Tema 2 - Propriedades Da Termodinâmica
Tema 2 - Propriedades Da Termodinâmica
Tema 2 - Propriedades Da Termodinâmica
Este é o princípio do Estado. A experiência indica também que para contar o número de
interações de trabalho relevantes, é suficiente considerar somente aquelas que ocorrem
quando o sistema passa por um processo quasiestático.
O termo sistema simples é utilizado quando há somente um (1) meio através do qual a
energia varia de modo relevante pelo trabalho enquanto o sistema passa por um processo
quasiestático. Assim contando uma propriedade independente para a transferência de calor e
outra para o trabalho realizado no processo quasiestático, pode se dizer que duas
propriedades independentes são necessárias para fixar o estado de um sistema simples.
Pressão, energia interna específica e todas as outras propriedades intensivas podem ser
determinadas como funções de T e v.
3.2. Relação P - v - T
A partir dos experimentos se observa que temperatura e volume específico são propriedades
independentes, e a pressão pode ser determinada em função dessas duas: p = p(T,v). O
gráfico dessa função é uma superfície, normalmente chamada de superfície P-v-T.
3.2.1. Superfície P - v - T
Diagramas
Regiões
Sólido - fase única.
Líquido - fase única.
Vapor - 2 propriedades independentes (p,v, ou T definem o estado)
Duas fases
líquido - vapor
Pressão e temperatura são
sólido - líquido
propriedades dependentes.
sólido - vapor.
Linhas de Saturação
"Domo"
Ponto crítico: Ponto de encontro das linhas de líquido saturado e de vapor saturado.
Pressão crítica = Pc
Temperatura crítica = Tc
Volume específico crítico
Ponto triplo
É instrutivo estudar alguns eventos que ocorrem com uma substância pura que experimenta
uma mudança de fase, pois será de grande valia para todos os estudos seguintes. (ver
transparências manuscritas).
O volume específico para uma mistura bifásica de vapor e líquido pode ser determinado
usando as Tabelas de Saturação e a definição de título:
Como na região de saturação, todo o líquido está na situação de líquido saturado e todo vapor
está na situação de vapor saturado:
Introduzindo a definição de título dada acima, o volume específico pode ser calculado por:
v = (1 - x).vlíq + x.vvap = x.(vlíq - vvap)
Para acompanhar a notação utilizada no livro texto, vamos representar os subscritos da fase
vapor por (g) ao invés de (vap) e da fase líquida por (f) ao invés de (liq). O aumento do
volume específico da fase líquida para a fase vapor é comumente representado como volume
específico de mudança de fase por:
vfg = vg - vf
U + P.V = H (entalpia)
u + P.v = h (entalpia específica)
ubarra + P.vbarra = hbarra (entalpia específica / base molar)
Regiões de Saturação: Para a região do "domo", onde as fases líquida e vapor estão presentes,
a energia interna e a entalpia são calculadas com o auxílio do título.
EXEMPLO 3.1
Determinar a energia, e a entalpia, para o R-12 nas seguintes condições:
1. T = 12 ºC; u = 111,07 kJ/kg
Solução:
Da Tab. A.7,
Uf = 46,93 kJ/kg
ug = 175,2 kJ/kg -> portanto temos o estado intermediário entre a saturação do R-12
líquido e do R-12 vapor
hf = uf + P.vf (3)
P = 1,0 bar
T = 120 ºC
u = 2537,3 kJ/kg
h = 2716,6 kJ/kg
v = 1,793 m3/kg
Comentários
EXEMPLO 3.2
Um tanque rígido bem isolado tem vapor d'água saturado a 100 ºC, e um
Volume de 0,1 m3. O vapor é agitado rapidamente até que a pressão atinja 1,5
bar.
Determine a temperatura do estado final e o trabalho realizado durante o
processo.
