A Administração de Materiais
A Administração de Materiais
A Administração de Materiais
Como você já deve ter percebido, tendo em vista à sua importância, a administração de
materiais deve ser realizada com altos padrões de excelência, pois interfere grandemente
no fluxo de trabalho da organização e, também, em seus resultados internos e externos.
http://www.estudoadministracao.com.br/ler/administracao-de-materiais-resumo/
Compra;
Transporte;
Armazenagem e conservação;
Manipulação e;
Controle de estoques.
http://gestaodemateriais.blogspot.com.br/2008/11/ii-administrao-de-materiais-funo.html
INTRODUÇÃO
O termo Compra pode ser definido como a aquisição de um bem ou de um direito, pelo
qual se paga um estipulado preço. Baily et al. (2000), define que a atividade de compras
é um procedimento pelo qual as empresas determinam os itens a serem comprados,
identificam e comparam os fornecedores disponíveis, negociam com as fontes de
suprimentos, firmam contratos, elaboram ordens de compras e finalmente, recebem e
pagam os bens e serviços adquiridos.
Martins e Alt (2001) ainda comentam que esses objetivos devem estar alinhados aos
objetivos estratégicos da empresa como um todo, visando o melhor atendimento ao
cliente externo e interno. Essa preocupação tem tornado a função compras
extremamente dinâmica, utilizando-se de tecnologias cada vez mais sofisticadas e atuais
como o EDI, a Internet e cartões de crédito.
Baily et al. (2000) também concordam que o processo de compras cada vez mais está se
envolvendo na tomada de decisões estratégicas das empresas, pois Compras são vistas
como uma área de agregação de valor, não simplesmente de redução de custos e
também a maior consciência do crescimento do gasto em materiais e do potencial de
lucro de compras.
Para Arnold (1999) a função compra é um processo muito amplo que acaba por
envolver a todos na organização. O setor específico, geralmente, em face da
competitividade empresarial, precisa da ajuda de outros setores da organização, como o
de desenvolvimento de produtos, área financeira, para que as aquisições realmente
tragam benefícios para a organização.
Segundo Moraes (2005) o departamento de compras também pode assumir vários outros
papéis. Um deles está relacionado com a negociação de preços com os fornecedores.
Essa negociação determinará o preço final dos produtos e, portanto, a competitividade
da empresa.
Dias (2005) afirma que esta é uma questão delicada e que está diretamente ligada à
administração de compras, pois níveis de estoque, apesar de significarem uma
segurança de que a produção não precisará sofrer interrupções, ao mesmo tempo
demanda custos na maioria das vezes altos para a empresa, pois tem que ser
armazenados e controlados constantemente. Os níveis de estoque da empresa, por
exemplo, afetam o custo de produção e podem trazer outros problemas, como a
necessidade de um maior controle, de pessoal e despesas com a sua manutenção.
Assim, a área de compras tem uma função importante de cuidar para que os níveis de
estoque da empresa estejam sempre equilibrados.
Para Moraes (2005) é necessário também que as pessoas que trabalham nesta área
estarem muito bem informadas e atualizadas, além de terem habilidades interpessoais
como poder de negociação, facilidade de trabalhar em equipe, boa comunicação,
capacidade de gestão de conflitos.
Baily et al. (2000) definem o perfil ideal do comprador moderno da seguinte forma:
Vê a função como geradora potencial de lucro: acredita que deve contribuir para os
planos a longo prazo como parceiro em igualdade de condições. Possui MBA; forte base
financeira e tecnológica; assume que a área de compras é vital para o bem-estar da
empresa, que necessita de contribuição criativa para os planos e as políticas
corporativas. Aspira assumir uma diretoria; ansioso para eliminar as deficiências da
administração de recursos humanos e proporcionar melhores condições de trabalho.
Possui metas bem definidas para atingir objetivos, com o uso de melhor planejamento,
criatividade e colaboração de outros executivos da empresa.
