Apostila de Well Control Supervisao

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SUMÁRIO

1 PERFURAÇÃO, WORKOVER E COMPLETAÇÃO ............................................................ 1


1.1 OBJETIVOS DO PROGRAMA......................................................................................... 1
1.2 OBJETIVOS DO WORKOVER E OPERAÇÕES DE COMPLETAÇÃO .................... 1
1.3 GERENCIAMENTO DE BARREIRAS ............................................................................ 2
1.3.1 TESTES DE BARREIRAS ......................................................................................... 3
1.4 WELL CONTROL DRILLS .............................................................................................. 4
1.4.1 PIT DRILL – SIMULADO DE KICK DURANTE A PERFURAÇÃO .................. 4
1.4.2 TRIP DRILL – SIMULADO DE KICK DURANTE A MANOBRA ...................... 4
1.4.3 CHOKE DRILL – SIMULADO DE CONTROLE DO POÇO ................................ 4
1.4.4 DIVERTER DRILLS – SIMULADO DE DIRECIONAMENTO DE FLUXO ...... 5
1.4.5 HANG-OFF DRILLS – SIMULADO DE HANG-OFF ............................................ 5
2 FORÇA, ÁREA, PRESSÃO ...................................................................................................... 6
2.1 PRESSÃO HIDROSTÁTICA GERADA PELO FLUIDO DE PERFURAÇÃO ............ 6
2.2 GRADIENTE DE PRESSÃO ............................................................................................. 6
2.3 PRINCÍPIO DO TUBO EM U ........................................................................................... 7
2.4 SITUAÇÕES DO POÇO: BALANCE, OVERBALANCE, UNDERBALANCE ........... 8
2.5 PROGRAMA DE FLUIDOS .............................................................................................. 9
2.5.1 FINALIDADES DO FLUIDO DE PERFURAÇÃO (FUNÇÕES DO FLUIDO): ... 9
2.5.2 MONITORAMENTO DO FLUIDO DE PERFURAÇÃO ....................................... 9
2.5.3 PRINCIPAIS TIPOS DE FLUIDOS .......................................................................... 9
2.5.4 PROPRIEDADES DE UM FLUIDO DE PERFURAÇÃO ...................................... 9
2.5.5 PROPRIEDADES FÍSICAS: MASSA ESPECÍFICA OU DENSIDADE
ABSOLUTA E PESO ESPECÍFICO ........................................................................................ 9
2.5.6 PROPRIEDADES QUÍMICAS: SALINIDADE, ACIDEZ E ALCALINIDADE. 10
2.5.7 PROPRIEDADES REOLÓGICAS: VISCOSIDADE, VISCOSIDADE
PLÁSTICA, FORÇA GEL E LIMITE DE ESCOAMENTO................................................ 10
2.5.8 MANTENDO A DENSIDADE DO FLUIDO .......................................................... 14
2.5.9 ALTERAÇÕES NA DENSIDADE DO FLUIDO DEVIDO AO AUMENTO DE
TEMPERATURA, À DIMINUIÇÃO DE TEMPERATURA E AO AUMENTO DE
PRESSÃO GERADO SOBRE O FLUIDO ............................................................................. 16
2.6 DENSIDADE EQUIVALENTE ESTÁTICA .................................................................. 16
2.7 MONITORAMENTO DOS TANQUES EM OPERAÇÕES NORMAIS DE
PERFURAÇÃO ............................................................................................................................ 16
2.8 TERMINOLOGIAS DE CONTROLE DE POÇO E CARACTERÍSTICAS DA
FORMAÇÃO ................................................................................................................................ 18
2.8.1 ELEMENTOS BÁSICOS DE UM POÇO ............................................................... 18
3 FLUIDOS DE UMA FORMAÇÃO – TIPOS DE INFLUXOS ............................................. 18
I
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO GÁS NATURAL .................................................................. 19
3.1.1 GÁS ASSOCIADO E NÃO ASSOCIADO............................................................... 20
3.2 CORTE DE LAMA POR GÁS ......................................................................................... 20
3.3 CORTE DA LAMA POR ÁGUA OU ÓLEO .................................................................. 22
3.4 COMPORTAMENTO DO GÁS NO FLUIDO (REDUÇÃO DA PRESSÃO
HIDROSTÁTICA) ........................................................................................................................ 22
3.5 GÁS DE CONEXÃO ......................................................................................................... 23
3.6 KICK .................................................................................................................................. 24
3.6.1 CONDIÇÕES ESSENCIAIS PARA OCORRÊNCIA DE KICK .......................... 24
3.7 BLOWOUT ........................................................................................................................ 24
3.8 POROSIDADE E PERMEABILIDADE ......................................................................... 25
3.9 PRESSÃO DE UMA FORMAÇÃO ................................................................................. 26
3.9.1 FALHAS GEOLÓGICAS ......................................................................................... 28
3.9.2 CAMADAS ESPESSAS DE FOLHELHOS (LÍQUIDO APRISIONADO EM
FOLHELHOS).......................................................................................................................... 28
3.9.3 FORMAÇÕES ESPESSAS DE SAL (DOMOS SALINOS) ................................... 29
3.9.4 ARENITOS INTERCOMUNICÁVEIS ................................................................... 29
4 MARGEM DE SEGURANÇA DE RISER (MSR) ................................................................. 30
5 PREVENÇÃO DE KICKS DURANTE OPERAÇÕES DE PERFURAÇÃO, DESCIDA DE
REVESTIMENTO E CIMENTAÇÃO ............................................................................................ 31
5.1 OPERAÇÕES DE MANOBRA ........................................................................................ 31
5.1.1 TAMPÃO DE MANOBRA ....................................................................................... 31
5.1.2 USANDO O TRIP TANK PARA CONDUZIR UM FLOWCHECK .................... 33
5.1.3 CÁLCULO DO ABASTECIMENTO NAS MANOBRAS SECAS ........................ 33
5.1.4 PROCEDIMENTOS PARA MANTER O POÇO ABASTECIDO
CORRETAMENTE.................................................................................................................. 34
5.1.5 MÉTODOS PARA MEDIR E REGISTRAR VOLUMES DE ABASTECIMENTO
35
5.1.6 CÁLCULO DO ABASTECIMENTO NAS MANOBRAS MOLHADAS ............. 35
6 OPERAÇÕES DE DESCIDA DE REVESTIMENTO E CIMENTAÇÃO .......................... 36
6.1 DESCIDA DO REVESTIMENTO ................................................................................... 36
6.2 FUNÇÕES DAS COLUNAS DE REVESTIMENTO ..................................................... 37
6.3 CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DAS COLUNAS DE REVESTIMENTO .......... 37
6.4 CLASSIFICAÇÃO DAS COLUNAS DE REVESTIMENTO ....................................... 38
6.5 CIMENTAÇÃO ................................................................................................................. 39
6.5.1 PROGRAMA DE CIMENTAÇÃO E REVESTIMENTO ..................................... 39
6.5.2 CORREÇÃO DA CIMENTAÇÃO PRIMÁRIA (CCR) ......................................... 40
6.5.3 TAMPONAMENTO DE CANHONEADOS (RAO, RGO, ISZ)............................ 40

II
6.5.4 REPARO DE VAZAMENTOS NO REVESTIMENTO......................................... 41
6.5.5 COMBATE À PERDA DE CIRCULAÇÃO EM ZONAS SEM INTERESSE ..... 42
7 CAUSAS DE KICKS ................................................................................................................ 42
7.1 MÁ CIMENTAÇÃO ......................................................................................................... 42
7.1.1 REDUÇÃO DA PRESSÃO HIDROSTÁTICA DA PASTA DE CIMENTO
DURANTE A PEGA ................................................................................................................ 42
7.1.2 TESTE NEGATIVO.................................................................................................. 42
7.1.3 REDUÇÃO DA PRESSÃO NO FUNDO DO POÇO (BHP) DURANTE O
DESLOCAMENTO DA PASTA ............................................................................................. 43
7.1.4 REDUÇÃO NA PRESSÃO NO FUNDO DO POÇO DEVIDO AO TUBO EM U
43
7.1.5 REDUÇÃO NA PRESSÃO NO FUNDO DO POÇO DEVIDO AOS PISTONEIOS
(SWABBING E SURGING) .................................................................................................... 44
7.1.6 TESTES DE PRESSÃO REALIZADOS NO TAMPÃO DE CIMENTO ............. 44
7.2 AUMENTO DA PRESSÃO DA FORMAÇÃO (PRESSÃO DE FORMAÇÃO
ANORMALMENTE ALTA)........................................................................................................ 45
7.3 PISTONEIO NA RETIRADA DA COLUNA (SWABBING) ........................................ 45
7.4 PISTONEIO NA DESCIDA DA COLUNA (SURGING) ............................................... 46
7.5 FALHA NO ABASTECIMENTO DO POÇO COM O VOLUME CALCULADO EM
UMA MANOBRA ......................................................................................................................... 47
7.5.1 MARGEM DE SEGURANÇA PARA MANOBRA (MSM) ................................... 48
7.6 REDUÇÃO DA DENSIDADE OU DO NÍVEL DO FLUIDO DE PERFURAÇÃO ..... 49
7.6.1 REDUÇÃO DA PRESSÃO HIDROSTÁTICA ....................................................... 49
7.6.2 DENSIDADE INSUFICIENTE DE FLUIDO ......................................................... 49
7.7 PERDA DE CIRCULAÇÃO ............................................................................................ 49
7.7.1 PERDA TOTAL DE CIRCULAÇÃO ...................................................................... 49
7.7.2 PERDA PARCIAL DE CIRCULAÇÃO .................................................................. 50
7.7.3 TAMPÃO DE COMBATE A PERDA (PILLS OU SLUG).................................... 50
7.7.4 MATERIAIS DE PERDA DE CIRCULAÇÃO (LCM) .......................................... 51
7.7.5 DESCRIÇÃO DO TAMPÃO DE PERDA CIRCULAÇÃO DE MATERIAL
CONVENCIONAL ................................................................................................................... 60
7.7.6 MÉTODO DE PERFURAÇÃO ADIANTE ............................................................. 61
7.7.7 O MÉTODO DO TAMPÃO ..................................................................................... 61
7.7.8 TAMPÕES DE REFORÇO ...................................................................................... 62
7.7.9 TAMANHO DAS PARTÍCULAS DOS MATERIAIS DE PERDA CIRCULAÇÃO
62
8 GASES RASOS, FLUXO DE ÁGUA E PERFURAÇÃO TOPHOLE ................................. 69
8.1 PRÁTICAS E CAUSAS DE KICK PERFURANDO TOPHOLE ................................. 69
8.2 DIVERTING ...................................................................................................................... 71
III
8.3 PRÁTICAS DE PERFURAÇÃO DE TOPHOLE QUE PODEM REDUZIR O RISCO
DE KICK ....................................................................................................................................... 74
9 DETECÇÃO DE KICK ........................................................................................................... 75
9.1 INDÍCIOS PRIMÁRIOS DE KICKS .............................................................................. 75
9.1.1 AUMENTO DA VAZÃO DE RETORNO ............................................................... 75
9.1.2 GANHO NOS TANQUES ......................................................................................... 75
9.1.3 POÇO FLUINDO COM AS BOMBAS DESLIGADAS ......................................... 76
9.2 INDÍCIOS SECUNDÁRIOS DE KICKS ........................................................................ 77
9.2.1 DIMINUIÇÃO DA PRESSÃO DE BOMBEIO ....................................................... 77
9.2.2 MUDANÇAS NAS PROPRIEDADES DO FLUIDO DE PERFURAÇÃO ........... 77
9.2.3 TEOR DE GÁS NO FLUIDO DE PERFURAÇÃO ................................................ 78
9.2.4 INFORMAÇÕES DO PWD “PRESSURE WHILE DRILLING” RELATIVAS À
ECD 78
9.2.5 DETECÇÃO DO AUMENTO DA PRESSÃO DE POROS ................................... 79
9.2.6 INFORMAÇÕES DO LWD “LOGGING WHILE DRILLING” RELATIVAS À
RESISTIVIDADE E AO TEMPO DE TRÂNSITO ............................................................... 79
9.2.7 MUDANÇA NO TAMANHO, DENSIDADE E FORMATO DOS CASCALHOS
79
9.2.8 AUMENTO DA TEMPERATURA DO FLUIDO................................................... 80
9.2.9 AUMENTO DA TAXA DE PENETRAÇÃO (DRILLING BREAK POSITIVO) 80
9.2.10 POÇO ACEITANDO MENOS LAMA DO QUE O VOLUME CALCULADO
DURANTE AS MANOBRAS .................................................................................................. 81
9.3 DETECÇÃO KICKS EM PERFURANDO EM LÂMINAS D’ ÁGUA PROFUNDAS
81
9.4 FATORES QUE PODEM DIFICULTAR A DETECÇÃO DE UM KICK EM SONDAS
FLUTUANTES ............................................................................................................................. 82
9.5 IMPORTÂNCIA DA RÁPIDA DETECÇÃO DO KICK ............................................... 82
10 PROCEDIMENTOS DE FECHAMENTO DE POÇO E VERIFICAÇÃO ......................... 83
10.1 PERFURANDO (DRILLING) E MANOBRANDO (TRIPPING) ............................. 83
10.2 MÉTODO DE FECHAMENTO HARD (RÁPIDO) ................................................... 83
10.2.1 SEQUÊNCIA DO MÉTODO DE FECHAMENTO HARD DURANTE A
PERFURAÇÃO (CHOKE HIDRÁULICO 100% FECHADO) ........................................... 84
10.2.2 SEQUÊNCIA DO MÉTODO DE FECHAMENTO HARD DURANTE A
MANOBRA DA COLUNA (CHOKE HIDRÁULICO 100% FECHADO) .......................... 84
10.3 MÉTODO DE FECHAMENTO SOFT (LENTO) ...................................................... 84
10.3.1 SEQUÊNCIA DO MÉTODO DE FECHAMENTO SOFT DURANTE A
PERFURAÇÃO (CHOKE HIDRÁULICO 50% ABERTO)................................................. 84
10.3.2 SEQUÊNCIA DO MÉTODO DE FECHAMENTO SOFT DURANTE A
MANOBRA (CHOKE HIDRÁULICO 50% ABERTO) ....................................................... 85
10.3.3 VERIFICAÇÃO DO FECHAMENTO DO POÇO ................................................. 85
IV
10.3.4 GAVETA CEGA CISALHANTE............................................................................. 85
10.3.5 FERRAMENTAS NÃO CISALHÁVEIS................................................................. 86
10.4 MONITORAMENTO E ATIVIDADES APÓS O FECHAMENTO ......................... 88
10.4.1 MONITORAMENTO DE FLUXO NO RISER APÓS O FECHAMENTO ......... 88
10.5 REGISTRO DAS PRESSÕES DE FECHAMENTO .................................................. 88
10.6 ANALISANDO AS CONDIÇÕES DE FECHAMENTO ........................................... 89
10.6.1 REGISTRANDO O VALOR DE SIDPP QUANDO TEM FLOAT VALVE NA
COLUNA................................................................................................................................... 90
10.6.2 PRESSÃO NO FUNDO DO POÇO APÓS O FECHAMENTO DO POÇO (BHP =
PF) 91
10.7 LAMA DE MATAR (KILL MUD) .............................................................................. 92
10.8 KICK EM POÇOS HORIZONTAIS ........................................................................... 92
10.9 KICK ABAIXO DA BROCA........................................................................................ 94
10.10 EFEITO BALLOONING.............................................................................................. 94
10.11 MONITORANDO A MIGRAÇÃO DO GÁS .............................................................. 97
10.11.1 MANTENDO-SE O POÇO FECHADO SEM AS IMEDIATAS ATITUDES DE
CONTROLE ............................................................................................................................. 97
10.11.2 MANTENDO-SE O POÇO ABERTO ................................................................. 98
10.12 PRESSÃO TRAPEADA................................................................................................ 99
10.12.1 PROCEDIMENTOS DE STRIPPING ............................................................... 101
11 GRADIENTE DE FRATURA, TOLERÂNCIA AO KICK E PRESSÃO DA FORMAÇÃO
101
11.1 RESILIÊNCIA DA FORMAÇÃO ............................................................................. 101
11.2 PRESSÃO DE ABSORÇÃO DE UMA FORMAÇÃO (LEAK-OFF TEST) .......... 102
11.3 PRESSÃO DE FRATURA DE UMA FORMAÇÃO ................................................ 104
11.4 DENSIDADE EQUIVALENTE DE FRATURA (MÁXIMO PESO DE LAMA) ... 105
11.5 MÁXIMA PRESSÃO PERMISSÍVEL NO CHOKE (MAASP) .............................. 105
11.6 MÁXIMA PRESSÃO ESPERADA OU ANTECIPADA NA SUPERFÍCIE (MASP)
105
11.7 FORMATION INTEGRITY TEST (FIT) ................................................................. 106
11.8 TOLERÂNCIA AO KICK.......................................................................................... 106
11.9 FLUXO INTENCIONAL ............................................................................................ 107
11.9.1 TESTE DE FORMAÇÃO/PRODUÇÃO ............................................................... 107
11.9.2 FINGERPRINTING ................................................................................................ 108
12 PRESSÃO DE BOMBEIO ..................................................................................................... 108
12.1 PRESSÃO NO FUNDO DO POÇO ........................................................................... 110
12.1.1 CONTROLE DE PRESSÃO ANULAR DE FUNDO ........................................... 110

V
12.2 DENSIDADE EQUIVALENTE DE CIRCULAÇÃO (Equivalent Circulating Density
- ECD) 110
12.3 DENSIDADE EQUIVALENTE ESTÁTICA X DENSIDADE EQUIVALENTE DE
CIRCULAÇÃO ........................................................................................................................... 111
12.4 POÇO HIDROSTATICAMENTE DESEQUILIBRADO ........................................ 111
12.5 CONTROLE DE POÇO PRIMÁRIO PARA PERFURAÇÃO CONVENCIONAL E
NÃO CONVENCIONAL ........................................................................................................... 112
12.6 PRESSÃO NO FUNDO DO POÇO CONSTANTE (CONSTANT BOTTOM HOLE
PRESSURE - CBHP) .................................................................................................................. 113
12.7 CABEÇA ROTATIVA (ROTATING CONTROL DEVICE - RCD) ...................... 114
12.7.1 CLASSIFICAÇÃO .................................................................................................. 115
13 DADOS PRÉVIOS ................................................................................................................. 115
13.1 PRESSÃO REDUZIDA DE CIRCULAÇÃO (PRC) ................................................ 115
13.2 CASO A PRC NÃO TENHA SIDO REGISTRADA (DE FORMA CORRETA) E O
POÇO ENTRE EM KICK, DEVE-SE UTILIZAR O SEGUINTE PROCEDIMENTO
OPERACIONAL: ....................................................................................................................... 116
13.2.1 SONDA COM BOP DE SUPERFÍCIE .................................................................. 116
13.2.2 SONDA COM BOP SUBMARINO ........................................................................ 116
13.3 FRICÇÃO DA CHOKE LINE ................................................................................... 117
13.3.1 MEDIDA DE PERDA DE CARGA NA LINHA DO CHOKE ATRAVÉS DA
DIFERENÇA DA PRC VIA RISER E DA PRC VIA CHOKE .......................................... 117
13.3.2 MEDIDA DE PERDA DE CARGA DA LINHA DE CHOKE ATRAVÉS DO
BOMBEIO DE FLUIDO POR ESTA LINHA E COM RETORNO PELO RISER.......... 117
13.4 DENSIDADE DOS FLUIDOS DAS LINHAS DE KILL E CHOKE....................... 120
13.4.1 ÁGUA NA LINHA DE CHOKE X LAMA NA LINHA DE CHOKE ................. 120
14 KILL SHEET .......................................................................................................................... 121
14.1 CONTEÚDO ................................................................................................................ 121
14.2 CÁLCULOS ................................................................................................................. 122
14.2.1 CALCULANDO CAPACIDADE INTERNA, DESLOCAMENTO E
DESLOCAMENTO DE COLUNA FECHADA (bbl/m): .................................................... 122
14.3 COMO CALCULAR O NÚMERO DE STROKES DA SUPERFÍCIE ATÉ A
BROCA 122
14.4 COMO CALCULAR O NÚMERO DE STROKES DA BROCA ATÉ A SAPATA
123
14.5 COMO CALCULAR NÚMERO DE STROKES DA BROCA ATÉ A SUPERFÍCIE
PASSANDO PELA LINHA DE CHOKE ................................................................................. 123
14.6 ALINHAMENTO ........................................................................................................ 126
15 MÉTODOS DE CONTROLE DE POÇO ............................................................................. 127
15.1 O MÉTODO DO SONDADOR .................................................................................. 127
15.1.1 PRIMEIRA CIRCULAÇÃO – EXPULSÃO DO FLUIDO INVASOR ............... 127
VI
15.1.2 SEGUNDA CIRCULAÇÃO – SUBSTITUIÇÃO DO FLUIDO ORIGINAL PELO
FLUIDO NOVO...................................................................................................................... 128
15.1.3 POR QUE A LAMA ANTIGA DO RISER É TROCADA DEPOIS DE MATAR O
POÇO 129
15.1.4 CUIDADOS NUMA OPERAÇÃO DE CONTROLE DE POÇO ........................ 130
15.2 O MÉTODO DO ENGENHEIRO .............................................................................. 130
15.2.1 PROCEDIMENTOS PARA CIRCULAÇÃO........................................................ 130
15.3 MÉTODO VOLUMÉTRICO ..................................................................................... 132
15.3.1 MÉTODO VOLUMÉTRICO ESTÁTICO ............................................................ 132
15.3.2 MÉTODO VOLUMÉTRICO DINÂMICO ........................................................... 136
15.4 PROCEDIMENTO PARA BULLHEADING ........................................................... 142
15.4.1 COMO A MIGRAÇÃO DO GÁS AFETA A TAXA DE BULLHEAD ............... 144
15.4.2 PROCEDIMENTO SE A OPERAÇÃO DE BULLHEADING FRACASSAR ... 145
15.4.3 ALTERNATIVA PARA BULLHEADING DURANTE AS MANOBRAS ......... 145
15.4.4 CONTROLE DE POÇO SUBMARINO COM HIDRATOS ............................... 145
15.5 PROCEDIMENTO AO LIGAR E DESLIGAR A BOMBA .................................... 146
15.5.1 PROCEDIMENTOS DE LIGAR E DESLIGAR E O PAPEL DO SUPERVISOR
146
15.5.2 AÇÕES A SEREM TOMADAS SE A PRC NÃO FOR CONHECIDA .............. 146
15.5.3 DETERMINANDO A PRESSÃO INICIAL DE CIRCULAÇÃO ....................... 146
15.5.4 PORQUE LIGANDO A BOMBA A PRESSÃO PODE NÃO SER IGUAL A PIC E
PORQUE DESLIGANDO A BOMBA A PRESSÃO PODE NÃO SER IGUAL A
ESPERADA ............................................................................................................................ 146
15.5.5 COMO A PERDA DE CARGA DA LINHA DA CHOKE MAIOR QUE SICP
AFETA O INÍCIO DO BOMBEIO ....................................................................................... 147
15.5.6 VERIFICANDO SE O POÇO ESTÁ MORTO DEPOIS DO PROCEDIMENTO
DE MATAR ............................................................................................................................ 147
15.6 CONSIDERAÇÕES DURANTE O CONTROLE .................................................... 148
15.6.1 MONITORAMENTO DOS TANQUES DURANTE OPERAÇÕES DE
CONTROLE ........................................................................................................................... 148
15.6.2 CONDUZINDO GÁS TRAPEADO NO BOP STACK ......................................... 149
15.6.3 REMOÇÃO DO GÁS TRAPEADO NO BOP ....................................................... 150
16 CONTROLE DE POÇO EM SITUAÇÕES ESPECIAIS .................................................... 150
16.1 PROBLEMAS NO CHOKE OU NO CHOKE MANIFOLD ................................... 151
16.2 PROBLEMAS COM A BOMBA DE LAMA ............................................................ 151
16.3 VAZAMENTOS NO BOP .......................................................................................... 152
16.4 PROBLEMAS NO SEPARADOR ATMOSFÉRICO ............................................... 152
16.5 PROBLEMAS NA BROCA ........................................................................................ 153
16.6 PROBLEMAS COM A COLUNA DE PERFURAÇÃO .......................................... 154
VII
16.7 CONTROLE DE POÇO COM PERDA DE CIRCULAÇÃO PARCIAL ............... 155
16.8 CONTROLE DE POÇO COM PERDA DE CIRCULAÇÃO TOTAL ................... 155
16.9 CONTROLE EM POÇOS NÃO VERTICAIS .......................................................... 156
16.10 EFEITO DA NÃO VERTICALIDADE DO POÇO .................................................. 157
17 GERENCIAMENTO DE RISCOS........................................................................................ 158
17.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................. 158
17.2 PROCEDIMENTOS PARA A GESTÃO DE RISCOS ............................................ 158
17.3 DESCRIÇÃO DOS ESTUDOS DE RISCOS ............................................................ 159
17.4 ALTERAÇÃO DE PROJETOS ................................................................................. 160
17.5 PLANO DO POÇO...................................................................................................... 161
18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 167

VIII
1 PERFURAÇÃO, WORKOVER E COMPLETAÇÃO

1.1 OBJETIVOS DO PROGRAMA


Este programa tem por objetivo preparar os profissionais, capacitando-os com
conhecimentos necessários para o desempenho de suas atividades com eficácia, visando à
melhoria da eficiência das operações de perfuração e a prevenção da ocorrência de eventos
indesejáveis.

Ao concluir este programa, o candidato deve:

• Ser capaz de entender o propósito e função dos métodos de perfuração e seus


acessórios;
• Ser capaz de identificar os principais componentes que fazem parte dos métodos de
perfuração;
• Ser capaz de conhecer e entender o propósito das operações e a interação entre os
sistemas em estudo;
• Estar familiarizado com o controle e a operação desses sistemas;
• Ser capaz de solucionar problemas nas partes do sistema que possam ser reparadas no
seu dia-a-dia;
• Entender o propósito do sistema de circulação, fluidos de perfuração e sistema de
mixagem;
• Identificar os principais componentes utilizados no sistema de circulação;
• Ser capaz de realizar com eficiência uma passagem de serviço entre as equipes de
perfuração;
• Priorizar cuidados com o objetivo de evitar erros operacionais, operação indevida de
sistemas que possam causar aumento de volume no tanque ativo (falsos kicks),
prevenindo assim: perda de tempo, prejuízos materiais, danos ao meio ambiente, etc.

1.2 OBJETIVOS DO WORKOVER E OPERAÇÕES DE COMPLETAÇÃO


Completação é o conjunto de operações destinadas a equipar o poço para torná-lo apto
a produzir óleo e gás. Este é um conceito operacional de tais atividades, e que a cimentação do
revestimento de produção, ou seja, o revestimento que entra em contato com a zona produtora
é, por esta definição, uma atividade de Completação das ações que levarão o poço a sua real
produção. Por outro lado, numa definição mais objetiva de completação, pode se dizer, que a
completação de um poço de petróleo é a transformação de um poço após o trabalho de sua

1
perfuração, em uma unidade produtiva de óleo e, ou gás, completamente equipada e com os
requisitos de segurança atendidos, gerando receitas.
Ao longo da vida produtiva dos poços, geralmente são necessárias outras intervenções
posteriores à completação, designadas genericamente de workover, com o objetivo de manter
a produção ou eventualmente melhorar a produtividade.

Sem instalação de sondas, é possível realizar uma série de operações com cabo, tais como:
• Abertura ou fechamento de sliding sleeve;
• Substituição de válvulas de gas-lift;
• Registros de pressão;

Quando há necessidade de intervenções com sondas visam:


• Falhas mecânicas na coluna de produção ou revestimento;
• Produção excessiva de gás;
• Produção excessiva de água;
• Produção de areia.

1.3 GERENCIAMENTO DE BARREIRAS


O gerenciamento de barreiras trata do fato de garantir, de uma forma contínua e
sistemática, que as barreiras de segurança do poço são efetivas, relevantes e robustas. Dentre
seus requerimentos, podemos destacar:
• Um processo sistemático para seleção e desenvolvimento de barreiras, baseado na
necessidade de proteção de algo de valor – gerenciar um tópico específico de uma forma
aceitável;
• Selecionar e dimensionar barreiras robustas, considerando o fator incerteza – não se
pode ter certeza de que todos os futuros incidentes tenham sido identificados ou que as
barreiras irão funcionar como previsto em tais eventos;
• Aceitar que o gerenciamento de barreiras é um processo contínuo.

Durante a perfuração de um poço é necessário que se tenha no mínimo 2 (duas) barreiras


de segurança independentes. Segue abaixo alguns exemplos de barreiras e como elas se
classificam:

• Barreira Primária: Fluido de perfuração.


• Barreiras Secundárias: BOP, Inside BOP, IBOP, choke manifold, válvula de
segurança de coluna (VSC), revestimento, cimento.

2
Para evitar que componentes únicos criem uma possível falha total do sistema, uma
função de contingência (backup) deve estar presente no sistema. Todos os equipamentos de
controle devem sofrer manutenção e passar por testes de pressão e funcionamento, de acordo
com os procedimentos e política da companhia, garantindo um correto funcionamento e
integridade quando necessário.
As barreiras secundárias podem ser denominadas como um conjunto solidário de
barreiras, ou seja, são várias barreiras que atuam juntas com o objetivo de garantir a segurança
do poço evitando assim um blowout. Além disso, a barreira primária e as barreiras secundárias
podem ser chamadas por outras nomenclaturas:

• Barreiras Físicas: Fluido de perfuração, cimento.


• Barreiras Mecânicas: BOP, Inside BOP, IBOP, choke manifold, válvula de segurança
de coluna (VSC), revestimento.
• Barreiras Operacionais (Processuais): Sensores de nível, trip tank, monitoramentos
da vazão de retorno e dos níveis dos tanques, treinamentos periódicos.

1.3.1 TESTES DE BARREIRAS


Entre todos os equipamentos existentes numa sonda de perfuração, o BOP é a mais
importante ferramenta usada para garantir a segurança e o controle do poço. Seu bom
funcionamento é crucial tendo em vista que é o equipamento usado para conter e permitir a
circulação de kicks para fora do poço.

1.3.1.1 TESTE DE PRESSÃO


O teste de pressão deve ser realizado com o objetivo de verificar a estanqueidade do
BOP, das válvulas de coluna, linhas de choke e kill, entre outros equipamentos que atuam como
barreira. Todos esses componentes listados acima devem ser testados com a mesma pressão na
qual o BOP é testado. Os testes de pressão do BOP são divididos em etapas de baixa e alta
pressão.
Agora efetivamente começam os testes do BOP, etapa complexa que exige muitos
cuidados em sua execução. Para executar os testes é preciso instalar o plugue de teste (ITT) na
cabeça do poço. Esta ferramenta tem a função de conter a pressão aplicada ao longo do teste
no sentido de cima para baixo, já que o BOP foi todo projetado para resistir pressões oriundas
de dentro do poço, ou seja, pressões vindas de baixo. Em seguida, cada elemento de vedação
do BOP deve ser testado individualmente a diferentes níveis de pressão para que se possa
garantir que estão aptos a resistir os esforços aos quais podem vir a ser submetidos no caso de
acionamento do BOP.

3
1.3.1.2 TESTE DE FUNÇÃO
O teste de função também deverá ser realizado, já que um teste para ver se as funções
do BOP estão operando normalmente, porém a realização de um teste de função satisfatório
não substitui o teste de pressão.

1.4 WELL CONTROL DRILLS

1.4.1 PIT DRILL – SIMULADO DE KICK DURANTE A PERFURAÇÃO


O propósito do exercício simulado de detecção de kick é garantir que a equipe está hábil
para efetivamente reconhecer e reagir a um kick.
• Sem comunicar o sondador e mud logger, um determinado volume de fluido é
adicionado ao tanque aumentando o seu nível.
• É esperado que o mud logger e sondador detectem o ganho e tomem uma ação, por
parte do mud logger é comunicar ao sondador imediatamente sobre o que observou, já
o sondador terá que agir para promover o fechamento do poço.
• Após finalizar o exercício simulado deverá ser registrado o tempo para o “drill” no
Relatório de Perfuração do IADC, e revisar com a equipe as operações que foram feitas.

1.4.2 TRIP DRILL – SIMULADO DE KICK DURANTE A MANOBRA


O objetivo deste simulado é assegurar que a equipe é capaz detectar e reagir
efetivamente a um kick durante uma manobra. O propósito deste exercício é familiarizar a
equipe com o procedimento de fechamento que será implementado na decorrência de um kick
durante uma manobra, onde o plataformista terá que instalar a válvula de segurança de coluna
na posição aberta e posteriormente fechá-la.
Isso irá detalhar a ação que a tripulação deverá tomar no evento de um kick. O
encarregado deve garantir que a equipe está corretamente implantada e que cada indíviduo
tenha compreendido suas responsabilidades. O tempo tomado para a equipe fechar o poço deve
ser registrado.

1.4.3 CHOKE DRILL – SIMULADO DE CONTROLE DO POÇO


O Choke Drill é um simulado de controle de poço que visa avaliar/melhorar a
competência da equipe da sonda. Esse simulado ajuda a equipe a entender como o choke e as
pressões no poço reagem durante um controle de poço. Os objetivos do choke drill são:
• Tornar mais familiar a prática de controle de pressão através do choke da sonda;
• Obter referência do tempo de resposta quando o choke é acionado (Lag Time);
• Confirmação do correto alinhamento das válvulas (Linha Verde);

4
• Verificar que todos os manômetros (painel do sondador, painel de controle, painel do
BOP), choke hidráulico, BOP estão prontos para trabalho;
• Obter mais prática/sensibilidade nas operações de entrada e retirada de bomba durante
controle.

1.4.4 DIVERTER DRILLS – SIMULADO DE DIRECIONAMENTO DE


FLUXO
O objetivo do Diverter Drill em poços com BOP submarino é garantir que a equipe está
hábil para efetivamente reconhecer e reagir a um gás de riser, o direcionando para uma
distância segura da plataforma na direção que o vento estiver indo.
O objetivo do Diverter Drill em poços de superfície é garantir que a equipe está hábil
para efetivamente reconhecer e reagir a um evento de gás raso, o direcionando para uma
distância segura da plataforma na direção que o vento estiver indo.
Diverters drills devem ser conduzidos para minimizar o tempo de reação da equipe.
Outro objetivo deste procedimento é checar se o equipamento diverter está funcionando está
funcionando corretamente. O tempo necessário para a operação de cada função do diverter,
deve ser registrada.

1.4.5 HANG-OFF DRILLS – SIMULADO DE HANG-OFF


O simulado de hang-off é utilizado para a equipe dominar os procedimentos e
preparação para as operações de controle de poço. Esse simulado serve também para evitar
danos aos selos das gavetas, devido ao movimento da tubulação devido ao heave. É de
fundamental importância que existam simulações (treinamentos) para a equipe se familiarizar
com tais ações. Seguem os procedimentos:

1- Verificar se uma tool joint não está à frente da gaveta e se a última drill string safety
valve está acessível;
2- Fechar a gaveta;
3- Descer, vagarosamente, a coluna até o contato com a gaveta. Observar o indicador de
peso.
4- Na utilização de uma gaveta sem dispositivo de travamento automático, atuar as travas.

5
2 FORÇA, ÁREA, PRESSÃO
Pressão é definida como uma força atuando em uma unidade de área, conforme a figura:

F
P=
A

Figura 1: Força sobre área


As unidades mais usuais de pressão são:
u (p) = {N/m2 = Pa (pascal) ; lbf/in2 (psi); kgf/cm² ; bar; atm; mmHg...}

2.1 PRESSÃO HIDROSTÁTICA GERADA PELO FLUIDO DE PERFURAÇÃO


Pressão hidrostática é a pressão exercida por uma coluna de fluido na vertical e em
condições estáticas. O fluido de perfuração exerce uma pressão hidrostática em todos os pontos
do poço, com o objetivo de conter os fluidos da formação, formando a primeira barreira de
controle. A pressão hidrostática no fundo do poço pode ser obtida através da fórmula:
PH = ρfluido x 0,1704 x TVD
Onde:
PH = pressão hidrostática (psi);
ρfluido = densidade de fluido (lb/gal);
0,1704 = constante ou fator de conversão;
TVD = profundidade vertical - True Vertical Depth (m);

2.2 GRADIENTE DE PRESSÃO


Utilizando a densidade de um fluido podemos também calcular o seu gradiente de
pressão, que é o quanto de pressão o fluido exerce por metro de profundidade, logo o seu
resultado sairá em psi/m, com a fórmula a seguir podemos obter o gradiente de pressão de um
fluido:
G = ρfluido x 0,1704
Onde:
G = gradiente (psi/m);
ρfluido = densidade de fluido (lb/gal);

Calculando a pressão hidrostática quando se tem dois tipos de fluido no poço:

6
1º: calcula-se a pressão hidrostática do primeiro tipo de fluido;
2º: calcula-se a pressão hidrostática do segundo fluido,
3º: soma as duas pressões.
Exemplo:

PH(salmoura) = ρsalmoura x 0,1704 x H(salmoura)


+

PH(fluido) = ρfluido x 0,1704 x H(fluido

PH(final) = PH(salmoura) + PH(fluido)

Figura 2: Poço com dois fluidos

2.3 PRINCÍPIO DO TUBO EM U


O princípio do tubo em U ocorre quando dois fluidos de densidades diferentes buscam
um ponto de equilíbrio entre eles.

• Efeito do tubo em U na pressão no fundo do poço (BHP) quando o poço encontra-


se aberto:

Figura 3: Equalização do tubo em U


7
O fluido mais pesado desloca parte do fluido mais leve para fora do poço fazendo com
que ocorra a estabilização do tubo em U e consequentemente fazendo com que a BHP fique
constante. A figura acima nos mostra que o local onde fluido pesado estava teve uma redução
de nível, redução que foi necessária para equalizar as pressões hidrostáticas.