Solução:
Hipóteses:
P = 1,014 bar
uf = 418,94 kJ/kg
ug = 2506,5 kJ/kg
vg = 1,673 m3/kg Tab A.4. - P = 1,5 bar
vg = v = 1,673 m3/kg
Interpolação na tabela A4 (Tb = 240 ºC; Ta = 280 ºC; v = 1,673 m3/kg) T - Ta = (Tb -
Ta).(va - v) / (va - vb) (2)
De (2), T = 272,96 ºC
m = V / v (4)
EXEMPLO 3.3
A água contida num conjunto Pistão - cilindro passa por dois processos em
série, a partir de um estado inicial onde P = 10,00 bar, T = 400 ºC.
Solução:
Caso 1.
Caso 2.
Caso 3.
Como observado, existem regiões onde o volume específico da água líquida varia muito
pouco e a energia interna específica varia principalmente com a temperatura.
O mesmo comportamento geral é exibido por outras substâncias nas suas fases líquida e
sólida. Essa substância idealizada é chamada de incompressível.
Para essa substância a energia interna específica depende somente da temperatura e o calor
específico é também somente função da temperatura.
Cv(T) = du / dT (incompressível)
Cp = Cv = C (incompressível)
Para intervalos de temperatura não muito grandes, a variação de c pode ser pequena e nesses
casos o calor específico pode ser tomado como constante, sem perda apreciável de precisão.
Para c = constante,
u2 - u1= c.(T2 - T1)
h2 - h1= c.(T2 - T1) + v.(p2 - p1)
O Pistão pode se mover para a obtenção de vários estados de equilíbrio à mesma temperatura.
Para cada estado de equilíbrio são medidos: a Pressão e o volume específico. Com os
resultados é construído o seguinte gráfico:
Quando P -> 0, para todas as temperaturas, o limite tende a Rbarra, independentemente do gás
utilizado.
Rbarra = Constante Universal dos Gases
R = Rbarra / M.
Z = Fator de compressibilidade
Z = 1 + B^(T).p + C^(T).p2 + D^(T).p3 + ...
Essas equações são conhecidas como expansões viriais e os coeficientes B^, C^, D^ e B, C, D
são os coeficientes viriais, e pretendem representar as forças entre as moléculas.
Dessa maneira, o fator de compressibilidade é colocado num gráfico versus uma Pressão
Reduzida e uma temperatura reduzida, definida como:
Pr = P / Pc e Tr = T / Tc
Cartas mais apropriadas para solução de problemas são apresentadas nas Fig. A - 1, A - 2 e A
- 3 do Apêndice.
Os valores obtidos destas cartas são aproximados e, se os cálculos exigirem grande precisão,
será necessário lançar mão de tabelas específicas ou softwares para cálculo.
O erro máximo é da ordem de 5% e para a maioria das faixas de pressão e temperaturas é
bem menor.
Nessas cartas o volume específico reduzido vr = vbarra / vcbarra é substituído pelo pseudo
volume específico crítico vr' = vbarra / (Rbarra.Tc / Pc).
Essas cartas não fornecem bons resultados nas proximidades do ponto crítico. Isso pode se
contornado restringindo as correlações para substâncias com o mesmo Zc:
EXEMPLO 3.4
Uma quantidade fixa de vapor d'água inicialmente a 20 MPa, T = 520oC é
resfriada a volume constante até a temperatura de 400oC. Usando as cartas de
compressibilidade, determine:
Solução:
Em 1)
Tab. A.1
Mágua = 18,2
Tc = 647,3 K
Pc = 220,9 bars
Z = 0,83
v = Z.Rbarra.T / M.P
Em 2)
vr' = 1,12
Tr = 1,04
Pr2 = 0,69 Carat E3 - 4 P = Pc.P = 15,24 Mpa
P = 15,16 MPa -> Tabela de Vapor
Pr <= 0,05
z~1 ou
Tr >= 15
2 <= Tr <= 3
z~1
Larga faixa de Pr
P.v = RT
Lembrar sempre que o modelo de gás ideal é muito bom quando Z 1 e que não fornece
resultados aceitáveis para todos os estados, e deve ser utilizado como uma aproximação para
os casos reais.
