Improbidade Administrativa Nova Lia Express
Improbidade Administrativa Nova Lia Express
Improbidade Administrativa Nova Lia Express
568-13
1
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Versão Express
SUMÁRIO
5. SANÇÕES ..................................................................................................................................... 18
10.1. PROCEDIMENTO....................................................................................................................... 29
3
Orientação geral: a esmagadora maioria das questões acerca do tema cobrarão a
literalidade da Lei 8.429/92, alterada pela Lei 14.230/2021, o que é de se esperar sempre que um
diploma normativo é substancialmente reformado.
Nesse sentido, deve o candidato priorizar o estudo da lei seca, enfatizando os pontos materiais e
processuais alterados pela Nova LIA.
Vale adiantar que uma parte relevante dos entendimentos consolidados do STJ foram superados
ATO DE IMPROBIDADE: improbidade é o termo técnico para tratar da corrupção administrativa que
se perfaz com a violação da probidade material e o desvirtuamento da função pública.
4
PREVISÃO CONSTITUCIONAL: o art. 37, §4º, da CF/88 estabelece que “os atos de improbidade
administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
sem prejuízo da ação penal cabível”.
PREVISÃO LEGAL: LEI 8.429/92, ALTERADA PELA LEI 14.230/2021: art. 1º: “o sistema de
responsabilização por atos de improbidade administrativa tutelará a probidade na organização
do Estado e no exercício de suas funções, como forma de assegurar a integridade do
patrimônio público e social”.
1ª premissa: Nem todo ato ilegal configura ato ímprobo. Na esteira do que já decidiu o STJ,
“a confusão entre os dois conceitos existe porque o art. 11 da Lei nº 8.429/92, prevê como ato
de improbidade qualquer conduta que ofenda os princípios da Administração Pública, entre os
quais se inscreve o da legalidade (art. 37 da CF). Mas isso não significa, repito, que toda
ilegalidade é ímproba. A conduta do agente não pode ser considerada ímproba analisando-se a
questão apenas do ponto de vista objetivo, o que iria gerar a responsabilidade objetiva 1”.
2ª premissa: Improbidade não se confunde com imoralidade. A primeira seria uma forma
qualificada de imoralidade em razão da gravidade da conduta do agente, já que revestida de
desonestidade, abuso ou má-fé.
Art. 12. § 7º As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base nesta Lei e na Lei nº 12.846, de
1º de agosto de 2013, deverão observar o princípio constitucional do non bis in idem. (Incluído
pela Lei nº 14.230, de 2021)
1 STJ. 1ª Turma. REsp 1193248-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 24/4/2014 (Info 540).
2 STF. Plenário. Pet 3240 AgR/DF, rel. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 10/5/2018
(Info 901).
específico: “o agente público frente à coisa pública a que foi chamado administrar”.
Com base nesse fundamento, a Corte Superior decidiu que não ensejam o reconhecimento de
ato de improbidade administrativa eventuais abusos perpetrados por agentes públicos durante
abordagem policial, caso o ofendido pela conduta seja particular que não estava no exercício de
função pública.
Este é o julgado mais recente, mas nada impede a Corte Superior de, ao se deparar com um
caso de abuso de autoridade, corroborar seu posicionamento pela inelasticidade do conceito de
improbidade. 6
RESUMO: Por se tratar de conclusões que dependem sobremaneira das peculiaridades do
caso concreto, recomenda-se ao candidato ter cautela ao ler o enunciado para, a partir
dos dados fornecidos pelo examinador, enquadrar a situação fática ao precedente
correspondente do STJ.
Foi o que ocorreu no concurso do MPE-RR (2017) elaborado pelo CESPE. Cite-se:
Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: MPE-RR Prova: CESPE - 2017 - MPE-RR - Promotor de
Justiça Substituto
Nessa situação hipotética, conforme o entendimento do STJ, a conduta dos policiais configurou ato de
improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública.
