Filosofia Da Ciencia

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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

Faculdade de Filosofia
Departamento de Graduação

Albino Augusto Covo


Arsénio Macamo

Tema: Ciência, técnica e tecnologia: para quê e para quem?

(Licenciatura em Filosofia)

Maputo
Março de 2024
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
Faculdade de Filosofia
Departamento de Graduação

Albino Augusto Covo


Arsénio Macamo

Tema: Ciência, técnica e tecnologia: para quê e para quem?

(Licenciatura em Filosofia)

Trabalho de pesquisa a ser apresentado à


disciplina Filosofia da ciência, Laboral da
Faculdade de Filosofia da Universidade Eduardo
Mondlane, como exigência para avaliação.

Docentes:
Prof. Doutor José Blaunde Patimale
Mestre: Domingos Duarte Dom Luís
Mestre: Fidelino Gustavo Paruque

Maputo
Março de 2024

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INTRODUÇÃO

O trabalho de pesquisa tem como tema: Ciência, técnica e tecnologia: para quê e para
quem? Foi incumbido no âmbito da disciplina da Filosofia da Ciência. A dialéctica do
cientificismo como um advento que permeou a modernidade, demarcava e perspectivava
significativamente o avanço da ciência, assim como o desenvolvimento da técnica e
tecnologia que se estendem até aos nossos dias actuais. Porém, como resultado deste são
várias as consequências advindas deste progresso científico, quer benéficas e outras
negativamente problemáticas. Desta mesma maneira, também são diversas as abordagens em
torno da problemática acerca da finalidade das mesmas e sobre a quem elas se pretendem.
Este trabalho tem como objectivo analisar a finalidade e os beneficiários da ciência. E de
forma particular, cabe apresentar os conceitos basilares desta pesquisa, definindo o conceito
de ciência, definir o conceito de técnica e definir o conceito de tecnologia, através da
conceptualização.

Com vista a produção deste trabalho, usou-se o método hermenêutico, partindo da leitura e
interpretação de textos, que possibilitou o desenvolvimento do tema em questão, assim como
recorreu-se ao método comparativo, confrontando as ideias dos autores que foram
fundamentais para que se atingisse os objectivos. Permitindo de forma eficaz a consulta de
fontes que foram usadas para a elaboração do mesmo, as quais constam na bibliografia. O
trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma: conceptualização de ciência, técnica e
tecnologia, e definindo-os sob o ponto de vista dos seus significados, e analisar a finalidade e
os beneficiários da ciência, que nos chegam através da pesquisa.

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1. Conceptualização: ciência, técnica e tecnologia

Na reflexão panorâmica histórica da evolução do homem, percebe-se que este passou por
vários processos até aos dias actuais, dentre os quais para cada época encontrava-se emergido
sob a perspectiva de um determinado paradigma, tendo como resultado de suas reflexões a luz
dos mesmos, a ciência, técnica e, por conseguinte, a tecnologia, constituindo por esta razão
problema capital dos nossos tempos e questionamento do lugar do homem no conjunto
natural, continuamente transformado pelas suas práticas.

A ciência corresponde a um conjunto dos repositórios de conhecimento validado respeitante


às diversas disciplinas em que se organiza a sua actividade no contexto de uma dada
sociedade. Enquanto que a tecnologia por sua vez, corresponde ao conjunto de conhecimentos
científicos ou empíricos directamente aplicáveis à produção ou melhoria de bens ou serviços.
Isto é, a ciência seria tudo aquilo que correspondesse ao conhecimento dos fenómenos por via
de comprovações de teorias. E a tecnologia está associada com os impactos sociais e
económicos sobre uma dada sociedade os quais são resultados de aplicações de novos
materiais, processos, fabricações, métodos e meios de produção (Morin, 2005:108).