Entalpia e cp
cp(T) = cv(T) + R
Combinando as equações:
cp(T) = k.R / (k - 1)
cv(T) = R / (k - 1)
Os valores de Cp e Cv variam com a temperatura e são disponíveis para a maioria dos gases
de interesse. Para os gases mono-atômicos Ar, He, Ne, a razão cpbarra / Rbarra é praticamente
constante , valor = 2,5 (Ar, Ne, He).
Para os demais gases, os valores de cpbarra podem ser obtidos de tabelas ou expressões:
onde alfa, beta, gama, delta, epsilon são listados na Tab. A-15 para vários gases na faixa de
temperaturas entre 300 e 1000 K.
EXEMPLO 3.5
Determine a variação da entalpia específica para vapor d'água, do estado (1)
T1 = 400 K e P1 = 0,1 MPa até o estado (2) T2 = 900K P2 = 0,5 MPa, usando:
1. Tabela de vapor
2. Integração usando o modelo do calor específico para gás ideal cpbarra /
Rbarra = alfa + beta.T + gama.T2 + delta.T3 + epsilon.T4, com os
coeficientes alfa, beta, gama, delta, epsilon da Tab. A-15.
3. Repetir 1. e 2. para o estado final.
Solução:
h1 = 2730,5 kJ/kg
h2 = 3762,2 kJ/kg
Em 2) Sabendo que:
Deltah = Integral(2, 1, cp(T).dT) (1)
cp = cpbarra / M (2)
R = Rbarra / M (3)
cpbarra / Rbarra = alfa + beta.T + gama.T2 + delta.T3 + epsilon.T4 (4)
Em 3)
Para os gases mais comuns, avaliações de valores de energia interna específica e de entalpia
são facilitados pelo uso de tabelas de gases ideais.
u = h - R.T
EXEMPLO 3.6
Determine a variação da entalpia específica do vapor d'água do estado 1 a T1=
400 K e P1 = 0,1 MPa até T2 = 900 K e P2 = 0,5 MPa, usando a tabela de gás
ideal para vapor d'água.
Compare os resultados com as partes a e b do exemplo 3.5
Solução:
h1 = 741,18 kJ / kg
h2 = 1766,26 kJ / kg
Deltah =1025,08 kJ / kg
EXEMPLO 3.7
Dois tanques são conectados através de uma válvula. Um dos tanques contem 2
kg de CO a 77 ºC e P = 0,7 bars. O outro tanque tem 8 kg de CO a 27 ºC e P =
1,2 bars.
A válvula á aberta permitindo que o CO se misture enquanto recebe energia do
ambiente. A temperatura final de equilíbrio é 42 ºC. Usando o modelo de gás
Ideal determine:
Solução:
Hipóteses:
Em 1)
Pelas condições dadas é possível determinar os volumes totais dos tanques 1 e 2, nas
condições iniciais.
Supondo que os tanques sejam rígidos, o volume final será igual ao inicial Vf = V1 +
V2 e assim é possível determinar o volume específico final, de forma que:
Logo: Pf = 1,05 bars
Em 2)
Como DeltaU = Uf - Ui e
Uf = (m1 + m2).u(Tf)
Ui = m1.u(T1) + m2.u(T2)
u(Tf) - u(T1) = cv.(Tf - T1)
u(Tf) - u(T2) = cv.(Tf - T2)
Tomando o valor médio para Cv entre T = 300 e 350, temos Cv = 0,745 kJ/kg.K
Logo: Q = 37,25 kJ
Resposta 2. Q = 37,25 kJ
3.5.4. Processo Politrópico para um gás ideal
Entre 2 estados 1 e 2:
TRABALHO
Essas equações se aplicam para qualquer gás (ou líquido) em um processo politrópico.
Quando o comportamento de gás ideal é apropriado podem ser obtidas as seguintes equações.