Aulas 01 e 02 - Da Jurisdição e Da Ação
Aulas 01 e 02 - Da Jurisdição e Da Ação
Aulas 01 e 02 - Da Jurisdição e Da Ação
A Jurisdição pode ser entendida como a atuação estatal, que tem por finalidade a aplicação do
direito objetivo ao caso concreto, resolvendo com definitividade uma situação de crise jurídica
e, assim, gerando, com tal solução, a pacificação social.
Cumpre salientar que, neste conceito, não consta o tradicional entendimento de que a
Jurisdição se presta a resolver um conflito de interesse e substituir a vontade das partes, isto
porque, em algumas situações, haverá o exercício da Jurisdição sem que exista lide ou sem
que a vontade das partes seja substituída.
Atenção! O Tribunal de Contas e as agências reguladoras NÃO exercem jurisdição, pois suas
decisões são passíveis de análise pelo Judiciário.
Modelos de jurisdição
● Jurisdição Una: apenas a 01 órgão se defere competência para dizer o Direito de
forma definitiva, ou seja, fazendo coisa julgada material. É o modelo adotado no Brasil.
A jurisdição é indivisível, o que há são repartições de competência.
● Jurisdição dual: há previsão de dois órgãos com competência para dizer o Direito de
forma definitiva, cada qual com competências próprias. É o que ocorre, por exemplo, na
França.
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Características
↦ Unidade: A Jurisdição é exercida, em regra, pelo Poder Judiciário, por intermédio de seus
juízes, os quais decidem monocraticamente ou mediante órgãos colegiados.
Art. 16 do CPC - A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território
nacional, conforme as disposições deste Código.
↦ Inércia (ne procedat ludex ex officio): em regra, o juiz não pode instaurar processo de ofício,
sendo necessária a iniciativa da parte (princípio da demanda). Daí porque se diz que a
jurisdição é atividade “provocada” e não espontânea do Estado.
Art. 2º do CPC - O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial,
salvo as exceções previstas em lei.
Observação: Pode ser iniciado de ofício pelo juiz a arrecadação da herança jacente (aquela em
que o de cujos não deixa herdeiros conhecidos ou identificados), decretação de falência,
execução penal, arrecadação de bens do ausente, HC.
A inércia da jurisdição diz respeito tão somente ao ato de iniciar o processo. Uma vez
provocada pelo interessado com a propositura da demanda, a jurisdição já não mais será
inerte, pelo contrário, passará a caminhar independentemente de provocação, aplicando-se a
regra do impulso oficial.
Algumas vezes esta substitutividade não estará presente, pois há casos em que é necessária a
busca ao Poder Judiciário mesmo existindo acordo entre as partes. Ex: casal, de comum
acordo, quer se divorciar, mas tem que submeter a questão ao Poder Judiciário ante a
existência de filho incapaz. Outro exemplo é a execução indireta, em que o juiz força, através
de multa diária, o devedor a cumprir a obrigação.
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da jurisdição à coisa julgada material, pois há hipóteses em que a jurisdição ocorre sem coisa
julgada como no processo cautelar.
↦ Lide: é o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida. Regra geral, a
jurisdição busca a solução definitiva dos conflitos. Contudo, não é correto afirmar que a lide é
essencial à jurisdição, pois há casos em que a jurisdição será exercida sem a existência de
uma lide. Ex: ações constitutivas necessárias, em que não há conflito de interesses.
Princípios
* Princípio do Juiz Natural: esse princípio emana que ninguém será processado nem
sentenciado senão pela autoridade competente, devendo 1) haver a preexistência do órgão
jurisdicional ao fato; 2) ser proibido juízo ou tribunal de exceção; 3) haver o respeito absoluto às
regras de competência (possui conteúdo tridimensional, de acordo com Nelson Nery Jr).
Art. 5º, LIII, CRFB - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente;
Art. 5º, XXXVII, CRFB - não haverá juízo ou tribunal de exceção
O princípio pode ser entendido de duas formas distintas. A primeira delas diz respeito à
impossibilidade de escolha do juiz para o julgamento de determinada demanda, escolha essa
que deverá ser sempre aleatória em virtude de aplicação de regras gerais, abstratas e
impessoais de competência.
Além disso, proíbe a criação de tribunais de exceção, ou seja, não poderá criar um juízo após o
acontecimento de determinados fatos jurídicos com a exclusiva tarefa de julgá-los, sendo que à
época em que tais fatos ocorreram já existia um órgão jurisdicional competente para o exercício
de tal.
