Monitoria PC 3
Monitoria PC 3
Monitoria PC 3
do Processo Civil
Jurisdição e Ação
O Estado tem o poder-dever de dizer e realizar o direito, resolvendo os conflitos de interesses e preservando a
paz social. A essa função dá-se o nome de jurisdição, que é única e exclusiva do Estado.
Não se pode esquecer que a par da jurisdição, há os meios consensuais – ditos alternativos – de solução de
conflitos, como a conciliação, a mediação e a arbitragem, entre outros
No sistema denominado multiportas visado pelo legislador, o ideal é que a jurisdição fosse alternativa, a última
ratio, só buscada quando esgotados todos os meios consensuais para recompor o direito lesado. Ocorre que a
nossa cultura prioriza o processo jurisdicional, no qual as partes são tratadas e se tratam como adversários,
cabendo ao juiz dirigir o processo com firmeza e imparcialidade, a fim de que se alcance o acertamento e/ou a
realização do direito lesado.
O meio de se provocar a tutela jurisdicional é a ação, que consiste em um direito público
subjetivo a um pronunciamento estatal que solucione o litígio.
Em curtas palavras, pode-se afirmar que a jurisdição é provocada mediante o direito de ação e
será exercida por meio daquele complexo de atos que é o processo.
Jurisdição
À função de compor os litígios, de declarar e realizar o Direito, dáse o nome de Jurisdição
Finalidade de tutelar direitos individuais ou coletivos. Uma vez provocada, atua no sentido de, em caráter
definitivo, compor litígios ou simplesmente realizar direitos materiais previamente acertados, o que inclui a
função de acautelar os direitos a serem definidos ou realizados, substituindo, para tanto, a vontade das
pessoas ou entes envolvidos no conflito.
Características :
Unidade
A jurisdição é una, ou seja, é função monopolizada dos juízes, os quais integram uma magistratura
nacional, não obstante um segmento seja pago pela União (magistratura federal e trabalhista, por exemplo)
e outro pelos Estadosmembros (magistrados estaduais).
A jurisdição não é um ato solitário dos juízes. A jurisdição é prestada por um órgão que, do ponto de vista
subjetivo, é composto por agentes públicos, que recebem vencimentos (juiz, escrivão, promotor público,
defensor público e outros), e agentes privados, que recebem honorários (v.g., advogado e perito).
Secundariedade
A jurisdição é o derradeiro recurso (ultima ratio), a última trincheira na busca da solução dos conflitos. O
normal e esperado é que o Direito seja realizado independentemente da atuação da jurisdição, sobretudo
em se tratando de direitos patrimoniais. Em geral, o patrão paga os salários sem que seja acionado para
tanto
O ideal é que se cumprisse a lei, que se respeitasse os limites dos direitos de cada um, bem os atos
jurídicos em geral. Ideal ainda seria se, ante a ocorrência de conflitos, se buscasse os meios consensuais
para a respectiva solução.
Substitutividade
De um modo geral, as relações jurídicas são formadas, geram seus efeitos e extinguemse sem dar origem a
litígios. Quando surge o litígio, as partes podem compôlo de diversas formas, sem recorrer ou aguardar o
pronunciamento do Estadojuízo. A transação (art. 840 do CC), a conciliação, a mediação e o juízo arbitral são
instrumentos extrajudiciais adequados para a composição dos litígios. Apenas quando frustradas as
tentativas extrajudiciais de solução dos conflitos é que o Estado deveria ser chamado a atuar
Em razão da substitutividade, a jurisdição é espécie de heterocomposição dos conflitos,
gênero que se contrapõe à autocomposição (solução do litígio pelos próprios sujeitos da
relação material, como se dá na conciliação e transação), que tem como pressuposto o
respeito integral à autonomia da vontade.
imparcialidade
No exercício da jurisdição deve predominar o interesse geral de administração da justiça,
devendo os agentes estatais zelar para que as partes tenham igual tratamento e igual
oportunidade de participar na formação do convencimento daquele que criará a norma
que passará a reger o conflito de interesses. É nesse sentido que se diz que a jurisdição é
atividade imparcial do Estado.
Criatividade
Agindo em substituição à vontade dos conflitantes, o Estado, ao final do processo, criará
uma norma individual que passará a regular o caso concreto, inovando a ordem jurídica. A
essa norma dáse o nome de sentença (quando a decisão é prolatada por juiz singular) ou
acórdão (quando a decisão emana de órgão colegiado).
Inércia
A jurisdição é atividade equidistante e desinteressada do conflito e, por isso, num primeiro
momento, só age se provocada pelas partes, por intermédio de seus advogados (art. 2o).
Evidentemente, uma vez provocada, age por impulso oficial, de ofício.
