Aimê e Seus Fios Cacheados
Aimê e Seus Fios Cacheados
Aimê e Seus Fios Cacheados
Belém – PA
2020
1
Belém – PA
2020
2
MARINAem
Dissertação (Mestrado CORREA GONÇALVES
Educação) Universidade do Estado do Pará,
Belém, 2020.
Banca Examinadora
______________________________________________________- Orientadora
Prof.ª Dr. Tânia Regina Lobato dos Santos
Doutora em Educação - PUC/SP
Universidade do Estado do Pará – UEPA
Belém – PA
2020
4
AGRADECIMENTOS
Serei marcada para sempre pela gratidão. Cursar o Mestrado “longe de casa”,
“longe da família”, é um terreno para gigantes. E eu sou muito grata por Deus me
tornar “gigante” nestes dois anos de Mestrado.
Agradeço a Deus, meu Amigo e Salvador. A Ele sejam dadas honras e glórias.
“EBENEZER - Até aqui, me ajudou o Senhor!”
Ao amor da minha vida, meu pequeno Gabriel, que me faz dar enormes
gargalhadas todos os dias, a música do céu em minha vida. Obrigada filhinho. Minha
inspiração todo dia.
Ao meu esposo Geovane que sempre me apoiou desde o início da graduação e
por me carregar no colo tantas vezes. Obrigada pelo apoio sem limites!
Ao meu querido pai e minha querida mãe! Vocês me inspiraram a sonhar “alto”
e a acreditar, e Deus pode tornar a todos os sonhos possíveis! Mesmo longe, vocês
são minha inspiração. Obrigada. Eu amo vocês.
Ao meu irmão, Gilberto, meu melhor amigo e confidente. Mesmo longe se faz
presente todo dia.
Ao meu querido irmão Roberto. Aquele que inventou as minhas melhores
lembranças de infância. Me puxava pelos campos em um carrinho de madeira que ele
mesmo inventou. Amo-te tanto!
Ao meu maninho Gildo, o mais parecido comigo, sonhador como eu!
A minha querida irmã Neta, a menina mais forte que conheço!
A minha querida Orientadora Professora Doutora Tânia Regina Lobato dos
Santos, uma pessoa incrível, com sensibilidade me ajudou a chegar até aqui.
Gratidão. Sempre gratidão.
A minha querida tia Lindalva, meu suporte.
Às minhas cunhadas lindas, Dalila, Fran e Eliane pelo carinho.
Às sobrinhas mais lindas do mundo: Sarah, Luiza, Isa. Melissa, Gislaine e
Taynara.
Aos sobrinhos fofos, Eduardo, Guilherme E Renan.
Ao meu querido sogro Lázaro e querida sogra Rosilene.
Às pessoas caridosas que neste período de Mestrado dispendiam de seu tempo
e ficavam com o Gabriel, quando precisei. Não foram poucas, precisei de muita gente,
6
Muitas vezes basta ser colo que acolhe, braço que envolve,
palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia,
lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor
que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá
sentido à vida.
(Cora Coralina)
8
RESUMO
RIBEIRO, Nilza Maria Cabral Feitosa. “Elas são bonitas porque é a minha família”:
Representações Sociais de Beleza de Crianças da Educação Infantil. Belém:
Universidade do Estado do Pará, 178 f. 2020. [Dissertação de Mestrado].
Esta pesquisa foi realizada em uma instituição pública no município de Ananindeua –
Pará, com 24 crianças de 5 anos de idade e apresenta a seguinte problemática: Como
as representações sociais das crianças de 5 anos sobre beleza influenciam no
processo de socialização no espaço escolar? O objetivo geral: Conhecer as
representações sociais das crianças de 5 anos sobre beleza de si e do outro e sua
influência no processo de socialização na educação infantil. E os objetivos
específicos: identificar as representações sociais que as crianças possuem sobre
beleza; compreender como as representações sociais que as crianças possuem sobre
beleza influenciam no processo de socialização no espaço escolar; demonstrar até
que ponto as representações sociais que as crianças possuem sobre beleza definem
seus grupos de amizade. Nesta investigação seguimos o seguinte quadro
metodológico: pesquisa de campo com abordagem qualitativa e enfoque sócio
histórico. As técnicas utilizadas foram observação direta, a técnica de desenho,
contação de história e entrevistas em roda de conversa. A partir das bases teóricas
das Representações Sociais de Moscovici (2003) e Jodelet (2011). Na perspectiva da
Sociologia da Infância em Sarmento (2011) Sirota (2011), Corsaro (2011). Sobre as
singularidades e a ética na pesquisa com crianças nos apoiamos em Kramer; Santos
(2011). Em relação a beleza nos fundamentamos em Eco (2017), Adorno (1970),
Vigarello (2004) e Talon-Hugon (2009). Em relação a história da infância e da
educação infantil, nos referenciamos em Aries (1986), Kuhlmann Jr (2007), Heywood
(2004). A interpretação dos dados realizou-se por meio da Análise de Conteúdo,
Bardin (2002) e Oliveira; Motta Neto (2011), principalmente, pelos processos de
categorização. Os resultados da pesquisa evidenciaram que crianças pequenas
possuem representações sociais de beleza e, elas assumem a perspectiva do cuidado
e atenção que recebem da família, a afetividade nas relações humanas, o corpo e a
cultura do consumo associada ao “ter coisas”. Os resultados também revelaram que
as crianças ancoram as representações sociais de beleza na aceitação e rejeição de
si e do outro, evidenciando a cor branca, cabelos lisos, corpo magro como aspectos
de beleza almejados. A partir do corpus do estudo comprovou-se que estas
representações sociais de beleza construídas por crianças pequenas, geram em
muitos momentos, situações de exclusão de seus pares, no contexto da educação
infantil. É necessário reafirmar que durante a pesquisa, observamos o valor da
sensibilidade estética e ética, em relações com a infância; foram as vozes infantis
exaltando a beleza da família, que muito nos sensibilizaram neste trabalho, se
constituindo um convite para uma educação sensível, capaz de desconstruir
representações sociais excludentes e desenvolver experiências de alteridade na
infância.
ABSTRACT
“They are beautiful because it’s my Family”: Social representations of children from
early childhood education’s beauty. Belém: Universidade do Estado do Pará, 178 f.
2020. [Master’s dissertation].
