Informativo 639
Informativo 639
Informativo 639
Informativo 639-STJ
Márcio André Lopes Cavalcante
ÍNDICE
DIREITO CIVIL
CONTRATOS
A abusividade de encargos acessórios do contrato não descaracteriza a mora.
SEGURO
Ainda que contrato preveja a exclusão da cobertura em caso de embriaguez do segurado e mesmo que o acidente
tenha sido causado por essa embriaguez, a seguradora será obrigada a indenizar a vítima já que essa cláusula é
ineficaz perante terceiros.
DIREITO DO CONSUMIDOR
CLÁUSULAS ABUSIVAS E CONTRATOS BANCÁRIOS
É abusiva a previsão no contrato bancário de cobrança genérica por serviços prestados por terceiros.
Em regra, o banco pode cobrar tarifa de avaliação do bem dado em garantia.
Em regra, o banco pode cobrar o ressarcimento de despesa com o registro do contrato.
O banco não pode cobrar do consumidor o valor gasto pela instituição com a comissão do correspondente bancário.
O banco não pode cobrar do consumidor o valor gasto com o registro do pré-gravame.
Instituição financeira não pode exigir que o contratante faça um seguro como condição para a assinatura do
contrato bancário.
AÇÃO RESCISÓRIA
O pedido de rescisão da sentença, em vez do acórdão que a substituiu, não conduz à impossibilidade jurídica do
pedido, constituindo mera irregularidade formal.
AGRAVO DE INSTRUMENTO
O rol do art. 1.015 do CPC/2015 é de taxatividade mitigada.
DIREITO PENAL
DOSIMETRIA DA PENA
Condenações anteriores transitadas em julgado não podem ser utilizadas como conduta social desfavorável.
DIREITO TRIBUTÁRIO
CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA
Não pratica o crime do art. 3º, III, da Lei 8.137/90 o auditor fiscal que corrige minuta de impugnação administrativa
que posteriormente é ajuizada na Administração Tributária.
DIREITO CIVIL
CONTRATOS
A abusividade de encargos acessórios do contrato não descaracteriza a mora
Se o banco cobra encargos ilegais do contratante e este atrasa o pagamento, haverá a incidência de
juros e correção monetária?
Depende:
Se são encargos ESSENCIAIS: NÃO Se são encargos ACESSÓRIOS: SIM
O reconhecimento da abusividade nos encargos A abusividade de encargos acessórios do contrato
exigidos no período da normalidade contratual não descaracteriza a mora.
descaracteriza (afasta) a mora. Isso porque afasta STJ. 2ª Seção. REsp 1.639.259-SP, Rel. Min. Paulo
a “culpa” do mutuário pelo atraso. de Tarso Sanseverino, julgado em 12/12/2018
STJ. 2ª Seção. REsp 1061530/RS, Rel. Min. Nancy (recurso repetitivo) (Info 639).
Andrighi, julgado em 22/10/2008.
Ex: em um contrato de mútuo bancário, se a Ex: em um contrato de mútuo bancário, se a
instituição financeira cobra juros remuneratórios instituição financeira exige seguro de proteção
abusivos, o eventual atraso não gera mora (não financeira, ressarcimento de despesas com pré-
gera pagamento das verbas decorrentes da mora). gravame e comissão do correspondente bancário,
o eventual atraso gera mora.
A abusividade em algum encargo acessório do contrato não contamina a parte principal da contratação,
que deve ser conservada. Deve-se fazer a redução do negócio jurídico, conforme preconiza o Código de
Defesa do Consumidor, nos seguintes termos:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento
de produtos e serviços que:
(...)
§ 2º A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua
ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes.
Em suma:
A abusividade de encargos acessórios do contrato não descaracteriza a mora.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.639.259-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 12/12/2018 (recurso
repetitivo) (Info 639).
SEGURO
Ainda que contrato preveja a exclusão da cobertura em caso de embriaguez do segurado e
mesmo que o acidente tenha sido causado por essa embriaguez, a seguradora será obrigada a
indenizar a vítima, já que essa cláusula é ineficaz perante terceiros
Mudança de entendimento!
No contrato de seguro de automóvel, é lícita a cláusula que exclui a cobertura securitária para
o caso de o acidente de trânsito (sinistro) ter sido causado em decorrência da embriaguez do
segurado.
No entanto, esta cláusula é ineficaz perante terceiros (garantia de responsabilidade civil).
Isso significa que, mesmo que contrato preveja a exclusão da cobertura em caso de
embriaguez do segurado, a seguradora será obrigada a indenizar a vítima (terceiro) caso o
acidente tenha sido causado pelo segurado embriagado.
Em outras palavras, não se pode invocar essa cláusula contra a vítima.
Depois de indenizar a vítima, a seguradora poderá exigir seu direito de regresso contra o
segurado (causador do dano).
E se fosse um seguro de VIDA? É válida a cláusula, no contrato de seguro de vida, que preveja a exclusão
da cobertura securitária se a morte foi decorrente de embriaguez?
