Acórdão 10000230024663002 2756392024

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Apelação Cível Nº 1.0000.23.

002466-3/002

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EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA
DE DÉBITO C/C INDENIZATÓRIA. EMPRÉSTIMO PESSOAL. RELAÇÃO
JURÍDICA COMPROVADA. EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO DO
CREDOR. RELAÇÃO JURÍDICA COMPROVADA. - A prova da celebração
do negócio jurídico subjacente cabe tão-somente àquele que se imputa
credor, conclusão a que se chega sob o fundamento da teoria da carga
dinâmica do ônus da prova, como forma de afastar a exigência dirigida
ao autor para produção de prova diabólica ou com caráter negativo.
APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0000.23.002466-3/002 - COMARCA DE PEDRA AZUL - APELANTE(S): GILMAR SANTOS DE
ABREU - APELADO(A)(S): BANCO PAN S/A

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 14ª CÂMARA CÍVEL do


Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da
ata dos julgamentos, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.

DESA. CLÁUDIA MAIA


RELATORA

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Apelação Cível Nº 1.0000.23.002466-3/002

DESA. CLÁUDIA MAIA (RELATORA)

VOTO

Trata-se de recurso de apelação interposto por GILMAR


SANTOS DE ABREU contra sentença proferida pela MM. Juíza de
Direito Dra. Flávia Braga Corte Imperial investida na 1ª Vara Cível da
Comarca de Pedra Azul/MG, que, nos autos da ação declaratória de
inexistência de relação jurídica c/c indenização por danos materiais e
morais, ajuizada em face do BANCO PAN S/A., julgou improcedentes
os pedidos da inicial.
Em suas razões recursais, alega o apelante que não pactuou
negócio jurídico e tampouco anuiu com a realização dos descontos em
seu benefício previdenciário. Afirma que não foi disponibilizado
nenhum valor em sua conta bancária. Assevera que os descontos
mensais efetuados em seu benefício vem lhe causando grandes
prejuízos e danos materiais e morais. Com esses argumentos, pugna
pelo provimento do recurso, a fim de julgar procedente o pedido inicial.
Ausente o preparo recursal, eis que o apelante litiga sob o pálio
da justiça gratuita.
Devidamente intimado, o apelado apresentou contrarrazões
(documento de ordem 77), tecendo argumentos em prol da
manutenção da sentença.
É o relatório.
Conheço do recurso, por estarem presentes os pressupostos legais
de admissibilidade.
Trata-se de ação declaratória de inexistência de débito c/c
indenização por danos morais, pela qual o autor afirma que ocorreram
descontos indevidos em seu benefício previdenciário como resultado

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Apelação Cível Nº 1.0000.23.002466-3/002

da celebração de contrato de empréstimo consignado, o qual afirma


não ter realizado.
Após o regular trâmite processual, a magistrada a quo julgou
improcedente a pretensão inicial, ensejando a interposição do presente
recurso.
Pois bem.
É regra básica do sistema probatório a de que quem alega um
fato deve prová-lo.
Dessa forma, compete ao autor provar o fato constitutivo de seu
direito e ao réu a prova quanto à existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor, nos termos do art. 373 do
CPC. Sobre o tema, elucidativa é a lição de Humberto Theodoro Jr.:
Para o processo, a prova, como ensinava o grande
João Monteiro, não é somente um fato processual,
mas ainda uma indução lógica, é um meio com que
se estabelece a existência positiva ou negativa do fato
probando, e é a própria certeza dessa existência.
A um só tempo, destarte, deve-se ver na prova a ação
e o efeito de provar, quando se sabe, como Couture,
que 'provar é demonstrar de algum modo a certeza de
um fato ou a veracidade de uma afirmação. (in Curso
de Direito Processual Civil, volume I - Teoria Geral do
Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento
- editora Forense, Rio de Janeiro, 39ª edição, 2003, p.
376).

No mesmo sentido, válidos são os ensinamentos de Fredie


Didier Jr., Paula Sarno Braga e Rafael Alexandria de Oliveira:
O CPC, ao distribuir o ônus da prova, levou em
consideração três fatores: a) a posição da parte na
causa (se autor, se réu); b) a natureza dos fatos em
que funda sua pretensão/exceção (constitutivo,
extintivo, impeditivo ou modificativo do direito
deduzido) c) e o interesse em provar o fato. Assim, ao
autor cabe o ônus da prova do fato constitutivo do seu
direito e ao réu a prova do fato extintivo, impeditivo ou
modificativo deste mesmo direito (art. 373, CPC). (in
Curso de Direito Processual Civil, V.2 – 11 ed. –
Salvador: Ed. Jus Podivm, 2016, p. 114).

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Apelação Cível Nº 1.0000.23.002466-3/002

Importante destacar que a prova da celebração do negócio


jurídico subjacente cabe tão-somente àquele que se imputa credor,
conclusão a que se chega sob o fundamento da teoria da carga
dinâmica do ônus da prova, como forma de afastar a exigência dirigida
à autora para produção de prova diabólica ou com caráter negativo.
No caso concreto, o apelado, através da prova documental
acostada ao processo, demonstrou satisfatoriamente a contratação
pelo apelante e a origem dos débitos efetuados em seu beneficio
previdenciário.
Pelo documento de ordem 51 vejo que o réu fez prova da
existência de relação jurídica entres as partes, acostando o
instrumento contratual nº 362683564 e os documentos pessoais do
recorrente, os quais não foram em nenhum momento por ele refutados,
com sua foto de perfil e o código de geolocalização.
Ademais, pela foto do contratante, anexada no documento de
ordem nº 51, verifico que se trata da mesma pessoa apresentada no
documento de identidade (doc. de ordem nº 05).
Como se não bastasse, o código de geolocalização constante
do contrato, quando adicionado ao Google, aponta a localização exata
do endereço fornecido pelo autor na exordial.
A instituição financeira também comprovou que o valor
contratado, qual seja, R$11.134,56 (onze mil cento e trinta e quatro
reais e cinquenta e seis centavos), foi disponibilizado por meio de TED
em sua conta corrente, em 18/08/2022, conforme se extrai do
documento de ordem 53.
Nesse cenário, concluo que a instituição financeira apelada
demonstrou que os débitos questionados são oriundos de contratações
regulares feitas pelo apelante, não havendo que se falar na ilegalidade
dos descontos realizados em seu beneficio previdenciário.

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Por conseguinte, o desconto das parcelas impugnadas constitui


exercício regular do direito da instituição financeira.
Tal circunstância, por decorrência lógica, afasta a pretensão
indenizatória face à comprovação pela instituição ré da contratação.
Diante do exposto, nego provimento ao recurso.
Condeno o apelante ao pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios fixados em 12% (dez por cento) sobre o valor
da causa, suspendendo a exigibilidade, por estar amparado pelos
benefícios da justiça gratuita.

DES. ESTEVÃO LUCCHESI - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. MARCO AURELIO FERENZINI - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "NEGARAM PROVIMENTO AO


RECURSO."

Fl. 5/5

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