Ciências Sociais Unid 5
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SUMÁRIO
MÓDULO 01
BIBLIOGRAFIA.......................................................41
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INTERDISCIPLINAR - CIÊNCIAS SOCIAIS
Unidade de Aprendizagem 5
OBJETIVOS
MÓDULO
01
1 Analisar os impactos da modernidade sobre o trabalho
Faz alguns anos, tempo que se usava TV por assinatura e nãohavia ainda o streaming,
estava zapeando pelos canais e parei num canal no qual passava um filme italiano. A cena
era a seguinte: uma jovem passava apressada e um tanto angustiada passava pela Fontana
di Trevi. Não parou para jogar a moedinha e fazer um desejo, como é tradição. Ela entrou
numa casa nas proximidades da famosa Fonte. A sala era mal iluminada, e ela assentou-se,
arrumou a bolsa no colo e depois de alguns instantes entrou um homem e se assentou. Era
um mago, um adivinhador que diante diante dele uma bola de cristal. Olhou firmemente (e
com um ar de charlatão) e disse três palavras apenas: lavore, salute o amore?
Desliguei a televisão e fiquei ali sentado, por alguns minutos pensando: tantos anos
estudando o comportamento humano, a sociedade, a história e o mago do filme havia resu-
mido todas as lutas humanas em três palavras: lavore, salute o amor? Em português: tra-
balho, saúde ou amor? E não é que ele tinha razão. Os problemas e lutas dos seres humans
estão sempre numa dessas áreas: trabalho, saúde e amor.
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teológico o objetivo é que a leitura da realidade feita pelas Ciências Sociais seja utilizada
para intervenções à luz dos valores cristãos.
Mãos à obra.
Definição de trabalho
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PROPÓSITO DO TRABALHO
PARA PENSAR
Qual é o propósito do trabalho? Aqueles que estão tentando de-
senvolver uma compreensão cristã a esse respeito consideram,
em primeiro lugar, a Criação. A Queda fez com que alguns tipos
de trabalho se tornassem tediosos (o solo foi amladiçoado e
seu cultivo se tornou possível somente por meio do trabalho
pesado e do suor), mas o trabalho em si é uma conquência da nossa criação à ima-
gem de Deus. O próprio Deus é representado em Gênesis 1 como trabalhador. Seu
plano criativo se desenrolou dia a adia, ou estágio a estágio. Alé do mais, quando viu
o resultado do seu trabalho, declarou-o como sendo “bom”. Ele sentiu-se plenamente
satisfeito com o trabalho que havia feito. Seu último ato, antes de descansar no séti-
mo dia, foi criar os seres humanos e, ao fazê-lo, fez deles trabalhadores também. Deu
a eles uma parte do seu próprio domínio sobre a terra e disse-lhes para exercerem
seus dons criativos em subjugá-la. Assim, desde o princípio homens e mulheres têm
sido mordomos privilegiados de Deus, comissionados a guardar e desenvolver o meio
ambiente em seu nome.
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Daniel Bell criou o termo sociedade pós-industrial para indicar, no caso dos EUA e de
outros países desenvolvidos, a transição de uma economia onde a maioria dos empregos
estava indústria para uma economia na qual a maior parte dos empregos encontrava-se no
setor de serviços, principalmente nos serviços relacionados com saúde, educação, lazer,
pesquisa e administração. As indústrias continuam a existir, mas por conta da revolução
tecnológica geram cada vez menos empregos diretos. O termo sociedade da informação
foi popularizado por John Naisbitt em seu livro Megatrends (1982). Naisbitt continuava tra-
balhando dentro das referências de Bell acentuando, entretanto, que a informação passou
a ser o recurso estratégico numa economia pós-industrial.
As mulheres e o trabalho
Um capítulo especial do trabalho no mundo moderno diz respeito ao papel das mulhe-
res. Com a tendência à diminuição no número de filhos por casais e com o aumento da es-
colaridade as mulheres estão buscando com maior freqüência o trabalho fora dos limites
da casa. Todavia, persistem ainda desigualdades relacionadas ao gênero. Duas delas são
mais freqüentes: segregação ocupacional e disparidade salarial. A segregação ocupacional
diz respeito ao fato de cargos de direção ficarem na sua maioria com os homens, ou ainda,
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Desemprego
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) define desemprego nos seguintes ter-
mos: um desempregado é um indivíduo que não possuindo um emprego, têm disponibilida-
de para iniciar no trabalho dentro de duas semanas e que buscou, sem êxito, um emprego
no mês anterior. Duas distinções podem ser feitas ainda: o desemprego temporário que
compreende aqueles indivíduos que estão formados e buscam ingressar no mercado de
trabalho ou aqueles que estão numa fase de recolocação; desemprego estrutural diz respei-
to às mudanças na economia que fazem com que determinadas profissões desapareçam,
seja por conta das inovações tecnológicas ou porque os produtos gerados naquele sistema
ocupacional passaram a ser importados de uma outra localidade do globo. Os índices de
desemprego estão sempre em oscilação. No Brasil os índices registrados pelo Instituto Bra-
sileiro de Geografia e Estatística (IBGE) têm oscilado nas últimas duas décadas entre 6% e
12% da população economicamente ativa.