• Efeito do tubo em U na pressão no fundo poço (BHP) quando o poço encontra-se


fechado:

Figura 4: Efeito do tubo em U com o poço fechado

Neste tipo de cenário, o fluido mais pesado está tentando expulsar parte do fluido mais
leve para fora do poço, porém como o poço se encontra fechado acabará resultando em
acréscimo de pressão no fundo poço e nos manômetros localizados no ponto onde se encontra
o fluido mais leve, isso devido os fluidos não conseguirem equilibrar as suas hidrostáticas. Esse
diferencial de pressão (ΔPressão) pode ser calculado através da seguinte fórmula:

ΔPressão = (ρfluido mais pesado – ρfluido mais leve) x 0,1704 x TVD

ΔPressão = (10 – 8,34) x 0,1704 x 1200 = 339 psi

2.4 SITUAÇÕES DO POÇO: BALANCE, OVERBALANCE, UNDERBALANCE


Os fluidos de perfuração exercem pressão hidrostática sobre o fundo do poço, podendo
apresentar três condições:
• Balance: A pressão hidrostática é igual à pressão da formação.
• Overbalance: A pressão hidrostática é maior que a pressão da formação.
• Underbalance: A pressão hidrostática é menor que a pressão da formação.

Observação: Em condições normais de trabalho deve-se operar em overbalance.

8
2.5 PROGRAMA DE FLUIDOS
A principal função do fluido de perfuração, do ponto de vista da segurança do poço, é
gerar pressão hidrostática, cujo valor seja superior ou igual à pressão de poros das formações
para prevenir a ocorrência de kicks. A pressão hidrostática é uma barreira de segurança física,
também conhecida como controle primário do poço.

2.5.1 FINALIDADES DO FLUIDO DE PERFURAÇÃO (FUNÇÕES DO


FLUIDO):
• Gerar pressão hidrostática;
• Limpar o poço;
• Manter os cascalhos em suspensão;
• Transmitir energia mecânica;
• Trazer informações das formações perfuradas;
• Aliviar o peso da coluna pelo empuxo;
• Resfriar e lubrificar a coluna e a broca;
• Formação de Reboco (Contribui para a sustentação das paredes do poço).

2.5.2 MONITORAMENTO DO FLUIDO DE PERFURAÇÃO


Os fluidos de perfuração devem ser especificados, de acordo com o trabalho a ser
efetuado, considerando as condições geológicas, de forma a garantir uma perfuração ágil e
segura.

2.5.3 PRINCIPAIS TIPOS DE FLUIDOS


• Fluido a base de água (lama a base de água);
• Fluido a base de óleo (lama a base de óleo);
• Fluido aerado (ar ou o próprio gás natural);
• Fluido sintético.
2.5.4 PROPRIEDADES DE UM FLUIDO DE PERFURAÇÃO

2.5.5 PROPRIEDADES FÍSICAS: MASSA ESPECÍFICA OU DENSIDADE


ABSOLUTA E PESO ESPECÍFICO

A massa específica, ou densidade absoluta, é a massa por unidade de volume do fluido.


O peso específico é o peso por unidade de volume do fluido. O peso específico do fluido de
perfuração, comumente chamado de peso da lama, é o responsável pela pressão hidrostática no
interior do poço. Para se aumentar a densidade de um fluido usam-se aditivos como a baritina,
ou seja, sulfato de bário (BaSO4).
9
2.5.6 PROPRIEDADES QUÍMICAS: SALINIDADE, ACIDEZ E
ALCALINIDADE

A salinidade mede a concentração de sais no fluido, e é avaliada pelo teste de cloretos


(Figura 5). Pelo teste de cloretos é possível saber se o poço se encontra numa zona de roça de
sal, se contém água salgada no poço (Figura 6), por exemplo. A acidez e a alcalinidade medem
o potencial hidrogeniônico (pH) do fluido. A escala de pH varia de 0 a 14. Sendo alguns
intervalos característicos: pH = 7 (lama neutra); 0  pH < 7 (lama ácida); 7 < pH  14 (lama
alcalina). Em geral usa-se lama alcalina (pH  9). Para se reduzir a acidez de um fluido a base
d’água adiciona-se soda cáustica (NaOH) e para fluidos sintéticos o hidróxido de cálcio
(CaCO3).

Figura 5: Realização do teste de cloretos. Figura 6: Formação com água salgada

2.5.7 PROPRIEDADES REOLÓGICAS: VISCOSIDADE, VISCOSIDADE


PLÁSTICA, FORÇA GEL E LIMITE DE ESCOAMENTO
A reologia é o ramo da física que estuda as propriedades mecânicas dos corpos
elásticos, por exemplo, os coloides (substâncias constituídas de partículas sólidas e líquidas ou
sólidas e gasosas). Os coloides se classificam em: sol, emulsão, gel e aerossol. A lama utilizada
nos processos de perfuração é um coloide do tipo gel. Segundo Machado (2002) a etmologia
da palavra rheologia tem raiz e vai buscar significado nos vocábulos gregos rheo = deformação
e logia = ciência ou estudo. Portanto, reologia é a ciência que estuda como a matéria se deforma
ou escoa, quando está submetida a esforços originados por forças externas.
Ainda de acordo com Machado (2002) a viscosimetria é um segmento da mecânica dos
fluidos que consiste na prática experimental de medir a resposta reológica dos fluidos,
considerados puramente viscosos, onde a componente elástica possa ser desprezada. Esta se
preocupa com a caracterização de um fluido viscoso através de instrumentos de medida,
procedimentos e métodos.

10
Consiste, portanto na medição de grandezas físicas, tais como velocidade angular,
torque, ângulo de deflexão, tempo, etc., que possam ser transformadas em unidades de tensão
e de taxa de cisalhamento, consequentemente, de viscosidade, através de equações deduzidas
a partir de princípios e leis da mecânica clássica. Os instrumentos ou equipamentos usados para
medir estas grandezas são denominados de viscosímetros ou reômetros.
A viscosidade de um fluido é caracterizada por sua resistência ao fluxo, ou movimento
relativo de quaisquer de suas partes devido ao atrito interno entre elas. A viscosidade de um
fluido pode ser alterada por aditivos como a bentonita. A viscosidade plástica de um fluido é
caracterizada pela concentração das partículas sólidas do fluido.
A força gel de um fluido é caracterizada pela sua resistência às variações de sua
velocidade (inércia do fluido). O limite de escoamento é caracterizado pela interação
eletroquímica das partículas sólidas do fluido.
Nas plataformas de petróleo é comum encontrar o viscosímetro de orifício conhecido
como funil Marsh. Tal equipamento é composto de um tubo ou orifício, geralmente disposto
na vertical, com comprimento pequeno quando comparado ao seu diâmetro. Machado (2002)
afirma que a indústria tem usado o viscosímetro de orifício devido à simplicidade e rapidez na
operação, tornando-se úteis para determinações relativas de fluidos newtonianos ou não-
newtonianos. Para investigações mais qualificadas, entretanto, os resultados medidos são
imprecisos e difíceis de serem interpretados.
Como exemplos de viscosímetros de orifícios disponíveis no mercado, podemos
destacar o Saybolt Universal, o Ford e o Funil Marsh (Figura), pelos Estados Unidos, o vaso
Redwood, pela Inglaterra, o vaso Engler, pela Alemanha, e o Barbey, pela França.

Figura 7: Viscosímetro de orifício (funil Marsh)

11
A concepção original, ainda segundo Machado (2002), desses viscosímetros se
fundamenta na lei de Hangen-Poiseuille, que estabelece que o tempo de fluxo de um volume
fixo de fluido através de um capilar é proporcional à viscosidade do fluido.
A viscosidade Marsh mede o tempo (em segundos) que um determinado volume de
fluido leva para passar por um funil, dando uma medida qualitativa da viscosidade do fluido A
medição é chamada de viscosidade de funil e é uma razão entre fluxo e tempo. Geralmente, é
a medida de tempo para o escoamento de um quarto de galão (aproximadamente 946 mL).
Existem também os viscosímetros rotativos, por exemplo, o Fann V. G. Metter mod.
35 A (Figura 8). Segundo Machado (2002) o princípio de funcionamento baseia-se na rotação
de um corpo cilíndrico, cônico ou circular, imerso em um líquido, o qual experimenta uma
força de resistência viscosa, quando se impõe uma velocidade rotacional ao sistema. A grande
vantagem destes viscosímetros é que as medidas podem ser efetuadas de modo contínuo por
longos períodos de tempo, para uma certa condição de tensão e de taxa de cisalhamento.
Portanto, outras medidas poderão ser efetuadas na mesma amostra e no mesmo
instrumento, sob outras condições. A dependência da viscosidade com o tempo, isto é, a
característica tixotrópica ou reopética, pode ser estudada nos viscosímetros rotativos, atributo
impossível nos viscosímetros tubulares e capilares.

Figura 8: Viscosímetro rotativo (Fann VG Metter modelo 35 A)

Machado (2002) ainda comenta que o viscosímetro Fann VG Metter 35 A está baseado
no projeto original da Socony-Mobil Oil Company, cuja intenção era medir as propriedades
aparente e plástica, e o limite de escoamento dos fluidos de perfuração nos campos de petróleo.
O equipamento, portanto, apesar de ter sido projetado inicialmente para utilização no campo
pode servir para estudos mais apurados em laboratórios de pesquisa e de apoio ao ensino.

12
A determinação imediata das viscosidades aparente, da viscosidade plástica, do limite
de escoamento, ou do índice de consistência e do índice de fluxo, torna-o versátil e rápido para
utilização no campo. A construção de reogramas torna o seu uso possível nos laboratórios.
Pela Figura 9 é possível verificar exemplos de equipamentos utilizados nas medições
das principais propriedades dos fluidos de perfuração.

Figura 9: Kit para determinar a viscosidade de funil Marsh e o pH de fluido de perfuração.


Copo graduado, Fita de papel para determinar o pH, Funil Marsh e Cronômetro

A Figura 10 contém um exemplo da prensa filtro, utilizada para realizar uma filtração
estática a baixa pressão. Essa propriedade mede a perda de fluido (em mililitros) através de um
papel de filtro sob determinada condição de pressão (100 psi) e à temperatura ambiente. É
possível ter uma ideia da quantidade de filtrado do fluido de perfuração que invade uma
formação permeável. Essa invasão ocorre porque, em condições normais de perfuração, o
fluido exerce uma pressão hidrostática superior à pressão da formação, o que provoca a invasão
do fluido. Assim, essa invasão é controlada pela formação de um reboco, formado pelos
aditivos sólidos nele contido.

Figura 10: Filtro Prensa para avaliar as propriedades da torta de filtração

13
2.5.8 MANTENDO A DENSIDADE DO FLUIDO

O fluido de perfuração, normalmente chamado de "lama", tem diversos propósitos na


perfuração de poços com sondas giratórias. Os aditivos nesse fluido ajudam a lubrificar a broca
e a coluna de perfuração, sendo que sua constante circulação no interior do poço leva o material
cortado (cascalhos cortados pela broca) para a superfície. Uma propriedade muito importante
da lama de perfuração é a sua densidade.
O seu peso dentro do poço evita o escape de petróleo e de gás que permanecem sob
uma pressão muito alta no fundo do poço. A densidade do fluido é monitorada com frequência
durante a operação, principalmente em áreas que tenham zonas conhecidas excessivamente
pressurizadas. A massa específica, ou densidade absoluta, é a massa por unidade de volume do
fluido, expressa conforme equação, a seguir:

ρ = m,
v

Onde:
ρ: é a densidade
m: é a massa
v: é o volume

No ramo petrólífero, utiliza-se a balança densimétrica, conhecida como balança de lama


(mud balance) para medir a densidade dos fluidos de perfuração. A balança pressurizada é a
mais utilizada por fornecer as leituras mais elevadas de densidade de fluido, e também é a mais
utilizada quando se tem um fluido cortado por gás ou aerado. Geralmente a unidade mais usual
é lb/gal (ppg). O peso específico do fluido é o peso por unidade de volume. Na sonda de
perfuração, o peso do fluido é comumente chamado de “peso da lama” e é o responsável pela
pressão hidrostática no interior do poço. Para aumentar a densidade de um fluido, usam-se
aditivos como a Baritina ou mineral similar.
O peso da lama na sonda é regularmente verificado pelo profissional chamado
“torrista”. A queda do peso da lama pode trazer como principal problema a queda da pressão
hidrostática no poço, podendo colocá-lo em “kick” (entrada de fluido da formação para o poço
devido à queda da pressão hidrostática da lama). Portanto, o mesmo é verificado em intervalos
regulares, estando, constantemente, sob monitoramento.

14
Figura 11: Medidores de densidade, viscosidade e pH (potencial de hidrogênio)

Do ponto de vista da prática de perfuração, um poço deve estar com um leve


overbalance, ou seja, a pressão hidrostática da lama levemente superior a pressão da formação,
porque durante a perfuração, operações de retirada da coluna conhecida como manobra poderá
gerar uma queda de pressão por arraste do fluido junto às paredes do tubo deslocado; conhecida
como swabbing (pistoneio).

Procedimentos:

1. Recolha uma amostra de lama de perfuração limpa na área das peneiras, depois que os
detritos forem removidos pela peneira vibratória ou sistema condutor, enchendo o
recipiente de uma balança de lama.
2. Coloque o recipiente na balança e ajuste a peça móvel até nivelar. Faça a leitura da
densidade da lama (kg/m3) na escala.
3. Adicione água doce, conforme necessário, para diminuir a densidade da lama através
da diluição. Para aumentá-la, acrescente um material denso, como sulfato de bário em
pó (baritina) ou calcário.

15
2.5.9 ALTERAÇÕES NA DENSIDADE DO FLUIDO DEVIDO AO AUMENTO
DE TEMPERATURA, À DIMINUIÇÃO DE TEMPERATURA E AO
AUMENTO DE PRESSÃO GERADO SOBRE O FLUIDO
• O aumento na temperatura do fluido reduz a sua densidade.
• A diminuição da temperatura do fluido aumenta a sua densidade.
• O aumento de pressão gerado sobre o fluido aumenta a sua densidade.

2.6 DENSIDADE EQUIVALENTE ESTÁTICA


A pressão “P” em uma determinada profundidade “TVD” pode ser expressa em termos
de massa específica equivalente. O seu valor pode ser calculado através da equação abaixo,
onde ρe é a massa específica equivalente expressa em lb/gal e a profundidade vertical (TVD)
expressa em metros. Isso faz com que a densidade equivalente seja maior em profundidades
maiores, ou seja, a densidade equivalente estática de um fluido no fundo de um poço é maior
do que a densidade desse fluido vista na superfície.

ρe = P ÷ 0,1704 ÷ TVD

Logo podemos concluir que a densidade equivalente estática do fluido de perfuração


aumenta de acordo com que a profundidade vertical aumenta, já que, conforme a profundidade
do poço aumenta, a pressão aplicada sobre o fluido vai aumentando, e fazendo com que se
tenha uma diminuição no volume, o que faz com que a densidade do fluido aumente.

2.7 MONITORAMENTO DOS TANQUES EM OPERAÇÕES NORMAIS DE


PERFURAÇÃO

O fluido de perfuração é o elemento vital no controle do poço perfurado. Durante todo


o processo, um sistema incluindo tanques de armazenamento de fluidos de alta capacidade,
bombas de lama de alta vazão, coluna de perfuração e broca, sistemas de limpeza de fluidos
entre outros, atuam em um circuito contínuo na intenção de manter a integridade das formações
geológicas atravessadas, a segurança do pessoal de perfuração e a integridade do meio
ambiente.
Um aumento no volume de lama nos tanques é uma indicação evidente da entrada de
fluido da formação para o poço. É uma indicação positiva que pode ser facilmente verificada

16
e entendida. Se for notado um aumento no volume de lama nos tanques, deve-se fechar o poço
imediatamente e verificar se há pressão.

Os sensores de nível são usados para detectar um nível adequado de lama. O mesmo
pode detectar com precisão o nível do tanque de lama, comunicar essa informação a um CLP
que dispara alarmes e evita situações de nível baixo de tanque de lama. A precisão e a
confiabilidade do sensor de sonda de lama garantem o tempo de operação durante a perfuração.
Portanto, deve estar sempre calibrado.

Segue abaixo alguns fatores que podem afetar os monitoramentos dos tanques de lama:
• Transbordamento de fluido nas peneiras (diminui o nível dos tanques);
• Movimentação de guindaste (atrapalha o monitoramento dos tanques com relação a
perdas e ganhos de volume);
• Condições climáticas (aumenta o nível dos tanques);
• Variação do nível do mar (interfere diretamente no monitoramento dos tanques em
sondas flutuantes);
• Transferência de fluido sem avisar (aumenta o nível dos tanques);
• Fluido à base de óleo e zonas de baixa permeabilidade (gera pequenos ganhos de
volume nos tanques, é mais demorado para perceber um aumento no nível dos tanques);
• Efeito ballooning (gera fluxo e ganho com as bombas desligadas);
• Quando liga o desareador ou o dessiltador sem comunicar ao sondador (diminui o nível
do tanque);

• Quando desliga o desareador ou dessiltador sem comunicar ao sondador (aumenta o


nível do tanque).

17
2.8 TERMINOLOGIAS DE CONTROLE DE POÇO E CARACTERÍSTICAS DA
FORMAÇÃO

2.8.1 ELEMENTOS BÁSICOS DE UM POÇO

Figura 12: Principais Elementos de um poço de petróleo

3 FLUIDOS DE UMA FORMAÇÃO – TIPOS DE INFLUXOS


Uma formação pode conter fluidos como água salgada, óleo, gás ou uma combinação
deles. Se o fluido for gás, este pode ser natural, sulfídrico (H2S), ou carbônico (CO2). Os dois
últimos são tóxicos e requerem equipamentos de segurança de poço e procedimentos
preventivos e de controle específicos. Quando existe gás livre no poço, o seu controle torna-se
mais difícil, devido às propriedades de expansão do gás e à grande diferença entre as massas
específicas do gás e do fluido de perfuração, assim reduzindo consideravelmente a pressão
hidrostática no fundo do poço.
Ao longo de milhões de anos o petróleo, comumente denominado óleo, migra da rocha
geradora em direção à superfície. Quando esse elemento encontra uma rocha impermeável,
essa migração é interrompida e, caso essa estrutura forme uma armadilha, o óleo passa a se
acumular. De acordo com as características da rocha abaixo da armadilha o óleo é acumulado
em maior ou menor volume.
Considerando que o processo de migração é lento, e vem ocorrendo a milhões de anos,
é de se esperar que os fluidos acumulados estejam gravitacionalmente separados de acordo
com suas densidades. O gás natural é acumulado na parte superior, o óleo na parte central e a
água abaixo do óleo, como apresentado na figura abaixo. Nem sempre o reservatório apresenta

18
as três fases bem definidas. Dependendo das características do reservatório, pode-se, por
exemplo, encontrar o gás dissolvido no óleo.

Figura 13: Disposição de fluidos no reservatório

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO GÁS NATURAL

De acordo com o artigo 6º da Lei 9.478, de 06/08/1997, gás natural é todo


hidrocarboneto que permanece em estado gasoso nas condições atmosféricas normais, extraído
diretamente a partir de reservatórios petrolíferos ou gasíferos, incluindo gases úmidos, secos,
residuais e gases raros. Em termos de composição, possui predominantemente teores de
hidrocarbonetos parafínicos, além de componentes não hidrocarbonetos.
Os hidrocarbonetos presentes no gás natural em maiores quantidades são: metano (C1),
etano (C2), propano (C3) e butano (C4). Comumente, a corrente de componentes de
hidrocarbonetos entre pentano (C5) e dodecano (C12), encontrados em menores quantidades,
é chamada de C5+. Já os principais componentes não hidrocarbonetos incluem o nitrogênio
(N2), dióxido de carbono (CO2), água (H2O), gás sulfídrico (H2S) e compostos de enxofre.
A riqueza do gás natural é o conjunto de componentes mais pesados que o etano, isto
é, a fração C3+ (mistura contendo propano e outros hidrocarbonetos mais pesados), que pode
ser transformada em produtos de elevado valor comercial. Quanto maior for a proporção destes
componentes, maior será o poder calorífico da mistura e, consequentemente, mais rico será
considerado o gás natural bruto. Considera-se como gás rico o gás natural com teores de
hidrocarbonetos pesados superiores a 8%, sendo considerado pobre quando menores que 6% e
mediano quando entre 6 e 8% (Almeida, 2013). Para fins de comparação, é apresentada na
figura abaixo a riqueza média do gás natural proveniente de três tipos de campos produtores:

19
gás associado ou não ao petróleo, em ambientes exploratórios de Terra, Mar Pós-Sal ou Mar
Pré-Sal.

Gráfico 1: Gás associado e não associado

3.1.1 GÁS ASSOCIADO E NÃO ASSOCIADO


Conforme mencionado anteriormente, além da classificação por teor de riqueza, o gás
natural pode ser caracterizado como Gás Associado (GA) ou Gás Não Associado (GNA). O
GA é aquele que se encontra em solução no óleo presente no reservatório. Com a produção de
óleo e a consequente variação na pressão à medida que o fluido se eleva, a solubilidade do gás
é reduzida, sendo o mesmo liberado em condições de superfície. É também Gás Associado
aquele existente em uma capa de gás original ou secundária (criada por conta da
despressurização com a produção de óleo) do reservatório. Nesse caso denomina-se Gás Livre
Associado.
O GNA é aquele presente em reservatórios de gás, e que, portanto, só é produzido se
puder ser comercializado. Em alguns casos o reservatório de GNA é de Gás Condensado, que,
em condições de subsuperfície, possui frações ricas (hidrocarbonetos mais pesados)
vaporizadas no gás e líquidas em condições de superfície. Tais frações são denominadas
“condensado”. A depender das pressões durante a produção, uma parte do condensado
vaporizado no gás pode se liquefazer e depositar no reservatório, sendo a parcela restante
produzida junto com o gás.

3.2 CORTE DE LAMA POR GÁS


A incorporação de fluidos da formação no fluido de perfuração é conhecida com o nome
de corte da lama. O corte de lama por gás é o que de longe causa mais problemas à segurança
do poço, pois o gás se expande quando trazido para a superfície, causando uma diminuição na

20
massa específica da lama e um consequente decréscimo da pressão no poço que pode ser
suficiente para gerar um kick.
Pequenas quantidades de gás no fluido de perfuração que retornam à superfície são
registradas pelos detectores de gás. A quantidade de gás registrada por estes instrumentos é
expressa termos de Unidades de Gás Total (UGT) que é uma medida arbitrária e não
padronizada entre os vários fabricantes de detectores de gás. Para algumas companhias 50 UGT
representa 1% de gás na lama, para outras 30 UGT representa 1% de gás na lama que
corresponde a uma concentração equivalente a 10.000 ppm. Quando quantidades maiores de
gás estão presentes no fluido de perfuração, o corte se manifesta por uma redução da massa
específica do fluido na superfície quando medida com uma balança densimétrica não
pressurizada.
Embora a massa específica do fluido de perfuração muitas vezes esteja bastante
reduzida na superfície, a pressão hidrostática no poço não decresce significativamente, pois a
maior expansão do gás ocorre próximo à superfície. Assim, na maioria dos casos, o corte do
fluido de perfuração por gás não provoca a ocorrência de um kick. Entretanto, é importante
que o gás já incorporado ao fluido de perfuração seja removido na superfície pelo uso de
desgaseificadores e que a causa da contaminação seja identificada e eliminada. Existem várias
maneiras nas quais o gás se incorpora à lama. As mais comuns designam o tipo de
contaminação, tais como:
• Gás de fundo ou background: é o gás na lama oriundo das formações pouco permeáveis.
A leitura do detector de gás permanece constante ao longo da perfuração. Variações
para mais nesta leitura devem ser investigadas;
• Gás de manobra: é o gás que aparece na superfície após tempo necessário à circulação
do espaço anular (bottom’s up) após uma manobra. Pode indicar que houve pistoneio e
um ajuste na margem de segurança de manobra é recomendável;
• Gás de conexão: é o gás que aparece na superfície após a circulação de um bottom’s up
após uma conexão. Ele é gerado pela redução da pressão no fundo do poço (BHP)
devido cessação das perdas de carga por fricção no espaço anular quando a bomba de
lama é desligada para a conexão, associado ao efeito do pistoneio devido ao movimento
de subida da coluna para a conexão. Recomenda-se um ajuste na margem de segurança
de manobra, aumentando o peso específico do fluido de perfuração;
• Gás dos cascalhos perfurados: gás proveniente de formação com alta porosidade e
portadora de gás quando está sendo perfurada. O gás contido nos poros dos cascalhos
desta formação se libera dos mesmos e se expande quando trazido à superfície,

21
causando um decréscimo de pressão no poço que pode ser suficiente para gerar um
kick. Quando esta condição existe, deve-se tomar uma ou algumas das seguintes ações:
▪ Redução da taxa de penetração;
▪ Aumento da vazão de bombeio;
▪ Parada da perfuração e circulação de um bottom’s up em intervalos de tempo
regulares.

3.3 CORTE DA LAMA POR ÁGUA OU ÓLEO


A contaminação da lama por esses fluidos também causará uma redução no seu peso
específico o que poderá levar a um influxo se formações permeáveis forem atingidas. Assim
sua detecção na superfície se torna muito importante. Fluido de perfuração cortado por gás e/ou
óleo. Um corte de gás e/ou óleo pode indicar que um kick está ocorrendo. Neste caso, a vazão
do fluido invasor para o interior do poço é pequena e ele está sendo disperso no fluido de
perfuração em circulação.
Corte de gás causado pelos cascalhos cortados pela broca pode também indicar que a
ocorrência de um influxo é iminente. Alterações na salinidade da lama e consequentes
variações nas propriedades reológicas podem indicar contaminação do fluido de perfuração
por água da formação com pressão anormalmente alta. Corte de água salgada e alterações na
salinidade da lama podem indicar kick de água das formações.

3.4 COMPORTAMENTO DO GÁS NO FLUIDO (REDUÇÃO DA PRESSÃO


HIDROSTÁTICA)

Quando o fluido de perfuração é contaminado por um fluido da formação ocorre corte


da lama, causando a diminuição de sua massa específica. Essa redução também pode provocar
um kick. A contaminação pode ser por óleo, água ou gás provenientes da formação perfurada.
A situação mais crítica ocorre quando o corte é feito por gás. Mesmo em menores
proporções, a redução na massa específica do fluido de perfuração devido ao corte por água e
óleo também é importante e deve ser detectada para garantir a segurança da perfuração. A
redução da pressão hidrostática vai depender da quantidade de fluido de contaminação. Quanto
mais fluido invasor, maior é a probabilidade de ocorrência de um kick.

A redução da pressão a uma determinada profundidade pode ser estimada pela seguinte
equação:

ΔP = 34,5 x (ρm/ρmc – 1) x log Ph/15

22
Onde ΔP é o decréscimo da pressão devido ao corte por gás em psi, ρ m é a massa
específica da lama original em lb/gal, ρmc é a massa específica da lama cortada em lb/gal, Ph é
a pressão hidrostática da lama não cortada na profundidade da zona portadora de gás em psi.

Figura 14: Lama limpa e lama cortada por gás

É importante que se faça uma verificação da redução da pressão no fundo do poço para
cada ocorrência de corte de lama por gás, e a melhor verificação após a identificação da lama
cortada por gás é a realização de um flowcheck. Caso o flowcheck dê resultado positivo (está
fluindo com a bomba desligada) deve-se fechar o poço imediatamente.

3.5 GÁS DE CONEXÃO


O gás de conexão ocorre no momento em que uma conexão é feita, porém somente é
observado depois que um Bottom’s UP é feito após a conexão. A melhor medida a ser tomada
quando o gás de conexão ocorre é o adensamento do fluido, porém quando isso não é possível,
pode-se fazer um controle da taxa de penetração para reduzir os eventos de gás de conexão,
conforme mostrado no exemplo abaixo:
Exemplo:
• Um poço está sendo perfurado com uma taxa de penetração (ROP) = 30 m/h
• Uma seção de tubos mede = 30 m
• Tempo de circulação de um bottom’s UP: 3 horas

Nesse tempo de circulação apresentado acima realizaremos 3 conexões, pois estamos


com uma taxa de perfuração igual ao comprimento de uma seção de tubos e isso implicará em
uma conexão a cada 1 hora.

Controlando (reduzindo) a taxa de perfuração (ROP) para 10 m/h:


Neste caso, o tempo de circulação e o comprimento da seção de tubos se manterão os
mesmos, e com isso em 3 horas realizaremos apenas uma conexão (1h = 10 metros perfurados;
2h = 20 metros perfurados; 3h = 30 metros perfurados;) reduzindo assim o volume e os eventos
de gás no poço.
23
3.6 KICK
Kick é o influxo indesejável de fluidos da formação para o interior do poço, ao vencer
a primeira barreira de segurança (pressão hidrostática gerada pelo fluido de perfuração).

3.6.1 CONDIÇÕES ESSENCIAIS PARA OCORRÊNCIA DE KICK

a) Presença de uma formação porosa e permeável.

Figura 15: Rocha porosa

b) Underbalance.

3.7 BLOWOUT
Blowout é o fluxo totalmente descontrolado de fluidos da formação para o interior do
poço e do poço para a superfície, ao vencer a primeira e a segunda barreira de segurança (BOP
e equipamentos de superfície). Um kick deve ser detectado o mais prontamente possível e o
fluido invasor deve ser removido do poço. Se a equipe da sonda falhar na detecção ou na
remoção do kick, o fluxo de fluidos da formação pode se tornar sem controle, gerando uma
situação de blowout.
Os blowouts podem trazer perdas de vidas humanas, reservas e equipamentos, prejuízo
à imagem da companhia operadora e danos ao meio ambiente. Embora os kicks e blowouts
sejam mais comuns na fase de perfuração do poço, eles podem ocorrer durante qualquer
operação realizada no poço durante a sua vida produtiva.

24
3.8 POROSIDADE E PERMEABILIDADE
A porosidade e a permeabilidade são propriedades do máximo interesse, sob o ponto
de vista prático, principalmente quando se pretende explorar um fluido que preenche os
espaços intersticiais de uma rocha. Denomina-se por porosidade a relação entre o volume de
espaços ocos de uma rocha e o volume total da mesma. Estes espaços podem estar preenchidos
por gases, água ou petróleo. A porosidade é quem dita o volume máximo de fluidos que uma
rocha é capaz de armazenar.

Figura 16

A – Formação pouco porosa, com


permeabilidade.

B – Formação com boa permeabilidade


e porosidade.

C – Formação pouco porosa e pouco


permeável.

D – Formação porosa, porém pouca


permeabilidade.

O valor da porosidade expressa-se em percentagem. Assim uma rocha com uma


porosidade de 25% significa que, num volume qualquer da rocha, uma quarta parte (25%)
corresponde a espaços que podem ser ocupados por fluidos. É considerada como tendo uma
porosidade ótima, uma rocha como, por exemplo, um arenito com 20 a 25% de espaços vazios.
A permeabilidade é a medida da capacidade de circulação de um fluido através de uma
rocha, sem alterar a sua estrutura interna. Todas as rochas permeáveis podem ser porosas, mas
nem todas as rochas porosas são permeáveis, em virtude de os poros não comunicarem entre si
ou de serem de tamanho tão pequeno que não permitam a passagem do fluido. Por exemplo, o
calcário deixa de ser impermeável à água, à medida que são maiores e mais numerosos os seus
poros. A permeabilidade de uma formação pode influenciar positivamente ou negativamente
na detecção de um kick por parte do sondador.

Seguem abaixo as influências da permeabilidade na detecção de um kick:

• Kicks ocorrerão mais rápido em rochas com alta permeabilidade e com um grande
diferencial de pressão (exemplo: Pressão da formação = 5500 psi e Pressão hidrostática
= 5100 psi).

25
• Zonas de baixa permeabilidade e fluidos de perfuração base óleo podem atrapalhar o
sondador identificar um kick, devido ao gás entrar em solução no fluido a base de óleo
fazendo com que o ganho de volume nos tanques possa ser menor do que o volume de
kick que entrou no poço, isso resultado da solubilidade do gás no fluido.

Figura 17: Comparação das permeabilidades

3.9 PRESSÃO DE UMA FORMAÇÃO


A superposição das camadas geológicas gera pressões sobre os fluidos contidos em seus
espaços não sólidos (poros da formação), que quanto mais profundas são geralmente mais
elevadas. Tais pressões podem também ser caracterizadas por seus gradientes. A fórmula para
calcular a pressão da formação é:
Pf = ρporos x 0,1704 x TVD
Considera-se normal a pressão da formação cuja densidade de poros se situe entre as
densidades da água doce e da água salgada. Quando a densidade de poros da formação é menor
do que a da água doce esta é chamada de pressão anormalmente baixa; quando a densidade de
poros da formação é maior do que a da água salgada esta é dita de pressão anormalmente alta,
ou seja:
• A Pressão de formação é normal quando a densidade de poros estiver entre: 8,3 lb/gal
(água doce) e 8,9 lb/gal (água salgada da formação);
• A Pressão de formação é anormalmente baixa quando a densidade de poros estiver
abaixo de: 8,3 lb/gal (água doce);
• A Pressão de formação é anormalmente alta quando a densidade de poros estiver maior
que: 8,9 lb/gal (água salgada da formação);

26
Figura 18: Pressão de formação anormalmente alta
Isso ocorre em decorrência de falhas geológicas, de fluido aprisionado em folhelhos
(rocha com baixíssima ou nenhuma permeabilidade), de domos salinos, e da possível
comunicação de poços injetores com reservatórios que estejam sendo perfurados.

Figura 19: Falha geológica

27
3.9.1 FALHAS GEOLÓGICAS
A pressão da formação normalmente aumenta com a profundidade. Porém, se rochas
rasas se encontrarem deslocadas em relação a outras rochas originais mais profundas, elas
podem apresentar pressões mais altas do que as normais.
A passagem por uma falha durante a perfuração pode acarretar num rápido aumento de
pressão da formação, gerando altas pressões em um curto espaço de tempo. Quando há domos
salinos próximos a área de perfuração, regiões de altas pressões podem ser encontradas em
falhas localizadas ao redor dos mesmos.

3.9.2 CAMADAS ESPESSAS DE FOLHELHOS (LÍQUIDO APRISIONADO


EM FOLHELHOS)
As camadas espessas de folhelhos podem conter no seu interior, zonas de transição e
de alta pressão, por serem impermeáveis, restringem o movimento da água durante o processo
de compactação. Como os sedimentos são depositados inicialmente na superfície e com o
tempo, passam a regiões mais profundas, maiores pressões são exercidas sobre as mesmas, a
partir dos sedimentos que serão depositados acima. A água, o gás e o óleo trapeados dentro dos
folhelhos não podem escapar rapidamente, desenvolvendo-se assim regiões de altas pressões.
O topo do folhelho pressurizado é muitas vezes coberto por uma camada mais dura de
rocha. Quando tal camada de rocha é perfurada, tem-se um aumento de pressão e como
consequência um aumento da taxa de penetração, mudanças de torque e rotação também
ocorrerão. Assim como a presença de cascalhos mais alongados (aumento do tamanho dos
cascalhos) chegando na superfície, redução na densidade dos cascalhos também podem indicar
que se perfurou uma zona de alta pressão.

Figura 20: Fluido aprisionado em folhelho

28
3.9.3 FORMAÇÕES ESPESSAS DE SAL (DOMOS SALINOS)
Altas pressões são sempre encontradas dentro e abaixo de espessas camadas de sal, pois
tais camadas são plásticas e transmitem todo peso litostático para as camadas subjacentes.

Figura 21: Domo Salino

3.9.4 ARENITOS INTERCOMUNICÁVEIS


Altas pressões da formação podem ser produzidas por erupções prévias subterrâneas.
Arenitos superiores podem tornar-se altamente pressurizados como resultados de um blowout
ou de um poço mal abandonado, por exemplo.
No caso de um poço abandonado, o poço pode ter sido fechado com êxito, porém a
pressão da zona inferior se transmite para o arenito ou reservatório superior. Quando um novo
poço for perfurado, a equipe de perfuração, provavelmente desavisada, poderá encontrar
arenitos rasos portadores de altas pressões.

Pressão Normal
Pressão Anormal

Figura 22: Arenitos intercomunicáveis

29
4 MARGEM DE SEGURANÇA DE RISER (MSR)

As sondas flutuantes que operam em águas ultra profundas são mantidas na posição de
perfuração por um sistema conhecido pelo nome de posicionamento dinâmico. A sonda é
conservada no local de operação por propulsão própria não utilizando assim um sistema de
âncoras. Se por algum motivo esse sistema não conseguir manter a sonda na posição
verticalmente acima do poço, o riser tem que ser desconectado hidraulicamente da cabeça do
poço para evitar danos a esse conjunto de equipamentos. Se no momento da desconexão do
riser existir uma coluna de perfuração no poço, ela será cortada por um elemento do BOP
chamado de gaveta cisalhante.
No caso de uma desconexão do riser acidental, há um problema que deve ser
considerado, a pressão hidrostática no poço. Quando essa desconexão de ocorre, a pressão no
poço é reduzida devido à perda parcial de pressão hidrostática no poço devido à remoção do
riser. Ou seja, a pressão hidrostática do fluido de perfuração no interior do riser é substituída
pela pressão hidrostática da água do mar. Essa redução de pressão pode ser suficiente para
gerar um kick no poço.

Figura 23: Cenário do poço em casos de desconexão acidental do riser

Para que isto não se verifique, ao peso do fluido de perfuração deve ser adicionada uma
margem de segurança conhecida com o nome de Margem de Segurança do Riser (MSR) para
compensar essa perda de pressão hidrostática no interior do poço. Quando a lâmina de água
aumenta, o valor dessa margem de segurança também aumenta resultando numa elevação do

30
peso do fluido de perfuração a ser utilizado. Quando esse valor se torna incompatível com as
pressões de fratura existentes, essa margem não pode ser utilizada no valor calculado para
prevenir um kick num evento de desconexão acidental do riser.
Se a pressão de fratura da formação permitir uma densidade mais alta de fluido no poço,
esta densidade deve ser aumentada, de forma a prevenir essa perda de hidrostática no caso de
uma desconexão do riser, a este adicional de densidade dá-se o nome de Margem de Segurança
de Riser (MSR). A densidade de fluido com a margem de segurança de riser pode ser obtida
através da fórmula abaixo:

MSR = [(PH riser – PH água do mar) ÷ 0,1704 ÷ (TVD – Lâmina d’água – Air gap)] + ρfluido

5 PREVENÇÃO DE KICKS DURANTE OPERAÇÕES DE PERFURAÇÃO,


DESCIDA DE REVESTIMENTO E CIMENTAÇÃO

5.1 OPERAÇÕES DE MANOBRA

Durante as operações de manobra, o poço precisa ser abastecido com o mesmo volume
que está sendo removido (volume calculado) para evitar que um kick ocorra.

