metodologias de certificação de saberes
profissionais, que garantem a certificação profissional, ainda no Brasil, muito exigida para a
empregabilidade do trabalhador.
Ora, uma das aspirações centrais da educação e da formação de adultos, que vinham
se manifestando desde o século XIX, mas que assume incontornável importância neste
período em concreto, relacionou-se com a necessidade de encontrar metodologias
credíveis de valorização e reconhecimento social das aprendizagens resultantes das
actividades educativas não formais e informais, procurando resolver a difícil equação
da tradução dos diferentes tipos de saberes, criando condições efetivas para sua
equivalência formal. (ALCOFORADO, 2008, p. 28).
Não será possível evitar a marginalização dos tempos e espaços extraescolares e pós-
escolares, se não se for suficientemente longe do esforço de reconhecer todas as
aquisições daí resultantes, avaliando-as e validando-as, dando-lhes, dessa maneira, a
importância formal que elas têm para a organização das diversas temporalidades
individuais e coletivas, permitindo uma continuidade e equivalência mútua com
saberes formalizados e os diferentes percursos de educação e formação.
(ALCOFORADO, 2008, p. 118).
88
Desde a Declaração de Hamburgo (1999) ao Marco de Belém (2010) foi ratificado que
todo processo de aprendizagem, formal ou informal, em que pessoas consideradas adultas pela
sociedade, desenvolvem suas capacidades, enriquecem seu conhecimento e aperfeiçoam suas
qualificações técnicas e profissionais, ou as redirecionam, para atender suas necessidades e as
de sua sociedade podem e devem ser identificadas e reconhecidas no contexto da educação
formal.
Ademais, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), confirma
esta orientação, pois permite a inscrição do educando, analisando seu grau de desenvolvimento
e experiência, na etapa curricular adequada, independentemente da escolarização anterior (LDB
9394/96, art. 24, inciso II, letra “b”), situando o educando no itinerário educativo formal. A Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no seu artigo 24, se pauta na premissa de que o
educando adulto e idoso, enquanto ser histórico, social, carrega consigo as marcas e
aprendizagem da sua caminhada fora da escola, espaço formal de aprendizagem, mas sobretudo,
conforme nos orienta Brandão (1995), que ninguém está dissociado de um processo educativo,
enquanto ser humano, social e histórico.
14
Moocs origina-se do inglês Massive Open Online que na prática se estabelecem como Cursos Online Abertos,
que viabilizam gratuitamente o conhecimento de forma acessível e eficaz por meio de ambientes virtuais de
aprendizagem.
90
[...] é na família que aprendemos a respeitar os outros, a ser educado, a ser honesto.
Tudo isso aprendemos com os nossos pais, com os familiares e com o exemplo deles.
Na escola aprendemos a ler e a escrever, fazer conta e na escola de hoje em dia,
aprendemos também tecnologia como computador. No trabalho eu aprendi a trabalhar
em equipe, respeitar o horário e aprendi uma profissão. Eu acho que o mais importante
é o que aprendemos com a família, porque sem isso não conseguimos viver no mundo,
sem ser honesto e respeitador. (RUBI 3, pesquisa de campo, 2018).
A matemática foi o motivo mais claro que aprendi no meu trabalho. Muitas vezes fui
obrigado a estudar conteúdos de Matemática para me formar profissionalmente, para
desenvolver o meu trabalho. Porque o meu trabalho exigia muito medidas, contas,
cálculo e interpretação. (RUBI 4, pesquisa de campo, 2018).
Vimos que a Educação perpassa por espaços diversos e exige do sujeito educando
competências para lançar mão das habilidades consolidadas nas vias formal, informal, não
formal, na tomada de decisão no desempenho do seu papel social. Deste modo, a partir das
reflexões de Rubi 4, percebemos que as “Educações”, conforme nos apresenta Brandão (1995),
complementam, na medida que existem:
ao apego a velha função de suprir e reparar percursos escolares truncados. Pois, tendem a
compreender essas experiências fora da escola como caminhos truncados.
Acolher esses percursos e a bagagem das “Educações” no seu regresso escolar é
fortalecer a sua autoestima e entender que, a educação, não se estabelece apenas nos espaços
escolares e sim no dia a dia, na mediação do conhecimento dos professores e professoras Vida,
Tempo e Experiência, pois a educação existe livremente na troca de saberes entre nós, entre os
sujeitos.
Os princípios da educação ao longo da vida, nos alerta, que o “educando adulto é antes
de tudo, um membro atuante da sociedade e que a educação de adultos trata de instruir pessoas
já dotadas de uma consciência formada” (BORDIGNON, 2016 apud PINTO, 1989, p.83). Com
base nessas premissas e nas experiências de Portugal, concordamos com Alcoforado (2014),
quando nos apresenta que o fomento de uma educação que inclui os adultos no rol dos direitos
fundamentais e da cidadania, precisa considerar possibilidades emancipatórias para que esse
sujeito viabilize a sua transformação, por meio da reflexão e ressignificação da sua condição
social.
Fundamentada nas diretrizes de uma Educação de Adultos que “deve partir dos
elementos que compõem a realidade autêntica do educando, seu mundo de trabalho, suas
relações sociais, suas crenças, valores, gostos artísticos, gírias etc.”(BORDIGNON, 2016 apud
PINTO, 1989, p. 86), objetivando uma reflexão sobre elas, nasce uma Nova EJA, no Sesi e no
Brasil, pautada em um Projeto Pedagógico que contempla a MRS. Na metodologia que se
inaugura na EJA, na educação básica no Brasil, nossos sujeitos são pessoas que também
precisaram sair da escola e que viram neste projeto a oportunidade de retomar o seu percurso
formativo, considerando no itinerário paradas e partidas que percorreram e vivenciaram quando
da escola estavam fora.
No marco inaugural, consideramos um mapa para nos situarmos nesta rota da nova EJA,
onde a “viagem” foi iniciada em outubro de 2016, a qual contamos no recorte temporal desta
pesquisa, com 210 viajantes, residentes em Salvador e em Camaçari, que compareceram para
efetivar matrícula, após uma campanha de divulgação. Estes sujeitos vivenciaram 80 horas de
processo de reconhecimento de saberes, onde puderam apresentar através da composição de
portfólio pessoal o mapa das suas itinerâncias formativas, tecidas em situações sociais, pessoais
e familiares, profissionais e institucionalizadas, como aquelas ocorridas na escola e exames
como Enem, Encceja e nas avaliações fomentadas pela comissão permanente de educação –
CPA, relatados através da escrita da sua história de vida.
Para os estudantes antes de iniciarem o curso, ao serem indagados “do que seria o
Reconhecimento de Saberes para eles”, apresentam com dificuldades sua percepção, conforme
investigamos em campo. Contudo, após vivenciarem essa fase, se apropriam do sentido da
metodologia e conseguem defini-la com maestria, como veremos a seguir:
94
Rubi 4 “Eu não sei bem o que “Muito bom! É um processo que nos ajuda a
é... acho que é ensino.” entendermos que temos saberes nos quais nem
fazemos ideia de que tínhamos.”
95
Ametista 4 “Uma educação para “Poder aproveitar aquilo que aprendemos fora
pessoas adultas.” da escola no dia a dia na rua e usar isso para
gerar alguma riqueza.”
(Conclusão)
Fonte: Produzido pela Pesquisadora, Pesquisa de Campo, 2018.