A partir da década de 80, sob a influência da filosofia japonesa Just in time, muitas
empresas norte-americanas e brasileiras, começaram a adotar a compra em pequenos
lotes. A partir da década de 90, a globalização, a reengenharia de atividades, o aumento
da competição e a pressão para redução de custos, fizeram com que a atenção das
empresas fosse desviada para a área de Compras. “A partir de agora, irá existir um
grande benefício das relações entre as empresas e seus fornecedores. Esta oportunidade
será fonte de vantagem competitiva e não pode mais ser negligenciada” (Drucker apud
Baily, 2000). Dentre os benefícios que contribuíram para o aumento da importância da
área de Compras a partir da década de 90, pode-se citar:
Conforme Baily (2000), a percepção de que a função compras não é mais uma atividade
rotineira de administração de “pedidos”, está mais reconhecida. Neste novo cenário, a
área de Compras passa a ter um papel pró-ativo em contraste com o antigo papel reativo
que desempenhava. Conforme Riggs & Robbins (2001), “É preciso repensar o processo
de compras, substituindo o sistema moroso e antiquado por um processo gerencial
simples que crie valor em cada compra”.
De acordo com Brites (2006), em resultado de sua crescente importância nas
organizações, a função de Compras tem sido alvo de constantes alterações nos últimos
anos. O desenvolvimento de parcerias com fornecedores e a sistematização dos
processos de negociação apresentam ótimas oportunidades de melhoria, bem como a
execução dos processos operacionais e a formação dos profissionais de compras. A
importância da função de Compras continuará a intensificar-se, verificando-se um maior
foco em atividades que promovam o aumento da eficiência operacional e a redução dos
custos de compra, aumentando a contribuição para a criação de valor nas organizações.
É por esta razão que cada vez mais empresas promovem uma maior colaboração,
transparência e profissionalismo na relação com os clientes internos, o desenvolvimento
de relacionamentos ganha-ganha com fornecedores, parcerias de longo-prazo e
qualificação dos seus profissionais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAILY, Peter, FARMER, David et al. Compras: princípios e administração. São Paulo:
Editora Atlas, 2000.
RIGGS, David, ROBBINS, Sharon (2001) “Supply Management Strategies”. In: HSM
Management – Book Summary 2. São Paulo. Out-Dez, p.61-83.
Movimentação e Armazenagem
10 fev
A movimentação compõem-se de todos os deslocamentos das matérias primas, produtos
acabados e produtos finais, após o seu recebimento até o ponto de armazenagem. Os
deslocamentos internos destes estoques, do armazém até a manufatura ou outro local
também é denominado de movimentação. Os objetivos podem ser a consolidação ou
desconsolidação de pedidos, despacho para transporte, e é executado por meio de
equipamentos apropriados.
Equipamentos de movimentação
o Transpaletes
o Empilhadeiras de operador a pé
o Rebocadores
o Empilhadeiras retráteis, frontais e trilaterais
o Selecionadores de pedidos
Importância de armazenar
o Necessidade de compensação das diferentes fases de produção
o Equilíbrio sazonal
o Garantia de continuidade da produção
o Custos e especulação
Funções da armazenagem
o Criar utilidade de tempo – produtos agrícolas, hortifrutigranjeiros, moda,
sazonais
o Criar utilidade de localização – material certo no lugar certo
o Criar utilidade de forma – maturação do produto, melhoria da quelidade
(fumos e bebidas)
https://tudosobrealogistica.wordpress.com/tag/movimentacao-e-armazenagem/
O que é Gestão de Estoques?
Posted on 23 de julho de 2017 by Leandro Callegari Coelho in Gestão, Logística, Previsão
Por exemplo, uma loja de varejo que vende vários itens, como um supermercado ou loja
de departamentos (com por exemplo alimentos embalados, mantimentos, roupas, bens
eletrônicos, etc) não costuma armazenar todos os produtos na loja. Parte do estoque de
produtos é mantido em um armazém ou depósito. Chamamos de inventário a soma dos
produtos na loja e no armazém.
Vejamos então algumas razões para ter um bom sistema de gestão de estoques:
A demanda por bens e serviços específicos não será a mesmo durante todo o ano. Por
exemplo, a venda de condicionadores de ar tem picos durante o verão e vai para baixo
durante o inverno. Roupas também tem uma demanda muito sazonal, curtas no verão e
longas e quentes no inverno. Um estoque bem planejado permitirá que uma empresa
cumpra as exigências – e todos sabemos que a chave para aumentar a receita é o
atendimento integral da demanda.