NÃO. É vedada a exclusão de cobertura do seguro de vida na hipótese de sinistro ou acidente decorrente
de atos praticados pelo segurado em estado de embriaguez.
Tal cláusula é abusiva, com base nos arts. 3º, § 2º, e 51, IV, do CDC.
Súmula 620-STJ: A embriaguez do segurado não exime a seguradora do pagamento da indenização
prevista em contrato de seguro de vida.
É válida a cláusula prevendo que fica excluída a cobertura do seguro em caso de embriaguez?
• Seguro de veículo: SIM.
• Seguro de vida: NÃO.
Esqueçamos o seguro de vida e voltemos ao exemplo que trata sobre seguro de automóvel:
Alguns meses depois de ter feito o seguro, John saía de uma festa e, completamente embriagado, perdeu
a direção do veículo, passou para a contramão e acertou o carro de Pedro.
Ficou comprovado que a causa determinante do acidente foi a embriaguez de John.
Felizmente, não houve vítimas fatais, mas Pedro saiu muito lesionado e com seu carro destruído.
Pedro procura um advogado para pleitear seus direitos.
Hipótese 1. Indaga-se: Pedro (terceiro prejudicado), sabendo que John possui seguro, pode deixar de lado
o causador do dano e ajuizar ação de indenização apenas contra a Seguradora cobrando seu prejuízo?
NÃO. O terceiro prejudicado não pode ajuizar, direta e exclusivamente, ação judicial em face da
seguradora do causador do dano.
Esse entendimento encontra-se materializado em uma súmula:
Súmula 529-STJ: No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento de ação pelo
terceiro prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do apontado causador do dano.
Obs: a súmula fala em “seguro de responsabilidade civil facultativo” para deixar claro que está tratando
daquele seguro que os proprietários de carro fazem espontaneamente com a seguradora. O objetivo foi
deixar claro que a súmula não está tratando sobre o seguro DPVAT, que é um seguro obrigatório de danos
pessoais causados por veículos automotores de via terrestre.
Vamos supor uma segunda hipótese. Pedro ajuizou a ação de indenização apenas contra John cobrando
as despesas do conserto. John poderá fazer a denunciação da lide à seguradora?
SIM, nos termos do art. 125, II, do CPC/2015:
Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:
(...)
II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo
de quem for vencido no processo.
Desse modo, a Seguradora comparece em juízo aceitando a denunciação da lide feita pelo réu,
contestando o mérito do pedido do autor e assumindo, assim, a condição de litisconsorte passiva.
Nesta situação acima relatada, o juiz irá condenar John e a Seguradora, de modo que Pedro poderá
executar tanto o denunciante (John) como a denunciada (Seguradora).
Isso é bom porque a vítima não será obrigada a perseguir seu direito somente contra o autor do dano
(John), o qual poderia, em tese, não ter condições de arcar com a condenação.
Obs: a seguradora pode recusar a denunciação da lide, desde que tenha uma razão jurídica para isso (ex:
o contrato com o segurado já havia expirado). Neste caso, ela não poderá ser condenada junto com o
segurado, ao pagamento da indenização.
Vamos agora imaginar uma terceira e última hipótese. Pedro poderá ajuizar a ação de indenização
contra John e a Seguradora em litisconsórcio passivo?
SIM. Conforme vimos na hipótese 1, não é cabível a propositura de ação pelo terceiro prejudicado direta
e exclusivamente em face da seguradora do apontado como causador do dano (Súmula 529-STJ). Contudo,
a seguradora é parte legítima para figurar no polo passivo da demanda em litisconsórcio com o segurado
(STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp 693.981/SC, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 19/10/2017).
Esse ajuizamento direto é permitido porque, atualmente, o STJ não mais adota a “teoria do reembolso”.
Pela teoria do reembolso, o segurado deveria primeiro indenizar o terceiro lesado pelo evento danoso
para que, então, a seguradora o reembolsasse das despesas até o limite previsto na apólice.
Ocorre que tal exigência conduzia a situações de grande injustiça perante as vítimas inocentes (terceiros)
do sinistro, pois, em muitas oportunidades, o segurado não possui patrimônio suficiente para suportar as
despesas dos danos causados a terceiros, deixando as seguradoras em uma cômoda posição frente ao
seguro de responsabilidade civil, pois nada havia para reembolsar ao segurado que nada despendera.
Dessa forma, “o contrato de seguro facultativo de responsabilidade civil, previsto no art. 787 do Código
Civil, não pode mais servir como ‘instrumento de reembolso’, tendo por condição o pagamento incerto e
duvidoso feito à vítima pelo fragilizado segurado, sob pena de tornar a garantia do patrimônio do terceiro,
prometida pela seguradora, ineficaz.” (Min. Paulo de Tarso Sanseverino).
Logo, não é correta a exclusão da cobertura de responsabilidade civil por danos a terceiros no seguro de
automóvel quando o motorista dirige em estado de embriaguez, visto que somente prejudicaria a vítima
já penalizada, o que esvaziaria a finalidade e a função social dessa garantia, de proteção dos interesses
dos terceiros prejudicados à indenização, ao lado da proteção patrimonial do segurado.