This research was carried out in a public institution in the municipality of Ananindeua -
Pará, with 24 children of 5 years old has as a problematic point: How the social
representations of 5-year-old children about beauty influence in the process of
socialization in the school field? The general goal: Knowing the social representations
of 5-year-old children about their own beauty and of others, and its influence in the
process of socialization in the early childhood education. And the specific goals:
knowing the social representations that children possess about beauty; understanding
how the social representations that children possess about beauty influence in the
process of socialization in the school field; identifying how far the social
representations that children possess about beauty define their friendship groups. In
this investigation we made a field research with qualitative approach and focus on the
social historic.The technics used were direct observation, the drawing technic,
storytelling and interviews in talking circles. The theoretical basis of the Social
representations of Moscovici (2003) and Jodelet (2011). In the perspective of the
childhood sociology, we get references from Sarmento (2011) Sirota (2011), Corsaro
(2011). About the singularities and the ethic on the research with children we lean on
Kramer and Santos (2011). Related to the beauty we get base on Eco (2017), Adorno
(1970) Vigarello (2004) e Talon – Hugon (2009). Related to the histoy of the childhood
and the children’s education, we get references from Aries (1986), Kuhlmann Jr (2007),
Heywood (2004).The technic of the analysis of data was the content analysis based
on Bardin (2002) e Oliveira; Motta – Neto (2011) meanly using the processes of
categorization.The results of the research highlighted the fact that young children
possess social representations of beauty and they assume the perspective of caring
and attention which receive from the family, the affection in the human relationships,
the body and the culture of consumption associated with owning things. The results
also reveal that children anchor the social representations of beauty in the acceptation
and rejection of themselves and the others, highlighting the white color, straight hair,
thin body as objective aspects aimed by children. From the corpus of the study, it was
evidenced that these social representations of beauty built by young children, generate
in many situations of exclusion of their peers in the context of early childhood
education. It is necessary affirm the fact that in the whole research, we observed the
value of the aesthetic and ethic sensibility, in all relations with the childhood and it was
the children’s voices exalting the beauty of the family what sensitized us hugely
throughout this work, becoming an invitation to the sensitive education, of caring and
that could be capable of deconstructing social representations that have the purpose
of excluding, to become the experiences of otherness in the childhood.
LISTA DE SIGLAS
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURAS
QUADROS
ESQUEMAS
FOTO
Sumário
1.INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15
2. O ESTADO DO CONHECIMENTO ....................................................................... 22
3.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA DA PESQUISA .................... 37
3.1 A Teoria das Representações Sociais e Estética: Diálogos em Pesquisa com
Crianças ................................................................................................................... .37
3.2– Iniciando a Pesquisa: As Crianças, a Ética e o Lugar ....................................... 47
3.2.1.Crianças: atores sociais....................................................................................48
3.2.2 Locus da pesquisa ........................................................................................... 56
3.3 Enfoque, Abordagens e Estratégias Metodológicas da Pesquisa........................61
3.3.1 Enfoque Sócio Histórico na Pesquisa com Crianças.........................................61
3.3.2 Abordagem Qualitativa na Pesquisa sócio- histórica..........................................63
3.3.3 Técnicas de Pesquisa........................................................................................64
3.3.4 Observação Direta.............................................................................................65
3.3.5 Técnica de Desenho em Pesquisa com Crianças.............................................68
3.3.6 Roda de Conversa.............................................................................................71
3.4 Análise dos Dados da Pesquisa............................................................................80
4. INFÂNCIA, EDUCAÇÃO E ESTÉTICA................................................................. 83
4.1 A socialização da Criança na Perspectiva da Sociologia da Infância...................83
4.2 Criança, Estética e Educação Infantil...................................................................94
5. AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DAS CRIANÇAS: BELEZA E SOCIALIZAÇÃO
NA EDUCAÇAO INFANTIL......................................................................................104
5. 1 As Representações Sociais de Beleza na Infância: o que nos revelam as Crianças
da Educação Infantil.................................................................................................107
5.1.2 Representação Social de Beleza e Família: Elas são bonitas porque é minha
família.......................................................................................................................108
5.1.3 Representação Social de Beleza e Afetividade: Bonito porque estão se
abraçando.................................................................................................................113
5.1.4 Representação Social de Beleza e o Corpo.................................................... 115
5.1.5 Representações Sociais de Beleza e a Cultura do Consumo: Essa é bonita
porque tá de tiara .....................................................................................................125
6. REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE BELEZA E OS PROCESSOS DE EXCLUSÃO
NA EDUCAÇÃO INFANTIL......................................................................................129
6. 1 Representação Social de negação da beleza de Si: Meu cabelo é cacheado. Eu
queria que fosse liso.................................................................................................129
6.2 As Representações Sociais de Beleza e os processos de exclusão nos grupos de
amizade....................................................................................................................134
CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................141
REFERÊNCIAS.......................................................................................................147
APÊNDICES............................................................................................................159
ANEXOS..................................................................................................................173
15
1. INTRODUÇÃO
O interesse em meu objeto de estudo tem estreita relação com minha infância
e a vivência com as crianças enquanto professora da Educação Infantil. Sempre fui
uma “observadora” de crianças e sempre me incomodei com as situações subalternas
em que muitas delas vivem, situações marcadas por relações de submissões e de
invisibilidade de suas vozes em relação ao convívio com os adultos.
Sobre o tempo da minha infância, só posso lembrar de um período marcado
pelo autoritarismo, pelo silenciamento das vozes infantis, fosse no âmbito escolar ou
familiar. Vivia uma sensação de angústia e impotência, pois em sua grande maioria;
ninguém “ouve” o que a criança tem a dizer; não é importante o que elas falam, poucas
vezes lhes dão créditos ou veracidade às suas vozes. A infância marcou-me como
uma época de silenciamento e de uniteralidade nas relações.
À medida que fui crescendo e me tornando adulta, me solidarizei cada vez mais
com as crianças. A minha formação não poderia ser outra – me formei em Pedagogia
na UEPA e tornei-me professora da primeira Infância; queria deixar as crianças
falarem, queria ouvi-las, e ser professora me daria autonomia para fazê-lo no contexto
de sala de aula. Em minha atuação profissional, sempre me incomodo quando
observo crianças que pouco socializam com seus pares, pouco falam, pouco
interagem e participam das atividades propostas; estas atitudes me fazem rememorar
meus tempos de infância, e no fundo eu compreendo que aquele menino, aquela
menina “quietinho (a)”, tem alguma coisa pra contar, pra compartilhar, que, talvez, só
ocupe este lugar de “quietude”, porque “aprendera” a ficar calado, calada e aprendera
a silenciar sua voz; seja pela autoridade de adultos, seja por atitudes preconceituosas
de seus pares que as excluíam nos processos de socialização, por serem diferentes
e por não corresponderem às representações sociais que o grupo possui sobre o
corpo, aparência, a beleza, o “jeito” que deve ser.
Durante minha formação acadêmica em nível de especialização participei de
forma concomitante como integrante do grupo de estudo, pesquisa e extensão Núcleo
de Educação Popular Paulo Freire – NEP, que foi fundamental para minha formação
enquanto professora e me possibilitou ampliar conhecimentos teóricos e pedagógicos
para realizar a escuta cotidiana com as crianças da Educação Infantil na rede
municipal de ensino, em que trabalho. Assim em minha prática cotidiana como
16
Objetivo geral:
Objetivos específicos:
2 O ESTADO DO CONHECIMENTO
instituição de educação
infantil
Investigando uma SILVA, Raphael Silvano Rio de Janeiro - RJ
escola pública em Ferreira UERJ – 2015
Niterói: histórias da
escola e vozes das
crianças de 6 anos
das crianças para saber a partir do olhar delas, os lugares que consideravam mais
motivadores e os insatisfatórios, que merecem especial atenção por parte da escola.