A gestão cautelosa dos estoques permitirá a uma empresa executar suas operações sem
problemas, com continuidade. Por exemplo, se uma organização fabrica produtos que
dependem de matérias-primas, é evidente que a empresa precisa de um bom estoque de
matérias-primas para que as operações sigam sem contratempos.
As práticas a seguir podem ajudar uma empresa a ter um estoque bem gerenciado:
previsão da demanda:
Esta é uma habilidade especializada. Uma empresa deve ser capaz de prever demandas
de bens e produtos específicos em um momento específico do ano. A empresa deve
criar e manter o seu sistema de inventário com base nas demandas, reais e previstas.
Conheça mais sobre previsão de demanda.
Monitoramento do sistema:
qualidade de armazém:
Contudo, grande parte das pequenas empresas não realiza um controle eficaz dos
insumos, apresentando, via de regra, "furos" de estoque (as quantidades físicas não
"batem" com o registro em fichas ou sistema).
Uma das consequências da falta de controle está no fato de não ser possível checar se o
consumo efetivo dos materiais está de acordo com a sua real necessidade. Com efeito,
não conhecer o consumo médio dos materiais dificulta a compra que vise diminuir a
necessidade de capital de giro da empresa.
O estoque de alguns itens, por exemplo, pode estar superdimensionado, o que significa
um capital desnecessariamente parado. A falta de gestão tem como consequência,
também, a parada na produção ou nas vendas pela falta de materiais ou mercadorias,
com diminuição da produtividade.
Recomendações
Para o correto preenchimento dessa ficha, os registros de entrada devem ser feitos
quando do recebimento dos materiais, com base na documentação de entrada, que pode
ser a própria nota fiscal ou uma nota de recebimento.
Os registros de saída devem ser feitos com base nas requisições de materiais emitidas
pelos usuários.
A logística esta cada vez mais presente no meio corporativo, deixando de lado a idéia de
uma área apenas voltada para carregamento e movimentação, para atuar diretamente nas
estratégias do negocio, visando sempre diminuir custos e aumentar os resultados.
Bowersox e Closs (2001) definem logística como área de operação que nunca para e
ocorre em todos os lugares do mundo com a finalidade de tornar possível a
disponibilidade de produtos e serviços em qualquer local onde forem necessários.
Ching (2011) define gestão de estoque não apenas como um meio de reduzir custos,
mais se colocada em pratica como um conceito integrado a gestão de estoques se torna
uma ferramenta de estratégia fundamental para a sobrevivência do negocio.
Bowersox et al (2007) expressa que o ponto máximo a ser atingido pelos serviços
logísticos em relação ao nível de serviço é fazer tudo certo e fazendo certo na primeira
tentativa.
Aumentar o nível de serviço é firma-se na constante busca de tornar real a relação entre
serviços e qualidade, pois sabemos que a soma desses componentes geram a capacidade
de fornecer satisfação.
Assim a Gestão dos estoques aponta como um conceito integrador, sendo um diferencial
nos resultados financeiros e conceituais das organizações.
O termo seguro provém do latim secūrus e admite diversos usos e significados. Trata-se
daquilo que é certo e indubitável, ou que não apresenta nem constitui qualquer risco ou
perigo. A palavra “seguro” é usada como sinónimo de segurança ou certeza.
Neste sentido, por exemplo, pode falar-se de sexo seguro, isto é, as relações sexuais
onde não se põe em risco a saúde dos envolvidos (ao usar preservativo para evitar
doenças sexualmente transmissíveis, etc.).
Por outro lado, um seguro é um contrato através do qual uma pessoa paga um prémio
para receber uma indemnização caso sofra um acidente ou um roubo, por exemplo.
Também existem os seguros de vida, onde a seguradora abona uma determinada quantia
aos familiares do falecido.
https://conceito.de/seguro
há 3 anos
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1. Noções Gerais do Contrato de Seguro
Do latim securus, a palavra seguro simboliza a isenção de perigo, algo que está posto a
salvo, cuidado, garantido.
Parágrafo único. Somente pode ser parte, no contrato de seguro, como segurador,
entidade para tal fim legalmente autorizada.”
A função destes contratos é socializar riscos entre os segurados. Isto porque, de um lado
a seguradora arrecada um prêmio, orçado mediante a análise da probabilidade de
ocorrência de certo evento danoso. Por outro lado, a seguradora se responsabiliza pelo
pagamento de certa prestação em pecúnia, normalmente em caráter indenizatório, ao
segurado, ou, se for o caso, a terceiros beneficiários, quando verificada situação de
sinistro.