Em suma:
No contrato de seguro de automóvel, é lícita a cláusula que exclui a cobertura securitária para o caso de
o acidente de trânsito (sinistro) ter sido causado em decorrência da embriaguez do segurado.
No entanto, esta cláusula é ineficaz perante terceiros (garantia de responsabilidade civil).
Isso significa que, mesmo que contrato preveja a exclusão da cobertura em caso de embriaguez do
segurado, a seguradora será obrigada a indenizar a vítima (terceiro) caso o acidente tenha sido causado
pelo segurado embriagado.
Em outras palavras, não se pode invocar essa cláusula contra a vítima.
Depois de indenizar a vítima, a seguradora poderá exigir seu direito de regresso contra o segurado
(causador do dano).
A garantia de responsabilidade civil não visa apenas proteger o interesse econômico do segurado tendo,
também como objetivo preservar o interesse dos terceiros prejudicados.
O seguro de responsabilidade civil se transmudou após a edição do Código Civil de 2002, de forma que
deixou de ser apenas uma forma de reembolsar as indenizações pagas pelo segurado e passou a ser
também um meio de proteção das vítimas, prestigiando, assim, a sua função social.
É inidônea a exclusão da cobertura de responsabilidade civil no seguro de automóvel quando o
motorista dirige em estado de embriaguez, visto que somente prejudicaria a vítima já penalizada, o que
esvaziaria a finalidade e a função social dessa garantia, de proteção dos interesses dos terceiros
prejudicados à indenização, ao lado da proteção patrimonial do segurado.
STJ. 3ª Turma. REsp 1738247/SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 27/11/2018 (Info 639).
DIREITO DO CONSUMIDOR
Quem autoriza ou proíbe que as instituições financeiras cobrem dos usuários tarifas bancárias?
O Conselho Monetário Nacional (CMN).
O Conselho Monetário Nacional (CMN) é um órgão federal, classificado como “órgão superior do Sistema
Financeiro Nacional”. Suas competências estão elencadas no art. 4º da Lei nº 4.595/64, sendo ele
responsável por formular a política da moeda e do crédito, objetivando o progresso econômico e social
do País (art. 3º da Lei).
O CMN é composto por três autoridades: Ministro da Fazenda (que é o Presidente do Conselho); Ministro
do Planejamento; Presidente do Banco Central. As reuniões do CMN acontecem, em regra, uma vez por
mês. As matérias são aprovadas por meio de “Resoluções”.
Por que o CMN é quem define as tarifas bancárias que podem ser cobradas? Qual é o fundamento legal
para isso?
Essa competência do CMN encontra-se prevista na Lei nº 4.595/64.
A Lei nº 4.595/64 trata sobre as instituições monetárias, bancárias e creditícias, sendo conhecida como
“Lei do Sistema Financeiro nacional”.
Vale ressaltar que a Lei nº 4.595/64, apesar de ser formalmente uma lei ordinária, foi recepcionada pela
Constituição Federal de 1988 com status de lei complementar. Isso porque o art. 192 da CF/88 preconiza
que o sistema financeiro nacional "será regulado por leis complementares".
Veja o que diz o art. 4º, VI, da Lei nº 4.595/64:
Art. 4º Compete ao Conselho Monetário Nacional, segundo diretrizes estabelecidas pelo
Presidente da República:
(...)
IX - Limitar, sempre que necessário, as taxas de juros, descontos, comissões e qualquer outra
forma de remuneração de operações e serviços bancários ou financeiros, inclusive os prestados
pelo Banco Central da República do Brasil (...)
Assim, é o CMN que define se os bancos podem cobrar ou não pelos serviços oferecidos. A disciplina e os
limites impostos pelo CMN são realizados por decisões instrumentalizadas por meio de “resoluções”.
Assim, quando o CMN decide proibir que as instituições financeiras cobrem determinada tarifa, ele o faz
por meio de uma “resolução”.
É possível que, no contrato bancário, exista uma cláusula genérica prevendo que o consumidor deverá
ressarcir o banco pelos valores que ele pagar aos terceiros? É possível exigir do consumidor, de forma
genérica, o ressarcimento por todo e qualquer serviço prestado por terceiros (previsão genérica de
ressarcimento de despesa)?
NÃO. É necessário que o contrato indique, de modo específico, qual serviço será prestado e cobrado. A
cobrança genérica por serviços prestados por terceiros, além de não encontrar amparo na regulação
bancária, viola o Código de Defesa do Consumidor. Foi o que decidiu o STJ:
É abusiva a cláusula que prevê a cobrança de ressarcimento de serviços prestados por terceiros, sem a
especificação do serviço a ser efetivamente prestado.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.578.553-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 28/11/2018 (recurso
repetitivo) (Info 639).
