Defesa - Multa de Trânsito - Lei Seca
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Defesa - Multa de Trânsito - Lei Seca
FEDERAL
Auto de Infração nº XXXXXX
NOME, brasileiro, solteiro, inscrito no CPF sob o nú mero xxxx, residente e
domiciliado no endereço...., vem à presença de V. Sra. apresentar
DEFESA DE AUTUAÇÃO
nos termos do art. 286 do CTB, pelas razõ es a seguir.
I – BREVE RELATO DOS FATOS
O condutor, na data de 29/08/2015, por voltas das 04:00h, dirigia seu veículo
XXXXXX, placas XXXX, pela BR 116, quando foi abordado pela autoridade matrícula
nº xxxxxx, lotado no ó rgã o xxxxx.
Quando da abordagem a autoridade requereu que o condutor fizesse teste de
etilô metro (bafô metro), contudo, o mesmo preferiu recusar-se a fazê-lo.
Imediatamente, a autoridade lavrou o auto de infraçã o, ora objeto da presente
impugnaçã o, enquadrando o condutor na infraçã o de trâ nsito descrita como
“Condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos proc prev no art. 277 do
CTB”, promovendo em seguida a apreensã o da CNH e veículo do condutor.
O condutor permaneceu no local, demonstrando à autoridade policial estar
plenamente apto a conduzir o veículo, sem esboçar qualquer sinal de alteraçã o da
capacidade psicomotora, razã o pela qual seriam insubsistentes a multa aplicada e a
retençã o do veículo.
A autoridade policial manteve a aplicaçã o da multa e reteve o documento do
condutor, contudo, liberou o ora impugnante a se retirar do local conduzindo o
veículo, o que por si só configura ato contraditó rio à aplicaçã o da multa e prova da
ausência de qualquer incapacidade psicomotora por parte do condutor autuado.
Destaca-se que, diferente da descriçã o da infraçã o, a autoridade nã o solicitou ou
realizou quaisquer dos procedimentos complementares e essenciais à aplicaçã o da
multa prevista pelo art. 165 do CTB, conforme dispõ e o art. 277, § 2º, do CTB.
Dessa forma, patente que o auto de infraçã o nã o atendeu a todos os requisitos
procedimentais, devendo o mesmo ser anulado, como ficará demonstrado ao final.
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II – A LEGISLAÇÃO SOBRE A MATÉRIA
O art. 165 do CTB prevê como conduta ilícita dirigir sob influência de á lcool ou
qualquer outra substâ ncia psicoativa que determine dependência, infraçã o
gravíssima passível de multa:
Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine
dependência: (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008)
Infração - gravíssima; (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008)
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses. (Redação dada pela
Lei nº 12.760, de 2012)
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e retenção do veículo, observado o
disposto no § 4o do art. 270 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 - do Código de Trânsito
Brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período de
até 12 (doze) meses. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
Dessa forma, seja em razã o do ensinamento doutriná rio ou pela norma positivada,
claro está que o motivo é condiçã o de validade de qualquer ato administrativo,
sendo a motivaçã o o ato que transparece aquilo que o agente apresenta como
causa do ato administrativo.
Partindo para o exame do caso em tela, o confronto da legislaçã o de trâ nsito com
os fatos ocorridos é suficiente para comprovar a inconsistência do auto de
infraçã o, irregularidade que clama pela sua anulaçã o.
Sobre a multa aplicada, observa-se que a autoridade policial nã o realizou
quaisquer dos procedimentos definidos no art. 5º da Resoluçã o CONTRAN
432/2013, sendo que o auto de infraçã o nã o consta quaisquer dos sinais
enumerados no Anexo II da referida resoluçã o.
A doutrina de Hely Lopes é taxativa: “O simples fato de não haver o agente público
exposto os motivos de seu ato bastará para torná-lo irregular; o ato não motivado,
quando o devia ser, presume-se não ter sido executado com toda a ponderação
desejável, nem ter tido em vista um interesse público da esfera de sua competência
funcional”[4].
Vale destacar que a multa tem como pressuposto o estado de embriaguez e nã o a
simples negativa em se submeter ao teste do “bafô metro”. Assim, a ausência de
constataçã o de alteraçã o psicomotora por si só é causa de sua nulidade, a teor do
princípio da motivaçã o. É da jurisprudência:
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE. AUTO DE INFRAÇÃO. TESTE DE
ALCOOLEMIA (BAFÔMETRO). PEDESTRE. PRELIMINAR DE JULGAMENTO EXTRA PETITA. REJEIÇÃO.
MÉRITO: SUBMISSÃO DE PEDESTRE À REALIZAÇÃO DE TESTE DE BAFÔMETRO. NEGATIVA. APLICAÇÃO DE
MULTA. MOTIVAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO. INSUBSISTÊNCIA. MEDIDA ANTECIPATÓRIA DE
TUTELA. MULTA DIÁRIA (ASTREINTES). CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO. RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE.
REDUÇÃO. NÃO CABIMENTO. SENTENÇA MANTIDA. 1. CONSTATADO QUE O PROVIMENTO
JURISDICIONAL EXARADO GUARDA CORRELAÇÃO COM O PEDIDO FORMULADO NA INICIAL, DEVE SER
REJEITADA A PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA POR JULGAMENTO EXTRA PETITA. 2.
DEMONSTRADO QUE A ABORDAGEM POLICIAL OCORREU QUANDO A PARTE SE ENCONTRAVA NA
CONDIÇÃO DE PEDESTRE, E TENDO EM VISTA NÃO HAVER COMPROVAÇÃO DE QUE O AUTOR HAVIA
INGERIDO BEBIDA ALCOÓLICA EM MOMENTO ANTERIOR, TEM-SE POR CONFIGURADA A NULIDADE
DO AUTO DE INFRAÇÃO POR NEGATIVA DE REALIZAÇÃO DO TESTE DE ALCOOLEMIA (BAFÔMETRO). 3.
O VALOR DA MULTA DIÁRIA (ASTREINTES) TEM POR ESCOPO COMPELIR O OBRIGADO AO
CUMPRIMENTO DA DECISÃO JUDICIAL, DEVENDO SER MANTIDO O VALOR ARBITRADO, QUANDO SE
MOSTRAR RAZOÁVEL E PROPORCIONAL. 4. RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDO. PRELIMINAR
REJEITADA. NO MÉRITO, NÃO PROVIDO. (TJ-DF - APC: 20110110557849 DF 0016139-72.2011.8.07.0001,
Relator: NÍDIA CORRÊA LIMA, Data de Julgamento: 09/04/2014, 3ª Turma Cível, Data de Publicação:
Publicado no DJE : 29/04/2014 . Pág.: 132)