Conforme ensina Luiz Augusto Roux Azevedo, “a existência do seguro permite não
somente a mitigação de danos para aqueles que o sofrem, com a consequente redução
da destruição de valores econômicos a elas associadas, mas também permite sua
utilização como ferramenta para a redução de capital necessária para a realização de
atividades econômicas” [2].
2. Características
Certos contratos são descritos expressamente pelo legislador, de tal forma que a lei,
além de regulá-los, atribui padrão específico. Tal modalidade de contratos previstos no
texto legal são classificados como nominados.
Segundo Washington de Barros, “nominados são os contratos que têm nome iuris,
possuem denominação legal e própria, estão previstos e regulados na lei, onde têm um
padrão definido” [6]. Tendo em vista que os contratos de seguro estão previstos e
regulados por meio do ordenamento jurídico brasileiro, pode-se dizer que são exemplos
clássicos de contratos nominados.
No caráter de contrato nominado, o contrato de seguro era definido pelo artigo 1.432 do
Código Civil de 1.916, como sendo “aquele pelo qual uma das partes se obriga para
com a outra, mediante a paga de um prêmio, a indenizá-lo do prejuízo resultante de
riscos futuros previstos no contrato”.
A elaboração de qualquer contrato é sempre bilateral, uma vez que decorre de acordo de
vontade de ambas as partes. Entretanto, no tocante aos seus efeitos, ele pode ser tanto
unilateral ou bilateral.
Entende-se por contrato unilateral aquele em que apenas um dos contratantes se obriga
perante ao outro. É o que ocorre nos casos de doação pura e simples, em que apenas
uma das partes – no caso o doador - contrai obrigações, ao passo que o donatário apenas
aufere vantagens, não assumindo qualquer obrigação para com aquele.
Já os contratos bilaterais criam obrigação a ambas as partes. As obrigações serão
recíprocas, de modo que cada uma das partes fica adstrita a uma prestação. As
obrigações criadas pelo contrato bilateral recaem, dessa forma, sobre ambos os
contratantes. Cada um destes é credor e devedor ao mesmo tempo.
Para Celso Marcelo de Oliveira, “é o contrato de seguro bilateral, posto que implica
interdependência de prestações, ou seja, à obrigação de o segurado de pagar o prêmio
corresponde à obrigação do segurador de tutelar o interesse daquele em se prevenir de
determinado risco e, caso o mesmo se efetive de pagar-lhe a indenização devida” [10].
Ao segurador, por sua vez, cabe (i) a constituição de reservas e provisões, preservando
sua higidez econômico-financeira a permitir fazer frente às indenizações devidas; (ii)
eventualmente, contratar cosseguro e/ou resseguro, a depender do caso concreto; (iii)
pagar ao segurado as despesas de salvamento (artigos 771 e 779, ambos do Código
Civil) e (iv) promover a regulação dos sinistros [12].
Portanto, nos contratos de seguro, como ocorre nos contratos bilaterais de modo geral,
“para que uma das partes possa exigir seus direitos decorrentes do contrato, mister se
faz que tenham cumprido suas obrigações decorrentes da mesma relação jurídica
contratual” [13]. Nesse sentido, destaca-se a redação do artigo 763 do Código Civil,
segundo o qual “[n]ão terá direito a indenização o segurado que estiver em mora no
pagamento do prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua purgação”.
Por meio da definição que o contrato de seguro recebe, verifica-se que ele é “oneroso e
pressupõe um caráter especulativo, eis que não paira dúvidas que este traz vantagens a
ambos os contratantes, frente a um sacrifício patrimonial de parte a parte: o segurado
passa a desfrutar de garantia no caso de sinistro e o segurador recebe o prêmio. O fato
da não ocorrência de sinistro, caso em que o segurador não teria que pagar a
indenização, não descaracteriza a onerosidade, visto que, ainda sim, o segurado
desfrutará da vantagem de gozar de proteção patrimonial” [17].