A especificação do serviço contratado e dos acréscimos que forem cobrados é direito previsto no art. 6º,
III e no art. 52, III, do CDC:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
(...)
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação
correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem
como sobre os riscos que apresentem;
Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de crédito ou concessão
de financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros requisitos, informá-lo prévia
e adequadamente sobre:
(...)
III - acréscimos legalmente previstos;
É válida a tarifa de avaliação do bem dado em garantia, bem como da cláusula que prevê o
ressarcimento de despesa com o registro do contrato, ressalvadas:
• a abusividade da cobrança por serviço não efetivamente prestado; e
• a possibilidade de controle da onerosidade excessiva, em cada caso concreto.
Tarifa de avaliação do bem dado em garantia: valor cobrado do banco para remunerar o
especialista que realiza a avaliação do preço de mercado do bem dado em garantia.
Ressarcimento de despesa com o registro do contrato: valor cobrado pela instituição
financeira como ressarcimento pelos custos que o banco terá para fazer o registro do contrato
no cartório ou no DETRAN. Ex: despesas para registrar a alienação fiduciária de veículo no
DETRAN.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.578.553-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 28/11/2018
(recurso repetitivo) (Info 639).
Isso significa que a cobrança da tarifa de avaliação do bem dado em garantia será abusiva?
NÃO. A cobrança dessa tarifa é válida, mas desde que:
• a avaliação seja efetivamente realizada (isso deve ser comprovado pelo banco). O consumidor não pode
ser obrigado a pagar antecipadamente por um serviço (avaliação do veículo), que não será
necessariamente prestado; e
• o valor cobrado não seja excessivo. Exemplo concreto no qual o STJ entendeu que houve onerosidade
excessiva: o automóvel custava R$ 9.249,00 e o banco cobrou R$ 588,00 a título de tarifa de avaliação do bem.
A possibilidade de cobrança desta tarifa é prevista no art. 5º, VI, da Resolução CNM 3.919/2010:
Art. 5º Admite-se a cobrança de tarifa pela prestação de serviços diferenciados a pessoas naturais,
desde que explicitadas ao cliente ou ao usuário as condições de utilização e de pagamento, assim
considerados aqueles relativos a:
(...)
VI - avaliação, reavaliação e substituição de bens recebidos em garantia;
É válida a cláusula que prevê o ressarcimento de despesa com o registro do contrato, ressalvadas:
• a abusividade da cobrança por serviço não efetivamente prestado; e
• a possibilidade de controle da onerosidade excessiva, em cada caso concreto.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.578.553-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 28/11/2018 (recurso
repetitivo) (Info 639).
Correspondentes bancários
Os correspondentes bancários são pessoas jurídicas contratadas pelas instituições financeiras para
prestarem alguns serviços de atendimento aos clientes e usuários do banco.
Exemplos de atividades que podem ser desempenhadas pelos correspondentes bancários:
Ex1: receber pedidos de clientes que queiram abrir conta bancária, encaminhando ao respectivo banco.
Ex2: receber pagamentos de boletos bancários até determinados valores.
Ex3: serviços de cobrança.
Os bancos postais existem normalmente em municípios do interior onde não há bancos ou onde existem
muito poucos em razão dos altos custos para se manter agências nessas localidades.
Veja o que diz a Portaria nº 588/2000 do Ministério das Comunicações:
Art. 2º Os serviços relativos ao Banco Postal caracterizam-se pela utilização da rede de
atendimento da ECT para a Prestação de serviços bancários básicos, em todo território nacional,
como correspondente de instituições bancárias, na forma definida pela Resolução do Conselho
Monetário Nacional (...)
Essa cláusula é válida? É possível que o banco exija que o consumidor faça o ressarcimento dos valores
que a instituição financeira pagou a título de comissão do correspondente bancário?
NÃO.
É abusiva a cláusula que prevê o ressarcimento pelo consumidor da comissão do correspondente
bancário, em contratos celebrados a partir de 25/02/2011, data de entrada em vigor da Resolução CMN
3.954/2011, sendo válida a cláusula no período anterior a essa resolução, ressalvado o controle da
onerosidade excessiva.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.578.553-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 28/11/2018 (recurso
repetitivo) (Info 639).
Art. 17. É vedada a cobrança, pela instituição contratante, de clientes atendidos pelo
correspondente, de tarifa, comissão, valores referentes a ressarcimento de serviços prestados por
terceiros ou qualquer outra forma de remuneração, pelo fornecimento de produtos ou serviços
de responsabilidade da referida instituição, ressalvadas as tarifas constantes da tabela adotada
pela instituição contratante, de acordo com a Resolução nº 3.518, de 6 de dezembro de 2007, e
com a Resolução nº 3.919, de 25 de novembro de 2010.
A justificativa para se proibir essa transferência de custo para o consumidor está no fato de que o
correspondente bancário atua como preposto da instituição financeira, não propriamente como um
terceiro. Logo, a remuneração do correspondente bancário já está inserida nos custos operacionais da
instituição financeira.
