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Monitoria - Teoria Geral

do Processo Civil
Jurisdição e Ação

UNIESP Centro Universitário


Métodos Adequados de Resolução de Conflitos
Autocomposição
Autotutela
Arbitragem
Jurisidição
Jurisdição
Ação
Processo
Mediação

O Estado tem o poder­-dever de dizer e realizar o direito, resolvendo os conflitos de interesses e preservando a
paz social. A essa função dá­-se o nome de jurisdição, que é única e exclusiva do Estado.

Não se pode esquecer que a par da jurisdição, há os meios consensuais – ditos alternativos – de solução de
conflitos, como a conciliação, a mediação e a arbitragem, entre outros

No sistema denominado multiportas visado pelo legislador, o ideal é que a jurisdição fosse alternativa, a última
ratio, só buscada quando esgotados todos os meios consensuais para recompor o direito lesado. Ocorre que a
nossa cultura prioriza o processo jurisdicional, no qual as partes são tratadas e se tratam como adversários,
cabendo ao juiz dirigir o processo com firmeza e imparcialidade, a fim de que se alcance o acertamento e/ou a
realização do direito lesado.
O meio de se provocar a tutela jurisdicional é a ação, que consiste em um direito público
subjetivo a um pronunciamento estatal que solucione o litígio.

O resultado da atividade jurisdicional é alcançado com a edição da norma reguladora do caso


concreto, ou seja, com a sentença ou acórdão que, com características de imutabilidade, vai
reger o conflito de interesses.

Em curtas palavras, pode-­se afirmar que a jurisdição é provocada mediante o direito de ação e
será exercida por meio daquele complexo de atos que é o processo.
Jurisdição
À função de compor os litígios, de declarar e realizar o Direito, dá­se o nome de Jurisdição

A jurisdição atua por meio de uma sequência de atos processuais.

Finalidade de tutelar direitos individuais ou coletivos. Uma vez provocada, atua no sentido de, em caráter
definitivo, compor litígios ou simplesmente realizar direitos materiais previamente acertados, o que inclui a
função de acautelar os direitos a serem definidos ou realizados, substituindo, para tanto, a vontade das
pessoas ou entes envolvidos no conflito.

Características :

Unidade
A jurisdição é una, ou seja, é função monopolizada dos juízes, os quais integram uma magistratura
nacional, não obstante um segmento seja pago pela União (magistratura federal e trabalhista, por exemplo)
e outro pelos Estados­membros (magistrados estaduais).

A jurisdição não é um ato solitário dos juízes. A jurisdição é prestada por um órgão que, do ponto de vista
subjetivo, é composto por agentes públicos, que recebem vencimentos (juiz, escrivão, promotor público,
defensor público e outros), e agentes privados, que recebem honorários (v.g., advogado e perito).
Secundariedade
A jurisdição é o derradeiro recurso (ultima ratio), a última trincheira na busca da solução dos conflitos. O
normal e esperado é que o Direito seja realizado independentemente da atuação da jurisdição, sobretudo
em se tratando de direitos patrimoniais. Em geral, o patrão paga os salários sem que seja acionado para
tanto

Nessa perspectiva, a secundariedade constitui o reverso da unidade. Segundo a característica da unidade, a


jurisdição constitui um monopólio do Judiciário. Por outro lado, de acordo com a característica da
secundariedade, a função jurisdicional é secundária no sentido de que só atuará em último caso, quando
esgotadas todas as possibilidades de resolução do conflito instaurado.

O ideal é que se cumprisse a lei, que se respeitasse os limites dos direitos de cada um, bem os atos
jurídicos em geral. Ideal ainda seria se, ante a ocorrência de conflitos, se buscasse os meios consensuais
para a respectiva solução.

Substitutividade
De um modo geral, as relações jurídicas são formadas, geram seus efeitos e extinguem­se sem dar origem a
litígios. Quando surge o litígio, as partes podem compô­lo de diversas formas, sem recorrer ou aguardar o
pronunciamento do Estado­juízo. A transação (art. 840 do CC), a conciliação, a mediação e o juízo arbitral são
instrumentos extrajudiciais adequados para a composição dos litígios. Apenas quando frustradas as
tentativas extrajudiciais de solução dos conflitos é que o Estado deveria ser chamado a atuar
Em razão da substitutividade, a jurisdição é espécie de heterocomposição dos conflitos,
gênero que se contrapõe à autocomposição (solução do litígio pelos próprios sujeitos da
relação material, como se dá na conciliação e transação), que tem como pressuposto o
respeito integral à autonomia da vontade.

imparcialidade
No exercício da jurisdição deve predominar o interesse geral de administração da justiça,
devendo os agentes estatais zelar para que as partes tenham igual tratamento e igual
oportunidade de participar na formação do convencimento daquele que criará a norma
que passará a reger o conflito de interesses. É nesse sentido que se diz que a jurisdição é
atividade imparcial do Estado.