No mesmo sentido, são os ensinamentos de Luiz Augusto Roux Azevedo para quem “o
segurador, por sua vez, tem o direito de receber o prêmio e não tem a obrigação de
devolvê-lo acaso não verifique o sinistro. O prêmio remunera o segurador por sua
prestação de garantia e compõe o fundo de reservas técnicas para fazer frente ao
sinistro. Assim, à obrigação do segurador de prestar garantia implica a
contraprestação a cargo do segurado de pagar o prêmio”.
O artigo 458, do Código Civil, estabelece como sendo aleatório aquele contrato que diz
respeito a coisas ou a fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes
assumirá, sem, contudo, afetar o direito de a outra parte receber integralmente o que lhe
foi prometido, desde que, de sua parte, não tenha havido dolo ou culpa.
“Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo
risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber
integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou
culpa, ainda que nada do avençado venha a existir.”
Caio Mário da Silva Pereira estabelece que aleatórios “são os contratos em que a
prestação de uma das partes não é precisamente conhecida e suscetível de estima
prévia, inexistindo equivalência com a da outra parte. Além disso, ficam dependentes
de um acontecimento incerto” [19].
Mais do que isso, no âmbito securitário, a distinção é ainda mais relevante, a permitir
que se determine, com precisão, “quais são as prestações das partes, e, em especial se
há uma prestação devida pelo segurador independentemente da verificação de risco ou
não” [24].
Em conclusão, afirma ainda que “não somente por essa razão mas também pelo fato de
que desde o momento da sua conclusão, o segurador presta uma garantia ao interesse
legítimo do segurado, entende-se que o contrato de seguro não é um contrato aleatório,
mas um contrato verdadeiramente comutativo, em que a prestação das partes
independe de qualquer evento futuro ou incerto” [31].
Para Fábio Ilhoa Coelho, “com a entrada em vigor do Código Civil de 2002, altera-se
substancialmente o tratamento da matéria no direito brasileiro. Não há mais elementos
para sustentar a natureza aleatória do contrato de seguro, entre nós. Isto porque a lei
não define mais a obrigação de a seguradora pagar ao segurado (ou a terceiro
beneficiário) uma determinada prestação, caso venha a ocorrer evento danoso futuro e
incerto. Esse pagamento é, na verdade, um dos aspectos da obrigação que a
seguradora contrai ao contratar o seguro: a de garantir o segurado contra riscos”
[33].
A comutação no contrato de seguro se dá, portanto, entre o prêmio pago pelo segurado e
a garantia prestada pelo segurador. Isso porque, ao receber a garantia de seu interesse
segurável, o segurado obtém uma vantagem, a qual jamais receberia fosse o contrato de
seguro inexistente.
Destarte, entendemos que os contratos de seguro são comutativos, uma vez que no
momento da celebração da avença as partes estabelecem as obrigações rigorosamente.
Com o advento do atual Código Civil, não há como se negar que, no contrato de seguro,
a prestação está, por força de lei, avençada: enquanto ao segurado tem a obrigação deve
pagar o prêmio, o segurador se obriga a garantir o legítimo interesse daquele.
Por essas razões, e a despeito da ainda existente divergência doutrinária, fomos levados
a classificar os contratos de seguro como sendo comutativos.
No artigo 1.433 do antigo Código Civil, o contrato de seguro era considerado “perfeito
desde que o segurador remete a apólice ao segurado, ou faz nos livros o lançamento
usual de operação”, sendo assim, já havia reconhecimento de tratar-se de contrato
meramente consensual e que, inclusive, admitia aceitação tácita.
O novo texto legal reforça o caráter consensual do contrato de seguro, uma vez que trata
apólice e o bilhete como documentos destinados à faceta probatória do contrato, e não
destinados à substância do negócio. Com efeito, “conjuga-se a regra (art. 758) com o
disposto no art. 107, pelo qual a validade da declaração só depende de ‘forma especial
qual a lei expressamente exigir’” [42].
Na figura usual dos contratos, as partes abordam ampla e livremente suas cláusulas,
podendo acatá-las ou não. Todavia, existe em nosso ordenamento a figura dos contratos
de adesão, em que não há tamanha liberdade negocial, dado o predomínio de um dos
contratantes, o qual determina ao outro sua vontade, seja no todo, seja no que se refere
aos elementos essenciais do contrato.