Além disso, o juiz deve ser imparcial, não possuindo interesse no resultado.
Observação: regras gerais, abstratas e impessoais não agridem o princípio do juiz natural.A
criação de varas especializadas, câmaras especializadas nos tribunais e as regras de
prerrogativa da função são absolutamente admissíveis.
* Princípio da imparcialidade: O juiz deve ser imparcial no decorrer do processo. Assim, deve
zelar para que as partes tenham igual tratamento e igual oportunidade de participar na
formação de seu convencimento.
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* Princípio da improrrogabilidade ou aderência ao território: veda ao juiz o exercício da
função jurisdicional fora dos limites delineados pela lei. A improrrogabilidade determina, então,
os limites de atuação dos órgãos jurisdicionais.
CF, Art. 5º. XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito
Observe que, em regra, também NÃO é necessário esgotar as vias administrativas para se
buscar a solução no Judiciário. Exceção à essa regra:
* Princípio da efetividade: todos têm direito não apenas ao devido processo legal, mas,
principalmente, à efetividade do resultado. Nesse princípio se inclui o da razoável duração do
processo.
CF, art. 5º. LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
* Princípio do impulso oficial: o processo civil começa por iniciativa da parte, mas se
desenvolve por impulso oficial. Dessa forma, após a parte iniciar o processo, cabe ao
magistrado dar continuidade a este.
* Princípio da indeclinabilidade: O órgão jurisdicional, uma vez provocado, não pode recusar-
se, tampouco delegar a função de dirimir os litígios, mesmo se houver lacunas na lei, caso em
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que poderá o juiz valer-se de outras fontes do direito, como a analogia, os costumes e os
princípios gerais. A atividade jurisdicional é obrigatória.
* Princípio da indelegabilidade: esse princípio pode ser analisado sob a perspectiva interna e
externa. No aspecto externo significa dizer que o Judiciário, ao menos em regra, não poderá
delegar tal função a outros Poderes ou outros órgãos que não pertencem a esse poder. No
aspecto interno, o órgão jurisdicional não poderá delegar sua função para outro órgão
jurisdicional.
* Princípio da inevitabilidade: as partes hão de se submeter ao que for decidido pelo órgão
jurisdicional, posicionando-se em verdadeira sujeição perante o Estado-Juiz, não podendo
evitar os efeitos decorrentes da decisão estatal.
↦ jurisdição voluntária (graciosa): é aquela em que não existe conflito, porque não há
efetivamente uma negação ao direito de uma das partes. Nestes casos, existe apenas a
necessidade de uma decisão homologatória. Ex: interdição.
3- pode usar da equidade: o juiz não está vinculado à legalidade estrita, podendo adotar a
solução mais conveniente e oportuna.
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Natureza jurídica da jurisdição voluntária
a) Teoria Clássica ou Teoria Administrativista (Nelson Nery, Arruda Alvim): a jurisdição voluntária
não tem natureza jurisdicional, mas se trata, na verdade, de uma atividade administrativa, exercendo
uma função atípica.
c) Teoria Automista (Ellio Fazzalari): a Jurisdição voluntária é uma categoria autônoma, unitária. Seus
seguidores acreditam que deveria se acabar com o conceito tripartido de Montesquieu, para se criar um
Quarto Poder, qual seja: a jurisdição voluntária.
NCPC, Art. 3º. Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
§1º - É permitida a arbitragem, na forma da lei.
§2º - O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.
§3º - A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão
ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público,
inclusive no curso do processo judicial.
Ao analisar o disposto no art. 3º do Novo CPC, percebe-se uma notória tendência de estruturar
um modelo multiportas que adota a solução jurisdicional tradicional agregada à absorção dos
meios alternativos, ou seja, a tutela dos direitos pode ser alcançada por diversos meios, sendo
a justiça estatal apenas um deles.
Atenção! A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça entende que, se a parte quiser arguir
a nulidade da cláusula arbitral, deverá formular esse pedido, em primeiro lugar, ao próprio
árbitro, sendo inadmissível que ajuíze diretamente ação anulatória. No entanto, quando as
cláusulas compromissórias são "patológicas", isto é, claramente ilegais, o Poder Judiciário
pode declarar a nulidade dessas cláusulas.
Para produzir efeitos, a sentença arbitral dispensa homologação judicial. Contudo é possível o
controle judicial da sentença arbitral, desde que atinente a aspectos formais. Não se admite a
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revisão, pelo judiciário, do mérito da decisão arbitral, apenas de matérias relativas à validade
do procedimento.