Construir uma EJA que produza seus processos pedagógicos, considerando quem são
esses sujeitos, implica pensar sobre as possibilidades de transformar a escola que os
atende em uma instituição aberta, que valorize seus interesses, conhecimentos e
expectativas; que favoreça a sua participação; que respeite seus direitos em práticas e
não somente em enunciados de programas e conteúdos; que se proponha a motivar,
mobilizar e desenvolver conhecimentos que partam da vida desses sujeitos; que
demonstre interesse por eles como cidadãos e não somente como objetos de
aprendizagem. A escola, sem dúvida, terá mais sucesso como instituição flexível, com
novos modelos de avaliação e sistemas de convivência, que considerem a diversidade
da condição do aluno de EJA, atendendo às dimensões do desenvolvimento,
acompanhando e facilitando um projeto de vida, desenvolvendo o sentido de
pertencimento. (ANDRADE, 2004, p. 1).
96
A Projeto de curso da Nova EJA que inaugura a metodologia de saberes no Brasil, vem
em consonância com o que nos alerta Andrade (2004), na medida que reconhece o sujeito da
EJA como detentor de uma história, de um saber, de um direito de ser considerado como ser
humano. A figura abaixo, apresenta a percepção dos estudantes sobre essa nova oportunidade
de regressar à escola.
implicados (estudantes e docentes) desponta como um ato dialógico, amoroso de acalento para
este estudante que busca guarita para os seus sonhos.
Depois desta primeira etapa caminhamos para o diagnóstico, onde a prática, as
discussões e reflexões em grupos dialogais, reuniões entre equipe de docentes e gestão nos
revelou que ela necessitava de rega para fazer brotar saberes adormecidos, os quais trataremos
mais adiante. E finalmente fechamos com o reconhecimento das competências, que é o
momento da colheita dos saberes mapeados e de voltar e regar cuidadosamente os saberes que
necessitam de consolidação para trazer segurança no momento tomar decisão no dia a dia.
Caminhamos por essa trilha desde a primeira turma piloto, implantada em 2016. Através
dela estreamos a metodologia e experimentamos os instrumentos tal como recomendou o
projeto pedagógico, contudo, ao longo das etapas, à medida em que conhecíamos os estudantes
acolhidos, percebemos a necessidade de adaptações. Na primeira turma implantada fora do
espaço físico do Polo Salvador, tivemos a oportunidade de ressignificar instrumentos e práticas
para experiência do RS em Camaçari.
Esse caminhar, essas experiências em cada etapa, serão detalhadas a partir deste ponto,
onde iniciaremos com o acolhimento.
Pensar uma escola que efetivamente considere os sujeitos jovens e adultos, uma escola
que saiba “ensinar considerando a valorização da individualidade sem
constranger”(...). Dirigir o olhar para essa questão é perceber o sujeito que procura o
conhecimento na escolarização na EJA, como um sujeito inscrito nas práticas da
história humana, já que os “Sujeitos sócio-culturais constituem-se, pois, em suas
experiências vividas no mundo da vida, pelas quais se fazem a si mesmos e à história
humana. LAFFIN (2007, p. 111).
Rubi 7 “Muito bom saber que tem gente, que tem uma escola que se
preocupa com a gente”.
Durante a implantação da Nova EJA, em 2016, sentíamos um frio na barriga com essa
estreia, onde não tínhamos nenhuma referência, apenas documentos pedagógicos e a
formação on-line e presencial que tivemos. Em alguns momentos, nos sentíamos mais
ansiosos que os/as estudantes, na expectativa de vivenciar essa experiência. Quando
iniciamos em Camaçari, tínhamos um marco inaugural e um alicerce pautado no
percurso de Salvador....mas quando iniciamos o processo neste contexto fora do
Polo/Escola Retiro, fomos surpreendidos pelo mesmo frio na barriga, desta vez, de
uma nova estreia, agora em um outro lugar, em outro contexto. No retorno do
acolhimento, já no carro, conversávamos sobre isso, e esse sentimento sensação
perpassou por todos. Rimos muitos, pois constatamos que cada acolhimento será uma
nova estreia, já que estamos lidando com novas histórias, novos sujeitos! (Diário de
Campo, 2018).
104
Entrevista Alinhamento
•Conversa Inicial • Apresentaçao da • Encaminhamento para
Proposta etapas do RS
•Preenchimento de • Conhecimento das • verificação de (Diagnóstico, Balanço
• Roda de conversa
fichas de matrícula motivações dos expectativas dos e Validação de saberes
estudantes estudantes acerca do e competências
curso
Reconhecimento de
Inscrição do
Sensibilização Saberes
estudante
[...] uma narrativa de natureza biográfica, como construção social da história de vida
do candidato, resgatando e analisando os conhecimentos formais, não formais e
106
O percurso do RS, buscar tecer fios em busca de um processo educativo para jovens e
adultos, que compreenda a “boniteza15” o diálogo, a emoção e a alegria. Para tanto, à medida
15
Boniteza, termo cunhado a partir dos referenciais Freireanos, muito utilizado também na produção de Moacir
Gadotti.
107
turmas, apenas uma estudante de Camaçari, que não exercia atividade remunerada registrou que
trabalhava à medida que realizava atividades domesticas como dona de casa. Contudo, ao serem
questionados acerca de como avaliam este primeiro formulário e quais sentimentos sensações
tiveram ao construírem essa etapa do e-portfólio, os estudantes colocaram que:
Foi muito interessante preencher esse formulário, pois nunca imaginei que uma escola
quisesse saber tanto de mim. Assim, do tipo como eu sou, onde eu nasci, como eu me
sinto. Achei irado. (AMETISTA 4, pesquisa de campo, 2018).
Esta etapa, “História da minha vida”, é uma etapa muito importante no RS, muitas vezes,
por requerer do estudante uma análise, um mergulho na sua subjetividade, na sua história ela
não é tão reconhecida por ele como etapa fundamental neste diagnóstico. Contudo, na
metodologia ela é primordial, pois subsidia a convalidação interdisciplinar, proporcionando
uma análise acerca da percepção deste sujeito, como “ser no mundo, com o mundo”, a partir da
sua história e particularidades, baseando nas seguintes mediações/percepções:
História da Infância
Plano
Conhecimento
(conclusão)
Fonte: Pesquisa de Campo, 2018.
O quadro acima nos apresenta as noções mais recorrentes nos formulários, que nos
revelam um forte sentimento de pertencimento a um grupo social (como a família ainda que
muitas vezes não ocorra registro de relações positivas e afetuosas), ao local de origem
(principalmente daqueles que nasceram no interior, na zona rural), descrição das sua
característica, destacando a questão da identidade social e os registros que nos apontam as
expectativas de vida, os projetos para o futuro que vislumbram a partir deste retorno à escola,
das oportunidades que virão após a conclusão do Ensino Médio, quando registram que
objetivam “se formar”. Assim, à medida que vão imputando os seus registros no e-portfolio e
finalizando esta etapa, para seguir para os formulários que envolvem a relação destes estudantes
com áreas do conhecimento no cotidiano, os docentes podem acessá-la para iniciar a
convalidação das autobiografias registradas nos formulários de história de vida.