5.1.1 TAMPÃO DE MANOBRA

O tampão de manobra é um fluido mais denso que é bombeado para o interior da coluna
de perfuração para realizar uma operação de manobra de retirada de coluna seca (manobra sem
banho). Esse tampão tem como objetivo reduzir o nível de fluido no interior da coluna de
perfuração deixando alguns metros do tubo vazio, porém sem perder a hidrostática que já
existia na tubulação.
O tampão será deslocado para o interior da coluna usando o fluido de perfuração, para
posicionar corretamente o tampão no interior da coluna é preciso levar em consideração o
volume das linhas de superfície. Para calcular esse volume para posicionar o tampão,
precisaremos conhecer o ID das linhas de superfície e seu comprimento.
Uma vez que o tampão foi bombeado para o interior da coluna de perfuração o mesmo
volume bombeado será recebido no tanque ativo, imediatamente após esse bombeio o retorno
do poço deverá ser direcionado para tanque de manobra (trip tank), pois retornará um volume
a mais de fluido que decorrente da estabilização do tubo em U. Esse volume a mais que retorna
depois do deslocamento do tampão é usado para calcular a redução de nível na coluna e com
isso saberemos qual é a posição do tampão na tubulação.

31
Figura 24: Momento que o tampão foi deslocado para o interior da coluna

Após a estabilização do tubo em U, o tampão se localiza na posição adequada, logo a BHP


estará constante, observamos na figura abaixo:

Figura 25: Momento da estabilização do tubo em U

A ausência de fluxo, antes de iniciar a manobra, é indicativo de que o poço está


estaticamente balanceado, ou seja, o tampão chegou na posição adequada. Sob outro aspecto.
Durante o início da retirada da coluna, poderá não se ter fluxo nenhum, mas um kick já pode
ter ocorrido. O controle rigoroso do volume de abastecimento constatará a existência do

32
mesmo. As providências imediatas devem ser tomadas, independentes da presença de fluxo. A
grande vantagem disto é que se pode controlar o kick enquanto o ganho ainda é pequeno.

É evidente que se os procedimentos corretos não forem adotados, o fluxo surgirá e com
o risco de descontrole. O controle do volume de abastecimento, principal indicador, deve ser
feito através de um tanque de manobra e do preenchimento da planilha de manobra (trip sheet).
Quando se precisa determinar a existência de alguma anormalidade, faz-se um flowcheck.

Flowcheck: é a verificação se poço está fluindo com as bombas desligadas.

5.1.2 USANDO O TRIP TANK PARA CONDUZIR UM FLOWCHECK

Quando há baixa vazão de influxo seja por causa de baixa permeabilidade da formação
ou baixo diferencial de pressão hidrostática com a pressão da formação, torna-se difícil a
detecção do influxo. Para ter uma melhor afirmação é preferível fazer um alinhamento com o
tanque de manobra, trip tanque. Com uma vazão de retorno baixa alinhada ao tanque de
manobra, trip tanque, pode-se perceber que há um influxo no poço pela variação de volume no
mesmo.

Figura 26: Ilustração de um flowcheck

5.1.3 CÁLCULO DO ABASTECIMENTO NAS MANOBRAS SECAS

Neste caso o deslocamento é apenas o do aço retirado, visto que a lama no interior da
coluna escoa para dentro do poço. Deve-se estar atento para qualquer diferença entre o volume
calculado e o realmente cedido ao poço. Com isto se determina qualquer anormalidade.

Calculando o volume (deslocamento) de aço:

Vol = deslocamento (bbl/m) x Comprimento das seções (m)


33
Figura 27: Manobrando coluna seca

5.1.4 PROCEDIMENTOS PARA MANTER O POÇO ABASTECIDO


CORRETAMENTE
a) Usando a bomba da sonda

Este não é um método de abastecimento confiável, visto que, por falha humana, pode-
se deixar de ligar a bomba nas ocasiões necessárias, além disso, este meio de abastecimento
dificilmente fornece um controle quantitativo do abastecimento e sim qualitativo. Isto resulta
em se adiar a detecção de um kick.

b) Usando o tanque de manobra de abastecimento não contínuo

O uso deste tipo de tanque de manobra para abastecer o poço, após a retirada de
determinada quantidade de seções, permite um controle quantitativo do abastecimento, porém
é muito trabalhoso e pode resultar também em esquecimento. Este tipo de tanque de manobra
está em desuso.

c) Usando um tanque de manobra de enchimento contínuo.

Este é o meio correto e eficiente de abastecimento. Uma bomba, succionando do tanque


de manobra, permanece ligada durante a retirada da coluna. O poço é abastecido e o volume
cedido ao mesmo é controlado pelo sondador e pela equipe mud logging, através de uma trip
sheet.

34
Grupo de Volume Inicial Medido Calculado Diferença Diferença
Seção de do Trip Tank Abastecimento Abastecimento (bbl) Acumulativa
DP (bbl) do Poço (bbl) do Poço (bbl) (bbl)

1 50 3,7 3,7 0,0 0,0

2 46,3 3,7 3,7 0,0 0,0

3 42,6 3,7 3,7 0,0 0,0

4 38,9 3,7 3,7 0,0 0,0

Figura 28: Ilustração de uma trip sheet

Caso essas planilhas de manobra (trip sheets) não sejam mantidas atualizadas não
poderemos detectar os eventos de pistoneio, pois uma vez acompanhando o volume deslocado
e volume calculado que poderemos perceber se tem ou não anormalidades durante a operação
de manobra que seriam causados por possíveis pistoneios ou até mesmo se o abastecimento do
poço está sendo feito da maneira correta.

5.1.5 MÉTODOS PARA MEDIR E REGISTRAR VOLUMES DE


ABASTECIMENTO

Se o abastecimento é feito pela bomba, o método é controlar a quantidade de strokes,


para um volume determinado de enchimento do poço. Caso esteja se utilizando o tanque de
manobra, o controle deste volume pode também ser feito por um medidor eletrônico, além de
poder ser por escala como já mencionado. Para um melhor controle deve haver um registro do
volume de abastecimento.

5.1.6 CÁLCULO DO ABASTECIMENTO NAS MANOBRAS MOLHADAS

Quando ocorre um entupimento na coluna ou o tampão de manobra não funciona, na


retirada a coluna vem cheia. Neste caso a manobra é incômoda e de maior risco de acidente.
Para evitar que os plataformistas sejam atingidos pelo fluxo do fluido de perfuração do interior
da coluna, costuma-se utilizar o baú. Caso haja aproveitamento deste retorno, o volume do
sistema não altera. Não retornando, poderá ser necessário repor o volume perdido.
O abastecimento deve ser recalculado, levando-se em consideração que o deslocamento
é total, isto é, o volume do interior da coluna somado ao deslocamento do aço. Porém quando
a descarga do mud-bucket retorna para o trip tank, o volume abastecido poderá mostrar um
35
resultado igual ao de uma manobra de coluna seca, pois o fluido que vem no interior da coluna
estará sendo devolvido para o trip tank.

Figura 29: Manobrando coluna cheia

6 OPERAÇÕES DE DESCIDA DE REVESTIMENTO E CIMENTAÇÃO

6.1 DESCIDA DO REVESTIMENTO

Tão importante quanto perfurar um poço é saber revesti-lo. Os revestimentos, longas


colunas de tubulação, cumprem a importante função de proteger as seções de poços já
perfurados. De um modo geral e de maneira bem simplificada, as operações que ocorrem dentro
de um poço são: perfurar, condicionar o poço, perfilar, condicionar o poço, descer os
revestimentos, cimentar os revestimentos, descer coluna de perfuração e perfurar avante.
As profundidades de assentamentos das colunas de revestimentos são baseadas em
critérios que variam de companhia. Porém, certamente esses critérios incluem seguranças e
custos. Os diâmetros de revestimentos e os diâmetros mais comuns assim como os diâmetros
das brocas usadas para perfurar os poços que irão acomodar esses revestimentos são:

• 30 Polegadas (Broca de 36 polegadas ou muitas vezes jateados);


• 20 Polegadas (Broca de 26 polegadas);
• 13 3/8 Polegadas (Broca de 17 1/2 polegadas);
• 9 5/8 Polegadas (Broca 12 1/4 polegadas);
• 7 Polegadas (Broca 8 1/2 polegadas).

36
Finalmente, na ponta de um revestimento existe um equipamento chamado sapata.
Logo, ela é perfurada pela broca que irá passar por dentro do revestimento. Assim, é muito
comum se usar a expressão profundidade de assentamento da sapata como sinônimo de
profundidade de assentamento do revestimento.
Centralizadores são posicionados no revestimento antes da sua descida. Eles favorecem
uma boa instalação do revestimento, porém podem ser um problema quando são utilizados,
pois os centralizadores aumentam as chances de surgimento de pressão (surging) na descida
do revestimento.

6.2 FUNÇÕES DAS COLUNAS DE REVESTIMENTO

• Prevenir o desmoronamento das paredes do poço;


• Evitar a contaminação da água potável dos lençóis freáticos mais próximos à superfície;
• Permitir o retorno do fluido de perfuração à superfície;
• Prover meios de controle de pressões dos fluidos, permitindo aplicação de pressão
adicional desde a superfície;
• Permitir a adoção de sistema de fluido de perfuração diferente, mais compatível com
as formações a serem perfuradas adiante;
• Impedir a migração de fluidos das formações;
• Sustentar os equipamentos de segurança de cabeça de poço;
• Sustentar outra coluna de revestimento;
• Alojar os equipamentos de elevação artificial;
• Confinar a produção ao interior do poço.

6.3 CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DAS COLUNAS DE REVESTIMENTO

• Ser estanque;
• Ter resistência compatível com as solicitações;
• Ter dimensões compatíveis com as atividades futuras;
• Ser resistente à corrosão e à abrasão;
• Apresentar facilidade de conexão;
• Ter a menor espessura possível.

37
6.4 CLASSIFICAÇÃO DAS COLUNAS DE REVESTIMENTO

• Condutor;
• Revestimento de superfície;
• Revestimento de intermediário;
• Revestimento de produção;
• Liner;
• Tie Back

Figura 30: Classificação das colunas de revestimento

O revestimento condutor serve como um apoio durante as operações de perfuração,


para permitir o retorno de fluxos (como dos fluidos de perfuração) durante a perfuração e
cimentação do revestimento de superfície, e para evitar o colapso do solo solto perto da
superfície. Ele pode normalmente variar de tamanho, como 18" a 30" (polegadas,
aproximadamente, de 46 a 76 cm).
A finalidade do revestimento de superfície é isolar as zonas de água doce, de modo que
elas não sejam contaminadas durante a perfuração e a completação. O revestimento de
superfície é o mais estritamente regulado devido a estas preocupações ambientais, o que pode
incluir a regulação da profundidade do revestimento e a qualidade do cimento. Um diâmetro
típico de revestimento de superfície é 13⅜ polegadas (aproximadamente 34 cm).
O revestimento intermediário pode ser necessário em intervalos mais longos, quando
necessário peso de lama de perfuração para evitar rupturas (blowouts) que podem causar
uma pressão hidrostática que pode fraturar formações superficiais ou profundas.
A fim de reduzir o custo, um revestimento liner* pode ser utilizado, o qual se estende
um pouco acima da sapata (em baixo) do intervalo anterior de revestimento e pendurado ao
longo da perfuração, em vez de na superfície. Ele pode ter tipicamente 7 polegadas

38
(aproximadamente 18 cm), embora muitos liners coincidam com o diâmetro da tubulação de
produção.
A tubulação de produção é, por conseguinte, instalada no interior da última coluna de
revestimento e a tubulação de coroa circular é normalmente fechada na parte inferior do tubo
por um packer. A tubulação é mais fácil de remover para manutenção, substituição ou para
diversos tipos de operações (workover). É significativamente mais leve que o revestimento e
não necessita de um equipamento de perfuração para ser executada dentro e fora da perfuração;
"sondas de serviço" menores são utilizadas para esta finalidade.
O tie back é a complementação de uma coluna de liner até a superfície, quando as
limitações técnicas ou operacionais exigirem a proteção do revestimento anterior. Diâmetros
típicos 9-5/8’’, 7’’ e 5-1/2’’.

*No contexto de revestimento, um liner é uma sequência parcial de tubo que não retorna à
superfície, podendo ou não ser cimentado.

6.5 CIMENTAÇÃO

Após a descida da coluna de revestimento, geralmente o espaço anular entre a tubulação


de revestimento e as paredes do poço é preenchido com cimento, de modo a fixar a tubulação
e evitar que haja migração de fluidos entre as diversas zonas permeáveis atravessadas pelo
poço, por detrás do revestimento.
A cimentação do espaço anular é realizada, basicamente, mediante o bombeio de pasta
de cimento e um colchão lavador, que é deslocada através da própria tubulação de
revestimento. Após o endurecimento da pasta, o cimento deve ficar fortemente aderido à
superfície externa do revestimento e à parede do poço, nos intervalos previamente definidos. É
importante, no mínimo, circular um bottoms-up antes de começar o trabalho de cimentação em
um poço desviado, para garantir uma boa limpeza da coluna de fluido no anular do poço.

6.5.1 PROGRAMA DE CIMENTAÇÃO E REVESTIMENTO

Um bom programa de cimentação e colocação do revestimento é fundamental para


proteger a qualidade da água subterrânea e promover o controle de poço. Do ponto de vista do
operador, também é essencial para o futuro potencial de produção do poço. A cimentação no
espaço anular ao redor do revestimento restringe o movimento de fluidos entre formações,
assim como, entre formações e superfície. Em termos de proteção de águas subterrâneas, uma
cimentação adequada ajudar a prevenir sua contaminação.
Durante a descida de um revestimento podem ocorrer cenários de kicks, devido a
possíveis pistoneios (swabbing e surging) caso o revestimento esteja acunhado na mesa rotativa
39
e o heave (movimentos verticais da sonda de perfuração) esteja muito alto. Outra possibilidade
de gerar kicks nas decidas de revestimentos é se a float valve do revestimento falhar e se abrir
permitindo a entrada dos fluidos do anular para o interior do revestimento devido ao efeito de
tubo em U, e assim reduzindo a hidrostática do poço e podendo causar um kick, ou até mesmo
permitindo a entrada dos fluidos da formação para o interior do revestimento.
Quando ocorre uma situação de influxo durante a descida de um revestimento para
promover o fechamento do poço primeiramente deverá ser conectada uma cabeça de circulação
no revestimento e depois acionar o fechamento do preventor anular.

6.5.2 CORREÇÃO DA CIMENTAÇÃO PRIMÁRIA (CCR)

Cimentações primárias deficientes podem causar intervenções onerosas. A decisão


quanto a necessidade ou não da correção de cimentação primária é uma tarefa de grande
importância. A correção implica em elevados custos, principalmente no caso de poços
marítimos, onde o custo diário de uma sonda é bastante alto.
O prosseguimento das operações, sem o devido isolamento hidráulico entre as
formações permeáveis, pode resultar em:

• Produção de fluidos indesejáveis devido à proximidade dos contatos óleo/água ou


gás/óleo;
• Testes de avaliação das formações incorretos;
• Prejuízo no controle dos reservatórios (produção, injeção, recuperação secundária);
• Operações de estimulação mal sucedidas, com possibilidade inclusive de perda do
poço.

Uma outra possível falha da cimentação primária, que precisa ser corrigida, se refere a
falta de isolamento do topo do liner. Tais falhas são decorrentes das condições adversas
encontradas para a sua cimentação, como anular pequeno e difícil centralização do liner.
Cuidados adicionais devem ser tomados na interpretação da qualidade da cimentação nos topos
de liner, onde a leitura elevada da amplitude do CBL pode ser decorrente justamente da boa
qualidade da cimentação e da presença do revestimento por detrás do liner.

6.5.3 TAMPONAMENTO DE CANHONEADOS (RAO, RGO, ISZ)


A finalidade básica de uma compressão de cimento para o tamponamento de
canhoneados é impedir o fluxo de fluidos através destes canhoneados, entre a formação e o
interior do revestimento ou vice-versa. Os problemas mais comuns que geram intervenções

40
para tamponamento de canhoneados são aqueles relacionados com a excessiva produção de
água ou gás.

Uma razão água-óleo (RAO) elevada apresenta várias desvantagens como perda de
energia do reservatório, dispêndio de energia em elevação artificial e custos com tratamento e
descarte, além de riscos de degradação ao meio ambiente. Uma elevada produção de água pode
ser conseqüência da elevação do contato óleo/água devido ao mecanismo de produção (influxo
de água), ou injeção de água. Isto ode ser agravado pela ocorrência de cones ou fingerings,
falhas na cimentação primária, furo no revestimento ou uma operação de estimulação atingindo
a zona de água.
Se a zona produtora é espessa, pode-se tamponar os canhoneados e recanhonear apenas
na parte superior, o que resolve o problema temporariamente. O aparecimento de água se torna
um problema mais complexo quando há permeabilidade estratificada. A variação de
permeabilidade ao longo da zona, verticalmente, provoca um avanço diferencial da água
conhecido como fingering, cujo efeito pode ser minimizado com a redução de vazão. Quando
uma fratura mal dirigida alcança uma zona de água, tal fato geralmente inviabiliza a produção
desta zona, visto que este contato se localiza dentro da formação e ainda não se dispõe de
metodologia eficiente para correção deste problema.
Uma razão gás-óleo alta pode ter como causa o próprio gás dissolvido no óleo, o gás de
uma capa ou aquele proveniente de uma outra zona ou reservatório adjacente. Esse ultimo caso
pode ser produto de uma falha de cimentação primária, furo no revestimento ou de uma
estimulação mal concretizada.
A produção excessiva de gás, devido a formação de cone, pode ser contornada
temporariamente completando-se o poço apenas na parte inferior. Um cone de gás é mais
facilmente controlado pela redução da vazão do que o de água. Isto se deve a maior diferença
de densidade entre o óleo e o gás. O fechamento do poço, temporariamente, é também uma
técnica recomendada para a retração do cone de gás ou água.

6.5.4 REPARO DE VAZAMENTOS NO REVESTIMENTO


Quando o aumento da RAO ou RGO não é observado através dos canhoneados abertos
para produção, deve-se suspeitar de dano no revestimento. Perfis de produção, ou pistoneio
seletivo, são usados para localizar ponto de dano no revestimento. Vazamentos no revestimento
podem ocorrer devido a corrosão, colapso da formação, fissuras, desgaste ou falhas nas
conexões dos tubos, sendo necessário identificar a natureza do problema, sua localização e
extensão.

41
Basicamente, em se tratando de pontos localizados ou pequenos intervalos de
revestimento danificados, a técnica utilizada é semelhante à empregada em tamponamentos de
pequeno número de canhoneados. No caso de trechos longos, o tratamento é similar ao de
canhoneados extensos.

6.5.5 COMBATE À PERDA DE CIRCULAÇÃO EM ZONAS SEM


INTERESSE
Pastas de cimento podem ser usadas para estancar perdas apenas quando não há
preocupação com o dano de formação, isto é, em zonas que vão ser isoladas definitivamente.

7 CAUSAS DE KICKS

Um kick pode ocorrer a qualquer momento, desde que a pressão dos fluidos da
formação se torne maior do que a pressão hidrostática do interior do poço. Esse cenário de
underbalance pode acontecer por diversas maneiras diferentes, maneiras essas que podemos
chamar de causas de kicks. Seguem abaixo as causas de kicks:

7.1 MÁ CIMENTAÇÃO

7.1.1 REDUÇÃO DA PRESSÃO HIDROSTÁTICA DA PASTA DE CIMENTO


DURANTE A PEGA

Após o deslocamento da pasta de cimento, durante a pega haverá o desenvolvimento


de uma estrutura gel na pasta antes do seu endurecimento. Isto dificulta a transmissão da
pressão hidrostática para o fundo poço. Simultaneamente, haverá uma redução de pasta por
perda de filtrado. Estes dois fenômenos associados poderão gerar uma redução de pressão de
hidrostática capaz de provocar fluxo de gás através do cimento ainda não endurecido. É
importante fazer um teste de pressão após o trabalho de cimentação, pois é um teste para
identificar possíveis vazamentos devido o cimento não criar um isolamento, em decorrência
de uma possível canalização do cimento.

7.1.2 TESTE NEGATIVO

É um teste em uma barreira (cimentação e revestimento) em que a pressão da


formação é maior do que a pressão hidrostática do lado de dentro da barreira, criando assim
um underbalance proposital para ver se o cimento criou ou não isolamento no fundo do poço.
Consiste em trocar a lama por outro fluido mais leve, fechar o BOP deixando somente a linha
de kill aberta para observar o fluxo no sistema. Se houver ingresso de hidrocarboneto no poço,
o fluxo na linha de kill será detectado, verificando que o poço não está íntegro, ou seja, o

42
cimento não criou um bom isolamento. Ao contrário, se não houver fluxo significa que a
cimentação foi adequada, e a próxima operação tem início.

Figura 31: Má cimentação

7.1.3 REDUÇÃO DA PRESSÃO NO FUNDO DO POÇO (BHP) DURANTE O


DESLOCAMENTO DA PASTA

Durante o deslocamento da pasta de cimento, se o colchão lavador que vai à frente da


pasta, tiver densidade menor que o peso da lama do poço, haverá uma redução da BHP quando
o colchão passar pela sapata e for posicionado no anular, podendo colocar o poço em condição
de underbalance. Uma boa prática é monitorar a taxa de fluxo e os níveis dos tanques quando
bombeando e deslocando o cimento para detectar ganhos e perdas.

7.1.4 REDUÇÃO NA PRESSÃO NO FUNDO DO POÇO DEVIDO AO TUBO


EM U

Se um revestimento com um elemento flutuante (non-return float) instalado é descido


vazio num poço, e a uma determinada profundidade o elemento flutuante da sapata falha e a
lama entra no interior do revestimento devido ao efeito tubo em U, ocorrerá uma redução da
pressão hidrostática resultando em diminuição da BHP, podendo resultar em kick. Caso ocorra
kick nessas circunstâncias, antes do BOP ser fechado deverá ser conectada uma cabeça de
circulação no revestimento para impedir que o kick flua pelo interior do revestimento.

43
Se um elemento de auto-preenchimento (autofill-tube type) do revestimento falha no
momento em que fosse se converter em válvula de retenção (check valve) também poderá
permitir que fluidos do anular ou da formação entrem no revestimento possam reduzir a BHP.
Por isso que quando descendo revestimento em poço aberto, o benefício do abastecimento de
rotina é proporcionar suporte hidrostático para os componentes do revestimento, caso o
elemento float abra diminui o risco de redução da hidrostática do poço já que a tendência é
que ela esteja equalizada com a hidrostática dentro do revestimento.
Um colar ou sapata com dispositivo auto-enchimento (self-fill) se estiver entupida será
observado, que o volume de retorno no tanque de manobra durante a descida da coluna
aumentará do volume de deslocamento (volume de aço) da coluna mais o volume interno da
coluna de revestimento.

7.1.5 REDUÇÃO NA PRESSÃO NO FUNDO DO POÇO DEVIDO AOS


PISTONEIOS (SWABBING E SURGING)

Uma redução na BHP poderá ocorrer devido a indução de perda devido ao surgimento
de pressão (surging/pistoneio) na descida do revestimento que resulta em uma diminuição do
nível de fluido de perfuração no poço podendo ocasionar um influxo.

Esse pistoneio pode ocorrer devido:


• Velocidade excessiva de descida;
• Alta força gel do fluido no poço;
• Espaço anular muito estreito.

Outro possível problema em uma operação de descida de revestimento em uma sonda


flutuante poderá ocorrer por condição de mau tempo, logo o movimento da sonda durante as
conexões pode resultar em surgimento de pressão (surging) ou pistoneio.

7.1.6 TESTES DE PRESSÃO REALIZADOS NO TAMPÃO DE CIMENTO

7.1.6.1 TESTE POSITIVO DE PRESSÃO

É um teste numa barreira no qual a pressão aplicada no lado da barreira voltado para a
superfície (topo do tampão) é maior que a aplicada no lado da barreira voltado para a formação
(base do tampão). Caso o tampão esteja com falhas a pressão de bombeio cairá.

44
7.1.6.2 TESTE NEGATIVO DE PRESSÃO

É um teste de uma barreira onde a pressão acima dessa barreira é reduzida para um
valor menor que a pressão abaixo dela. Caso o tampão esteja com falhas a pressão hidrostática
no fundo do poço diminuirá e o poço irá fluir.

7.2 AUMENTO DA PRESSÃO DA FORMAÇÃO (PRESSÃO DE FORMAÇÃO


ANORMALMENTE ALTA)

A pressão da formação pode aumentar em função da geologia da área onde o poço se


localiza. Os poços podem ser perfurados em áreas onde se encontram armadilhas (traps), ou a
presença de óleo e gás. Tais estruturas, bem como processos que propiciam a presença de
hidrocarbonetos, são causadores de altas pressões.
Portanto altas pressões são comuns nos processos de perfuração. O aumento da pressão
da formação pode ocorrer por diferentes condições geológicas: falhas geológicas, presença de
grandes estruturas, camadas espessas de folhelhos, formações espessas de sal, arenitos
intercomunicáveis, etc.

7.3 PISTONEIO NA RETIRADA DA COLUNA (SWABBING)

O que ocasiona o pistoneio na retirada da coluna é:


• Velocidade de manobra excessiva;
• Espaço anular muito estreito;
• Broca encerada;
• Alta viscosidade do fluido (alta força gel).

O pistoneio na retirada da coluna gera no fundo do poço:


• Uma redução momentaneamente a pressão no fundo do poço;
• Influxo (kick) dos fluidos da formação para o interior do poço.

45
Figura 32: Pistoneio na retirada da coluna

O pistoneio ocorre quando a coluna de perfuração vai sendo retirada do poço, a lama
tende a acompanhar a ascensão dos tubos criando uma espécie de arraste de fluido para a
superfície criando assim uma redução na pressão hidrostática no poço. Este efeito constitui-se
no pistoneio hidráulico. O valor estimado do pistoneio hidráulico ΔP (também conhecido como
swab) ou surge pressure que é o efeito de sobrepressão devido a descida da coluna e tem o
mesmo valor do swab, pode ser calculado pela seguinte equação:

(L  LE) (L  VP  V )
P = +
60,96(Dh − Dp) 18287 (Dh − Dp)2

ΔP = pressão de pistoneio (psi);


L = comprimento da tubulação (m);
LE= limite de escoamento (lbf/100ft2);
VP = viscosidade plástica do fluido (cP);
Dh = Φ do poço ou Фint do rev. (in);
Dp = Ф externo da tubulação (in);
V = velocidade manobra (ft/min).

7.4 PISTONEIO NA DESCIDA DA COLUNA (SURGING)

O que ocasiona o pistoneio na descida da coluna é:


• Velocidade de manobra excessiva;
• Fluido com alta força gel;

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• Espaço anular muito estreito.

O Pistoneio gera no fundo do poço:


• Um aumento na pressão no fundo do poço;
• Fraturas na formação;
• Perda de fluido para a formação (perda de circulação).

Figura 33: Efeito surging

Quando a coluna de perfuração está sendo inserida no poço, o espaço anular do poço
muito estreito combinado à uma alta força gel do fluido de perfuração e a alta velocidade de
manobra tende a forçar o fluido de perfuração contra a formação, causando um aumento de
pressão no fundo do poço. Este aumento é chamado de surging pressure. Inserir a coluna muito
rápido no poço, pode levar a uma fratura e perda de circulação. Esta situação é de extrema
importância em poços com uma margem muito pequena entre a pressão de poros e de fratura.

7.5 FALHA NO ABASTECIMENTO DO POÇO COM O VOLUME CALCULADO


EM UMA MANOBRA
Os kicks que ocorrem durante as operações de manobra podem ser consequência da
redução de pressão hidrostática da lama, devido a redução da altura da coluna de fluidos (H),
causada pela falta de abastecimento do poço com o volume de lama correspondente ao volume
que foi retirado.

47
Figura 34: Abastecimento do poço com o uso do trip tank

É fundamental que se tenha um programa de ataque constante ao poço, calculando-se,


para isso, o volume de lama a ser bombeado para suprir o volume de aço a ser retirado. A
redução Δh, em metros, do nível de lama que provoca uma redução Δp, em psi, na pressão do
fundo do poço, pode ser dada pela relação:

𝚫𝐩
𝚫𝐡 = 𝟎,𝟏𝟕𝟎𝟒⋅𝝆 𝐟𝐥𝐮𝐢𝐝𝐨 , onde:

ρ fluido: é a densidade do fluido em lb/gal.


O volume de aço Vaço, em barris, que provoca a queda Δh, em metros, no nível de lama
pode ser calculado por: Vaço = (Crev - Caço). Δh, onde:
Crev = capacidade do revestimento em bbl/m;
Caço = capacidade do tubo em bbl/m.
O comprimento de tubos Lm, em metros, que provoca uma redução de pressão quando
𝐕aço
retirado do poço, é dado por: 𝑳𝒎 =
𝐂𝐚ç𝐨

7.5.1 MARGEM DE SEGURANÇA PARA MANOBRA (MSM)

É o incremento do peso específico dado à lama para equilibrar a formação devido ao


desbalanceio provocado pelo pistoneio hidráulico, relativo ao valor de duas vezes a perda de
carga no anular, calculada em função da velocidade crítica na retirada da coluna, e pode ser
calculada por:

𝟐𝚫𝐏
𝐌𝐒𝐌 = (𝟎,𝟏𝟕𝟎𝟒⋅𝐡), onde:
48
ΔP = pistoneio hidráulico;
h = profundidade do poço.

7.6 REDUÇÃO DA DENSIDADE OU DO NÍVEL DO FLUIDO DE PERFURAÇÃO

7.6.1 REDUÇÃO DA PRESSÃO HIDROSTÁTICA

Sabe-se que a pressão hidrostática de uma coluna de fluido, depende do peso específico
do fluido considerado e da altura da coluna. Portanto quando pelo menos um desses elementos
sofre variação, tem-se variação da pressão hidrostática. Existem alguns casos em que se tem
redução da pressão hidrostática, tais como:

7.6.2 DENSIDADE INSUFICIENTE DE FLUIDO

Caso o fluido tenha a sua densidade reduzida, de alguma forma, por um fluido mais
leve ou por um dos cenários abaixo, um kick poderá ocorrer quando for atingida uma formação
permeável que contenha fluidos. Uma densidade insuficiente resultará em uma redução da
pressão hidrostática no fundo do poço afetando assim o controle primário do poço.

O que pode gerar uma densidade insuficiente do fluido de perfuração:


• Diluição do fluido na superfície;
• Contaminação do fluido de perfuração com os fluidos da formação;
• Processar o fluido por muito tempo na centrífuga;
• Deixar os agitadores dos tanques desligados (causa a decantação da baritina);
• Transferência de fluido de densidade errada para o tanque ativo;
• Aumento de temperatura do fluido.

7.7 PERDA DE CIRCULAÇÃO

7.7.1 PERDA TOTAL DE CIRCULAÇÃO

A perda de circulação total faz com que o nível de lama (h) no poço caia, diminuindo
consequentemente a pressão hidrostática da lama. Quando isto ocorre e o nível de lama no poço
diminui reduzindo rapidamente a pressão hidrostática no poço, já que nessa perda não tem
retorno de fluido para a superfície. Esta condição é verificada normalmente em áreas onde há
reservatórios de calcário fraturado ou permeável, ou em zonas onde tem cavernas gerando
assim uma perda total de circulação.

49
Figura 35: Zonas de perda total de circulação

7.7.2 PERDA PARCIAL DE CIRCULAÇÃO

Parte do fluido de perfuração está sendo perdido para a formação, porém continua-se
tendo fluxo de retorno de fluido para a superfície, entretanto esse fluxo de retorno é menor do
que o que retornava antes. Outro fator que ajuda a identificar é que o nível do tanque estará
diminuindo muito mais do que o volume necessário para preencher o intervalo de poço que foi
perfurado.

7.7.3 TAMPÃO DE COMBATE A PERDA (PILLS OU SLUG)

Um tampão é um pequeno volume de fluido preparado para uma atividade de


remediação específica, como interromper as perdas de circulação ou liberar tubos entupidos.
Um tampão com material de controle de perda cria um tamponamento nas áreas onde o fluido
é perdido. Segue abaixo algumas das funcionalidades dos tampões:
• Vedar vazamentos em revestimentos;
• Parar a perda de circulação;
• Limpeza de cascalhos no poço (tampões de limpeza ou tampão viscoso);
• Cortar o fluxo de água salgada;
• Estabilizar áreas de desmoronamentos das paredes do poço (criar um reboco, tampão
viscoso);
• Melhorar o trabalho de cimentação quando colocado antes do cimento para evitar a
perda de cimento em zonas passíveis de perda de circulação;
• Conter erupções subterrâneas, etc (Tampão Pesado).
50
Ao longo do processo de perfuração de um poço de petróleo, há uma série de problemas
associados à formação e ao processo de perfuração, as perdas de circulação é um deles onde o
fluido de perfuração é perdido através das formações por diferentes fatores. Falamos em perda
de circulação no momento em que o fluido de perfuração invade a formação, fazendo com que
a coluna de fluido diminua, pois a pressão hidrostática exercida pelo fluido diminui, isso pode
causar um influxo (de gás, óleo ou água). Deve-se levar em consideração que geralmente as
formações onde há perdas de circulação são diferentes daquelas que contribuem com os fluidos
para o poço, porém há ocasiões em que ocorrem perdas de fluidos para as formações
produtoras.

Figura 36: Diferentes zonas de perdas de fluido para a formação

Quando há perdas de circulação, elas devem ser controladas no menor tempo possível,
existem certos procedimentos e diferentes mecanismos para o seu controle. Deve-se notar que
nem todas os tratamentos utilizados para as diferentes operações de poço são eficazes, pois
dependerá das características da rocha, sua permeabilidade, porosidade, danos à formação,
entre outros. Para cada tratamento é utilizado um plano de contingência diferente, cada
prestadora de serviço tem sua forma de mitigar perdas.

7.7.4 MATERIAIS DE PERDA DE CIRCULAÇÃO (LCM)

Material de Perda de Circulação (LCM), são componentes sólidos, com os quais os pills
(tampões) são preparados para controle de perda, geralmente os tampões são condicionados
usando o fluido de perfuração da operação, então o material de controle de perda considerado
conveniente é adicionado, levando em consideração o volume de fluido que está sendo perdido.

51
Da formação em que ocorre a perda e do tipo de material de ponte a ser realizado, a quantidade
de material adicionado está diretamente relacionada com a gravidade da perda de circulação.
No entanto, o material de combate a perda de circulação adicionado ao tampão causa
danos à formação, em comparação com o dano causado se o fluido continuar migrando para a
formação, o dano será muito menor. O controle das perdas de forma eficiente dependerá das
ações do engenheiro de fluidos e dos materiais disponíveis no local. Caso ocorra a perda de
circulação na formação produtora, os materiais de perda de circulação devem ter a propriedade
de serem retirados da formação uma vez controlada a perda, é aí que ao controlar um problema
é gerado um novo, já esses materiais aderem à parede do poço e sua remoção é difícil.

7.7.4.1 TIPOS DE MATERIAIS DE PERDA DE CIRCULAÇÃO

Os materiais de perda de circulação geralmente são materiais utilizados nas atividades


agrícolas, podendo ser matérias-primas frequentemente classificadas como resíduos por outras
indústrias, um exemplo é a casca de arroz que é utilizada como material de controle de perdas,
sendo um dos mais utilizados, que é também usado para fertilizar o solo em plantações para
melhorar a retenção de umidade no solo. Embora diferentes empresas os nomeiem de maneiras
diferentes, há uma classificação geral de materiais de perda de circulação:
• Escamado (casca de cedro, talos de cana esmagados, fibra mineral e cabelo)
• Granular (placas de carbonato e plástico ou celofane)
• Fibroso (calcário ou mármore triturado e dimensionado, madeira, cascas de nozes,
fórmica, espigas de milho e cascas de algodão)
• Misto (Mesclado).
• Tampões de reforço.

7.7.4.2 MATERIAIS DE PERDA DE CIRCULAÇÃO ESCAMADOS

Esses tipos de material de perda são conhecidos por serem planos e escamosos, e sua
rigidez pode variar. A classificação neste grupo é um pouco mais complexa do que nos demais
materiais de perda, pois alguns materiais em flocos tendem a ter composição granular ou
fibrosa, mas devido ao fato de os pequenos flocos predominarem, eles entram neste grupo
(cascas de sementes e algodão). Os materiais em flocos comumente usados no controle de
perdas são:
• Flocos de celofane (Folha fina e flexível, como o papel transparente, feita de viscose
solidificada, que é usada principalmente para embrulhar objetos e protegê-los da
umidade);
• Cortiça;
52
• Mica;
• Casca de caroço de algodão.

7.7.4.3 MATERIAIS DE PERDA DE CIRCULAÇÃO GRANULARES

Esses tipos de materiais possuem uma grande variedade de rigidez, tamanho de


partícula e rugosidade. Esses tipos de materiais têm excelentes propriedades de ligação.
Algumas das recomendações que as empresas fazem sobre materiais de perda granular são:
• Controle a quantidade de material espesso para evitar entupimento do equipamento;
• Deve-se evitar a alta rugosidade das partículas;
• A concentração do material deve ser aumentada conforme a taxa de fluxo de fluido
perdido aumenta;
• Evita a formação de grumos na mistura.

Os resíduos granulares comumente usados durante o controle da perda de circulação são:


• Bentonita;
• Casca de noz;
• Carbonato de cálcio;
• Grafite espessa;
• Asfalto;
• Fragmentos de plástico granular;
• Borracha.