Criatividade
Agindo em substituição à vontade dos conflitantes, o Estado, ao final do processo, criará
uma norma individual que passará a regular o caso concreto, inovando a ordem jurídica. A
essa norma dá­se o nome de sentença (quando a decisão é prolatada por juiz singular) ou
acórdão (quando a decisão emana de órgão colegiado).
Inércia
A jurisdição é atividade equidistante e desinteressada do conflito e, por isso, num primeiro
momento, só age se provocada pelas partes, por intermédio de seus advogados (art. 2o).
Evidentemente, uma vez provocada, age por impulso oficial, de ofício.

Definitividade
Traço marcante e distintivo da jurisdição em relação às demais funções estatais (administrativa
e executiva) e meios de pacificação social é a aptidão para a definitividade, quer dizer, a
suscetibilidade para se tornar imutável. A essa característica de definitividade da jurisdição dá­se
o nome de coisa julgada.
PRINCÍPIOS DA JURISDIÇAO

1- Princípio do juízo natural


Objetivamente, o princípio do juízo natural desdobra­se em duas garantias básicas: preexistência
do órgão jurisdicional ao fato, ou proibição de juízo ou tribunal de exceção (art. 5o, XXXVII); e o
respeito absoluto às regras objetivas de determinação de competência (art. 5o, LIII).

A jurisdição só pode ser exercida por órgãos monocráticos ou colegiados previstos na


Constituição da República. Proíbe­se a criação de juízos ou tribunais para julgamento de
determinadas causas relacionadas a fatos já consumados (tribunais de exceção). Nem mesmo
os tribunais podem subtrair do juízo natural as causas que originariamente lhe foram cometidas
.
Há, ainda, um aspecto subjetivo que também integra o princípio do juízo natural: a
imparcialidade.

Para que o juízo seja natural, além do aspecto objetivo, é indispensável que o juiz e seus
auxiliares sejam imparciais, aí incluídos o escrivão, o perito, os conciliadores e mediadores.
2- Princípio da Improrrogabilidade
Os limites da jurisdição, em linhas gerais, são traçados na Constituição, não podendo o
legislador ordinário restringi­los nem ampliá­los. A improrrogabilidade traçará, então, os limites de
atuação dos órgãos jurisdicionais. Todos os juízes (e aqui me refiro à pessoa do juiz) são
investidos de jurisdição, mas só poderão atuar naquele órgão competente para o qual foram
designados, e somente nos processos distribuídos para aquele órgão. Fora de sua função, o juiz
é um cidadão comum.

3- Princípio da indeclinabilidade
Se, por um lado, não se permite ao julgador atuar fora dos limites definidos pelas regras de
competência e distribuição, por outro, também a ele não se permite escusar de julgar nos casos
a que a tanto está compelido. O órgão jurisdicional, uma vez provocado, não pode recusar­se,
tampouco delegar a função de dirimir os litígios, mesmo se houver lacunas na lei, caso em que
poderá o juiz valer­se de outras fontes do direito, como a analogia, os costumes e os princípios
gerais
4- Princípio da inevitabilidade
Relaciona­se com a autoridade da decisão judicial, que, uma vez transitada em julgado, se impõe
independentemente da vontade das partes.

Provocada a jurisdição e não sendo requerida a desistência da ação ou implementada a causa de


extinção sem julgamento do mérito, não será possível evitar que se profira sentença sobre a relação
jurídica controvertida e que sobre essa sentença se recaiam os efeitos da coisa julgada.

Assim, se não concordar com a decisão, deve­se recorrer; caso contrário, as partes a ela ficarão
sujeitas em caráter inevitável.

5- Princípio da indelegabilidade
Tal como não se admite a prorrogação da atividade de um julgador fora dos limites traçados pelas
regras de competência, salvo nos casos expressos em lei, e igualmente não se permite que o juiz se
escuse de decidir uma causa que lhe foi distribuída, também não pode ele ou o tribunal delegar suas
funções a outra pessoa ou órgão jurisdicional.

Se a lei disciplina a competência jurisdicional, não há razões para afastá­la ou permitir que esta função
seja exercida por outrem. Há, no entanto, algumas exceções.
JURISDIÇÃO CONTENCIOSA E JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

Por jurisdição contenciosa entende­se a função estatal exercida com o objetivo de compor litígios.