A sentença arbitral possui natureza de título executivo judicial, o que corrobora com o
entendimento da corrente doutrinária que trata a ARBITRAGEM COMO ESPÉCIE DE
JURISDIÇÃO PRIVADA e não como mero substitutivo da jurisdição. Destaca-se que o árbitro
não possui poder coercitivo, sendo as sentenças arbitrais executadas pela via judicial.
AUTOCOMPOSIÇÃO
É a solução do conflito pelos próprios conflitantes.
autocomposição unilateral: ocorre quando uma das partes resolve o conflito por meio de uma
decisão própria, que pode ser a desistência do processo ou a renúncia a um direito reivindicado
(nesta ocorre a extinção do processo com resolução de mérito).
→ distingue-se da heterocomposição, pois nesta as partes recorrem a um terceiro imparcial para resolver
o litígio, que pode ser o juiz, mediador ou conciliador.
CONCILIAÇÃO
Um terceiro imparcial interveniente buscará, em conjunto com as partes, chegar
voluntariamente a um acordo, sugestionando junto às mesmas para a solução do litígio.
Art. 165. §2º - O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver
vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a
utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem.
MEDIAÇÃO
A mediação também é técnica de estímulo à autocomposição. Assim, o terceiro imparcial
orienta as partes para a solução de controvérsia, sem sugestionar. Na mediação, as partes se
mantêm autoras de suas próprias soluções, cabendo somente a elas a solução do litígio.
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Art. 165. §3º - O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo
anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses
em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por
si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.
Obs: arts. 165 a 175, NCPC e lei 13140/2015 são de extrema importância. Leitura
obrigatória.
5- autonomia de vontade das partes: a decisão final, qualquer que seja, cabe somente às
partes, sendo vedado ao conciliador e ao mediador qualquer imposição.
AUTOTUTELA
Consiste na solução do litígio pela imposição da vontade de um dos interessados sobre a
vontade do outro. Trata-se de solução egoísta e parcial dos conflitos, vedada por nosso
ordenamento, como regra geral.
Exceções: autotutela da posse/desforço imediato no esbulho (art. 1.210, §1º, do CC); a legítima
defesa (art. 188, I, do CC); apreensão do bem com penhor legal (art. 1.467, I, do CC); a
autoexecutoriedade dos atos administrativos.
Do direito de ação
É o direito subjetivo de se provocar a tutela estatal para que o litígio seja solucionado, fazendo
desaparecer a insegurança jurídica trazida pelo conflito de interesses. Em síntese: é o direito
de buscar a solução do conflito pelo Judiciário.
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TEORIAS DA AÇÃO
3- teoria da ação como direito autônomo e abstrato: a ação não tem qualquer relação de
dependência com o direito material controvertido, existindo independentemente de qualquer
condição. Assim, o direito de ação é abstrato, amplo, genérico e incondicionado. Também é
conhecida como teoria da abstração na vertente incondicionada.
4- teoria eclética ou instrumental (Liebman): Segundo essa teoria, o direito de ação não
está vinculado a uma sentença favorável, mas também não é completamente independente
do direito material (teoria abstrata). Sustenta-se que a ação é direito a uma sentença de
mérito, seja qual for o seu conteúdo, isto é, de procedência ou improcedência. Entretanto,
para surgir tal direito, devem estar presentes certos requisitos, denominados de condições da
ação. Também é chamada de teoria da abstração na vertente condicionada. É a
adotada pelo NCPC (art.17 para postular em juízo é necessário ter interesse e
legitimidade).
Características da ação
Segundo a teoria eclética, adotada por nosso ordenamento, a ação tem as seguintes
características ASPAS:
Condições da ação
Condições da ação são pressupostos para o legítimo exercício do direito de ação.
Para alguns doutrinadores, diante da supressão da expressão “condições da ação” do art. 485,
VI do NCPC (em comparação com o art. 267, VI, do CPC de 1973), as condições da ação
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teriam sido extirpadas tanto da lei quanto da teoria geral do processo, sendo suas hipóteses
recebidas, ora como pressuposto processual, ora como análise de mérito.
Segundo o art. 17, NCPC, para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.
Essas são as condições da ação.
c) adequação: consiste no uso da ação adequada para a espécie de direito que se pretende
buscar.
Espécies de legitimidade:
- legitimação ordinária: a parte defende interesse PRÓPRIO em nome PRÓPRIO. É a regra,
nos termos do artigo 18 do NCPC: “Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio,
salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico”.