A próxima fase da composição de portfólio são os formulários de saberes e
competências das áreas de conhecimento Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias, Matemática
e Suas Tecnologias, Natureza e Suas Tecnologias e Humanas e Suas Tecnologias. Neles,
objetivamos perceber como os educandos se relacionam com os saberes e competências destas
áreas de conhecimento nas tomadas de decisão do dia a dia, ou seja, no exercício da cidadania,
no trabalho, na família. Percebemos na primeira turma piloto que os estudantes possuíam
dificuldades para expressar como se relacionam com as áreas de conhecimento no dia a dia, em
110
virtude disso e dessas analises suscitadas nos grupos dialogais entre docentes e equipe de gestão
pedagógica que era necessário promover mediações, gatilhos, que elucidassem essa percepção,
então, foi assim que planejamos a dinâmica mercado de saberes.
No momento dos grupos dialogais, acerca do que vivenciamos com os estudantes na
construção do e-portfólio, debatemos bastante acerca de que até que ponto estaríamos mediando
apenas uma competência consolidada do estudante no seu percurso antes do RS no Sesi, ou se
com a dinâmica estaríamos mediando a consolidação ali, de firma antecipada, antes do curso.
Foram muitos entraves, debates, concepções, até que percebemos que estávamos presos a uma
ideia de aprendizagem muito estanque, dissociada de um movimento que é acumulado ao longo
da vida do estudante fruto das “Educações”, tal como defendíamos, mas que não conseguíamos
enxergar naquele momento. Romper, aceitar e testar foi muito importante para vivenciarmos a
força que as Educações possuem na nossa construção psicossocial e histórica, na nossa
construção como ser humano em interação com o mundo.
Neste momento estamos presos em um entrave...tipo “o ser ou não ser”. Será que é
certo, será que é errado! Até que ponto essa dinâmica vai suscitar algo já consolidado
ou vai “ensinar” algo em processo. Todos estão eufóricos aqui falando...Mas o debate
segue. Turquesa intervém, provoca, questiona, ela gosta do debate, dessa construção
coletiva. Depois de muitos prós e contra decidimos testar, analisar e avaliar os
resultados. Afinal o caminho se faz caminhando. Vamos lá fazer o que será! (Diário
de Campo, 2018).
O relato acima, destaca registro de um momento dos grupos dialogais onde avaliamos a
mediação ou não da dinâmica nesta fase. Decidimos testar! A dinâmica “Mercado de Saberes”,
consistia em promover uma reflexão, a partir de uma situação problema tendo como recurso
visual uma embalagem, bula de remédio ou imagem como tomaríamos uma decisão para
resolvê-la. Assim, os estudantes eram provocados a refletir como essa relação com as áreas de
conhecimento nos ajudam na resolução de um problema ou desafio diário como calcular uma
proporção para uma receita de bolo, estipular horários para tomar uma medicação, dentro outras
situações. Após essa reflexão eles registram as suas analises a partir das suas vivências nos
formulários do e-portfólio.
frutas da estação, para adquirir produtos mais baratos e ter um maior lucro nos seus
produtos, até a proporção de fruta/agua/açúcar necessária em cada sabor. Ela também
nos deu uma aula dos cuidados necessários com a segurança e higiene alimentar, falou
de contaminação cruzada e tudo. Deu show! (SAFIRA 4. Pesquisa de Campo, 2018).
O relato de Safira 4, nos revela como as dinâmicas suscitaram a escrita de uma de uma
vivência com as áreas de conhecimento em situações do cotidiano de forma tranquila e fluida.
Eles registravam o que viviam e quando não conseguiam ter essa clareza, também registravam
de forma tranquila. Nesses formulários, além das percepções desses saberes e competências,
eles poderiam avaliar em que medida eles percebiam essa consolidação, registrado no
formulário: situações da vida que se deparam com a necessidade de mobilizar esses
conhecimentos, dificuldades que encontram para mobilizá-los, o que considero que preciso
aprender para mobilizar.
Após essa fase, entramos na metodologia em uma avaliação no formato “prova”,
baseada em questões sobre os componentes curriculares que integram as quatro áreas de
conhecimento (Linguagens, Humanas, Matemática e Natureza). O estudante, acessa essa
avaliação onde as questões do repositório do Departamento Nacional, são geradas de forma
randômica. Este ponto do diagnóstico é algo que foi muito debatido, desde o momento de
validação da metodologia, contudo, o voto final no CNE, se deu após a construção desta etapa
avaliativa, pois eles entendiam que era necessário ter um parâmetro quantitativo em uma
metodologia que era inovadora no Brasil e que seria aprovada em caráter de experiência
pedagógica. Apesar das contradições que envolvem o diagnóstico no modelo de avaliação
prova, ter sido muito debatido, percebemos que na prática, a sua atuação não se deu de forma
desastrosa. Percebemos no Balanço das competências do E-portfólio, que os resultados eram
bem-sucedidos quando os estudantes expressavam a consolidação dessas competências nos
formulários de área de conhecimento.
Após a avaliação, os estudantes finalizam a construção do E-portfólio e aguardam a
próxima fase que é a elaboração do plano pessoal de estudos, que é gerada a partir da
convalidação das dos saberes e competências, a partir de uma matriz curricular. A Matriz de
Referência Curricular da Nova EJA foi construída para os cursos da EJA do Sesi e para
estabelecer as bases processo de diagnóstico da Metodologia de Reconhecimento de Saberes.
Neste sentido, o projeto pedagógico da Nova EJA constitui a matriz de referência curricular
como:
A medida que o projeto pedagógico estabelece a matriz como referencial para definir
desenho curricular, estabelecer parâmetros para uma avaliação diagnóstica a partir dos saberes
e competências de jovens e adultos e também como guia para educadores, pois ela é o cerne da
convalidação, no momento de balanço das competências, que culminará na construção do plano
pessoal de estudos que desencadeará na certificação parcial ou total do Ensino Médio, na etapa
do RS.
A Matriz Curricular da EJA do Sesi, foi construída buscando se estabelecer como uma
alternativa inovadora, flexível e integrada, a fim de superar a lógica da grade curricular, baseada
em conteúdos descontextualizados. Ela foi organizada a partir de três dimensões: Eixos
cognitivos integradores, Áreas de Conhecimento (com suas respectivas competências e
habilidades) e Objetos de Conhecimento. Os Eixos cognitivos (domínio das linguagens,
construção e aplicação dos conceitos, Seleção, relacionamento, organização e interpretação de
saberes) integram e perpassam por todas as áreas de conhecimento que articulam o
desenvolvimento das competências durante o curso ou que convalidam as competências
consolidadas durante o percurso da vida, relatadas e apresentadas no e-portfólio durante o RS.
O projeto Pedagógico da Nova EJA que tem como premissa a metodologia de
Reconhecimento de saberes, a partir da sua Matriz de Referência Curricular, assume como de
concepção de competência, a contribuição de Perrenoud (20133), “como capacidade de agir,
identificar e mobilizar, conhecimentos pertinentes e necessários para o emprego de atitudes a
realização de tarefas e conhecimentos em uma situação da vida”. Deste modo, o projeto
pedagógico, a partir do conceito de competência adotado, nos alerta que não devemos perder
de vista que:
Destarte, à medida que percebemos que constrói o seu e-portfólio com base no
significado dado a vida, a partir das suas aprendizagens construídas e consolidadas nas
“Educações” vivenciadas, o balanço das competências assume grande importância nesta etapa
e é um grande desafio para o docente. O Balanço se estabelece a partir do reconhecimento de
competências desenvolvidas em estudos e percursos de vida anteriores ao Sesi e se pauta na
seguinte estrutura, conforme figura abaixo: Competência indicada na matriz curricular
relacionada área de conhecimento, competência identificada no portfólio do estudante e
registros das impressões da equipe realizando a convalidação da competência identificada com
a matriz.
