Escola Estadual de Ensino Médio Irmão José Otão
Escola Estadual de Ensino Médio Irmão José Otão
Escola Estadual de Ensino Médio Irmão José Otão
Disciplina: Artes
Professora: Anajara Lucena
Estudantes: Arthur Marcon, Alexandre, Luísa Novello, Maria Eduarda de
Souza, Paulo Henrique, Vinícius B. Pansera e Vithor.
Turma: 202
Mulheres na História da
Arte:
Anita Malfatti
Introdução
Anita Catarina Malfatti (1889-1894) foi uma das mais importantes artistas
plásticas brasileiras da primeira fase do Modernismo sendo considerada a
precursora do Modernismo no Brasil, vale destacar que a sua exposição ocorrida
em 1917 trouxe diversos benefícios e fixações deste importante movimento
artístico. A mostra expressionista da pintora foi um marco para a renovação das
artes plásticas no Brasil.
Devido à incerteza, ansiedade sobre qual rumo seguir na vida aos 13 anos
de idade Anita Malfatti estabeleceu uma ideia radical: imaginou que passar por
uma aventura perigosa poderia lhe tirar essas dúvidas e trazer a resposta, o
estímulo que tanto imaginava. Seguindo este pensamento Anita deitou-se no vão
entre os trilhos de uma linha do trem perto de sua casa e aguardou o trem passar.
Foi algo horrível, indescritível comentou. Em meio a essa situação de forte
emoção, barulho ensurdecedor, a deslocação de ar, a temperatura asfixiante
Anita contemplou cores e cores esboçando o espaço. A partir desse momento a
sua incerteza se tornou sanada notando que a pintura era o seu futuro.
Adolescência
Anita Malfatti cresceu em uma elegante família, os seus pais não detinham
de tanta riqueza, porém a garota nunca havia passado por dificuldades vivendo
com uma boa qualidade de vida. O seu pai Samuel Malfatti havia sido engenheiro
e a sua mãe Elisabete, pintora, desenhista, falava fluentemente 7 línguas,
professora e devido as suas grandes capacidades ficou encarregada de cuidar
pessoalmente da educação de sua filha.
Formação
Em 1910 com a ajuda financeira de seus familiares foi estudar na
Alemanha frequentando o ateliê de Fritz Burger e em seguida matriculou-se na
Academia Real de Belas Artes em Berlim, local este que estudou pintura
expressionista cujo objetivo estava em expressar o emocional, distorcer formas
e usar cores pouco reais.
Em 1915 viajou para Nova Iorque onde estudou na Artes Students League
e na Independent Scool of Art sob a orientação do professor Homer Boss, pessoa
filósofa, artista plástico que dominava o expressionismo possuindo uma das
difíceis características que era de deixar o aluno com liberdade de criação para
a pintura, foi aí que a carreira de Anita Malfatti amanhou grande impulso, pois
usufruiu da autonomia de pintar livremente sem limitações estéticas. São dessa
época as obras: O Japonês, O Farol e A Boba.
"Essa artista possui um talento vigoroso, fora do comum. Poucas vezes através de
uma obra torcida para má direção, se notam tantas e tão preciosas qualidades latentes.
Percebe-se de qualquer daqueles quadrinhos como a sua autora é independente, como é
original, como é inventiva, em alto grau possui um sem-número de qualidades inatas e
adquiridas das mais fecundas para construir uma sólida individualidade artística. Entretanto,
seduzida pelas teorias do que ela chama arte moderna, penetrou nos domínios dum
impressionismo (sic) discutibilíssimo, e põe todo o seu talento a serviço duma nova espécie de
caricatura. Sejamos sinceros: futurismo, cubismo, impressionismo e tutti quanti não passam de
outros tantos ramos da arte caricatural. É a extensão da caricatura a regiões onde não havia
até agora penetrado. Caricatura da cor, caricatura da forma - caricatura que não visa, como a
primitiva, ressaltar uma ideia cômica, mas sim desnortear, aparvalhar o espectador. A
fisionomia de quem sai de uma destas exposições é das mais sugestivas. Nenhuma impressão
de prazer, ou de beleza, denunciam as caras; em todas, porém, se lê o desapontamento de
quem está incerto, duvidoso de si próprio e dos outros, incapaz de raciocinar, e muito
desconfiado de que o mistificam habilmente(...)".
Monteiro Lobato
LOBATO, Monteiro. [A propósito da exposição Malfatti]. Apud. BATISTA, Marta Rossetti. Anita
Malfatti e o início da arte moderna no Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação
(Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP. v. 1.
p.165. [Texto extraído do artigo A propósito da exposição Malfatti, escrito em 1917]
"Possuidora de uma alta consciência do que faz, levada por um notável instinto para a
apaixonada eleição dos seus assuntos e da sua maneira, a vibrante artista não temeu levantar
com os seus cinquenta trabalhos as mais irritadas opiniões e as mais contrariantes
hostilidades. Era natural que elas surgissem no acanhamento da nossa vida artística. A
impressão inicial que produzem os seus quadros é de originalidade e de diferente visão. As
suas telas chocam o preconceito fotográfico que geralmente se leva no espírito para as nossas
exposições de pintura. A sua arte é a negação da cópia, a ojeriza da oleografia".