Figura 37: Mica Figura 38: Casca de noz

7.7.4.4 MATERIAIS DE PERDA DE CIRCULAÇÃO FIBROSOS

Esses tipos de materiais possuem menor rigidez, e formam uma estrutura emaranhada
na abertura da formação (Figura abaixo) o que os torna materiais amplamente utilizados,
devido à sua rápida ação e estrutura.

53
Figura 39: Material fibroso de controle de perda

Geralmente são provenientes de fibras de algumas plantas e minerais, porém o material


que os compõe é de extrema importância, neste tipo de material de perda de circulação é
avaliado em maior proporção como impacta no tamanho de partícula e, para a selagem da
abertura na rocha. É o maior grupo de materiais de perda de circulação, devido às suas
características de fechamento de fraturas devido ao seu tamanho e distribuição de partículas,
alguns dos materiais mais utilizados são:
• Algodão;
• Couro;
• Fibra mineral;
• Fibra de vidro;
• Bagaço;
• Fibra de madeira;
• Casca de arroz.

Figura 40: Casca de arroz


54
7.7.4.5 MATERIAIS MISTOS (MESCLADOS) DE PERDA DE CIRCULAÇÃO

Esses materiais de controle de perdas são constituídos por uma mistura de materiais
fibrosos, granulares e escamosos, em diferentes proporções, esses tipos de materiais são de
suma importância devido à variedade de tamanhos de partículas, o que torna a distribuição de
tamanhos uma vantagem, por ter uma ampla gama.

7.7.4.6 DESCRIÇÃO DE QUATRO TAMPÕES (SLUGS OU PILLS)


SELECCIONADOS E DO TAMPÃO (SLUG OU PILL) CONVENCIONAL

Um tampão é um pequeno volume de fluido preparado para uma atividade de


remediação específica, como interromper as perdas de circulação ou liberar tubos entupidos.
Um tampão com material de controle de perda cria um tamponamento nas áreas onde o fluido
é perdido.
A seguir, são descritos os quatro tampões de interesse para o projeto, além de um
tampão comumente usado em operações corretivas para controlar a perda de circulação em
áreas produtoras, chamado de convencional, o slug será referenciado como o usado atualmente
e cujo comportamento base, a comparação do rendimento será feita, no que diz respeito aos
quatro tampões selecionados, espera-se que os ditos tampões tenham um comportamento de
vedação superior do que o tampão convencional.
O tampão convencional é selecionado, pois o material que o compõe é frequentemente
utilizado em operações de controle de perda de circulação em áreas produtoras, mas sabe-se
que seu desempenho é baixo, por isso a investigação busca encontrar alguns materiais com os
quais pode ser substituído, para mitigar perdas de forma significativa.

7.7.4.7 DESCRIÇÃO DOS QUATRO TAMPÕES SELECIONADOS

O objetivo principal desta pesquisa é avaliar em nível de laboratório o comportamento


de quatro tampões de material de controle para perda de circulação em reservatórios
naturalmente fraturados e os quatro tampões serão descritos a seguir:
• Tampão de vedação de alta filtração;
• Tampão de fibra solúvel em ácido;
• Tampão de alta tixotropia;
• Tampão para uma mistura de material granular e fibroso;

7.7.4.7.1 TAMPÃO DE VEDAÇÃO DE ALTA FILTRAÇÃO

O tampão de vedação de alta filtração (Figura), é uma mistura de três componentes ou materiais
que são:
55
• Fibra sintética;
• Fibra de celulose;
• Minerais particulados;

Figura 41: Material de vedação de alta infiltração.

O objetivo do tampão de vedação de alta filtração é formar uma camada sintética ou


tampão sintético de alta resistência, que se assemelha a várias camadas de tecido (Figura 10),
na formação onde se verifica a perda de circulação. Este material não é 100% solúvel em ácido
clorídrico (HCl), pois a fibra de celulose não é solúvel em ácido e sua remoção não é possível.
Suas principais propriedades físicas são:
● Aparência física: pó cinza;
● Odor: nenhum odor característico;
● Gravidade específica: 1,98;
O tampão de vedação de alta filtração é uma mistura fornecida como um produto de
saco único para aplicações de reforço de poços e uma ampla gama de cenários de perda de
circulação, incluindo, mas não se limitando a fraturas e permeabilidade da zona de produção.
Este produto é aplicado em forma de comprimido que desidrata rapidamente e forma um
tampão de forma preventiva ou curativa para a perda de circulação.

VANTAGENS

As principais vantagens do tampão de vedação de alta filtração são:


• Pode ser facilmente misturado em fluidos à base de água, óleo ou em salmouras de
completação, podendo até mesmo ser misturado diretamente com água;
• Pode ser adensado com barita e/ou salmoura, sem afetar suas propriedades de selamento
de fratura;

56
• Assim que o tampão se estabiliza na fratura ela forma uma rede fibrosa;
• Termicamente estável até 350 °F (176,7 ºC);
• Não requer um retardador ou ativador;
• Seu desempenho é independente da temperatura e do tempo de operação;

Figura 42: Tampão gerado pelo tampão de vedação devido ao alto vazamento

DESVANTAGENS OU LIMITAÇÕES

Sua principal desvantagem é:


• Suporta tensões compressivas de até 1700 psi, relativamente baixas em relação a outros
materiais.

7.7.4.7.2 TAMPÃO DE FIBRA SOLÚVEL EM ÁCIDO

O tampão de fibra solúvel em ácido (Figura 11) é um material de controle de perda do


tipo fibra. É composto por fibras minerais (SiO2, CaO, MgO, Al2O3) revestidas por surfactante
que, ao se estabilizar e secar, forma uma rede de fibras na fratura, dificultando a entrada do
fluido nas formações. O material é inerte, não iônico e não gera danos por precipitação antes
de ser localizado. Suas principais propriedades físicas são:
● Aparência física: fibra branco-acinzentada;
● pH na água: 7,0 - 8,0;
● Gravidade específica: 2,6.

57
Figura 43: Fibra solúvel em ácido

VANTAGENS

As principais vantagens do tampão fibroso solúvel em ácido são:


• Mais de 95% solúvel em ácido clorídrico (HCl);
• Pode ser facilmente misturado em água, óleo ou salmouras de completação;
• Pode ser misturado com lamas à base de água doce e salgada, lamas à base de óleo,
emulsões e fluidos de completação e trabalhos especiais;
• Reduz o torque e o arraste;
• Reduz o risco de um diferencial atingido em áreas extremamente esgotadas, onde o
diferencial de pressão é muito alto;
• É independente da temperatura operacional;
• Não fermenta e não é corrosivo.

DESVANTAGENS OU LIMITAÇÕES

A principal desvantagem do tampão de fibra solúvel em ácido é:


• Ao trabalhar em ambientes com pH básico, este tampão reduz sua eficácia.

7.7.4.7.3 TAMPÃO DE ALTA TIXOTROPIA

Este material de perda de circulação, é uma mistura de óxidos metálicos (Figura), é


considerado versátil, pois este material é frequentemente utilizado em lamas de perfuração
como tratamento preventivo, visto que sendo altamente tixotrópico tende a gelificar no estado
estático, mas ao entrar um estado dinâmico, ele retoma suas propriedades fluidas. Este material
pode ser utilizado em áreas com perda de circulação (função principal), operações de flexitubo,
estabilização de formações não consolidadas, perfuração em águas profundas, poços
horizontais ou com alto ângulo de desvio.
58
Figura 44: Mistura de óxidos de metal

Suas principais propriedades são:


• Aparência física: pó granular branco;
• Odor: sem odor;
• Gravidade específica: 2,6 - 2,9;
• pH em água: 9,5 - 10,0;

VANTAGENS

As vantagens do tampão de alta tixotropia são:


• Em grandes volumes, pode ajudar a melhorar a taxa de penetração (ROP);
• Alta tixotropia;
• Boa suspensão de cascalhos;
• Pode ser usado em operações de flexitubo;
• Independente da temperatura.

DESVANTAGENS OU LIMITAÇÕES

• Este material é compatível apenas com sistemas de fluido à base de água.

7.7.4.7.4 TAMPÃO MESCLADO DE MATERIAL GRANULAR E FIBROSO

A mesclagem de material granular e fibroso (Figura), é uma mistura especializada de


quatro tipos de carbonato de cálcio e fibra, solúvel em ácido, que é utilizada especialmente
para perdas de circulação, pode ser bombeada em mistura com o fluido de perfuração ou como
tampão de controle, se bombeado na forma de tampão garante melhor desempenho. Suas
principais propriedades físicas são:
● Aparência física: fibras de cor branca;
● Odor: sem odor;

59
● Gravidade específica: 2,4 - 2,6.

Figura 45: Mistura de material granular e fibroso

VANTAGENS

As vantagens do tampão de mistura de material granular e fibroso são:


• É compatível com qualquer tipo de fluido, à base de óleo ou à base de água;
• Pode ser usado em sistemas de fluidos não aquosos como selante para formações
porosas e fraturadas, onde a diluição em ácido é necessária;
• Em fluidos aquosos, reduz consideravelmente a probabilidade de gerar uma pega
diferencial;
• Por ser um material inerte, não afeta a reologia;
• Gera um reboco externo, criando uma vedação para a formação.

DESVANTAGENS OU LIMITAÇÕES

• Eles podem gerar entupimentos em ferramentas de fundo, é necessário remover essas


ferramentas antes de serem bombeados.

7.7.5 DESCRIÇÃO DO TAMPÃO DE PERDA CIRCULAÇÃO DE MATERIAL


CONVENCIONAL

O tampão de controle de perdas, tomado como referência, é um tampão de material


convencional atualmente utilizada pela empresa prestadora de serviços (Schlumberger Surenco
SA) em áreas produtoras, é um tampão composto por uma mistura de carbonatos, casca de noz,
fibra de madeira, mica e casca de arroz. Dependendo da gravidade da perda, existem três
preparações onde as concentrações de cada material variam, onde a maioria dos materiais são
solúveis em ácido e por isso são utilizados nas áreas de produção, esses materiais são
formulados em água, como base do tampão.
60
7.7.6 MÉTODO DE PERFURAÇÃO ADIANTE

Trate todo o sistema de fluido de perfuração com LCM de grafite deformável fino e
perfure a zona de fraqueza com o LCM no fluido de perfuração. Como o LCM tem um tamanho
de partícula grande, os agitadores devem ser equipados com telas de 20 ou 40 mesh ou mais
grossas para manter o material efetivo no sistema (ou contornar os agitadores completamente).
É desejável e necessário manter todo o espectro de tamanho de partícula no sistema.
Conforme a zona fraca é perfurada, pequenas fraturas curtas serão criadas, mas
preenchidas e conectadas com o LCM. A zona fraca será selada e fortalecida. Conforme o peso
da lama (densidade) é aumentado, mas pequenas fraturas são formadas e conectadas. Este
método é o mais eficaz, mas é melhor limitar a perfuração por causa do acúmulo de sólidos de
perfuração no sistema de lama.

7.7.7 O MÉTODO DO TAMPÃO

Antes de perfurar a sapata, determine a profundidade da seção "fraca" esperada.


Conduza um teste de integridade de formação (FIT) ou teste de vazamento (LOT). Se o teste
da sapata falhar, perfure esta seção com lama tratada o quanto for necessário para chegar a uma
formação que terá a resistência de rocha desejada. A profundidade terá que ser prevista com
base em deslocamentos e outros dados. Todas as formações abaixo deste ponto devem ser
fortes o suficiente para suportar o maior ECD previsto para o resto do poço. Em outras palavras,
escolha um ponto onde um liner de perfuração seria colocado.
Mude as telas do agitador para 20 mesh ou mais grosseiro, ou agitadores de desvio.
Antes de perfurar adiante, adicione o material grafítico e CaCO3, adicionando CaCO3 à lama
para xistos não é um tratamento funcional. Em areias, com gargantas de poros muito maiores,
o CaCO3 é desejável. Adicionar os materiais através do funil de lama irá garantir uma boa
mistura e distribuição em todo o sistema de lama e evitar qualquer entupimento de ferramentas
MWD ou motores de lama.
A mistura LCM especial terá que ser mantido na lama o tempo todo. O ECD (densidade
de circulação equivalente) no final desta seção terá que ser o ECD máximo esperado no TD
(profundidade total). Isso garante que quando o TD for alcançado, a seção superior já terá sido
exposta a este ECD com o reforço da mistura LCM no fluido de perfuração. A mistura de LCM
pode ser removida do fluido de perfuração e a perfuração para TD pode continuar de acordo
com o plano, conforme a seção fraca foi reforçada.

61
7.7.8 TAMPÕES DE REFORÇO

Esses tipos de materiais são classificados como plugues macios ou fortes. Os plugues
macios têm uma massa sólida, mas têm pouca ou nenhuma força de compressão e formam uma
consistência elástica. Os plugues fortes, ao contrário dos plugues macios, têm uma alta força
de compressão, sua desvantagem em relação aos plugues macios é a remoção desse material
uma vez que o poço esteja controlado. Alguns dos tampões usados em fluidos à base de água
são:
● Injeção de pressão de alta perda de filtrado;
● Óleo diesel/bentonita;
● Polímero reticulado;
● Óleo diesel/bentonita/cimento;
● Tampão de cimento.

7.7.9 TAMANHO DAS PARTÍCULAS DOS MATERIAIS DE PERDA


CIRCULAÇÃO

7.7.9.1 DISTRIBUIÇÃO DE TAMANHO DE PARTÍCULA

Deve-se levar em conta que um tampão de material de controle eficaz geralmente surge
da combinação de dois ou mais materiais, uma vez que a mistura dos diferentes materiais
mencionados acima enriquece o tampão e melhora sua ligação, vedação e desempenho ideal, é
aconselhável usar materiais de origem natural, como micas, grafite, celofane e fibras de
celulose. Um fator importante a levar em consideração ao determinar a distribuição de
partículas é a presença de MWD ou ferramentas direcionais, que são propensas a obstruir com
tamanhos de partículas grossas e isso pode causar danos a essas ferramentas. O recomendado
é, dependendo da profundidade das ferramentas, desmontar, retirá-las do tubo e bombear o
tampão.

7.7.9.2 TÉCNICAS DE CONTROLE DE PERDA DE CIRCULAÇÃO

Existem técnicas de tratamento preventivo e corretivo para controlar a perda de


circulação, a primeira para evitar a presença de algum tipo de perda e a segunda como medida
corretiva quando esta estiver presente. De acordo com a taxa de perda de fluido e sua respectiva
análise, são projetados o tampão e o método adequado a ser bombeado. O tipo de material
escolhido dependerá do fluido de perfuração que está sendo usado. O primeiro tampão de
material residual, que é bombeado para o poço, geralmente não é eficaz, portanto, os
necessários devem ser bombeados à medida que a perda de fluxo diminui.

62
Algumas empresas utilizam este tipo de tratamento para evitar qualquer eventualidade
durante a perfuração, este tratamento é desenvolvido através do aprimoramento das práticas de
perfuração, seleção adequada do fluido de perfuração e adição contínua de materiais ao sistema
de circulação de fluidos do poço. Uma série de atividades pode ser implementada para reduzir
ou minimizar a perda de circulação, tais como:
1. Localize o revestimento de forma que o gradiente de fratura na sapata seja suficiente para
suportar a pressão hidrostática das lamas mais pesadas que são subsequentemente injetadas,
para intervir nas camadas de rocha subjacentes.
2. Minimize as pressões de fundo, evitando o movimento do tubo em velocidades críticas
durante o deslocamento, sejam elas ações de suavização e principalmente de surging. O surging
gera excesso de pressão na hora de abaixar o tubo e se a velocidade ultrapassar a crítica, uma
perda pode ser induzida.
3. A ROP é muito alta, resultando em cortes aumentados e maior carga de sólidos no espaço
anular, resultando em aumento de ECD. Por esse motivo, se você tiver um ECD muito próximo
ao gradiente de fratura, a taxa de penetração deve ser reduzida.
4. O início ou parada brusca das bombas de lama pode gerar um aumento ou diminuição
repentina nas pressões de fundo. Iniciar as bombas de lama muito rapidamente pode causar um
aumento de pressão que, por sua vez, pode formar uma fratura induzida. O equívoco mais
comum que ocorre é que, para superar a força de gel da lama, as bombas são programadas para
uma taxa de curso alta, resultando em pressões excessivas no fundo.
5. Controlar as propriedades da lama, uma vez que altas viscosidades e altas forças de gel
geram um aumento na pressão de surging, cada vez que a circulação é interrompida e
restaurada.

7.7.9.3 ADIÇÃO CONTÍNUA DE PARTÍCULAS DURANTE A PERFURAÇÃO EM


INTERVALOS CURTOS

Em intervalos curtos, os materiais de perdas são bombeados diretamente para o poço


ou adições de hora em hora são feitas ao fluido e subsequentemente bombeadas. A vantagem
deste tratamento é que, uma vez que o material perdido retorna à superfície, ele pode ser
facilmente removido, mas a desvantagem é que permite que os cascalhos permaneçam no
fluido, aumentando significativamente sua reologia.

7.7.9.4 ADIÇÃO CONTÍNUA DE PARTÍCULAS DURANTE A PERFURAÇÃO DE


INTERVALOS ESTENDIDOS

Nas perfurações em intervalos longos, devem ser instaladas telas, combinadas com o
sistema de remoção de sólidos, para garantir que os materiais de perda permaneçam no fluido
63
e aumentem sua quantidade de sólidos e a viscosidade do funil, pois para intervalos maiores
devem ser aumentadas as concentrações, esta é uma desvantagem porque mais despesas devem
ser incorridas com o uso de mais produtos químicos.

LIMITAÇÕES

Sua principal limitação é especificada na necessidade de manter as propriedades do


fluido (reologia e controle de perdas) dentro das faixas permitidas.

7.7.9.5 TRATAMENTO CORRETIVO

Nos tratamentos corretivos, um tampão deve ser desenhado para controlar as perdas,
com esse tipo de tratamento são controlados todos os tipos de perdas de circulação conhecidas,
uma vez conhecido o tratamento a ser utilizado, o tampão é definido. As condições em que
ocorreu a perda de circulação, oleodutos, tipo de perda, severidade da perda, entre outros, esta
análise gera um indicador de porque a perda se originou, localize a zona de perda de fluidos e
o possível tratamento que pode ser dado à situação. Para realizar um controle correto das
perdas, é feita uma correlação entre a técnica e a severidade, juntamente com o tipo de material,
sua composição e função serão analisadas.

7.7.9.6 PERDAS POR FILTRAGEM

Para controlar as perdas por filtragem, uma vez ocorridas, o procedimento para controlá-las é:
1. Remova o tubo e aguarde, para determinar o volume de fluido perdido e a quantidade de
retornos na superfície, caso seja estabelecido que é uma perda por vazamento, prossiga para a
etapa 2.
2. Se o poço não ficar cheio durante o tempo de espera, proceder a misturar um volume de
lama de aproximadamente 50 barris, com material residual, que contenha agentes de ponte ou
tamponamento finos, caso não os injete é adicionado ao fluido um agente de retenção de
infiltração.
3. Reduza o peso da lama, se possível, caso a perda seja causada por fraturas induzidas.

7.7.9.7 CONTROLE DE PERDA USANDO MATERIAL DE PERDA DE


CIRCULAÇÃO

Anteriormente, o uso de LCM já foi discutido, para o controle de perdas, nesta seção o
uso de diferentes técnicas de controle, como o uso de agentes de vedação, injeção de pressão
de alta perda de filtração, plugues, e hard plugs é descrito em mais detalhes. Todos pertencentes
ao grupo MCL e dependendo da gravidade da perda.

64
7.7.9.8 USO DE AGENTES SELANTES (OBTURADORES)

Esta técnica deve ser utilizada na filtração e perdas parciais de circulação, embora
também possa ser utilizada em perdas totais menos graves, o procedimento recomendado por
MI Swaco18 é o seguinte:
1. Estabeleça o ponto aproximado de perda, o tipo de formação que a lama está tomando, a
altura da lama no poço e a taxa de perda. O ponto de paralisação está provavelmente localizado
logo abaixo da sapata de cimento de revestimento, quando uma fratura de formação causada
por um aumento na pressão é antecipada.
2. Use o tubo de perfuração aberto para instalar o plugue, se possível. Caso contrário, use
brocas de conduíte abertas ou brocas de jateamento após remover os bicos. Se os materiais
devem ser colocados através de uma broca com jato ou ferramentas MWD / LWD, use agentes
intermediários a finos para evitar entupir a broca.
3. Misture uma pasta de material residual. Os agentes mesclados, granulares, fibrosos e
escamados de tamanho grosso, médio e fino estão disponíveis comercialmente e podem
substituir as misturas que são adicionadas separadamente. Use lama do sistema de circulação
ou misture LCM em uma pasta de bentonita viscosa preparada recentemente.
4. Bombeie a pasta de material de perda através do tubo de perfuração aberto na frente da zona
de perda. Bombeie em baixa velocidade até que os materiais sejam capazes de estancar o
vazamento. Repita novamente se o poço não encher e, em seguida, use uma técnica de injeção
de argamassa de filtrado de alta perda se nenhum sinal de sucesso ainda tiver sido obtido.

As misturas de materiais de perdas tornam a atividade de controle de perdas mais


eficiente, a mistura mais eficiente é a de materiais fibrosos e granulares, devido às suas
características. Excesso de material de perda nos tampões gera problemas nas bombas de lama,
pois os LCMs são materiais sólidos que devem ser arrastados para dentro do poço, o excesso
pode causar entupimento das bombas, podendo também reduzir a qualidade da lama
aumentando sua reologia.

7.7.9.9 TIPOS DE TAMPÃO

Em operações de perfuração de poços de petróleo, vários tipos de tampões são


geralmente usados de acordo com a necessidade ou contingência que possa surgir. Abaixo,
listaremos os diferentes tipos de tampão, bem como uma breve descrição do que eles fazem.
Ressalte-se que os nomes dos tampões são, em termos gerais, de acordo com a função que
desempenham ou, ao contrário, de acordo com o material químico que os compõe.

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01 - TAMPÃO VISCOSO: São tampões que manejam uma viscosidade de funil muito
superior à do sistema circulante, e cuja função é auxiliar na extração de cascalhos de perfuração
de poços verticais ou desviados durante a circulação do fluido, a fim de ter a coluna de fluidos
livre de sólidos. Também são chamados de tampão de alta reologia ou carreamento, podem ser
preparados com géis, bentonitas e polímeros, dependendo da área onde a operação é realizada.
O uso se dá nas áreas de xisto e na área de produção.

02 - TAMPÕES DISPERSOS: Conhecidos como tampões de baixa reologia, podem ser


preparados com a mesma lama, além da adição de agentes dispersantes que evitam a
aglomeração dos cortes de argila, sua aderência no BHA, enceramento da broca criando
turbulência, e assim conseguir limpar as argilas acumuladas no conjunto de fundo também
colabora na erosão mecânica do poço. Este tipo de tampão é necessário no início da perfuração,
pois a lama nativa utilizada nesta seção não contém agentes inibidores, apenas dispersantes,
por ser uma área de pouco interesse, a erosão mecânica só é alcançada com a força de
galonagem para altas taxas de penetração.

03 - TAMPÃO DE ÁGUA DOCE: São tampões que utilizam água doce para dissolver as
formações salinas no processo de intrusão.

04 - TAMPÃO DE COMBATE A PERDA POR INFILTRAÇÃO: São tampões que contêm


uma concentração variada de material de combate a perda de circulação (CaCO3 em diferentes
granulometrias) para tornar o reboco mais impermeável e assim minimizar as perdas por
filtração à formação.

05 - TAMPÃO DE BAIXA E ALTA REOLOGIA: Este tipo de tampão também é conhecido


como tampão disperso/viscoso. É usado em poços altamente desviados/horizontais, onde os
cascalhos tendem a se assentar mais facilmente. Este tampão é composto por um volume de
baixa reologia (fluido base), que permite que os cascalhos do poço (cascalhos) sejam agitados
através da turbulência gerada e seguido por um volume de fluido com alta reologia (tampão
viscoso) que os arrasta para a superfície.

06 - TAMPÃO PESADO: Também conhecido como tampão de manobra. São tampões que
lidam com uma densidade maior do que a do fluido de perfuração (1,5 a 3,5 ppg acima,
dependendo se a coluna é direcional ou não). O objetivo é serem usados para remover tubo
limpo, ou seja, livre de lama de perfuração, para evitar o derramamento de fluido no tubo
durante as manobras da coluna de perfuração para fora do poço. Isso possibilita melhorar os

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tempos de manobra, evitar acidentes pessoais (escorregões) e reduzir custos, minimizando o
fluido que é desperdiçado na superfície após a operação de retirada da tubulação.

07 - TAMPÃO ANTI-PERDA: São tampões que contêm uma concentração variada de


material de combate a perda de circulação (CaCO3 em diferentes granulometrias, fibra, casca
de noz) e são utilizadas para selar fissuras na parede do poço. A concentração e o material anti-
perda a serem usados dependerão da zona de perda, do BHA usado e da gravidade da perda.

08 - TAMPÃO DE LIBERAÇÃO DE TUBO: São os tampões utilizados quando se tem a


certeza que o tubo ficou preso por diferencial de pressão. A ação desse tipo de tampão é quebrar
o reboco e, assim, aliviar as forças diferenciais de ligação.

09 - TAMPÃO LUBRIFICANTE MECÂNICO: São tampões utilizados principalmente em


poços desviados, que durante a perfuração apresentaram problemas de torque, arraste e
travamento do tubo. O princípio básico do lubrificante mecânico é reduzir o atrito entre duas
superfícies, facilitando assim sua movimentação. Na indústria do petróleo é comumente
utilizado um lubrificante mecânico que se apresenta na forma de esferas (microesferas de
vidro), que aderem às paredes do poço, gerando um efeito de rolagem, esse tipo de material é
descartado pelas peneiras quando o poço é circulado.

10 - TAMPÃO ESTABILIZADOR DE XISTO: São tampões que permitem estabilizar áreas


de xisto altamente pressurizadas (zona de pressão anormal) que evitam a geração de
desmoronamentos dentro do poço, entre outros, e suas intercalações que existem nas formações
perfuradas.

11 - TAMPÃO EQUIVALENTE: São tampões com densidade tal que permitem a geração
de uma pressão hidrostática de fundo equivalente à ECD em condições estáticas. Desta forma,
não é necessário densificar toda a lama. Eles são usados em poços profundos onde deve-se
tomar cuidado para manter o poço estático sem acumular pressões ao fazer uma manobra de
retirada de coluna para a superfície.

12 - TAMPÃO VISCOPESADO: São tampões que, como o próprio nome indica, têm uma
viscosidade e densidade maiores que a do sistema de perfuração. Normalmente são usados em
operações de deslocamento de um fluido por outro como espaçador. Isso evita a mistura entre
os dois sistemas de fluido. Além disso, embora não com muita frequência, pode ser usado para
ajudar a remover fragmentos e cascalhos de poços verticais ou desviados enquanto o fluido
está circulando.

67
13 - TAMPÃO DE ÁCIDO QUENTE: São tampões carregados com Potássio Cáustico
(KOH) ou Soda Cáustica (NaOH). Eles são usados para ajudar a limpar/desbloquear os poros.

14 - TAMPÕES DE CIMENTO: Em algum ponto da vida produtiva de um poço de petróleo,


gás ou água, um tampão de cimento pode se tornar necessário. O tampão de cimento é a técnica
de colocar um volume relativamente pequeno de cimento através de um tubo de perfuração,
produção ou com o auxílio de outras ferramentas especiais, em uma determinada área, em poço
aberto ou no interior do revestimento. Sua finalidade é fornecer uma vedação contra o fluxo
vertical de fluidos ou fornecer a uma plataforma o suporte para o desvio da trajetória do poço.

Algumas aplicações de tampões de cimento são:


• Desviar o poço sobre um peixe (ferramenta que ficou presa no poço) ou fazer um poço
direcional.
• Tamponar uma área ou poço esgotado (abandono).
• Resolver um problema de perda de circulação durante a fase de perfuração.
• Isolar uma área para testes de formação.
• Remover o BOP submarino para manutenção.

Os tampões em poço aberto são instalados para:


• Abandonar o fundo do poço;
• Isole uma área para testar formações;
• Abandonar as camadas de formação indesejáveis;
• Selar áreas de perda de circulação;
• Iniciar uma perfuração direcional (por exemplo, devido à peixes).

7.7.9.10 RENTABILIDADE DE USAR TAMPÃO DE CIMENTO

Um dos motivos para o tamponamento de um poço é devido à lucratividade, pois


quando o fator de recuperação do óleo em relação ao preço do hidrocarboneto não justifica um
benefício favorável, o poço pode ser permanente ou temporariamente fechado ou tamponado.
Quando o preço do petróleo flutua e se você tem um poço temporariamente fechado ou
tampado, ele pode ser aberto para retornar à produção ou para injetar outro fluido a fim de
impulsionar ou ajudar a aumentar a produção de outro poço que esteja próximo.
Poços que estão temporariamente obstruídos e que ainda podem produzir
hidrocarbonetos podem ser abertos em duas circunstâncias:

1) Quando o preço do petróleo aumenta a ponto de a produção voltar a gerar lucros.

68
2) Quando a tecnologia torna mais econômico (e, portanto, lucrativo) reiniciar a produção.

7.7.9.11 POÇOS ANTIGOS

A vida de um poço passa por várias etapas. A descoberta de um novo campo de óleo
ou gás, após meses de anos de exploração e perfuração, bem como a realização da primeira
produção representa uma meta importante. As operações de recuperação bem-sucedidas podem
fazer com que esse estágio de produção seja financeiramente e tecnicamente compensador. A
fase que ninguém parece gostar é a conclusão da produção e o abandono dos poços e instalações
de produção.
Em todos os casos, um determinado volume de hidrocarbonetos ficará sempre sem
produzir porque o custo de trazê-lo à superfície é superior ao preço que será obtido no mercado,
os volumes de óleo e gás remanescentes no reservatório nunca poderão ser recuperados porque
até tecnologias como a injeção de fluidos, que são usadas para fluir os hidrocarbonetos para o
poço, uma vez que os mecanismos naturais do reservatório não são mais altos o suficiente para
produzi-los, acabará se tornando mais difícil, ineficaz e caro para continuar produzindo esses
reservatórios.

7.7.9.12 DIAGNÓSTICO PARA TAMPONAR UM POÇO

Durante a perfuração, completação e manutenção de poços de petróleo, os poços estão


secos, invadidos por água salgada ou de interesse não comercial, bem como eventos associados
às atividades físicas das formações que são atravessadas durante a perfuração, ocorrem
acidentes mecânicos, todos das opções acima leva à decisão de tamponar o poço sendo
intervindo. Da mesma forma, os poços que atingirem o limite técnico-econômico e aqueles que
apresentarem alto risco à segurança da comunidade do entorno necessitarão de tamponamento.
As bases das operações de tamponamento e abandono variam pouco,
independentemente de o poço estar em terra ou em área marinha. Os equipamentos de
completação são removidos do poço, tampões são colocados e o cimento é injetado à força em
espaços anulares, em profundidades específicas e em zonas de compensação para atuar como
barreiras permanentes à pressão de cima e de baixo, bem como proteger a formação contra a
qual o cimento é colocado.

8 GASES RASOS, FLUXO DE ÁGUA E PERFURAÇÃO TOPHOLE

8.1 PRÁTICAS E CAUSAS DE KICK PERFURANDO TOPHOLE

O início de poço é a sequência de operações realizadas para assentamento do


revestimento condutor, a perfuração da fase seguinte e o assentamento e cimentação do
69
revestimento de superfície. A principal função deste conjunto é conferir a rigidez estrutural ao
sistema de cabeça do poço para suportar os esforços transferidos durante a construção do poço
pelo conjunto riser e BOP (Blow Out Preventer).
Em algumas regiões do mundo o solo submarino permite o assentamento do
revestimento condutor por jateamento utilizando uma composição específica esquematizada
na abaixo. Quando não é possível realizar o jateamento da cabeça de poço, perfura-se, sem
retorno, com broca de 36 ou polegadas, seguido da descida, assentamento e cimentação do
revestimento de 30 ou 36 polegadas.

Figura 46: Conjunto descido para jateamento do revestimento condutor

A fase seguinte ao assentamento do revestimento condutor é a perfuração, sem retorno,


com água do mar e broca de 26 polegadas (ou 17 ½ polegadas para o caso de um poço slender)
até a profundidade prevista para a construção de Poços Off Shore 25 assentamento da sapata
do revestimento de superfície. Em seguida, este revestimento de 20 polegadas é descido e
cimentado até a cabeça do poço.
Em alguns casos o conhecimento geológico da região possibilita a redução de uma fase
de perfuração, suprimindo e substituindo o revestimento de 20 polegadas pelo de 13 ⅜
polegadas. A presença de metano e outros gases rasos no sedimento de fundo marinho é comum
e característico de ambientes rasos que recebem grandes aportes de matéria orgânica. O gás
raso é um bolsão de gás ou gás trapeado abaixo camadas impermeáveis em profundidades

70
rasas. O termo gás raso representa um problema na perfuração nas camadas rasas onde
encontra-se gás misturados com areia.

Kicks de água e gás em formações rasas enquanto perfurando na seção top hole com
pequenos colunas de casing pode ser muito perigoso, conforme documentados por casos
históricos. Alguns dos kick de gases rasos são causados por mudanças de formações: trabalho
de cimentação (poor cement), vazamento no casing, operação de injeção, abandono
inapropriado.
Pouco tempo e esforço tem sido a explicação para o perigo dos gases rasos, embora as
indústrias tenham dedicado tempo e esforço para analisar o controle de kick e desastres devido
à blowout, ela também está se preparando para situação de gases rasos com a finalidade de
salvar vidas e a sonda. Eventualmente conhecido como gases rasos podem ser definidos como
ocorrências de gás durante a perfuração de um poço, proveniente de uma formação abaixo do
ponto de assentamento da sapata do primeiro revestimento, descido com o objetivo de conter
as pressões no poço (normalmente o revestimento de superfície).
O fechamento do poço nessas condições poderá causar a fratura da formação na sapata
do último revestimento descido e, em virtude de sua baixa profundidade, ela poderá se propagar
até a superfície, formando crateras, impondo desta maneira, riscos as unidades de perfuração
marítimas apoiadas no fundo do mar.

8.2 DIVERTING

Durante as operações de perfuração, a coluna de perfuração podepenetrar uma


formação contendo um bolsão degás sob pressão extrema. Enquanto estesbolsões de gás são
esperados, antecipar quandoeles irão ocorrer é difícil. Quando um bosão de gás é penetrado,
uma bolha de gás seforma no fluido de perfuração e começa a subir para asuperfície. Como a
bolha sobe, ela expande, criandouma pressão adversa no poço, que desloca o fluido de
perfuração.
A indústria de perfuração refere-se a este evento como um kick. O kick faz cair a
pressão do poço e diminui a habilidade do operador para controlá-lo. O gás representa dois
perigos de segurança primária. As altas pressões de um kick podem subir rapidamente para a
superfície, causando danos a equipamentos, ferimentos e morte.
Além disso, a natureza combustível do gás representa a possibilidade de incêndios e
explosões. Estando o equipamento em plena perfuração, o descarte adequado do gás é
necessário. A melhorsolução é a drenar o gás para fora do poço de forma segura. O Diverter é
um equipamento usado para direcionar o gás e outros fluidos com segurança.

71
Figura 47: Diverter
O sistema Diverter não é projetado para fechar o poço ou deter o fluxo do mesmo. A
sua função é prover a sonda de um sistema de controle de baixa pressão de fluxo com objetivo
de impedir que fluidos oriundos do poço, que passarem pelo BOP alcançando a coluna de Riser,
cheguem ao piso de plataforma, direcionando esses fluidos a favor dos ventos, para fora da
embarcação, garantindo a integridade física das pessoas e dos equipamentos.
Em sondas que possuem Booster Line, a mesma é utilizada para promover a circulação
destes fluidos e, caso a sonda não possua Booster Line, a circulação deve ser realizada pela
linha de Kill ou Choke que estiver conectada na posição mais alta do BOP.
Todas as válvulas das linhas do sistema são seletivamente sequenciadas
(“interlocadas”) na sua operação. O sequenciamento seletivo assegura que quando a função de
fechamento do Diverter é selecionada, as válvulas das linhas de flowline e trip tank se fecham
e a válvula de overboard se abra. Após a válvula de overboard existe uma bifurcação (“Y”), na
qual estão instaladas duas válvulas, uma em cada ramificação.
Cada ramificação se dirige a um bordo para o descarte do fluido indesejável. Estas
válvulas são interlocadas, ou seja, sempre haverá uma aberta e outra fechada. Existe a
alternativa da utilização de uma única válvula chamada “Flow selector”, que, como o nome
sugere, se destina a selecionar o bordo preferencial para o descarte do fluido indesejável. O
fechamento completo de todas as válvulas poderia causar um impacto, o qual, potencialmente,
poderia acarretar até o rompimento da formação.

72
Figura 48: Direcionamento de fluidos através do Diverter

Na figura acima observamos a importância da linha de alivio para divergir (Diverting)


o fluxo de fluido para longe do pio da sonda com segurança, estas linhas de ventilação devem
ser desprovidas de curvas, possuírem diâmetro que permita liberdade de fluxo interno,
possibilitando a redução das perdas de cargas e das velocidades de fluxo ao longo das mesmas
e, como consequência, minimizando os efeitos da erosão e das contrapressões sobre o sistema
Diverter / Riser e também para minimizar, tanto quanto possível, contrapressões sobre o packer
da junta telescópica.
As contrapressões geradas pelas curvas, tês, restrições, etc. devem ser computadas no
cálculo da pressão total para dimensionamento da pressão de trabalho dos componentes do
Diverter, limitada a 500psi pelo packer da junta telescópica. Mudanças nos diâmetros das
linhas de ventilação devem ser minimizadas ou eliminadas. Mudanças no fluxo ocasionadas
pela mudança no diâmetro levam a uma erosão excessiva das linhas de fluxo e ventilação.
As linhas de ventilação do sistema diverter devem ser direcionadas de forma que, a todo
tempo, a linha possa ventilar os fluidos a favor do vento e para longe da sonda de perfuração.
Para certas operações de perfuração em unidades flutuantes as embarcações devem estar
sempre na direção do vento, uma única linha pode ser suficiente, por exemplo, em navio DP
com a linha direcionada para a popa. As linhas de ventilação devem ter o mínimo de curvas
para diminuir a erosão e a resistência ao fluxo, e, consequentemente à pressão de retorno. As

73
mudanças de direção devem ser graduais. Devido à falta de espaço na maioria das sondas, isto
pode não ser possível.
Considera-se como referência que: o raio de curvatura deve ser pelo menos 20(vinte)
vezes o diâmetro interno da linha. Curvas de raios longos são preferíveis às de pequenos raios,
contudo, quando não for possível utilizar raios longos de curvatura para mudanças de direção,
com ângulos próximos ou iguais a 90 graus, estes devem ser equipados com dispositivos
antierosão tipos “target flange ou target cushion”, dispostos na direção do fluxo para minimizar
os efeitos da erosão.
As linhas de ventilação podem ser inclinadas ao longo de seu comprimento, mas isto
deve ser evitado devido ao acúmulo de fluido de perfuração e detritos. Periodicamente deve
ser feita a limpeza das linhas de ventilação evitando-se assim o acúmulo de detritos.