É muito importante uma leitura minuciosa dos formulários de história de vida. Nesta
etapa do RS conseguimos mergulhar no universo do estudante e conhecer a sua
114
sentisse seguro ao contestar o balanço proposto pela banca. Quando isso ocorre, a equipe de
docente sugere que ele ou ela coloque experiências e situações da vida que revelem que a
competência contestada é consolidada, assim, deve ser reconhecida, tal como se apresenta nos
relatos dos docentes abaixo.
depressão, o qual não conseguiu relatar na escrita. Chegou ao conselho de forma tímida, mas
preparado com os seus cadernos, diário do período de depressão e toda a esperança e confiança
da escuta e acolhimento que perpassa esse momento.
que toca sanfona e gosta muito das músicas de Luiz Gonzaga, destacando o seu contexto com
o sertão e a vida sertaneja, demostrando forte poder de argumentação. Apresentou um gosto por
gêneros textuais que retratam a cultura popular como a literatura de cordel. Diante da mediação
e da percepção do estudante sobre o contexto colocado, foi possível reconhecer as habilidades
H1, H4, H8, H9, H11, H13 e H15, H16, H17, H18.
Em Humanas, a partir do explanado em Linguagens acerca do Nordeste, reforçado pelas
percepções acerca da identidade e diversidade cultural, da compreensão do cordel como um
registro da cultura local, da comparação das mudanças entre as a relações de trabalho na zona
rural e na zona urbana, na apresentação da cultura indígena e das culturas de outros locais de
fora, presentes no Brasil e na percepção de que o Brasil é formado por povos de diversos locais,
foi possível identificar na C1 as habilidades: H1/H3/H4/H5. Sr. Rubi compreende as relações
de trabalho e as leis trabalhista por meio das greves destacando a importância dos movimentos
sociais na conquista de direitos, das alterações na legislação, na comparação entre a organização
do trabalho no campo e na cidade. Reconhece as tecnologias no âmbito do trabalho e o seu
impacto, em especial nas máquinas utilizadas na produção no exercício da sua função no polo.
Identifica as relações de poder existentes entre os gêneros no mundo do trabalho, trazendo
exemplos vivenciados na sua rotina de trabalho. Deste modo foram reconhecidas na C2 as
habilidades: H10/H7 e H8. Na C3, falou sobre as desigualdades sociais, demostrando diversos
aspectos sociais e econômicos que acentuam essas questões, informou que participou de
campanhas na empresa para arrecadar alimentos evidenciando as habilidades H11 e H14. Na
C4 foram reconhecidas a H17, H 18, H19 e H20 evidenciadas ao relatar o impacto do
desmatamento na poluição do ar, no desaparecimento das espécies, de rios, no impacto na
camada de ozônio, e de que os seres humanos necessitam reduzir o desmatamento para melhorar
o clima, e reduzir o custo de alimentos, devido à redução das chuvas. Na C5, foi reconhecido
por entender que a ciência se faz a partir do experimento até chegar a comprovação e o senso
comum reconhece que sabemos, mas não temos como comprovar. Na C6, entende que em uma
democracia podemos expressar as nossas opiniões e discordar do governo.
Diante da contestação, o mesmo foi reavaliado pela banca que identificou as habilidades
referentes à matriz reconhecendo habilidades das competências de Linguagens e Natureza.
Está de acordo com a avaliação realizada no processo de Reconhecimento de Saberes e dará
continuidade aos estudos conforme o Projeto Pedagógico da Nova EJA.
Composição da banca
Equipe pedagógica
Aluno/a avaliado/a
119
Por meio desta ata, Rubi, teve seu parecer alterado, registrando as competências
reconhecidas durante a sessão do conselho e pronto para cursar o Ensino Médio, tendo como
ponto de partida tudo aquilo que aprendeu, construiu e ressignificou no caminho das
“Educações” ao longo da sua vida. Ademais, podemos analisar o conselho à luz da contribuição
de Ferreira (2012, p. 40), como uma “situação dialógica, à medida que exigiu um pensar junto
dos sujeitos envolvidos, amparados por pressupostos comunicacionais dialógicos”.
Complementamos esse pensamento, ainda com Ferreira (2012), quando ela nos conduz a ideia
de que “educação é comunicação, é dialogo, é encontro de sujeitos que buscam compreender a
realidade e transformá-la se por meio da significação de sentidos”.
Na busca de compreender e significar a realidade vivenciada, como equipe pedagógica
durante a consolidação da Metodologia de Reconhecimento de Saberes, em 2018, em especial
quando este foi o ano em que a equipe se reconhecia mais amadurecida e familiarizada com
toda a matriz e não apenas com as competências restritas a área de conhecimento da sua atuação,
reconhecemos que o conselho, como situação dialógica, nos revela as possibilidades da
comunicação, da educação e da transformação. Destacamos a importância, em especial da
transformação da avaliação, que neste momento por meio do conselho e da possibilidade da
alteração do parecer proposto inicialmente pelo/a docente, se impõe como um momento
dialógico, de troca e de muita aprendizagem.
Sujeito
Ametista 2 “No início fiquei tenso, pois me lembrei da sabatina, achei que ia ser
interrogado...depois relaxei, pois vi que era totalmente diferente.”
Rubi 2 “Eu nunca tinha passado pelo conselho, achei que era a nota que ia
pegar. Mas não era nota...mas fiquei surpreso mesmo quando o professor
começou a falar da minha história, porque no início eu não acreditava
que eles iam ler tanto texto de aluno não. Mas, quando ele começou a
falar e me pediu para eu contar um pouco mais de como eu fazia meu
121
(conclusão)
Fonte: Pesquisa de Campo, 2018.
A voz dos sujeitos da pesquisa acerca do CRS, indicam percepções sobre o processo de
aprendizagem, na medida em que ele compreende que a aprendizagem se processa em todas as
etapas da vida e não somente na escola, que ela se estabelece ao longo da vida, nas experiências
e situações de aprendizagens vivenciadas por meio das “Educações”, como defendemos e
apresentamos, à luz de Brandão (1995) durante este estudo. Outro ponto apresentando nesse
diálogo com os sujeitos, foi a elevação da autoestima revelado na importância destinada à sua
história, a sua opinião no momento da escuta. Destacamos também o caráter inovador da
metodologia, que assusta, pois, dentre os sujeitos envolvidos nenhum deles revelou ter
participado de algo semelhante a essa proposta. Este ponto se revela como uma ambivalência
e nos conduziu a um olhar contrativo, para compreender a importância de elucidar ainda mais
junto aos estudantes as etapas, relações práticas de cada uma dela com realidades e situações
conhecidas.
Deste modo, a partir dos fatores levantados que contribuíram para analisarmos a medida
da contribuição da Metodologia de Reconhecimento de Saberes na elevação da escolaridade
dos estudantes da EJA, no Ensino Médio do Sesi, constatamos que a consolidação da
experiência da equipe na pratica pauta no novo projeto pedagógico, na matriz curricular e da
formação da equipe, foram primordiais para que os resultados fossem refletidos junto aos
estudantes participantes. Este cenário, também se estabelece como uma ambivalência da
necessidade de compreender e empreender formação, ainda que em ação, da equipe, ao longo
do processo, de forma a promover a construção do lastro necessário para uma pratica mais
consolidada, neste caso revelada na turma de Camaçari.