CORRETO
1.2. EMERSON GARCIA: CINCO PASSOS PARA DETECTAR A IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA NA CONDUTA DO AGENTE PÚBLICO
2º momento: deve haver vontade livre e consciente de alcançar o resultado ilícito tipificado na
LIA, não bastando a voluntariedade do agente (dolo específico). Com a Lei 14.230/2021, a
doutrina entende que resta superado o entendimento do STJ no sentido de que o dolo
necessário para configurar o ato de improbidade administrativa é o dolo genérico (ou lato
sensu)3. Faz-se mister, assim, o dolo específico (ou fim especial de agir).
§ 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente de alcançar o resultado ilícito tipificado nos
7
arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, não bastando a voluntariedade do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230,
de 2021)
§ 1º Nos termos da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, promulgada pelo Decreto
nº 5.687, de 31 de janeiro de 2006, somente haverá improbidade administrativa, na aplicação
deste artigo, quando for comprovado na conduta funcional do agente público o fim de obter
proveito ou benefício indevido para si ou para outra pessoa ou entidade.
3A configuração do ato de improbidade por ofensa a princípio da administração depende da demonstração do chamado
dolo genérico ou lato sensu (STJ. 2ª Turma. REsp 1383649/SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 05/09/2013).
Ressalte-se que não se exige dolo específico (elemento subjetivo específico) para sua tipificação. STJ. 2ª Turma. AgRg
no AREsp 307583/RN, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 18/06/2013.
servidores públicos temporários sem concurso público, mas baseada em legislação local, não
configura a improbidade administrativa prevista no art. 11 da Lei n. 8.429/1992, por estar
ausente o elemento subjetivo (dolo), necessário para a configuração do ato de improbidade
violador dos princípios da administração pública4”.
Segundo a Corte Superior, o “afastamento do elemento subjetivo de tal conduta dá-se
em razão da dificuldade de identificar o dolo genérico, situação que foi alterada com a edição da
4º momento: somente estarão sujeitos às sanções previstas na LIA aqueles atos praticados por
agentes públicos (art. 2º) em detrimento das entidades enumeradas no art. 1º da LIA.
4 REsp 1.913.638-MA, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 11/05/2022. (Tema
1108)
LIA
LEI NACIONAL LEI FEDERAL
Normas referentes a procedimentos
administrativos. Segundo alguns autores5, trata-
Regra geral.
se, na redação originária da LIA, dos arts. 13,
14, § 3º, e 20, parágrafo único6.
2. SUJEITO ATIVO
Para os efeitos da LIA, consideram-se agente público o agente político, o servidor público
e todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, 9
cargo, emprego ou função nas entidades referidas no art. 1º, §5º, da LIA.
Em verdade, o conceito de agente público da Lei de Improbidade Administrativa é bem
mais amplo do que o costumeiramente encontrado na doutrina administrativista. Agente público,
para fins de improbidade administrativa, engloba:
a) AGENTES POLÍTICOS: membros do Poder Executivo e Legislativo;
b) AGENTES PÚBLICOS DE DIREITO E DE FATO: servidores públicos com vínculo efetivo ou
de fato (contratados sem concurso público, por exemplo);
c) EMPREGADOS PÚBLICOS: empresas públicas (EP) e sociedades de economia mista
(SECM);
d) AGENTES COLABORADORES: notários, mesários, jurados etc.;
5 NEVES, Daniel Amorim Assumpção.; OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Improbidade Administrativa: Direito
Material e Processual. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2022. E-book. ISBN 9786559645367. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559645367/. Acesso em: 03 fev. 2023.
Nesta obra, Rafael Carvalho aponta dois autores que sustentam que esses dispositivos são aplicáveis em âmbito
federal, quais sejam: DI PIETRO (2009) e CARVALHO FILHO (2011).