A pesquisa de Oliveira (2012), também se aproxima de nosso trabalho, por ter
como sujeitos de pesquisa crianças, se apropriando de convivência diária com elas
em diferentes momentos da rotina escolar para obtenção de dados a serem
analisados na investigação.
Ferreira (2012), realizou uma pesquisa junto crianças em um Centro Municipal
de Educação Infantil de Dourados / MS, buscou conhecer os espaços de participação
das crianças no contexto das práticas educativas, se apropriando de procedimentos
metodológicos da Sociologia da Infância. O aporte teórico da pesquisadora consiste
nos mesmos autores que utilizamos em nossa pesquisa: Corsaro (2005;2009),
Kuhmann (1998; 2001; 2003), Minayo (1993). Os instrumentos de coleta de dados
utilizados pela pesquisadora consistem no uso de imagens, registros de voz e diário
de campo.
Melro (2013), realiza uma investigação sobre os sentidos que as crianças que
as crianças constroem no contexto da sala de aula de uma escola pública de educação
infantil. A pesquisadora dialogou com os constructos da Sociologia da Infância. Os
autores base da pesquisa foram: Corsaro (2009), Pinto (2007), Sarmento (2009).
Ainda nessa perspectiva, Santos (2013) em seu trabalho analisou as
experiências vivenciadas cotidianamente por crianças de quatro e cinco anos no
interior de uma instituição pública de educação infantil. Teve como referências os
estudos da sociologia da infância em Corsaro (2002; 2005; 2009; 2011), Ferreira
(2005; 2008), Sarmento; Pinto (1997) Sarmento (2002; 2005), Gouveia 2007; 2011),
Müler (2010).
Silva (2015), se debruçou sobre o processo de escuta de crianças de 6 anos
em uma escola pública de Niterói, assumindo uma perspectiva de reconhecimento da
criança como ator social de pleno direito, a partir de abordagem qualitativa, mediante
à escuta de narrativas das crianças e produções de desenhos.
Castro (2015), também se propôs a conhecer o que dizem as crianças sobre os
espaços de uma instituição de Educação Infantil, considerando as crianças como
sujeitos da pesquisa. A pesquisadora partiu da perspectiva do enfoque histórico-
cultural de Lev Vygotsky e da Sociologia da Infância com William Corsaro, Manuela
Ferreira e Manuel Sarmento. A pesquisadora utilizou como procedimentos
27
Souza (2009), traz em seu título “As culturas infantis no espaço e tempo do
recreio: constituindo singularidade sobre a criança”, assumindo uma perspectiva sócio
histórica, buscou compreender por meio dos discursos das crianças as culturas
produzidas no universo atual da infância. Apoiou-se teoricamente, para tanto, em
especial, nas teorias desenvolvidas por Mikhail Bakhtin.
Moraes (2010), em seu estudo revela as crianças do MST como aquelas que
participam da organicidade do movimento. Para a coleta de dados utilizou entrevistas
e oficinas em grupo com crianças do assentamento.
33
Possibilitar que as crianças compreendam que elas são livres para participar
ou não da pesquisa, assinando o TALE é uma atitude ética que as considera como
sujeito sociais. É necessário compreender que “a pesquisa ensina que não se ocupa
só com os resultados, mas produz relacionamentos. É para além do texto escrito. É
para a vida e pode deixar marcas” (SCRAMINGNON ,2019, p.73).
Assim, após a aceitação das crianças em participar, contamos a elas que
poderiam escolher um nome com o qual gostariam de serem chamadas na pesquisa,
e suas escolhas de nomes apresentamos no quadro 07.
51
Batman 5 anos M
Batman II 5 anos M
Bailarina 5 anos F
Barbie 5 anos F
Elsa 5 anos F
Flash 5 anos M
52
Huck 5 anos M
Leão 5 anos M
5 anos M
Max Steel
Masha 5 anos F
53
Moana 5 anos F
5 anos F
Mulher gato
5 anos M
Super Homem
Thor 5 anos M
Yasmin1 5 anos F
Fonte: Pesquisa com Crianças. (Imagens extraídas do Google.com).(RIBEIRO,2020)
O quadro foi construído com base nas conversas com as crianças e muito nos
diz sobre as preferências estéticas delas. Nas escolhas dos nomes pelos quais
desejam ser chamadas na pesquisa, as crianças já nos sinalizam sobre as
representações sociais de beleza que elas possuem; demonstram preferências por
uma aparência física que valoriza o corpo magro, cabelos loiros, olhos azuis, pele
branca, como os aspectos, essencialmente, valorizados na mídia e na sociedade em
que vivem. Além das escolhas estarem associadas a força, beleza, liderança.
1
Nome fictício escolhido pela criança.
54
No final da manhã, era para esses dois ambientes, que a professora costumava
levar as crianças, para ali, aguardarem por seus responsáveis. Esse era um momento
muito esperado pelos alunos e a visita a esses espaços era vivenciada com muita
euforia. A “floresta” é um espaço dentro da escola que abriga muitas árvores como
açaizeiros, coqueiros e limoeiros. Ali os educandos brincavam de forma livre. Corriam,
pulavam, saltavam, subiam nas árvores, andavam descalças, brincavam com areia,
brincavam de pega, pira-esconde, rolavam, gritavam, expressavam-se em sua
essência.
Foto 04. Floresta.
Observamos que neste ambiente, as crianças subiam muito alto nas árvores,
corriam velozmente, experimentando todo o espaço e raras vezes a professora
intervia em seus fazeres naquele lugar. Em meio à natureza ali presente, as crianças
praticavam livremente o que elas sabem fazer de melhor: brincar. Com a liberdade
natural que trazem consigo, por isso, aquele lugar era tão desejado e esperado
diariamente.
cimento que as crianças usam para subir, brincar de estátua, pega-pega, mãe-filha,
andar sobre ele e ficar em pé sobre a estrutura.
Há a necessidade de sinalizar, ainda que, brevemente, sobre o espaço onde
as crianças passavam a maior parte tempo: a sala de aula. Esta tratava-se de um
ambiente quente e desprovido de elementos que pudessem torná-la um espaço mais
acolhedor e até mesmo digno do trabalho docente. Sabendo da sensibilidade que as
crianças possuem, refletirmos sobre as características estéticas e estruturais do
ambiente escolar, diz respeito ao modo como podem ser afetadas por este espaço e,
como esta questão espacial pode interferir nos processos educacionais.
Este é um enfoque que contribui para compreender a criança como ator social;
ativo e protagonista; superando a concepção de criança como um ser passivo e
dependente em seu desenvolvimento biológico (Vygotsky, 1996).
Vygotsky (1996), foi inovador ao considerar a criança como sujeito ativo
socialmente, a expressar-se enxergar o mundo e interferir nele. O autor defende a
ideia de criança, como protagonista da realidade e não aquela que apenas “assiste”
ao mundo passar diante de seus olhos. Com a teoria sócio histórica apresenta a
criança como um sujeito de saberes.