Percebemos também considerando os resultados das duas turmas pilotos e contextos
desse estudo, verificamos um aumento no número de áreas totalmente certificadas no
Reconhecimento de Saberes. Esses resultados, representam que embora os estudantes não
tenham obtido a certificação total do Ensino Médio, obtiveram resultados de certificações
parciais que possibilitaram o tempo maior na rota do curso do Ensino Médio.
18
Matemática e suas Tecnologias
15
21
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
15
30
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
23
0 5 10 15 20 25 30 35
Deste modo, no projeto de curso da Nova EJA do Sesi, considerando que os estudantes
partem de onde sabem, temos em cada estudante um curso personalizado, na medida em que
percorrem caminhos e trilhas diferentes durante o curso. Esta possibilidade, ao mesmo tempo
em que se estabelece como uma grande oportunidade para os estudantes da EJA, se configura
124
Em processo 1 1% 0 0%
Desistentes 7 7% 5 5%
Transferidos 0 0% 1 1%
Motivo: Familiares
Ametista 5 Informou que não possui O aluno foi aprovado na área de
condições de continuidade linguagens. Diante do motivo
dos estudos, pois o seu exposto, oferecemos ao aluno a
bairro estava com toque de possibilidade de frequentar as
Desistência recolher o que oficinas (aulas presenciais)
impossibilitava de circular durante o dia, com calendário
pela noite. flexível para a continuidade dos
estudos, entretanto o aluno não
Motivo: Falta de segurança compareceu ao SESI para dar
pública continuidade.
Ametista 6 Ametista relatou que é mãe Diante do motivo exposto,
Desistência de um filho especial, o que oferecemos à aluna a
dificulta a vinda ao SESI possibilidade de frequentar as
de forma sistemática. Não oficinas (encontros presenciais)
encontrou uma pessoa para durante o dia, para dar
cuidar de seu filho. continuidade dos estudos,
entretanto a mesma não
Motivo: Familiares compareceu ao SESI para dar
127
Motivo: Dificuldade
Financeira e Familiares
Rubi 2 Desistência Estava enfrentando Oferecemos ao estudante a
problemas familiares. A possibilidade de ter um novo
sua esposa tentou suicídio plano pessoal de estudos, com a
devido as dificuldades readequação de horários de aulas
financeiras que a família presenciais que atendesse as suas
vivenciava. Diante disso necessidades. Disponibilizamos
não conseguiu frequentar a orientação aos estudos de
as aulas, pois tinha receio forma individualizada. Contudo,
de deixa-la sozinha. o estudante não tinha condições
psicológicas para retornar aos
Motivo: Dificuldade estudos. Orientado a buscar
Financeira e Familiares apoio em centro de atenção
psicossocial.
Rubi 3 Desistência Relata dificuldades para Disponibilizamos a orientação
conciliar o estudo com o aos estudos de forma
trabalho, devido ao individualizada. Contudo, o
trabalho de “paradas” no estudante não tinha condições de
polo. conciliar o horário.
128
Motivo: Incompatibilidade
com o trabalho
Rubi 4 Desistência O estudante foi transferido
de posto de trabalho,
mudou-se para outro
estado (Paraiba).
Motivo: Incompatibilidade
com o trabalho
Rubi 5 Desistência A estudante divorciou-se e Disponibilizamos a orientação
devido ao processo aos estudos de forma
traumático ocasionado individualizada. Contudo, a
pelo fim do estudante relatou que naquele
relacionamento, mudou de momento não tinha condições
cidade. psicológicas para estudar.
Motivo: Problemas
Familiares
Rubi 6 Transferência O estudante teve seu posto Realizamos a transferência do
de trabalho transferido estudante para o polo Sesi
para Vitória da Conquista Sudoeste, onde o estudante deu
continuidade aos estudos no Sesi
vitória da Conquista.
(conclusão)
Fonte: Sesi, 2017 e 2018.
outras turmas e como vimos, tivemos três retornos de estudantes que ainda estrão frequentando
as aulas e uma transferência de estudante para o polo Sudoeste.
Com a expansão da Nova EJA, no segundo semestre de 2018, na Bahia, nos polos de
Central (Feira de Santana), Sudoeste (Vitória da Conquista, Brumado, Jequié, Itapetinga), Sul
(Ilhéus e Eunápolis), Oeste (Barreiras e Luís Eduardo Magalhaes) e Salvador (capital e Região
Metropolitana) é possível não somente ofertar a EJA do Sesi, em várias cidades da capital,
região metropolitana e interior do estado, mas de conduzir estudantes com itinerários de
trabalhos pelo interior a dar continuidade aos estudos dentro da própria instituição de ensino,
dentro da mesma metodologia e projeto pedagógico.
Os impactos do Projeto foram analisados junto aos estudantes, que reconhecem o valor
da Metodologia de Reconhecimento de Saberes muito além da certificação da educação básica,
mas de fato no desenvolvimento de competências que subsidiarão a tomada de decisão no
percurso da vida na atuação enquanto cidadão e cidadã, trabalhador e trabalhadora, ou seja,
enquanto ser social.
Destacamos a seguir, alguns pontos colocados pelos estudantes acerca da experiência
pedagógica, suas expectativas e satisfação, na autoavaliação realizada ao final do curso do
Ensino Médio.
(continua)
Dimensão Percepção do Estudante
Percepção acerca da Me deu uma esperança a mais num país tão complicado como o
MRS Brasil, e me fez crescer como pessoa onde eu pude concluir os
estudos que estavam incompleto, pois me dava vergonha desse
motivo, mas hoje já penso em fazer faculdade pois o mesmo me deu
prazer em estudar abrindo novos horizontes.
Amei voltar a sonhar o que para mim era impossível tornou possível
eu aos longos dos meus 34 anos concluir o ensino Médio e poder
voltar a sonhar grande não tem explicação me sinto orgulhosa, não
tem como descrever a minha alegria de carregar um certificado de
conclusão do ensino médio. Muito feliz obrigada a todos que
contribuíram para que esse sonho se tornasse realidade. Obrigada a
Toda Equipe EJA.
Tudo. A EJA veio como uma melhora de vida muito surreal, me deu
oportunidades que achei que não poderia ter mais, me fez acreditar
mais em mim, na pessoa que sou e o que posso ser. Não tenho nada
de ruim para falar da EJA e sim só coisas boas. Sou muito grata a
todos, principalmente aos professores que sempre estiveram ao
nosso lado para qualquer situação nos apoiando sempre. Esse
grande momento estará gravado sempre no meu coração, espero
sempre estar presente nos corações de todos (as) mesmo estando
distante.
(conclusão)
Fonte: Pesquisa de campo, 2018
As diversas histórias de vida e o percurso que cada um construiu no RS, contribuiu para o
vínculo entre o grupo e o estabelecimento de um clima de apoio e ajuda mútua entre aqueles
que permanecem na caminhada para o Ensino Médio, frente as dificuldades enfrentadas no
processo, desde aquelas relacionadas a pouca intimidade com o computador que impactam no
acesso ao LMS, até mesmo as dificuldades financeiras, minimizadas com arrecadação de
alimentos, roupas e sapatos para estudantes desempregados.
Com isso, o Reconhecimento de Saberes, evidencia-se como um importante diagnóstico
na Educação de Jovens e Adultos, muito além da validação de saberes e competências escolares.