6
Na redação atual da Nova LIA, o art. 20 passou a contar com dois parágrafos. O regramento disciplinado no extinto
parágrafo único (afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função) passou para o § 1º.
Acreditamos que o disposto no § 2º (prazo de duração do afastamento do agente público), por sua natureza, também
seja aplicável apenas em âmbito federal.
7 REsp 1129121/GO, Rel. p/ Acórdão Min. Castro Meira, julgado em 03/05/2012.
e) SERVIDORES SEM REMUNERAÇÃO: estagiários, conciliadores, integrantes de comissões
administrativas;
f) ESTAGIÁRIOS: Para o STJ, “o estagiário que atua no serviço público, ainda que
transitoriamente, remunerado ou não, está (SIM) sujeito a responsabilização por ato
de improbidade administrativa (Lei 8.429/1992)8”.
STJ: Em interpretação do art. 3º da LIA, o STJ entende que o terceiro particular não pode
figurar sozinho no polo passivo da demanda de improbidade, uma vez que a conduta de induzir
ou concorrer, necessariamente, pressupõe a participação de um agente público 9. Contudo, a
recíproca não é verdadeira. Para ajuizamento da ação contra o agente público, este pode
figurar sozinho no polo passivo da demanda. Não há litisconsórcio passivo necessário entre
ambos10.
Parágrafo único. No que se refere a recursos de origem pública, sujeita-se às sanções previstas
nesta Lei o particular, pessoa física ou jurídica, que celebra com a administração pública
convênio, contrato de repasse, contrato de gestão, termo de parceria, termo de cooperação ou
ajuste administrativo equivalente.
8 REsp 1.352.035-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 18/8/2015, DJe 8/9/2015 (Informativo 568).
9 REsp 1.171.017/PA, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado em 25/2/2014, DJe 6/3/2014.)
10 Nas ações de improbidade administrativa, não há litisconsórcio passivo necessário entre o agente público e os
terceiros beneficiados com o ato ímprobo” (Jurisprudência em Teses do STJ – edição n.º 38, item 9).
STJ: as pessoas jurídicas que participem ou se beneficiem dos atos de improbidade sujeitam-se
à Lei 8.429/199211”.
ATENÇÃO: as sanções da LIA não se aplicarão à pessoa jurídica, caso o ato de improbidade
administrativa seja também sancionado como ato lesivo à administração pública de que trata a
Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013”.
O STJ entende que a defesa particular do agente por procurador público configura improbidade
administrativa, salvo se houver interesse convergente da Administração12”.
A Nova Lei de Improbidade Administrativa consignou que “a assessoria jurídica que emitiu o
parecer atestando a legalidade prévia dos atos administrativos praticados pelo administrador
público ficará obrigada a defendê-lo judicialmente, caso este venha a responder ação por
improbidade administrativa, até que a decisão transite em julgado”. Todavia, o Supremo
Tribunal Federal, no julgamento das ADIs 7042/DF e 7043/DF, realizado em 31/08/2022,
declarou “a inconstitucionalidade parcial, com redução de texto do § 20 do art. 17 da Lei 11
8.429/1992, incluído pela Lei 14.230/2021, no sentido de que não existe ‘obrigatoriedade de
defesa judicial’; havendo, porém, a possibilidade dos órgãos da Advocacia Pública autorizarem
a realização dessa representação judicial, por parte da assessoria jurídica que emitiu o parecer
atestando a legalidade prévia dos atos administrativos praticados pelo administrador público,
nos termos autorizados por lei específica13”.
nosso.
STJ: os agentes políticos podem responder tanto por improbidade quanto por crime de
responsabilidade, com a exceção do Presidente da República, que responde apenas por
crime de responsabilidade14.