Vygotsky (1996) defende que a criança aprende desde que nasce. O afeto, a
alimentação, as vontades e desejos da criança, criam “uma necessidade não
biológica, mas social e histórica: a necessidade do outro e, por outro lado, por uma
ausência ainda dos meios fundamentais de comunicação social sob forma de
linguagem humana” (VYGOTSKY,1996, p.286).
A teoria sócio histórico nos auxilia a compreender que a pesquisa com crianças,
é um processo que “trata de conhecer a história das pessoas” e “o processo no qual
63
o papel do outro é vital” (KRAMER; SANTOS, 2011), e assim as crianças não “estão
sozinhas”, elas relacionam-se com demais crianças, adultos e os artefatos. O tempo
histórico que as transforma e por elas também é alterado. Assim, é com base nesta
perspectiva que buscaremos compreender as representações sociais sobre beleza e
como elas são construídas socialmente pelas crianças em sua infância.
Enquanto pesquisadores da infância, não devemos nos prescindir da
compreensão de que a dimensão sócio histórica, é uma dimensão do encontro, das
relações, do tempo; as crianças não estão em um “vazio” linear, mas na
interdependência das relações, dos diálogos que estabelecem com o contexto social
em que vivem; “o papel do outro é central na constituição dos conhecimentos e dos
afetos” (KRAMER; SANTOS 2011, p.20), esta é uma compreensão interna que todo
pesquisador da infância deve assumir, pois, é, imprescindivelmente, uma atitude de
respeito à infância e suas singularidades.
Desde que nascem as crianças são influenciadas pela história, pelas relações,
como ressalta Kramer; Santos (2011).
• Sala de aula.
• Refeitório.
• Floresta – um ambiente amplo com muitas árvores de açaizeiros, coqueiros,
laranjeira, lugar onde as crianças se reuniam e brincavam enquanto
esperam seus responsáveis virem buscá-las na escola.
• Maloca – pequena casa de tijolos e coberta de telhas que lembra uma
maloca, que também era visitada pelas crianças antes de retornarem para
casa.
• Rol da escola – espaço onde as crianças também aguardavam por seus
responsáveis, sentadas em um enorme banco de cimento.
• Festa junina na escola, evento em que as crianças participam se
apresentando com danças.
67
Para este momento contamos a história: “Tudo bem ser diferente’’ de Todd Parr
(2019), e pedimos que os alunos desenhassem a si mesmos, os colegas e as pessoas
que mais gostavam e achavam bonitas.
70
Amigos na escola
Embora, a temática da beleza seja uma questão que “atravessa” nossas vidas,
se constituindo cotidianamente como “um investimento pessoal que gera
responsabilidade de cada um por sua aparência física” (JOROSKY,2016, p.113).
Percebemos que pouco se discute sobre esta temática com alunos da Educação
Infantil, como comprovamos em nosso estado do conhecimento.
Na medida que fomos aplicando as técnicas de pesquisa, percebemos que, as
representações sociais de beleza se constituem em fator que influencia na
socialização em sala de sala de aula da Educação Infantil
Por meio da roda de conversa compreendemos que as crianças, desde muito
cedo, constroem suas próprias representações sociais de beleza e as compartilham
entre si na escola, de tal maneira que, diariamente, as relações de amizade, a escolha
de parceiros nas brincadeiras, a inserção em grupos, sofrem influências dessas
representações sociais de beleza.
É importante considerar que a pesquisa de Jorosky (2016) intitulada: Corpo,
beleza e gênero em imagens e nas falas das crianças na educação Infantil, nos
inspirou na utilização de muitas dinâmicas que realizamos com as crianças que
participaram desta investigação.
Algumas destas dinâmicas foram: Aparência do meu Agrado; Painel de Recorte
e Dilema (APÊNDICE C), feitas algumas adaptações. Embora Jorosky (2016), não
tenha abordado a questão da socialização entre crianças em contexto da Educação
Infantil, ela trata da beleza na perspectiva das vozes das crianças; suas dinâmicas se
aproximam da metodologia da aqui empregada e serve para obtenção de respostas a
problemática que investigamos.
Em dias, previamente, agendados e planejados, com a coordenadora e
professora, realizamos as atividades com as crianças, como descrevemos a seguir:
com cabelos lisos, cacheados, pretos, loiros, ruivos. Montamos, desse modo, um
quadro que apresentasse diversidade étnica e cultural.
Antes de explicarmos como seria a dinâmica, algumas crianças se
aproximavam do mural com bastante curiosidade. Por algumas imagens, as crianças
demonstraram admiração e por outras expressavam rejeição, através de risos e
palavras depreciadoras. Ainda não havíamos explicado o que faríamos com aquelas
imagens, no entanto, os educandos já observavam e faziam comentários.
Então, solicitamos que elas observassem as imagens e escolhessem aquelas
que possuíam características que elas gostassem e, com quem gostariam de parecer.
As perguntas elencadas a seguir, serviram como ponto de partida para as narrativas
das crianças:
1 2 3 4 5
6 7 8 9 10
11 12 13 14 15
16 17 18 19
20 21 22 23
1
caracterizadas como “imagens que gosto” e “imagens que não gosto”, cada criança
organizava seu próprio quadro. Na construção deste painel, as crianças escolheram
imagens de pessoas e de ambientes, como jardins, casas, salas de estar, animais.
Esta dinâmica nos permitiu conhecer de maneira abrangente as
representações sociais de beleza das crianças, que estavam relacionadas a lugares,
a sentimentos, ao “ter” coisas, evidenciando, a cultura do consumo a qual as crianças
estão cotidianamente expostas. A fim de analisarmos as informações ali
apresentadas, gravamos a atividade e a registramos no Diário de Campo.
Quadro 10. “Imagens que gosto” escolhidas pelas crianças a partir de jornais e
revistas.
76
Quadro 11. “Imagens que não gosto”. Escolhidas pelas crianças a partir de
jornais e revistas.
77
▪ Contação da história
A história Aimê e seus fios de cachos, de Mariana Cazella Maciel (2019), nos
possibilitou iniciar outra conversa com os educandos e gerar novas questões
relacionadas a temática das representações sociais de beleza.
78
Esta dinâmica teve como princípio, solicitar aos alunos que encontrassem
respostas para um dilema que envolvia a exclusão de uma menina no passeio da
escola. Com o uso de bonecos e bonecas confeccionados em E.V.A, narramos o
dilema, o qual precisavam resolver.
Subcategorias:
considerando saberes próprios dos indivíduos nesta fase da vida, bem como,
garantindo-lhes qualidade de vida.
Sarmento (2015), enquanto um desafio epistêmico, considera que, a sociologia
precisa não apenas se legitimar como campo de estudo da infância, enquanto uma
área cientifica legitima, mas também em atuar como:
Nesse sentido, compreendemos que nosso estudo pode contribuir, tanto com
reflexões que sensibilizem políticas de formação de professores para a Educação
Infantil, como pode criar possibilidades para repensar a qualidade de vida das crianças
em nossa sociedade. Pois, acreditamos que a partir desta pesquisa geramos
discussões sobre processos de socialização que interferem diretamente na formação
dos educandos: na maneira como este vê a si e o outro, e como se relaciona com o
outro e com a diversidade humana.