Ele se consolida no papel de uma educação que revela e reforça enlaces inter e entre humanos
com o mundo, no mundo para o mundo.
132
Acreditava na vida
Na alegria de ser
Nas coisas do coração
Nas mãos um muito fazer
[...]
O Dina
Teu menino desceu o São Carlos
Pegou um sonho e partiu
Pensava que era um guerreiro
Com terras e gentes a conquistar
[...]
E hoje
Depois de tantas batalhas
A lama dos sapatos
É a medalha
Que ele tem pra mostrar
Gonzaguinha
meio de campanhas, programas a oferta da EJA se expandiu na Bahia, ainda com foco no
trabalhador, até o final da década de noventa e iniciou do século XXI. Em 2013, a EJA EAD
foi implantada e com isso acompanhamos o desafio de atuar em uma educação para adultos em
uma metodologia a distância, agora, para trabalhadores e comunidade em geral. Com a
implantação do Projeto de Curso Nova EJA, que nos orientava nas premissas de uma
Metodologia de Reconhecimento de Saberes, acompanhamos mais um passo da instituição em
busca de uma EJA que buscava desgarrar-se de uma proposta disciplinar, conteudista para um
projeto pautado em áreas de conhecimento, no reconhecimento e validação de saberes,
desenvolvimento e consolidação de competências. Deste modo, fomos mobilizados por uma
questão principal que também motivou esta pesquisa em busca de compreender: como a
Metodologia de Reconhecimento de Saberes contribuiu para elevação da escolaridade básica
de jovens e adultos que estudam no Polo Salvador, do Sesi Bahia?
Assim, mobilizados pela inquietação desta problemática e após muitos passos dados
para a implantação da MRS, caminhados junto com o percurso do mestrado, avaliamos que
estamos em pleno plano de voo, vivenciando as turbulências naturais e desafiantes em qualquer
viagem inaugural. Em uma experiência inaugural, as etapas, o mapa, a rota, são definidos e
estão previstos no projeto pedagógico da Nova EJA do Sesi Nacional, contudo o caminho se
faz caminhando, a partir das possibilidades que a diversidade e particularidades dos sujeitos da
EJA nos proporcionam.
Deste modo a equipe pedagógica envolvida buscou mergulhar nessa nova forma de
mediar o processo de aprendizagem de jovens e adultos, desvencilhando-se das experiências
pautadas em conteúdo curriculares, em disciplina para um olhar observador, mediador de
saberes construído e consolidados nos caminhos percorridos nas educações vivenciadas por
jovens e adultos da EJA que buscavam o Sesi. Para esses estudantes estudar em um curso com
uma metodologia totalmente diferente daqueles por eles vivenciadas em outros espaços formais
de aprendizagem, também provocou um estranhamento, mas que também possibilitou uma
reflexão acerca dos seus saberes, conforme vimos nos relatos dos sujeitos, atores deste estudo.
Os primeiros olhares deste estudo, nos revelaram que dialogamos nessa proposta com
sujeitos que possuem aproximações com o perfil dos estudantes da EJA, o qual recentes
pesquisas já revelam uma juvenilização, a partir do ingresso de estudantes cada vez mais jovens
com reprovações sucessivas no ensino regular. O estudo possibilitou um olhar mais apurado
acerca desses sujeitos que inauguram a MRS em Salvador (2016) e em Camaçari (2018), sendo
eles e elas: predominantemente masculina, jovens, situados na faixa etária entre 21 a 30 anos,
134
Para tanto, no processo de implantação das turmas Piloto de Salvador e Camaçari, que
atuaram na metodologia MRS, demandaram o planejamento de um fluxo, considerando as
particularidades do público atendido. Este planejamento advém de uma realidade e uma
necessidade, já que estamos atuando com um projeto concebido para âmbito nacional, que por
mais que esteja em consonância com as demandas da EJA, sempre comporta lacunas que não
dão conta do regional, do particular, do pessoal, do específico de cada jovem e adulto que busca
esse regresso à escola. Ademais, constatamos no caminhar desta pesquisa formação, que
caminhou de mãos dadas com a implantação da metodologia, a importância da formação inicial,
mas da formação em ação da equipe pedagógica (coordenação, gestão e docentes).
Destarte, considerando as etapas de execução, e mais precisamente a primeira delas, o
Acolhimento, e que norteou um dos objetivos específicos deste estudo, foi concebido no projeto
e planejado para sua implementação, como o momento de apresentar a viagem ao qual cada
sujeito da EJA embarcará, já que, nem todos caminham pela mesma rota, pois cada um
vivenciou experiências que o legitimam a ter um plano de voo pessoal. O acolhimento se
configurou como um momento de respeito, de direito deste estudante de conhecer em qual
escola estudará, qual metodologia será utilizada, como será esse processo, o que esperamos dele
e o que ele espera de nós. Assim como, um momento para que esse estudante se sentisse
preparado para refletir e resgatar a sua identidade por meio da sua história de vida, refletindo
sobre as experiências que provocaram as tensões, medos, alegrias, sentimentos, sonhos e
desejos, pois são nessas dinâmicas que aprendemos que construímos e solidificamos os nossos
saberes.
Ao serem acolhidos, verificamos também a importância da etapa de construção do e-
portfólio e do planejamento de estratégias para possibilitar ao educando o resgate das suas
aprendizagens. A validação das competências surgiu como uma etapa a qual percebemos no
processo da pesquisa formação, que o estudo e apropriação da matriz de todas as áreas de
conhecimento se revela como de fundamental importância no reconhecimento dos saberes e das
competências e na convalidação com a matriz curricular. Essa apropriação exige do docente um
pensar “fora da sua caixa disciplinar” e extrapolando barreiras e adentrando no universo
interdisciplinar, pois os saberes e competências são construídos, desenvolvidos e consolidados
e entrelaçados na vida.
Após essa fase, chegamos a etapa conselho, que como etapa final da MRS, balizou o
objetivo especifico da investigação, que se estabeleceu como um processo educativo amoroso
e humanizado. Como processo de um projeto pedagógico que tem como fundamento uma
136
um legado, uma família, que com ele entende, compreende seu lugar no mundo, no palco do
respeito, da igualdade e do acesso aos direitos sociais, no acesso à educação.
Este caminho de regresso à escola, que concebe a educação numa perspectiva de
esperança, possibilita a este estudante enxergar-se e ser enxergado por essa sociedade, como
ser humano de direito e com direitos. Que por sua vez se fortalece, como uma flor dente de
leão, que possui singela aparência, mas com o balanço do vento se mostra forte, partilha sua
semente para povoar os campos com a sua beleza, com a sua força, com a sua resistência.
138
RFERÊNCIAS
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ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de metodologia científica. São Paulo: Pioneira, 2001.
APÊNDICES
Estado do Conhecimento
Temas Norteadores
1. Apresentação do grupo (nome, bairro onde mora, profissão, idade, cor e setor que trabalha)
Dos/as Docentes:
a. Experiências Docentes;
b. Percepção acerca da
Metodologia
(Conclusão).
Fonte: elaborado pela pesquisadora, em 2018.
151
ANEXOS
ESTA PESQUISA SEGUIRÁ OS CRITÉRIOS DA ÉTICA EM PESQUISA COM SERES HUMANOS CONFORME
RESOLUÇÃO Nº 466/12 DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE.
