Decisão Conceituando Ações Possessórias
Decisão Conceituando Ações Possessórias
Decisão Conceituando Ações Possessórias
31/10/2022
Número: 5001171-18.2022.8.13.0738
Classe: [CÍVEL] REINTEGRAÇÃO / MANUTENÇÃO DE POSSE
Órgão julgador: Vara Única da Comarca de Jaíba
Última distribuição : 14/06/2022
Valor da causa: R$ 810.180,00
Assuntos: Comodato, Posse
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
AGROPECUARIA SERRA AZUL DE JAIBA S/A (AUTOR)
DANIEL AMORMINO GODINHO (ADVOGADO)
DECIO FLAVIO GONCALVES TORRES FREIRE
(ADVOGADO)
BLUE MOUNTAINS EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS S
A (RÉU/RÉ)
LIGIA NOLASCO (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Assinatura Documento Tipo
9505045906 15/06/2022 12:13 Decisão Decisão
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
DECISÃO
1. RELATÓRIO
Segundo sustentou, desde o dia 01 (primeiro) de setembro de 2019 (dois mil e dezenove),
possui a posse do imóvel rural denominado Gleba “G1”, lote nº. 4.011, com área de 90,0220 ha. (noventa
hectares, dois ares e vinte centiares), então exercida em virtude de contrato de comodato celebrado com
sua proprietária, DACUNHA S/A (a qual, por sua vez, adquiriu p imóvel de MS ATACADISTA E
DISTRIBUIÇÃO LTDA., em 03.03.2008, através de Instrumento Particular de Compra e Venda, não
averbado).
Aduziu que vem usufruindo tal posse de forma mansa e pacífica, pagando os impostos
(ITR) e integrando-o a um extenso projeto de plantio e irrigação, mediante vultosos investimentos para
Ressaltou que foi retirada de posse sem ser parte da ação de execução que culminou com
a arrematação e ordem de imissão de posse, desconhecendo, inclusive, qual seria a extensão da área
objeto do ato.
É o relatório. DECIDO.
2. DO PEDIDO LIMINAR
De início, convém destacar que existem dois tipos de ação possessória: a de força nova e
a de força velha. O art. 558 do CPC estabelece que as ações possessórias são regidas pelo procedimento
especial quando propostas dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial
(força nova), assumindo o procedimento comum quando ultrapassarem o referido prazo (força velha).
Ademais, o que difere, conforme tenha ou não passado ano e dia, é o procedimento, em
especial o emprego da técnica antecipatória. Com efeito, sendo de força velha, exige-se a verificação de
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e perigo de dano ou risco ao resultado útil do
processo (art. 300, do CPC/2015). Já a liminar possessória da ação de força nova exige somente que o
autor demonstre, em cognição sumária, que tinha a posse e foi esbulhado ou turbado, há menos de ano e
dia.
Para que faça jus ao direito de reintegração/manutenção da posse, a parte requerente deve
comprovar os requisitos previstos no artigo 561 do Código de Processo Civil: a) a posse do bem; b) o
esbulho ou a turbação; c) a data do esbulho ou da turbação; e d) a perda da posse, em caso de
reintegração, ou a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção.
No caso, em juízo de cognição sumária, vejo que, nada obstante tenha a requerente
demonstrado o poder fático sobre o imóvel, o alegado esbulho praticado pela requerida não restou
configurado, tendo em vista que ela tomou posse do imóvel por meio de mandado de imissão de posse,
juntado em Id. 9502213417, expedido no processo de nº 013390-84.2011.8.13.0188, em curso perante a
2ª Vara Cível de Nova Lima/MG, na qual são partes Banco Mercantil do Brasil S/A e MS Atacadista e
Distribuição Ltda., em face da arrematação do imóvel.
Lado outro, sabe-se também que o terceiro que, não sendo parte no processo, sofrer
constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível
com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição, observados os prazos
processuais, por meio de via especial, na linha dos fundamentos determinantes contidos nas ementas dos
acórdãos colacionadas na própria petição inicial.
3. DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
Tendo em vista que o Código de Processo Civil prima pela solução consensual dos
conflitos, designo audiência de conciliação para a ser realizada no Centro Judiciário de Solução de
Conflitos e Cidadania – CEJUSC.
1.1. Cientifique o(s) requerido(s), ainda, que, no prazo de 15 (quinze) dias úteis (art. 564,
CPC/2015), contados a partir da juntada do aviso de recebimento/mandado (artigo 231, incisos I e II do
Código de Processo Civil), poderá o(s) requerido(s) contestar a ação, sob pena de revelia (art. 344, CPC).
2. Intime-se o requerente, por seu procurador, acerca da data da audiência (Art. 334, §3º,
CPC).
3. Advirta as partes que estas deverão estar acompanhadas por advogados (Art. 334, §9º,
CPC). Poderão ainda constituir representante, por meio de procuração específica, com poderes para
negociar e transigir (Art. 334, §10, CPC).
6.1. Deverá a Secretaria aguardar o decurso do prazo para contestação (art. 564 c/c art.
231, ambos do CPC/2015).
6.2. Decorrido o prazo supra (subitem 6.1), com a manifestação do requerido, intime-se o
requerente, por seu procurador, para impugnação, no prazo de 15 (quinze) dias.
6.3. Decorrido o prazo supra (subitem 6.1), sem a manifestação do requerido, cumpra-se
o item 7.
Juiz de Direito