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processo, mas não na relação litigiosa (exemplo: MP pede ação de investigação de
paternidade).
A sucessão se refere a troca de uma parte por outra. Nesse último caso todos os envolvidos
têm que concordar com a sucessão. Exceção: sucessão causa mortis, em que não é
necessária a concordância, sendo o espólio ou herdeiros como parte.
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Representante processual
Na presente situação, o terceiro está em juízo em nome ALHEIO buscando a defesa de direito
ALHEIO (exemplo: a Defensoria Pública em defesa de menores).
Súmula 594-STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em
proveito de criança ou adolescente independentemente do exercício do poder familiar dos pais
ou de quaisquer outros questionamentos acerca da existência ou eficiência da Defensoria
Pública na comarca.
Atenção! Ação de alimentos proposta pelo MP: atuação como substituto processual, pleiteando,
em nome próprio, o direito do infante aos alimentos. O Parquet não precisa que a mãe ou o
responsável pela criança ou adolescente procure o órgão em busca de assistência, podendo
atuar de ofício.
Ação de alimentos proposta pela Defensoria: atua como representante processual.Para tanto, a
Defensoria só pode ajuizar a ação de alimentos se for provocada pelos responsáveis pela
criança ou adolescente.
Carência de ação
As condições da ação (legitimidade e interesse de agir) são matérias de ordem pública, logo,
sua falta pode ser reconhecida a qualquer tempo em qualquer grau de jurisdição, até mesmo
de ofício pelo juiz; assim, não estão sujeitas à preclusão. A consequência da falta de uma
das condições da ação é a extinção do processo SEM a resolução do mérito.
Carência de ação no STF e no STJ: Em sede de STJ e STF, a ausência das condições da
ação não pode ser conhecida se não houver o preenchimento do requisito do
prequestionamento, ou seja, se não tiverem sido discutidas anteriormente.
Observa-se que, tanto no RESP quanto no RE, para a admissão do recurso é imprescindível
que a questão (condições da ação) já tenha sido DECIDIDA pelos Tribunais, ou seja, é
necessário o chamado prequestionamento.
Teoria da exposição: as condições da ação devem ser demonstradas pela parte, que pode
valer-se da produção de provas para o convencimento do juiz. Entretanto, a análise
posterior, com a possibilidade de produção de provas, faz com que configure coisa julgada
material.
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Momentos para o Reconhecimento da Carência de Ação
a) Juízo Prévio de Admissibilidade (art. 330 do NCPC) - se o juiz indefere a inicial, faz-se
despacho negativo (trata-se de sentença, cabendo apelação).
b) Após a Contestação (arts. 337, XI e 354 do NCPC) - Nesse momento tal preliminar é
alegada pelo réu.
c) A Qualquer Tempo (arts. 485, §3º, e 337, §5º, do NCPC) - Como se trata de matéria de
ordem pública pode ser conhecida de ofício pelo juiz a qualquer momento.
Todas as pessoas naturais e jurídicas detêm capacidade para ser parte. Além dessas pessoas,
reconhece-se capacidade de ser parte a entes despersonalizados, como o espólio, a massa
falida e a herança jacente (capacidade de direito ou de gozo).
Elementos da ação
São as partes (elementos subjetivos), o pedido (elemento objetivo) e a causa de pedir
(elemento causal). Os elementos da ação têm como objetivo a individualização da ação,
servindo para identificar os institutos abaixo:
- litispendência (arts. 337, §3º e 485, V, ambos do NCPC): ocorre quando a ação proposta é
idêntica a outra já em trâmite, ou seja, possui os mesmos elementos da ação. O novo processo
é extinto SEM julgamento de mérito.
- coisa julgada material: é a definitividade da decisão, apesar de nada ter a ver com a
sentença. Impede-se que seja proposta outra ação para discutir o mesmo fato.
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- coisa julgada formal (preclusão): irrecorribilidade da sentença, podendo ser proposta nova
ação para discutir o fato.
- conexão: duas ou mais ações apesar de diferentes serão conexas quando tiverem em
comum o pedido ou a causa de pedir. Os processos serão reunidos para decisão conjunta,
salvo se um deles já houver sido sentenciado. Ex: motorista de ônibus dormiu e colidiu com
poste. Passageiros tiveram lesões leves e danos em pertences. Ajuízam ações distintas de
danos morais e materiais. Pode haver conexão, pois o pedido (danos morais e materiais) e
causa de pedir (acidente) são os mesmos.