É abusiva a cláusula que prevê o ressarcimento pelo consumidor da despesa com o registro do
pré-gravame, em contratos celebrados a partir de 25/02/2011, data de entrada em vigor da
Resolução CMN 3.954/2011, sendo válida a cláusula pactuada no período anterior a essa
resolução, ressalvado o controle da onerosidade excessiva.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.639.259-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 12/12/2018
(recurso repetitivo) (Info 639).
Sistema pré-gravame
Quando um veículo (carros, motos, caminhões) é dado em garantia de uma dívida, isso significa que haverá
uma restrição incidente sobre este automóvel. Esta restrição deverá ser registrada na entidade
competente, que é o DETRAN. Em outras palavras, no DETRAN constará a informação de que esse carro
poderá ser utilizado para quitação de uma dívida caso ela não seja paga pelo devedor.
Ocorre que as transações financeiras são muito dinâmicas e os registros oficiais são demorados e
burocráticos para serem consultados. Assim, as instituições financeiras, ainda na década de 90, viram a
necessidade de elas terem um controle próprio das restrições que incidem sobre os veículos. Um sistema
por meio do qual todas as informações estivessem unificadas e que os bancos pudessem consultar
rapidamente para saber se haveria alguma restrição sobre aquele automóvel.
Diante disso, o mercado financeiro criou uma plataforma on-line com o objetivo de reunir ali uma base
única de informações com relação às garantias constituídas sobre veículos, permitindo, desse modo, que
todos os integrantes do mercado privado e, também, os DETRANs (mediante convênio) possam consultar
as restrições financeiras incidentes sobre os veículos. O objetivo final foi o de evitar que um mesmo
automóvel seja objeto de garantia em mais de uma operação de crédito.
Essa plataforma foi denominada de Sistema Nacional de Gravames – SNG, no entanto, tecnicamente, seria
um pré-gravame, considerando que é alimentado antes do registro oficial da restrição que é feito no
DETRAN com a anotação do gravame no CRV.
O Sistema Nacional de Gravames – SNG é coordenado pela FENASEG (Federação Nacional das Empresas
de Seguros Privados, de Capitalização e de Previdência Complementar Aberta) e operacionalizada pela
CETIP (Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados), que é uma empresa privada.
Essa cláusula é válida? É possível que o banco exija que o consumidor pague os custos operacionais do
pré-gravame?
NÃO. Vamos entender os motivos.
Assim, pode-se dizer que a Resolução CMN 3.954/2011 proibiu que as instituições financeiras cobrem dos
consumidores o ressarcimento com as despesas de pré-gravame.
Vale ressaltar que, antes da Resolução CMN 3.954/2011 (antes de 25/02/2011), essa cobrança, em regra,
era permitida pelo art. 1º, § 1º, inciso III, da Resolução-CMN 3.518/2007.
Dessa feita, antes de 25/02/2011, era possível que as instituições financeiras repassassem esse custo aos
consumidores, desde que não houvesse uma onerosidade excessiva em desfavor dos clientes.
Nos contratos bancários em geral, o consumidor não pode ser compelido a contratar seguro
com a instituição financeira ou com seguradora por ela indicada.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.639.259-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 12/12/2018
(recurso repetitivo) (Info 639).
É possível que o contrato de financiamento bancário preveja, em seu bojo, um seguro de proteção
financeira (ou outro similar)?
SIM, mas desde que seja respeitada a liberdade do consumidor:
• quanto à decisão de contratar ou não o seguro; e
• quanto à escolha da seguradora.
É o mesmo raciocínio que inspirou a edição da Súmula 473 do STJ: O mutuário do SFH não pode ser
compelido a contratar o seguro habitacional obrigatório com a instituição financeira mutuante ou com a
seguradora por ela indicada.
Se o contratante fosse obrigado a celebrar o seguro haveria a chamada venda-casada, prática vedada pelo
art. 39, I, do Código de Defesa do Consumidor:
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou
serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
TUTELA ANTECIPADA
A tutela antecipada antecedente (art. 303 do CPC) somente se torna estável se não houver
nenhum tipo de impugnação formulada pela parte contrária, de forma que a mera contestação
tem força de impedir a estabilização
Importante!!!
O CPC/2015 inovou na ordem jurídica ao trazer, além das hipóteses até então previstas no
CPC/1973, a possibilidade de concessão de tutela antecipada requerida em caráter
antecedente, a teor do que dispõe o seu art. 303.
Uma das grandes novidades trazidas pelo novo CPC a respeito do tema é a possibilidade de
estabilização da tutela antecipada requerida em caráter antecedente, instituto inspirado no
référé do Direito francês, que serve para abarcar aquelas situações em que ambas as partes se
contentam com a simples tutela antecipada, não havendo necessidade, portanto, de se
prosseguir com o processo até uma decisão final (sentença), nos termos do que estabelece o
art. 304, §§ 1º a 6º, do CPC/2015.
Assim, segundo o art. 304, não havendo recurso contra a decisão que deferiu a tutela
antecipada requerida em caráter antecedente, a referida decisão será estabilizada e o
processo será extinto, sem resolução de mérito.