É importante ressaltarmos ainda que, a Sociologia da Infância, tem ocupado
uma posição de destaque e protagonismo nos Estudos da Criança, porque ela tem
sinalizado “o(s) lugares(s) social(ais) da criança e enuncia uma orientação
epistemológica distinta face ao conhecimento pericial hegemônico durante décadas”
(SARMENTO, 2015, p.20).
A perspectiva da Sociologia da Infância contribui muito para nosso estudo pois,
apresenta-se como uma disciplina cientifica que está aberta a diversas abordagens e
teorias, instalando-se como um campo, essencialmente, interdisciplinar; pois, em seus
pressupostos teóricos não desenvolve um olhar de fragmentalidade e dicotomias, que
reduzem a compreensão da infância; mas, aceita e compreende diversas abordagens,
como a história da infância, a psicologia crítica, a psicologia cultural, a neurociência,
a antropologia, a filosofia, dentre outras (SARMENTO, 2015).
Sarmento (2015), considera que dentro da Sociologia da Infância existem
correntes de pensamento que divergem entre si; por hora sinalizaremos apenas três
que se configuram em: perspectiva estruturalista, perspectiva interpretativa e
orientação crítica.
A perspectiva estruturalista compreende a infância como categoria estrutural
da sociedade. Para esta abordagem, as crianças e suas práticas sociais são
88
que surgem nas culturas da infância, nas turmas da educação infantil (pré-escola),
possibilitando reflexões que promovam o entendimento sobre a diversidade humana,
aspecto inerente às nossas existências; e daí, desenvolver ações educativas neste
sentido, que resultem em respeito, tolerância e qualidades educacionais e de vida
para as crianças.
Sarmento (2003) compreende que as culturas da infância são construídas nas
relações de interdependência com a cultura do mundo dos adultos; “no vai vem” entre
culturas geradas, conduzidas e dirigidas pelos adultos para as crianças e culturas
construídas nas interações entre as crianças (SARMENTO, 2004, p. 05). Nesse
sentido, como as culturas da infância são constituídas em vias primeiras dos adultos,
consideramos importante reiterar estas culturas e de que maneira elas se constituem
e se constroem no mundo social:
Nas culturas infantis, ainda está presente a reiteração, que se configura como
“um tempo recursivo, continuamente revestido de novas possibilidades” (SARMENTO,
2004, p. 17). As crianças querem, gostam, precisam, repetir inúmeras vezes suas
experiências, consideram que podem fazer “tudo de novo”.
Sarmento (2003), ainda enfatiza que o jogo simbólico, na cultura da infância,
“é um “mundo de faz de conta” em que o que é verdadeiro e o que é imaginário se
confunde estrategicamente para que a brincadeira valha mesmo a pena”
(SARMENTO, 2003, p.13). É através dele que as crianças “representam o mundo
inteiro num instante e condensam um tesouro numa gaveta onde guardam os restos
com que brincam” (SARMENTO, 2003, p.13). Os jogos simbólicos representam na
cultura da infância, o ato de “recriar” novas realidades e possibilidades, pois permite:
Nesse sentido, a “representação” pelo jogo lúdico da infância está muito além
do que é visto como “brincadeira” pelos adultos.
94
Defendemos ao longo deste trabalho que, as crianças são sujeitos ativos, fazem
leituras do meio social em que vivem e, constroem culturas, a partir da cultura adulta
que reinterpretam em compartilham na socialização com seus pares. Desta forma,
consideramos a Educação Infantil como um espaço proeminente sociável de
interações e mútuas, e de compartilhamento de representações sociais.
Sendo assim, o que fazer diante de representações sociais de beleza na
infância que objetivam excluir, discriminar, causar dor e indiferença em relação ao
outro, a diversidade humana?
Neste item, apresentamos reflexões sobre a construção social da estética,
compreendendo o conceito de beleza enquanto uma dimensão e constituição
histórica, entremeada nas ações humanas e que se “molda” em cada tempo e em
cada época. Dessa forma, refletiremos, também, sobre as representações sociais de
beleza, no contexto escolar da educação infantil.
Para discutirmos a concepção de beleza, nos referenciamos principalmente
nos estudos de Talon-Hugon (2009), em Vigarello (2004), Adorno (1970) e Eco (2017)
que nos permitiram suporte teórico para a compreensão deste conceito partir da
95
dimensão histórica que envolve, e por assim ser, ultrapassar fronteiras, modelos e
padronizações.
O que já nos adianta por meio das alegações que virão a seguir, o quanto é
difícil estabelecer um padrão social de beleza, já que as percepções de beleza são,
extensamente, variáveis de acordo com as perspectivas, olhares e tempo histórico de
uma sociedade.
Nossos aportes teóricos anunciam é que, instituir padronizações para a beleza,
configura-se como evocações de insensibilidade do olhar em relação cultura, a história
e a singularidade do outro; são reflexos da ausência de alteridade, o que ocasiona
apenas exclusão e sofrimento.
A perspectiva defendida aqui, posiciona-se, justamente, na contramão disto.
Levantamos a bandeira do respeito às diferenças, respeito este, pensado na
promoção da qualidade educacional que promova a qualidade de vida das crianças
da Educação Infantil; dentro de contexto escolar humanista, reflexivo e crítico.
Nesta perspectiva, nos referenciamos teoricamente na concepção de beleza,
como um dos elementos mais importante do campo filosófico da estética. Segundo
Talon-Hungo, (2009), a expressão Estética surgiu no século XVIII, como um conceito
cuja definição não é tão simples; o autor destaca as definições do Dictionnaire
Historique et Critique de la Philosophie, de A. Lalande (1980), “ciência que tem por
objecto o juízo da apreciação que se aplica à distinção do belo e do feio”; bem como,
leva em consideração o que afirma o Vocabulaire de l’Esthétique, “a filosofia e (a)
ciência da arte”; no entanto, a expressão mais consensual de estética, pontuada por
instituições, academias e enciclopédias, recai sobre a seguinte conceituação: “ramo
da filosofia que trata das artes e da beleza” (TALON-HUNGO, 2009, p.07).
Talon-Hungo (2009, p.07) continua afirmando que, entre os filósofos, a estética,
é uma palavra que apresenta desacordos de definições, sendo também definida como
“ciência do mundo sensível do conhecimento de um objecto”, e por “filosofia da arte”.
Entre esta polifonia de definições para a palavra estética, o autor acima citado,
chama atenção para duas definições que se destacam: estética enquanto uma
96
“Belo” abre -se para o conjunto das propriedades estéticas; “sensível” remete
para sentir, ressentir, imaginar e também para o gosto, para as qualidades
sensíveis, para as imagens, para os afectos, etc.; “arte” abre -se para a
criação, imitação, génio, inspiração, valor artístico, etc., Contudo, seria falso
pensar que há temas imutáveis da estética. (TALON-HUGON,2009, p.8)
e atos, segundo uma lei Racional e por isso deve-se falar também de Beleza (ou
fealdade) moral” (ECO, 2017, p.88).
Assim, com Tomas de Aquino, há um pensamento de que a beleza supera as
proporções, a esfera física, mas inter-relaciona-se com o campo da ética. O princípio
da beleza, configura-se na “justa relação entre a inteligência e a coisa que a
inteligência entende. A proporção se faz, em suma, princípio metafisico que explica a
própria unidade do cosmo.” (ECO,2017, p. 88). Então, Tomás de Aquino, defende que
para uma coisa ser bela, ela tem que unir proporções e princípios; o conceito de beleza
agrega a ideia de “proporção, esplendor, forma, beleza moral, adequação ao escopo,
mútua colaboração. (ECO, 2017, p.91).
Na Idade Média o pensamento de beleza pode ser “resumido” nas
considerações apresentadas por Eco (2017, p.91), “idade média refletia por razões
moralistas sobre a transitoriedade das belezas terrenas, pois, como dizia Boécio em
sua Consolação da Filosofia, a Beleza exterior é “fugaz como as flores da primavera”.
Ou seja, neste período o ideal de beleza está intimamente ligado a razões religiosas,
espirituais; a beleza, relacionava-se com a luz, proporcionalidade, integridade; “beleza
é luz” – Deus é luz.
Dessa forma, as concepções estéticas de beleza não variam apenas de um
tempo histórico a outro; em uma mesma sociedade e época, podem coexistir
diferentes concepções e ideias estéticos; “a ideia de beleza não relativa apenas a
diversas épocas históricas. Mesmo numa mesma época, e até no mesmo país, podem
coexistir diversas ideias estéticas” (ECO, 2017, p. 361). Não há como definir uma
beleza única, é necessário “render-se diante da orgia de tolerância, de sincretismo
total, de absoluto e irrefreável politeísmo da Beleza’’(ECO, 2017, p.428). Considero
esta rendição a beleza politeísta, como uma expressão de respeito ao outro em suas
singularidades, as diferenças. É este respeito as múltiplas belezas que se completam
e complementam que se fazem urgente no mundo.
Compreendemos que como sujeitos sociais e produtores de culturas, desde
cedo muito cedo, meninos e meninas, são capazes criar representações sociais de
beleza que compartilham em suas culturas de pares no contexto da Educação Infantil.
No entanto, nos cabe refletir sobre de que forma estas representações sociais de
beleza na infância, atuam dentro do contexto escolar, em seus processos de
socialização. É importantíssimo, que isto seja problematizado e desencadeie e flexões
e atitudes éticas, estéticas e sensíveis nas relações de amizade que lá se constituem.
100
coadunou ao longo do tempo com diferentes expressões, “um homem belo na luta é
diverso de um homem belo na corrida e um escudo belo na defesa é muito diferente
de um dardo belo para o lançamento potente e veloz” (ECO, 2017, p.48). A beleza
das formas, da espiritualidade, das músicas, das poesias, da simetria, do caos, da
ordem. Não há como defini-la como forma única. Escritores, artistas, filósofos pelas
suas “lentes bifocais” nos apontam que é impossível defini-la.
Ela se relaciona para alguns com a simetria, para outros com a bondade, com
a justiça, com a ordem, as leis. Para outros tem a ver com o caos, a transgressão; no
entanto, o que nos interessa mostrar é que, ao longo da história, os poetas e os
cientistas, nos convencem de que não há sabedoria, em categorizar a beleza.
Padronizá-la, seria infringir injustiças, desrespeito com o outro, com sua criatividade.
Nessa perspectiva, de maneira extremamente “bela”, Adorno (1970), nos esclarece “a
beleza, impotente para se definir a si mesma, que só adquire a sua definição no seu
outro” (ADORNO, 1970, p.266).
Vigarello (2004), conta de uma história da beleza que não está pronta, mas que
é construída pelos atores sociais, no cotidiano, nas diferenças, na diversidade. Então
nos reitera “a história da beleza, para dizer em outros termos, não será capaz de
escapar a história dos modelos do gênero e das identidades, é possível, então
compreender melhor esta história como uma invenção (VIGARELLO, 2004, p.9).
Como asseguram os autores que nos referenciamos, a beleza é um construto
histórico, não se sustenta por si mesmo, mas se constrói no outro, nas relações e
ações que se encontram e estabelecem, a educação infantil conduz-se como um
ambiente estético, tudo é estético, as cadeiras, as formas em como a sala é
organizada, as estruturas, pinturas das escolas, da sala. Os olhares da professora, as
falas, tudo neste ambiente cumpre um objetivo estético. Por assim serem, as crianças
estão desde quando nascem, em ambiente essencialmente estético; fazem escolhas
sobre o que consideram belos e desconsideram o que em suas concepções são
considerados feios. As percepções estéticas das crianças, também influenciam as
relações em suas culturas de pares, na forma como se enxergam e também em
relação a cor da pele, do cabelo como gostaria de possuir (GONCALVES,2018).
As representações sociais que as crianças possuem sobre a beleza podem ser
tão significativas para elas, que podem ser tanto positivas, quanto negativas e
cumprirem um papel de exclusão, sobre aquilo que não são ancorados esteticamente
como bonito, em suas representações.
103
O convite da Educação Infantil para as crianças, deve ser aquele que destaca
o olhar para a beleza do respeito ao outro, como aquele que possui uma dignidade,
valores e é sujeito de alteridade. Os processos de socialização nas instituições de
Educação Infantil devem vir acompanhados de expressão estética do respeito, da
valorização da criança enquanto sujeito ativos e de visibilidades em suas culturas.
O papel da Educação Infantil, é propositadamente criar um ambiente rico em
aprendizagens e respeito mútuo para as crianças, na qual ela tenha direito de
manifestar-se enquanto sujeito singular, em suas próprias culturas. Deve ser um
ambiente em que comunguem, comunguem de experiências estéticas e tenham suas
singularidades e individualidades respeitadas.
Um ambiente estético, é essencialmente ético porque compreende e respeita
as crianças como legítimos atores sociais. Tal ambiente, é um terreno fértil para o
desenvolvimento, aprimoramento e aprendizagens de atitudes essencialmente belas,
porque são essencialmente éticas, criadoras de possibilidades para experiências de
respeitosa convivência com as diferenças.
104
É preciso mais que o reconhecimento das normas, das leis do pensamento, das
prescrições metodológicas, das estratégias de controle do tempo e do espaço
para entrar e sair das relações de produção dos saberes em campo. É preciso o
reconhecimento dos saberes que atravessam nossos corpos e desenham sob a
nossa pele a memória sublime das sensibilidades que aprendemos a cultivar,
vivendo as diferentes situações de estar com os outros. É preciso ler e reler as
lições que nos indicam a pesquisa como uma forma de proximidade conosco.
Um processo de proximidade com os outros. Proximidades que nos alteram
conosco e com os outros. Através da experiência em pesquisa constituímos, às
vezes sem saber, saberes estéticos expressivos que introduzem neste espaço
(cheio de restrições, repetições e configurações do mesmo) vivências do
extraordinário (PIMENTEL, 2016, p. 9).
Ser legal, neste sentido, inferimos que signifique “ser companheiro”, fazer parte
da vida, estar presente, ser amigo, alguém que “lembra da criança”. É, neste caso,
pelo que pudemos observar, uma pessoa com quem se compartilha a vida, e, daí se
estreitam os laços e se intensificam memórias.
Em sua franqueza habitual as crianças continuaram a dar destaque em seus
desenhos aos membros da família, como as pessoas mais bonitas que conheciam.
Batman, nos sinaliza sobre este aspecto em detalhes no desenho, que retrata a
família como a “melhor lembrança” de pessoas bonitas que se recorda ou conhece.
As narrativas das crianças nos fazem refletir, cada vez mais, sobre a “dimensão
do cuidado” como princípio educativo. E reforçam os ideais que permeiam esta
pesquisa, quando verificamos os dados coletados; carecemos de uma educação
sensível, humanizadora, “em diálogo constante com o outro. Que o predispusesse a
constantes revisões. A análise crítica de seus "achados". A uma certa rebeldia, no
sentido mais humano da expressão" (FREIRE. (1999, p.98).
Poderíamos dizer que uma “educação do cuidado” é o que encontramos nas
palavras de Nörnberg (2016), quando nos sinaliza que, as instituições de educação
infantil devem considerar em suas práticas pedagógicas, os sentimentos e as
vivências das crianças e demais sujeitos que a constituem. São as atividades que
fazem parte do dia a dia e necessidades das pessoas que devem inspirar os
planejamentos e experiências pedagógicas.
Ancoragem Familia
de Beleza e Familia
Estão se abraçando,são
amigos
Bonito porque tá
tirando fotos
Bonito porque tá na
praia
Assim, as crianças narravam nas oficinas o desejo por um cabelo liso, fator
muito presente nas falas das meninas e, por outro lado, meninos e meninas negros
(as) sempre destacavam a cor branca como bonita, como aquela que eles se
“parecem” e, outras vezes, como gostariam de se parecer.
O papel da escola também inclui desmitificar modelos que excluem, que
segregam e causa dor. Ela precisa realizar seu papel e criar possibilidades para
aprendizagens de atitudes humanizadoras, de respeitosa convivência com a
diversidade.
Cabe às instituições de ensino trazer para sua pauta de discussão e conversar
junto à comunidade escolar, sobre respeito às diferenças, cumprindo seu princípio
básico de agente humanizador. Sobre o papel da escola Guizzo (2011), destaca que:
Fonte:Google.com/imagens (RIBEIRO,2020)
Representaçoes sociais de
aceitação do corpo do Ancoragem
Representação Social
outro de aceitação do corpo
Yasmin destaca a característica física obesa como feia, destacando que suas
representações ancoram a não aceitação e rejeição do corpo obeso.
Fonte:Google.com/imagens
Fonte:Google.com/imagens
121
O cabelo liso ainda é aquele almejado pelas meninas, este ocupa lugar de
destaque em sentido de beleza. Todas as meninas que participaram da pesquisa,
apontam o cabelo liso como o mais bonito e, também almejado por aquelas que
possuem cabelos crespos ou cacheados.
Representação social de
ancoragem negação do corpo do outro
do corpo do outro
vivencia suas experiências no contexto escolar (e, provavelmente, fora dele), pois elas
interferem e definem os grupos de amizade e nas escolhas dos amigos com quem se
brincam.
É necessário que se discuta junto aos educandos o conceito de beleza dentro
de uma pluralidade, no dizer de Eco (2017), assumir uma compreensão de “politeísmo
da Beleza’’ (ECO,2 017, p.428), a partir da compreensão histórica como fator
fundamental a definir padrões, assim, as crianças conheçam a diferença como
“normalidade”; o que implica no respeito ao outro e suas idiossincrasias.
Homem Aranha nos fala que suas escolhas foram influenciadas pelo que o
garoto da imagem possuía: os óculos e os sapatos. Guizzo (2011), nos lembra que a
cultura do consumo está entremeada à vida das crianças e que em muitos momentos
o “ter coisas” é uma maneira de se adequar ao grupo.
Guizzo (2011), reitera que possuir coisas na infância, também significa ser bem
visto, ser participante de uma comunidade, ter sentimento pertencimento.
Observamos com muita frequência que crianças que possuíam brinquedos a
127
compartilhar eram queridas pelos colegas e bem vindas aos grupos. Estas crianças
nunca estavam sozinhas ou rejeitadas nos grupos de brincadeiras na sala.
Consideramos destacar as representações sociais de beleza e consumo na infância,
porque observamos que no contexto da Educação Infantil há uma estreita relação,
entre a relação de consumo e a socialização das crianças.
Desde cedo, as crianças vivenciam valores, costumes e os compartilham em
suas culturas de pares. Como sujeitos históricos e culturais, não são apáticas em
relação a mídia, à publicidade a que são diariamente expostas. Fischer nos aponta, a
influência do consumismo na vida das pessoas, ao enfatizar que:
Trazemos nesta seção as falas das crianças que nos apresentam como as
representações sociais sobre beleza influenciam em seus grupos de amizade na
Educação Infantil. Para melhor organização separamos em categorias e
subcategorias, a seguir:
um campo fértil para tais aprendizagens, que não podem ser ignoradas pelos
educadores.
As crianças negras vivenciam exclusão cotidianamente nas instituições de
Educação Infantil e observamos que muitas delas, demonstram não aceitar sua cor,
como foi destacada nas falas das crianças a partir da contação da história do livro O
Cabelo de Aimê (MARCIEL, 2019). No momento da atividade e com o livro em mãos
para iniciar a contação de história, fui interpelada por Thor, que ao ver a capa do livro
enfatiza: o cabelo dela, parece com o da Bailarina. (Risos) (Bailarina demonstrou não
gostar). Conforme relato abaixo na Figura 21.
Figura 21: Negação da Beleza de si. Autores: Thor, Bailarina e Homem de Ferro
Thor: o cabelo dela, parece com o da Bailarina. (Risos)
(Bailarina demonstrou não gostar).
Pesquisadora: você acha que seu cabelo se parece
com o dela Bailarina?
Bailarina franziu o rosto, negando sua aparência com a
de Aimé. (Bailarina é uma criança negra)
Continuei contando a história e enquanto contava, surgia
os comentários das crianças.
Thor, (um menino branco), foi quem mais se manifestou
enquanto contávamos a historia, suas narrativas se
voltavam a rejeitar a cor e o cabelo de Aimê, a menina
personagem da historia que estávamos contando)
Thor: O homem Tigre e Homem de Ferro, parecem com
ela.(kakaka)
Homem de Ferro: Tia, o Thor disse que me pareço com
ela.
(Homem Tigre também ficou bastante irritado com o que
Thor dizia.)
Ninguém queria se parecer com Aimê. Parece que
nenhuma criança via característica físicas em Aimê pela
qual quisessem se parecer.(Diário de Campo, Ribeiro
2020).
Fonte: Pesquisa de Campo (RIBEIRO, 2020).
Barbie possui cabelos cacheados, porém, diz que não acha bonito o cabelo de
Aimê, o que nos demonstra insatisfação com as características do seu próprio corpo.
Certamente, já vivenciou situações em que ter cabelos cacheados se apresentou
como característica não valorizada socialmente.
Durante a pesquisa as crianças nos mostraram em suas narrativas que suas
representações sociais de beleza são ancoradas em características físicas que
valorizam o cabelo liso, pele branca, e assim, demonstram, por meio de gestos e
atitudes que não é “legal” ser negro ou ter cabelos cacheados.
O esquema a seguir demonstra as ancoragens e objetivações de
Representações Sociais de negação da beleza Si.
133
Negação da beleza
Ancoragem
de si
de si
excluída, ser negra. Em sua singela concepção infantil, agrega que ser negra é
também ser chata, por isso, a razão da exclusão.
A experiência descrita acima é chocante, grave, traumática, e, infelizmente,
pelo que podemos inferir, corriqueira nos espaços educativos brasileiros. A escola
precisa, de forma categórica, se posicionar com pautas que discutam seriamente a
questão racial, para além de datas comemorativas, devem ser constituídas de
atividades diárias, presentes no currículo escolar.
Ainda em complementação a esta oficina, sugerimos que as crianças
escolhessem amigos com quem viajar. Elas poderiam ir para qualquer lugar que
desejassem, e deveriam escolher amigos para viajarem juntos, cuja, observação
registramos em nosso diário de campo:
Ancoragem
Representaçao Social de
Amizade
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Campinas, SP: Papirus, 2019.
APÊNDICES
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO – MESTRADO
Técnica de Observação
A observação das mais diversas vivências das crianças de 5 anos – turma Pré II –
nos espaços internos e externos a sala de aula, nos quais foram observados e
registrados momentos individuais e coletivos das vivências infantis tais como:
Para este momento contamos a história: Tudo bem ser diferente de Todd-
Par, e solicitamos que as crianças desenhassem a si mesmas, os colegas e as
pessoas que gostavam e achavam bonitas.
▪ Amigos na escola
A fim de conhecermos sobre representações sociais que as crianças possuem
sobre beleza em seus processos de socialização, contamos a história o Cabelo de
mola, de Alexsander Rezende, e solicitamos que as crianças desenhassem a si
mesmas em suas brincadeiras com os amigos na escola.
As perguntas dirigidas para este momento foram:
• Você tem aqui na escola algum colega de brincadeira?
• Você escolhe colega para brincar? Por quê?
• Como deve ser esse colega?
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO – MESTRADO
APÊNDICE C - Técnica entrevista com as crianças em Roda de conversa
▪ Aparência do meu agrado
Colocamos em um quadro imagens crianças em diversas etnias (negras, brancas,
indígenas, chinesas) que possuíam corpos magros, obesos e vestiam diferentes
roupas, cabelos lisos, cacheados, pretos, loiros, ruivos etc. Antes de explicarmos
como seria a dinâmica, algumas crianças se aproximavam do mural com bastante
curiosidade. Por algumas imagens, as crianças demonstraram admiração e por outras
imagens, as crianças expressavam rejeição por meio de risos e palavras
depreciadoras. Ainda não havíamos explicado o que faríamos com aquelas imagens,
no entanto elas vinham, as observavam e iam fazendo comentários.
• Painel de recorte
• Contação da história
Esta dinâmica realizada com às crianças teve como princípio solicitar que
encontrassem respostas para um dilema que envolvia a exclusão de uma menina no
passeio da escola. Com o uso de bonecos e bonecas confeccionados em E.V.A,
contamos o Dilema, para as crianças se envolverem coletivamente.
Então começamos,
Era uma vez uma escola onde estudavam muitas crianças que faziam muitas
coisas legais juntas, então um dia a professora preparou uma surpresa para as
crianças. Ela levou todas as crianças para visitarem o zoológico da cidade.
Na porta da escola estava um enorme ônibus esperando as crianças para o
passeio mais divertido do mundo.
As crianças começaram a entrar no ônibus e escolheram os amigos com quem
iriam se sentar. Então a professora percebeu que havia uma criança que ninguém
queria sentar-se ao lado dela.
Vocês sabem por que ninguém quis sentar com ela?
Assinatura da pesquisadora
________________________________________________________
Assinatura do (a) participante responsável pela criança
Assinatura da pesquisadora
Você estar sendo convidado (a) para participar de uma pesquisa que tem como
título:
“As representações sociais de beleza na infância e a influência na socialização
das crianças na Educação Infantil”. Sua família já permitiu que você participe.
Queremos conhecer o que você pensa sobre beleza e se o que você pensa,
tem relação na escolha dos amigos com quem brinca e senta perto na escola.
Sua participação é livre, você não precisa participar da pesquisa se não quiser, é
um direito seu e ninguém ficará com raiva se você desistir. Você será informado
(a) sobretudo o que desejar e a qualquer hora pode desistir e ninguém ficará com
raiva de você. Para participar desta pesquisa, você não terá nenhum gasto de
dinheiro, nem receberá pagamento em dinheiro.
Esta pesquisa será feita aqui na escola que você estuda, e realizaremos
atividades como desenhos, roda de história e de conversa, entrevista e olhando
como você e seus amigos brincam na escola. Para fazer estas atividades vamos
utilizar materiais como: lápis, folhas, livros e gravador de voz. Tanto as atividades
como os materiais que vamos utilizar são considerados seguros, mas caso você
não goste ou sinta medo ou fique triste, você pode nos contar, e não ficaremos
com raiva se você quiser desistir. Também queremos dizer que você pode
escolher como você deseja ser chamado; não serão tiradas fotos que mostre o
seu rosto e seremos cuidadosas para entender aquilo que você deseja nos contar.
Vamos respeitar o que você fala.
Rubrica do pesquisador
Polegar da criança
Também deixamos nosso telefone aqui, neste texto, se você sentir vontade
pode nos ligar, o nome das pesquisadoras, é a Professora Tania Regina Santos
(91-99982-9447) e Nilza Maria Ribeiro (91 - 989931673)
Assinatura da pesquisadora
Rubrica do pesquisador
Polegar da criança
Eu __________________________________________________ aceito
participar da pesquisa
“As representações sociais de beleza na infância e a influência na socialização das
crianças na Educação Infantil”.
Entendi que posso dizer “sim” e participar, mas que, a qualquer momento, posso dizer
“não” e desistir e que ninguém vai ficar com raiva de mim.
Ananindeua,_______________de___________________de __________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
Rubrica do pesquisador
Polegar da criança
ANEXOS
Anexo A
ESTADO DO PARÁ
PREFEITURA MUNICIPAL DE ANANINDEUA
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
CREI ESSÊNCIA ANANI
TERMO DE AUTORIZAÇÃO
TERMO DE AUTORIZAÇÃO