8.3 PRÁTICAS DE PERFURAÇÃO DE TOPHOLE QUE PODEM REDUZIR O


RISCO DE KICK

Boas Práticas enquanto perfurando TopHole:


• Perfurar um poço piloto - (Drill a Pilot Hole);
• Controlar a taxa de penetração - Control ROP (drilling rate);
• Manter o peso de lama leve sem provocar underbalance;
• Bombear para fora do poço na manobra (pump out of the hole on trips);
• Manter a bomba em funcionamento enquanto puxando a coluna pra fora para fazer uma
conexão;
• Manobrar a coluna com velocidade controlada;
• Quando perfurando TOP HOLE, a resiliência da formação é comparativamente fraca e
perdas totais são comuns. Então o risco de perda total pode ser minimizado mantendo
a taxa de penetração sob controle para evitar que o anular fique carregado de cascalhos;
• Em quando perfurando formações TOP HOLE quando há risco de se ter gás raso, então
é recomendado que se bombeie para fora do poço aos poucos e a perfuração de um poço
piloto deve ser com uma taxa de penetração baixa e controlada;
• Para prevenir problemas de controle de poço durante a perfuração TOP HOLE, é uma
boa prática controlar a taxa de penetração para evitar que o espaço anular fique
carregado de cascalhos, continuar a circular enquanto estiver subindo a coluna para
fazer uma conexão e manter o peso do fluido o mais baixo possível para evitar fraturas
à formação;
• Também são boas práticas recomendadas para perfuração estilo TOP HOLE controlar
a taxa de penetração e limpar o poço regularmente com água.
74
9 DETECÇÃO DE KICK

INDÍCIOS PRIMÁRIOS DE KICK

• Aumento da vazão de retorno;


• Ganho no volume dos tanques;
• Fluxo com as bombas desligadas.

INDÍCIOS SECUNDÁRIOS DE KICK

• Diminuição da pressão de bombeio;


• Mudanças das propriedades do fluido de perfuração;
• Mudança no volume e formato dos cascalhos;
• Drilling Break Positivo (Aumento da taxa de penetração - ROP);
• Mudanças no torque e na rotação (RPM);
• Aumento da temperatura do fluido;
• Poço aceitando menos lama do que volume calculado.

9.1 INDÍCIOS PRIMÁRIOS DE KICKS

9.1.1 AUMENTO DA VAZÃO DE RETORNO

A primeira indicação de que um kick está ocorrendo é o aumento do fluxo de lama na


linha de retorno, flowline. Como as bombas são os equipamentos responsáveis por gerar vazão
do fluido, a vazão que entra no poço tem que ser a mesma que sai. Quando ocorre a diferença
de vazão na saída pode-se entender que há um influxo para o interior do poço.

9.1.2 GANHO NOS TANQUES

Influxo dentro do poço causa duas mudanças no sistema de circulação da lama:


• Aumenta o volume ativo do sistema;
• Aumenta a taxa de fluxo de retorno do fluido no poço.
Uma vez que o sistema de circulação é um sistema fechado, e um aumento no
retorno é detectado pelos sensores de monitoramento de fluxo, irá também ser indicado um
ganho de volume no poço. A detecção da variação do nível do poço pode ser feita por
observação visual através da leitura constante de um marcador de nível no tanque. Sabe-se
que para manter uma vigilância constante sobre o nível do poço é quase impossível. Isto é
especialmente verdadeiro durante as manobras, quando ocorre a maioria dos kicks.
Um método mais preciso e confiável é a utilização de qualquer um dos vários

75
instrumentos de medição de nível no poço com o registrador instalado no painel do
sondador e apoiado pelo sistema de monitoramento do mud logger. Isso permite uma
vigilância constante sobre o nível do poço pelo sondador, tanto durante a manobra, e a
perfuração.
A boa comunicação entre os membros da tripulação é essencial na plataforma. O
sondador deve certificar-se que tripulação o notifique se eles fizerem alguma coisa para
mudar o nível dos tanques. Se tripulação está adicionando volume nos tanques, eles também
devem notificar o sondador quando vão parar de adicionar volume. Ao perfurar uma
formação contendo gás, um aumento progressivo no volume do poço será notado por causa
do volume do gás que está sendo trazido no espaço anular.
No entanto, isto irá ocorrer apenas quando o gás se aproxima da superfície, que é
devido à expansão do gás quando submetido a baixa pressão. Este fato não é
necessariamente uma indicação de que o poço está em underbalnce. O aumento no volume
do poço é importante na distinção entre um kick verdadeiro e somente uma expansão de
gás. O poço retornará com o mesmo volume de fluido, após a bolha de gás tiver atingido a
superfície. No entanto, se houver qualquer dúvida quanto à causa de ganho do poço,
desligue as bombas e verifique o retorno de fluxo.

9.1.3 POÇO FLUINDO COM AS BOMBAS DESLIGADAS

Fluxo com as bombas desligadas, é um indício primário de kick, e neste caso o poço
deve ser fechado imediatamente. Porém, em algumas situações, o fluxo pode ter a sua origem
em um desbalanceamento hidrostático (peso do fluido no interior da coluna maior que o peso
no espaço anular, como no caso dos tampões de manobra) ou no retorno do fluido que foi
injetado por algum motivo nas formações (efeito ballooning, por exemplo). Em algumas
situações em que a detecção do kick não é clara, usa-se o procedimento de flowcheck para
verificar se continua a haver fluxo no poço após as bombas terem sido desligadas. Como é o
caso dos indícios secundários.

76
Figura 49: Fluxo com bomba desligada.

9.2 INDÍCIOS SECUNDÁRIOS DE KICKS

9.2.1 DIMINUIÇÃO DA PRESSÃO DE BOMBEIO

A redução da pressão hidrostática no espaço anular devido à entrada de um fluido mais


leve no poço, cria um diferencial de pressão atuando no sentido do interior da coluna para o
anular do poço (desbalanceio), associando-se a energia fornecida pela bomba, causando uma
queda na pressão de bombeio lida na superfície. Além do fato dos fluidos da formação estarem
expulsando o fluido de perfuração para fora do poço, gerando menos esforço para a bomba, e
consequentemente reduzindo a pressão de bombeio. Porém, uma redução na pressão de
bombeio pode estar associada à um washout na coluna (furo na coluna), perda de jato da broca,
por exemplo.

9.2.2 MUDANÇAS NAS PROPRIEDADES DO FLUIDO DE PERFURAÇÃO

Alterações nas leituras do gás de fundo, de conexão ou de manobra, um aumento nas


medições do detector de gás pode indicar que a massa especifica do fluido de perfuração está
inadequada às pressões das formações. Assim, a ocorrência de um influxo pode ser iminente.
Fluido de perfuração cortado por gás e/ou óleo. Um corte de gás e/ou óleo pode indicar que
um kick está ocorrendo. Neste caso, a vazão do fluido invasor para o interior do poço é pequena
e ele está sendo disperso no fluido de perfuração em circulação.
Corte de gás causado pelos cascalhos cortados pela broca pode também indicar que a
ocorrência de um influxo é iminente. Alterações na salinidade da lama e consequentes
variações nas propriedades reológicas podem indicar contaminação do fluido de perfuração
por água da formação com pressão anormalmente alta. Corte de água salgada e alterações na
77
salinidade da lama podem indicar kick de água das formações. Esses indícios ocorrem
associados e quando um cenário de ocorrência de kick é reconhecido, faz-se um flow check.
Se houver fluxo, o poço deverá ser fechado de imediato para minimizar o volume do fluido
invasor para o interior do poço.

Figura 50: Kick de gás em fluido a base de água e a base óleo

9.2.3 TEOR DE GÁS NO FLUIDO DE PERFURAÇÃO

Conforme discutido acima, aumento na concentração de gás de manobra e conexão


medidos no detector de gás pode ser um indicativo que a pressão de poros está aumentando.

9.2.4 INFORMAÇÕES DO PWD “PRESSURE WHILE DRILLING”


RELATIVAS À ECD

O acompanhamento sistemático dos dados fornecidas pelo PWD em tempo real, como
pressão no anular no fundo, ECD, pressão no interior da coluna no fundo, temperatura, pode
auxiliar na previsão de possíveis problemas durante a perfuração, tais como pack off, perda de
circulação, influxos, limpeza do poço, efetividade dos tampões viscosos, etc.
O referido acompanhamento não deve ser feito de maneira isolada, uma vez que o
comportamento do ECD varia em função de inúmeras variáveis: ROP, RPM, vazão, reologia
do fluido, carreamento dos cascalhos, geometria e profundidade do poço, dentre outras, mas
de maneira sistemática e constante, durante a perfuração, a fim de se identificar (em tempo
hábil) a ou as causas da variação do ECD.
78
9.2.5 DETECÇÃO DO AUMENTO DA PRESSÃO DE POROS

Conforme discutido previamente, há sempre o risco da ocorrência de um kick quando


perfurando em áreas onde são encontradas pressões de formação anormalmente altas. Quando
a pressão anormalmente alta é causada pelo fenômeno da subcompactação, existe uma zona de
transição na qual a pressão de poros aumenta gradativamente com a profundidade. Nessas
zonas, certas propriedades das formações e do fluido de perfuração são alteradas indicando e
em alguns casos quantificando o aumento da pressão de poros.
A observação e análise destes indicadores, durante perfuração, são necessárias pois
exigem a tomada de ações preventivas para evitar a ocorrência do kick como o aumento da
massa especifica do fluido de perfuração. Os indicadores mais importantes que ocorrem
durante a perfuração são descritos na sequência.

9.2.6 INFORMAÇÕES DO LWD “LOGGING WHILE DRILLING”


RELATIVAS À RESISTIVIDADE E AO TEMPO DE TRÂNSITO

Atualmente na perfuração de todos os poços marítimos são utilizadas as ferramentas de


LWD e as medidas de resistividade e de tempo de trânsito das rochas perfuradas são obtidas
em tempo real, à menos de uma pequena diferença entre a profundidade da broca e a
profundidade onde estão instalados os sensores dos perfis sônicos e de resistividade A
diminuição da resistividade e/ou o aumento do tempo de trânsito podem indicar que uma zona
de pressão de formação anormalmente alta está sendo perfurada.
Existem indicadores ou avaliadores de pressão anormalmente altas antes da perfuração,
que utilizam dados do levantamento sísmico, como aumento do tempo de trânsito em zonas de
pressão anormalmente alta e após à perfuração através de perfis sônicos e de resistividade e os
testes de formação TFR. É utilizado o Método de Eaton na estimativa dessas pressões.

9.2.7 MUDANÇA NO TAMANHO, DENSIDADE E FORMATO DOS


CASCALHOS

Os cascalhos provenientes de zonas de pressão de formação anormalmente alta são


maiores e alongados, apresentando extremidades angulares e superfície brilhante. A quantidade
de cascalhos aumenta quando se está perfurando zonas altamente pressurizadas resultando em
problemas de aumento de torque e arraste, mudança na rotação (RPM) e enchimento do fundo
do poço com cascalhos após as conexões e manobras.
As formações com pressão anormalmente alta possuem um teor de água maior que as
com pressão normal devido ao fenômeno da subcompactação. Assim, os cascalhos

79
provenientes das formações anormalmente pressurizadas possuem densidades menores que os
das formações normalmente compactadas.

Figura 51: Amostras de cascalhos

9.2.8 AUMENTO DA TEMPERATURA DO FLUIDO

A temperatura do fluido de perfuração que retorna do poço normalmente aumenta


bastante na zona transição indicando a existência de uma zona alta pressão.

9.2.9 AUMENTO DA TAXA DE PENETRAÇÃO (DRILLING BREAK


POSITIVO)

É um indício secundário de kick, pois alterações na taxa de penetração podem ter outras
causas tais como variações do peso sobre broca, da rotação ou da vazão ou mudanças das
formações cortadas pela broca. No caso de kick, o aumento da taxa de penetração é decorrente
da existência de um diferencial de pressão negativo atuando na formação que está sendo
perfurada.
Em alguns casos, principalmente quando ocorre um kick durante à perfuração de
formações moles, o aumento verificado na taxa de penetração pode ser bastante significativo.
Na ocorrência do aumento da taxa de penetração, a equipe de perfuração deve estar atenta aos
outros sinais de kick. Deve ser realizado um flow check após a ocorrência de um aumento
brusco da taxa de penetração.
Quando todos os fatores que afetam a taxa de penetração são mantidos constantes e um
aumento consistente neste parâmetro é observado, é provável que uma zona de transição esteja
sendo perfurada. Assim, o aumento da taxa de penetração causado pela redução do diferencial
de pressão sobre a formação pode ser usado como um indicador de zonas de alta pressão.
Além disso, a normalização da taxa de penetração em relação à rotação da broca, ao
peso sobre broca, ao diâmetro da broca e à densidade da lama já foi muito utilizada na indústria
80
do petróleo para se estimar a magnitude da pressão de poros das formações, entretanto com o
avanço tecnológico as ferramentas de perfilagem em tempo real passaram a ser muito utilizadas
para fornecer valores de resistividade e tempo de trânsito das rochas como parâmetros para
estimativa da pressão de poros das formações.

9.2.10 POÇO ACEITANDO MENOS LAMA DO QUE O VOLUME


CALCULADO DURANTE AS MANOBRAS

Constitui-se em um indício primário de kick, é um comportamento no qual o poço aceita


um volume de fluido menor que o volume de aço retirado ou que na descida da coluna o poço
devolve mais fluido que o volume de aço introduzido no poço. Para detectar este
comportamento, a manobra deve ser acompanhada utilizando-se programas de abastecimento
do poço com o uso do tanque de manobra.
Caso esse comportamento seja observado, a manobra deve ser interrompida para
realização de um flow check. Caso haja fluxo, o poço deve ser fechado imediatamente. Todas
as sondas de perfuração devem possuir tanque de manobra.

9.3 DETECÇÃO KICKS EM PERFURANDO EM LÂMINAS D’ ÁGUA


PROFUNDAS

Em perfurações em águas profundas, a utilização de unidades de mud logging é


requerida para a detecção de zonas de pressões anormalmente altas. A utilização dessas
unidades possibilita também um melhor acompanhamento das operações de perfuração e de
manobra no que diz respeito à prevenção e detecção do kick, minimizando assim o seu volume
no caso da sua ocorrência. Além dos sensores existentes nas unidades de mud logging, a sonda
deve possuir dois métodos distintos de detecção de influxos:
• Através da medição dos volumes dos tanques de lama com o sensor de nível dos tanques
e com o registrador gráfico do volume dos tanques;
• Através da medição do diferencial de vazão (delta flow).

Recomenda-se ter dois sensores de nível instalados em posições opostas na diagonal do


tanque para trabalhar com a média das variações de nível. Os volumes de kick detectados nas
perfurações de poços em lâmina d'água profunda no Brasil são da ordem de 10 bbl. Os testes
realizados nos sistemas de detecção de kick das sondas flutuantes em operação para a Petrobras
no Brasil mostram que em 97% dos ganhos produzidos são detectados com volumes inferiores
à 10 bbl.

81
9.4 FATORES QUE PODEM DIFICULTAR A DETECÇÃO DE UM KICK EM
SONDAS FLUTUANTES

• Transbordamento de fluido nas peneiras;


• Movimentação de guindaste;
• Condições climáticas;
• Variação do nível do mar (heave);
• Transferência de fluido do ou para o sistema sem avisar o sondador;
• Fluido de perfuração à base de óleo e zonas de baixa permeabilidade;
• Efeito ballooning;
• Quando é ligado ou desligado o desareador ou o dessiltador sem comunicar ao
sondador.

9.5 IMPORTÂNCIA DA RÁPIDA DETECÇÃO DO KICK

Sabe-se que quanto mais cedo o kick for detectado e o poço fechado o volume ganho
será menor e consequentemente menores pressões teremos e mais fácil será a sua circulação
devido a maior margem de segurança para o controle, principalmente quando se projeta o poço
considerando a tolerância de kick.

Pmáx Fratura
P2

SICP
SIDPP Influxo P1

0 Vk Vmáx

Figura 52: Margem de segurança na Tolerância de um kick

Quanto mais cedo fecharmos o poço melhores condições teremos para sua circulação,
visto que aumentamos a área em destaque na figura acima, que determina a margem de
segurança na tolerância ao kick, tanto no fechamento quanto para início da circulação.
Portanto, quanto mais cedo o kick for detectado e o poço fechado, teremos:

a) Minimizado o volume do kick;


b) Maior margem de controle;
c) Menores pressões desenvolvidas durante a circulação;
d) Evitado vazamento de gases venenosos;
e) Evitado poluição ambiental;
82
f) Evitado risco potencial de incêndio;
g) Evitado perdas de equipamentos e ou vidas humanas;
h) Maior facilidade do controle.

10 PROCEDIMENTOS DE FECHAMENTO DE POÇO E VERIFICAÇÃO

10.1 PERFURANDO (DRILLING) E MANOBRANDO (TRIPPING)

O procedimento para fechamento do poço é iniciado imediatamente após o kick ter sido
detectado. Existem dois métodos de fechamento de poço: Método Hard Shut In e Método Soft
Shut In.

Figura 53: Poço fechado em kick

10.2 MÉTODO DE FECHAMENTO HARD (RÁPIDO)

O choke permanece fechado durante as operações normais de perfuração e o BOP é


fechado com ele fechado. Esse método permite o fechamento do poço em um tempo menor,
reduzindo assim o volume do influxo, e sua implementação é mais simples, pois possui um
passo a menos que o outro. Devido à maior simplicidade do método rápido e ao menor volume
de influxo gerado, recomenda-se que esse método seja usado no fechamento de poço tanto em
terra quanto no mar.

83
Estudos teóricos e experimentais recentemente publicados também mostraram que o
aumento de pressão devido ao golpe de aríete gerado durante o fechamento rápido não é muito
significativo, quando comparado ao aumento da pressão de fechamento no choke, devido ao
volume adicional de gás obtido, caso o método lento tivesse sido implementado.

10.2.1 SEQUÊNCIA DO MÉTODO DE FECHAMENTO HARD DURANTE A


PERFURAÇÃO (CHOKE HIDRÁULICO 100% FECHADO)

1º) Retirar a coluna do fundo;


2º) Parar a rotação;
3º) Desligar as bombas;
4º) Fechar o preventor anular;
5º) Abrir as válvulas submarinas;
6º) Alinhar o retorno do riser para o trip tank, registrar as pressões na superfície (SIDPP e
SICP) e volume ganho.

10.2.2 SEQUÊNCIA DO MÉTODO DE FECHAMENTO HARD DURANTE A


MANOBRA DA COLUNA (CHOKE HIDRÁULICO 100% FECHADO)

1º) Instalar a válvula de segurança de coluna (TIW) aberta;


2º) Fechar a válvula de segurança de coluna (TIW);
3º) Fechar o BOP anular;
4º) Abrir as válvulas submarinas;
5º) Monitorar o trip tank, registrar as pressões na superfície (SIDPP e SICP) e volume ganho.

10.3 MÉTODO DE FECHAMENTO SOFT (LENTO)

O choke permanece aberto durante as operações normais de perfuração e o BOP é


fechado com ele aberto. Esse método tem a vantagem de impedir um impacto de pressão no
fundo do poço e na sapata gerado pelo golpe de aríete, minimizando assim uma possível fratura
no ato do fechamento. Porém, esse método permite que entre um maior volume de kick no
poço que poderá resultar em altos diferenciais de pressão no poço, e assim fazendo com que a
pressão no choke se aproxime da máxima pressão permissível no choke (MAASP),
dificultando assim a operação de controle do poço.

10.3.1 SEQUÊNCIA DO MÉTODO DE FECHAMENTO SOFT DURANTE A


PERFURAÇÃO (CHOKE HIDRÁULICO 50% ABERTO)

1º) Tirar a coluna do fundo;


2º) Parar a rotação;
84
3º) Desligar as bombas;
4º) Abrir as válvulas submarinas;
5º) Fechar o preventor anular;
6º) Fechar 100% o choke hidráulico;
7º) Alinhar o retorno do riser para o trip tank e registrar as pressões na superfície (SIDPP e
SICP) e volume ganho.

10.3.2 SEQUÊNCIA DO MÉTODO DE FECHAMENTO SOFT DURANTE A


MANOBRA (CHOKE HIDRÁULICO 50% ABERTO)

1º) Instalar a válvula de segurança de coluna (TIW) aberta;


2º) Fechar a válvula de segurança de coluna (TIW);
3º) Abrir as válvulas submarinas;
4º) Fechar o BOP anular;
5º) Fechar 100% o choke hidráulico;
6º) Monitorar o trip tank, registrar as pressões na superfície (SIDPP e SICP) e volume ganho.

10.3.3 VERIFICAÇÃO DO FECHAMENTO DO POÇO

Após o fechamento do poço, a equipe de perfuração deve certificar-se de que o poço


está realmente fechado e de que não há vazamentos pelo espaço anular (através do BOP), pela
coluna de perfuração (manifold de injeção e válvulas de alívio das bombas), pela cabeça do
poço (fluxo externo ao revestimento) ou pelo choke manifold (choke ou através das linhas de
descarga).

10.3.4 GAVETA CEGA CISALHANTE

É a gaveta mais importante do BOP, responsável por fechar o poço de forma estanque,
isolando-o do meio exterior e constituindo barreira de segurança. A gaveta cega cisalhante
deve exercer sua função fechando o poço tanto sem coluna (kicks que ocorrem sem a coluna
estar no poço) quanto eventualmente cortando a coluna de perfuração em situações de
emergência tais como a perda de posicionamento de uma sonda DP ou simplesmente se os
preventores anulares e as gavetas de tubos (fixas ou variáveis) não conseguirem vedar o poço
durante um influxo. Logo, a gaveta cega cisalhante deve garantir a estanqueidade do poço para
impedir que o fluxo de fluidos da formação continue e se perca o controle do poço resultando
em blowout.

85
10.3.5 FERRAMENTAS NÃO CISALHÁVEIS

A coluna de perfuração é constituída por diferentes tipos de tubulação e nem todas


podem ser cisalhadas ou cortadas pelas gavetas do BOP. O sondador deve informar ao DPO
quando algum tipo de equipamento não-cisalhável estiver prestes a ser inserido através do
BOP. Este é um momento em que uma boa comunicação é necessária. Se houver qualquer tipo
de problema com o equipamento de posicionamento, o sondador pode fazê-lo, colocando-se
acima do BOP, quando se direcionando para dentro do poço aberto.
Quando movimentando para fora do poço, pode se posicionar abaixo do BOP aonde a
coluna pode ser cortada até que os problemas no equipamento sejam corrigidos. Dependendo
de onde as operações de perfuração estejam ocorrendo em determinado momento, a equipe
pode usar outros métodos para liberar a coluna ou revestimento. A coluna pode ser deixada a
cair e o BOP liberado sem o fechamento das gavetas. A equipe designada necessita de tempo
para a realização destas operações.
Se o alarme amarelo der o alerta em um bom momento e o sondador suspender a coluna
do fundo e já puder posicionar a coluna para um possível cisalhamento, o trabalho será
facilitado após o soar do alarme vermelho. A tool joint pode ser suportada pela gaveta de tubos
de diâmetro fixo enquanto as gavetas cisalhantes operam, com a coluna permanecendo no
lugar. Quando tudo estiver resolvido e a emergência sanada, o LMRP pode ser reconectado ao
BOP.

10.3.5.1 JUNTAS CÔNICAS

Os tubos de perfuração são normalmente fabricados tubos de aço sem costura feitos por
extrusão, reforçados nas extremidades para permitir que uniões cônicas sejam soldadas nestas
extremidades. Existem tubos de perfuração de outros materiais (por exemplo alumínio) para
aplicações especiais.

Figura 54: Juntas cônicas

Na especificação do tubo de perfuração devem constar as seguintes informações:


diâmetro nominal, peso nominal, grau do aço, tipo de reforço, comprimento nominal, grau de
86
desgaste e as características especiais. O diâmetro nominal é o diâmetro externo do corpo do
tubo. Os mais utilizados estão entre 2 3/8” e 6 5/8”.
O peso nominal é o valor médio do peso do corpo com os Tool Joints (Uniões Cônicas).
Com o peso nominal e o diâmetro nominal se determinam as outras características. O grau do
aço indica as tensões de escoamento e de ruptura do tubo de perfuração. Por exemplo: E-75
(75000 psi de tensão de escoamento), X-95, G-105, S -135.Ocomprimento é o tamanho médio
dos tubos de perfuração. Existem três grupo sem função do comprimento:
• Range I: 18 a 22 pés (média 20 pés);
• Range II: 27 a 32 pés (média 30 pés);
• Range III: 38 a 45 pés (média 40 pés);

A maioria das sondas utiliza tubos de perfuração com range II. O reforço na
extremidade do tubo (upset ) tem a função de criar uma área com maior resistência onde é
soldada a união cônica. Este reforço pode ser: Interno (IU) - Internal Upset, Externo (EU) -
External Upset, Misto (IEU) - Internal-External Upset.

Figura 55: Upsets

10.3.5.2 WIRELINE

Procedimentos de fechamento enquanto operando com wireline são muito críticos para
toda a equipe que trabalha na sonda.

Casos de fechamento em operações com wireline:

• Fechar o poço enquanto operando com wireline através do BOP sem lubrificador;
• Fechar o poço enquanto operando com wireline através do BOP com lubrificador;

Primeiro caso:
Passo 1 – Parar a operação
Passo 2 – Fechar o poço, seguindo estes procedimentos

87
a) Fechar o preventor anular para que sua unidade de vedação esprema a “wireline”. Pode
ser necessário aumentar a pressão de fechamento para obter uma vedação efetiva.
b) Abrir a válvula HCR contra o choke totalmente fechado.
c) Usar o trip tank para ver se o fluxo está parado e o poço totalmente fechado.
d) Informar aos supervisores.

O poço, em determinadas situações, pode não ser totalmente fechado através do preventor
anular. Portanto, deve-se considerar o corte da “wireline” para, então, possibilitar o fechamento
do poço.

Segundo caso:
Passo 1 – Parar a operação
Passo 2 – Fechar o poço, seguindo estes procedimentos

a) Energizar os selos no lubrificador. Pode ser necessário aumentar a pressão de


fechamento para obter uma vedação efetiva.
b) Abrir a válvula HCR contra o choke totalmente fechado.
c) Usar o trip tank para ver se o fluxo está parado e o poço totalmente fechado.
d) Informar aos supervisores.

10.4 MONITORAMENTO E ATIVIDADES APÓS O FECHAMENTO

10.4.1 MONITORAMENTO DE FLUXO NO RISER APÓS O FECHAMENTO

Em águas ultraprofundas, nas fases iniciais da perfuração o comprimento do riser é


maior que o do poço. Assim, é possível que após o seu fechamento certa quantidade de gás
tenha ficado acima do BOP, isto é, dentro do riser de perfuração. Isto ocorrendo, o gás
representará um perigo potencial, pois ele poderá migrar e se expandir rapidamente próximo à
superfície causando acidentes na embarcação e possível colapso do riser.
Desta forma, o correto a se fazer é alinhar o retorno do riser para o tanque de manobra
(trip tank), caso a presença de gás no riser seja confirmada (retorno de fluido de perfuração do
riser na superfície), o sistema de diverter deve ser fechado direcionando esse gás para fora da
plataforma. É recomendável circular o fluido de perfuração de uma maneira controlada através
da linha de booster para acelerar a expulsão do gás do riser.

10.5 REGISTRO DAS PRESSÕES DE FECHAMENTO

Após o fechamento de um poço em kick, passamos ao momento de vigilância máxima,


para tomarmos as atitudes de controle. Inicialmente teremos um aumento das pressões de
cabeça, que serão registradas no manômetro do Bengala ou Drill Pipe, SIDPP: Shut-in Drill
88
Pipe Pressure, e no manômetro das linhas de choke e kill (manômetros relacionados ao
revestimento), SICP: Shut-in Casing Pressure.

Figura 56: Leituras de SIDPP e SICP

Decorrido um determinado intervalo de tempo após o fechamento do poço, teremos as


pressões SIDPP e SICP com seus valores constantes (Intervalo de Tempo de Estabilização das
pressões de fechamento). Tendo ocorrido um kick num processo de perfuração, supondo que
o influxo tenha ocorrido no espaço anular, devido ao fluxo ascendente do fluido de perfuração,
nesse espaço, teremos SIDPP < SICP, pois a pressão hidrostática da coluna (fluido limpo) será
maior do que a pressão hidrostática do espaço anular (fluido + gás).

10.6 ANALISANDO AS CONDIÇÕES DE FECHAMENTO

Como observado na figura abaixo, as curvas das pressões de fechamento apresentam


trechos de crescimento rápido logo após o fechamento e com as taxas de crescimento reduzindo
com o passar do tempo até atingirem valores estabilizados. Nesse instante, ocorre a
estabilização no fundo do poço, pois a pressão de fundo iguala-se à pressão da formação
geradora do kick.

A duração desse período depende de algumas variáveis, tais como: tipo de fluido,
permeabilidade e porosidade da formação e diferença entre as pressões da formação e
hidrostática do fluido do poço. Dessa forma, não existe um valor arbitrário para essa duração.
89
Gráfico 2: Estabilização das pressões de fechamento

O valor de SIDPP é normalmente menor que o de SICP, pois, na maioria dos influxos,
só existe fluido invasor no espaço anular. Entretanto, existem situações nas quais o contrário é
observado. As possíveis causas para esse comportamento anormal são:

• Excesso de cascalhos no espaço anular;

• Manômetros defeituosos;

• Gás no interior da coluna;

• Bloqueio do espaço anular (desmoronamento ao redor do BHA);

10.6.1 REGISTRANDO O VALOR DE SIDPP QUANDO TEM FLOAT VALVE


NA COLUNA

Se existir uma float valve na coluna de perfuração, deve-se utilizar o seguinte


procedimento para se determinar o valor de SIDPP, pois o manômetro do bengala inicialmente
estará lendo 0 (zero) psi:
(1) Bombear fluido lentamente (5 spm, por exemplo) para o interior da coluna de perfuração.
(2) Observar quando ocorrerá o aumento de SICP, uma vez que SICP comece a aumentar
significa que a float valve se abriu.
(3) Desligue a bomba, o registro de pressão no tubo bengala menos o acréscimo de pressão do
SICP, será o SIDPP original.

90
Exemplo:

Dados de fechamento:

SIDPP = 0 psi

SICP (inicial) = 520 psi

Dados após o bombeio para abertura da float valve:

Pressão no tubo Bengala: 380 psi

SICP (final) = 600 psi

Calculando o acréscimo de pressão de SICP:

Acréscimo = SICP (final) – SICP (inicial)

Acréscimo = 600 – 520 = 80 psi

Calculando o valor de SIDPP:

SIDPP = Pressão no tubo Bengala – Acréscimo

SIDPP = 380 – 80 = 300 psi

(300 psi é o valor original de SIDPP)

Um kick pode ser constituído de água salgada, óleo, gás ou de uma combinação deles.
Se o influxo for de gás, este pode ser natural, sulfídrico (H2S) ou carbônico (CO2). Os dois
últimos são tóxicos e requerem equipamentos de segurança de poço e procedimentos
preventivos e de controle específicos. Quando, no poço, existe gás livre, o controle deste torna-
se mais difícil, devido às suas propriedades de expansão e à grande diferença entre as massas
específicas do gás e do fluido de perfuração.

10.6.2 PRESSÃO NO FUNDO DO POÇO APÓS O FECHAMENTO DO POÇO


(BHP = PF)

Se não houver fluido invasor no interior da coluna de perfuração, o valor estabilizado


de SIDPP representa o desbalanceamento hidrostático do poço, ou seja, a diferença entre a
pressão da formação e pressão hidrostática do fluido original. Este valor independe do volume
de kick que tenha entrado no espaço anular do poço. Em contrapartida, o valor do SICP é

91
dependente do volume do influxo, ou seja, quanto maior for o volume de kick, maior será o
valor de SICP.

• Através da coluna:

BHP = SIDPP + PH da coluna

• Através do revestimento (anular):

BHP = SICP + (PH do fluido acima do kick + PH do kick)*

* (PH do fluido acima do kick + PH do kick) = PH do espaço anular

O valor do SIDPP é utilizado para calcular tanto a pressão da formação quanto a


densidade do fluido de matar (lama de matar) por ser normalmente o diferencial de pressão
lido no local onde só tem o fluido limpo.

Calculando a pressão da formação:

PF = PH da coluna + SIDPP

10.7 LAMA DE MATAR (KILL MUD)

Em estudos de controle de poço, para definir-se o acréscimo de peso a ser dado à lama
nova (peso da lama para matar o poço), deve-se levar em consideração a pressão SIDPP. A
tomada deste valor de pressão deve-se ao fato de que a coluna de perfuração se encontra cheia
de lama homogênea (limpa) proveniente dos tanques de lama.
Para se saber ainda de quanto o peso da lama deve ser aumentado para matar um poço,
faz-se necessário conhecer antes qual é o peso da lama que está no interior da coluna e qual o
valor da SIDPP medida. A SICP pelo contrário, no anular do poço aberto ou do revestimento
a lama está “suja” contendo cascalhos, gás ou óleo ou água salgada, tornando-se difícil obter
um valor preciso quanto ao aumento do peso da lama necessário para controlar o poço.

Calculando a lama de matar:

ρmatar = (SIDPP ÷ 0,1704 ÷ TVD) + ρatual

10.8 KICK EM POÇOS HORIZONTAIS

Quando o kick está no trecho horizontal do poço os valores de SIDPP e SICP serão
aproximadamente iguais, pois a pequena altura do kick afeta muito pouco a pressão hidrostática
do espaço anular fazendo com que o seu valor seja muito próximo da hidrostática da coluna de
perfuração.
92
Figura 57: Kick no trecho horizontal do poço

Figura 58: Kick no trecho vertical do poço.

Quando o kick passa para o trecho vertical a sua altura muda consideravelmente,
conforme mostrado na figura acima, afetando assim a hidrostática do espaço anular, fazendo
com que agora o diferencial de pressão no espaço anular se torne muito mais alto. Outro ponto
a se ponderar é que não tem migração do gás em poços horizontais caso o gás esteja no trecho
horizontal do poço. Enquanto o kick de gás estiver sendo circulado ainda no trecho horizontal
o nível dos tanques na superfície permanecerá aproximadamente constante, pois o gás
dificilmente conseguirá expandir dentro da parte horizontal do poço.

93
10.9 KICK ABAIXO DA BROCA

Quando o kick se encontra totalmente abaixo da broca os valores de SIDPP e SICP


serão iguais, devido à altura do kick ser igual tanto para a coluna quanto para o espaço anular,
ou seja, a redução de hidrostática será a mesma nos dois lados.

Figura 59: Kick abaixo da broca

Observação: quando o kick é gerado por pistoneio (swabbing) nós teremos diferencial de
pressão no espaço anular, mas não teremos diferencial de pressão pela coluna de perfuração
(ou seja, SIDPP = 0 psi), pois o kick foi induzido não foi por falha da pressão hidrostática.

10.10 EFEITO BALLOONING

Em uma formação com baixa resiliência, quando as bombas estão ligadas, as perdas de
carga no anular juntamente com a pressão hidrostática do fluido de perfuração exercem uma
sobre pressão sobre a formação (folhelhos, por exemplo) gerando perdas de fluido para a
formação. Quando as bombas são desligadas, essas perdas “desaparecem” e ocorre uma
diminuição da pressão sobre as rochas podendo ocorrer uma pequena diminuição no diâmetro
do poço, causando uma expulsão dos fluidos do anular para fora do poço gerando uma falsa
impressão de kick que poderia ser resultante tanto do influxo dos fluidos de alguma formação
porosa e permeável para dentro do poço como resultado da expansão de gás dentro do poço.

94
Figura 60: Efeito ballooning

Quando um poço é fechado e ele estava sofrendo efeito ballooning poderemos ter dois
cenários diferentes de pressão no poço, um deles é SIDPP e SICP iguais a 0 (zero) psi, o outro
cenário é SIDPP e SICP mostrando uma leitura de pressão (exemplo: ambos iguais 200 psi),
isso é resultado de uma pressão trapeada devido à formação não ter devolvido todo fluido que
foi pra ela. Porém, neste caso precisará fazer a drenagem de parte dessa pressão para saber se
não é uma situação de kick, pois nem toda pressão é pressão trapeada.
Durante os anos, tornou-se fato estabelecido na indústria que a estabilidade do poço é
um dos fatores primordiais para a segurança e eficiência da perfuração e o conhecimento da
estabilidade dos folhelhos e outras rochas são fundamentais a esse respeito. Quando as rochas
se comportam de forma “estável”, não há problemas de “inchamentos” ou desmoronamentos.
No entanto, quando há um comportamento “instável”, problemas de estabilidade de
poços ocorrem. O mecanismo de instabilidade é similar, em alguns casos, ao que ocorre nas
formações salinas. Os folhelhos são formações argilosas, impermeáveis e, em alguns estudos,
percebeu-se que, de maneira semelhante ao sal, os folhelhos possuem um comportamento
plástico.

