Direito Do Seguro e Resseguro Atualizações

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 4

MATRIZ DE ATIVIDADE INDIVIDUAL

Estudante: Thompson Smith

Disciplina: Direito do Seguro e Resseguro-1123-2

Turma: Professor Pérsio Corrêa

Parecer Jurídico

São Paulo, 01 de dezembro de 2023

Interessada: Badyear Depósito de Pneus Ltda.

Referente à: Gestão de riscos da atividade empresarial.

Trata-se da consulta realizada pela Badyear Depósito de Pneus Ltda, que foi
condenada ao pagamento de pensão vitalícia a familiares de um de seus
funcionários, morto num acidente durante a atividade laboral e que agora busca
aconselhamento jurídico no intuito de minimizar riscos futuros de prejuízos
patrimoniais decorrentes de acidentes de trabalho entre seus colaboradores.

É o relatório, passo a opinar.

Considerando que a empresa opera com cerca de 30 funcionários e que a atividade


laboral com carga suspensa representa um alto risco de acidentes graves ou fatais,
que trazem consequências expressivas para sua saúde financeira, é recomendável

1
avaliar formas de mitigar eventuais prejuízos, por meio de garantias que lhes
assegurem contra esses riscos.

Em que pese o dever de fazer menção honrosa atinente a possibilidade de


contratação de um seguro de vida para os funcionários da empesa, em que se pode
modular diversas garantias, contra acidentes, invalidez, doenças, morte entre outras,
cuidando, destarte, de assegurar pessoas em um sentido mais abrangente do que
apenas minorar danos de responsabilidade civil, o opinativo in casu deverá manter o
foco no interesse manifesto pela empresa, qual seja o de proteger-se contra
eventuais indenizações de reparação por danos a terceiros.

Nesse caso, a contratação de um seguro de responsabilidade civil facultativo


emerge como uma alternativa sustentável e, consideravelmente, promissora no
sentido de manter a higidez econômica da sociedade empresarial em caso de
sinistros, como o que ocorreu recentemente, tendo em vista a dimensão do custo
desse tipo de condenação, em que a cifra global ultrapassa um milhão de reais.

A contratação desse tipo de seguro está previsto no Código Civil brasileiro no art.
787, é regulamentado pela Circular nº 637/2021 da Susep – Superintendência de
Seguros Privados e funciona criando um fundo que reúne contribuições de diversos
atores do mercado que, assim como a Badyear, pretendem proteger seu patrimônio
contra prejuízos indenitários decorrentes de danos provocados a terceiros que
ensejem reparação civil, nos termos dos arts. 186 e 927 do código civil brasileiro.

Essa relação de compartilhamento dos riscos é conduzida por uma seguradora que
arrecada valores de cada participante, proporcionais ao risco que promovem, em
troca de garantir a indenização aos beneficiários, no caso, os funcionários, na
ocorrência do dever de indenizar, evitando assim que a Badyear precise suportar
sozinha os custos de uma eventual condenação judicial, o que constitui uma relação
de mutualismo que é a base principiológica da existência dessa espécie de seguro.

Dentre as espécies de seguros de responsabilidade civil a retromencionada Circular


da Susep nº 637/21 traz o seguro de responsabilidade civil geral (RC Geral) com
base em ocorrências que atende aos anseios da empresa. Esse tipo de contrato

2
pressupõe que o sinistro seja contemporâneo ao lapso de vigência da avença e que
a participação do fato se dê dentro do período de validade da garantia contratual ou
nos limites estabelecidos pela lei, quanto aos prazos prescricionais, consoante o art.
2º inciso I, alíneas a e b, da Circular e ainda o art. 787 do código civil.

Esse prazo é de um ano para o segurado acionar a seguradora a correr da data em


que for citado a responder pelo dano ou da data do pagamento feito ao beneficiário,
quando a seguradora anuir ao pagamento, conforme o art. 206, §1º, inciso II, alínea
a do Código Civil brasileiro.

Entretanto, faz sentido afirmar, que o prazo para o segurado demandar contra a
seguradora passa a correr da data em que esta manifestar a recusa ao pagamento
da indenização, posto que decorre dessa recusa a exigibilidade para demandá-la em
juízo, ou seja, o pagamento voluntário, não cria esse interesse processual.

É de suma importância participar do sinistro à seguradora tão logo haja citação, para
evitar a incidência da perda do dever de indenizar, insculpida no art. 771 do código
civil.

Cumpre ainda ressaltar que o prazo quinquenal, previsto no Código de defesa do


Consumidor, em seu art. 27 aplica-se de forma subsidiária nesse tipo de contrato,
admitido apenas nos casos em que houver um fato do serviço, isto é, uma falha na
prestação do serviço da seguradora, mas não se aplica para adimplir a garantia
estipulada na apólice.

Esses prazos prescricionais não podem ser revisados pelas partes, segundo o art.
192 do código civil, portanto, ficam assim estabelecidos.

O fato gerador para os seguros de responsabilidade civil são a condenação judicial,


o arbitramento ou acordos judiciais ou homologados na justiça com anuência da
seguradora, conforme o art. 15 da Circular 637/21 da Susep.

Conclusão

Diante das razões apresentadas, conclui-se que o curso de ação adequado a


prevenir o impacto financeiro de indenizações por danos a terceiros é a contratação

3
de um seguro de responsabilidade civil com base na ocorrência, considerando que o
valor do prêmio a ser pago para a seguradora será consideravelmente menor do que
o pagamento cumulado de futuras indenizações, potencialmente, milionárias como o
que decorrera anteriormente.

É o parecer, salvo melhor juízo.

São Paulo, 01 de dezembro de 2023.

Thompson Smith – Advogado

OAB/PE – 049736

*Referências bibliográficas

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil Brasileiro. Disponível


em:https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em:
01/12/2023.

SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS (SUSEP). Circular Susep nº 637,


de 27 de julho de 2021. Disponível em: https://www.google.com/url?
sa=t&source=web&rct=j&opi=89978449&url=https://www2.susep.gov.br/safe/
scripts/bnweb/bnmapi.exe%3Frouter%3Dupload/
25074&ved=2ahUKEwivupmqwfaCAxVc_rsIHYnKBYIQFnoECBIQAQ&usg=AOvVaw
0azCqfsaJch4JEGDYbvJIN. Acesso em: 01/12/2023.

BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Código de Defesa do


Consumidor. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm. Acesso em:
01/12/2023.

Você também pode gostar