I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Nome do Participante:
Nº de Identidade:
Endereço:
Complemento: Bairro:
Cidade: CEP
O (a) senhor (a) está sendo convidado (a) para participar da pesquisa: “Reconhecimento e
Validação de Saberes na Educação de Jovens e Adultos: um estudo da implantação da
Metodologia de Reconhecimento e Validação de Saberes no SESI Bahia”, de
responsabilidade do pesquisadora Fernanda Brito da Silva, discente da Universidade do Estado
da Bahia que tem como objetivo avaliar os resultados decorrentes da implantação e da
oferta da MRS na EJA a distância, no ensino médio, no Polo Salvador, além de apresentar
proposta de projeto de intervenção.
A realização desta pesquisa trará ou poderá trazer benefícios: Garantir no processo
investigativo que os sujeitos participantes reflitam sobre os resultados das primeiras
intervenções da nova proposta pedagógica, em regime de experiência pedagógica, da educação
de jovens e adultos a distância, que contempla a Metodologia de Reconhecimento e Validação
de Saberes, no Estado da Bahia.
Caso aceite o Senhor (a) será realizado procedimento de coletas de dados como entrevista e
grupo focal que será fotografada e gravada em vídeo e áudio, pela aluna Fernanda Brito da
Silva, do curso de Mestrado em Educação de Jovens e Adultos. Devido à coleta de informações
152
Comitê de Ética em Pesquisa- CEP/UNEB Rua Silveira Martins, 2555, Cabula. Salvador-
BA. CEP: 41.150-000. Tel.: 71 3117-2445 e-mail: cepuneb@uneb.br
Declaro que, após ter sido devidamente esclarecido pelo pesquisador(a) sobre os objetivos
benefícios da pesquisa e riscos de minha participação na pesquisa “Reconhecimento e
Validação de Saberes na Educação de Jovens e Adultos: um estudo da implantação da
Metodologia de Reconhecimento e Validação de Saberes no SESI Bahia”, e ter entendido
o que me foi explicado, concordo em participar sob livre e espontânea vontade, como
voluntário consinto que os resultados obtidos sejam apresentados e publicados em eventos e
artigos científicos desde que a minha identificação não seja realizada e assinarei este documento
em duas vias sendo uma destinada ao pesquisador e outra a via a mim.
_____________________________________
Assinatura do participante da pesquisa
_______________________________ _______________________________
Assinatura do pesquisador discente Assinatura do professor responsável
(Orientando) (Orientador)
153
NOME:
( ) Desportiva
( ) Cultural
( ) Religioso
Participações de Associação:
( ) Filantrópica
( x ) Profissional
( ) Recreativa
Participo de questões educacionais (vida escolar dos filhos. Atividades culturais, desportivas,
cívicas).
Recorro às essas instituições (Serviços de emprego, saúde, justiça, política, finanças) no uso
dos meus direitos e deveres.
161
Sou sindicalizado, participo das atividades sindicais e sei usar os meus direitos.
Outros
Destacar também o que realizou e lhe deu satisfação na atividade e que é recordações
positivas (se houveram) e os aspectos que desagradaram (se houveram).
• EMPRESA 01
Data de Data de
Profissão Empresa
entrada saída
Atividades realizadas
Motivos de Satisfação
(Recordações positivas)
Motivos de insatisfação
(Recordações negativas)
• EMPRESA 02
Data de Data de
Profissão Empresa
entrada saída
Atividades realizadas
Motivos de Satisfação
(Recordações positivas)
Motivos de insatisfação
(Recordações negativas)
O que aprendi e conservo até Por mais que alguém te trate mal não retribua igual
hoje continue com educação e respeito.
• EMPRESA 03
Data de Data de
Profissão Empresa
entrada saída
Atividades realizadas
Motivos de Satisfação
(Recordações positivas)
Motivos de insatisfação
(Recordações negativas)
• EMPRESA 04
Data de Data de
Profissão Empresa
entrada saída
Atividades realizadas
Motivos de Satisfação
(Recordações positivas)
Motivos de insatisfação
(Recordações negativas)
Pense como você utiliza a linguagem em sua vida: Como você exemplifica cada
analisar
Reconh
compre
(imigrantes).
163
e
e
as
práticas sociais e as linguagens
utilizadas.
culturais,
Pense como você utiliza a matemática em sua vida: Como você exemplifica cada
Até que ponto você concorda com as seguintes afirmações?
situação?
existentes para os
números, realizar
diversos tipos de
as operações
Determinar o número da
vigésima casa de uma rua, cuja
possibilidades de soluções, caso existam.
Calcular o número de
C 4 - Compreender o conceito de probabilidade e o raciocínio
combinatório em fenômenos naturais e do cotidiano, resolver
problemas em processos de contagem natural ou estruturada e combinações que podem ser
formadas trocando a ordem
das letras de uma palavra
dada..
calcular a probabilidade da ocorrência de um evento.
Calcular a probabilidade de
se acertar, em uma tentativa,
essa senha, lembrando
apenas das letras que a
compõem.
Explicar os valores
apresentados em uma
tabela, numa página de uma
revista.
de um grupo de pessoas.
169
Pense como você utiliza as ciências humanas em sua vida: Como você exemplifica cada situação?
Até que ponto você concorda com as seguintes afirmações?
Dificuldades que O que preciso
Sou capaz de... Totalmente Parcialmente Pouco Situações da vida
Competências encontro aprender
Identificar as
diferentes
C1. Relacionar os elementos
culturais que constituem as
influências de outras
culturas no meio em
que vivo
Reconhecer os
elementos culturais da
dos
Respeitar as
diferenças culturais
entre as regiões do
meu país
processos de construção e transformação
C2. Relacionar o trabalho humano aos
histórico-
Perceber o trabalho
como fator
transformador da vida
humana
contextos
Apontar as
transformações
ocorridas no meio em
que vivo pelas
condições de trabalho
existentes
diferentes
Determinar a(s)
geográficos
atividade (s)
econômica(s)
desenvolvidas na
em
minha região
171
Reconhecer a
importância das
interações entre as
pessoas no ambiente
de trabalho
Apontar
C3. Analisar aspectos relevantes das
instituições sociais e políticas nas relações
de poder em diferentes escalas e contextos
desigualdades na
sociedade, com base
no meio o qual estou
inserido
intolerância
Reconhecer
movimentos sociais no
meio que estou
inserido
172
Perceber a
importância dos
movimentos sociais na
conquista de direitos
do cidadão
em
diferentes contextos histórico-
reconhecendo
casC4. Analisar interações
Reconhecer as
transformações
promovidas pela ação
humana na natureza
sociedade-natureza
Pontuar os
meios/instrumentos
utilizados para
agir/transformar os
geográficos,
espaços geográficos
Identificar os limites
geográficos nas
regiões do Brasil
173
Caracterizar os
elementos naturais
das regiões brasileiras
Avaliar os impactos da
interação entre
sociedade-natureza a
partir do meio em que
estou inserido
diversas correntes filosóficas em
C5. Utilizar categorias de análise
na
problematização da realidade
apreendidas no estudo das
Entender a aplicação
do conhecimento
e
científico na sociedade
cotidiano
Diferenciar mito e
razão
seu
174
Compreender o papel
do cidadão na
sociedade
as
histórico-geográficos
Compreender
Apontar movimentos
sociais que
representaram a luta
pelos direitos dos
indivíduos
C6.
Pense como você utiliza as ciências da natureza em sua vida: Como você exemplifica cada situação?