No prazo de 2 anos, porém, contado da ciência da decisão que extinguiu o processo, as partes
poderão pleitear, perante o mesmo Juízo que proferiu a decisão, a revisão, reforma ou
invalidação da tutela antecipada estabilizada, devendo se valer de ação autônoma para esse fim.
É de se observar, porém, que, embora o caput do art. 304 do CPC/2015 determine que “a tutela
antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável se da decisão que a conceder
não for interposto o respectivo recurso”, a leitura que deve ser feita do dispositivo legal,
tomando como base uma interpretação sistemática e teleológica do instituto, é que a
estabilização somente ocorrerá se não houver qualquer tipo de impugnação pela parte
contrária, sob pena de se estimular a interposição de agravos de instrumento,
sobrecarregando desnecessariamente os Tribunais, além do ajuizamento da ação autônoma,
prevista no art. 304, § 2º, do CPC/2015, a fim de rever, reformar ou invalidar a tutela
antecipada estabilizada.
No caso concreto analisado pelo STJ, a empresa ré não interpôs agravo de instrumento contra
a decisão que deferiu o pedido de antecipação dos efeitos da tutela requerida em caráter
antecedente, mas apresentou contestação, na qual pleiteou, inclusive, a revogação da tutela
provisória concedida. Diante disso, o Tribunal considerou que não houve a estabilização da
tutela antecipada, devendo, por isso, o feito prosseguir normalmente até a prolação da
sentença.
A ideia central do instituto é que, após a concessão da tutela antecipada em caráter
antecedente, nem o autor nem o réu tenham interesse no prosseguimento do feito, isto é, não
queiram uma decisão com cognição exauriente do Poder Judiciário, apta a produzir coisa
julgada material.
Por essa razão, é que, apesar de o caput do art. 304 do CPC/2015 falar em “recurso”, a leitura
que deve ser feita do dispositivo legal, tomando como base uma interpretação sistemática e
teleológica do instituto, é que a estabilização somente ocorrerá se não houver qualquer tipo
de impugnação pela parte contrária.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.760.966-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 04/12/2018 (Info 639).
Tutela provisória
A tutela antecipada no CPC/2015 é tratada no Livro V (arts. 294 a 311), que é denominado de “Da Tutela
Provisória”.
Tutela provisória é aquela concedida antes da tutela definitiva, em caráter provisório, com base em uma
cognição sumária.
A tutela provisória será sempre substituída por uma tutela definitiva, que a confirmará, revogará ou
modificará.
Ex: João ingressa com ação pedindo o fornecimento de determinado medicamento. O juiz profere decisão
interlocutória determinando que o Estado conceda o remédio. Foi concedida, portanto, a tutela provisória
com base em cognição sumária. Ao final, o juiz profere sentença confirmando que a pessoa tem o direito
de receber o medicamento do Poder Público. Logo, nessa sentença, foi concedida a tutela definitiva, que
confirmou a tutela provisória.
Quanto à satisfatividade
Em uma primeira classificação, a tutela provisória de URGÊNCIA divide-se em:
1.1) ANTECIPADA (satisfativa): o órgão julgador antecipa aquele direito ou bem da vida que o autor espera
conseguir ao final do processo. Ex: em uma ação de cobrança, o juiz, entendendo que o autor precisa dos
valores para sobreviver, determina que o réu entregue a quantia pleiteada enquanto se aguarda o
desfecho do processo.
1.2) CAUTELAR: o órgão julgador confere uma medida para assegurar aquele direito ou bem da vida que
o requerente espera obter ao fim do processo. Ex: em uma ação de cobrança, o juiz, entendendo que há
receio de que o réu se desfaça de seu patrimônio, determina o arresto dos bens do requerido.
No caso concreto, embora a empresa ré não tenha interposto agravo de instrumento contra a decisão que
deferiu o pedido de antecipação dos efeitos da tutela requerida em caráter antecedente, na forma do art.
303 do CPC/2015, ela apresentou contestação, na qual pleiteou, inclusive, a revogação da tutela provisória
concedida, sob o argumento de ser impossível o seu cumprimento, razão pela qual não há que se falar em
estabilização da tutela antecipada, devendo, por isso, o feito prosseguir normalmente até a prolação da
sentença.
A ideia central do instituto é que, após a concessão da tutela antecipada em caráter antecedente, nem
o autor nem o réu tenham interesse no prosseguimento do feito, isto é, não queiram uma decisão com
cognição exauriente do Poder Judiciário, apta a produzir coisa julgada material.
Por essa razão, é que, apesar de o caput do art. 304 do CPC/2015 falar em “recurso”, a leitura que deve
ser feita do dispositivo legal, tomando como base uma interpretação sistemática e teleológica do
instituto, é que a estabilização somente ocorrerá se não houver qualquer tipo de impugnação pela parte
contrária.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.760.966-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 04/12/2018 (Info 639).