Para o filósofo alemão, a técnica não é um instrumento neutro que o homem usa segundo seu
arbítrio. Ela resulta de um processo através do qual, o homem, esquecendo o ser, se agarra
cada vez mais às coisas. Por conseguinte o homem assumiu perante a realidade, uma atitude
de domínio e de exploração, uma atitude que nem sequer respeita as bases da vida, sua
condições biológicas e genéticas, sobre as quais a técnica tende a impor o seu domínio
necessariamente totalitário. Portanto, ter fé na técnica, significa depositar a própria confiança
num processo de domínio, cujo objectivo e subordinar tudo a si mesmo (Heidegger apud
Ngoenha, 1994:32).

O conceito de Morin tem uma separação superficial com a de, Kuhn (1970:19), entende que o
conceito de ciência é geralmente concebido como o conjunto de realizações científicas
acabadas e registradas em manuais recentes que são usados para o ensino, limita-se a
persuasão e a pedagogia, o que faz surgir um conceito de ciência ligado a um contexto
cultural nacional, dando a entender que a ciência é de uns que têm domínio sobre os outros.
Ao passo que no seu sentido epistemológico, a ciência é um conceito que por excelência deve
ser definido atendendo a sua evolução história, buscando sempre a própria actividade de
pesquisa e ou investigação. E não apenas os acúmulos e os dados históricos, pois,
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Os dados históricos apontam para a formação de uma ciência que se
fundamenta num método, que baseia na observação, leis, teorias descritivas
vistas em páginas de textos e em manuais como se afirmassem que os métodos
científicos são simplesmente aqueles ilustrados pelas técnicas de manipulação
empregadas na coleta de dados de manuais (idem)

As sociedades que estão a nascer baseiam-se na ciência e na técnica; são culturas e não
civilizações, que estão estruturadas por actividades e não por ordens. Nesta sociedade a vida
depende cada vez mais da exploração de recursos naturais feita pela ciência e pela técnica,
pela programação e pela organização.

2. A importância das ciências, técnica e Tecnologias

Na sociedade actual, a ciência, a técnica e, principalmente, a tecnologia possuem grande


importância na organização das práticas sociais, mas as relações sociais também possuem
grande importância na produção, aplicações e implicações das tecnologias, técnicas e
conhecimentos científicos. No entanto, adverte-se quanto à percepção geral induzida por
propagandas de que a ciência e a tecnologia estabelecem verdades interessadas e produzem
resultados positivos para o progresso humano, sendo “comum muitos confiarem nelas como
se confia numa divindade”. Esta visão tecnocrática se fundamenta no contrato social entre
Ciência, Técnica e Tecnologia e propõe um modelo linear de progresso. Este modelo indica
que o desenvolvimento social é uma consequência do desenvolvimento científico. A técnica
estende-se a todos os domínios e elimina progressivamente tudo que não é ʻʻtecnizávelʼʼ. A
técnica cria novos valores e desenvolve-se no mundo interior através da transferência de
tecnologias. Este promoveria o desenvolvimento tecnológico, que propiciaria o
desenvolvimento econômico, o qual, finalmente, permitiria o desenvolvimento social.

3. Autonomia do homem na perspectiva da ciência


Com o movimento iluminista que buscava gerar mudanças politicas, económicas e sociais,
fundamentar se a ideia de progresso e dependência do homem na busca do novo ideal e
moderno, por outro lado, afirmava-se significativamente a unificação dos conhecimentos
técnico-científico com o objectivo de romper com o ideal de um conhecimento que se

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concebe simplesmente teórico. A técnica ou tecnologia, passa ser uma ciência aplicada, isto é,
a ciência só se afirma como ciência se aquisição do saber tiver posterior a aplicação do
mesmo devido ao processo de secularização. Assim, em sua finalidade, pode-se afirmar que

a ciência está para revelar a insatisfação diante dos métodos ou conceitos


básicos vigentes, essa insatisfação tem origem na própria existência humana
em sociedade. A ciência pressupõe práticas de virtudes como é o caso da
imaginação e a criatividade, [...] o conhecimento em público e comunitário, no
que diz respeito à pesquisa científica. As virtudes científicas e técnicas não se
devem cingir em laboratórios, mas também devem abranger o nível moral e
político (KUHN apud SANTOS, 1989:18).