COMENTA O PROF. MÁRCIO ANDRÉ CAVALCANTE: “Penso que os Ministros do STF não são
imunes às sanções por ato de improbidade. Em outras palavras, podem sim responder por
improbidade administrativa. A peculiaridade é que a ação de improbidade administrativa
proposta contra Ministro do STF deverá ser julgada pelo próprio STF (e não pelo juízo de 1ª
instância)”. Nesse sentido: STF. Plenário. Pet 3211 QO, Relator p/ Acórdão: Menezes Direito,
julgado em 13/03/200
Conforme entende a Corte Suprema, o foro por prerrogativa de função é previsto pela
Constituição Federal apenas para as infrações penais comuns, não podendo ser estendido para
ações de improbidade administrativa, que têm natureza civil15.
ATENÇÃO: por questões de hierarquia do próprio Poder Judiciário, compete ao STF julgar as
ações de improbidade contra seus membros16.
O art. 8º da LIA prescreve que o sucessor ou o herdeiro daquele que causar dano ao erário ou
que se enriquecer ilicitamente estão sujeitos apenas à obrigação de repará-lo até o limite do
valor da herança ou do patrimônio transferido.
3. SUJEITOS PASSIVOS
ATENÇÃO:
Em 27/12/2022, em decisão monocrática do Ministro Alexandre de Moraes na ADI 7.236/DF, ad
referendum do Plenário do STF, conferiu-se interpretação conforme ao art. 23-C da Nova LIA, 14
no sentido de que os atos que ensejem enriquecimento ilícito, perda patrimonial, desvio,
apropriação, malbaratamento ou dilapidação de recursos públicos dos partidos políticos, ou de
suas fundações, poderão ser responsabilizados nos termos da Lei 9.096/1995, mas sem prejuízo
da incidência da Lei de Improbidade Administrativa.
Abaixo, veja uma tabela com o resumo dos principais aspectos atinentes aos arts. 9º, 10 e 11:
15
MODALIDADES DE ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
ENRIQUECIMENTO VIOLAÇÃO A
DANOS AO ERÁRIO
ILÍCITO PRINCÍPIOS DA AP
Observância dos
OBJETO DA Enriquecimento legítimo, Preservação do
princípios
TUTELA justo e moral. patrimônio público.
constitucionais.
Percepção da vantagem Efetiva e comprovada Lesividade relevante
PRESSUPOSTO patrimonial ilícita obtida perda patrimonial, dos princípios
EXIGÍVEL pelo exercício da função das pessoas referidas administrativos.
pública em geral. no art. 1º da LIA.
PRESSUPOSTO Ocorrência de Enriquecimento ilícito e
Dano ao Erário.
DISPENSÁVEL enriquecimento ilícito. dano ao Erário.
ELEMENTO Dolo específico (não Dolo específico (não Dolo específico (não
SUBJETIVO admite tentativa). admite tentativa). admite tentativa).
Observação 2: A Nova Lei de Improbidade não mais admite a punição do ato de improbidade a
título de culpa. Faz-se mister a comprovação do dolo específico em todas as modalidades de
atos ímprobos.
Observação 4: Não é qualquer ofensa a princípio da administração pública que caracteriza ato de
improbidade. A lesividade deve ser relevante embora não se exija o dano ao erário ou a
comprovação de enriquecimento ilícito, conforme §4º do art. 11 da LIA.
18STF. Plenário. ARE 843989/PR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 18/8/2022 (Repercussão Geral – Tema
1.199) (Info 1065).
improbidade administrativa, notadamente em razão da pujança dos princípios da moralidade
administrativa e indisponibilidade do interesse público. Contudo, se a ofensa ao bem jurídico
tutelado por de menor relevância, a LIA prescreve que a sanção limitar-se-á à aplicação da multa,
sem prejuízo do ressarcimento do dano e da perda de valores obtidos, se for o caso (§ 5º do art.
12 da LIA).