A respeito dos contratos de adesão, Washington de Barros Monteiro afirma que “há,
neles, uma espécie de contrato – regulamento, previamente redigido por uma das
partes, e que a outra aceita, ou não: trata-se de um clichê contratual, segundo as
normas de rigorosa estandardização, elaborado em série; se a outra parte se submete,
vem a aceitar-lhe as disposições, não pode mais tarde fugir ao respectivo
cumprimento” [43].
Para Ian de Oliveira Silva, “os contratos de seguro, pela orquestração da rotina
securitária nacional, estão sendo elencados como contratos de adesão, sendo certo que
as suas condições gerais, de longa data, são previamente aprovadas pela
Superintendência de Seguros Privados – SUSEP” [49].
Maria Helena Diniz, elucidando o caráter adesivo do contrato de seguro, afirma que
“para atenuar os excessos, protegendo os mais fracos, o Estado passou a controlar,
exigindo padronização. Assim, sendo, as operações de seguro passaram a ser
reguladas pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), que estipula índices e
condições técnicas sobre tarifas e fica as características gerais do contrato de seguro”
[50].
É por esse motivo que, embora o classifique como sendo de adesão, Ernesto Tzirulnik
ressalva que:
Sendo assim, é evidente que com a massificação das relações sociais, o contrato de
seguro propagou-se (não apenas no que se refere aos interesses protegidos, mas também
ao número de segurados), passando a conter cláusulas e condições preestabelecidas que
permitem um tratamento unitário a todos os segurados (sejam eles consumidores ou
não), de tal forma a impedir que riscos equivalentes sejam tratados de formas distintas
em contratos.
[1] Como bem nos ensina Pedro Alvim, “quando um risco ameaça a coletividade, há
um movimento quase instintivo de aproximação dos indivíduos que procuram
mutuamente o amparo de que necessitam” (ALVIM, Pedro. O Contrato de Seguro.
Rio de Janeiro: Editora Forense, 2007, p. 12).
[4] “Apesar de estes números estarem acima da média na região latino-americana (por
volta de 2,5%), eles ainda representam um número muito abaixo do percentual
encontrado em países economicamente mais desenvolvidos. De fato, considerando a
mesma fonte, encontram-se os números de 8,9% para os Estados Unidos da América,
10,3% para a França, 6,6% para a Alemanha e incríveis 15,7% para a Inglaterra”.
(AZEVEDO, Luis Augusto Roux. A comutatividade do contrato de seguro. 2010.
Dissertação para Mestrado – Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. São
Paulo, 2010, p. 1).
[6] MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil. São Paulo: Editora
Saraiva, 2009, v. 5, pp.48/49.
[7] SILVA, Ivan de Oliveira. Curso de direito do seguro. São Paulo: Editora Saraiva,
2008, p. 57.
[8] MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil. São Paulo: Editora
Saraiva, 2009, v. 5, p. 44.
[9] “O contrato de seguro é, pois, contrato bilateral, porque gera entre os contratantes
obrigações recíprocas de obrigações” (MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de
Direito Civil. São Paulo: Editora Saraiva, 2009, v. 5, p. 384).
[10] OLIVEIRA, Celso Marcelo de. Teoria Geral dos Contratos de Seguros.
Campinas: Editora LZN, 2005, p. 30.
[14] Washington de Barros esclarece que não procede a assertiva feita por parte da
doutrina, no sentido de que todos os contratos a título oneroso são bilaterais, enquanto
todos os contratos a título gratuito ou benéficos seriam unilaterais. Para aquele mestre, a
distinção entre contratos unilaterais e bilaterais em nada se confunde com aquela
realizada entre o caráter unilateral ou oneroso dos contratos: “(...) um contrato pode ser
ao mesmo tempo unilateral e a título oneroso. É o que acontece com o mútuo sujeito ao
pagamento de juros, contrato em que ao lado da obrigação de restituir a soma
mutuada, característica da relação jurídica e privativa do mutuário (contrato
unilateral), alinha-se a de satisfazer os juros, também inerente ao mesmo contratante
(contrato a título oneroso)” MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito
Civil. São Paulo: Editora Saraiva, 2009, v. 5, p. 48.
[15] SILVA, Ivan de Oliveira. Curso de direito do seguro. São Paulo: Editora Saraiva,
2008, p. 80.