Súmula 235 do STJ: A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi
julgado.
Súmula 515 do STJ: A reunião de EXECUÇÕES FISCAIS contra o mesmo devedor constitui
FACULDADE do juiz.
Súmula 383 do STJ: A competência para processar e julgar as ações conexas de interesse de
menor é, em princípio, do foro do domicílio do detentor de sua guarda.
- reconvenção: - É a ação que o réu promove aproveitando o processo em curso. Deve haver
conexão entre as ações ou com o fundamento da defesa.
- juízo prevento: o NCPC, em seu art. 59, impõe que o registro (quando a comarca conta com
apenas um juízo competente) ou a distribuição (quando na mesma comarca há mais de um
juízo competente) da petição inicial torna prevento o juízo. É um critério temporal de se atribuir
competência. No antigo código, prevento era aquele havia despachado positivamente em
primeiro lugar ou onde primeiro havia ocorrido a citação válida.
Pedido
É o núcleo da petição inicial, pois ele é aquilo que você pretende alcançar com o processo.
Espécies de pedido
● pedido mediato: é o pedido do bem da vida afirmado pelo autor como seu, e que se
procura obter por meio da tutela jurisdicional. É o resultado prático que a parte procura
obter: indenização, crédito, outro benefício.
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● pedido imediato: é o pedido de determinado provimento jurisdicional (condenatório,
constitutivo ou meramente declaratório), qualificando a ação que foi formulada.
Tipos de pedido
O NCPC determina que, em regra, o pedido deverá ser certo e determinado.
Pedido certo: é aquele feito de forma expressa e precisa, com conteúdo explícito. Isso
significa que a parte deve formular seu pedido de maneira clara e delimitada, identificando
exatamente o que deseja obter com a ação judicial.
Pedido implícito: é aquele que resulta da própria redação controvertida ou da lei. São os
pedidos que o juiz deve julgar ainda que não explicitamente contidos na petição. Ex: juros
legais, despesas processuais, honorários etc
Pedido de alimentos: a doutrina afirma que o pedido de alimentos está sempre implícito.
Assim, se o juiz entender que se tem direito aos alimentos deve sempre concedê-los
independente de pedido expresso.
Cumulação de pedidos
É permitida a cumulação, num único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda
que entre eles NÃO haja conexão. De acordo com o art 327, NCPC, o pedido pode ser
cumulado:
§1º - São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
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I - os pedidos sejam compatíveis entre si;
II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III -seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
§2º - Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a
cumulação se o autor empregar o procedimento comum…
cumulação de pedidos simples: nessa cumulação não há relação entre os pedidos. O que
rege essa cumulação é o princípio da economia processual.
Cumulação imprópria: o juiz se depara com 02 ou mais pedidos, mas somente um deles será
acolhido (A ou B). Subdivide-se em:
cumulação imprópria eventual: autor formula mais de um pedido, em ordem alternativa, mas
tem preferência pelo acolhimento de um deles, o principal.
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar
a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.
b) Sentença Ultra Petita - É aquela que está além do pedido (quantidade). Nesta sentença a
parte que é excedente é nula (relativamente nula).
c) Sentença Citra/Infra Petita - É aquela que não decide toda a demanda (julgamento aquém do
pedido). Esta sentença é nula. Nessa hipótese o tribunal pode completar a parte que não foi
julgada, conforme art. 1013, NCPC.
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Princípio da Mutabilidade do Pedido (Mutatio Libelli): Antes da citação, o autor poderá
aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento do
réu.Após a citação deverá ter a concordância do réu.
Causa de pedir
São os fundamentos do pedido. O juiz acolhe ou rejeita o pedido com base na causa de pedir.
Dessa forma não é o pedido que é justo, é a causa de pedir
Causas Fáticas (Causa Próxima) - São os fatos constitutivos do afirmado direito do autor à
obtenção do bem da vida.
Não se deve confundir fundamento jurídico com fundamento legal. Aquele diz respeito ao liame
entre os fatos e o pedido. Este é o dispositivo da lei.
A ação de cognição ou conhecimento visa a resolução de uma lide. O juiz deve apontar
quem está com a razão. Subdivide-se em:
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- Declaratória: Destina apenas a declarar a certeza da existência, inexistência ou do
modo de ser de uma relação jurídica, ou de autenticidade ou falsidade de documento
(art. 19 do NCPC). Ex: ação de usucapião, ação de reconhecimento de autenticidade de
documento, ação de reconhecimento de paternidade com alteração do registro civil do
menor.
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