A Lei 14.230/2021, com o intuito de atender o caráter taxativo das condutas, inseriu
expressamente novos tipos de improbidade que atentam contra os princípios da administração
pública. É que não cabe mais enquadrar o nepotismo ou a promoção pessoal como mera violação
ao princípio da moralidade ou da impessoalidade, sendo imprescindível a tipificação das condutas
no art. 11 da LIA.
17
Veja-se:
(1) Nepotismo (inclusive o cruzado): XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em
linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção,
chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança
ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas;
Registre-se, porém, que não se configurará improbidade a mera nomeação ou
indicação política por parte dos detentores de mandatos eletivos, sendo necessária a
aferição de dolo com finalidade ilícita por parte do agente (§5º do art. 11).
Supera-se, assim, a divergência que existia no âmbito do STJ sobre o nepotismo
praticado antes ou depois da SV 13 do STF.
(2) Promoção pessoal: XII - praticar, no âmbito da administração pública e com recursos
do erário, ato de publicidade que contrarie o disposto no § 1º do art. 37 da
Constituição Federal, de forma a promover inequívoco enaltecimento do agente
público e personalização de atos, de programas, de obras, de serviços ou de
campanhas dos órgãos públicos.
5. SANÇÕES
A Lei 14.230/2021 alterou bastante o regime das penas, sobretudo quanto ao prazo
máximo de suspensão dos direitos políticos, bem como quanto às multas aplicáveis.
Para sistematizar:
19 STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1542025/MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 05/06/2018.
Proibição de contratar com o Proibição de contratar com o Proibição de contratar com o
Poder Público ou receber Poder Público ou receber Poder Público ou receber
benefícios, pelo prazo não benefícios, pelo prazo não benefícios, pelo prazo não
superior a 14 anos. superior a 12 anos. superior a 4 anos.
INOVAÇÕES GERAIS TRAZIDAS PELA LEI 14.230/2021 E APLICÁVEIS A TODAS AS MODALIDADES DE
ATOS ÍMPROBOS
ATENÇÃO!!! O art. 10-A da Lei 8.429/92 foi revogado (Atos de Improbidade Administrativa
Decorrentes de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário). É que
ele foi incorporado aos tipos de atos que causam prejuízo ao erário (art. 10, XXII, da LIA),
devendo, portanto, se submeter às penas previstas no art. 12, II, da LIA.
Obs.: Em 27/12/2022, a eficácia desse §10 do art. 12 da Nova LIA foi suspensa em
decisão monocrática do Ministro Alexandre de Moraes na ADI 7.236/DF, ad
referendum, do Plenário do STF. Pontuou o Ministro que “considerando que os
efeitos da detração estabelecida pela norma impugnada, cujo status é de lei
ordinária, podem afetar o sancionamento adicional de inelegibilidade prevista na Lei
Complementar 64/1990, reconheço o risco de violação ao art. 37, § 4º, da
Constituição Federal, e aos princípios da vedação à proteção deficiente e ao
retrocesso”.
20
(2) Prazo máximo de suspensão no caso de concurso de atos de improbidade
administrativa, seja pela eventual continuidade de ilícito ou pela prática de
diversas ilicitudes.: “As sanções de suspensão de direitos políticos e de proibição
de contratar ou de receber incentivos fiscais ou creditícios do poder público
observarão o limite máximo de 20 (vinte) anos” (art. 18-A, parágrafo único, da LIA).
ATENÇÃO: A nossa legislação estabelece a improbidade de forma distinta nas esferas judicial
e administrativa. Como se sabe, é possível a demissão de servidor por improbidade em processo
administrativo disciplinar21 (Jurisprudências em Teses do STJ – edição n.º 40, item 4).
Da mesma forma, é possível a aplicação da cassação de aposentadoria em PAD. Ambas são
infrações disciplinares graves previstas nos estatutos que regem o funcionalismo público de cada
ente federativo, a exemplo do que prevê o art. 132, III e IV, da Lei 8.112/90. Observe que apenas
a autoridade administrativa pode aplicar a penalidade de cassação de aposentadoria.