[18] OLIVEIRA, Celso Marcelo de. Teoria Geral dos Contratos de Seguros.
Campinas: Editora LZN, 2005, p. 32.
[19] PEREIRA, Caio Mário da Silva, Instituições de Direito Civil. Rio de Janeiro:
Forense, 2003, v. 3, p.68.
[20] BEVILACQUA, Clóvis. Direito das Obrigações. Campinas: Red Livros, 2000, p.
256.
[21] PEREIRA, Caio Mário da Silva, Instituições de Direito Civil. Rio de Janeiro:
Forense, 2003, v. 3, p.68.
[22] Tendo em vista que nossoCódigo Civill adotou o instituto da lesão – isto é, a
injusta exploração econômica, jurídica ou moral de um dos contratantes, em virtude da
qual este vem a receber contraprestação desproporcional à que efetuara -, “os contratos
comutativos podem rescindir-se, desde que a lesão seja enorme, enquanto nos
contratos aleatórios, não há possibilidade de ser considerada lesada uma das partes”
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil. São Paulo: Editora
Saraiva, 2009, v. 5, p. 87).
[25] MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil. São Paulo: Editora
Saraiva, 2009, v. 5, p. 384.
[27] PEREIRA, Caio Mario da Silva. Instituições de Direito Civil. Rio de Janeiro:
Forense, 2003, v. 3, p. 453.
[28] ALVIM, Pedro. O Contrato de Seguro. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1999,
pp.123 e seguintes.
[29] Há, contudo, autores que, mesmo após a promulgação doatual Código Civill ainda
conceituam o contrato de seguro como sendo aleatório. Nesse sentido, pode-se citar
Celso Marcelo de Oliveira, para quem “Como o contrato de seguro é realizado em
decorrência do risco, caso o sinistro venha a não se concretizar a contraprestação do
segurador não se realizará, enquanto que a prestação do segurado é certa e realizada
através do pagamento do prêmio. Desta característica decorre o caráter aleatório do
seguro. O elemento aleatório consiste justamente na incerteza referente ao pagamento
da indenização, que depende da existência de prejuízo em virtude da ocorrência do
sinistro no período de vigência do contrato” (OLIVEIRA, Celso Marcelo de. Teoria
Geral dos Contratos de Seguros. Campinas: Editora LZN, 2005, pp. 33-34).
[32] SILVA, Ivan de Oliveira. Curso de direito do seguro. São Paulo: Editora Saraiva,
2008, p. 82.
[33] COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. São Paulo: Editora
Saraiva, 2005, p. 487-488.
[36] MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil. São Paulo: Editora
Saraiva, 2009, v. 5, p. 48.
[37] Idem, p. 48
[38] Sobre o tema, Celso Marcelo de Oliveira afirma que “os defensores da natureza
formal [do contrato de seguro], como Clóvis Beviláquia (1973, p. 564), Silvio Rodrigues
(1995, p. 303), Maria Helena Diniz (1996, p. 375), Caio Mario da Silva Pereira (1995,
p. 303), Carlos Alberto Bittar (1996, p. 154) argumentam (...) que o instrumento escrito
é exigido como elemento substancial do contrato, uma vez que o contrato de seguro só
obriga as partes depois de reduzido a escrito e considera-se perfeito desde que o
segurador remeta a apólice ao segurador ou faz nos livros o lançamento usual da
operação” (OLIVEIRA, Celso Marcelo de. Teoria Geral dos Contratos de Seguros.
Campinas: Editora LZN, 2005, p. 35).
[39] GOMES, Orlando. Contratos. Rio de Janeiro: Editora Forense, 9ª edição, 1983.
[40] OLIVEIRA, Celso Marcelo de. Teoria Geral dos Contratos de Seguros.
Campinas: Editora LZN, 2005, p. 34.
[41] SILVA, Ivan de Oliveira. Curso de direito do seguro. São Paulo: Editora Saraiva,
2008, p. 84.
[43] MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil. São Paulo: Editora
Saraiva. 2009, v. 5, p. 50.
[49] SILVA, Ivan de Oliveira. Curso de direito do seguro. São Paulo: Editora Saraiva,
2008, p. 85.
[50] DINIZ, Maria Helena. Tratado Teórico e Prático Dos Contratos. São Paulo:
Editora Saraiva, p; 321.