Por sua vez, a jurisdição voluntária cuida da integração e fiscalização de negócios jurídicos
particulares.
Ação
o Estado tem o poder­-dever de prestar a tutela jurisdicional, isto é, de dirimir os conflitos de
interesses. A jurisdição, no entanto, só age se provocada. É necessário discorrer, assim, sobre o
meio de se provocar a tutela jurisdicional: a ação.

é o direito a um pronunciamento estatal que solucione o litígio, fazendo desaparecer a incerteza ou


a insegurança gerada pelo conflito de interesses, pouco importando qual seja a solução a ser dada
pelo juiz.

mediante o direito de ação, provoca­se a jurisdição estatal, a qual, por sua vez, será exercida por
meio daquele complexo de atos que é o processo.

As ações (ou causas) são identificadas pelos seus elementos subjetivos e objetivos. Os elementos
subjetivos são as partes; e os objetivos, o pedido e a causa de pedir. A identificação da ação é tão
importante que a lei expressamente a exige como pressuposto da petição inicial (art. 319). A falta
de indicação de um dos elementos da ação poderá acarretar o indeferimento da inicial, por inépcia,
com a consequente extinção do feito sem resolução do mérito.
Parte: é quem participa da relação jurídico processual, integrando o contraditório. Fala­se em partes
principais, que são aquelas que formulam ou têm contra si pedido formulado (autor e réu nas
ações de cognição, exequente e executado nas execuções; requerente e requerido nas ações
cautelares), e partes auxiliares (coadjuvantes), como o assistente simples.

Causa de pedir: são os fatos e fundamentos jurídicos do pedido. O autor, na inicial, deverá indicar
todo o quadro fático necessário à obtenção do efeito jurídico pretendido, bem como demonstrar
de que maneira esses fatos autorizam a concessão desse efeito (teoria da substanciação).

Pedido: é a conclusão da exposição dos fatos e fundamentos jurídicos constantes na petição inicial;
é o resultado da valoração do fato pela norma jurídica –, a qual constitui a pretensão material
formulada ao Estado­juízo. O pedido exerce importante função no processo. Além de ser elemento
identificador da demanda e servir de parâmetro para a fixação do valor da causa (art. 291), limita a
atuação do magistrado, que, por força do princípio da congruência ou adstrição (arts. 141 e 492),
não poderá decidir aquém (citra), além (ultra) ou fora (extra) do pedido.
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES
a) Segundo a natureza do provimento jurisdicional pretendido

Ação de cognição (ou de conhecimento) – Visa ao acertamento do direito.


A ação de cognição, por sua vez, classifica­-se em ação declaratória, condenatória e
constitutiva.
A ação declaratória tem por objeto a simples declaração da existência ou inexistência
de uma relação jurídica (art. 19, I). A rigor, todas as ações têm conteúdo declaratório,
uma vez que a condenação e a constituição de uma dada situação jurídica
pressupõem a declaração do fato jurígeno que acarreta tal consequência.
A ação constitutiva, afora a declaração do fato ensejador da
constituição/desconstituição, tem por finalidade criar, modificar ou extinguir um
estado ou relação jurídica. De regra, opera em mão dupla, isto é, a um só tempo
desconstitui uma situação jurídica e constitui outra. Relacionam­se as ações
constitutivas aos chamados direitos potestativos, poder jurídico de impor a outrem
A ação condenatória, além da declaração do fato gerador da obrigação, ou seja, da
certificação do direito, objetiva a condenação do réu a prestar uma obrigação de
fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia. Trata­se do chamado direito de
prestação, quer dizer, poder jurídico de exigir de outrem o cumprimento de uma
prestação (conduta). A satisfação do direito de prestação depende de uma conduta
material do sujeito passivo. Negando­se a praticar esta conduta, o devedor é
considerado inadimplente (em mora), dando ensejo à propositura da demanda. Os
direitos a uma prestação sujeitam­se a prazos prescricionais previstos na lei material.
A doutrina admite, ainda, a ação mandamental, na qual o provimento judicial ordena
que se cumpra alguma coisa (mandado de segurança que determina a reintegração
de um funcionário).

Ação de execução – Busca a satisfação ou realização de um direito já acertado, por meio de


um título extrajudicial ou judicial, podendo ocorrer, respectivamente, por processo autônomo
ou mera fase do processo de conhecimento, caso em que se denomina cumprimento de
sentença.
Obrigada!

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