Sobre isso, o CESPE, no concurso do STJ (2018), considerou CORRETA a seguinte proposição:
“Com base no disposto na Lei n.º 8.112/1990, julgue o item seguinte. Será cassada a
aposentadoria voluntária do servidor inativo que for condenado pela prática de ato de improbidade
administrativa à época em que ainda estava na atividade”.
Por outro lado, na esfera judicial, a apuração dos atos de improbidade administrativa é
disciplinada pela Lei 8.429/92, alterada pela Lei 14.230/2021. Inexistindo a penalidade de
20 STJ. 1ª Seção. EREsp 1496347/ES, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 24/02/2021.
21 STJ. 3ª Seção. MS 14140-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 26/9/2012.
cassação de aposentadoria, não pode o magistrado aplicar tal sanção, tendo em vista o princípio
da legalidade estrita.
Para fins de provas, é interessante que o candidato fique atento ao enunciado, para não confundir
a improbidade administrativa perseguida por meio de PAD e aquela apurada por meio de
processo judicial.
RESSARCIMENTO AO ERÁRIO: busca reparar o dano sofrido pelo ente estatal causado pela conduta
ímproba.
AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS À FAZENDA
PRESCRITÍVEL. Ex: STF RE 669069/MG.
PÚBLICA POR ILÍCITO CIVIL.
AÇÃO DE RESSARCIMENTO POR DANO
DECORRENTE DE ATO ÍMPROBO PRATICADO COM PRESCRITÍVEL. Prazo prescricional: art. 23, LIA.
CULPA.
IMPRESCRITÍVEL. Art. 37, § 5º, CF/88. É possível
o prosseguimento da ação civil pública por ato
AÇÃO DE RESSARCIMENTO DECORRENTE DE ATO
DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA PRATICADO
de improbidade administrativa para pleitear o 22
ressarcimento do dano ao erário, ainda que
COM DOLO
sejam declaradas prescritas as demais sanções
previstas no art. 12 da Lei nº 8.429/9222.
INOVAÇÕES DA LEI 14.230/2021
➔Com a Lei 14.230/2021, não há mais ato culposo de improbidade administrativa. Sendo assim,
a diferenciação proposta pelo STF perde a sua lógica, de modo que todo ressarcimento ao erário
decorrente de improbidade administrativa afigura-se imprescritível.
➔ O dano ao patrimônio público deve ser efetivo e comprovado, bem como deverá ser deduzido o
ressarcimento já ocorrido nas instâncias criminal, civil e administrativa que tiver por objeto os
mesmos fatos (§6º do art. 12 da LIA).
➔ A Nova LIA se preocupou com o enriquecimento ilícito dos entes públicos quando da aplicação
da pena de ressarcimento ao erário, especialmente quando o ato ímprobo ocorre no bojo da
execução de contratos administrativos ou contrato da administração. Em razão disso, o §3º do art.
18 da LIA prescreveu que “Para fins de apuração do valor do ressarcimento, deverão ser
22STJ. 1ª Seção. REsp 1899455-AC, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 22/09/2021 (Recurso Repetitivo –
Tema 1089) (Info 710).
descontados os serviços efetivamente prestados”.
Trata-se de punição que procura inibir o enriquecimento ilícito. Como se pode imaginar,
somente é cabível se a conduta gerar acréscimo de bens ou valores.
O STJ23 já decidiu que somente incide sobre os bens acrescidos após a prática do ato
5.5. MULTA
MULTA:
Conceito: Trata-se de sanção de natureza pecuniária que pode ser aplicada a qualquer
modalidade de improbidade administrativa (art. 12, I, II e III) e deverá ser paga à entidade
pública lesada pelo ato de improbidade (aplicação analógica do art. 18 da LIA).
23
Critérios de aplicação da Lei 14.230/2021: a multa pode ser aumentada até o dobro, se o juiz
considerar que, em virtude da situação econômica do réu, o valor calculado na forma dos
incisos I, II e III do caput deste artigo é ineficaz para reprovação e prevenção do ato de
improbidade (§2º do art. 12 da LIA). É importante ressaltar que a sanção de multa pode ser
aplicada exclusivamente nos casos de ofensas leves aos bens jurídicos tutelados pela Lei de
Improbidade, sem prejuízo do ressarcimento do dano e da perda dos valores obtidos, quando
for o caso (§5º do art. 12 da LIA).
Suspensão dos
Até 14 anos Até 12 anos Não há essa penalidade
direitos políticos
Proibição de
Não superior a 14
contratar com o Não superior a 12 anos Não superior a 4 anos
anos
poder público
6. PROCESSO ADMINISTRATIVO
Com efeito, a Lei 14.230/2021 prescreveu que as sentenças civis e penais produzirão
efeitos em relação à ação de improbidade quando concluírem pela inexistência da conduta ou
pela negativa da autoria (§3º do art. 21 da LIA).
Ocorre que a Nova LIA foi um pouco além, uma vez que o art. 21, §4º, obriga a paralisação
do trâmite da ação de improbidade administrativa quando a sentença de absolvição criminal
acerca dos mesmos fatos tenha sido confirmada por decisão colegiada. E destaque-se: a
absolvição nessa circunstância se comunica com todos os fundamentos previstos no art. 386 do
CPP e não apenas aqueles concernentes à inexistência do fato ou negativa de autoria (inciso I e
IV). 25
ATENÇÃO:
Em 27/12/2022, a eficácia desse §4º do art. 21 da Nova LIA foi suspensa em decisão monocrática
do Ministro Alexandre de Moraes na ADI 7.236/DF, ad referendum, do Plenário do STF. Pontuou o
Ministro que “Consagrada no § 4º do art. 37 da Constituição Federal, segundo o qual “os atos de
improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função
pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”, a independência de instâncias exige tratamentos
sancionatórios diferenciados entre os atos ilícitos em geral (civis, penais e político-administrativos)
e os atos de improbidade administrativa. (...) a comunicabilidade ampla pretendida pela norma
questionada acaba por corroer a própria lógica constitucional da autonomia das instâncias, o que
indica, ao menos em sede de cognição sumária, a necessidade do provimento cautelar”.
Por fim, não custa relembrar que o novo diploma normativo prima pela vedação do bis in
idem. Nesse sentido, sanções eventualmente aplicadas em outras esferas deverão ser
compensadas com as sanções aplicadas nos termos da Lei de Improbidade (§5º do art. 21 da
LIA).
8. INDISPONIBILIDADE DE BENS
INDISPONIBILIDADE DE BENS: é medida que visa a permitir o ressarcimento daquilo que o agente
se utilizou para se locupletar ilicitamente, ou também para ressarcir o dano causado ao erário.
Não se trata, portanto, de sanção, mas de medida de natureza cautelar.
Aplicação das regras de tutela de urgência do CPC: o pleito de indisponibilidade de bens
(4) Enquanto o diploma processual confere primazia à penhora de dinheiro, a Lei 14.230/2021
estabelece que o bloqueio de contas bancários deverá ser a última medida a ser tomada, de
forma a garantir a subsistência do acusado e a manutenção da atividade empresária ao longo
do processo (§11 do art. 16 da LIA).