Definitividade
Traço marcante e distintivo da jurisdição em relação às demais funções estatais (administrativa
e executiva) e meios de pacificação social é a aptidão para a definitividade, quer dizer, a
suscetibilidade para se tornar imutável. A essa característica de definitividade da jurisdição dáse
o nome de coisa julgada.
PRINCÍPIOS DA JURISDIÇAO
Para que o juízo seja natural, além do aspecto objetivo, é indispensável que o juiz e seus
auxiliares sejam imparciais, aí incluídos o escrivão, o perito, os conciliadores e mediadores.
2- Princípio da Improrrogabilidade
Os limites da jurisdição, em linhas gerais, são traçados na Constituição, não podendo o
legislador ordinário restringilos nem ampliálos. A improrrogabilidade traçará, então, os limites de
atuação dos órgãos jurisdicionais. Todos os juízes (e aqui me refiro à pessoa do juiz) são
investidos de jurisdição, mas só poderão atuar naquele órgão competente para o qual foram
designados, e somente nos processos distribuídos para aquele órgão. Fora de sua função, o juiz
é um cidadão comum.
3- Princípio da indeclinabilidade
Se, por um lado, não se permite ao julgador atuar fora dos limites definidos pelas regras de
competência e distribuição, por outro, também a ele não se permite escusar de julgar nos casos
a que a tanto está compelido. O órgão jurisdicional, uma vez provocado, não pode recusarse,
tampouco delegar a função de dirimir os litígios, mesmo se houver lacunas na lei, caso em que
poderá o juiz valerse de outras fontes do direito, como a analogia, os costumes e os princípios
gerais
4- Princípio da inevitabilidade
Relacionase com a autoridade da decisão judicial, que, uma vez transitada em julgado, se impõe
independentemente da vontade das partes.
Assim, se não concordar com a decisão, devese recorrer; caso contrário, as partes a ela ficarão
sujeitas em caráter inevitável.
5- Princípio da indelegabilidade
Tal como não se admite a prorrogação da atividade de um julgador fora dos limites traçados pelas
regras de competência, salvo nos casos expressos em lei, e igualmente não se permite que o juiz se
escuse de decidir uma causa que lhe foi distribuída, também não pode ele ou o tribunal delegar suas
funções a outra pessoa ou órgão jurisdicional.
Se a lei disciplina a competência jurisdicional, não há razões para afastála ou permitir que esta função
seja exercida por outrem. Há, no entanto, algumas exceções.
JURISDIÇÃO CONTENCIOSA E JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
Por jurisdição contenciosa entendese a função estatal exercida com o objetivo de compor litígios.
Por sua vez, a jurisdição voluntária cuida da integração e fiscalização de negócios jurídicos
particulares.
Ação
o Estado tem o poder-dever de prestar a tutela jurisdicional, isto é, de dirimir os conflitos de
interesses. A jurisdição, no entanto, só age se provocada. É necessário discorrer, assim, sobre o
meio de se provocar a tutela jurisdicional: a ação.
mediante o direito de ação, provocase a jurisdição estatal, a qual, por sua vez, será exercida por
meio daquele complexo de atos que é o processo.
As ações (ou causas) são identificadas pelos seus elementos subjetivos e objetivos. Os elementos
subjetivos são as partes; e os objetivos, o pedido e a causa de pedir. A identificação da ação é tão
importante que a lei expressamente a exige como pressuposto da petição inicial (art. 319). A falta
de indicação de um dos elementos da ação poderá acarretar o indeferimento da inicial, por inépcia,
com a consequente extinção do feito sem resolução do mérito.
Parte: é quem participa da relação jurídico processual, integrando o contraditório. Falase em partes
principais, que são aquelas que formulam ou têm contra si pedido formulado (autor e réu nas
ações de cognição, exequente e executado nas execuções; requerente e requerido nas ações
cautelares), e partes auxiliares (coadjuvantes), como o assistente simples.
Causa de pedir: são os fatos e fundamentos jurídicos do pedido. O autor, na inicial, deverá indicar
todo o quadro fático necessário à obtenção do efeito jurídico pretendido, bem como demonstrar
de que maneira esses fatos autorizam a concessão desse efeito (teoria da substanciação).
Pedido: é a conclusão da exposição dos fatos e fundamentos jurídicos constantes na petição inicial;
é o resultado da valoração do fato pela norma jurídica –, a qual constitui a pretensão material
formulada ao Estadojuízo. O pedido exerce importante função no processo. Além de ser elemento
identificador da demanda e servir de parâmetro para a fixação do valor da causa (art. 291), limita a
atuação do magistrado, que, por força do princípio da congruência ou adstrição (arts. 141 e 492),
não poderá decidir aquém (citra), além (ultra) ou fora (extra) do pedido.
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES
a) Segundo a natureza do provimento jurisdicional pretendido