PARA PENSAR
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INTERDISCIPLINAR - CIÊNCIAS SOCIAIS
Uma das áreas em que as transformações trazidas pela modernidade foi sentida com
mais intensidade são os vínculos familiares. Desde seus primórdios as Ciências Sociais
têm trabalhado com definições básicas sobre esse universo das relações familiares. Fa-
mília sob o ponto das Ciências Sociais é um grupo de pessoas diretamente unidas por
conexões parentais sendo que os membros adultos se responsabilizam pelos cuidados
com as crianças. Parentesco é um conceito importante para o entendimento da família e
se entende parentesco a partir das conexões entre indivíduos estabelecidas por casamen-
to e por linhas de descendência que ligam parentes consanguíneos (mães, pais, irmãos,
etc). Casamento é outro conceito-chave e sob a perspectiva das Ciências Sociais é definido
como uma união sexual entre duas pessoas adultas e precisa ser validado socialmente, isto
é, reconhecido e aprovado.
Uma das principais mudanças trazidas pela urbanização foi a passagem da família am-
pliada para a família nuclear. A primeira compreendia uma convivência cotidiana com avós,
tios, primos e seus respectivos conjuges. A família nuclear compreende pai e mãe vivendo
junto com seus filhos. Evidentemente os laços amplos de parentesco existem, mas não
existe a dinâmica de convivência cotidiana.
Casamento - menos pessoas estão se casando e aquelas que se casam o fazem cada
vez mais tarde, ou seja, mais velhas.
Filhos - a taxa de natalidade vem caindo na maioria dos países ocidentais e asiáticos.
Aqueles que optam por ter filhos acabam fazendo mais tarde e tendo menos filhos que seus
pais.
Famílias monoparentais - trata daquelas famílias em que as crianças vivem com ape-
nas um dos pais.
Não é preciso grande esforço para perceber que os fatores acima estão interligados e
se reforçam mutuamente. Uma contribuição importante para o entendimento dos relacio-
namentos conjugais foi oferecido pelo sociólogo inglês Anthony Giddens, trata do conceito
de relacionamento puro para descrever a atitude das pessoas em relação ao casamento.
Segundo ele, um relacionamento puro:
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De um lado, constata Giddens, as pessoas estão livres para assumir compromissos por
amor, sem as pressões econômicas ou familiares tão presentes no mundo antigo. Porém,
o casamento fundamentado na subjetividade sentimental e em expectativas de autossatis-
fação por parte dos cônjuges empurra os relacionamentos para a instabilidade e o elevado
nível de divórcios das sociedades modernas.
Olhar para os dados pode ser uma ferramenta importante para a igreja pensar ações
específicas para diferentes públicos. Veja abaixo algumas informações sobre divórcio
no Brasil e pense sobre caminhos ministeriais para auxiliar as famílias:
- De acordo com o IBGE No Brasil, em 2010, o tempo médio entre a data do casamento
e a data da sentença ou escritura do divórcio era de cerca de 16 anos. Em 2021, houve
uma diminuição do tempo do casamento para 13,6 anos. Nas grandes regiões, esse
tempo médio variou entre 15 a 17 anos em 2010 e entre 12 a 15 anos em 2021.
- A mulher é a responsável pela guarda dos filhos na maioria dos divórcios: 54,2% em
2021, ante 57,3% em 2020.
(Fonte:https://valorinveste.globo.com/mercados/brasil-e-politica/noti-
cia/2023/02/16/divrcios-voltam-a-bater-recorde-no-pas-diz-ibge.ghtml)
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BIBLIOGRAFIA
BERMAN, M. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. São Paulo:
Cia das Letras, 1986.
DURKHEIM, E. Durkheim. 4 ª ed. São Paulo: Editora Ática, 1988. (Coleção Grandes Cientistas
Sociais)
GONZALEZ, J. L. Cultura e evangelho: o lugar da cultura no plano de Deus. São Paulo: Hagnos, 2011.
HUME, D. Hume: vida e obra. São Paulo: Abril Cultural, 1999. (Coleção Pensadores)
_____. Marx: vida e obra. 2ª ed. Abril Cultural: São Paulo, 1978. (Coleção Pensadores)
WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. 5ª. ed. São Paulo: Pioneira, 1987.
_____. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Companhia das Letras,
2004. [Edição de Antônio Flávio Pierucci]
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