(5) A indisponibilidade não deve incidir sobre o valor aplicado a título de multa. O §10 do
art. 16 da LIA prescreveu que “a indisponibilidade recairá sobre bens que assegurem
exclusivamente o integral ressarcimento do dano ao erário, sem incidir sobre os valores a
24STJ. 1ª Seção. REsp 1366721/BA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. p/ Acórdão Min. Og Fernandes, julgado
em 26/02/2014 (recurso repetitivo).
serem eventualmente aplicados a título de multa civil ou sobre acréscimo patrimonial
decorrente de atividade lícita”. Logo, o valor da indisponibilidade considerará a estimativa de
dano indicada na petição inicial, conforme se depreende do §6º do art. 16 da LIA
Para a Nova LIA, caberá agravo de instrumento em face das seguintes decisões:
Da decisão que deferir ou indeferir a medida relativa à indisponibilidade de bens (§9º do art. 16 da
LIA);
Da decisão que rejeitar questões preliminares suscitadas pelo réu em sua contestação (§9º-A do
art. 17 da LIA);
Da decisão que converter a ação de improbidade em ação civil pública (§17 do art. 17 da LIA);
27
10. DO PROCESSO JUDICIAL
ASPECTOS GERAIS
25
STF. Plenário. ADI 7042/DF e ADI 7043/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 31/8/2022 (Info 1066) –
grifo nosso.
A qualquer momento, se o magistrado identificar a existência de
ilegalidades ou de irregularidades administrativas a serem
sanadas sem que estejam presentes todos os requisitos para a
POSSIBILIDADE DE CONVERSÃO imposição das sanções aos agentes incluídos no polo passivo
EM ACP da demanda, poderá, em decisão motivada, converter a ação
de improbidade administrativa em ação civil pública, regulada
10.1. PROCEDIMENTO
26 STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1609723/MG, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 23/09/2021.
Se a petição inicial estiver em devida forma, o juiz mandará
autuá-la e ordenará a citação dos requeridos para que a
contestem no prazo comum de 30 (trinta) dias, iniciado o
prazo na forma do art. 231 do CPC.
CONTESTAÇÃO
ATENÇÃO: a nova legislação suprimiu a fase de defesa prévia e
o juízo de delibação previstos anteriormente nos §§7º e 8º do
CONTINUADA
II - no caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo
sujeito, o juiz somará as sanções.
31
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO CÍVEL
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DESPESAS PROCESSUAIS quaisquer outras despesas.
11. PRESCRIÇÃO
PRESCRIÇÃO
Com a Lei 14.230/2021, foi estabelecido o prazo geral de 8
(oito anos), contados a partir da ocorrência do fato ou, no caso
de infrações permanentes, do dia em que cessou a
PRAZO GERAL E TERMO INICIAL
permanência, independentemente da categoria do agente
público (art. 23 da LIA).
A instauração de inquérito civil ou de processo administrativo
para apuração dos ilícitos referidos nesta Lei suspende o curso
do prazo prescricional por, no máximo, 180 (cento e oitenta)
CAUSA SUSPENSIVA dias corridos, recomeçando a correr após a sua conclusão ou,
caso não concluído o processo, esgotado o prazo de
suspensão (§1º do art. 23 da LIA).
27STF. Plenário. ARE 843989/PR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 18/8/2022 (Repercussão Geral – Tema
1.199) (Info 1065).
conceder benefício financeiro ou tributário indevido.
4. (FCC - 2021 - DPE-BA - Defensor (A) Público (A) Conforme o disposto na Lei n°
8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa), o agente público tem sua posse e exercício
condicionados à apresentação de declaração de bens e valores que compõem seu
patrimônio privado, que deve ser anualmente atualizada, sob pena de
10. (Ano: 2019 Banca: Instituto Consulplan Órgão: MPE-SC Prova: Instituto Consulplan -
2019 - MPE-SC - Promotor de Justiça - Vespertina) De acordo com o art. 3ª da Lei de
Improbidade Administrativa, as disposições daquela lei são aplicáveis, no que couber,
àquele que mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de
improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma, direta ou indireta. Assim, é viável a
responsabilização exclusivamente contra particular, sem a presença do agente no
cometimento do ato, tido como ímprobo.
Gabarito: 1.E / 2.E / 3.C / 4.D / 5.A / 6.A / 7.C / 8.A / 9.A / 10.E
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