O caput do art. 304 do CPC disse menos do que pretendia dizer, razão pela qual a interpretação extensiva
mostra-se mais adequada ao instituto, notadamente em virtude da finalidade buscada com a estabilização
da tutela antecipada.
Desse modo, ao se negar a possibilidade de que a contestação sirva como forma de evitar a estabilização
da tutela antecipada, o que se estaria fazendo é estimular o ajuizamento da ação autônoma do art. 304, §
2º, do CPC/2015.
A conclusão do STJ encontra eco na doutrina majoritária. Nesse sentido:
“(...) se, no prazo de recurso, o réu não o interpõe, mas resolve antecipar o protocolo da sua
defesa, fica afastada a sua inércia, o que impede a estabilização - afinal, se contesta a tutela
antecipada e a própria tutela definitiva, o juiz terá que dar seguimento ao processo para
aprofundar sua cognição e decidir se mantém a decisão antecipatória ou não. Não se pode negar
ao réu o direito a uma prestação jurisdicional de mérito definitiva, com aptidão para a coisa
julgada” (DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paulo Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Curso de Direito Processual
Civil. 12ª ed., Vol. 2. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 690).
“(...) se o réu não interpuser o agravo de instrumento, mas desde logo oferecer contestação no
mesmo prazo - ou ainda manifestar-se dentro desse mesmo prazo pela realização da audiência de
conciliação ou de mediação, tem-se que entender que a manifestação do réu no primeiro grau de
jurisdição serve tanto quanto a interposição do recurso para evitar a estabilização dos efeitos da
tutela. Essa solução tem a vantagem de economizar o recurso de agravo e de emprestar a devida
relevância à manifestação de vontade constante da contestação ou do intento de
comparecimento à audiência. Em ambas as manifestações, a vontade do réu é inequívoca no
sentido de exaurir o debate com o prosseguimento do processo.” (MARINONI, Luiz Guilherme;
ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil Comentado. 3ª ed. São Paulo:
Thomson Reuters Brasil, 2018, p. 418).
Importante!!!
Assim como ocorria com os embargos infringentes, para a aplicação da técnica de julgamento
do art. 942 do CPC exige-se que a sentença tenha sido reformada no julgamento da apelação?
NÃO. A técnica do julgamento ampliado vale também para sentença mantida pelo Tribunal no
julgamento da apelação por decisão não unânime.
A técnica de ampliação de julgamento prevista no art. 942 do CPC/2015 deve ser utilizada
quando o resultado da apelação for não unânime, independentemente de ser julgamento que
reforma ou mantém a sentença impugnada.
Assim, o que importa é que a decisão que julgou a apelação tenha sido por maioria (julgamento
não unânime), não importando que a sentença tenha sido mantida ou reformada.
Obs: cuidado com as hipóteses de cabimento do art. 942 do CPC nos casos de acórdão que julga
agravo de instrumento e ação rescisória.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.733.820-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 02/10/2018 (Info 639).
A previsão deste art. 942 é chamada de “técnica de complementação de julgamento não unânime” ou
“técnica de ampliação do colegiado”.
Vamos verificar outras informações sobre esta técnica.
Juízo de retratação
Os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos por ocasião do prosseguimento do
julgamento (§ 2º do art. 942).
Ex: o resultado da apelação foi 2x1; dois Desembargadores votaram pelo provimento da apelação (em
favor de João); por outro lado, um Desembargador (Des. Raimundo) votou pelo improvimento da apelação
(contra João); designou-se, então, um novo dia para prosseguimento do julgamento ampliado, tendo sido
convocados dois Desembargadores de uma outra Câmara Cível do Tribunal (Desembargadores Cláudio e
Paulo); logo no início, antes que Cláudio e Paulo votassem, o Des. Raimundo pediu a palavra e disse: olha,
melhor refletindo nesses dias, eu gostaria de evoluir meu entendimento e irei acompanhar a maioria
votando pelo provimento da apelação.
Mesmo que isso ocorra, ou seja, que alguém mude de opinião, ainda assim deverão ser colhidos os votos
dos Desembargadores convocados. Nesse sentido:
Enunciado 599-FFPC: A revisão do voto, após a ampliação do colegiado, não afasta a aplicação da técnica
de julgamento do art. 942.
Como ocorre a continuidade do julgamento na hipótese em que houve uma parte unânime e outra não
unânime? Ex: no julgamento de uma apelação contra sentença que havia negado integralmente a
indenização, a Câmara Cível entendeu de forma unânime (3x0) que houve danos materiais e por maioria
(2x1) que não ocorreram danos morais. Foram então convocados dois Desembargadores para a
continuidade do julgamento ampliado (art. 742). Esses dois novos Desembargadores que chegaram
poderão votar também sobre a parte unânime (danos materiais) ou ficarão restritos ao capítulo não
unânime (danos morais)?