As seguintes diretrizes irão ajudar o pessoal a identificar o efeito ballooning:

• Perda de fluido – é preciso que haja perda de fluido para a formação para que haja
retorno quando as bombas estiverem desligadas;
• Retorno com as bombas desligadas e queda na taxa de fluxo ao longo do tempo – é
preciso um alinhamento com o trip tank e uma monitoração do poço. Acompanhar o
volume do fluxo de retorno a cada minuto ajuda a diferenciar o retorno de fluido
diminui com o passar do tempo. O importante é: a taxa de retorno de fluido deve
diminuir o tempo todo. Se não diminuir, uma situação de controle de poço deve ser

95
considerada. Monitorar o poço demanda tempo e todo o pessoal envolvido deve ser
paciente;
• Quanto mais fluido a formação absorver, mais rápido será o retorno e mais demorado
será o tempo para que o poço volte à condição estática (quando o retorno for
interrompido completamente);
• O fluido de retorno da formação pode trazer gás ou água – é comum que o fluido venha
cortado por gás ou contaminado por água da formação a uma profundidade
proporcional, ao ser circulado um bottom’s up.

Há algumas regras importantes se tratando do efeito ballooning:

• Considere a situação como sendo um kick até que se tenha certeza de que o ocorrido
foi o efeito ballooning;
• Perda de fluido para a formação deve ocorrer primeiro, para que se tenha um retorno –
se é observado um retorno de fluido sem antes perda de fluido para a formação, um
efeito ballooning não pode ser caracterizado;
• Em um poço ballooning, a taxa de retorno irá cair ao longo do tempo, em um poço
normal, porém, essa taxa tende a aumentar.

A tentativa de minimizar ou interromper a perda de fluido para a formação é a melhor


forma de prevenir o efeito ballooning. Há diversas formas de prevenir essa perda, dentre
algumas podemos citar:

• Monitorar o peso equivalente de circulação – desenvolver um cronograma para que o


bombeio de forma a minimizar o valor do ECD e ainda obter uma boa limpeza do poço;
• Selecionar o BHA e uma broca apropriados – esses parâmetros afetam diretamente as
perdas de carga no espaço anular;
• Propiedades do fluido de perfuração – não manter uma reologia alta do fluido enquanto
perfurando. Além do mais, uma espessura de reboco adequada irá ajudar a selar os
poros da formação e minimizar as perdas de fluido no poço. É importante tentar manter
as propriedades do fluido original e fazer o tratamento adequado;
• Utilizar ferramentas de PWD para monitorar a pressão no fundo do poço;
• Entender o comportamento das formações e rochas – entender a resiliência da formação
e o quando isso interfere no design do poço. Ao mesmo tempo em que se tenta manter
o peso do fluido alto para se obter um overbalance, pode-se fraturar as formações já
perfuradas;

96
• Saber onde se encontram as zonas depletoras – as zonas depletoras tem mais tendência
a absorver fluidos. Minimizar o overbalance e manter as propriedades do fluido irá
ajudar a prevenir ou minimizar essas perdas.

São boas práticas de perfuração ligar as bombas vagarosamente, evitar o efeito surging
no poço enquanto manobrando, iniciar a rotacionar a broca vagarosamente por alguns segundos
de forma a quebrar o gel do fluido antes de ligar as bombas.

10.11 MONITORANDO A MIGRAÇÃO DO GÁS

10.11.1 MANTENDO-SE O POÇO FECHADO SEM AS IMEDIATAS ATITUDES DE


CONTROLE

Após a detecção de um kick, o fechamento do poço, a estabilização das pressões com


as respectivas leituras de SIDPP e SICP, imediatamente inicia-se o processo de tentativa de
recuperar o controle do poço, não se pode perder tempo a partir desse instante, pois devido a
diferença de densidade entre o gás e fluido de serviço, a bolha de gás começa um processo de
migração, e a medida que sobe, levando consigo a pressão da formação, teremos um aumento
de pressões em todos os pontos do poço, pondo em risco suas partes mais vulneráveis (a sapata
do último revestimento principalmente) às altas pressões.

Após o período de estabilização, as pressões de fechamento tenderão a subir devido à


migração do gás. Caso não seja possível circular o kick logo após este período, estas pressões
deverão ser monitoradas e no caso delas excederem um determinado valor, por exemplo 50 psi
acima do valor estabilizado, o poço deverá ser drenado através do choke até que o valor de
pressão no tubo bengala volte a ser SIDPP. Caso não seja feita essa drenagem de pressão
poderemos ter um aumento muito grande de pressão no poço como na figura abaixo.

97
Figura 61: Comportamento do fluido invasor mantendo o poço fechado

10.11.2 MANTENDO-SE O POÇO ABERTO

Tem-se consequentemente um blowout. À medida que a bolha migra, mantendo-se o


poço aberto, a pressão hidrostática de lama acima da mesma vai reduzindo, aumentando assim
a sua expansão dentro do poço. Assim sendo, é possível que o kick chegue à superfície,
produzindo um blowout. A expansão do gás pode ser determinada através da equação geral dos
gases reais:

PV = Z ∙n ∙ R ∙ T

Onde:

P = pressão;
T = temperatura;
V = volume;
Z = fator de compressibilidade;
R = constante universal dos gases perfeitos;
n = número de mols.

Aplicando essa equação para dois pontos de diferentes pressões e temperaturas, para
um mesmo n, tem-se:

P1 V1 P2  V2
=
Z1 T1 Z2  T2

98
Os valores de Z podem ser determinados através de ábacos em função das pressões e
temperaturas reduzidas do gás ou de maneira aproximada, para determinado gás, através da
temperatura e pressão no ponto em estudo. Exemplificando: o volume de 2 bbl de gás, que
invade o poço com uma pressão de 5650 psi, a 3000 m de profundidade, se comporta da
seguinte maneira: considerando-se, somente para determinação da ordem de grandeza da
expansão, Z1 = Z2 = 1 (gás ideal) e T1 = T2, tem-se: P1V1 = P2V2.

P1 = 5650 + 15 = 5665 psi


V1 = 2 bbl
P2 = 15 psi
V2 = ?
V2 = 755 bbl

Observa-se que a ordem de grandeza de expansão do gás é de aproximadamente 378


vezes, sendo o poço mantido aberto, e que praticamente dobra a pressão no fundo para o mesmo
sendo mantido fechado, o que fatalmente provocaria a fratura da formação mais fraca se não
fossem tomadas as providências para a drenagem do gás do poço. A partir do esclarecido, fica
então evidente a necessidade de circulação do kick de gás antes que a migração do mesmo
venha a se tornar um problema, estando o poço fechado.

10.12 PRESSÃO TRAPEADA

Quando a operação de stripping é efetuada, existem considerações especiais que


deveriam ser levadas em conta. Duas destas são os efeitos de descida do tubo dentro do poço
fechado e os efeitos de altura do influxo quando a coluna penetra na bolha. Quando o tubo é
descido em poço fechado, as pressões aumentam semelhantemente ao que você observaria
quando bombeando em poço fechado. Em outras palavras, quando o tubo é descido no poço
provoca o crescimento das pressões no fundo do poço, no revestimento, e pressões em geral
no poço.
Inicialmente, uma certa quantidade de pressão trapeada é desejável para impedir influxo
adicional entrar no poço durante o stripping. Em alguns procedimentos de controle de poço,
alguma pressão trapeada é aceitável, porém pressões trapeadas em excesso podem resultar em
perda excessiva de fluido ou fratura das formações. Visando a segurança do poço durante esta
operação, o fluido deve ser drenado na superfície para compensar o volume de tubo adicional
que é stripado (descido) no poço. Há dois modos para fazer isto: uma é o método de contagem
do volume, e o outro é o método de pressão constante na superfície:

99
a) Drenagem de volume
Para o método de drenagem de volume, o volume de fluido necessário a ser drenado
deve ser determinado de acordo com a quantidade de tubo descido, e este volume deverá ser
medido com precisão. O volume pode ser determinado usando a equação:

V = OD2 x 0,00319

Onde:
V = volume de tubo adicional (bbl/m);
OD = diâmetro externo (polegadas).

Outro modo para determinar o volume é pela simples adição do fator capacidade do tubo
(bbl/m) para o fator de deslocamento de tubo (bbl/m).

b) Pressão constante na superfície


O outro método para manter constante a pressão na superfície é através de fluido
drenado através do choke como se fosse tubo corrido. Normalmente este é o método mais fácil,
especialmente quando iniciado, porque não é necessário montar um dispositivo para medir
volumes de fluidos que saem da linha do choke por ser possível sangrar uma quantidade de
fluido como a de tubo movimentado.

c) Penetração do Influxo
Quando a coluna penetra no influxo a altura dos influxos aumentam. Como a altura do
kick aumenta, a pressão hidrostática decresce e a pressão no revestimento aumenta. Um
aumento na pressão do revestimento terá que ser considerado para à superfície, e ajustes do
choke deveriam ser feitos correspondentemente a quantidade de tubo estripado no poço.
Obviamente, o aumento será muito mais significativo se o influxo é de gás, devido a sua menor
densidade.

Prevst = H (GF -GK)

Quando o método de contagem de volume é usado, penetração de influxo não é uma


preocupação desde que a pressão do revestimento subirá por si só automaticamente, quando o
kick é penetrado. Se a pressão na superfície é mantida por este método, a penetração do influxo
terá que ser considerada para um acréscimo de pressão do revestimento. A quantidade de
pressão que aumentará no revestimento pode ser determinada usando a equação:

Prevst = H (GF -GK)

100
Onde:
Prevst = Aumento em pressão do revestimento (psi);
H = Mudança da altura do influxo (ft);
GF = gradiente fluido (psi/ft);
GK = gradiente do kick (psi/ft).

10.12.1 PROCEDIMENTOS DE STRIPPING

Os problemas nas operações de stripping quando o kick é de óleo ou água salgada


existem. Porém, quando o kick é de gás e ocorre a migração há considerações adicionais que
precisam ser levadas em conta. Estas considerações principalmente são relacionadas com
migração de gás e seu efeito sobre as pressões geradas no poço e as próprias operações de
stripping.

Como previamente discutiu-se neste manual, migração de gás com o poço fechado pode
causar acréscimos de pressão ocasionando perda de fluido e possível perda de circulação pode
ocorrer. Durante as operações de stripping num poço contendo gás o fluido deve ser drenado
para compensar o volume adicional de tubo descido no poço durante o stripping e também o
efeito da migração do gás.

11 GRADIENTE DE FRATURA, TOLERÂNCIA AO KICK E PRESSÃO DA


FORMAÇÃO

11.1 RESILIÊNCIA DA FORMAÇÃO

Durante as operações de perfuração ou controle do poço em kick, as pressões incidentes


sobre o poço devem estar dentro de certos parâmetros (janela operacional), para evitar novos
influxos e preservar as estruturas do poço e, no caso de um poço em kick, estabelecer uma nova
pressão hidrostática capaz de retomar o equilíbrio.
A janela operacional é composta por pressões mínimas e máximas suportadas pelo
sistema. Durante operações de controle do poço em kick, a pressão mínima pode ser
determinada pela pressão de estabilização no anular (SICP kill), e a máxima será determinada
pela resiliência da formação, isto é, a pressão máxima suportada pela formação logo abaixo da
sapata, geralmente definida pelo teste de absorção (Leak Off Test).

101
Figura 62: Exemplo de janela operacional

Durante a operação de controle do poço em kick as pressões de superfície devem estar


dentro da janela operacional. Caso as pressões estejam abaixo da mínima determinada, um
novo kick poderá ocorrer, e se as pressões ultrapassarem a máxima permitida, a formação
poderá sofrer uma fratura.

11.2 PRESSÃO DE ABSORÇÃO DE UMA FORMAÇÃO (LEAK-OFF TEST)

Em um processo de perfuração o controle do poço só será possível se o sistema for


estanque, ou seja, sem perda de fluido para o mesmo. Portanto utiliza-se o teste de absorção
(Leak-off Test ou LOT) para se determinar o valor limite da pressão de trabalho na superfície
durante o controle do poço, tal pressão somada à pressão hidrostática se tornará maior do que
a pressão da formação e menor do que a sua pressão de fratura.
No gráfico abaixo o ponto A indica o momento em que a formação começa a absorver
fluido, é o ponto conhecido como de pressão de absorção, lida na superfície. Quando o ponto
A é atingido deve-se interromper o teste, pois se atingindo o ponto B do gráfico ocorrerá a
fratura da formação. Qualquer inabilidade do operador nesse processo poderá produzir danos
na formação. A próxima figura mostra o gráfico do teste de absorção de uma formação:

102
Figura 63: Gráfico do teste de absorção de uma formação

Figura 64: Realizando o teste de absorção

103
11.3 PRESSÃO DE FRATURA DE UMA FORMAÇÃO
A pressão de fratura de uma formação corresponde a um valor de pressão capaz de
romper mecanicamente a formação, provocando a absorção de fluidos pela mesma. A pressão
de fratura, caracterizada (Pfrat), de uma formação depende de sua pressão de poros, bem como
das pressões exercidas sobre a mesma por outras formações superiores, também denominada
pressão de sobrecarga, caracterizado (ρ0) ou pressão de Overburden.

Figura 65: Pressão de Overburden

Calculando a pressão de fratura:

Pfrat = PHsapata + PAbsorção

Onde,

Pfrat: pressão de fratura

PAbsorção: pressão de absorção do LOT

A pressão de fratura é também determinada por procedimentos empíricos, que


permitem a determinação do gradiente de fratura (Gfrat) da formação considerada, através de
testes de campo.

Obtendo o gradiente de fratura da formação:

Gfrat = 0, 1704 x ρfrat, onde:

Gfrat: é o gradiente de fratura em psi/m.

0,1704: é a constante ou fator de conversão.


ρfrat: é a densidade equivalente de fratura em lb/gal.

104
11.4 DENSIDADE EQUIVALENTE DE FRATURA (MÁXIMO PESO DE LAMA)

Um dos procedimentos que deve ser realizado após a execução do teste de absorção é
converter a pressão de absorção lida na superfície em peso específico equivalente de absorção
(peso de fratura) na formação mais frágil abaixo da sapata aplicando a fórmula abaixo.

Calculando o peso de fratura:

ρfrat = (PAbsorção ÷ 0,1704 ÷ TVDsapata) + ρteste de absorção ou ρfrat = Gfrat ÷ 0,1704


ou

ρfrat = Pfrat ÷ 0,1704 ÷ TVDsapata

11.5 MÁXIMA PRESSÃO PERMISSÍVEL NO CHOKE (MAASP)

O ponto mais fraco da formação no poço aberto é assumido como sendo a profundidade
da sapata do último revestimento. O poço irá fraturar se a pressão de superfície exceder a
MAASP (Maximum Allowable Annular Surface Pressure), determinada pelo teste de absorção,
o Leak-off test. A pressão de superfície máxima antes de fraturar a formação é chamada
"Maximum Allowable Shut-in Casing Pressure” (MASICP).
A MAASP é a diferença entre a pressão de fratura da formação abaixo da sapata e a
pressão hidrostática que está atuando na sapata, com isso toda vez que a densidade do fluido
de perfuração é alterada, a MAASP deverá ser recalculada.

Calculando a MAASP:

MAASP = (ρfratura – ρatual) x 0,1704 x TVDsapata ou: MAASP = Pfratura - PHsapata

11.6 MÁXIMA PRESSÃO ESPERADA OU ANTECIPADA NA SUPERFÍCIE


(MASP)

O projeto do poço determinará a pressão máxima que pode ocorrer no poço durante a
construção e perfuração do mesmo, a MASP (Maximum Anticipated Surface Pressure), a
pressão mais elevada prevista para ser encontrada na superfície do poço. Esta previsão de
pressão deve basear-se em pressão de formação (PF) menos a pressão hidrostática em uma
situação em que o poço esteja completamente cheio de fluido da formação (geralmente
assumido como gás). Segundo a classe de pressão de um BOP, a pressão que ele deve ser capaz
de suportar é a Máxima Pressão Esperada ou Antecipada na Superfície (MASP).

105
Tabela 1: Classe de pressão do BOP

11.7 FORMATION INTEGRITY TEST (FIT)

Este teste consiste em pressurizar a formação até um limite pré-fixado, correspondente


a um peso específico equivalente que atenda aos requisitos de projeto com base na teoria de
tolerância ao kick. Se durante o teste, a pressão de absorção for atingida, o teste deve ser
interrompido imediatamente. Este teste segue o mesmo procedimento de execução do teste de
absorção com a parada do bombeio ao atingir o valor de pressão pré-estabelecido.

Gráfico 3: Formation Integrity Test

11.8 TOLERÂNCIA AO KICK

Tolerância ao kick é o volume máximo de kick que pode ser tomado e circulado para
fora do poço sem fraturar a sapata. É um conceito que verifica se há ou não a fratura da
formação mais fraca (normalmente assumida na sapata) durante o fechamento do poço após a
106
detecção de um kick. Este conceito é utilizado na fase de projeto de poço na determinação da
profundidade vertical para assentamento da sapata, no acompanhamento da perfuração do poço
e ainda na verificação das condições de segurança do ponto de vista da fratura da formação na
ocorrência de um kick. Como podemos observar no gráfico abaixo, se a intensidade de kick
aumenta o volume máximo de kick diminui.

Gráfico 4: Janela de tolerância ao kick.

À medida que a profundidade do poço aumenta e os dados da sapata se mantém


constantes o volume máximo de kick que pode ser tomado diminuirá. Quando o volume
máximo de kick que pode ser tomado e circulado para fora do poço sem que a sapata frature,
for menor do que a equipe da sonda consegue detectar e fechar o poço, o recomendado é
antecipar uma fase, assentando um liner ou revestimento. A tolerância ao kick subsidia a
definição do valor do peso equivalente de fratura na sapata para o projeto do poço, podendo
ser realizado um teste de absorção “LOT” (Leak Off Test) ou um teste de integridade “FIT”
(Formation Integrity Test).

11.9 FLUXO INTENCIONAL

11.9.1 TESTE DE FORMAÇÃO/PRODUÇÃO

Existem momentos durante a perfuração de um poço em que se necessita efetuar um


fluxo intencional (teste de formação ou teste de produção) para se avaliar o potencial da zona
produtora, se houver kick durante o teste o fluxo será pelo anular e sua causa será ou o
rompimento da formação ou vazamento no packer ou coluna de teste.
107
11.9.1.1 COMPLETAÇÃO

Outra situação em que se tem fluxo intencional é na completação do poço, pode-se


também ter kick durante o canhoneio se o peso do fluido de completação for insuficiente ou
durante o pistoneio para colocar o poço em surgência e neste caso só vazamento na coluna ou
packer poderia provocar um kick.

11.9.2 FINGERPRINTING

O método fingerprinting envolve a medição precisa e a documentação de vários


parâmetros de interesse da sonda e do poço, como qualquer mudança em tempo real dos
volumes de fluido de perfuração nos tanques e/ou das pressões de sub-superfície quando
operações específicas são executadas. Essas operações incluem movimentos da coluna, ligar
ou desligar a bomba de lama, alterações da temperatura do fluido de perfuração, etc. O valor
do fingerprinting consiste em diferenciar a ocorrência esperada (o que poderia ou deveria
ocorrer) com aquilo que realmente ocorreu sob certas condições.
O objetivo geral do fingerprinting é identificar de maneira rápida e correta um influxo
real comparando os dados de tempo real com informações obtidas anteriormente. Os dados
registrados durante uma dada operação fornecem o “comportamento esperado” ou,
simplesmente, o fingerprinting ou assinatura do evento para comparar com a próxima
ocorrência do evento. Uma boa comunicação entre o sondador, o pessoal do Mud Logging e
operador dos equipamentos medidores de pressão de sub-superfície é fundamental para
obterem-se resultados precisos.

12 PRESSÃO DE BOMBEIO

Quando existe circulação em um poco, a somatória das resistências (fricções) ao


movimento do fluido ao longo do seu percurso é o principal elemento que fornece a medida da
pressão de bombeio. Estas resistências são nominadas perdas de carga no sistema de circulação.
No manômetro do bengala, o registro é feito a partir deste ponto.

108
Figura 66: Circulação de fluido

A pressão de bombeio lida durante a circulação é o somatório destas perdas de carga


localizadas quando existe o mesmo fluido, no interior da coluna e anular. Assim tem-se:

PB = Somatório das perdas de carga do sistema

Quando se tem peso de fluidos equivalentes diferentes no interior da coluna e no anular,


a pressão de bombeio é afetada pela diferença de hidrostática, como por exemplo, quando
existe uma grande geração de cascalho. A equação geral da pressão de bombeio ou circulação
é escrita da seguinte maneira:
109
PB = ΔP Linhas de Superfície + ΔP Coluna + ΔP Broca + ΔP Poço Aberto + ΔP
Revestimento + ΔP Riser

As perdas de carga são funções dos parâmetros reológicos, do peso específico do fluido,
do regime de fluxo, dos diâmetros da coluna e espaços anulares, das profundidades (quanto
maiores forem, maiores serão as perdas de carga) e da rugosidade bem como dos diâmetros
dos jatos da broca. As maiores perdas de carga ocorrem em tubulações de diâmetros menores.

12.1 PRESSÃO NO FUNDO DO POÇO

A pressão no fundo do poço é determinada em relação ao estado estático ou dinâmico


do fluido. Em estática, a BHP é apenas a pressão hidrostática gerada pelo fluido de perfuração.
Em dinâmica, a pressão no fundo do poço é a soma da pressão hidrostática com as perdas de
carga do espaço anular.

12.1.1 CONTROLE DE PRESSÃO ANULAR DE FUNDO

Na perfuração, a pressão anular de fundo deve ser mantida dentro da janela operacional,
que é definida por um valor mínimo (pressão de poros ou colapso inferior) e um valor máximo
(pressão de fratura ou colapso superior). A flutuação de pressão fora destes limites pode trazer
riscos à perfuração como um todo.

12.2 DENSIDADE EQUIVALENTE DE CIRCULAÇÃO (Equivalent Circulating


Density - ECD)
Um dos parâmetros mais importantes durante a etapa de perfuração de um poço é o
valor do ECD. O ECD (Equivalent Circulating Density) corresponde ao aumento da pressão
ao longo do poço, expressa em peso de fluido, devido ao atrito do fluido de perfuração entre
as paredes do poço e a coluna de perfuração. Uma das funções do fluido de perfuração é reduzir
esse atrito entre as paredes do poço e da coluna de perfuração, mantendo assim o ECD dentro
da janela operacional que é delimitado pela pressão de poros e pela pressão de fratura. Caso o
ECD fique abaixo do valor da pressão de poros, ocorrerá um Kick, que é um fluxo indevido
para dentro do poço. Por outro lado, se o ECD ficar maior que o valor da pressão de fratura,
ocorrerá uma fratura da formação, gerando perdas de fluido para a formação.

• No fundo do poço

ECD = (ΔP Anular ÷ 0,1704 ÷ TVD) + ρfluido

110
• Na sapata

ECD = (ΔP Anular ÷ 0,1704 ÷ TVDsapata) + ρfluido

Exemplo:

Um poço está sendo perfurado com um fluido de densidade 9,6 lb/gal, a profundidade vertical
(TVD) do poço é de 2410 m, as perdas de carga por fricção no espaço anular são de 150 psi.
Com os dados fornecidos, qual será a densidade equivalente de circulação (ECD)?

ECD = (ΔP Anular ÷ 0,1704 ÷ TVD) + ρfluido

ECD = (150 ÷ 0,1704 ÷ 2410) + 9,6

ECD = 10 lb/gal

Observação: a profundidade medida (MD) do poço afeta a pressões por fricção do poço devido
aos atritos (perdas de carga) de todas as paredes do poço se somarem à pressão hidrostática,
porém essa profundidade medida não afeta a pressão hidrostática do poço. As perdas de carga
vão ocorrer independente se poço é vertical ou se tem algum trecho direcional ou horizontal.

12.3 DENSIDADE EQUIVALENTE ESTÁTICA X DENSIDADE EQUIVALENTE DE


CIRCULAÇÃO

A densidade equivalente estática (Static Equivalent Density - ESD) do fluido de


perfuração aumenta de acordo com que a profundidade vertical aumenta, já que, conforme a
profundidade do poço aumenta, a pressão aplicada sobre o fluido vai aumentando, e fazendo
com que se tenha uma diminuição no volume, o que faz com que a densidade do fluido
aumente. Já a densidade equivalente de circulação corresponde ao aumento da pressão ao longo
do poço, expressa em peso de fluido, devido ao atrito (perdas de carga por fricção) do fluido
de perfuração entre as paredes do poço e a coluna de perfuração.

12.4 POÇO HIDROSTATICAMENTE DESEQUILIBRADO

As perdas de carga do espaço anular durante a perfuração geram acréscimo na pressão


do fundo do poço (BHP), logo a densidade equivalente estática gera a pressão no fundo do
poço quando a bomba está desligada, já quando o poço está em circulação a densidade
equivalente de circulação (ECD) gerada por essas perdas de carga, faz com que a BHP seja
maior que a pressão hidrostática do fluido.
Por isso que em determinados momentos o kick ocorre quando as bombas são
desligadas devido a redução da pressão no fundo do poço, esse é um risco de se trabalhar com

111
o poço desequilibrado hidrostaticamente. Nesse tipo de cenário os kicks ocorreriam em paradas
na perfuração para fazer conexão (tanto kick quanto gás de conexão), por problemas de
bombas, para realizar manobras de retiradas da coluna, por exemplo.

Exemplo:

A pressão hidrostática é de 5000 psi, já a pressão da formação (PF) é de 5100 psi,


enquanto as perdas de carga no espaço anular são de 180 psi. O poço estará em underbalance
quando estiver estático, porém estará em overbalance quando as bombas estiverem ligadas,
conforme mostrado abaixo:

Poço estático: BHP = Pressão hidrostática (BHP: 5000 psi ˂ PF: 5100 psi) = Underbalance;

Poço em circulação: BHP = Pressão hidrostática + Perdas de carga do espaço anular (BHP:
5180 psi ˃ PF: 5100 psi) = Overbalance;

12.5 CONTROLE DE POÇO PRIMÁRIO PARA PERFURAÇÃO CONVENCIONAL


E NÃO CONVENCIONAL

O controle primário do poço, conforme já foi discutido nos capítulos anteriores, é a


pressão hidrostática gerada por uma coluna de fluidos em condições estáticas, esse é o nosso
controle de poço primário em uma perfuração convencional, a vazão de bombeio não é
classificada como barreira de segurança em perfuração convencional, pois não se pode contar
com esse acréscimo de pressão o tempo todo.
O controle primário do poço na perfuração não convencional é fornecido pela pressão
hidrostática do fluido mais a contrapressão aplicada através do MPD para garantir que a pressão
no fundo do poço fique balanceada (balance) com a pressão da formação. Isso se torna
necessário em poços com a janela operacional muito estreita, onde um fluido de densidade
igual a densidade de poros quando o poço está estático, ficaria em overbalance quando
estivesse em circulação, pois passaria de uma densidade equivalente estática (ESD) para
densidade equivalente de circulação (ECD), logo isso poderia exceder os limites de fratura da
formação, mesmo estando com um fluido estaticamente balanceado.
Por isso a perfuração não convencional (com MPD) acaba em alguns poços sendo
necessária, pois o fluido pode trabalhar em underbalance e o MPD fornecendo o restante de
pressão necessária para garantir o controle primário no fundo do poço, nesse tipo de situação
conseguimos diminuir os riscos de fraturar uma formação por excesso de pressões dinâmicas,
e ampliando assim a janela operacional.

112
12.6 PRESSÃO NO FUNDO DO POÇO CONSTANTE (CONSTANT BOTTOM HOLE
PRESSURE - CBHP)

O objetivo é perfurar com um fluido ligeiramente mais leve que o previsto no programa
convencional. Quando a circulação é interrompida para realizar uma conexão ou por qualquer
outro motivo, a backpressure é aplicada pelo sistema de choke manifold conectado ao RCD
(será visto adiante), mantendo-se o nível de overbalance desejável, evitando influxo da
formação para o poço.
Um choke ajustável dedicado é usado para controlar a pressão no anular, independente
se a bomba de lama está ligada ou desligada. A aplicação de pressão mesmo sem ter a vazão
da bomba da sonda pode ocorrer de duas formas: com a linha de booster do BOP circulando
ou com uma bomba dedicada para circular durante a conexão. Desta forma, a variação da
pressão de fundo resultada pela circulação do fluido (ECD) é substituída por uma pressão
aplicada na superfície. Em outras palavras, a densidade do fluido é reduzida e a perda de
hidrostática ou a perda por fricção (AFP) é compensada pela backpressure. Isso permite que a
pressão de fundo seja apenas ligeiramente maior que a pressão de poros, diminuindo as chances
de perda de circulação e de se alcançar a pressão de fratura da formação.
Essa variação de MPD é a mais utilizada atualmente e permite também estender a
profundidade de assentamento das sapatas dos revestimentos, uma vez que permite continuar
a perfuração mesmo com janelas de operação estreitas, podendo até reduzir o número de fases
de um poço.

Figura 67: Representação de como a pressão no fundo do poço é mantida constante usando
CBHP

O MPD usa um sistema fechado de circulação e a pressão de fundo pode ser


rapidamente alterada. A backpressure pode ser gerenciada durante as conexões e em qualquer
113
outra situação, por isso, além de mais eficiente, a perfuração de poços com esse sistema
também é bastante segura e pode responder quase que imediatamente em uma situação
imprevista ou de emergência.

Tabela 2: Convencional x MPD

12.7 CABEÇA ROTATIVA (ROTATING CONTROL DEVICE - RCD)

A cabeça rotativa é o principal equipamento utilizado em operações de Managed


Pressure Drilling e é usada para selar e divergir o fluxo do espaço anular do poço. O elemento
selante é instalado numa espécie de rolamento que permite que o tubo de perfuração seja
rotacionado enquanto a pressão do anular é mantida. Na figura abaixo, é possível observar a
pressão aplicada no elemento de vedação durante sua operação. Periodicamente, deve ser feito
a substituição do elemento de borracha devido a seu desgaste, sua vida útil é afetada
diretamente por fatores como pressão aplicada, rotação da coluna e condições do tubo de
perfuração (Stodle, 2013).

Figura 67: Cabeça Rotativa

As cabeças rotativas utilizadas em operações offshore por sondas flutuantes,


geralmente possuem pressão estática máxima em torno de 2000 psi e, em condições dinâmicas,
114
a pressão máxima permitida cai bastante dependendo da rotação aplicada e gira em torno de
1000 psi e 500 psi com rotações de 100 e 200 rpm, respectivamente (Toralde, J.S., 2012).
Por isso a RCD não pode ser usada como barreira de segurança de poço para a operação
de perfuração, já que suporta baixas pressões. Se a cabeça rotativa for usada por exemplo no
lugar do BOP como barreira de segurança o controle primário do poço acabará sendo perdido
devido aos limites de pressão deste equipamento.
O BOP deverá ser reservado para fechar o poço em casos de kicks apenas, pois o seu
uso afetará o trabalho do MPD em gerenciar a pressão no fundo do poço, já que uma vez que
o BOP esteja fechado o MPD não conseguirá aplicar as pressões de fricção no fundo do poço
para garantir o controle da BHP. Uma vez que o principal objetivo do MPD é evitar o influxo
de fluidos da formação para o poço de uma forma a manter um estado efetivo de overbalance.

12.7.1 CLASSIFICAÇÃO

As operações de Managed Pressure Drilling podem ser classificadas em:

Reativo: O poço é projetado para ser perfurado convencionalmente, mas equipamentos de


MPD são mobilizados na sonda como contingência para solucionar problemas após sua
ocorrência. É mais comum em operações onshore.
Pró-ativo: O poço é projetado para ser perfurado com a técnica de MPD, podendo estender ou
eliminar seções de revestimento. O projeto possui programa específico para revestimentos,
fluidos e diâmetro de poços para auxiliar no controle da pressão no fundo do poço. Essa
categoria de MPD pode oferecer melhores benefícios para a perfuração de poços offshore, uma
vez que pode lidar com os imprevistos da perfuração imediatamente e a detecção de kicks é
mais efetiva.

É importante salientar que o sistema de MPD, a princípio, não é para controlar o poço
no caso de um eventual kick. Para isso existe uma matriz de volume e pressão do influxo para
saber se é possível seguir perfurando ou não com o sistema do MPD. Caso não seja possível,
o poço tem que ser fechado com o BOP e o controle passado pra sonda.

13 DADOS PRÉVIOS

13.1 PRESSÃO REDUZIDA DE CIRCULAÇÃO (PRC)

É a pressão registrada quando o sondador bombeia fluido pela coluna de perfuração


retornando pelo espaço anular numa vazão reduzida. O intervalo normal de registro de uma
PRC é de 20 spm à 50 spm ou de 1 bpm à 5 bpm. A pressão reduzida de circulação deve ser
registrada no início de cada turno de trabalho (a cada 12 horas) ou se ocorrer mudança na
115
composição da coluna de perfuração (troca de BHA) ou mudança de propriedade do fluido de
perfuração ou a cada 150 m ou 200 m perfurados ou a cada mudança na capacidade de
deslocamento da bomba (bbl/stk).

A vazão reduzida de circulação é utilizada pelas seguintes razões:

• Gerar menores pressões de bombeio e assim permitir que o operador do choke tenha
tempo de reagir durante o controle de poço;
• Permitir maior tempo para a separação do gás e da lama no interior do separador
atmosférico;
• Gerar menor pico de vazão de gás na entrada do separador atmosférico e, com isso,
reduzindo a possibilidade de expulsão do selo hidráulico.

Em unidades flutuantes, as perdas de carga por fricção no interior da linha do choke


(∆Pcl) e na linha de kill (são assumidas iguais) devem ser registradas ou cada mudança de
propriedade do fluido ou a cada mudança na capacidade de deslocamento da bomba (bbl/stk).
Devem ser também medidas nas mesmas vazões que se registram as PRCs, a cada 12 horas
deve ser feito o flushing das linhas de kill e choke visando evitar que a gelificação (alta força
gel do fluido) gere maiores pressões de bombeio nos registros de uma bomba quando
comparados com os registros de uma segunda bomba, buscando evitar leituras de pressões
erradas.

13.2 CASO A PRC NÃO TENHA SIDO REGISTRADA (DE FORMA CORRETA) E O
POÇO ENTRE EM KICK, DEVE-SE UTILIZAR O SEGUINTE
PROCEDIMENTO OPERACIONAL:

13.2.1 SONDA COM BOP DE SUPERFÍCIE

Ajustar a bomba até a velocidade reduzida de circulação de 5 spm em 5 spm mantendo


constante a pressão no manômetro do choke igual a SICP, observar no tubo bengala que a
pressão irá subir de SIDPP para PIC, quando a pressão estabilizar basta calcular a PRC pela
relação: PRC = PIC – SIDPP.

13.2.2 SONDA COM BOP SUBMARINO


Ajustar a bomba até a velocidade reduzida de circulação de 5 spm em 5 spm mantendo
constante a pressão no manômetro da kill igual a SICP, observar no tubo bengala que a pressão
irá subir de SIDPP para PIC, quando a pressão estabilizar basta calcular a PRC pela relação:
PRC = PIC – SIDPP.

116
13.3 FRICÇÃO DA CHOKE LINE

Quando perfurando com uso de BOP submarino, o choke normalmente está a uma
grande distância do BOP, dependendo da lâmina d’água. Como discutido anteriormente
qualquer perda de carga que ocorra no espaço anular do poço, se refletirá no fundo do poço e
na pressão na sapata. Isto se torna importante durante as operações de controle considerando
uma perda de carga adicional gerada enquanto circulando através da linha de choke. Se
ignorada, esta perda de carga poderá tronar-se grande o bastante para fraturar a formação na
sapata do revestimento ou no fundo do poço.
Se o método normal de ajuste das bombas para a velocidade de controle é seguida (isto
é, a pressão no choke é mantida igual a SICP até que a velocidade de controle seja alcançada),
a pressão no fundo do poço será aumentada de uma quantidade igual a perda de carga da linha
do choke. Este excesso de pressão pode resultar em sérios problemas de perda de circulação
durante as operações de controle.

Dois métodos são discutidos abaixo para determinar a quantidade de perda de carga da
linha de choke que acontece quando perfuramos com BOP submarino:

13.3.1 MEDIDA DE PERDA DE CARGA NA LINHA DO CHOKE ATRAVÉS DA


DIFERENÇA DA PRC VIA RISER E DA PRC VIA CHOKE
1. Registrando a PRC via Riser: Bombeia-se fluido pela coluna de perfuração com retorno
da circulação através do riser com o BOP aberto, essa pressão será lida no mesmo manômetro
que lê a pressão na coluna usado para circular o kick do poço.

Exemplo: Nas vazões de 30 spm, 40 spm e 50 spm.

2. Registrando a PRC via Choke: Feche o BOP (preventor anular) e abra as válvulas
submarinas da linha de choke e todas as válvulas do choke manifold de superfície, e então
bombeia-se fluido pela coluna de perfuração com retorno da circulação através da linha de
choke com o BOP fechado.

3. A diferença entre as PRCs nos dará a perda de carga da linha de choke (CLF: Choke Line
Friction): CLF = PRC via choke – PRC via riser.

13.3.2 MEDIDA DE PERDA DE CARGA DA LINHA DE CHOKE ATRAVÉS DO


BOMBEIO DE FLUIDO POR ESTA LINHA E COM RETORNO PELO RISER

1. Alinhe a bomba e circule através da linha de choke na velocidade pré-determinada enquanto


se retorna pelo riser, a pressão registrada no manômetro do choke lida do painel de acionamento
remoto do choke será a perda de carga da linha de choke.

117
As vantagens da técnica mencionada acima são:

• A BHP (Pressão no Fundo do Poço) ficará constante devido a perda de carga do riser
ser desprezível.
• Não irá deixar sujeira (cascalhos, areia) na linha de choke que poderão obstruir essa
linha.

Figura 68: Registro das PRCs via riser e choke, e choke line friction

A figura abaixo mostra o comportamento da pressão no choke, com a variação do diâmetro


interno da choke line.