Feyerabend (1993:10), a firma que a mesma (a ciência), é um empreendimento anárquico e


humanitário, devendo esta zelar sobretudo pela dimensão humanística, significa que a ciência
deve responder aos problemas, da sociedade sem os excluir e acima de tudo sem o uso de
procedimentos exclusivos a um grupo. A ciência e a técnica e a tecnologia vêm para resolver
problemas de maneira sistemática, desenvolver artefactos, processos e conhecimentos com o
objectivo de melhorar a vida das pessoas. Através delas se pôde aumentar as expectativas de
vida das pessoas, seja por meio de medicamentos, na transportação de coisas bem como de
pessoas de forma mais rápida e pode se dizer também, de maneira mais segura em relação aos
tempos passados. Não menos importante, também tem o papel de facilitar a comunicação
entre as pessoas e por sua vez tornar a educação do próprio homem mais facilitada pelo uso de
produtos feitos por si desenvolvidos.

Conforme o supracitado, com a ciência, técnica e tecnologia em parte pode se chegar a um


patamar de exclusão social que seriam resultados de um processo sócio histórico, que é
caracterizado pelo recalcamento de grupos sociais ou pessoas, há que se pensar a respeito,
pois por mais que seja uma projecção do próprio homem em seu entorno, nem sempre
ofereceu efeitos desejados, acabando até de certo modo se mostrando contra o próprio homem
o qual a criou e se destina.

Na visão ampla de Cerutti (2017:44) estas devem se ater a essa questão da exclusão social,
como forma de enquadramento de todos de uma dada sociedade, as quais podem ser notórias
pelas novas tecnologias de informação e comunicação, onde permite que pessoas com
deficiências sejam elas motoras, visuais ou auditivas, possam através delas comunicar,
trabalhar, estudar assim como fazer o uso das tecnologias como forma de entreteniment

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Conclusão

Em linhas conclusivas, ficou evidente que a ciência em tempos actuais esta intimamente
ligada a tecnologia. Ainda que seja um saber teórico o qual explica o real envolve nela um
saber prático, ou seja, o manusear do real passa pela técnica e desagua na Tecnologia. Esta
relação se mostra como dependente entre os três conceitos, de maneira que começa-se na
ciência, vai se a técnica e por fim na tecnologia que por sua vez recai na indústria, e por
conseguinte retorna a ciência, fazendo com que desta surja um circuito de relações. Sendo
que, é neste circuito que se dá a evolução e acaba sendo clara a transformação que a sociedade
sofre, uma vez que a ciência deixa de ser somente teórica e passa a englobar si a praticidade
daquilo que é teórico.

Quanto a finalidade da mesma, ela veio como um meio que permitisse com que a humanidade
pudesse compreender a sua existência bem como seu estatuto epistemológico, vem para
ajudar o próprio homem a melhorar a sua qualidade de vida (programação e organização),
possibilitando que por meio desta houvesse avanços sejam eles na área política, social,
económica e medicinal. Quando ao seu destino, é directamente ligada ao homem, visto que
melhoram as produções de bens e serviços e ajudam o homem nas suas actividades de forma
generalizada.

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Referências Bibliográficas

CERUTTI, Diolete Marcante Lati. (2017). CTS: ciência, tecnologia e sociedade. Ponta
Grossa, UEPG.

FEYERABEND, Paul. (1993). Contra o método. 3. ed. Trad. Maria de Luiza X. de A. Borges.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

KUHN, Thomas S. (1970). A estrutura das revoluções científicas. Trad. Biatriz Vianna
Boeira e Nelson Boeira. São Paulo: Perspectiva.

MORIN, Edgar. (2005). Ciência com consciência. Trad. Maria D. Alexandre. 8.ed., Rio de
Janeiro, Bertrand Brasil.

NGOENHA, Severino Elias. (1994). O retorno do bom selvagem: uma perspectiva filosófica-
africana do problema ecológico. Porto, Salesianas.

SANTOS, Boaventura de Sousa. (1989). Introdução à uma ciência pós-moderna. Rio de


Janeiro, Graal.

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