Oswald de Andrade
Andrade, Oswald [A Exposição Anita Malfatti]. Apud. BATISTA, Marta Rossetti. Anita Malfatti e
o início da arte moderna no Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) -
Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo. v. 1. p.175. [Texto publicado
originalmente no Jornal do Commércio em 11 de janeiro de 1918]
"Monteiro Lobato - estilo clava, estilo pelúcia - tem no diabólico prestígio da sua pena um
mágico poder de sedução às vezes perigosos. Com tais artimanhas tece os seus períodos, que
o nosso espírito nele se enrosca, se prende; é como visgo para pássaros inexpertos; é como
um aranhol para mosquitos incautos...Caí, a respeito de Anita Malfatti, no visgo do seu estilo e,
preso por ele, julguei, com o critério de Lobato, sem ver todas as obras da artista, toda a obra
dela." Comigo milhares de paulistas, aprioristicamente, assim julgaram essa mulher singular,
que, quando não tivesse outro mérito, teria o de haver rompido, com audácia de arte
independente e nova, a nossa sonolência de retardatários e paralíticos da pintura....Quando
defrontei as telas de Anita, comecei a maturar se a acidez de Lobato era justa, e acabei
achando-o cruel e exagerado na formidável catilinária que pespegou na nossa brilhante
patrícia..."
Menotti del Picchia
PICCHIA, Menotti Apud. BATISTA, Marta Rossetti. Anita Malfatti e o início da arte moderna no
Brasil: vida e obra. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e
Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP. v. 1. p. 213 [Texto publicado no Correio
Paulistano em novembro de 1920]
A Boba (1915-1916)
A boba é uma das obras mais importantes da pintora brasileira e
apresenta elementos cubistas e futuristas para além de muitas cores. O retrato
traz uma única protagonista - jovem, expressiva-, que se destaca em primeiro
plano. Já aqui Anitta deforma as formas básicas da sua personagem. O fundo,
abstrato, é feito a partir de pinceladas largas.
A tela é construída com o uso das cores em uma orquestração de laranjas,
amarelos, azuis e verdes, realçando desta maneira as zonas cromáticas
delineadas pelas linhas negras, na maioria diagonais - ordenação cubista.
Ficha técnica
A Boba, 1915
Anita Malfatti
Óleo sobre tela, c.i.e.
61,00 cm x 50,60 cm
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (SP)
O Japonês (1915)
Há fortes indícios que o protagonista da obra seja o pintor Yasuo
Kuniyoshi (1893-1953), um colega de Anita em Nova York tanto na Arts Students
League, como na School of Art.
Conta com tons vermelhos e amarelos, afeição do personagem sobressai
na tela. O trabalho foi comprado por Mário de Andrade em 1920 esteve exposto
tanto na Semana da Arte Moderna quanto na VI Bienal Internacional de São
Paulo.
Ficha técnica
O Japonês, 1915
Anita Malfatti
Óleo sobre tela, c.i.d.
61,00 cm x 51,00 cm
Coleção Mário de Andrade do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade
de São Paulo (SP)
O farol (1915-1917)
Nesta obra a pintora trás também as técnicas que aprendeu durante seus
estudos na Alemanha. O farol (1915-1917) foi pintado na ilha de Monhegan, na
costa leste estadunidense, ao ar livre, quando ela era aluna do professor Homer
Boss, que permitia que seus alunos expressassem-se com liberdade.
Segundo a artista, eles pintavam diversas telas, ao sol, chuva, neblina,
ventania. Ela também relatou que era a tormenta, era o farol, possuíam casinhas
dos pescadores escorregando pelos morros, possuíam paisagens circulares, o
sol...lua...o mar.
Nos dias atuais a obra pode ser vista e encontrada no
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.
Material: óleo sobre a tela.
Dimensão: 46,50x61cm
A Ventania (1915)
O conceito da artista era claramente influenciada pelas obras do pintor
Holandês Vicent Van Gogh, onde a característica marcante eram as pinceladas
e textura espessa, ressaltadas e rápidas.
A obra “A Ventania"(1915) o vento se torna elemento principal em
destaque, já que dobra tudo que à sua volta se encontra com sua força colossal,
em diferentes cores.
Hoje em dia a obra se encontra no Acervo dos palácios do governo do
Estado São Paulo.
Material usado:
Óleo sobre a tela.
Dimensão: 48x60cm
A Chinesa (1922)
A composição “A Chinesa”, obra da artista brasileira Anita Malfatti, era
uma das prediletas da autora. O escritor Mário de Andrade dizia não gostar da
obra, pois queria que a amiga não se desviasse daquilo que considerava ser o
projeto modernista.
O fundo vermelho da composição destaca os demais elementos pintados
em diversas tonalidades de azul.
Ficha técnica:
Ano: c. 1921-1922
Dimensões: 100 x 77 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: Coleção particular