118
Figura 69: Influência do ID da Choke Line

Nota-se que antes de o gás entrar na choke line, o perfil das pressões é menor para
diâmetros menores, por conta da maior perda de carga causada pela diminuição do diâmetro.
Além disso, é possível perceber que as pressões máximas no choke (quando o kick chega à
superfície) ocorrem para diâmetros menores. Isto ocorre, porque diâmetro menor da choke line
leva a alturas maiores do gás e, portanto, menor pressão hidrostática no poço.
É possível observar abaixo, que a pressão no choke durante a circulação no espaço
anular diminui com o aumento da lâmina d’água, devido ao acréscimo das perdas de carga por
fricção na linha do choke.
Nota-se também, que enquanto todo o kick está na linha do choke, uma contrapressão
maior é exigida para a lâmina d’água maior que 2000m, já que há uma queda significativa da
pressão hidrostática. Além disso, a primeira circulação do método do sondador ocorre mais
rápido para lâminas d’água mais profundas, criando, portanto, maior dificuldade operacional,
devido à variação brusca na pressão hidrostática quando o kick entra na choke line. Nesse
sentido, uma vazão reduzida de circulação menor é recomendável.

119
Figura 70: Influência da Lâmina d’ água

13.4 DENSIDADE DOS FLUIDOS DAS LINHAS DE KILL E CHOKE

13.4.1 ÁGUA NA LINHA DE CHOKE X LAMA NA LINHA DE CHOKE

Qualquer água ou lama de perfuração pode ser usada nas linhas de choke e kill. Embora
a lama seja o fluido preferido, o uso de água não é um problema contanto que seja usado com
a lama anterior para circular um kick. Abaixo listamos as vantagens e desvantagens de usar
cada tipo de fluido e o procedimento recomendado para lidar com eles.

ÁGUA NAS LINHAS DE CHOKE E KILL

O uso de água nas linhas de choke e kill tem uma vantagem. Elimina a decantação da
baritina enquanto o fluido está estático, prevenindo o entupimento dessas linhas. Contudo, a
utilização de água nessas linhas tem as seguintes desvantagens:

1) A SICP lida após a ocorrência de um kick mostrará um erro devido à diferença de pressão
hidrostática entre lama e a água contidas no poço. Isto requererá um ajuste no valor de SICP
mostrando dessa forma o seu verdadeiro valor. Este novo valor é determinado através da
seguinte equação:

SICPVerdadeiro = SICPLida – [(ρfluido – ρágua) x 0,1704 x TVDchoke/kill]

2) Se a água não é circulada para fora das linhas antes de circular o kick, então quando as
bombas são trazidas à velocidade e mantendo-se a pressão do revestimento constante, a pressão

120
hidrostática na linha do choke estará aumentando com a entrada de lama na linha. Isto,
requererá que a pressão na superfície seja diminuída para compensar o aumento de pressão
hidrostática na linha de choke, mantendo-se constante a pressão no fundo do poço.

3) Em lâminas d’água profundas, água nas linhas de choke e kill em grande quantidade
aumentam o risco de formação de hidratos. Se for mantida água nas linhas de choke e kill,
antes de começamos um procedimento de controle de kick a água deve ser deslocada. O
procedimento recomendado é o seguinte:

a) Se a coluna não está ancorada verifique a sua correta posição do tool joint para o fechamento
da gaveta de tubo.

b) Feche a gaveta e abra as saídas laterais de choke e kill.

c) Circule a lama velha de ambas as linhas de choke e kill.

d) Feche os chokes na superfície, abra a gaveta e confira o novo valor de SICP, então continue
com o procedimento de combate.

14 KILL SHEET

Quando um kick ocorre, existem muitas informações a serem registradas e analisadas.


As mesmas são registradas em uma planilha chamada “kill sheet”. Elas, quando completadas,
nos dão o cenário completo das condições e cálculos em uma situação de kick. Com os dados
de fechamento de poço (SIDPP, SICP, fluido de matar e volume ganho), pressão máxima
estática e dinâmica de fratura, pressões reduzidas de circulação, perda de carga da choke line,
volumes e strokes atualizados poderemos definir qual será o método de controle que vai ser
utilizado para remover o kick para fora do poço.
Também devemos nos basear no tipo de influxo, se a coluna está ou não no fundo do
poço, se a coluna está partida ou obstruída, se o poço tem trecho direcional ou horizontal para
ter ideia da mudança de pressão no poço quando o influxo passar do trecho horizontal para o
trecho vertical do poço. É importante usar a planilha correta para o tipo de poço, caso uma
planilha para poço vertical seja usada para um poço horizontal será aplicada uma pressão maior
no poço durante o controle.

14.1 CONTEÚDO
Uma kill sheet contém, normalmente, as seguintes informações:
• Equipamentos
✓ Drill string/drill collars: Dimensão, capacidades, comprimento, etc.
✓ Casing/Open Hole: Dimensões, MD/TVD, capacidade, etc.
121
• Bombas
✓ Pressão e taxa normal de circulação.
✓ Perda de carga da taxa reduzida de circulação
✓ Saída da bomba por STK.
• Registros de fechamento
✓ Standpipe pressure (SIDPP).
✓ Annulus pressure (SICP).
✓ Aumento no volume dos tanques (ganho).

14.2 CÁLCULOS

Através do uso da kill sheet, todos os cálculos para a circulação de um influxo de forma
segura são facilmente resolvidos.
• Volumes da coluna, comandos e poço;
• Superfície/broca – strokes;
• Broca/superfície – strokes;
• Broca/sapata – strokes;
• Peso da lama de matar;
• PIC;
• PFCs.

14.2.1 CALCULANDO CAPACIDADE INTERNA, DESLOCAMENTO E


DESLOCAMENTO DE COLUNA FECHADA (bbl/m):

• Capacidade interna = ID2 x 0,00319 (usado para calcular o volume interno)


• Deslocamento = (OD2 – ID2) x 0,00319 (usado para calcular o volume de aço)
• Deslocamento de coluna fechada = OD2 x 0,00319 (usado para calcular o
deslocamento de volume de uma coluna com uma float valve instalada)

14.3 COMO CALCULAR O NÚMERO DE STROKES DA SUPERFÍCIE ATÉ A


BROCA

Primeiramente teremos que calcular a volumetria da coluna de perfuração:


• Volume do tubo = Capacidade interna do tubo x Comprimento do tubo
• Volume do tubo pesado = Capacidade interna do tubo pesado x Comprimento tubo
pesado
• Volume do Comando = Capacidade interna do comando x Comprimento do comando

122
Volume total da coluna = Vol (DP) + Vol (HW) + Vol (DC)

Nº de Strokes = Volume total da coluna ÷ Capacidade da bomba

14.4 COMO CALCULAR O NÚMERO DE STROKES DA BROCA ATÉ A SAPATA

Primeiramente teremos que calcular a volumetria do poço aberto:

• Volume poço aberto/comando = Capacidade poço aberto/comando x Comprimento


do comando
• Volume poço aberto/tubo = Capacidade poço aberto/tubo x Comprimento do tubo
no poço aberto

Volume total do poço aberto = Volume poço aberto/comando + Volume poço aberto/tubo

Nº de Strokes = Volume total do poço aberto ÷ Capacidade da bomba

14.5 COMO CALCULAR NÚMERO DE STROKES DA BROCA ATÉ A


SUPERFÍCIE PASSANDO PELA LINHA DE CHOKE

Primeiramente teremos que calcular a volumetria de um Bottom’s UP:

Volume revestimento/tubo = Capacidade revestimento/tubo x Comprimento do


revestimento
Volume da linha de choke = Capacidade interna da linha de choke x Comprimento da linha
de choke
Volume total do Bottom’s UP = Volume total do poço aberto + Volume do revestimento +
Volume da linha de choke

Nº de Strokes = Volume total do Bottom’s UP ÷ Capacidade da bomba

123
KILL SHEET (FRENTE)

124
KILL SHEET (VERSO)

125
14.6 ALINHAMENTO
Nas figuras a seguir pode-se observar o alinhamento na superfície para uma operação de
controle.

Figura 71: Alinhamento do stand pipe manifold e do choke manifold para a operação de
controle de poço

Figura 72: Representação da disposição dos alinhamentos nos tanques durante uma operação
de controle
126
15 MÉTODOS DE CONTROLE DE POÇO

Os métodos de controle têm por objetivos expulsar o fluido invasor, mantendo a pressão
no fundo poço (BHP) constante, princípio básico de controle de poço, para evitar novos
influxos e evitar a fratura da formação, e finalmente, estabelecer uma nova pressão hidrostática
capaz de retomar o equilíbrio do poço. Os principais métodos de controle são: o método do
sondador (drilller), o método do engenheiro (wait & weight), o método volumétrico e o método
bullhead. O método a ser utilizado dependerá das condições nas quais ocorrer o influxo, bem
como das condições disponíveis para o seu combate.

15.1 O MÉTODO DO SONDADOR

O método do sondador, também conhecido como método das duas circulações, torna-
se uma opção conveniente, quando o material e os tanques para o preparo de um novo fluido
não estão disponíveis, dispensa cálculos mais complexos para ser iniciado, evitando a migração
do fluido invasor.
• A primeira circulação tem por objetivo, expulsar o influxo circulando com o fluido de
perfuração que já tinha no poço (lama antiga), mantendo-se constante a pressão no
fundo do poço com valor capaz de conter a pressão da formação.
• A segunda circulação tem por objetivo, substituir o fluido de perfuração pelo novo
fluido (lama nova, lama de matar), mantendo também a BHP constante, e assim
aumentar a pressão hidrostática, restabelecendo o controle do poço.

Procedimentos adotados no método do Sondador


a) Fechamento do poço após a detecção do influxo;
b) Processo de estabilização das pressões, nos manômetros da coluna e do revestimento, SIDPP
e SICP, respectivamente;
c) Executa-se a primeira circulação, com o fluido de trabalho, para expulsar o fluido invasor;
d) Durante a primeira circulação, com base nos parâmetros da estabilização, um novo fluido é
preparado, com maior densidade, a lama nova ou lama de matar, capaz de reequilibrar o poço;
e) executa-se a segunda circulação para substituir o fluido original pelo novo fluido;
f) Após a segunda circulação, parar a bomba e verificar se há fluxo pela linha de
estrangulamento (choke), se não houver o poço estará controlado;
g) O fluido do riser deverá também ser substituído pela lama de matar.

15.1.1 PRIMEIRA CIRCULAÇÃO – EXPULSÃO DO FLUIDO INVASOR

a) Ligar a bomba de 5 em 5 spm, enquanto o operador do choke vai abrindo o choke;

127
b) Manter a pressão na kill line constante e igual a pressão de estabilização (SICP), regulando
o choke até que a bomba seja ajustada para a vazão definida para o controle e na qual foi
registrada a PRC. No controle submarino, o valor da pressão igual a SICP permanece constante
na Kill Line, na Choke Line o valor da pressão será igual a SICP menos o valor da Perda de
Carga da Choke Line (SICP - ΔPchoke).
c) No manômetro do drill pipe, tubo bengala, devemos ler a pressão inicial de circulação (PIC),
que deve ser dada por: PIC = PRC + SIDPP.

Observação: poderemos encontrar uma pequena variação entre o valor calculado da PIC e
valor observado da PIC no bengala, neste caso deveremos manter o valor registrado no referido
manômetro, uma vez que este representa a realidade do poço no momento considerado. A PIC
calculada é menor que a PIC observada, pois dificilmente a PRC terá sido registrada no ponto
exato onde ocorreu o kick.

d) Após a estabilização da PIC na coluna de perfuração, ela deverá ser mantida constante até
o final da primeira circulação, pois a coluna é o local que possui apenas um fluido e será mais
fácil de se manter constante, já que o espaço anular está contaminado pelo kick. Mantendo a
PIC constante, devemos circular no mínimo um volume igual ao do espaço anular (Bottom’s
UP), para que todo o fluido invasor seja expulso. Ficar atento para a pressão máxima no
revestimento. Para não fraturar a sapata, essa pressão deverá ser controlada até que o fluido
invasor a ultrapasse, uma vez que a partir desse instante, a pressão na mesma permanecerá
constante, e então estará limitada pela pressão de trabalho do BOP ou a pressão de resistência
interna do revestimento.
e) Uma vez expulso o fluido invasor, parar a bomba e fechar o choke hidráulico ajustável.
Nessa situação deveremos ter as leituras das pressões da coluna e do choke com valores iguais
ao de SIDPP de fechamento. Se isso ocorrer, pode-se dizer que o poço está totalmente limpo,
as duas pressões estão iguais devido à coluna e o espaço anular estarem com o mesmo fluido
(fluido limpo).

15.1.2 SEGUNDA CIRCULAÇÃO – SUBSTITUIÇÃO DO FLUIDO ORIGINAL


PELO FLUIDO NOVO

a) Iniciar o bombeio do fluido novo abrindo o choke hidráulico ajustável, mantendo o valor de
SICP constante no manômetro da kill line e igual a SIDPP. Na choke line o valor da pressão
deve ser o valor de SIDPP menos o valor da perda de carga da choke line, até que a bomba seja
ajustada para a vazão em que se determinou a PRC.

128
b) Bombear as linhas de superfície e zerar o número de strokes, o fluido novo começará a
descer pela coluna de perfuração deverá ser mantida constante a pressão da kill line (no valor
do SIDPP) até que o volume do interior da coluna seja deslocado pelo fluido de matar,
observando que a pressão no drill pipe reduzirá do valor da PIC para o valor da pressão final
de circulação 1 (PFC ou PFC1), definida por:

PFC = (ρ matar ÷ ρ atual) x PRC

c) Manter a PFC no drill pipe, constante até que o fluido novo chegue à superfície através da
abertura gradual do choke para aliviar a pressão no poço. Porém, quando o fluido pesado
começar a entrar na linha de choke a pressão no drill pipe aumentará rapidamente devido a
nova perda de carga na linha de choke, isso pode fazer com que o choke tenha que ser
totalmente aberto antes que o fluido novo chegue à superfície, e isso fará a pressão da coluna
atingir o valor da pressão final de circulação 2, PFC2, definido por:

PFC2 = PFC + [(ρ matar ÷ ρ atual) x ΔPchoke]

d) Após o fluido de matar chegar na superfície, parar a bomba e verificar se há fluxo pela linha
de estrangulamento (choke); se não houver o poço estará controlado, as pressões da coluna e
do choke irão zerar, kill line mostrará uma pressão trapeada, resultado do tubo em U entre a
choke (hidrostática da lama nova) e a kill (hidrostática da lama antiga).

15.1.2.1 PRESSÃO RESIDUAL NA KILL LINE

Pkill = (ρ matar - ρ atual) x 0,1704 x TVDkill

15.1.3 POR QUE A LAMA ANTIGA DO RISER É TROCADA DEPOIS DE MATAR


O POÇO

O objetivo de vários métodos de matar o poço consiste em circular todo o fluido invasor
para fora do poço e circular uma lama de matar com um peso satisfatório para dentro do poço
sem permitir mais que o influxo entre. Idealmente isto deve ser feito com o mínimo de dano
para o poço. Se isto puder ser feito, então após matar o poço a lama de matar precisa ser
circulada na linha kill (linha que ficou estática durante o controle) e também precisaremos
substituir o fluido do riser, para isso deveremos garantir o correto alinhamento do fluido de
matar para linha de booster. Depois disso é possível abrir o poço e reiniciar as operações
normais. Depois da circulação, o poço é aberto novamente e o peso da lama pode ser ainda
mais aumentado para prover uma margem de segurança ou margem para manobras.

129
15.1.4 CUIDADOS NUMA OPERAÇÃO DE CONTROLE DE POÇO

a) identificar os indícios de kick;


b) fechar corretamente o poço;
c) verificar a estanqueidade das linhas;
d) ler e anotar as pressões após o equilíbrio;
e) informar ao encarregado da sonda sobre o ocorrido;
f) participar das operações de controle sob a supervisão da equipe de controle.

Variação das pressões durante um controle de poço utilizando o método do Sondador


O comportamento das pressões durante uma atividade de controle de poço, utilizando
o método do sondador, é mostrado no gráfico a seguir. É importante o conhecimento de como
variam as pressões ao longo das 1ª e 2ª circulações do método do sondador, para prevenir
quanto a uma possível ocorrência de situações de emergência que venham a ocorrer:

Gráfico 5: Método do sondador

15.2 O MÉTODO DO ENGENHEIRO

Neste método, de uma única circulação, a expulsão do fluido invasor só será iniciada
após o preparo do novo fluido (lama nova ou lama de matar). Porém durante o preparo desse
novo fluido as pressões de cabeça devem ser monitoradas para que não atinjam os valores
máximos permitidos, e paralelamente são preparadas as planilhas ou gráficos de redução de
pressões, em função do volume de fluido a ser bombeado.

15.2.1 PROCEDIMENTOS PARA CIRCULAÇÃO

a) O primeiro passo é alinhar o fluido de matar para o sistema e zerar o número de strokes;

130
b) O segundo passo é ajustar a bomba mantendo kill constante, se não for possível utilizar a
kill line, trazer a pressão estática do choke para a pressão dinâmica;
c) Observar a PIC no drill pipe, aguardar atingir o número de strokes das linhas de superfície,
zerar o número de strokes;

PIC = SIDPP + PRC

d) Acompanhar a queda de pressão (pressure schedule) no stand pipe (bengala) até a lama de
matar chegar na broca já que tanto na coluna quanto no espaço anular nós teremos dois tipos
de fluido o que não permitirá manter nenhum dos dois lugares constante;

O acompanhamento pode ser feito em psi/100 strokes ou em psi/step:

• Queda (psi/100 strokes) = [(PIC – PFC) ÷ Nº strokes da coluna] x 100

• Queda (psi/step) = (PIC – PFC) ÷ 10

e) Após o fluido de matar chegar na broca manter stand pipe constante no valor de PFC ou
PFC1, até o final da circulação. Nesse caso manteremos a PFC constante com os ajustes do
choke, pois agora a coluna de perfuração possui apenas um tipo de fluido e o espaço anular
possui 3 tipos de fluido (o kick, o fluido antigo e o fluido de matar);

PFC = (ρ matar ÷ ρ atual) x PRC

f) Caso o choke já esteja totalmente aberto antes de concluir a circulação do fluido de matar a
pressão no bengala poderá chegar ao valor de PFC2;

PFC 2 = PFC + [(ρ matar ÷ ρ atual) x ΔPchoke]

g) Após bombear um volume de lama igual, no mínimo, a soma do volume da coluna mais o
do espaço anular mais o da choke line, a lama nova chegará à superfície quando então a pressão
no revestimento deverá se anular.
h) O próximo passo é parar a bomba verificar as pressões do bengala e do choke (ambas
deverão zerar), a kill line mostrará uma pressão residual devido ao diferencial hidrostático entre
as linhas de kill e choke, para resolver isso basta alinhar para bombear o fluido pesado pela kill
line e a sua pressão irá zerar também.

Pressão residual da kill line:

Pkill = (ρmatar – ρfluido atual) x 0,1704 x TVDkill

131
i) Agora é abrir o choke e fazer um flowcheck através do stripping tank, caso não tenha fluxo
o poço estará amortecido.
j) O fluido de matar deverá ser alinhado para a booster line e o fluido do riser será substituído
pela lama nova, após essa troca e a verificação se existe gás trapeado no BOP, o poço será
aberto e um novo flowcheck deverá ser realizado.
k) Por fim, uma nova PRC deverá ser registrada, juntamente com a atualização da perda de
carga da choke line, e deverá ser recalculada a MAASP.

Comportamento das pressões durante o controle do poço pelo método do Engenheiro


As pressões atingidas durante um controle de poço pelo método do Engenheiro, em
função da posição do gás, estão mostradas na Figura abaixo.

Gráfico 6: Método do engenheiro

15.3 MÉTODO VOLUMÉTRICO

15.3.1 MÉTODO VOLUMÉTRICO ESTÁTICO

Esse método deve ser utilizado em situações em que não se tenha como circular o poço
(coluna fora do poço, coluna cortada ou coluna entupida não permitindo circulação) ou quando
a broca estiver muito acima do fundo do poço. A aplicação desse método dependerá de decisão
e acompanhamento de técnicos especificamente designados para o controle do poço.
O método consiste em duas etapas:
1ª - Segregação do gás até a superfície;
2ª - Substituição do gás por lama (top-kill)
132
• Migração do gás
O método consiste em permitir a migração do gás sob expansão controlada, obtida
devido ao sangramento (drenagem) de lama na superfície através do choke hidráulico ajustável.
Com este procedimento mantemos a pressão no fundo do poço aproximadamente constante e
pode ser implementado da seguinte maneira:

1) Ler e registrar a pressão (SICP) no revestimento

2) Permitir um acréscimo na pressão do revestimento de 150 psi e registrar.

3) Drenar uma quantidade de lama equivalente a uma pressão hidrostática igual a 50 psi,
tentando manter constante a pressão no revestimento, durante essa drenagem. O volume a ser
drenado quando não há coluna no poço é calculado por:

Crev
V = 294 ( )
ρ𝑳

Onde:
V = volume a ser drenado em barris.
Crev = capacidade do revestimento em bbl/metro.
ρL = peso específico da lama.

4) Permitir um novo acréscimo de 50 psi na pressão do revestimento.

5) Voltar ao passo 3 e repetir o processo até que o gás chegue à superfície.


A pressão no revestimento chegará a SICP + n x 50, onde “n” é o número de drenagens,
atentando para a pressão máxima permissível, até a passagem do gás pela sapata do
revestimento.

• Margem de segurança durante a migração do gás

A margem de segurança durante a migração do gás é a pressão que pode ser adicionada
na superfície (choke) sem que se rompa a formação mais fraca.

Ela corresponde à diferença entre a Pmáx e a pressão no choke até que o gás atinja a
formação mais fraca e a diferença entre a pressão de fratura e a pressão atuante em frente à
formação mais fraca após a passagem do gás.

Ms = Pmáx – Pchoke

Ms = Pfrat - Pas

133
Para a monitoração necessitamos definir a posição do gás no poço. Para estimarmos a
posição do gás poderemos adotar simplificadamente a lei de Boyle para determinarmos a
pressão do gás após drenagem e equilíbrio da pressão no fundo BHP (BHP = Pf + ms margem
de segurança adotada), determina-se:

1) Pressão inicial do gás = pressão da formação (Pg = Pform);

2) Volume inicial do gás = volume ganho (Vk);

3) Volume atual do gás


Vg = Vk + Vd (volume drenado)

4) Pressão média de equilíbrio do gás:

Pf ∙ Vk
Peg = ( )
Vg

5) Calcula-se a hidrostática de lama abaixo do gás:

Hl = BHP – Peg

6) Determina-se a altura de lama abaixo do gás:

HI
h=
0,17 ∙ ρl

7) Determina-se a posição do gás, sua profundidade: Hg.

A melhor maneira de se monitorar a passagem do gás pela sapata é calcular o tempo


que o gás levará para migrar até a sapata através da determinação da velocidade média de
migração adotando-se este procedimento:

1) Registrar o instante (t) em que ocorreu o equilíbrio das pressões.

2) Esperar a pressão subir de 100psi e registrar o tempo Δt decorrido.


3) Calcular a altura de lama deslocada:

100
HL =
0,17 ∙ ρl

4) Determinar a velocidade média de Migração:


HL
Vm =
∆t
134
5) Sabendo–se a distância do topo do kick até a sapata Lks, basta calcular o tempo de migração
até a sapata (ΔT):
Lks
∆t =
Vm

6) Calcula-se a hora em que o gás alcançará a sapata tsap = t +ΔT.

7) Monitora-se a pressão no choke até a hora tsap para não ultrapassar a Pmáx.

Após a passagem do gás pela sapata a margem de segurança será calculada através da
diferença entre a pressão de fratura e a pressão atuante na sapata P sap.

Psap = BHP – Hsf (hidrostática da sapata ao fundo)

• Top-kill

Quando o gás atingir a superfície, o método conhecido como “Top-Kill”, pode ser
utilizado. Neste método, o gás é sangrado pelo estrangulador de fluxo, enquanto um fluido
adensado é injetado pela linha de matar, da seguinte maneira:
Injetar pela linha de matar um volume de lama nova (VLI), até que a pressão aumente de
100psi. Anotar este valor e calcular a pressão hidrostática que corresponde ao volume de
lama injetada (PFI), pela equação: (ρln = peso específico da lama nova)

VLI
PFI = 0,1706 ∙ ρln ( )
Crev

1) Permitir a segregação da lama injetada.

2) Drenar o gás pelo conjunto de válvulas de estrangulamento até que a pressão no revestimento
caia de 100 psi + PFI incremento de pressão no fundo do poço.

3) Repetir o processo a partir do item 1 até que todo gás tenha sido removido do poço.

• Margem de segurança para injeção da lama nova


A margem de segurança antes da injeção é:

Ms = Pfrat – Psap

Durante a injeção haverá uma redução na Ms devido a dois fatores ; o primeiro é


devido à compressibilidade do gás DPc e o outro corresponde a hidrostática da lama nova
injetada no poço DPh ,logo durante a injeção de um volume V de lama pesada que corresponde

135
a uma hidrostática DPh no poço ,haverá um incremento de pressão no choke de DPc. A
margem de segurança durante a injeção será:

Ms = Pfrat - Psap - DPh - DPc

• Análise gráfica do processo top-kill

Uma outra maneira de utilizar o “top. kill” é através do gráfico onde plotamos 2
retas, a superior relacionada com a Fratura da formação mais fraca e a inferior relacionada com
o influxo de gás. Durante o processo não devemos permitir que qualquer ponto caia fora da
área delimitada pôr essas retas, posto que se ficar abaixo da inferior teremos novo kick e se
ultrapassar a superior poderemos fraturar a formação.

Pressão Choke
P2
Fratura
P1
Pmáx

SIDP
P Influxo

Volume Vp
Ganho

Gráfico 7: Análise Gráfica do processo top kill

O gráfico para a situação onde só tem gás no poço ou utilização da lama original
representa a pressão na cabeça em função do volume de lama ganho pelo poço.

Os pontos mostrados na figura acima representam:

1) P1 - A pressão estática da formação que contém o gás menos a hidrostática do gás no poço.

2) P2 -. A pressão de fratura da formação mais fraca menos a hidrostática do gás acima desta
formação.

3) Vp - Volume de lama no poço

15.3.2 MÉTODO VOLUMÉTRICO DINÂMICO

O método volumétrico dinâmico é recomendado para remoção de um kick de um poço


perfurado por plataforma semi submersível ou navio quando não é possível a circulação através
da coluna de perfuração (jatos entupidos, furo na coluna, etc.). Também se pode utilizá-lo
136
quando a coluna está fora do fundo. Neste caso utiliza-se este método até o gás chegar à broca
e em seguida o método do sondador.

• Princípio do método
O método volumétrico dinâmico conserva o mesmo padrão dos outros métodos de
controle que é o de manutenção da pressão no fundo (BHP). O método consiste em se circular
o fluido de perfuração original pela linha de kill, e o retorno pela linha do choke enquanto o
gás migra e se expande.
Durante esta circulação, o aumento do volume no tanque, causado pela expansão do
gás, e a diminuição deste volume quando o gás estiver sendo expulso devem ser monitorados
assim como a pressão de bombeio e a pressão no choke. Como o método depende do controle
do volume no tanque de sucção e retorno,é necessário que se tenha condição de medir
corretamente este volume.

15.3.2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Figura 73: Esquema de um poço para o Método Volumétrico Dinâmico

1) PRCkc – Pressão reduzida de circulação, injetando pela linha de matar (kill line) e retornando
pela linha do choke. (As perdas de cargas das duas linhas são iguais).
ΔP(c,l) - perdas de carga na linha da choke line.

ΔP(k,l) .- perdas de carga na linha de kill line.

137
PRCkc = 2∙ ∆P(c.l)

PIK – Pressão inicial de circulação pela Kill.

Além das duas perdas de cargas, para iniciar a circulação a bomba terá que vencer a
contra pressão SICP. Logo a PIK será acrescida deste valor.
PIK = SICP + (2∙ ∆P(c.l))

Neste caso a perda de carga da linha do choke estará atuando na sapata.

Psap = PBOP + PHBOP-sap, onde:

PBOP = é a pressão atuando no BOP;

PHBOP-sap = é a pressão hidrostática do BOP a sapata;

PBOP = PCH + PH(c,l) + ΔP(c,l);

Psap = PCH + PH(c,l) + ΔP(c,l) + PHBOP-sap.

PCH = SICP

Psap = SICP + PH(c,l) + ΔP(c,l) + PHBOP-sap

Pode-se evitar que as perdas de carga da linha do choke atue na sapata, retirando-se este
valor da pressão do choke, quando a pressão no choke é maior que esta perda. Retirando-se
esta perda da linha do choke, da SICP fica:

PICH = SICP – ΔP(c,l)

PICH = é a pressão inicial no choke.

A pressão na sapata será:

Psap = SICP + PH(c,l) + PHBOP-sap

Como exposto acima a PIK será:

PIK = (SICP - ΔP(c,l)) + (2 ΔP(c,l))


PIK = SICP + ΔP(c,l)

Circulando com este valor da PIK, a pressão no fundo será:

BHP = Pform

Pform = Pressão da formação.

138
Neste caso a margem de segurança é zero. Devemos trabalhar com uma margem no
fundo para que havendo qualquer descuido durante a aplicação não se corra o risco de haver
uma nova invasão.
Após a estabilização da pressão (SICP), aguardar a pressão subir o valor da margem de
segurança que poderá ser de 50 psi ou 100 psi. Isto ocorrerá pela migração do gás. A pressão
na superfície será SICP + MS tanto no manômetro da linha do choke como no manômetro da
linha de matar. Neste caso a PIK será acrescida da MS.
PIK = SICP + ΔP(c,l)+ MS

Logo a PICH será:

PICH = SICP - ΔP(c,l) + MS

A BHP será como no item anterior acrescida do valor (MS).


BHP = Pform + MS

O que se ganha no choke e na pressão de bombeio é o que se perde de hidrostática,


devido a expansão do gás. Esta fase inicial do método é similar ao do método volumétrico
estático.
Inicia-se a circulação mantendo-se a pressão no choke no valor já mencionado,
enquanto se ajusta a bomba para a PIK. Existem duas maneiras de se adquirir a M.S:
1) Esperando-se a migração do gás, como já visto.
2) Aumentando a pressão no choke, controlando a abertura do choke, neste caso estaremos
comprimindo a bolha. Assim o volume ganho inicialmente VG será diminuído em um DV
necessário para o acréscimo da pressão. Tem-se assim um novo volume ganho que será:
Vg2 = Vg - DV (enquanto se ajusta a bomba)

Obs.: O procedimento mais prático é aguardar o crescimento das pressões pela migração do
gás, como observado na próxima figura.

139
Figura 74: Poço com gás migrando

Na estabilização: BHP = Pform

Após atingir a MS: BHP=Pform + MS.

• Circulando enquanto a bolha sobe


Pressão no BOP:
PBOP = PB - ΔP(c,l) + MS

PB = Pressão de bombeio. Ela será sempre crescente. A pressão de bombeio cresce na


mesma proporção que se perde hidrostática entre o BOP X fundo.
• Topo do gás no BOP
Com a entrada de gás na linha do choke ganha-se hidrostática do BOP X fundo do poço.
Ocorre então a diminuição de hidrostática na linha do choke. A pressão de bombeio sobe
bastante até o gás chegar no BOP, quando tem-se a maior perda de hidrostática do fundo X
BOP, passa agora a diminuir. Em face da queda de hidrostática na linha do choke e do ganho
de hidrostática do BOP ao fundo. Depois que a mistura de gás chega na superfície a hidrostática
da linha do choke permanecerá constante, visto que a mistura de gás e fluido de perfuração
nesta linha continuará constante, somente alterando a partir do instante que a base do gás chegar
no BOP. A pressão de bombeio passa a cair numa taxa constante.

BHP = Pform + MS

A pressão de bombeio cai numa taxa constante igual ao ganho de hidrostática do BOP
ao fundo à medida que o gás é expulso pela linha do choke como parte de uma mistura. Depois
que a base do gás chega no BOP a pressão de bombeio tem o seguinte comportamento:

140
a) Pressão no BOP:

PBOP = PB – ΔP(k,l) + PH(k,l)

ΔPK = ΔP(c,l)

b) Pressão no fundo

BHP = PB - ΔP(c,l) + PH(k,l) + PHBF

PH(k,l) = Pressão hidrostática da linha do kill.

PHBF = Pressão hidrostática do BOP ao fundo, sem gás.

PB - ΔP(c,l)+ PH(k,l) + PHBF = Pform + MS

(PH(k,l) + PHBF) = Pressão hidrostática similar ao do interior da coluna. Somente fluido de


perfuração sem gás. Hidrostática da superfície ao fundo.

Tem-se:
Pform = SICP + PH(k,l) + PHBF1 , onde

PHBF1 = Pressão hidrostática do BOP ao fundo na estabilização, tendo gás poço.

A diferença entre estas hidrostáticas será igual à diferença entre as respectivas pressões
na superfície. Quando não temos a presença de gás suponhamos uma SIDPP. Quando temos a
presença de gás temos a SICP.
PB = SIDPP + ΔP(c,l)+ MS

Logo que a base do gás chega no BOP a pressão de bombeio é constante e igual ao
valor acima.

• Considerações sobre SIDPP

Quando a base do gás chega no BOP quando a hidrostática do fundo ao manômetro da


linha do kill é constante e somente tem fluido de perfuração, ainda falta deslocar a mistura de
gás e fluido que ainda ocupa a linha do choke. À medida que vai ganhando hidrostática na linha
do choke a tendência da pressão de bombeio seria crescer. Isto se verificaria mais
acentuadamente quanto maior for a lâmina d’água. Não nos desapercebamos que a pressão
hidrostática da linha do kill tem uma tendência de aliviar a bomba, mas o retorno que neste
caso é pela linha do choke tem a tendência de dificultar para a bomba.
Entretanto, considerando-se a pressão de bombeio constante a partir do instante que a
base do gás chega no BOP, temos que, com esta pressão de bombeio, a possibilidade de
encontrar o valor de SIDPP.
141
SIDPP = PB - ΔP(c,l) – MS, Então:

1 - Se a SIDPP = 0 – O fluido de perfuração que se utiliza tem peso exato de matar.


2 - Se SIDPP < 0 – O fluido utilizado é mais pesado que o equivalente da formação. O problema
ocorreu numa manobra.
3 - Se SIDPP > 0 – O fluido que se utiliza é insuficiente para matar o poço. Isto poderia ocorrer
se durante a perfuração o excesso de hidrostática sobre a pressão da formação fosse apenas a
DPan.
Vejamos como se comportam graficamente estas pressões. Os pontos abaixo
correspondem às pressões nos manômetros da linha de matar e choke respectivamente. Estes
são os pontos iniciais para a montagem dos gráficos.
PIK = SICP + ΔP(c,l) + MS

PICH = SICP - ΔP(c,l) + MS

DV = Correspondente ao volume de gás existente na linha do choke, como parte da mistura.

Considera-se:
Cap. revestimento = Cap. do poço.

Logo usaremos o Ф poço = Ф revestimento.

15.4 PROCEDIMENTO PARA BULLHEADING

Esse método consiste em bombear fluido num poço fechado com o objetivo de devolver
o kick para a formação, porém se o bullhead for aplicado para kicks de gás precisaremos aplicar
uma vazão de injeção maior do que a taxa de migração do gás para que possamos obter sucesso
no recalque. Em perfuração o bullhead teria a sua aplicação mais associada à um kick de água
ou óleo sem possibilidade de injetar fluido pela coluna e circular esse kick para a superfícide.
Quando um influxo é detectado e o poço é fechado, os seguintes parâmetros críticos devem ser
avaliados:
a) Estimar a pressão máxima de superfície;
b) Estimar o volume de gás na superfície;
c) Verificar a possibilidade de formação de hidratos;
d) Avaliar a Capacidade do Separador de Lama Gás;
e) Observar a probabilidade de demolir a formação durante a circulação de um kick para a
superfície.

Observação: A decisão deve ser tomada o mais rápido possível para evitar o empacotamento
do anular devido à decantação de baritina ou cascalhos resultantes da perfuração.
142
Decida a taxa e o volume a ser recalcado (bullhead). O volume estará baseado no
volume de influxo e como o influxo foi adquirido. Para o kick ocorrido durante a perfuração,
o volume circulado durante o ganho do kick deve ser somado ao ganho medido na superfície
mais um fator de segurança para incerteza de migração.
Para um kick ocorrido durante as manobras (swabbed), o volume deve ser igual ao do
influxo. Faça um volume de lama suficientemente seguro para completar a operação de
bullheading.
Ajuste e teste os equipamentos de superfície. Mantenha uma pressão estimada na
superfície necessária para não fraturar a formação, baseada na resistência da formação da zona
de kick. Se o influxo acontecer durante a perfuração, não começe o bullheading antes da
pressão de fechamento do drill pipe estar estabilizada. A máxima pressão de bullheading
permitida deve ser determinada e decidida antes das operações de bullheading começar.

Observação: O peso de lama pode estar igual ao da lama atual em uso quando o kick ou influxo
ocorreu.

Inicie o bullheading a uma baixa taxa e estabeleça uma taxa de injeção. (volume X
Pressão). Monitore a pressão de injeção e confira se esta é menor que a máxima pressão a ser
usada. Se esta pressão é menor que a MAASP estimada há uma boa chance de que o influxo
esteja sendo bombeado de volta para o local de onde veio. Tente manter uma taxa constante e
plote a pressão de injeção x volume. Tenha a informação do Leak- off test disponível, assim
esta informação poderá ser comparada.

Observação: Atualize o gráfico do leak-off test toda vez que ocorrer mudança do peso da
lama. Pegue o valor da pressão reduzida de circulação PRC através da choke e kill, com a
unidade de cimentação após o assentamento do primeiro revestimento e todos os revestimentos
seguintes.

Bullheading deve ser interrompido se a injeção não for obtida dentro da máxima pressão
de injeção permissível. Recomece com uma baixa taxa de bombeio. Se a pressão de injeção na
superfície exceder a pressão predeterminada, reavalie a situação onde novas atitudes devem
ser tomadas.
Quando o volume inicial pré-determinado é devolvido, feche o poço e observe as
pressões no anular e no drill pipe. Se a pressão fechamento do anular cair, prossiga com a
operação de bullheading até que a pressão do anular e do drill pipe sejam iguais.