Até que ponto você concorda com as seguintes afirmações?
Dificuldades O que preciso
Competencias
Sou capaz de... Totalmente Parcialmente Pouco Situações da vida
que encontro aprender
Entender que em
Com
nder
pree
determinado período do
C1:
as
Compreender diferentes
efeitos na natureza dos
combustíveis biológicos
(etanol é biodiesel) dos
combustíveis fosseis (
carvão, gasolina e óleo
diesel)
Reconhecer que o
conhecimento popular do
raizeiros, índios e
curandeiros, ajudam na
fabricação de vários
remédios que são
produzidos pelas
drogarias.
176
vegetação nativas na
região é importante para
preservação de plantas e
animais.
da degradação ou preservação do ambiente.
Compreender que
construção de parques
ecológicos, zoológicos,
bosques florestais nas
cidades são soluções
encontradas para
diminuir os efeitos das
fumaças dos veículos,
regular a temperatura do
ambiente, além de
proporcionar a população
um local para prática de
esporte.
Reconhecer que o
aumento da temperatura
no planeta está
relacionado com a
emissão de fumaças que
saem dos veículos,
indústrias e
desmatamento das
florestas.
177
Reconhecer quais os
horários que podemos
ficar expostos à luz do sol
é muito importante para
evitar o aparecimento de
doenças.
Verificar e identificar na
embalagem os nutrientes
de um alimento.
geneticamente
modificados sendo
consumido pela
população.
Reconhecer que na
natureza pode ser
encontrada matéria
prima para fabricação de
novas tecnologias
(remédios, aparelhos
digitais, tintas, roupas,
entres outros...)
161
“Águias” voam longe com “Força e Fé”, porque estão com “Foco na Mudança”!
1 Apresentação do Projeto
Projeto Nova EJA é desenvolvido pelo Sesi, que visa a oferta da EJA, curso do
Ensino Médio. A EJA, ocorre respaldada pelo projeto de curso do Sesi Nacional, que tem
como princípio a Metodologia de Reconhecimento de Saberes, aprovada em 2016 pelo
Conselho Nacional de Educação, como experiência pedagógica inovadora.
O ineditismo da Metodologia de Reconhecimento de Saberes, no Brasil, se pauta na
oferta de um processo de reconhecimento, validação e certificação de saberes e competências
no âmbito da Educação Básica, tal como recomenda a Unesco, no Marco de Belém,
documento final da última Conferência Internacional de Educação de Adultos –
CONFINTEA. O Marco de Belém, recomenda a oferta de metodologias e experiências
pedagógicas que valorizem, reconheçam e certifiquem os saberes e competências dos
adultos, em processo de escolarização, buscando a articulação com uma matriz e currículo
escolar.
Deste modo, o Sesi se afirma como pioneiro com essa experiência, no Brasil, ao lado
de Portugal, primeiro país a implantar um projeto pedagógico que considera conhecimentos,
saberes e competências informal, formal e não formal, em um processo de certificação da
educação básica.
O Sesi Bahia, devido a sua experiência de 23 anos na Educação de Jovens e Adultos,
foi um dos departamentos regionais (DR) a implantar a metodologia na Rede Sesi, ao lado
dos DR Pará e Santa Catarina. Essa experiência inaugural, na Bahia e no Nordeste, ocorreu
em 2016, com a matrícula de 105 jovens e adultos e foi finalizada em dezembro de 2017 e
sua expansão ocorreu em 2018 com a matrícula de 105 jovens e adultos no município de
Camaçari.
O Reconhecimento de Saberes se configura atualmente com uma metodologia
humanizadora, que possibilita o resgate da história de vida e a autoestima dos sujeitos jovens
e adultos, considerando as suas aprendizagens e percursos adquiridos ao longo da vida.
184
2 Percurso do Projeto
Itinerário Ações
Período de Inscrição
Divulgação de Resultados
Apresentação do processo
Validação das Competências Análise do E-portfólio de cada estudante pelo docente com base
na matriz de competência da Nova EJA Sesi.
185
Autoavaliação do processo.
Acolhimento
Salvador
191
Camaçari
Motivos
Problemas de saúde
Falta de computador/internet
As turmas da noite eram compostas por estudantes que trabalhavam durante o dia,
por mães que durante o dia cuidam dos filhos e por jovens que estão em busca de emprego.
Estes estudantes, eram mais motivados, contudo, chegavam mais cansados depois da jornada
de trabalho, onde muitos possuem dificuldades para chegar às 18h.
As justificativas para as faltas e dificuldades deste grupo se concentram nos seguintes
motivos:
Motivos
Problemas de saúde
194
Falta de computador/internet
8 Formatura
9 Resultados
Turma Salvador
Status Qtd. %
Aprovados 97 92,4%
Em processo 1 1%
Desistentes 7 6,7%
Total 105
Turma Camaçari
Indicador Valor Absoluto Valor Relativo
Aprovado 99 94%
Desistente 5 5%
Transferido 1 1%
Total 105
197
10 Pesquisa de Satisfação
1. Qual dos fatores abaixo você considera mais importante em uma escola?
Qualidade do Ensino (Ter bons Estrutura (Ter salas de aula confortáveis e uma Localização da Escola/Polo (Ficar perto da minha
professores/tutores e uma boa didática de plataforma online que funcione bem). casa ou do trabalho; Ter fácil acesso ao local).
ensino).
96% 3% 1%
2. Qual a ferramenta que você mais utiliza para acessar a plataforma de ensino?
Computador/ Notebook Celular Tablet
82% 18% 0%
3. Em qual local você costuma acessar a plataforma de ensino?
Minha casa Escola SESI Outro
68% 27% 5%
Nas questões a seguir, você vai avaliar sua satisfação em relação à Muito Muito
Nem satisfeito e nem insatisfeito
EJA do SESI Insatisfeito Satisfeito
1 2 3 4 5
4. Conhecimento dos seus professores/tutores sobre as áreas que estão
0% 0% 1% 6% 93%
ensinando.
5. Didática de ensino e clareza dos seus professores (práticas desenvolvidas
0% 0% 1% 6% 93%
nas oficinas).
198
Muito Muito
Avalie sua satisfação com relação à ESTRUTURA da Escola do Nem satisfeito e nem insatisfeito
Insatisfeito Satisfeito
SESI:
1 2 3 4 5
12. Sala de aula (Conforto das mesas e cadeiras) 0% 0% 0% 7% 93%
13. Sala de aula (Iluminação e ruídos) 0% 0% 0% 5% 95%
14. Biblioteca 0% 0% 7% 13% 80%
15. Banheiros 0% 0% 1% 5% 94%
16. No geral, como você se sente em relação a ESTRUTURA da Escola
0% 0% 0% 1% 99%
SESI?
17. Com relação à ESTRUTURA da Escola SESI, tem algo que você ache que pode melhorar? Comente:
Muito Muito
Nem satisfeito e nem insatisfeito
Avalie sua satisfação com a COMUNICAÇÃO da EJA do SESI: Insatisfeito Satisfeito
1 2 3 4 5
22. Comunicados por e-mail 0% 0% 2% 11% 86%
23. Comunicados na plataforma/LMS 0% 0% 0% 16% 84%
24. No geral, como você se sente em relação a comunicação da EJA? 0% 0% 0% 3% 97%
24. Com relação a COMUNICAÇÃO da EJA, tem algo que você ache que
pode melhorar? Comente: