Luciene Aparecida Felipe Siccherino
Luciene Aparecida Felipe Siccherino
Luciene Aparecida Felipe Siccherino
PUC - SP
SÃO PAULO
2013
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC – SP
São Paulo
2013
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... i
Banca Examinadora:
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Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... ii
Laura, minha filha amada, agradeço por me ensinar a cada dia que o
amor é uma infinita construção. Agradeço a compreensão com os
muitos momentos de ausência para dedicar-me aos estudos.
Agradecimentos
“Cada sonho que você deixa para trás é um pedaço do seu futuro que deixa
de existir.” (Steve Jobs)
Embora uma tese seja, por sua finalidade acadêmica, um trabalho individual, há
contributos diversos que não podem e nem devem deixar de ser realçados. Por essa razão,
desejo expressar os meus sinceros agradecimentos:
Agradeço primeiramente a Deus, pela minha vida e por permitir esta bonita trajetória.
Aos meus pais, que me deram a vida. À minha amada mãe, que nunca mediu esforços
para acompanhar meus estudos desde a mais tenra idade até este notável momento. Ao meu pai
que, não obstante a sua presença em vida, sei que estaria muito feliz e orgulhoso por esta
conquista.
Ao meu irmão, Sidnei, tão presente e participativo na minha vida. À Elaine, minha
cunhada, que de certa forma, exerceu influência na minha escolha profissional. Aos meus
sobrinhos, Guilherme e Beatriz, tão especiais na minha vida. Ao Guilherme, agradeço,
especialmente, pela ajuda com algumas traduções.
Aos amigos Marcelo e Anita, pelo apoio. À Lucas, um afilhado especial e querido.
Ao amigo Edilson pela bonita e sólida amizade e pelo companheirismo em mais essa
jornada.
Aos amigos Marco e Iara pela bonita amizade que se formou por meio dos nossos
filhos. Aos amigos Charbel e Guigui pela grande amizade formada, também por meio dos
nossos filhos.
Às colegas Sandra, Adriana, Simone, Lia, Liara, Ioana, pelos momentos de convivência
e estudos. Aos colegas Ailton Souza Oliveira e Cecília Iacoponi pelas contribuições e parceria
na disciplina Seminário Teórico Metodológico. Aos colegas do Seminário Internacional de
Alfabetização, agradeço a parceria na realização de um momento de tanto aprendizado.
Às amigas Adriana Monte e Rogéria Gieremek que toreceram por mim durante todo o
curso.
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... v
Ao professor Daniel Contro, Diretor Presidente do Colégio na qual esta pesquisa foi
realizada, por conceder autorização para o estudo, meus francos agradecimentos.
Às professoras Hélen, Vanessa, Daniela, Andréa, Izabely pelo apoio durante toda a
coleta de dados. Às secretárias do Colégio do segmento da Educação Infantil, Vânia e Márcia,
agradeço a colaboração.
Às crianças que participaram deste estudo e muito contribuíram para a construção final
deste projeto. Aos pais das crianças que permitiram a participação delas na pesquisa.
Às minhas primas queridas Rose, Rosely, Lucy, Júlia e Fernanda que torcem e vibram
por mim e às minhas queridas tias, Magaly, Cecília, Dilma, Diva, Edite e Claudete.
Sumário
5. Método ................................................................................................................................ 92
5.1. Local da coleta de dados e participantes da pesquisa .................................................. 92
5.2. Instrumentos e procedimentos ..................................................................................... 93
5.2.1. Seleção dos participantes .................................................................................... 93
5.2.2. Pré-teste ............................................................................................................... 94
5.2.3. Programa de intervenção ..................................................................................... 99
5.2.4. Pós-testes 1 e 2 .................................................................................................. 122
6. Apresentação e análise dos resultados............................................................................... 124
6.1. Análise descritiva dos resultados das crianças do GI e do GC, na segmentação, leitura
e escrita de pseudopalavras, considerando o pré-teste, pós-teste 1 e pós-teste 2 .................. 124
6.1.1. Segmentação de pseudopalavras para o GI e GC (pré-teste, pós-teste 1 e pós-teste
2) 124
6.1.2. Leitura de pseudopalavras e de palavras reais para o GI e GC (pré-teste, pós-teste
1 e pós-teste 2) .................................................................................................................. 134
6.1.3. Escrita de pseudopalavras e de palavras reais para o GI e GC (pré-teste – pós-
teste 1 e pós-teste 2) .......................................................................................................... 149
6.1.4. Conclusões parciais ........................................................................................... 164
6.2. Análise estatística ...................................................................................................... 168
6.2.1. Resultados da análise de variância .................................................................... 168
6.2.2. Resultados do Teste-T no pré-teste, pós-teste 1 e pós-teste 2 ........................... 180
6.2.3. Correlações verificadas no pós-teste 2 das crianças do grupo de intervenção (GI)
194
6.2.4. Conclusões parciais ........................................................................................... 200
7. Discussão dos resultados e considerações finais ............................................................... 205
Referências ................................................................................................................................ 212
Anexo A – Termo de consentimento livre e esclarecido........................................................... 218
Anexo B – Carta de agradecimento à direção da escola ........................................................... 220
Anexo C – Carta de agradecimento aos pais das crianças......................................................... 221
Anexo D – Carta de agradecimento às professoras ................................................................... 222
Anexo E – Imagens de articulação fonêmica ............................................................................ 223
Anexo F - Fotos ......................................................................................................................... 224
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... viii
Índice de Tabelas
Índice de Figuras
Índice de Gráficos
Resumo
Abstract
Prefácio
Para apresentar a perspectiva pela qual este estudo será respaldado inicio com
um breve histórico profissional na área da Educação.
Alguns anos depois, passei a trabalhar com crianças de outras faixas etárias em
virtude de ter-me graduado em Licenciatura em Ciências com Habilitação em Química.
Não satisfeita, fui cursar Pedagogia com Habilitação em Supervisão Escolar. Trabalhei
como professora de Ciências em uma Instituição e em outra Instituição trabalhava com
alfabetização de adultos: esse trabalho foi desenvolvido para funcionários de grandes
empresas que não possuíam a conclusão do Ensino Fundamental I e II e, naquele
momento passou a ser uma exigência por parte da maioria das empresas.
pediam muita ajuda em função das dúvidas que tinham com o trabalho. Dessa forma,
acompanhava o planejamento de atividades, o trabalho em sala de aula, o atendimento
das crianças, das famílias e participava das aulas, semanalmente, com o objetivo de
orientar a prática pedagógica.
Sobre isso, Capovilla e Capovilla (2007, p. 84) salientam que “no ensino infantil
a criança deveria desenvolver habilidades cognitivas gerais e básicas que,
posteriormente, lhes permitiriam ter acesso às linguagens escrita e matemática”.
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 3
Introdução
As avaliações do PISA acontecem a cada três anos e a cada edição ocorre maior
ênfase em uma das áreas. Em 2000, o foco foi em Leitura; em 2003, Matemática; e em
2006, Ciências. O PISA 2009 iniciou um novo ciclo do programa, com o foco
novamente recaindo sobre o domínio em Leitura; em 2012, foi novamente Matemática;
e em 2015, será novamente em Ciências (Brasil, 2009).
O cálculo é feito a partir dos dados sobre aprovação escolar obtido no Censo
Escolar e média de desempenho em avaliações do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, o Sistema de Avaliação da Educação
Básica – SAEB, para as unidades da federação e para o país, e a Prova Brasil, para os
municípios. O crescimento do IDEB está diretamente relacionado ao aprendizado do
aluno, sua aprovação e frequência à escola. Em 2011 a média total do País no IDEB foi
5,0. A rede pública estadual atingiu a média 5.1; a rede pública municipal atingiu 4,7 e a
rede privada atingiu 6,5. Esses dados se referem aos anos iniciais do Ensino
Fundamental, de acordo com o INEP. (Brasil, 2009).
1
O Inaf define quatro níveis de alfabetismo: a) Analfabetismo: corresponde à condição dos que não conseguem
realizar tarefas simples que envolvem a leitura de palavras e frases ainda que uma parcela destes consiga ler números
familiares (números de telefone, preços, etc.). b) Nível rudimentar: corresponde à capacidade de localizar uma
informação explícita em textos curtos e familiares (como, por exemplo, um anúncio ou pequena carta), ler e escrever
números usuais e realizar operações simples, como manusear dinheiro para o pagamento de pequenas quantias ou
fazer medidas de comprimento usando a fita métrica. c) Nível básico: as pessoas classificadas neste nível podem ser
consideradas funcionalmente alfabetizadas, pois já leem e compreendem textos de média extensão, localizam
informações mesmo que seja necessário realizar pequenas inferências, leem números na casa dos milhões, resolvem
problemas envolvendo uma sequência simples de operações e têm noção de proporcionalidade. Mostram, no entanto,
limitações quando as operações requeridas envolvem maior número de elementos, etapas ou relações. d) Nível pleno:
classificadas neste nível estão as pessoas cujas habilidades não mais impõem restrições para compreender e
interpretar textos em situações usuais: leem textos mais longos, analisando e relacionando suas partes, comparam e
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 9
(21%); básico (47%); pleno (26%). Esses dados revelam a necessidade de investir na
qualidade do ensino, que embora tenha apresentado uma pequena melhora não foi
suficiente para que o nível de alfabetismo das pessoas evoluísse para o nível pleno. Essa
qualidade a que se refere o relatório do INAF (2011) não diz respeito à quantidade de
horas que uma pessoa passa na escola nem tampouco à quantidade de conteúdos
ensinados. A qualidade se refere a fatores mais amplos como a adequação das escolas,
currículos e às políticas intersetoriais que favoreçam a permanência dos estudantes nas
escolas.
A Educação do nosso país fez parte da pauta do jornal “New York Times”
(2010). Segundo a reportagem, o Brasil tem um desafio maior do que qualquer outro
país no que diz respeito à Educação. Essa área se coloca como um obstáculo na tentativa
de acelerar a economia possibilitando ao País figurar entre as nações mais poderosas do
mundo.
avaliam informações, distinguem fato de opinião, realizam inferências e sínteses. Quanto à matemática, resolvem
problemas que exigem maior planejamento e controle, envolvendo percentuais, proporções e cálculo de área, além de
interpretar tabelas de dupla entrada, mapas e gráficos.
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 10
uma discussão teórica que traz à luz os conhecimentos inerentes aos processos
cognitivos envolvidos na aprendizagem da leitura e da escrita (Brasil, 2005).
2
Quando falarmos durante este estudo, sobre aprendizagem da leitura, estaremos nos referindo à aprendizagem da
própria leitura e à aprendizagem da escrita.
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 14
Dito de outro modo para que exista pensamento é preciso recorrer ao que é
lembrado (memória). Os psicólogos cognitivos chamam a atenção, também, para os
aspectos não cognitivos que interagem com os aspectos cognitivos. Um exemplo pode
ser a motivação: uma pessoa aprende melhor quando está motivada a aprender, ao passo
que sua aprendizagem pode ficar comprometida se a motivação não estiver presente
(Sternberg, 2010).
O interesse da área pela tecnologia vem desde 1956, com o surgimento dos
estudos sobre a Inteligência Artificial (IA), que integra as Ciências Cognitivas, ao lado
da Psicologia Cognitiva. A Inteligência Artificial (IA) representa a tentativa de criar
sistemas que demonstrem inteligência, principalmente o processamento inteligente da
abordagem do processamento da informação, segundo Sternberg, 2010.
Unidos a importância dos trabalhos de Piaget passou a ter mais evidência (Schultz &
Schultz, 2005).
dígitos apresentados a ela em uma sequência, sua capacidade de canal para armazenar
os números na memória é “sete” (Sternberg, 2010).
De acordo com Neisser, a cognição se refere a tudo aquilo o que o ser humano
pode realizar, ou seja, a cognição está vinculada à sensação, à percepção, à formação de
imagens, à retenção, à recordação, à solução de problemas, ao pensamento e todas as
demais atividades mentais (Schultz & Schultz, 2005).
Nos dias de hoje uma das áreas mais interessantes da Psicologia Cognitiva é a
interface entre os níveis cognitivo e biológico, ou seja, o sistema cognitivo não opera
isoladamente, ele funciona em interação com os outros sistemas. Com isso pode ser
possível localizar a atividade cerebral associada a vários processos cognitivos. Contudo,
é preciso ter cuidado ao assumir que a atividade biológica causa a atividade cognitiva.
Por meio de pesquisa foi possível perceber que a aprendizagem que gera alterações no
cérebro ou nos processos cognitivos pode afetar as estruturas biológicas da mesma
forma que as estruturas biológicas podem afetar os processos cognitivos (Sternberg,
2010).
Com isso, o autor nos fornece alguns pontos de referência para que não fiquem
desconhecidas as complexas operações que nosso cérebro precisa executar para ler. A
Psicologia Cognitiva faz uma abordagem da leitura como poderia realizá-la um robô. O
leitor possui um captor: o olho e a retina. As palavras se fixam em forma de manchas de
sombra e luz e depois são decodificadas em forma de signos linguísticos que podem ser
compreendidos.
Então, podemos dizer que tudo começa na retina, numa região central chamada
fóvea, rica em células fotorreceptoras de resolução muito alta, os cones. Essa região é a
única zona da retina realmente útil para a leitura – ocupa 15% do campo visual. Ela
capta as letras com os detalhes suficientes para reconhecê-las (Dehaene, 2012, p. 26).
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 20
O nosso olho impõe limite à leitura, ou seja, esse captor visual percorre as frases
de forma a deslocar o olhar a cada dois ou três décimos de segundo. Nesse sentido,
Dehaene (2012, p. 31) destaca,
Essa ligação das representações do som com as palavras escritas, chamada de via
da decodificação de letra com som, envolve precisamente as regiões do lobo temporal
esquerdo. Essas regiões estão envolvidas na análise da representação dos sons da fala,
bem como o córtex frontal inferior e pré-central esquerdo, que interferem na articulação.
As letras vistas e os sons ouvidos são encontrados no nível do lobo temporal (Dehaene,
2012).
É provado que uma parte do lobo temporal é ativada diante da visão de uma
letra. No entanto, só uma região do lobo temporal, chamada sob o nome latino de
planum temporale, responde à compatibilidade entre as letras e os sons, ou seja, quando
uma pessoa escuta um som compatível com a letra a atividade dessa região se mostra
aumentada, ao passo que na ocorrência de alguma incongruência entre a letra e o som, a
atividade dessa região se reduz. Essa atividade pode ser percebida em função da
magnetoencefalografia (MEG): técnica de mapeamento da atividade do cérebro humano
por meio de detecção de campo magnético produzido por correntes elétricas que
existem naturalmente no cérebro. Essa técnica permitiu a identificação de áreas mais e
menos ativas do cérebro - que mede a conversão dos grafemas em fonemas, a partir de
225 milissegundos depois que a letra aparece sobre a retina e a compatibilidade é
reconhecida após 400 milissegundos, aproximadamente (Dehaene, 2012).
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 22
No próximo tópico destacaremos como uma pessoa aprende a ler, com base nos
conhecimentos advindos da ciência da leitura.
Aprender a ler é possível com dois ou três anos de ensino da leitura para que as
crianças consigam decifrar as palavras de sua língua. As marcas que antes eram
estranhas passam a ser letras vivas e significantes. De acordo com o modelo de
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 23
reciclagem neuronal a escrita vai se firmando no cérebro do leitor iniciante. Ela deve
encontrar um lugar ótimo, no interior dos circuitos já funcionais, mas cuja função
precisa de uma reconversão mínima. “Um processo de “tateio cerebral”, que reproduz
em alguns anos os ensaios e erros que pontuaram a evolução cultural e milenar da
escrita, deve, pois, se produzir nos circuitos visuais e linguísticos da criança.”
(Dehaene, 2012, p. 214).
pois a língua não nasce pronta na área de Broca. Durante o primeiro ano de vida da
criança ocorre uma especialização progressiva das áreas que estão sob a influência da
língua materna. Desde os seis meses, começa a ocorrer a representação das vogais e por
volta dos 11 ou 12 meses são as consoantes que se dirigem ao repertório apropriado da
língua em questão (Dehaene, 2012).
Durante a vigência dos seis aos 12 meses, o cérebro da criança começa a extrair
os segmentos da fala, faz a triagem e a classificação, na qual explora as regularidades
das cadeias que escuta, deduz algumas possibilidades das transcrições sonoras e ainda
elimina outras. Dessa forma consegue extrair as regras fonotáticas de sua língua, como
3
por exemplo: um bebê polonês aceita as consoantes /p/, /r/ e /ʃ/ em sequência numa
palavra, ao passo que essa mesma sequência não é aceita no português. Essas
formações inconscientes das áreas da linguagem permitem ao bebê o reconhecimento e
o recorte das cadeias que vêm e vão com frequência. Assim, os bebês começam a
formar as primeiras palavras.
3
/ʃ/ é o símbolo fonético correspondente ao grafema “ch”.
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 25
(ponte) e as mais irregulares, como no caso do “x”. Dehaene (2012, p. 246) também
chama a atenção para a compreensão de que,
Por isso, é imperativo ao papel do professor que está à frente desse período
inicial da aprendizagem da leitura conhecer, pelo menos em parte, os mecanismos do
cérebro da criança. Esse conhecimento permitirá a ele saber a grande ebulição neuronal
que ocorre no cérebro de cada criança. Com essa ebulição o pequeno leitor poderá
ordenar toda a hierarquia de neurônios (região ventral de seu hemisfério esquerdo), que
faz a codificação das letras, dos bigramas, dos grafemas e dos morfemas (Dehaene,
2012).
cérebro das crianças é a mesma, ou seja, ele determina os mesmos limites e a mesma
sequência de aprendizagem a todas as crianças (Dehaene, 2012).
Segundo Chall (1967) a leitura sempre foi alvo de muitos estudos escolares,
ficando à frente de estudos relacionados à aritmética, por exemplo. Esse fator chamou
sua atenção. Depois de um longo e profundo estudo a autora fez algumas generalizações
sustentáveis das descobertas:
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 30
1) Conhecer o nome das letras antes de aprender a ler ajuda a criança nos estágios
iniciais da leitura, se ela aprender a ler com uma abordagem enfatizando o
código ou o significado;
2) Conhecer os valores sonoros das letras e ser capaz de ouvir similaridades e
diferenças nas palavras faladas antes de aprender a ler, também ajuda a criança a
ler nos estágios iniciais. Essa generalização também parece válida se o método
inicial é um método com ênfase em código ou em significado;
3) Quase todos os estudos que correlacionavam conhecimento das letras e/ou
fonemas e habilidade mental com obtenção de leitura relataram correlações mais
altas para conhecimento de letras e/ou fonemas;
4) A partir da terceira série a relação entre o conhecimento fonético e a obtenção
de leitura ainda é positivo e substancial: a) um nível baixo de conhecimento
fonético tende a ser consistentemente associado com um nível baixo de obtenção
de leitura; b) um alto nível de conhecimento fonético pode ou não estar
associado com um alto nível de obtenção de leitura;
5) Existem indicações de que conhecimento de letra e fonema está mais altamente
relacionado aos aspectos mais mecânicos ou relacionados ao código da
alfabetização (reconhecimento oral das palavras, leitura, ortografia e velocidade
de leitura). A análise dos estudos experimentais mostrou que os aspectos
decodificadores influenciam os resultados nos aspectos conceituais; assim, pode
ser dito que conhecimento de letra e fonema é também importante para as metas
definitivas da leitura: instrução, velocidade de leitura e compreensão.
A época em que Chall escreveu esse livro foi marcada pela tentativa dos
psicólogos de programar a aprendizagem das habilidades mais complexas e disciplinas
por meio de uma análise minuciosa das etapas envolvidas. Antes, os psicólogos
acreditavam na capacidade do aluno para aprender de acordo com sua própria
programação, ou seja, eles pensavam que se o aluno estivesse pronto para aprender, o
professor poderia expô-lo ao material. Essa visão havia mudado já naquela época.
A pesquisa de Chall (1967) foi muito vasta e profunda. Ela analisou materiais
didáticos, visitou escolas, conversou e acompanhou o trabalho dos professores. Com
isso conseguiu reunir algumas conclusões e deixou cinco recomendações:
provas devem fornecer medições que podem dizer o quanto a criança está dominando
cada componente da leitura em um determinado período.
5) Melhora na investigação em leitura: Chall recomenda que as
experiências no início da leitura não sejam feitas como se fossem os primeiros estudos
de sua espécie. Pesquisas em leitura devem seguir as normas da ciência .
Com essa vasta, importante e profunda pesquisa, Chall não teve a intenção de
rotular qual método é melhor ou pior. A autora teve como objetivo apresentar os
achados e promover um debate partindo das evidências encontradas. Os achados da
autora podem, perfeitamente, ser confrontados com as descobertas contemporâneas da
ciência da leitura.
É prudente ressaltar que não existem “culpados” para o método global, os
pedagogos e os psicólogos foram os primeiros a aconselhar o método global. O
dicionário Pedagógico de Nicolas Adam de 1787 retomou as primeiras teses, em que a
aprendizagem silábica importuna as crianças por fazê-las memorizar um grande
número de letras, sílabas e sons, cuja compreensão não existe. De acordo com essas
teses era necessário que as crianças se divertissem com as palavras inteiras (Dehaene,
2012).
Nesse sentido, o contorno global das palavras não tem papel importante
na leitura, ou seja, “o reconhecimento visual das palavras não repousa sobre a
apreensão global de seu contorno, mas sim, sobre a decomposição em elementos
mais simples, as letras e os grafemas” (Dehaene, 2012, p. 242).
inferior na leitura de palavras novas, são mais lentos e a compreensão textual fica
menos eficiente. Dessa forma, quando os defensores do método global afirmam que o
método grafo fonológico tornam as crianças automatizadas e mecanizadas e inábeis na
atenção ao significado, é uma inverdade. A decodificação e a compreensão caminham
paralelamente, ou seja, as crianças que leem bem as palavras e as pseudopalavras
isoladas conseguem compreender o conteúdo de uma frase ou de um texto. É
imprescindível dizer que trabalhar com palavras como “PATOTA”, “PITUCA”,
“MUMU” e “DUDA” permite o trabalho da decodificação e como a compreensão passa
pela decodificação, quanto mais rápido a criança conseguir automatizar a leitura, muito
melhor será a concentração dada ao significado da frase ou do texto, uma vez que ela
não terá que ficar se esforçando para ler a palavra. A leitura será automática e a
preocupação será com o significado.
1.5. Síntese
A Psicologia Cognitiva, área cujo foco de estudo são as ações intelectuais por
meio da abordagem do processamento da informação, surgiu entre as décadas de 1950 e
1960 e, desde então, vem reunindo diversas e importantes descobertas acerca de
questões relacionadas à aprendizagem. Dito de outro modo, essa área estuda como as
pessoas aprendem, organizam, armazenam e utilizam o conhecimento.
O livro “Learning to Read: the great debate”, escrito por Jeanne Chall, em 1967
trouxe importantes contribuições sobre o melhor método para ensinar a ler. Os achados
de Chall corroboram os dados recentes de imagens cerebrais sobre a aprendizagem da
leitura (Dehaene, 2012).
Nesse sentido, o ensino explícito dos fonemas e das letras, bem como o trabalho
com a decodificação são ferramentas importantes no trabalho com a compreensão.
Outros aspectos indispensáveis da linguagem, como a ortografia, o vocabulário e o
prazer pela leitura podem ser trabalhados após a leitura estar fluente e automática.
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 38
Ciência
Cognitiva
Psicologia
Cognitiva
Psicologia
Cogntiva
da Leitura
Metalinguagem
ou Enfoque
Metalinguístico
A respeito da utilização dos termos, Guimarães (2010) faz uma discussão sobre a
cognição, a metacognição e a metalinguagem, elementos distintos, porém, dependentes.
Segundo a autora a cognição pode se referir tanto aos processos quanto aos produtos
“inteligentes” da mente humana, ou seja, a cognição faz alusão aos processos mentais
superiores, como o conhecimento, o pensamento, a imaginação, a criatividade entre
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 40
Refere-se aos
processos e produtos
inteligentes da mente
Cognição humana. Faz alusão
aos processos mentais
superiores.
Conhecimento do
Metacognição indivíduo sobre seus
próprios processos
cognitivos.
Caracterizada a partir
Metalinguagem de seu próprio objeto:
a linguagem. Outras
habilidades
metacognitivas, como
a meta-atenção e a
meta-memória são
caracterizadas pela
função cognitiva a que
se referem.
forma: capacidade, condutas, atitudes, processos, e outros. Embora possa fazer uso de
marcadores linguísticos característicos da Linguística como morfologia, sintática,
semântica, fonologia e outros, a Psicologia se preocupa com os aspectos que permitam
pensar em uma manipulação reflexiva da linguagem (Roazzi et al., 2010).
Reflexão sobre a
estrutura sintática
da língua Reflexão sobre
a estrutura
METALINGUAGEM fonológica da
língua
CONSCIÊNCIA CONSCIÊNCIA
SINTÁTICA FONOLÓGICA
Compreensão
dos
Compreensão
significados CONSCIÊNCIA CONSCIÊNCIA
dos usos
das palavras SEMÂNTICA PRAGMÁTICA
sociais da
língua
CONSCIÊNCIA CONSCIÊNCIA
Compreensão LEXICAL TEXTUAL
Conhecimento
das palavras
e controle
enquanto
CONSCIÊNCIA intencional da
unidades
MORFOLÓGICA compreensão
e da produção
de textos
esses elementos aparecerem seja possível fazer a identificação de forma clara (Roazzi et
al., 2010).
De acordo com a nova interpretação desse modelo (Maluf & Gombert, 2008,
Gombert, 2003a), as habilidades epilinguísticas não desaparecem com a ocorrência das
competências metalinguísticas, elas são reconhecidas na forma de conhecimentos
implícitos.
Na nova versão o modelo apresenta três fases: 1ª fase: nessa fase ocorre a
aquisição das primeiras habilidades linguísticas, que baseadas em formatos pré-
programados, correspondências entre formas linguísticas e contextos práticos
fortalecidos, são guardados sob a forma implícita; 2ª fase: nessa fase predomina a
obtenção do controle epilinguístico e o conhecimento linguístico é reorganizado em um
formato multifuncional sem ter o acesso consciente; 3ª fase: essa fase é onde ocorre a
aquisição da consciência metalinguística, desencadeada por fatores externos com o
objetivo de avançar para o controle intencional da organização estabelecida na segunda
fase (Gombert, 2003a).
lexical). Se a criança tem contato precoce com impressões, ocorre o aprendizado antes
mesmo de começar formalmente o ensino da leitura propriamente dito, e quanto mais
manipula a escrita, maiores serão as aprendizagens implícitas (Gombert, 2003a).
Essas aprendizagens implícitas têm base nas capacidades funcionais, ou seja, nas
capacidades que a criança traz consigo geneticamente: visão, audição, tato, e que,
portanto, existem bem antes de começar a ter contato com escrita. Os conhecimentos
linguísticos, por exemplo, que a criança possui são adquiridos na oralidade.
Sobre isso, é possível dizer que “a criança possui um equipamento funcional que
pode ser mobilizado para o tratamento de um material linguístico percebido
visualmente.” (Maluf & Gombert, 2008, p. 129).
Dito de outro modo, para aprender a ler e a escrever a criança precisa ultrapassar
o conhecimento implícito, isto é, desenvolver competências para a reflexão sobre a
língua e seu uso. Essa competência para a reflexão pode ser entendida como
conhecimento explícito, uma vez que a criança passará a ter consciência dos tratamentos
linguísticos. Uma prática de ensino voltada para essa transmissão da linguagem escrita
permite um desenvolvimento de habilidades metalinguísticas que manifestam um
conhecimento explícito da língua falada.
Essa transformação sucessiva pode ser entendida como uma evolução que
aparece como ponto de partida dos automatismos encontrados nos leitores hábeis.
segmentos. Ou, dito de outro modo, a nossa fala é constituída por diferentes unidades
sonoras (fonemas, sílabas, palavras e frases). E essas unidades podem e devem ser
manipuladas pelo aprendiz.
Dessa forma, para que a criança possa fazer a identificação e manipulação dos
fonemas individuais, é preciso um ensinamento explícito e sistemático da
correspondência entre os elementos fonêmicos da fala e os grafêmicos da escrita
(Capovilla & Capovilla, 2009).
Os sons produzidos por dois fonemas diferentes podem ser muito leves:
podemos comparar, por exemplo, /f/ com /v/, mas mesmo sendo diferença sutil no som,
pode apresentar uma grande diferença no significado das palavras, como por exemplo:
“faca” e “vaca”.
Uma das razões apontadas por Adams et al. (2006) é que o som de um fone pode
variar de forma importante, ou seja, ele pode apresentar variação de som de uma pessoa
para outra ou mesmo de uma palavra para outra. Quando ocorre essa variação acústica
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 51
encontrada de uma pessoa para outra, mas que não representa mudança no significado é
chamado de alofone. É digno de nota que na representação gráfica, os fonemas são
transcritos entre barras /b/ e o fone – sons produzidos pelos fonemas - entre colchetes
[b].
Um exemplo dessa variação acústica pode ser conferido nas diferentes regiões
brasileiras, pois dependendo do local a pronúncia pode ser diferente. “A pronúncia de
sal, na maior parte das regiões do Brasil, rima com pau, já que ambos são produzidos
com [u] final, enquanto que em alguns lugares, sal só rimará com sinal, pois é
produzido com [l]. Da mesma forma, as pronúncias das vogais variam muito entre
regiões, dialetos e indivíduos.” (Adams et al., 2006, p. 22). (grifos do original).
Conforme vimos acima, os fonemas não são autônomos, livres, eles são
coarticulados, de modo que na nossa fala transformamos os fones em sílaba. Por isso, é
importante ressaltar que os fonemas não são falados em forma de unidades separadas e,
portanto, são mais difíceis de perceber na fala contínua.
Portanto, as crianças tiveram mais consciência explícita das sílabas do que dos fonemas.
Sobre isso, Nunes et al., (2007, p. 40 e 41), destacam:
Nessa mesma perspectiva, Adams et al. (2006, p. 22), são enfáticos ao dizerem
que:
CONSCIÊNCIA DA CONSCIÊNCIA DA
SEGMENTAÇÃO DAS SEGMENTAÇÃO DAS
PALAVRAS EM SÍLABAS. SENTENÇAS EM
Exemplo: sa – co - la PALAVRAS. Exemplo: O /
pirulito / caiu.
CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA
(faz referência a vários tipos de consciência)
CONSCIÊNCIA DE CONSCIÊNCIA DA
RIMA. Exemplo: ALITERAÇÃO.
PETECA termina com o Exemplo: PALHAÇO
mesmo som de começa com o mesmo
BONECA som de PAÇOCA
CONSCIÊNCIA
FONÊMICA
(consciência das
menores
unidades da fala)
Exemplos:
2.2. Síntese
Essas aprendizagens implícitas têm base nas capacidades funcionais, isto é, nas
capacidades que a criança traz consigo geneticamente, como a visão, a audição, o tato, e
que, portanto, existem bem antes de começar o ensino da linguagem escrita.
Muitas pesquisas têm sido feitas para estudar a consciência fonológica, mas
ainda temos poucas pesquisas, no caso do Brasil, para estudar a consciência fonêmica.
Enquanto a consciência fonológica é a habilidade de ouvir e manipular a estrutura
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 56
4
O texto de Ehri (2005a) “Development of sight Word Reading : Phases and Findings”, muito utilizado neste
capítulo foi tradução nossa.
5
O texto de Ehri (2005b) “Learning to Read words: Theory, findings, and Issues”, utilizado neste capítulo foi
tradução nossa.
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 58
Segundo Ehri (2005) quando um leitor coloca os olhos em uma palavra escrita e
conhecida, a pronúncia, o significado e a função sintática são ativados na memória.
Vejamos a ilustração abaixo.
PRONÚNCIA
ELEFANTE
SIGNIFICADO
FUNÇÃO SINTÁTICA
SÃO
ATIVADOS NA MEMÓRIA
Quando um leitor coloca os olhos em uma
palavra escrita e conhecida, a pronúncia,
o significado e a função sintática são MEMÓRIA
ativados na memória.
podem ler palavras de várias maneiras, ou seja, eles podem aplicar algumas estratégias
para conseguir ler palavras que antes não conseguiam.
reconhecer que esses são os mesmos fonemas simbolizados por grafemas na escrita
(Ehri, 2005a).
automático entre a impressão e a expressão e isso pode exigir muito mais prática para
atingir um nível normal da aprendizagem da leitura imediata de palavras.
O mapeamento alfabético ocorre durante as fases de aprendizagem da leitura,
que sofrem mudanças durante o percurso, antes de a leitura tornar-se fluente e
automática. As fases de aprendizagem da leitura descritas por Ehri (2005a) são:
Como o próprio nome sugere, essa fase começa a ocorrer antes de qualquer
conhecimento alfabético. A criança não faz conexão letra-som, apenas utiliza letras
arbitrárias para escrever palavras, como por exemplo, NTCB para cabelo. As
características visuais da palavra, a pronúncia ou a representação simbólica substituem a
conexão letra-som que ela ainda não é capaz de fazer (Ehri, 2005a). Vejamos a
ilustração abaixo:
McDonald’s McDonad’s
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 64
Nesse exemplo foi retirada a letra “l” da palavra “McDonald’s” e ficou com a
grafia “McDonad’s”. A criança não percebe a mudança e continua lendo
“McDonald’s”. Dito de outro modo, essa falta de conexão alfabética pode ser bem
percebida quando as crianças conseguem fazer a identificação da palavra pelo conteúdo
e não, pelo alfabeto. Crianças falantes do português brasileiro podem ler as palavras
“Coca-cola”, “Pepsi” ou “McDonald’s”, por exemplo, com facilidade.
Durante a fase pré-alfabética, as crianças leem as palavras, lembrando do visual
ou do contexto. Alguns estudos verificaram que as crianças na fase pré-alfabética leram
palavras pautadas em pistas de seus ambientes cotidianos, como por exemplo, nomes de
lanchonetes, restaurantes, marcas de doces, seus próprios nomes, ou nomes de colegas
impressos em cartões. Isso mostra que a saliência visual em torno da palavra foi mais
marcante, ao invés das letras do alfabeto. Crianças que liam poucas palavras, mas
podiam ler vários sinais comuns e rótulos no ambiente, por exemplo, “McDonalds”
foram estudadas. As crianças foram convidadas a ler os mesmos sinais, mas com uma
letra alterada, por exemplo, a palavra “PEPSI” mudou para “XEPSI”. A maior parte
das crianças não conseguiu identificar a alteração, mesmo quando foram alertadas da
existência de erros. As marcas do ambiente foram mais fortes, no momento da leitura,
apesar de 60% das crianças conhecerem os nomes das letras (Masonheimer, Drum &
Ehri, 1984).
As crianças na fase pré-alfabética possuem a memória muito limitada e a
aprendizagem depende de quão significativa são as palavras para elas, ao invés das
características ortográficas. Isso resulta em erros semânticos quando leem palavras
familiares (Ehri, 2005a).
Nesse sentido, as crianças na fase inicial de aprendizagem da leitura, a pré-
alfabética, utilizam uma estratégia visual padronizada para reconhecer as palavras,
devido à falta de conhecimento ou habilidade com as letras e seus sons para formar as
conexões alfabéticas. Além disso, a memória ainda não lhes permite fazer a leitura de
palavras por reconhecimento automatizado (“sight word reading”). As crianças são
capazes de fazer a correspondência com o significado, mas não, com os sons.
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 65
S A P O B O N E C A
B O N E C A
Ehri e Wilce (1985) sugeriram que uma forma de leitura ainda rudimentar,
chamada de leitura de sugestão fonética, vem antes da decodificação. Foram dadas às
crianças, várias tentativas de aprender a ler dois conjuntos de palavras. O primeiro
conjunto tinha grafias visuais, como WBC para a escrita de girafa (“giraffe”). Nenhuma
das letras correspondia aos sons da palavra. O segundo conjunto de palavras foi escrito
com grafias fonéticas salientes, como JRF, para a palavra “girafa” (giraffe). Nesse
conjunto as grafias tinham as letras encontradas na pronúncia. O que se esperava era
7
Apresentação feita no Seminário Internacional de Alfabetização realizado em Maio de 2011, na Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP – Brasil.
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 67
Mensurar quanto tempo esta fase tem de duração é muito difícil porque é um
processo imperfeito, tendo em vista que os leitores iniciantes não possuem total
conhecimento do sistema alfabético e de segmentação fonêmica.
A instrução fonética tem impacto sobre os alunos que aprendem com a instrução
da palavra inteira, durante a leitura de texto oral. As crianças ensinadas com o método
da palavra inteira são mais aptas a adivinhar palavras, baseadas em sugestões parciais de
letras ou pistas do contexto, ou ainda, a semelhança com palavras visualmente
conhecidas em comparação com as crianças ensinadas foneticamente. As crianças,
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 68
BALA LATA
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 69
8
O texto de Ehri e Roberts (2006) “The Roots of Learning to Read and Write: Acquisition of Letters and Phonemic
Awareness”, muito utilizado neste capítulo foi tradução nossa.
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 72
letras em várias palavras. As crianças conhecem os nomes das letras geralmente antes
de conhecer a relação letra-som. Em algumas línguas, como o português e o espanhol,
as relações entre os grafemas e os fonemas são mais estáveis, ou seja, não apresentam
muitas variações. Já na língua inglesa, as relações são menos estáveis e o mesmo
grafema pode representar mais de um fonema e o mesmo fonema pode ser representado
por mais de um grafema. As vogais, na língua inglesa, são especialmente variáveis, isto,
é, podem ter 15 sons diferentes (Ehri & Roberts, 2006).
Esse estudo estende seus resultados a outros estudos já realizados com crianças falantes
da língua inglesa. As crianças brasileiras que sabem os nomes das letras são capazes de
processar as relações letra-som para aprender a ler as grafias em que as letras
correspondem a fonemas. Esses achados dão suporte à hipótese de Ehri e Wilce (1985)
de que o conhecimento dos nomes das letras proporciona às crianças um sistemático
mecanismo que tornará relativamente mais fácil aprender a ler em um sistema
alfabético. Aparentemente, as crianças percebem esse mecanismo antes mesmo de terem
recebido as instruções formais da aprendizagem da leitura. Em suma, os resultados do
estudo de Cardoso-Martins et al. (2002) se adicionam às descobertas oriundas de outras
pesquisas quando sugerem que o conhecimento das letras, contribui para a
aprendizagem inicial da leitura. O conhecimento das correspondências entre fonemas e
grafemas permite que as crianças aprendam a ler em uma ortografia alfabética.
que as crianças pequenas usam o conhecimento do nome das letras em suas tentativas
iniciais de conectar o discurso à palavra impressa. O segundo estudo incluiu uma
amostra maior, mais representativa de crianças e com o mesmo objetivo. Os autores
tinham a hipótese de que a sequência das fases postuladas por Ehri forneceriam melhor
descrição do desenvolvimento da escrita inicial das crianças do que a descrição do
desenvolvimento de Ferreiro (1989; 1990). Os resultados questionaram a hipótese de
que o estágio silábico é universal no desenvolvimento da escrita. Uma análise das
grafias silábicas das crianças sugeriu uma crença de que letras representam sílabas
inteiras. As grafias silábicas são mais precisas retratando um resultado acidental de
dependência das crianças pequenas com os nomes das letras para escrever palavras no
início do desenvolvimento ortográfico. A maioria das letras nas grafias silábicas das
crianças consistiu de letras cujos nomes podiam ser ouvidos na pronúncia das palavras.
Conforme veremos a seguir, Ehri e Roberts (2006) destacam como deve ocorrer
o trabalho com o ensino das letras e da consciência fonêmica no início da aprendizagem
da leitura. Além disso, apresentaremos algumas pesquisas com importantes evidências
acerca da importância de ambas as aprendizagens.
Essas tarefas podem ser ensinadas oralmente ou com marcadores que podem ser
fornecidos para representar os fonemas que estão sendo manipulados. Esses marcadores
podem ser os dedos das mãos, fichas de jogos, imagens da boca articulando fonemas
particulares, ou letras do alfabeto que representam os fonemas manipulados. É
importante ressaltar que ensinar a consciência fonêmica é um meio para atingir o
objetivo do ensino da leitura e não um fim em si mesmo, ou seja, não é o ensino puro e
simples de fonemas que vai garantir a aprendizagem efetiva da leitura. Esse ensino
servirá de base forte para que a aprendizagem da leitura seja construída de forma sólida.
Um estudo realizado por Boyer e Ehri (2011) com crianças da Educação Infantil,
na fase pré-alfabética, teve como objetivo verificar se a instrução em consciência
fonêmica ajudaria a criança a mover-se para a fase alfabética parcial e a capacitá-la a ler
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 80
e escrever palavras. A hipótese das autoras era de que a intervenção com imagens
articulatórias (fotos de bocas) ajudaria a fixação de fonemas e grafemas na memória na
aprendizagem de palavras. Participaram do estudo 60 crianças de quatro e cinco anos.
Foram formados três grupos de crianças: no primeiro grupo as crianças receberam
instruções das correspondências de fonemas e segmentação fonêmica utilizando cartões
com letras; no segundo grupo as crianças receberam a mesma instrução que o primeiro
grupo recebeu e, além disso, foram ensinadas a segmentar palavras em fonemas com
imagens de articulação fonêmica; no terceiro grupo as crianças não receberam nenhuma
instrução.
Aprender as letras é uma difícil tarefa que envolve formas, nomes e sons a serem
aprendidos. Para isso, requer a aprendizagem de pedaços sem sentido e associações
arbitrárias, em que o exercício é necessário para alcançar o sucesso. Um exemplo dessas
associações arbitrárias e sem sentido pode ser: “TECO”, “PIPO”, “FAFI”, “PATOTE”
e outras. As crianças gostam de fazer essas formações porque acham engraçadas as
combinações e, isso, apesar de engraçado, ajuda muito na aprendizagem delas. As
experiências informais, como cantar músicas utilizando o alfabeto, manipular letras
magnéticas, ler livros com alfabeto, livros de histórias, aprender a escrever os nomes de
pessoas e a leitura de palavras impressas no ambiente, possibilitam o aprendizado das
letras.
Uma das atividades que podem originar o conhecimento do alfabeto pode ser a
leitura de histórias adulto-criança. Entretanto, segundo Ehri e Roberts (2006) alguns
resultados de estudos mostraram que os pais ou educadores e algumas crianças não
falavam sobre aquilo que estava impresso durante a leitura compartilhada de narrativas.
No momento da leitura, a atenção ficava voltada para os significados da história,
impossibilitando a oportunidade para aprender as letras.
Uma forma bastante presente no ambiente é a impressão dos nomes pessoais das
crianças que aparecem nos objetos da sala de aula. Comumente, os nomes aparecem
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 82
sozinhos, sem outros sinais que podem dispersar a atenção da criança, e isso faz com
que ela dê mais atenção à letra. Além do mais, as crianças são incentivadas a ler e a
escrever seus próprios nomes e os dos seus amigos, portanto, isso pode proporcionar
maior interesse em aprender as letras (Ehri & Roberts, 2006).
Roberts (2003) fez um estudo com dois grupos de crianças: as crianças do grupo
experimental participaram de 16 semanas de intervenção para aprender os nomes das
letras de A a P. As crianças do grupo-controle participaram da intervenção em
compreensão por meio de livros de histórias. Os resultados mostraram que as crianças
do grupo experimental conheciam mais nomes de letras do que as crianças do grupo
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 83
controle. Nesse mesmo estudo de 2003, Roberts, realizou uma tarefa de aprendizagem
“sight word” para verificar a transferência para a leitura. O delineamento do estudo foi o
mesmo usado por Ehri e Wilce (1985), que consistia em distinguir os leitores na fase
alfabética parcial. As crianças praticaram a leitura de dois tipos de palavras: uma leitura
era formada por grafias que não tinham a relação letra-som, por exemplo, CN – para
“Ball” (bola); a outra leitura tinha grafias fonéticas simplificadas cujas letras
representavam sons presentes nos nomes das letras, por exemplo, BL – para “Ball”
(bola). Roberts elaborou dois conjuntos de grafias fonéticas, com seis palavras em cada
um: um conjunto de grafias fonéticas (A-P), que as crianças tinham sido ensinadas e
outro conjunto (Q-Z), que as crianças não tinham aprendido.
Roberts (2003) observou que as crianças que não conheciam as letras (fase pré-
alfabética) conseguiram aprender melhor grafias visuais em comparação com as grafias
fonéticas. Já as crianças que estavam na fase alfabética parcial, aprenderam melhor as
grafias fonéticas. Dito de outro modo, as crianças do grupo que aprenderam o nome das
letras, aprenderam melhor a ler grafias fonéticas, escritas com as letras que tinham
aprendido (A-P), em comparação com as grafias fonéticas escritas com as letras que não
tinham aprendido (Q-Z) e melhor ainda, em comparação com as grafias visuais. Esse
achado indicou que o conhecimento das letras ajudou na transferência para a leitura. Já
as crianças do grupo controle aprenderam a ler grafias visuais melhor do que os dois
conjuntos de grafias fonéticas. Isso quer dizer que as crianças usaram sinais visuais
marcantes para ler as palavras, uma característica da fase pré-alfabética. A conclusão da
autora apontou para a forte evidência de relação causal do conhecimento dos nomes das
letras e o aumento da habilidade de leitura de palavra.
O planejamento do currículo voltado para esse tipo de ensino deve ser muito
cauteloso e ter muita clareza dos objetivos. O que as autoras salientam é que planejar
um currículo com metas definidas para a aprendizagem da leitura não significa que o
currículo será “engessado” e controlado, no qual as crianças ficarão sentadas
passivamente se ocupando com lápis e papel, apenas. As atividades desse currículo
devem ser lúdicas para a criança se divertir e aprender ativamente, por meio de jogos,
fantoches, quebra-cabeças e tantas outras atividades (Ehri & Roberts, 2006).
do processamento das relações letra-som nas palavras, elas são capazes de lembrar-se
disso com apenas algumas letras nas palavras, por exemplo, no início ou no final. Essa
percepção cria uma via de acesso ao léxico que contém informação visual-fonológica e,
como tal, permite que a criança possa recuperar a pronúncia da palavra da próxima vez
que visualizar sua escrita.
Por fim, esses resultados sugerem que o conhecimento das letras contribui para a
aquisição da leitura fornecendo uma base para a aquisição do sistema alfabético. Esses
resultados, assim como outros estudos, ostentam uma mensagem importante sobre o
início da aprendizagem da leitura: a instrução dos nomes das letras deve ser orientada
para ajudar as crianças a descobrir o princípio alfabético, ou seja, elas podem perceber
que as relações entre os nomes das letras grafadas correspondem às formas faladas das
palavras. Por se tratar de um sistema alfabético de escrita em que as letras representam
fonemas, é imprescindível que o ensino tenha como ponto de partida o conhecimento e
domínio do princípio alfabético, bem como focar o trabalho de modo que os aprendizes
possam manipular os fonemas.
3.6. Síntese
reconhecimento das palavras por falta de conhecimento com as letras e seus sons, o que
torna possível fazer as conexões.
Por isso, de acordo com Ehri (2005a) o conhecimento das letras e da consciência
fonêmica é essencial na aprendizagem da leitura. Antes mesmo do ensino formal da
consciência fonêmica a criança pode começar a aprender informalmente os fonemas,
por meio do reconhecimento das letras e seus nomes, juntamente com o fonema crítico
do nome. Posteriormente, o ensino explícito é necessário porque a criança não consegue
perceber a existência dos fonemas por conta própria.
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 88
4. Problema e objetivos
A consciência fonêmica, como já definida neste estudo, deve ser entendida como
a habilidade de ouvir e manipular os sons das palavras usadas na fala. A presença da
consciência fonêmica indica que o falante compreende que as palavras faladas e as
sílabas são constituídas por sequências de sons.
A presente pesquisa tem sua origem em trabalho anterior realizado por Nancy
Boyer, sob orientação de Linnea Ehri (Boyer & Ehri, 2011). Esse estudo, conforme
apresentamos no terceiro capítulo, foi realizado com 60 crianças falantes do inglês, que
não sabiam ler e escrever, mas possuíam conhecimento de letras. As crianças foram
ensinadas a segmentar palavras formadas por consoante-vogal (CV), vogal-consoante
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 90
Pergunta-se, também:
10
Com essa finalidade, entramos em contato com a Drª Linnea Ehri e com a Drª Nancy Boyer que,
gentilmente, nos enviaram os materiais para estudo.
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 91
5. Método
O currículo da escola está voltado, desde o maternal (um ano e oito meses) para
o contato com o mundo letrado de forma envolvente e lúdica. Com apoio de material
estruturado as crianças participam de jogos, brincadeiras, histórias e outros recursos. A
partir dos três anos, nível do maternal, as crianças iniciam o conhecimento do código
alfabético, e a escola desenvolve um trabalho chamado “evolução da escrita”, que tem
continuidade em todos os níveis de ensino (Infantil, Infantil I e Infantil II) até chegar à
alfabetização plena, no 1º ano do Ensino Fundamental.
11
Utilizaremos as letras CV para representar as pseudopalavras formadas por consoante-vogal; as letras VC para
representar as pseudopalavras formadas por vogal-consoante e as letras CVC para representar as pseudopalavras
formadas por consoante-vogal-consoante.
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 94
5.2.2. Pré-teste
VC = OL – AM – ES CV = VO – DI - ZA
Foi dito às crianças que as palavras utilizadas na atividade eram “malucas”. Elas
foram inventadas pela pesquisadora e não tinham significado, mas podiam ser escritas e
lidas quando as letras ficavam juntas. Não foi dito “pseudopalavra”, porque a criança
não saberia o significado desse termo e, por esse motivo, foi usado o termo “palavra
maluca”.
Nesta tarefa foram mostrados para a criança os movimentos da boca ao
pronunciar determinados sons. Em seguida, a pesquisadora disse as pseudopalavras (uma
de cada vez). Pediu à criança que repetisse a pseudopalavra dita e que retirasse as letras
usadas para escrever aquela palavra maluca. Por último, a criança tinha que retirar o
cartão com a imagem da boca correspondente à pronúncia de cada som da letra que
compunha a pseudopalavra. Por exemplo, na pseudopalavra “VO” a criança deveria
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 96
“Eu nunca vi isso, “Eu não sei. Nunca fiz “Eu não sei. Você me
não.” [referente à essa atividade na escola.” ensina?” [referente à
tarefa de [referente à tarefa de tarefa de segmentação]
segmentação] segmentação]
V O
O
O
O
“Eu não sei. A letra tem
som?” [referente à tarefa
de segmentação]
/v/= V /o/= O
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 97
VC = IM – IS - AL CV = JU – TI – MO
Seguem duas frases ditas pelas crianças durante a realização da tarefa de leitura:
VC = OM – AL – UZ VC = OM – AL – UZ
Foi excluída uma criança da amostra porque ela conseguiu segmentar, ler e
escrever todas as pseudopalavras, contrariando assim, os critérios de seleção, pelo qual
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 99
a) Modo de articulação
12
A pesquisa na qual nos apoiamos Boyer e Ehri (2011) utilizaram as consoantes B, D, F, K, L, M, N, P, S,
T, V, Z e as vogais A, E, O. Nesta pesquisa utilizamos as consoantes B, D, F, J, L, M, N, P, S, T, V, Z e todas as
vogais A, E, I, O, U. Acrescentamos, portanto, a consoante J, as vogais, I e U e retiramos a consoante K. A nossa
opção se deve ao fato de que essas letras são mais convenientes no Português do Brasil.
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 101
/ Ʒ /= J /l/= L
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 102
/m/= M /n/= N
/o/= O /u/= U
Material: cartões com fotos das bocas, espelho de mão e letras móveis.
Foi explicado a cada criança como ela iria brincar com o jogo:
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 104
Pesquisadora: “Hoje, no nosso jogo, vamos brincar com os sons. Você sabe
como os sons são feitos quando você fala? Coloque a mão na frente da sua boca e diga
seu nome. Você percebe o ar saindo da sua boca quando você fala seu nome? Quando
falamos, os sons saem da nossa boca formando um “arzinho” ou um “ventinho” que
conseguimos perceber quando colocamos a mão em frente à boca ou quando
colocamos o espelho. O espelho pode ficar embaçado. Vamos ver a sua boca no
espelho? Diga seu nome novamente e perceba.”
As letras móveis utilizadas durante todo o estudo ficaram dispostas sobre a mesa
para as crianças manusearem, conforme demonstrado na foto abaixo.
Foi explicado que as letras seriam divididas em quatro conjuntos para começar a
brincadeira. Inicialmente, a pesquisadora mostrou cada grupo de letras para a criança e,
depois, separou as letras de cada conjunto da seguinte forma:
conjunto 1: P, T, F, A.
conjunto 2: B, D, J, V, E.
conjunto 3: L, M, S, U.
conjunto 4: Z, I, N, O.
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 105
Aplicação do conjunto 1
Conjunto 1:Letras → P, T, F, A
Pesquisadora: “Eu tenho aqui algumas letras e quando falamos os nomes destas
letras produzimos sons. É com isso que vamos brincar OK?”
As fotos das bocas para os fonemas /p/, /t/, /f/, /a/ foram colocadas sobre a mesa,
próximas das letras do conjunto 1.
“Eu vou dizer alguns sons e mostrar a você algumas fotos da boca dizendo esses
sons. Quero ensinar a você qual é a imagem que mostra como a boca fica quando diz o
som. Vamos começar: essa primeira foto é de uma boca dizendo /p/.” ( a imagem da
boca foi colocada em frente à criança).
“Agora, vamos olhar no espelho para você ver como fica a sua boca ao dizer
/p/. Olhe como seus lábios ficam fechados e como depois você empurra o ar para fora.
Agora coloque a mão em frente à sua boca, repita o som /p/ e perceba o que acontece”
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 106
(Foi chamada a atenção da criança para os lábios. A criança foi incentivada a explicar o
que ia verificando). “Vamos olhar para esta outra foto da boca dizendo /t/.” (a imagem
da boca foi colocada em frente à criança). “Olhe no espelho e diga /t/ e perceba o que
sua boca faz quando você diz /t/. A ponta da língua “bate” no céu da boca. Olhe de
novo para sua boca e veja a sua língua batendo na parte de cima do céu da boca.
Conseguiu perceber? A próxima foto é de uma boca dizendo /f/. Vamos fazer a mesma
coisa que fizemos com as outras imagens e sons?”
Após a intervenção ter sido feita com cada uma das letras do conjunto 1, foi
verificado se a criança compreendeu. Foi feita a avaliação da intervenção com as
anotações das respostas de cada criança. Durante os exercícios, foi feita a comparação
entre as imagens das bocas, com semelhanças e diferenças. A criança foi orientada a
pensar sobre o que sentia sua boca fazendo quando dizia um determinado som, ou seja,
se a boca ficava aberta ou fechada, onde ficava a língua, se os dentes tocavam os lábios,
enfim, foram feitos vários comentários com as percepções que elas tinham.
Aplicação do Conjunto 2
As fotos com as imagens das bocas para os fonemas /b/, /d/, / Ʒ /, /v/, /e/ foram
colocadas sobre a mesa, assim como as letras do conjunto 2.
/b/= B /d/= D / Ʒ /= J
/v/= V /e/= E
“O jogo é o mesmo, mas agora vou mostrar outros sons a você. Vamos
observar as fotos da boca dizendo esses sons. Quero ensinar a você qual é a imagem
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 108
que mostra como a boca fica quando diz o som. Vamos começar: esta primeira foto é de
uma boca dizendo /b/.”
“Agora, vamos olhar no espelho para você ver como fica a sua boca ao dizer
/b/. Perceba que seus lábios ficam juntos e depois você empurra o ar através dos seus
lábios. Agora coloque a mão em frente à sua boca e repita o som /b/ e perceba o que
acontece.”
“Agora, vamos olhar para esta outra foto da boca dizendo /d/.”
“Olhe no espelho e diga /d/ e perceba o que sua boca faz quando você diz /d/.
A ponta da língua “bate” nos dentes. Olhe de novo para sua boca e veja a sua língua
batendo nos dentes de cima. Conseguiu perceber? A próxima foto é de uma boca
dizendo /v/. Vamos fazer a mesma coisa que fizemos com as outras imagens e sons?”
Preste atenção como a boca fica quando falamos a letra V: os dentes ficam
descansando no lábio inferior com o ar escapando.”
“Bom, a próxima foto é esta dizendo /e/. Quando falamos a letra E a nossa
língua fica descansando na parte debaixo da boca e a boca fica meio aberta, como se
estivesse “querendo sorrir”. Vamos olhar no espelho? A última foto é da boca dizendo/
Ʒ/. Perceba que o som sai por um biquinho na sua boca”.
Após a intervenção ter sido feita com cada uma das letras do conjunto 2, foi
verificado se a criança compreendeu. Foi feita a avaliação da intervenção com as
anotações das respostas de cada criança. Durante os exercícios, foi feita a comparação
entre as imagens das bocas, com semelhanças e diferenças. A criança foi orientada a
pensar sobre o que sentia sua boca fazendo quando dizia um determinado som, ou seja,
se a boca ficava aberta ou fechada, onde ficava a língua, se os dentes tocavam os lábios,
enfim, foram feitos vários comentários a respeito das percepções dela.
Aplicação do conjunto 3
Conjunto 3: Letras → L, M, S, U
Foram definidas as imagens das bocas para os fonemas /l/, /m/, /s/, /u/ e
colocadas sobre a mesa, assim como as letras do conjunto 3.
“Continuando nosso jogo eu vou dizer mais alguns sons para você. O jeito de
jogar é o mesmo: eu digo alguns sons e mostro a você as fotos da boca dizendo esses
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 110
sons. Quero ensinar a você qual é a imagem que mostra como a boca fica quando diz o
som. Vamos começar: esta primeira foto é de uma boca dizendo /l/.”
“Agora, vamos olhar no espelho para você ver como fica a sua boca ao dizer
/l/. Perceba que sua boca fica aberta com a ponta da língua levantada. Agora olhe no
espelho e veja o que acontece”.
“Agora, vamos olhar para esta outra foto da boca dizendo /m/. Veja como a
boca fica com os lábios fechados.”
“Olhe no espelho, diga /s/ e perceba que a boca fica meio aberta com a parte de
trás da língua encostando no começo da garganta.”
“Conseguiu perceber? Agora veja a foto da boca dizendo /u/. Perceba que a
boca fica meio fechada com os dentes aparecendo e o ar escapando.”
“A próxima foto é esta, com a boca dizendo /s/. “Perceba que seus lábios ficam
meio abertos mostrando os dentes com o ar escapando entre eles.”
Após a intervenção ter sido feita com cada uma das letras do conjunto 3, foi
verificado se a criança compreendeu. Foi feita a avaliação da intervenção com as
anotações das respostas de cada criança. Durante os exercícios, foi feita a comparação
entre as imagens das bocas, com semelhanças e diferenças. A criança foi orientada a
pensar sobre o que sentia sua boca fazendo quando dizia um determinado som, ou seja,
se a boca ficava aberta ou fechada, onde ficava a língua, se os dentes tocavam os lábios,
enfim, todas as percepções sentidas por ela.
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 111
“Vamos ver se você ficou craque nisso? Eu vou dizer os sons e você me mostra
as letras que correspondem aos sons que eu falei, OK?”
Aplicação do conjunto 4
Conjunto 4: Letras → Z, N, I, O
Foram definidas as imagens das bocas para os fonemas /z/, /n/, /i/, /o/ e
colocadas sobre a mesa, assim como as letras do conjunto 4.
Apesar de o jogo continuar com as mesmas regras, foi retomado com cada
criança.
“Bom, para terminar esta parte do jogo vou falar mais quatro sons para você e
mostrar algumas fotos da boca dizendo esses sons. Quero ensinar a você qual é a
imagem que mostra como a boca fica quando diz o som. Vamos começar: esta primeira
foto é de uma boca dizendo /z/.”
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 112
“Agora, vamos olhar no espelho para você ver como fica a sua boca ao dizer
/z/. Perceba que seus lábios ficam meio abertos mostrando os dentes com o ar
escapando entre eles. Agora coloque a mão em frente à sua boca e repita o som /z/ e
perceba o que acontece.”
“Agora, vamos olhar para esta outra foto da boca dizendo /n/. Veja como a
boca fica meio aberta com a ponta da língua levantada e batendo no céu da boca.”
“Olhe no espelho e diga /n/ e perceba o que sua boca faz quando você diz /n/. A
ponta da língua “bate” no céu da boca. Olhe de novo para sua boca e veja a sua língua
batendo na parte de cima do céu da boca. Conseguiu perceber? A próxima foto é de
uma boca dizendo /o/. Vamos fazer a mesma coisa que fizemos com as outras imagens e
sons? Veja como a boca fica meio aberta de forma arredondada, sem mostrar os
dentes, quando dizemos o som /o/”
“A próxima foto é de uma boca dizendo /i/. Vamos fazer a mesma coisa que
fizemos com as outras imagens e sons? Veja o que acontece quando dizemos o som /i/”.
Após a intervenção ter sido feita com cada uma das letras do conjunto 4, foi
verificado se a criança compreendeu. Foi feita a avaliação da intervenção com as
anotações das respostas de cada criança. Durante os exercícios, foi feita a comparação
entre as imagens das bocas, com semelhanças e diferenças. A criança foi orientada a
pensar sobre o que sentia sua boca fazendo quando dizia um determinado som, ou seja,
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 113
se a boca ficava aberta ou fechada, onde ficava a língua, se os dentes tocavam os lábios,
enfim, todas as percepções sentidas por ela.
“Vamos ver se você ficou craque nisso? Eu vou dizer os sons e você me mostra
as letras que correspondem aos sons que eu falei, OK?”
Material: cartões com fotos das bocas, espelho de mão e letras móveis.
VC → IM – AL – EL – US – VC → BO – SU – JO – NE –
IS ZA – MA – VA - TA
– OM - ES - OL
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 114
Nesta sessão foi iniciado o trabalho com as junções das letras para a formação de
pseudopalavras e a segmentação das pseudopalavras formadas.
“O nosso próximo jogo tem sons, palavras malucas e imagens de bocas. Eu vou
dizer algumas palavras, só que umas palavras têm significados e outras são malucas.
Essas palavras malucas podem ser lidas e escritas, mas não significam nada, como já
vimos em outro dia. Você se lembra? Nosso trabalho é prestar bastante atenção nos
sons que ouvimos quando dizemos a palavra. Vamos pensar como a nossa boca se
movimenta quando dizemos a palavra? Vou mostrar um exemplo: A palavra “US” tem
dois sons /u/, /s/. Vamos encontrar as duas fotos para mostrar como nossa boca se
movimenta para dizer esses dois sons.” (A pesquisadora formou a pseudopalavra “US”
com as letras móveis).
“Quando eu digo “US" o primeiro som é /u/. A minha boca fica meio aberta,
parecendo com um “bico”. Aqui está a imagem da boca dizendo /u/. O próximo som da
palavra “US” é /s/. Quando eu digo /s/ meus lábios ficam meio abertos mostrando os
dentes com o ar escapando entre eles. O nosso jogo é desse jeito: você fala a palavra e
depois mostra a foto da boca com o movimento que ela faz quando diz cada som da
palavra.”
Isso foi feito até que todos os sons fossem identificados e as respostas
registradas. Antes de fornecer feedback foi permitido que a criança terminasse a palavra
inteira. Se correto: “Está certinho”. Se incorreto: “Foi uma boa tentativa, mas vamos
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 115
olhar no espelho e dizer as palavras novamente?” O primeiro som é /u/. Aqui está a
foto da boca dizendo /u/.”
A foto foi colocada em frente à criança para que ela visse a boca pronunciando a
letra. O mesmo procedimento foi feito diante do espelho. Se a criança apresentava
dificuldade a ajuda foi dada da seguinte forma: “qual é o primeiro som? Que letra
representa esse som? Qual é o som que vem depois? Qual letra representa esse som?”
Isso foi feito até que todos os sons da pseudopalavra fossem identificados. As
respostas foram registradas. Se correto: “Está certo, muito bem.” Se incorreto: “Foi
uma boa tentativa, mas vamos ver as letras que você separou e vamos repetir os sons
novamente?”
Importante: Esse procedimento foi feito com todo o conjunto das dezesseis
pseudopalavras CV/VC até que a criança pudesse segmentar oito pseudopalavras
corretamente, sem auxílio.
U S
/u/ = U /s/= S
Vejamos, abaixo, algumas fotos tiradas durante uma sessão de intervenção com
duas crianças que tinham autorização para serem fotografadas.
“O nosso próximo jogo tem sons, palavras e as imagens de bocas. Eu vou dizer
algumas palavras. O nosso trabalho é prestar bastante atenção nos sons que ouvimos
quando dizemos a palavra. Vamos pensar como a nossa boca se movimenta quando
dizemos a palavra? Vou mostrar um exemplo: A palavra “ABO” tem três sons /a/, /b/,
/o/. Vamos encontrar as três fotos para mostrar como nossa boca se movimenta para
dizer esses três sons.”
“Quando eu digo “ABO” o primeiro som é /a/. A minha boca fica aberta e eu
posso ver a minha língua. Aqui está a imagem da boca dizendo /a/. Perceba a boca
aberta e a língua. O próximo som da palavra “ABO” é /b/. Quando eu digo /b/ meus
lábios ficam fechados e depois se abrem rapidamente, sem mostrar os dentes e a língua.
O próximo som da palavra “ABO” é /o/. A boca fica meio aberta de forma
arredondada, sem mostrar os dentes. O nosso jogo é desse jeito: você fala a palavra,
depois mostra a foto da boca com o movimento que ela faz quando diz cada som da
palavra e depois pega as letras que representam cada som”.
registradas. Se correto: “Está certo, muito bem.” Se incorreto: “Foi uma boa tentativa,
mas vamos ver as letras que você separou e vamos repetir os sons novamente?”
“Agora eu entendi.
Ficou fácil de
novo!” [frase dita
após as instruções
da formação CVC].
Como veremos a seguir, a quarta sessão de intervenção foi uma revisão das
sessões anteriores para sistematizar os conhecimentos a respeito da segmentação
adquiridos pelas crianças.
Material: letras móveis, cartões com pseudopalavras, fotos das bocas e espelho
de mão.
VC = AL – AM – IS – OL – AN – CV = PI – TU – NA – FA – ZE –
US – OM – ES BO – SA – JO -
“Eu sei formar uma palavra com “AL”: A palavra “boca” em inglês se escreve
“MOUTH”, sendo que “OU” tem som
MALF, que é boca em inglês. Você sabia
de “AL” e “TH” tem som de “F”. Por
disso?” [durante a 3ª sessão de intervenção no isso a criança disse que conseguia
momento em que a pesquisadora estava formar “MALF” que é “boca” em inglês.
ensinando a formação da segmentação de
pseudopalavras CVC].
Foi explicado para a criança que ela brincou com os jogos para aprender a
prestar atenção nos sons que as letras representam. Por isso, esse último jogo era só para
rever tudo que ela aprendeu com as brincadeiras:
“Agora vamos rever as palavras que você aprendeu com nossas brincadeiras.
Eu vou misturar todas as palavras e você vai me dizer quantos sons consegue ouvir nas
palavras que eu disser. Depois, você vai mostrar quais são as letras que representam os
sons em cada palavra. Você deve pegar as letras que estão sobre a mesa, de acordo
com cada som da palavra e, também, a imagem da boca correspondente a cada som.”
“Eu aprendi que “A, E, I, O, U” são “Eu me lembro do “M” por causa da
vogais e quando você fala palavras bochecha que treme.” [durante a sessão
que começam com essas letras eu do pós-teste 1 no momento em que a
acho mais fácil.” [durante a sessão pesquisadora pediu para a criança ler a
do pós-teste 1 no momento em que a pseudopalavra “IM”].
pesquisadora pediu para a criança
escrever as pseudopalavras “OM”,
“AL”, UZ”].
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 122
5.2.4. Pós-testes 1 e 2
A pesquisadora disse às crianças que esta tarefa tinha uma diferença das outras
tarefas já realizadas: “eu vou escrever algumas palavras aqui e você tentará ler
essas palavras para mim. A diferença é que essas palavras não são malucas. Elas
existem mesmo. Vamos ver se você consegue ler? Se você não souber, me fale que
não sabe. Não tem problema, tudo bem?”
A pesquisadora disse às crianças que esta tarefa também tinha uma diferença das
outras tarefas já realizadas: “eu vou dizer algumas palavras e você tentará escrever
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 123
essas palavras para mim, usando as mesmas letras dos nossos jogos. A diferença é que
essas palavras não são malucas. Elas existem mesmo. Vamos ver se você consegue
escrever? Se você não souber, me fale que não sabe. Não tem problema, tudo bem?”
1 - - - - - - - - - - - - - -
2 - /a/ - - - - - - - - - - 1 4,2%
3 - - - - - - - - - - - - - -
4 - /a/ - - - - - - - - - - 1 4,2%
5 - /a/ - - - - - - - - - - 1 4,2%
6 - - - - - - - - - - - - - -
7 - /a/ - - - - - - - - - - 1 4,2%
8 - /a/ - - - - - - - - - - 1 4,2%
9 - - - - - - - - - - - - - -
10 - - - - - - - - - - - - - -
11 - - - - - - - - - - - - - -
12 - /a/ - - - - - - - - - - 1 4,2%
13 - - - - - - - - - - - - - -
14 - - - - - - - - - - - - - -
15 - - - - - - - - - - - - - -
16 - /a/ - - - - - - - - - - 1 4,2%
17 - /a/ - - - - - - - - - - 1 4,2%
18 - /a/ - - - - - - - - - - 1 4,2%
19 - /a/ - - - - - - - - - - 1 4,2%
20 - /a/ - - - - - - - - - - 1 4,2%
21 - /a/ - - - - - - - - - - 1 4,2%
Média 0,591
Desvio Padrão
0,503
(DP)
2 /o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/ /b/ /n/ /t/ /m/ /p/ /l/ 24 100%
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/ /o/ /e/ /o/ /o/ /i/ /e/
/s/ /l/ /s/ /l/ /s/ /s/
3 /o/ /ã/ /e/ /v/ /d/ /s/ /b/ /n/ /t/ /m/ /p/ /l/ 22 92%
/u/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/ /o/ /e/ /o/ /o/ /i/ /e/
/s/ /u/ /s/ /l/ /s/ /s/
4 /o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/ /b/ /n/ /t/ /m/ /p/ /l/ 24 100%
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/ /o/ /e/ /o/ /o/ /i/ /e/
/s/ /l/ /s/ /l/ /s/ /s/
5 /o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/ /b/ /n/ /t/ /m/ /p/ /l/ 23 96%
/u/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/ /o/ /e/ /o/ /o/ /i/ /e/
/s/ /l/ /s/ /l/ /s/ /s/
6 /o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/ /b/ /n/ /t/ /m/ /p/ /l/ 24 100%
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/ /o/ /e/ /o/ /o/ /i/ /e/
/s/ /l/ /s/ /l/ /s/ /s/
7 /o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/ /b/ /n/ /t/ /m/ /p/ /l/ 24 100%
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/ /o/ /e/ /o/ /o/ /i/ /e/
/s/ /l/ /s/ /l/ /s/ /s/
8 /o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/ /b/ /n/ /t/ /m/ /p/ /l/ 24 100%
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/ /o/ /e/ /o/ /o/ /i/ /e/
/s/ /l/ /s/ /l/ /s/ /s/
9 /o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/ /b/ /n/ /t/ /m/ /p/ /l/ 19 80%
/u/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/ /o/ /e/ /o/ /o/ /i/ /e/
/s/ /u/ /s/ /u/ /s/ /s/
/z/ /l/ /z/ /l/
10 /o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/ /b/ /n/ /t/ /m/ /p/ /l/ 21 88%
/u/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/ /o/ /e/ /o/ /o/ /i/ /s/
/n/ /s/ /l/ /s/ /l/ /s/ /i/
11 /o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/ /b/ /n/ /t/ /m/ /p/ /l/ 24 100%
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/ /o/ /e/ /o/ /o/ /i/ /e/
/s/ /l/ /s/ /l/ /s/ /s/
12 /o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/ /b/ /n/ /t/ /m/ /p/ /l/ 24 100%
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/ /o/ /e/ /o/ /o/ /i/ /e/
/s/ /l/ /s/ /l/ /s/ /s/
13 /o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/ /b/ /n/ /t/ /m/ /p/ /l/ 17 71%
/u/ /s/ /o/ /i/ /u/ /s/ /e/ /o/ /o/ /i/ /s/
/u/ /s/ /u/ /s/ /i/
/i/ /l/
14 /o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/ /b/ /n/ /t/ /m/ /p/ /l/ 19 80%
/u/ /u/ /s/ /o/ /i/ /u/ /o/ /e/ /o/ /o/ /i/ /e/
/o/ /s/ /u/ /s/ /u/ /s/ /s/
/i/
15 /o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/ /b/ /n/ /t/ /m/ /p/ /l/ 24 100%
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/ /o/ /e/ /o/ /o/ /i/ /e/
/s/ /l/ /s/ /l/ /s/ /s/
16 /o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/ /b/ /n/ /t/ /m/ /p/ /l/ 24 100%
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/ /o/ /e/ /o/ /o/ /i/ /e/
/s/ /l/ /s/ /l/ /s/ /s/
17 /o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/ /b/ /n/ /t/ /m/ /p/ /l/ 24 100%
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/ /o/ /e/ /o/ /o/ /i/ /e/
/s/ /l/ /s/ /l/ /s/ /s/
18 /o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/ /b/ /n/ /t/ /m/ /p/ /l/ 24 100%
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/ /o/ /e/ /o/ /o/ /i/ /e/
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 127
A correspondência entre a letra “S” e o fonema /s/ foi muito bem entendida pelas
crianças. Elas fizeram associação com o som emitido pela cobra “ssss”. Diante da
facilidade da associação as crianças gostaram muito de fazer os exercícios de
segmentação quando as pseudopalavras tinham o fonema /s/ no final: “ES”, “BOS”,
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 128
“TOS”, “PIS”, “LES”. A pseudopalavra “ES” foi segmentada corretamente por todas as
crianças. A pseudopalavra “BOS” foi segmentada como “BOSI” pela criança 1; a
criança 9 segmentou “BOSZ”; a criança 13 segmentou “BS” e a criança 1 segmentou
“BOSI”.
As pseudopalavras “NEL” e “MOL” também tiveram a troca dos fonemas /l/ por
/u/ para algumas crianças, assim como ocorreu com a pseudopalavra “OL”. As crianças
1 – 3 – 13 – 14 – 19 – 22 segmentaram “NEU”. A criança 9 segmentou “NEUL” e as
crianças 1 – 14 – 19 segmentaram “MOU”, para a pseudopalavra “MOL”. A criança 20
identificou os fonemas corretos e separou as letras corretas, mas escreveu “NLE” e
“MLO”. Possivelmente foi uma inversão por desatenção, visto que ela demonstrou
conhecimento quando pegou cada letra e cada imagem de articulação fonêmica.
3 /m/ 100%
/b/ /n/ /t/ /o/ /p/ /l/
/o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/
/o/ /e/ /o/ /l/ /i/ /e/ 24
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/
/s/ /l/ /s/ /s/ /s/
4 /m/ 100%
/b/ /n/ /t/ /o/ /p/ /l/
/o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/
/o/ /e/ /o/ /l/ /i/ /e/ 24
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/
/s/ /l/ /s/ /s/ /s/
5 /m/ 100%
/b/ /n/ /t/ /o/ /p/ /l/
/o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/
/o/ /e/ /o/ /l/ /i/ /e/ 24
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/
/s/ /l/ /s/ /s/ /s/
6 /m/
/n/ /o/
/b/ /t/ /p/ /l/
/o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/ /e/ /u/
/o/ /o/ /i/ /e/ 22 92%
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/ /u/ /l/
/s/ /s/ /s/ /s/
/l/
7 /m/
/b/ /n/ /t/ /o/ /p/ /l/
/o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/
/o/ /e/ /o/ /l/ /i/ /e/ 24 100%
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/
/s/ /l/ /s/ /s/ /s/
8 /m/
/b/ /n/ /t/ /o/ /p/ /l/
/o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/
/o/ /e/ /o/ /l/ /i/ /e/ 24 100%
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/
/s/ /l/ /s/ /s/ /s/
9 /m/
/n/
/o/ /a/ /b/ /t/ /o/ /p/ /l/
/e/ /v/ /d/ /s/ /e/
/u/ /m/ /o/ /o/ /u/ /i/ /e/ 20 83%
/s/ /o/ /i/ /u/ /u/
/l/ /n/ /s/ /s/ /l/ /s/ /s/
/l/
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 130
10 /m/
/n/ /o/
/b/ /t/ /p/ /l/
/o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/ /e/ /u/
/o/ /o/ /i/ /e/ 21 88%
/u/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/ /u/ /l/
/s/ /s/ /s/ /s/
/l/
11 /m/
/b/ /n/ /t/ /o/ /p/ /l/
/o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/
/o/ /e/ /o/ /l/ /i/ /e/ 24 100%
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/
/s/ /l/ /s/ /s/ /s/
12 /m/
/b/ /n/ /t/ /o/ /p/ /l/
/o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/
/o/ /e/ /o/ /l/ /i/ /e/ 24 100%
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/
/s/ /l/ /s/ /s/ /s/
13 /m/
/o/
/o/ /a/ /b/ /n/ /t/ /p/ /l/
/e/ /v/ /d/ /s/ /u/
/u/ /i/ /o/ /e/ /o/ /i/ /e/ 20 83%
/s/ /o/ /i/ /u/ /l/
/l/ /m/ /s/ /u/ /s/ /s/ /s/
14 /m/
/l/
/b/ /n/ /t/ /o/ /p/
/o/ /e/ /v/ /d/ /s/ /e/
---- /o/ /e/ /o/ /u/ /i/ 18 75%
/u/ /s/ /o/ /i/ /u/ /s/
/s/ /u/ /s/ /s/
/i/
15 /m/ 100%
/b/ /n/ /t/ /o/ /p/ /l/
/o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/
/o/ /e/ /o/ /l/ /i/ /e/ 24
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/
/s/ /l/ /s/ /s/ /s/
16 /m/ 24 100%
/b/ /n/ /t/ /o/ /p/ /l/
/o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/
/o/ /e/ /o/ /l/ /i/ /e/
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/
/s/ /l/ /s/ /s/ /s/
17 /m/ 24 100%
/b/ /n/ /t/ /o/ /p/ /l/
/o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/
/o/ /e/ /o/ /l/ /i/ /e/
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/
/s/ /l/ /s/ /s/ /s/
18 /m/ 24 100%
/b/ /n/ /t/ /o/ /p/ /l/
/o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/
/o/ /e/ /o/ /l/ /i/ /e/
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/
/s/ /l/ /s/ /s/ /s/
19 /m/ 24 100%
/b/ /n/ /t/ /o/ /p/ /l/
/o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/
/o/ /e/ /o/ /l/ /i/ /e/
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/
/s/ /l/ /s/ /s/ /s/
20 /m/ 24 100%
/b/ /n/ /t/ /o/ /p/ /l/
/o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/
/o/ /e/ /o/ /l/ /i/ /e/
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/
/s/ /l/ /s/ /s/ /s/
21 /m/ 24 100%
/b/ /n/ /t/ /o/ /p/ /l/
/o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/
/o/ /e/ /o/ /l/ /i/ /e/
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/
/s/ /l/ /s/ /s/ /s/
22 /m/ 24 100%
/b/ /n/ /t/ /o/ /p/ /l/
/o/ /a/ /e/ /v/ /d/ /s/
/o/ /e/ /o/ /l/ /i/ /e/
/l/ /m/ /s/ /o/ /i/ /u/
/s/ /l/ /s/ /s/ /s/
Média
22,864
DP
2,054
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 131
1 - - - - - - - - - - - - 0 0
2 - /a/ - - - - - - - - - - 1 4,2%
3 - - - - - - - - - - - - 0 0
4 - - - - - - - - - - - - 0 0
5 - - - - - - - - - - - - 0 0
6 - /a/ - - - - - - - - - - 1 4,2%
7 - - - - - - - - - - - - 0 0
8 - /a/ - - - - - - - - - - 1 4,2%
9 - /a/ - - - - - - - - - - 1 4,2%
10 - /a/ - - - - - - - - - - 1 4,2%
11 - - - - - - - - - - - - 0 0
12 - /a/ - - - - - - - - - - 1 4,2%
13 - /a/ - - - - - - - - - - 1 4,2%
14 - - - - - - - - - - - - 0 0
15 - - - - - - - - - - - - 0 0
16 - - - - - - - - - - - - 0 0
17 - - - - - - - - - - - - 0 0
18 - - - - - - - - - - - - 0 0
19 - - - - - - - - - - - - 0 0
20 - /a/ - - - - - - - - - - 1 4,2%
21 - - - - - - - - - - - - 0 0
Média 0,381
Desvio-Padrão
0,497
(DP)
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 132
7 /f/ - - - - - - - - - - - 0 0
11 - - - - - - - /d/ - /n/ - - 0 0
13 - /a/ - - - - - - - - - - 1 4,2%
18 - - - - /t/ /z/ - - - - - - 0 0
19 - - - - - - - - - - - - 0 0
20 /u/ /a/ /f/ - - /z/ /p/ /m/ - /n/ /b/ /v/ 1 4,2%
Média 0,666
Desvio Padrão
0,483
(DP)
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 133
Mais uma vez, observamos que o fonema /a/ foi o único identificado. No entanto,
no pós-teste 1 as crianças fizeram várias tentativas de segmentar as pseudopalavras em
fonemas. Algumas delas, como por exemplo, as crianças 1– 4 – 5 – 15 – 17 – 21 não
tinham conseguido verificar a correspondência entre a letra e o fonema no pré-teste.
Apesar de não terem participado das atividades de intervenção fonêmica essas crianças
continuaram com atividades de ensino voltadas à linguagem escrita. Então, mesmo com
um número pequeno de acertos, elas progrediram na identificação da correspondência
fonêmica.
Isso nos permite dizer que o ensino da linguagem escrita está ocorrendo e as
crianças estão começando a ficar sensíveis à percepção de que as letras representam
graficamente os fonemas. No caso do grupo de intervenção (GI), no pós-teste 1, as
crianças conseguiram identificar a correspondência entre letra e fonema em virtude de
terem recebido um ensino explícito e sistematizado sobre essa correspondência, o que
facilitou e acelerou a aprendizagem.
/t/ /d/
7 /v/ - - - - - /t/ /u/ /z/ /u/ /d/ /o/ - 0 0
/u/ /o/
8 - - - - - - - - - - - - 0 0
9 /u/ - - - - - - - - - - - 0 0
/a/ /f/ /v/ /f/ /p/ /m/ /b/ /n/ /u/ /m/ /d/
10 - /t/ 1 4,2%
/v/ /e/ /o/ /u/ /u/ /e/ /e/ /e/ /v/
11 - - - - - - - - - - - - 0 0
/z/
12 /t/ /a/ - - - - - - - - - 1 4,2%
/f/
/i/ /u/ /v/ /m/ /z/ /n/ /e/ /m/ /v/
13 - /a/ /f/ /t/ /u/ 1 4,2%
/f/ /f/ /o/ /o/ /u/ /u/ /u/ /d/
14 - - - - - - - - - - - - 0 0
/v/ /f/ /p/ /m/ /d/ /d/ /t/ 4,2%
15 /b/ /a/ - - /b/ /e/ 1
/z/ /a/ /u/ /a/ /e/ /f/ /o/
16 - /a/ - - - - - - - - - - 1 4,2%
19 - - - - - - - - - - - - 0 0
/z/ /p/ /d/ /b/ /m/ 1 4,2%
20 /u/ /a/ /f/ - - /t/ /d/ /z/ /u/
/u/ /u/ /e/ /e/ /l/
/f/ /d/ /z/ /a/ 1 4,2%
21 - /a/ - - - /p/ /i/ /m/ /i/ /f/ /e/
/u/ /u/ /o/ /o/
Média 0,667
Desvio
0,483
Padrão (DP)
03 - - - - TI MO - - - 4 22%
06 - - - TI MO - - - 4 22%
10 - - - - TI MO - - - 4 22%
15 - - - JU TI MO - - - 6 33%
17 - - - JU TI MO DE FA BO 6 33%
18 - - - JU TI MO - - - 6 33%
Média 3,273
Outra criança, depois de terminada a sessão disse que já tinha entendido e pediu
para escrever elefante13.
13
As fotos desta criança foram utilizadas porque a mãe é professora da escola e autorizou a divulgação para a
pesquisa.
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 138
Tabela 9 – Pós-teste 1 (GI) - Análise descritiva dos resultados na tarefa de leitura de 9 pseudopalavras
Média 16,682
01 MI IS LA JU TI MO DE FA BOL 12 67%
02 IM IS AL JU TI MO DE FA BOL 16 89%
03 MI IS LA JU TI MO DE FA BO(L) 13 72%
Média 16,773
Desvio-Padrão 2,159
(DP)
As crianças 4 – 5 – 6 – 7 – 8 – 10 – 11 – 12 – 15 – 16 – 17 – 18 – 19 – 20 – 21 -
22 tiveram 100% de acerto na leitura de pseudopalavras no pós-teste 2. Quando
olhamos os resultados dessas crianças no pós-teste 1 para analisarmos o desempenho
delas após uma semana do término das sessões de intervenção (pós-teste 2), as crianças
4 – 5 – 6 – 7 – 8 – 11 – 12 – 16 – 17 – 18 – 20 – 22, também tiveram 100% de acerto e
continuaram com a mesma pontuação no pós-teste 2.
Tabela 11 – Pós-teste 2 (GI) - Análise descritiva dos resultados na tarefa de leitura de 12 palavras reais
Média 22,455
Desvio 3,019
Padrão (DP)
As crianças 2 – 4 – 5 – 6 – 7 – 8 – 10 – 11 – 12 – 15 – 16 – 17 – 18 – 19 – 20 –
21 – 22 tiveram 100% de acerto. Isso nos permite dizer que essas crianças transferiram a
aprendizagem da leitura de pseudopalavras para a leitura de palavras reais.
Esse entendimento por parte da criança foi transferido para a leitura de palavras
reais. No entanto, foi curioso notar que as crianças tinham bastante familiaridade com
algumas palavras reais, como por exemplo, as palavras “FADA”, “MENINA” e
“BANANA”.
Dito de outro modo, quando as crianças viam essas palavras sobre a mesa já
faziam a leitura rapidamente e diziam que elas eram muito fáceis de ler. Quando
perguntadas sobre o motivo de tanta facilidade as crianças respondiam que essas
palavras aparecem muito nas fábulas, nas atividades que a professora realiza com elas e
nas histórias dos livros que têm nas classes. Essas palavras são normalmente vistas
pelas crianças desde os primeiros contatos com o mundo letrado.
Tabela 12 – Pré-teste (GC) - Análise descritiva dos resultados na tarefa de leitura de 9 pseudopalavras
07 - - - - - - - - - 0 0
11 - - - - - - - - - 0 0
14 - - - - - - - - - 0 0
16 - - - - - - - - - 0 0
18 - - - - - - - - - 0 0
21 - - - - - - - - - 0 0
Média 2,476
Tabela 13 – Pós-teste 1 (GC) - Análise descritiva dos resultados na tarefa de leitura de 9 pseudopalavras
03 - - - - - - - - - 0 0
07 - - - - - - - - - 0 0
14 - - - - - - - - 0 0
Média 3,333
Desvio-Padrão 2,781
(DP)
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 145
Esses dados nos permitem dizer que essas crianças evoluíram quando olhamos os
resultados do pré-teste e os resultados do pós-teste 1. Entretanto, a evolução é bem
menor quando comparada com a evolução do grupo de intervenção (GI). As crianças do
grupo controle (GC) não participaram das sessões de intervenção e, podemos creditar a
essas atividades de ensino a evolução do GI ter sido tão satisfatória.
A evolução das crianças do GC pode ser explicada pelo fato de terem continuado
realizando atividades voltadas à aprendizagem da linguagem escrita. O foco das
professoras não foi a instrução fonêmica como catalisadora da aprendizagem da
linguagem escrita. Contudo, o trabalho desenvolvido por elas também possibilita tal
aprendizagem, mesmo que de forma mais lenta.
03 - - - - - - - - - 0 0
0 6 33%
MI SI - JU TI MO D+E+N F+A+L B+O+L
6
07 - - - - - - - - - 0 0
15 MI SI - JU TI MO DE FA BO 6 33%
Média 3,810
Desvio-Padrão 2,822
(DP)
separadamente (J+U; T+I; M+O) e trocaram a posição das letras nas pseudopalavras
“IM”, “IS” e “AL”, para “MI”, “SI” e “LA”.
A criança 7 continuou sem pontuação porque nem tentou ler e quando foi pedido
para que tentasse, justificou:
Tabela 15 – Pós-teste 2 (GC) - Análise descritiva dos resultados na tarefa de leitura de 12 palavras reais
03 - - - - - - - - - - - - 0
07 - - - - - - - - - - - - 0
11 - - - - - MENINA - - - - - 2 8%
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 148
14 - - - - - - - - - - - - 0
17 - - - - - - - - - - - - 0
18 - - - - - - - - - - - - 0
20 - - - - - - - - - - - - 0
21 - - - - - - - - - - - - 0
Média 2,857
Desvio- 2,242
Padrão (DP)
Foi interessante verificar que as crianças não conseguiram ler as palavras reais
“EM”, “UM”, “BIFE”, “LEVE”, “VIDA”, “OS”, “AS”, “LÂMPADA” e “PAPEL”,
embora algumas crianças (1 – 2 – 4 – 5 – 6 – 8 – 9 – 10 – 11 – 12 – 13 – 15 – 16 – 19)
tenham conseguido ler as palavras “FADA”, “MENINA” e “BANANA”.
Uma das crianças ficou olhando atentamente para cada palavra e disse não saber
lê-la. Quando viu a última palavra disse:
“Agora eu entendi porque não
consigo ler: da outra vez que
eu vim aqui você me mostrou
palavras com duas letras e eu
sabia só um pouco, mas essas
grandonas eu não sei, não!”
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 149
Nos reportamos à teoria de Ehri (2005) com relação à conexão que as crianças
fazem com o significado, as características visuais e a representação simbólica das
palavras substituindo a conexão letra-som que ainda não são capazes de fazer. Por isso,
leram “FADA”, “MENINA” e “BANANA”.
01 O AI U AI NE ZA I A OSZ 4 22%
02 O A USI - NE ZA - A O 5 28%
04 - - - - - - - - - 0 0
05 O A USI AU NE ZA I A O 5 28%
06 - - - - - - - - - 0 0
07 OU A USI A NE ZA - - - 6 33%
08 OU A USI AT NE ZA I A O 6 33%
10 - - - - - - - - - 0 0
11 OU A U A NE ZA I A - 5 28%
14 OU A U A EE ZA I - O 2 11%
15 - - UI AO NE ZA - - - 4 22%
17 O - - - NE ZA I A O 4 22%
19 - A UI AU NE ZA I A O 4 22%
21 - - - - NE ZA - A O 4 22%
Média 3,00
Tabela 17 – Pós-teste 1 (GI) - Análise descritiva dos resultados na tarefa de escrita de 9 pseudopalavras
Média 14,77
Tabela 18 – Pós-teste 2 (GI) - Análise descritiva dos resultados na tarefa de escrita de 9 pseudopalavras
Média 15,05
Tabela 19– Pós-teste 2 (GI) - Análise descritiva dos resultados na tarefa de escrita de 12 palavras reais
01 EIM OSI UM NADA DEO SAPO TAU SAL SOUM FEISTA SPATO ZBDO 16 67%
02 EM OS UM NADA DEDO SAPO TATU SAL SOM FESTA SAPATO ZUMBIDO 24 100%
03 EM OS UM NADA DEDO SAPO TATU SAL SOM FESTA SAPATO ZBIDO 23 96%
04 EM OS UM NADA DEDO SAPO TATU SAL SOM FESTA SAPATO ZUMBIDO 24 100%
05 EM OS UM NADA DEDO SAPO TATU SAL SOM FESTA SAPATO ZUMBIDO 24 100%
06 EM OS UM NADA DEDO SAPO TATU SAL SOM FESTA SAPATO ZUMBIDO 24 100%
07 EM OS UM NADA DEDO SAPO TATU SAL SOM FESTA SAPATO ZUMBIDO 24 100%
08 EM OS UM NADA DEDO SAPO TATU SAL SOM FESTA SAPATO ZUMBIDO 24 100%
09 EM OS UM NADA DEDO SAPO TATU SAL SOUM FESITA SPATO ZUBDO 20 83%
10 EM OS UM NADA DEDO SAPU TATU SAL SOUM FESTA SAPATO ZBIDO 21 88%
11 EM OS UM NADA DEDO SAPO TATU SAL SOM FESTA SAPATO ZUMBIDO 24 100%
12 EM OS UM NADA DEDO SAPO TATU SAL SOM FESTA SAPATO ZUMBIDO 24 100%
13 EIM OS UM NDA DDO SPO TAU SAUL SOUM FETA SPTO ZBDO 14 58%
14 EM OS UM NAA DEDO SPO ATU SAU SOU FESITA SAPTO ZULBIDO 16 67%
15 EM OS UM NADA DEDO SAPO TATU SAL SOM FESTA SAPATO ZUMBIDO 24 100%
16 EM OS UM NDA DEO SAPO TATU SAL SOUM FESTA SPATO ZULBIDO 19 79%
17 EM OS UM NADA DEDO SAPO TATU SAL SOM FESTA SAPATO ZUMBIDO 24 100%
18 EM OS UM NADA DEDO SAPO TATU SAL SOM FESTA SAPATO ZUMBIDO 24 100%
19 EM OS UM NADA DEDO SAPO TATU SAL SOM FESTA SAPATO ZUBIDO 23 96%
21 EM OS UM NADA DEDO SAPO TATU SAL SOM FESTA SAPATO ZUMBIDO 24 100%
22 EM OS UM NADA DEDO SAPO TATU SAL SOM FESTA SAPATO ZUMBIDO 24 100%
Média 22,182
Desvio- 3,142
Padrão
(DP)
As crianças 2 – 4 – 5 – 6 – 7 – 8 – 11 – 12 – 15 – 17 – 18 – 20 – 21 – 22
conseguiram escrever todas as palavras reais da tarefa. As crianças 1 e 13 escreveram
“EIM” na palavra “EM”. As demais escreveram corretamente.
A palavra “NADA” foi escrita como “NDA” pelas crianças 13 e 16. A criança 14
escreveu “NAA”. As crianças 1 e 16 escreveram “DEO” para a palavra “DEDO”. A
criança 13 escreveu “DDO”.
A palavra “SAPO” foi escrita como “SPO” pelas crianças 13 e 14. As crianças 1
– 13 e 14 escreveram a palavra “TATU” da seguinte forma: “TAU”, “TAU” e “ATU”,
respectivamente.
A palavra “SAL” foi escrita como “SAUL” pela criança 13 e como “SAU” pela
criança 14. As crianças 1 – 9 – 10 – 13 – 16 escreveram a palavra “SOM” como
“SOUM”. A criança 14 escreveu “SOU” para esta palavra.
Tabela 20 – Pré-teste (GC) - Análise descritiva dos resultados na tarefa de escrita de 9 pseudopalavras
01 O AU U AI ENE ZA I A O 4 22%
02 OU AU U A NE - I A - 4 22%
03 - - - - - - - - - - 0
05 - AU - - NE ZA - A O 5 28%
06 - AUAU UI AT NE ZA I A O 5 28%
07 - - - - - - - - 0
08 OU AU U A ENE ZA - - - 5 28%
09 - - - - NE ZA I A O 4 22%
11 - - - - - - - - 0
12 - - - - - - - 22%
NE ZA
4
13 OU A U A NE ZA I - - 5 28%
14 - - - - - - - -
16 - - - - - - - - - - 0
17 - - - - - - - - - - 0
18 - - - - - - - - - - 0
19 O AU U AB N ZA I A O 4 22%
20 - AU - - NE ZA - - - 5 28%
21 O AU U AP N ZA I - O 4 22%
Média 2,67
Podemos notar que assim como algumas crianças do grupo de intervenção (GI),
nesse grupo, também, encontramos crianças que conseguiram identificar as vogais das
pseudopalavras formadas por VC (“OM”, “AL”, “UZ”, “AS”). As crianças 1 – 2 – 4 – 5
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 158
Tabela 21 – Pós-teste 1 (GC) - Análise descritiva dos resultados na tarefa de escrita de 9 pseudopalavras
01 O AU U AI NE ZA - A O 5 28%
02 OU AU UI AP NE ZA I A O 6 33%
03 - - - - - - - 0 0
04 OU AU UF AII NE ZA I A O 6 33%
05 - AU UF A NE ZA I A O 5 28%
06 O AU U AF NE ZA I A O 5 28%
07 - - - - - - - - - 0 0
08 OU AU U AI NE ZA - - - 6 33%
09 - - - - NE ZA - A O 4 22%
10 O AU UF AF NE ZA - - - 5 28%
11 - - - - N Z - - - 0 0
12 - - - - NE ZA - - - 4 22%
13 OU AU UI AI NE ZA I A OI 6 33%
14 - - - - - - - - - 0 0
15 OU AU - AIF NE ZA IM AI - 6 33%
16 - - - - NE ZA - - - 0 0
17 - - - - - - - - - 0 0
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 159
18 - - - - - - - - - 0 0
19 OU AU UI AI NE ZA - AI OT 6 33%
20 OU AU UF AIF NE ZA - - - 6 33%
21 OU AU U AI NE ZA I A O 6 33%
Média 3,62
Observamos que as 1 – 2 – 4 – 5 – 6 – 8 – 9 – 10 – 12 – 13 – 15 – 19 – 20 – 21
escreveram as pseudopalavras “NE” e “ZA” corretamente. As crianças 3 – 7 – 14 – 17 –
18 não tentaram escrever. A criança 11 tentou escrever utilizando as letras iniciais “N”
para “NE” e “Z” para “ZA”.
Tabela 22 – Pós-teste 2 (GC) - Análise descritiva dos resultados na tarefa de escrita de 9 pseudopalavras
01 O AU U AI NE ZA SI BA OOU 7 39%
03 - - - - - - - - - 0 0
04 OU AU U A NE ZA SIO A BU 7 39%
05 OU AU U AI NE ZA I A O 6 33%
07 - - - - - - - - - 0 0
08 OU AU U A NE ZA - - - 6 33%
09 - - - - NE ZA IIU AB BU 4 22%
10 OU AU U A NE ZA - - - 6 33%
11 - - - - - - - - - 0 0
12 OU AU - - NE ZA - - - 6 33%
14 - - - - - - - - - 0 0
16 - - - - NE ZA - - - 4 22%
18 - - - - - - - - - 0 0
20 OU AU UI AI NE ZA - - - 6 33%
Média 4,67
As crianças 1 – 2 – 4 – 5 - 6 – 8 – 9 – 10 – 12 – 13 – 15 – 16 – 17 - 19 – 20 – 21
tiveram pequenas evoluções. As crianças 1 – 2 – 4 – 6 – 13 começaram a identificar as
pseudopalavras com formação CVC. A criança 1 escreveu “SI” para “SIL” e “BA” para
“BAS”. A criança 2 escreveu “SIU” para “SIL”, “BAI” para “BAS” e “BAUO” para
“BOL”. A criança 4 escreveu “SIO” para “SIL” e “BU” para “BOL”. A criança 6
escreveu “SIU” para “SIL” e “BAU” para “BAS”. A criança 13 escreveu “SIU” para
“SIL” e “BAA” para “BAS”.
Tabela 23 – Pós-teste 2 (GC) - Análise descritiva dos resultados na tarefa de escrita de 12 palavras reais
03 - - - - - - - - - - - - -
06 - - - DA DDO AO AU - - - - - 4 17%
07 - - - - - - - - - - - - -
11 - - - - - - - - - - - - -
13 - - 1 AA EO AO AU - - - - - 4 17%
14 - - - - - - - - - - - - -
Média 4,571
Desvio - 2,58
Padrão (DP)
Foi curioso notar que as palavras formadas por vogal-consoante (VC) “EM”,
“OS” e “UM” não foram escritas por nenhuma criança. Na palavra “UM” as crianças 1
– 9 – 17 não escreveram por extenso a palavra “UM”, mas colocaram o algarismo “1”.
A criança 9 justificou:
A palavra “FESTA” foi escrita como “EA” pelas crianças 2 e 16. A criança 5
escreveu como “VTA”. As crianças 8 e 15 escreveram como “FTA” e as crianças 12 e
18 escreveram como “ETA”. A criança 18 fez o seguinte comentário:
Por meio da escrita dessas crianças podemos nos reportar à teoria de fases de
Ehri (1992, 2005), segundo a qual a primeira manifestação da compreensão de que as
letras representam o discurso, consiste em grafias que representam sons na pronúncia
das palavras com as letras foneticamente apropriadas.
De acordo com a escrita das crianças do grupo controle (GC) podemos concluir
que elas estão na fase de transição entre a fase pré-alfabética e a fase alfabética parcial.
Dito de outro modo, essas crianças não receberam as intervenções fonêmicas, mas
continuaram aprendendo a linguagem escrita planejadas pelas professoras.
Como foi possível verificar por meio dos resultados apresentados antes da
intervenção, as crianças dois grupos obtiveram resultados muito semelhantes na
segmentação de pseudopalavras. Após a intervenção as crianças do (GI) aprenderam as
correspondências entre letras e fonemas e, portanto, foram capazes de segmentar as
pseudopalavras em fonemas de forma muito eficiente. Foi possível notar que as imagens
de articulação fonêmica foram um apoio bastante significativo para as crianças porque
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 165
ocorrendo para essas crianças, porém, de forma bem mais lenta em comparação com as
crianças que participaram das atividades de explicitação fonêmica.
Segmentação de Pseudopalavras
Como se vê na Tabela 24, por meio da ANOVA (F= 2,63= 904,62, p<0,001), as
médias do GI foram: M= 0,591, no pré-teste; M= 22,000, no pós-teste 1 e M= 22,864,
no pós-teste 2. Isso mostra que as atividades de intervenção foram altamente eficientes
para o aprendizado das crianças. A redução do desvio padrão (DP) do pós-teste 1 (DP=
2,673) para o pós-teste 2 (DP= 2,054) também evidencia a consistência do aprendizado,
porque mostra a diminuição da variação dos resultados. Chama a atenção, o valor do
desvio padrão DP= 0,503 no pré-teste ter sido da mesma amplitude da média M= 0,591.
Isso ocorreu porque a variação de desempenho de uma criança para outra foi grande.
0,503 no pré-teste ter sido da mesma amplitude da média M= 0,591. Isso ocorreu
porque a variação de desempenho de uma criança para outra foi grande.
O valor de R²= 96,53%, demonstrado por ANOVA foi bastante alto, ou seja,
próximo de 100%, indicando que o modelo foi bastante explicativo, isto é, as atividades
utilizadas durante as sessões de intervenção foram muito eficientes na aprendizagem das
crianças. No Gráfico 1(Boxplot) observamos a representação gráfica da ANOVA.
Esse tipo de análise indica a média e a variância do grupo nos três momentos:
pré-teste, pós-teste 1 e pós-teste 2. Foi possível notar que a representação traz caixas
(Box) que indicam a amplitude dos dados, ou seja, quanto maior o tamanho da caixa
maior a amplitude dos resultados. A segmentação, representada no Gráfico 1, apresenta
a média M= 0,591, com o desvio padrão de DP= 0,503, no pré-teste; a média M=
22,000 com o desvio padrão de DP= 2,673, no pós-teste 1 e a média M= 22,864 com o
desvio padrão de DP= 2,054, no pós-teste 2. Observamos que os desvios foram
diminuindo na medida em que as médias aumentaram. Esses dados indicam que a
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 171
variação dos resultados foi pequena, isto é, o grupo de crianças teve uma aprendizagem
mais homogênea.
O P-Value foi de P=0,000. Quando esse valor é menor que 0,05 indica que houve
grande diferença estatística entre os três momentos de análise (pré-teste, pós-teste 1 e
pós-teste 2).
Leitura de pseudopalavras
A ANOVA nos mostra o R²= 87,71%, um valor bastante alto. Isso indica que o
modelo foi bastante explicativo, isto é, as atividades utilizadas durante as sessões de
intervenção foram muito eficientes na aprendizagem da leitura de pseudopalavras das
crianças.
O valor de P-Value foi de P=0,000, menor que 0,05 o que significa dizer que
houve grande diferença estatística entre os três momentos de análise.
Escrita de pseudopalavras
O valor de R² foi bastante alto R²= 90,75%, apontado pela ANOVA, o que indica
que as atividades de ensino utilizadas nas sessões de intervenção foram muito eficientes
na aprendizagem da leitura de pseudopalavras das crianças.
Notamos que as crianças tiveram uma grande evolução do pré-teste para o pós-
teste 1. Do pós-teste 1 para o pós-teste 2 houve evolução, mas bem menor quando
comparada com a evolução do pré-teste para o pós-teste 1. Isso mostra que as atividades
de intervenção foram altamente eficientes no período compreendido entre o pré-teste e o
pós-teste 1. O período entre o pós-teste 1 e o pós-teste 2 as crianças praticamente
mantiveram a aprendizagem que já havia sido adquirida durante o período das
atividades de intervenção.
Segmentação de pseudopalavras
Tabela 25 - Médias e ANOVA do grupo controle (GC) nas tarefas de segmentação fonêmica,
leitura de pseudopalavras e escrita de pseudopalavras no pré-teste, pós-teste 1 e pós-teste 2 (GI)
O valor de R² foi muito baixo R²= 4,32%, apontado pela ANOVA. Isso significa
que não há diferença estatística significativa entre as amostras, ou seja, como o desvio
padrão foi muito grande, a variação de pontuação de cada um dos momentos faz os
resultados se interseccionarem, eliminando diferenças significativas entre eles.
Leitura de pseudopalavras
25
20
15
Data
10
Pontos
Pré-teste Pontos_1 1
Pós-teste Pontos_2 2
Pós-teste
Escrita de pseudopalavras
variação dos resultados foi bastante alta. As crianças não participaram das atividades de
intervenção fonêmica, mas continuaram com atividades de ensino da linguagem escrita
planejadas e aplicadas pelas professoras. Por isso, elas tiveram uma pequena evolução
nas avaliações do pós-teste 1 e no pós-teste 2.
O valor de R² foi muito baixo R²= 2,904%, apontado pela ANOVA. Isso significa
que não houve diferença estatística significativa. O desvio padrão de cada um dos três
momentos foi muito grande e a variação das pontuações permitiu a intersecção dos
resultados, o que excluiu a diferença significativa entre eles.
Reportemos-nos, aqui, ao que diz Frith (1985), segundo a qual a escrita permite a
criação de grafias e isso possibilita à criança prestar atenção aos sons das palavras e a
ligação deles com as letras. De acordo com a autora, a escrita, e não a leitura pode ser o
estímulo para a fase alfabética parcial. Com a possibilidade de criação de grafias a
criança começa a codificar e passa a usar as relações letra-som para decodificar as
palavras.
Na comparação dos resultados das crianças dos dois grupos: intervenção (GI) e
controle (GC) na tarefa de segmentação de pseudopalavras do pré-teste, podemos
observar que as crianças do grupo de intervenção (GI) obtiveram a média M= 0,591
com um desvio padrão DP= 0,503 e as crianças do grupo controle (GC) obtiveram a
média M= 0,381 com um desvio padrão DP= 0,498.
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 181
O P-Value foi P= 0,177, um valor maior que 0,05. Isso significa que não houve
diferença estatística significativa. O desvio padrão de cada um dos três momentos foi
muito grande e a variação das pontuações permitiu a intersecção dos resultados, o que
excluiu a diferença significativa entre eles.
SEGMENTAÇÃO – PRÉ-TESTE GI X GC
Segmentação de pseudopalavras GI X GC
Pós-teste 1
O Gráfico 8 mostra os resultados das crianças dos dois grupos, intervenção (GI) e
controle (GC) na tarefa de segmentação no pós-teste 1. A média do grupo de
intervenção (GI) foi M= 22 com um desvio padrão DP= 2,67. A média do grupo
controle (GC) foi M= 0,667 com um desvio padrão DP= 0,483. Recordando, o pós-teste
ocorreu um dia após o término das sessões de intervenção e, apenas as crianças do
grupo de intervenção (GI) participaram das sessões. Como resultado dessa participação
nas sessões a média do GI aumentou de M= 0,591 com desvio padrão de DP= 0,503,
para a média M= 22, com desvio padrão de DP= 2,67.
Isso significa dizer que as crianças que participaram das sessões de intervenção
aprenderam a manipular os fonemas com as devidas correspondências com as letras. As
atividades de intervenção foram extremamente eficientes na aprendizagem das crianças.
Em contrapartida, as crianças do grupo controle, que não participaram das sessões de
intervenção obtiveram a média M= 0,667, com um desvio padrão de 0,483, sendo que
no pré-teste a média delas foi M= 0,381, com um desvio padrão de DP= 0,498.
Podemos notar uma evolução muito pequena do pré-teste (M= 0,381) para o pós-teste 1
(M= 0,667), um valor quase desprezível. Quando nos reportamos à tabela descritiva das
crianças do grupo controle na tarefa de segmentação do pós-teste 1 (capítulo 4), as
crianças começaram a esboçar algumas tentativas de reconhecer os fonemas, porém,
sem sucesso. Mais uma vez nos reportamos à literatura (Ehri, 2005; Ehri & Roberts,
2006; Dehaene, 2012; Castiglioni-Spalten & Ehri, 2003) na qual aponta para a
importância do ensino explícito dos fonemas para a aprendizagem inicial da leitura.
A média do grupo de intervenção (GI) foi bastante alta e com isso observamos
um desvio padrão bem pequeno o que prova a consistência dos resultados, ou seja, as
crianças progrediram de forma homogênea após terem recebido o ensino sistematizado
e explícito das correspondências entre letras e fonemas.
SEGMENTAÇÃO – PÓS-TESTE 1 GI X GC
Segmentação de pseudopalavras GI X GC
Pós-teste 2
Os resultados das crianças dos dois grupos: intervenção (GI) e controle (GC) na
tarefa de segmentação de pseudopalavras no pós-teste 2 estão apresentados no Gráfico
9. Recordando, o pós-teste 2 foi realizado sete dias após o término das sessões de
intervenção. A média do grupo de intervenção (GI) foi de M= 22,86, com um desvio
padrão de DP= 2,05. O valor da média foi alto e o desvio padrão foi baixo, isso quer
dizer que o resultado foi consistente, as crianças continuaram caminhando juntas na
aprendizagem da segmentação fonêmica, mesmo após sete dias do término das sessões
de intervenção. O grupo controle (GC) atingiu uma média de M= 0,667, com um desvio
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 184
padrão de DP= 0,483. O desvio padrão foi alto em relação à média, portanto ocorreu
uma grande variação nos resultados das crianças. Notamos que as pontuações das
crianças permaneceram as mesmas do pós-teste 1 para o pós-teste 2. Na tabela
descritiva (capítulo 4) das crianças do grupo controle (GC) podemos notar que elas
fizeram várias tentativas de segmentar os fonemas, mas sem sucesso.
SEGMENTAÇÃO – PÓS-TESTE 2 GI X GC
Leitura – Pré-teste – GI X GC
Notamos que o desvio padrão foi alto em relação à média, o que significa dizer
que a variação dos resultados foi, também, alta. A média do grupo controle (GC) foi de
M= 2,48, com um desvio padrão de DP= 2,27. Observamos que neste grupo também
houve variação nos resultados, porque o desvio padrão foi alto em relação à média.
O P-Value foi de P= 0,318, um valor maior que 0,05. Isso quer dizer que não
houve diferença estatística significativa. O desvio padrão para cada um dos três
momentos foi muito grande e a variação das pontuações permitiu a intersecção dos
resultados, o que excluiu a diferença significativa entre eles. Como se vê no Gráfico 10
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 186
a evolução foi extremamente pequena conforme encontramos nos valores das médias:
média do grupo de intervenção (GI): M= 3,27 e média do grupo controle (GC): M=
2,41.
Observamos que as médias dos grupos ficaram próximas (GI= 3,27 e GC= 2,48)
e o desvio padrão foi alto para ambas as médias (GI= 2,86 e GC= 2,27). Isso indica
que a variação dos resultados foi grande.
Leitura de pseudopalavras GI X GC
Pós-teste 1
Leitura – Pós-teste 1 – GI X GC
Leitura de pseudopalavras GI X GC
Pós-teste 2
Esse desvio padrão foi bem pequeno em relação à média das crianças. Isso
representa pouca variação nos resultados, ou seja, todo o grupo de crianças continuou
demonstrando conhecimento na leitura de pseudopalavras no pós-teste 2, realizado sete
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 189
dias após o término das sessões de intervenção. Foi curioso notar que a média das
crianças foi a mesma do pós-teste 1, o que mostra, portanto, que elas mantiveram os
acertos.
Podemos observar que as médias ficaram próximas GI: M= 3,00 e GC: M= 2,67.
O desvio padrão foi alto em relação à média de cada grupo. O GI obteve um desvio
padrão de DP= 1,83 e o GC obteve um desvio padrão de DP= 2,20. Essa elevação do
desvio padrão em relação às médias dos grupos indica que houve uma grande variação
dos resultados das crianças na tarefa de escrita realizada no pré-teste.
O P-Value foi de P= 0,593, um valor bem maior que 0,05. Isso mostra que não
houve diferença estatística entre os grupos.
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 191
Escrita de pseudopalavras GI X GC
Pós-teste 1
Escrita de pseudopalavras GI X GC
Pós-teste 2
Pearson Correlation = 1 significa uma correlação perfeita positiva entre as duas variáveis.
Pearson Correlation = -1 significa uma correlação negativa perfeita entre as duas variáveis -
Isto é, se uma aumenta a outra sempre diminui.
Pearson Correlation = 0 significa que as duas variáveis não dependem linearmente uma da
outra. No entanto, pode existir uma dependência não linear. Assim, o resultado P=0 deve ser
investigado por outros meios.
Pearson Correlation > 0,65 ou < - 0,65 indica que a força da correlação é o suficiente para
explicar o modelo, ou seja, significa que a correlação foi forte entre as variáveis.
24
Pontos Segmentação Pós-Teste 2
23
22
21
20
19
18
12 13 14 15 16 17 18
GI - Leitura de Pseudopalavras - Pós-Teste 2
24
23
22
21
20
19
18
12 13 14 15 16 17
GI - Escrita de Pseudopalavras - Pós-Teste2
Esse valor indica uma fortíssima correlação entre as duas habilidades, ou seja, a
aprendizagem da correspondência fonêmica influenciou a segmentação de
pseudopalavras e isso impactou na aprendizagem da escrita de pseudopalavras.
25
Pontos Segmentação Pós-Teste2
24
23
22
21
20
19
18
15 16 17 16: Segmentação
Gráfico 18 19 Leitura
versus 20de Palavras
21Reais – pós-teste
22 2 23 24
GI - Leitura de Palavras Reais - Pós-Teste2
O valor encontrado foi de 0,717, o que corresponde a uma forte correlação. Isso
significa dizer que, primeiramente, as crianças foram aprendendo as correspondências
entre as letras e os fonemas, depois aprenderam a segmentar as pseudopalavras em
fonemas e essa aprendizagem da segmentação fonêmica parece ter sido transferida para
a aprendizagem da leitura de palavras reais.
não foi satisfatoriamente homogênea porque algumas crianças aprenderam mais e outras
crianças, menos, conforme demonstrado no gráfico (Figura 3).
25
Pontos Segmentação Pós-Teste2
24
23
22
21
20
19
18
O teste de correlação também mostrou o valor de R²= 71,3%, o que indica ótima
linearidade entre as variáveis, ou seja, a evolução da aprendizagem das crianças foi
satisfatoriamente homogênea sem grandes discrepâncias entre as crianças (Figura 4).
Estes resultados também devem ser vistos como evidência de que a consciência
fonêmica (conforme se vê também, em Ehri & Roberts, 2006 e em Dehaene, 2012) não
é uma habilidade que a criança consegue desenvolver sozinha. Os fonemas constituem
as palavras faladas e por serem efêmeros, desaparecem assim que as palavras são
faladas. Por essa razão eles são unidades difíceis de serem manipuladas e concretizadas
pelas crianças. Daí a importância do ensino explícito e sistemático.
Por fim, esperamos com esta pesquisa ter ajudado, de alguma forma, as crianças
que participaram das atividades de intervenção na aprendizagem inicial da leitura e,
mais ainda, que ela possa contribuir com importantes conhecimentos práticos e teóricos
subjacentes à aprendizagem da leitura, tão essenciais aos profissionais da Educação.
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 212
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Dados de identificação
Título do Projeto: “Primeiras Fases da Alfabetização: como a instrução em consciência
fonêmica ajuda as crianças a aprender a ler.”
Pesquisador Responsável: Luciene Aparecida Felipe Siccherino
Orientadora Responsável: Profa. Dra. Maria Regina Maluf
Instituição a que pertencem o Pesquisador e a Orientadora: Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo (PUCSP)
Telefones para contato: (11) 99193-7351 - (11) 3670-8527- lusiccherino@uol.com.br
Prezados Pais
Meu nome é Luciene Aparecida Felipe Siccherino, sou estudante do curso de Doutorado
em Educação: Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo –
PUC/SP, e investigadora titular do projeto denominado “Primeiras Fases da Alfabetização:
como a instrução em consciência fonêmica ajuda as crianças a aprender a ler.” Esta pesquisa
foi autorizada pela Srª Stella M. G. Poças - Diretora da Educação Infantil.
Convido seu filho a participar deste projeto, cujo objetivo é estudar como as crianças da
Educação Infantil podem ser ensinadas a detectar os sons em palavras, relacionar os sons às
letras e como isso ajuda a aprender a ler e escrever palavras.
Não haverá nenhum custo para essas atividades de instrução e a criança ficará livre para
participar das atividades. Se no decorrer das atividades de instrução ela manifestar o desejo de
interromper sua participação, será atendida de imediato, sem consequência alguma.
Para que seu filho participe, necessito de sua permissão. Se estiver de acordo, por favor,
assine a autorização no final deste comunicado e devolva à professora de seu filho.
Esclareço, ainda, que as identidades das crianças participantes do estudo serão mantidas
em sigilo absoluto e após a conclusão do projeto todos poderão ter acesso aos resultados.
Qualquer dúvida sobre a realização desta pesquisa pode ser esclarecida comigo no e-
mail lusiccherino@uol.com.br ou no telefone 99193-7351. O contato com minha orientadora,
Profª Drª Maria Regina Maluf pode ser feito pelo e-mail marmaluf@gmail.com ou no telefone
3670-8527.
Estarei à disposição,
___________________
Luciene Siccherino -
AUTORIZAÇÃO
_____________________________ _______________________________
Agradeço muitíssimo o carinho com o qual fui recebida e acolhida por todos na
escola. E agradeço, sobretudo, a confiança depositada em mim para trabalhar com as
crianças que, a princípio, estão sob total responsabilidade de vocês.
Muito obrigada.
Carinhosamente,
Luciene Siccherino
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 221
Prezados Pais
No mês de agosto eu solicitei autorização para realizar um trabalho com seu (sua) filho
(filha) que envolveu sessões de instrução com letras e fonemas para o ensino da leitura e da
escrita. O trabalho foi finalizado nesta semana.
Conforme havia explicado no comunicado anterior esse trabalho é parte de minha tese
de doutorado que será finalizada em março de 2013. Por volta do mês de maio de 2013 a tese
estará disponível na biblioteca da PUC/SP (http://biblio.pucsp.br), caso queiram vê-la.
Aproveito para, mais uma vez, agradecer a sua confiança ao autorizar a participação de
seu (sua) filho (filha) nas sessões de instrução.
Cordialmente,
_________________________
lusiccherino@uol.com.br
99193-7351
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 222
Queridas Professoras
Meu trabalho com as crianças se encerra nesta semana. A partir desse momento
meu esforço se concentrará na análise dos dados coletados. Agradeço o carinho com o
qual me acolheram durante o período em que estive na escola. Tenham certeza, de que
vocês e as crianças são muito especiais para mim e terão minha eterna gratidão. Afinal,
sem vocês, meu trabalho não seria finalizado.
Muito obrigada.
Carinhosamente,
Luciene Siccherino
03/10/12
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 223
Anexo F - Fotos
Orientadora Educacional
Clarissa e Luciene
Siccherino, L.A.F. (2013). Primeiras fases da alfabetização... 225