143
15.4.1 COMO A MIGRAÇÃO DO GÁS AFETA A TAXA DE BULLHEAD

Em geral o bullheading só pode ser realizado tendo em conta as circunstâncias


particulares do local da plataforma. Por exemplo, pode haver situações em que é considerado
necessário aplicar um bullhead devido a um influxo contendo H2S ou devido a coluna de
perfuração não estar no poço e o influxo for pesado (óleo e água). No decorrer do procedimento
de bullhead terá que ser superada a taxa de migração do gás, para conseguir este feito teremos
que ter uma vazão de bombeio que supere a velocidade de migração do gás. Durante uma
operação de workover um procedimento para bullheading foi elaborado com as seguintes
considerações:

1. Calcule as pressões máximas permissíveis de superfície que irão causar a fratura da


formação durante o bullheading;
2. Calcule também as pressões suportada pela tubulação bem como a suportada pelo
revestimento (para cobrir a possibilidade de ruptura tubulação durante a operação).
3. Calcule a pressão de cabeça na tubulação em estática durante o bullheading
4. Bombear lentamente fluido de matar para baixo na coluna. Monitorar a bomba e
pressão no revestimento durante a operação.

Gráfico 7: Bullhead
Como a técnica de bullheading depende das condições de pressões suportadas tanto na
coluna quanto na formação, ao tomar um influxo de gás e o mesmo migrar, o range de trabalho
diminui, pois, a pressão máxima de fratura lida no manômetro da coluna diminui pelo fato de
que ao migrar a bolha aumenta a pressão do fundo e consequentemente a pressão no anular.

144
15.4.2 PROCEDIMENTO SE A OPERAÇÃO DE BULLHEADING FRACASSAR

Se a operação inicial de bullheading fracassar (injeção para dentro da formação acima


do influxo) volte a coluna para o fundo e proceda o bullheading abaixo da coluna e anular para
minimizar o volume do influxo grande o bastante para ser circulado para a superfície). Feche
o poço e sangre qualquer pressão trapeada. Circule o influxo com um limite de SPM suficiente
para manter o retorno e o fluxo ascendente do gás para a superfície.

Observação: Neste caso a formação será fraturada.

15.4.3 ALTERNATIVA PARA BULLHEADING DURANTE AS MANOBRAS

Se um kick acontece durante as manobras considere a possibilidade dos seguintes


procedimentos como uma alternativa para o bullhead. Se o tamanho ou o volume do kick for
pequeno, feche o poço e considere a circulação para uma pequena quantidade de lama pesada
com densidade e volume suficiente para criar pelo menos 50 psi de over balance.

15.4.4 CONTROLE DE POÇO SUBMARINO COM HIDRATOS

Em lâminas d’água profundas, dado a existência de baixas temperaturas e à condições


de pressões locais, existe a possibilidade de se ter formação de hidratos precipitados próximo
à cabeça do poço submarino. Estes precipitados são uma mistura sólida de gás natural e água
com aparência de gelo sujo. A precipitação de hidratos traz consigo problemas tais como:
a) Prisão da coluna devido à formação de hidratos no riser, em frente ao BOP ou no
revestimento;
b) Obstrução do espaço anular abaixo do BOP;
c) Entupimento das linhas do choke e kill;
d) Dificuldade de abertura e fechamento das gavetas do BOP.

Além dos problemas listados, é importante ressaltar que durante a tomada de


providências para a dissolução dos hidratos, geralmente uma grande quantidade de gases é
liberada gerando normalmente com isto uma alta pressão (1 pé 3 de hidrato gera 170 pé 3 de gás
nas CNTP).
Normalmente para minimizar a formação de hidratos em águas profundas utilizam-se
sistemas de fluidos de perfuração à base de polímeros com alta salinidade. Cuidados, entretanto
deverão ser tomados se houver a necessidade do poço permanecer fechado por um longo
período. Recomenda-se que seja deslocado um tampão de glicol ou glicerol para a região
próxima à cabeça do poço. Para que isto possa ser feito, a sonda deverá possuir estoque de um
desses dois inibidores químicos. Já nos fluidos a base de óleo sintético, este problema
145
normalmente não ocorre, isto porque, a salinidade da fase aquosa emulsificada geralmente
fornece a inibição necessária à formação de hidratos.

15.5 PROCEDIMENTO AO LIGAR E DESLIGAR A BOMBA

15.5.1 PROCEDIMENTOS DE LIGAR E DESLIGAR E O PAPEL DO SUPERVISOR

Durante os procedimentos de controle e principalmente no incio da circulação e parade


das bombas, é muito importante a boa comunicação entre o operador do choke hidraulico,
encarregado, e o operador da bomba, sondador. Para que o poço possa ser circulado com
segurança é importante que a pressão no fundo mantenha-se um pouco acima da pressão da
formação, assim evita-se um kick ou uma fratura, portanto na entrada da bomba pressuriza-se
um pouco o poço antes de abrir o choke hiraulico, mantendo a pressão do revestimento
constante (manometro de kill line) com um acressimo por segurança. O mesmo acontece na
parade do bombeio, deve-se diminuir a velocidade da bomba e ir restrigindo o choke hidraulico
mantedo o manometro do revestimento constante com um acressimo por segurança
(manometro de kill line).

15.5.2 AÇÕES A SEREM TOMADAS SE A PRC NÃO FOR CONHECIDA

15.5.3 DETERMINANDO A PRESSÃO INICIAL DE CIRCULAÇÃO

Se a pressão reduzida de circulação não foi retirada, temos como determinar a PIC ao
iniciarmos o método de controle do Sondador. Ao iniciarmos o bombeio mantendo a pressão
do revestimento na kill line constante, assim que atingirmos a velocidade controlada a pressão
mostrada no stand pipe será o valor exato de PIC.
O procedimento consiste em:
1- Observar a pressão do revestimento, kill line;
2- Ajustar a bomba para a velocidade de controle desejada, ajustando o choke hidraulico para
manter a pressão do revestimento kill line constante;
3- Assim que o sondador ajustar a bomba na velocidade desejada, ele irá ver no manometro do
stand pipe a nova PIC.

15.5.4 PORQUE LIGANDO A BOMBA A PRESSÃO PODE NÃO SER IGUAL A PIC
E PORQUE DESLIGANDO A BOMBA A PRESSÃO PODE NÃO SER IGUAL
A ESPERADA

Durante a circulação do fluido pelo sistema o manômetro do stand pipe irá registrar
uma pressão de circulação, esta existe pois é imposto resistência a passagem do fluido no
sistema, seja pelo longo trajeto a ser percorrido, variações de diâmetros, propriedades do fluido
146
ou a própria velocidade de escoamento.
Quando inicia-se a circulação para o controle do poço, ou seja durante o ajuste da
bomba, a pressão de circulação irá aumentar ao longo do aumento da velocidade de bombeio,
tornando inviável o acompanhamento desta variação de pressão no intuito de igualar a pressão
no fundo do poço (BHP) com a pressão da formação. Se a pressão de bombeio não atingir PIC
depois da velocidade ajustada dois fatos podem ter ocorrido, quebra da força gel do fluido ou
perda de rendimento da bomba. Para o primeiro caso espera-se um determinado tempo para
que a pressão estabilize, para o segundo pode-se fechar o poço e voltar a circulação com a
segunda bomba.
O mesmo princípio vale para a parada da circulação. As vezes o poço pode ser fechado
com ele pressurizado devido ao fator de segurança determinado pelo range operacional ou gás
trapeado, esses fatores fazem com o que as pressões de fechamento sejam diferentes das
esperadas (calculadas).

15.5.4.1 TEMPO DE ATRASO (TEMPO DE RESPOSTA)

A reação do manometro do stand pipe durante o ajuste do choke hidraulico torna-se


lenta devido ao diametro dos jatos da broca, a perda de carga localizada nos jatos atrazam sua
leitura pela coluna.

15.5.5 COMO A PERDA DE CARGA DA LINHA DA CHOKE MAIOR QUE SICP


AFETA O INÍCIO DO BOMBEIO

Se a perda de carga da linha da choke for maior que SICP haverá um aumento em BHP
durante o início do bombeio, pois não há como compensar a pressão de fundo. Com as linhas
totalmente abertas na superfície (choke hidráulico 100% aberto) a perda de carga voltada para
o fundo será mais do que o necessário para manter BHP constante.
Ex.: Para uma SICP = 200 psi e uma fricção da choke = 220 psi, ao iniciar o bombeio a pressão
no fundo será igual a 220 psi + ΔP anular, mesmo tentando manter SICP de kill constante não
conseguiremos, o manômetro irá marcar 20 psi a mais mesmo com o choke totalmente aberto.

15.5.6 VERIFICANDO SE O POÇO ESTÁ MORTO DEPOIS DO PROCEDIMENTO


DE MATAR

Uma vez que a lama de matar chegar à superfície através da circulação pela linha de
choque, o poço está morto. Uma forma de comprovar se realmente o poço está morto é se ainda
há pressão no manômetro da coluna e na linha da choque após desligar a bomba e fechar o
choque hidráulico. Após verificado que os dois estão com 0 PSI, pode-se iniciar os
procedimentos de troca de fluido do riser e linha de kill, basta fechar uma gaveta abaixo das
147
linha laterais para isolar o poço e circular a lama de matar realizando as devidas manobras para
esta circulação.

15.6 CONSIDERAÇÕES DURANTE O CONTROLE

15.6.1 MONITORAMENTO DOS TANQUES DURANTE OPERAÇÕES DE


CONTROLE

Preparando para iniciar a circulação


1. Alinhar: bomba de lama – manifold das bombas – standpipe manifold – choke manifold –
separador atmosférico – gumbo box – difusor – peneiras – sandtrap 2 (sucção do
desgaseificador) – sandtrap 3 (descarga do desgaseificador) – tanque ativo – abrir o choke
totalmente.
2. Ligar a bomba de lama e circular a vazões reduzidas para encher volumes mortos e registrar
os respectivos níveis dinâmicos estabilizados no tanque ativo e as perdas de carga na
superfície.
3. De posse das capacidades hidrostáticas do poço aberto, revestimento e choke line, traçar o
gráfico de pressão vs variação de volume no tanque ativo, acrescentar 100 psi de margem
de segurança e definir uma margem operacional de 50 psi. A capacidade hidrostática da
seção onde se encontra a bolha define o coeficiente angular da reta.

Iniciando a circulação do kick


1. Alinhar: bomba de lama – manifold das bombas – standpipe manifold – choke manifold –
separador atmosférico – kill line – BOP – choke line – choke manifold – separador
atmosférico – gumbo box – difusor – peneiras – sandtrap 2 (sucção do desgaseificador) –
sandtrap 3 (descarga do desgaseificador) – tanque ativo.
2. Ligar a bomba de lama e ajustar para a vazão reduzida de circulação definida em passos de
5 spm, compensando no choke a parcela correspondente à perda de carga na choke line até
que seja atingida a pressão reduzida de circulação.

Durante a circulação do kick, enquanto o gás está sendo circulado para fora do poço o
nível do tanque irá aumentar devido ao processo de expansão do gás, e irá reduzir uma vez que
o gás tenha sido (já foi) circulado para fora do poço, pois o fluido terá que ocupar o espaço que
o gás ocupava no poço.

Durante a circulação do kick, o retorno da lama deverá ser direcionado para o separador
atmosférico e em seguida para as peneiras após a passagem pelo choke. Em todo o processo de
remoção do influxo, o desgaseificador a vácuo deverá estar operando. A depender do tipo de

148
influxo, durante a sua produção na superfície, observar os seguintes direcionamentos de fluxo
após a passagem pelo fluxo após a passagem pelo choke:

• Óleo/água: desviar o fluxo para o separador atmosférico e, em seguida, para as peneiras;


• Água sulfurosa: desviar o fluxo para o queimador para descarte no mar;
• Gás: Desviar o fluxo para o separador atmosférico. Se a vazão do gás for excessiva, a
ponto de estar expulsando o selo hidráulico, deve-se desligar a bomba, fechar o poço e
reiniciar a circulação com uma vazão menor;
• Gás sulfídrico: desviar o fluxo para o queimador. Se houver previsão de gás sulfídrico
na área, deve ser previsto material sequestrador para o fluido de perfuração e, a
depender da confiabilidade do sistema de equipamentos, pode-se optar pelo bulheading
e abandono do poço, em vez de circular o kick.
Após circulação do kick e amortecimento do poço em águas profundas, deverá ser
implementado o procedimento para remoção do gás trapeado abaixo do BOP e troca da lama
do riser e linhas laterais.

15.6.2 CONDUZINDO GÁS TRAPEADO NO BOP STACK

Após circular com sucesso um kick, gás poderá ficar trapeado no BOP stack, sendo,
portanto, necessário removê-lo antes de continuar com as operações normais. Em alguns casos,
este volume pode ser bastante significativo e poderá tornar o combate ao mesmo em um
desastre. Se o BOP stack simplesmente foi aberto e foi permitido que a bolha migrasse até a
superfície, esta expandiria e deslocaria lama em direção à superfície. Isto reduziria a pressão
hidrostática no poço e permitiria um segundo influxo para dentro do mesmo. Claramente este
não é um procedimento recomendado. O tamanho da bolha até a superfície é dependente de
dois fatores:

a) A pressão da bolha no BOP stack;

b) O volume da bolha.

Há pouca coisa que se possa fazer para minimizar a pressão da bolha durante a
circulação. Mas o volume da bolha pode ser minimizado se o comprimento entre o BOP usado
e a saída do choke é a menor possível. Esta é uma das principais razões para que a linha de
choke seja considerada a saída mais próxima à gaveta fechada.

149
15.6.3 REMOÇÃO DO GÁS TRAPEADO NO BOP

Para deslocar um kick de gás completamente do poço, a quantidade de circulações que


são necessárias depende do método de controle que foi escolhido. Durante este tempo de
circulação algum gás pode ter ficado trapeado debaixo das gavetas fechadas do BOP stack
como mostrado na figura abaixo. Isto pode causar sérios problemas se o gás não for removido
de uma maneira controlada. Se as gavetas fossem abertas sem remover o gás trapeado, o gás
seria lançado para dentro do riser. Como o gás migra, este se expandiria rapidamente e causaria
um possível esvaziamento (descarregamento) de lama do riser para fora do poço.

Figura 75: Gás trapeado no BOP Stack

O método mais completo de remoção de gás é fechar uma gaveta mais abaixo no BOP
deixando o poço isolado, e assim podendo circular esse gás trapeado através das linhas de kill
e choke.

Figura 76: Removendo o gás trapeado no BOP

16 CONTROLE DE POÇO EM SITUAÇÕES ESPECIAIS

Complicações durante as operações de controle de poço poderão requerer


procedimentos específicos e não convencionais de controle. Este capítulo apresenta as
150
complicações mais comuns, como elas podem ser identificadas e as soluções mais
frequentemente adotadas para resolvê-las.
Se o problema ocorre durante a circulação do kick, as ações normalmente tomadas são
as seguintes: parar a bomba, fechar o choke para manter o poço fechado, avaliar o problema e
implementar a solução. Os problemas mais comuns que ocorrem durante a circulação do kick
se manifestam através de alterações das pressões de bombeio e do choke e em alterações na
vazão de retorno. Os problemas que ocorrem normalmente com o equipamento de controle de
poço na superfície são os seguintes:

16.1 PROBLEMAS NO CHOKE OU NO CHOKE MANIFOLD

Cascalhos ou pedaços de material gerado pelo corte de colar de cimentação, trazidos


pelo fluido de perfuração podem entupir o choke causando um aumento brusco nas pressões
lidas nos manômetros do choke e do bengala (exatamente nessa ordem). A bomba de lama
deverá ser desligada, uma válvula a montante do choke fechada e o choke manipulado numa
tentativa de o desentupir. Caso este procedimento não solucione o problema, o fluxo deverá
ser direcionado para um outro choke.
O choke também pode sofrer um processo de desgaste devido à natureza abrasiva dos
sólidos e do gás trazidos pelo fluido de perfuração. Neste caso, as pressões nos manômetros do
choke e do bengala cairão e não responderão a ajustes feitos no orifício de passagem do choke.
A bomba deverá ser desligada e uma válvula do choke manifoid a montante do choke deverá
ser fechada para interromper completamente o fluxo vindo do espaço anular. O fluxo deverá
então ser direcionado para outro choke. Algumas vezes o vazamento ocorre no choke manifold.
Caso o fluxo não possa ser direcionado para outro ramo do manifold, o poço deverá ser
mantido fechado, porém com a pressão monitorada a aumentos devido a migração do gás,
enquanto esse equipamento é reparado. Em algumas situações, todo o conjunto do choke
manifold poderá ser substituído. Vale ressaltar que todo choke manifold deve ter redundância
de chokes e no caso de BOP submarino deve haver pelo menos um choke de acionamento
remoto e um de acionamento manual para cada linha (choke line e kill line).

16.2 PROBLEMAS COM A BOMBA DE LAMA

Defeitos na bomba são evidenciados por vibrações na mangueira de lama,


comportamento errático da pressão de bombeio, batidas hidráulicas na bomba ou redução
gradual da pressão de bombeio. A bomba deve ser parada e o choke fechado para o alinhamento
da bomba reserva. A bomba defeituosa deverá ser reparada de imediato.

151
Se as características das bombas forem diferentes, sugere-se no momento da colocação da
bomba reserva em funcionamento, manter a pressão no choke constante (no caso de unidades
flutuantes deixar esta pressão cair do valor equivalente às perdas de carga por fricção na linha
do choke ou manter a pressão da kill line constante) e levar a bomba para a velocidade reduzida
de circulação. Após esta operação, a pressão registrada no manômetro do bengala será a nova
PIC.
Alternativamente, pode-se levar a bomba para uma velocidade que produza uma
pressão de bombeio igual à PIC que vinha sendo utilizada antes da falha da bomba principal.
Caso os deslocamentos volumétricos das duas bombas sejam diferentes, haverá a necessidade
da correção do número de strokes para circular o espaço anular e o interior da coluna de
perfuração. Caso ambas as bombas apresentem problemas e o poço não possa ser circulado,
utilizar o método volumétrico enquanto as bombas são reparadas.

16.3 VAZAMENTOS NO BOP

Os vazamentos podem ocorrer nos flanges do conjunto de preventores, nos selos das
portas dos bonnets, nos engaxetamentos das hastes das gavetas, nos selos das gavetas ou na
borracha do BOP anular. Esses vazamentos são mais difíceis de serem corrigidos em BOP
submarino. Fluxo no interior do riser após o fechamento do poço pode ser provocado por
vazamento pelo BOP anular superior. Neste caso o anular inferior deverá ser fechado.
Se o vazamento é observado numa conexão do conjunto de preventores, uma gaveta
posicionada abaixo do vazamento poderá ser utilizada. Em alguns casos, o fechamento do BOP
não é efetuado devido a vazamento do fluido utilizado pelo sistema de acionamento e controle
dos preventores. Assim, o local do vazamento deverá ser identificado e a função
correspondente isolada do sistema para reparo posterior.
Em BOP submarino, o riser deve ser alinhado para o trip tank sempre que o BOP for
fechado com objetivo de monitorar a ocorrência desses tipos de falhas. Em preventores de
superfície, os vazamentos são mais fáceis de serem identificados e corrigidos. Vazamentos
entre os flanges poderão ser reduzidos ou mesmo corrigidos através do aperto dos parafusos
de fixação. Vazamentos através dos engaxetamentos das hastes das gavetas do BOP tipo
gaveta, poderão ser corrigidos utilizando vedação secundária.

16.4 PROBLEMAS NO SEPARADOR ATMOSFÉRICO

Um dos problemas que pode ocorre durante a circulação de um kick é a vazão de gás
proveniente do poço, ser maior que a capacidade de processamento do separador. Nesta
situação, a pressão no interior do separador aumentará em função das perdas de cargas na linha

152
de ventilação no caso de sondas de perfuração marítimas ou na linha do queimador em caso de
sondas de perfuração terrestre e o selo hidráulico existente na parte inferior do separador poderá
ser expulso (ou seja, a pressão no interior do separador causará o deslocamento do fluido de
perfuração do tubo em U fazendo com que o gás entre no sistema de circulação do fluido de
perfuração).
Uma solução para o problema é a redução de vazão de circulação. Outra seria o
direcionamento do fluxo para o queimador, porém com a consequente perda de fluido de
perfuração. No caso de falha mecânica do separador (furo por exemplo) a solução seria também
o direcionamento do fluxo para o queimador. Serão abordados agora os problemas que ocorrem
no interior do poço. Os mais comuns são os seguintes:

16.5 PROBLEMAS NA BROCA

Um problema que ocorre com frequência é o entupimento parcial dos jatos da broca
principalmente se materiais contra perda de circulação são utilizados no fluido de perfuração.
Ele é percebido por um brusco aumento da pressão de bombeio sem um aumento
correspondente no manômetro do choke. Normalmente, continua-se com a circulação na nova
pressão de bombeio (nova PIC) sem a necessidade de parar a bomba e fechar o choke. A equipe
de perfuração, entretanto, deve reconhecer que o jato entupiu, pois se o choke for aberto para
compensar o aumento de pressão corre-se o risco da produção de um influxo adicional. Deve-
se também atentar para um possível desentupimento de jato que causará uma brusca redução
da pressão de bombeio. Se o entupimento for total, a pressão de bombeio irá subir
constantemente e não haverá retorno de fluido de perfuração no espaço anular. Constatada esta
situação, a bomba deverá ser parada de imediato e o choke fechado.
Durante o período em que o poço está fechado, dever-se-á utilizar o método
volumétrico enquanto providências serão tomadas para promover a descida de uma ferramenta
pelo interior da coluna para perfurá-la no ponto mais profundo possível no sentido de
restabelecer a circulação. Outro problema que pode ocorrer na broca durante a circulação de
um kick é a queda de um de seus jatos. Isto é evidenciado por uma redução instantânea da
pressão de bombeio.
Normalmente, continua-se circulando na nova pressão de bombeio (nova PIC) sem a
necessidade de parar a bomba e fechar o poço. Nesta situação o operador não deverá restringir
a abertura do choke para compensar a queda de pressão, pois se assim proceder, ele elevará a
pressão no interior do poço desnecessariamente.

153
16.6 PROBLEMAS COM A COLUNA DE PERFURAÇÃO

Um furo na coluna de perfuração durante a circulação de um kick é caracterizado por


uma redução na pressão de bombeio sem a correspondente queda de pressão no manômetro do
choke isso demonstra que o furo na coluna é abaixo do BOP, caso a pressão da coluna e do
choke caiam seguidos por um aumento de volume do trip tank é sinal de que o furo da coluna
ocorreu acima do BOP.
Se a queda na pressão da coluna vem seguida da redução do peso da coluna, é muito
provável que ela tenha se partido. Se for evidenciado o furo na coluna, cautela deverá ser
exercida para evitar o seu alargamento e consequente quebra da coluna. Normalmente os
procedimentos para controle do poço são os mesmos para as três seguintes situações:
• Coluna de perfuração furada;
• Coluna de perfuração quebrada;
• Broca numa profundidade intermediária no poço numa situação em que uma operação
de stripping não pode ser efetuada.

É importante se determinar a posição do kick em relação ao furo, ao ponto de quebra


ou a profundidade da broca. A posição do furo ou de quebra pode ser estimada com a circulação
de um marcador. A posição onde a coluna quebrou também pode ser estimada pela redução do
peso da coluna após a sua quebra.
Quando o gás estiver abaixo do furo, ponto de quebra ou broca, a pressão de fechamento
na coluna (SIDPP) deverá ser próxima daquela lida no choke (SICP). Neste caso, o método
volumétrico deverá ser utilizado até que o gás migre para cima do furo, ponto de quebra ou
broca. Quando isto ocorrer, a pressão lida no choke com o poço fechado se tornará maior que
a lida no manômetro na coluna. A partir deste momento o gás pode ser circulado para fora do
poço utilizando o método do sondador. Um fluido pesado pode ser colocado no trecho do poço
onde a circulação é possível para aumentar a segurança do poço durante as operações de
pescaria ou retirada da coluna. A massa específica desse fluido pode ser estimada utilizando a
seguinte equação:

Entretanto, o poço só é considerado amortecido quando a coluna de perfuração puder


ser descida até o fundo e o poço ser circulado com um fluido de massa específica capaz de
manter sob controle a formação geradora do influxo.
154
16.7 CONTROLE DE POÇO COM PERDA DE CIRCULAÇÃO PARCIAL

A perda de circulação num poço com influxo é visualizada pela queda do nível de lama
nos tanques. Deste modo estando o poço com circulação, o medidor de nível do tanque indicará
se o poço está com perda parcial. Técnicas diferentes para combate a perdas são empregadas.
As técnicas aqui apresentadas devem ser aplicadas na seguinte ordem:
1 - Se for possível preparar um volume adequado de lama deve-se prosseguir com a operação.
A pressão da zona de perda cairá quando a bolha de gás ultrapassá-la e isto poderá resolver o
problema.
2 - Caso haja perda parcial de circulação considerar como pressão de fratura aquela pressão
que induziu a perda menos a pressão hidrostática correspondente a uma lama de 0,3 lbf/gal.
3 - Parar a bomba e fechar o poço. Observar se o mesmo se estabiliza (para de perder) no
intervalo de 30 minutos a 4 horas. Manter a SIDPP constante controlando a pressão no
estrangulador. Se a pressão no revestimento subir mais que 100 psi passe para a etapa seguinte.
4 - Escolher um fluxo lento de circulação e uma nova PIC com a bomba parada e o poço
fechado.

• Abrir a válvula de estrangulamento ajustável.

• Ligar a bomba e trabalhar com a nova velocidade.

• Fechar a válvula de estrangulamento ajustável até que a pressão no revestimento seja


igual a SICP. Então ajustar a pressão no tubo bengala para a nova PIC.

5 - Misturar e injetar um tampão com material contra perda de circulação. Geralmente os


materiais contra perda de circulação fazem efeito em regiões com rocha dura, mas têm menos
efeito em rochas plásticas.
6 - Misturar e injetar o tampão com lama pesada para tentar matar o cabeceio. Isto pode resolver
se o cabeceio for pequeno e a zona de perda estiver acima da zona de cabeceio.
7 - Com perdas parciais de 60% a 90% do retorno de lama, deslocar um tampão com lama
pesada para amortecer o cabeceio. Em seguida tentar controlar a perda de circulação.

16.8 CONTROLE DE POÇO COM PERDA DE CIRCULAÇÃO TOTAL

Os procedimentos normais para controle de erupção não podem ser realizados sem
circulação no poço. A perda total de circulação permitirá a subida do gás à superfície, mas o
problema básico pode ser um tipo de erupção subterrânea. Existem algumas técnicas para tentar
controlar o poço. O objetivo é sanar a perda de circulação e matar o cabeceio com
procedimentos normalizados.

155
Estando o poço com influxo, uma boa solução a ser adotada será tentar amortecer o
poço e depois trabalhar no controle da perda de circulação. Entretanto quando estas erupções
subterrâneas tiverem altas vazões, a injeção de um tampão pesado pode não ser suficientemente
rápida para controlá-lo. Sendo assim deve-se tentar a injeção de um tampão de baritina com a
altura suficiente para o controle da erupção.

16.9 CONTROLE EM POÇOS NÃO VERTICAIS

Muitos kicks são associados à perda de circulação durante as operações de controle em


poços direcionais. Desenvolveu-se um método rigoroso para operações de controle de poços,
com aplicação prática imediata, sendo facilmente utilizado em qualquer tipo de sonda
(terrestres ou marítimas), sua aplicação é possível também a poços não convencionais
(direcionais, horizontais, poços delgados).
Este método permite uma visão global do processo de controle, através da interação
gráfica com todas as informações necessárias para a circulação do kick. Sendo facilitada a
aplicação do método na fase de projeto, para previsão de situações que porventura venham a
ocorrer.
O método proposto considera todas as informações para operações usuais de controle
de poços (pressões reduzidas de circulação, geometria da coluna e do poço, propriedades do
fluido de perfuração, entre outras) e também faz uso das características reológicas da lama
nova e dos registros direcionais para determinar as profundidades verticais verdadeiras.
Inicialmente as propriedades do fluido de perfuração (reologia e densidade), a
geometria do poço e da coluna e as vazões são usadas para o cálculo das perdas de carga através
do equipamento de superfície (posicionado após o manômetro de registro de pressões do
interior da coluna na superfície); da coluna de perfuração (tubos, comandos, entre outros); da
broca; das diferentes seções do anular para o fluido de perfuração inicialmente no poço; e da
linha do choke.
O esquema de pressões hidrostáticas é colocado para cada configuração de fluidos no
poço (sendo considerado cada fluido presente a cada instante). Utiliza-se para este cálculo o
método dos ângulos médios, no caso de poços direcionais, para avaliação das profundidades
verticais, devido à simplicidade do método.
O programa de pressões registradas no tubo de perfuração é então calculado para
amortecer o poço, através da correção da pressão da coluna de perfuração registrada pelas
perdas de carga, decorrente das mudanças na reologia do fluido de perfuração, e pressões
hidrostáticas.

156
16.10 EFEITO DA NÃO VERTICALIDADE DO POÇO

Em um poço vertical, o comprimento medido de fluido dentro da coluna é o mesmo


que o comprimento vertical de fluido na coluna. Em um poço direcional o comprimento vertical
de fluido na coluna por stroke da bomba é menor que em um poço vertical. Calculando-se a
queda de pressão para um poço vertical e um direcional, a pressão cairá de forma mais lenta
no poço vertical. Isto significa que, ao usar uma planilha convencional e um poço direcional,
aplica-se sobre-pressão que pode fraturar a formação.

Figura 77: Poço direcional

O valor da sobre-pressão depende das pressões de confinamento, da pressão de


circulação à vazão de controle, da profundidade do desvio, e da taxa de ganho de ângulo do
desvio. O risco de usar uma planilha convencional para um poço direcional, é que se aumentará
desnecessariamente a pressão do revestimento registrada na superfície. Em áreas mais
sensíveis à pressão, como águas profundas, isso pode causar perda de circulação. Após análises
de alguns casos, como regra, a pressão aplicada em excesso (“over-pressure”) será superior a
100 psi em poços com inclinação a partir de 30°.

157
17 GERENCIAMENTO DE RISCOS

17.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A implantação do Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho, de forma que


uma estrutura adequada de responsabilidades e ações seja bem definida e haja uma boa análise
das informações, a empresa poderá alcançar o máximo em SST, otimizando seus recursos
financeiros, humanos, tecnológicos e materiais disponíveis na empresa.
A ausência de um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho prejudica no
gerenciamento dos riscos, podendo permitir altos índices de acidentes e doenças do trabalho.
A maior prejudicada é a força de trabalho que não está coberta com um sistema de prevenção
de acidentes e doenças ocupacionais. Os efeitos danosos à saúde dos trabalhadores podem ser
percebidos a curto ou a longo prazo, trazendo a diminuição da capacidade laborativa parcial
ou total de maneira temporária ou até permanente. De todo forma a empresa tem um impacto
decrescente na produção, um ambiente de trabalho negativo com trabalhadores desmotivados
e um comprometimento na qualidade de seus produtos, ameaçando a imagem da companhia.

17.2 PROCEDIMENTOS PARA A GESTÃO DE RISCOS

a) As avaliações de riscos constituem um processo de suporte e as recomendações geradas


nesses estudos são fruto da percepção da equipe envolvida, a partir da aplicação de técnicas
estruturadas para identificação de perigos, possuindo caráter estritamente técnico. A
implementação dessas recomendações deve ter sua viabilidade avaliada gerencialmente, a
partir da aplicação da filosofia "ALARP" (As Low As Reasonable Practicable - Tão baixo
quanto razoavelmente praticável). Quando aprovadas, tais recomendações se tornam objetivos
relacionados à SMS, cujo controle e provisão dos recursos necessários à sua implementação
cabem ao gestor do projeto ou processo.
b) As recomendações geradas a partir dos estudos de riscos podem eventualmente inserir
mudanças nas instalações e a sua implementação, portanto, deve ser gerenciada durante a fase
de implantação do projeto e durante a fase de operação.
c) Os perigos relacionados à segurança das instalações, associados às falhas operacionais,
devem ter seus riscos avaliados através de Análise Preliminar de Riscos.
d) Os perigos relacionados à execução das tarefas são identificados através da Análise
Preliminar de Risco das tarefas, quando da emissão da Permissão para Trabalho - PT. Os riscos
a eles associados são considerados, em princípio, como não toleráveis, exigindo a adoção de
medidas de controle. Caso estas medidas não possam ser implementadas, as tarefas não serão
realizadas.
158
e) A criação de um Manual de Segurança estabelece requisitos mínimos e as condutas a serem
seguidas nas várias atividades de trabalho desenvolvidas a bordo das plataformas, com o intuito
de minimizar os riscos identificados e prevenir a ocorrência de acidentes e incidentes. Devemos
focar nos novos projetos, ou seja, na documentação de Engenharia do projeto de uma
plataforma de petróleo a ser construída. O projeto é dividido em Projeto Básico e Projeto de
Detalhamento, onde em cada fase são definidos os Estudos de Riscos aplicáveis.

17.3 DESCRIÇÃO DOS ESTUDOS DE RISCOS

a) Análise Preliminar de Riscos – APR: Técnica indutiva estruturada para identificar perigos
decorrentes de falhas de instalações ou erros humanos, bem como suas causas e conseqüências
e avaliar qualitativamente seus riscos impactando a Segurança Pessoal, Meio Ambiente,
Instalação e Imagem da Empresa. A seguir, é mostrada a planilha para a elaboração da APR.

b) Estudo de Perigo e Operabilidade – HAZOP: Técnica estruturada para identificar perigos de


processo e potenciais problemas de operação utilizando palavras-guias associadas a parâmetros
de processo, para avaliar qualitativamente desvios de processo, suas causas e consequências.

159
É mostrada a planilha para a elaboração do HAZOP, a seguir.

c) Estudo de Dispersão de Gases: Esta análise deve ser desenvolvida com o objetivo de avaliar
o comportamento dos vazamentos de gás e definir o número e a localização otimizada de
detectores de gás hidrocarboneto em áreas abertas.O estudo deve definir pontos de detecção
que atendam principalmente a liberações iniciais (inicio de vazamento) que devem ser
monitorados preliminarmente antes mesmo da detecção dos instrumentos do processo e da
ocorrência dos eventos de incêndio e de explosão. O estudo é feito com simulação dos casos
em fluidodinâmica computacional considerando as 4 direções de vazamento e 8 direções de
vento a fim de validar a locação dos detectores.
d) Estudo de Incêndio: Esses estudos visam a avaliar o comportamento das estruturas e
equipamentos da plataforma no caso de incêndio. É elaborado a partir do resultado da APR,
onde são selecionados cenários críticos de pequenos e grandes vazamentos de hidrocarbonetos.
Com o resultado das modelagens são sugeridas recomendações como instalação de proteção
passiva e/ou redução de inventário através de colocação de válvulas de segurança.
e) Estudo de Explosão: É o estudo aplicado para o dimensionamento das estruturas da
plataforma baseado nos valores de sobrepressão advindas de uma explosão. Também deverá
considerar os cenários críticos de vazamentos de hidrocarbonetos, sua composição, pressão e
temperatura. A modelagem da explosão está diretamente ligada a geometria 3D da plataforma
e o grau de confinamento do ambiente a ser simulado. A partir dos resultados da sobrepressão
resultante do estudo, ações de mitigação deverão ser propostas, como reforço de estrutura,
proteções adicionais, melhora da ventilação, novo arranjo de layout, etc.

17.4 ALTERAÇÃO DE PROJETOS

Alteração de Projetos (Mudanças): Durante a fase de operação algumas mudanças nos


projetos originais da plataforma podem ocorrer, sendo que a alteração dos riscos deve ser

160
analisada. Nessa fase os estudos de riscos citados poderão ser aplicados. Deve-se proceder um
gerenciamento das mudanças em uma plataforma durante a fase de operação.
Um especialista em Análise de Riscos, ao verificar o projeto, deve indicar qual(ais)
estudo(s) deverá ser elaborado ou revisado. A indicação da necessidade de um estudo deverá
ser acompanhada da metodologia a ser aplicada e em qual fase do projeto o mesmo será
desenvolvido.

17.5 PLANO DO POÇO


Bom planejamento é, talvez, o aspecto mais exigente de engenharia de perfuração. Ele
exige a integração dos princípios de engenharia, filosofias corporativas ou pessoais, e os fatores
de experiência. Embora os métodos de planejamento e práticas variem dentro da indústria de
perfuração, o resultado final deve ser uma perfuração segura, de custo mínimo, que satisfaça
os requisitos do engenheiro de reservatório para a produção de óleo/gás.
A segurança deve ser a maior prioridade no planejamento do poço. Considerações do
pessoal devem ser colocadas acima de todos os outros aspectos do plano. Em alguns casos, o
plano deve ser alterado durante o curso de perfuração do poço de, quando os problemas
imprevistos colocam em perigo a tripulação. A falta em salientar a segurança da tripulação tem
resultado em perda de vidas, indivíduos queimados ou incapacitados permanentemente.
A segunda prioridade envolve a segurança do poço. O plano também deve ser projetado para
minimizar o risco de explosões e outros fatores que poderiam criar problemas. Esta exigência
de projeto deve ser seguida rigorosamente em todos os aspectos do plano.

161
ANEXO 1

CAPACIDADE E RESISTÊNCIA À PRESSÃO INTERNA DOS TUBOS DE


REVESTIMENTO MAIS UTILIZADOS

ANEXO 2

162
ANEXO 2

163
ANEXO 3

ANEXO 5

164
ANEXO 4

165
ANEXO 5

166
18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• Análise dos Kicks Reportados 2002/2003 - Luiz Alberto Santo Rocha, Cecilia Toledo de Azevedo.
• Bourgoyne, Millheim, Chenevert, & Young. Applied Drilling Engineering. SPE Textbook Series,
1986.
• Projetos de Poços de Petróleo. Autores: Luiz Alberto Santos Rocha e Cecília Toledo de Azevedo
• Coker, I. C., 2004, “Managed Pressure Drilling Index”, Offshore Technology Conference, Houston,
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