Poderão analisar de forma ampla, ou seja, tanto a parte unânime como não unânime. Foi o que decidiu o STJ:
O colegiado formado com a convocação dos novos julgadores (art. 942 do CPC/2015) poderá analisar de
forma ampla todo o conteúdo das razões recursais, não se limitando à matéria sobre a qual houve
originalmente divergência.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.771.815-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 13/11/2018 (Info 638).
Embargos infringentes
Os embargos infringentes eram uma espécie de recurso previsto no CPC/1973.
Os embargos infringentes só cabiam para questionar acórdão. Não bastava, contudo, que fosse acórdão.
Era necessário que ele fosse NÃO UNÂNIME, ou seja, acórdão em que houve voto vencido.
A finalidade dos embargos infringentes era a de renovar a discussão para fazer prevalecer as razões do
voto vencido.
Segundo o art. 530 do CPC/1973, cabiam embargos infringentes em duas hipóteses:
1) contra acórdão não unânime (por maioria) que reformasse, em grau de apelação, a sentença de mérito.
2) contra acórdão não unânime (por maioria) que julgasse procedente a ação rescisória.
O CPC/2015 acabou com a existência dos embargos infringentes, mas criou essa “técnica de julgamento” do
art. 942, que possui algumas semelhanças com os embargos infringentes, mas que não se trata de recurso.
Nesse sentido:
“(...) Esse mecanismo, conquanto não tenha natureza recursal, faz lembrar os embargos
infringentes. Por não ser recurso, no entanto, não depende de interposição, constituindo apenas
uma fase do julgamento da apelação, do agravo de instrumento contra decisão de mérito e da
ação rescisória, não unânime.”
(GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado. 7. ed. São Paulo:
Saraiva, 2016, p. 885).
Assim como ocorria com os embargos infringentes, para a aplicação da técnica de julgamento do art.
942 do CPC exige-se que a sentença tenha sido reformada?
NÃO. A técnica do julgamento ampliado vale também para sentença mantida pelo Tribunal no julgamento
da apelação por decisão não unânime. Foi o que decidiu o STJ:
A técnica de ampliação de julgamento prevista no art. 942 do CPC/2015 deve ser utilizada quando o
resultado da apelação for não unânime, independentemente de ser julgamento que reforma ou
mantém a sentença impugnada.
Assim, o que importa é que a decisão que julgou a apelação tenha sido por maioria (julgamento não
unânime), não importando que a sentença tenha sido mantida ou reformada.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.733.820-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 02/10/2018 (Info 639).
A técnica de ampliação do julgamento prevista no CPC/2015 possui objetivo semelhante ao que possuíam
os embargos infringentes do CPC/1973, que não mais subsistem, qual seja a viabilidade de maior grau de
correção e justiça nas decisões judiciais, com julgamentos mais completamente instruídos e os mais
proficientemente discutidos, de uma maneira mais econômica e célere.
Contudo, diferentemente dos embargos infringentes do CPC/1973 - que limitava, no caso da apelação, a
incidência do recurso aos julgamentos que resultassem em reforma da sentença de mérito -, a técnica de
julgamento prevista no CPC/2015 deverá ser utilizada quando o resultado da apelação for não unânime,
independentemente de ser julgamento que reforma ou mantém a sentença impugnada.
A técnica de julgamento do art. 942 é aplicada no caso de rescisão apenas parcial do julgado rescindendo?
SIM. Enunciado 63 – Jornada CJF: A técnica de que trata o art. 942, § 3º, I, do CPC aplica-se à hipótese de
rescisão parcial do julgado.
AÇÃO RESCISÓRIA
O pedido de rescisão da sentença, em vez do acórdão que a substituiu, não conduz à
impossibilidade jurídica do pedido, constituindo mera irregularidade formal
O autor da ação rescisória pediu a rescisão da sentença. Ocorre que essa sentença já havia sido
confirmada pelo Tribunal de Justiça em sede de apelação. Logo, a ação rescisória deveria ter
pedido a rescisão do acórdão do TJ. Esse vício, contudo, constitui-se em mera irregularidade
formal, de modo que o Tribunal não deverá extinguir a ação rescisória por impossibilidade
jurídica do pedido, devendo superar o vício e enfrentar o mérito.
Esse entendimento é reforçado atualmente pela previsão do art. 968, §§ 5º e 6º do CPC/2015.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.569.948-AM, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 11/12/2018
(Info 639).
Uma observação complementar: tanto no caso de ação rescisória contra sentença como na hipótese de
rescisória contra acórdão do TJ, a competência para julgar a demanda seria do TJ. Desse modo, a questão
aqui não envolve competência.
Desse modo, o STJ determinou que o TJ superasse a preliminar de impossibilidade jurídica do pedido e
prosseguisse o julgamento da ação rescisória.
O presente caso foi analisado sob a ótica do CPC/1973. A decisão do STJ seria a mesma caso os fatos
tivessem ocorrido sob a égide do CPC/2015?
SIM. Com maior razão. Isso porque o CPC/2015 adotou o chamado “princípio da primazia da resolução do
mérito” e previu uma hipótese específica de emenda à petição inicial da ação rescisória, destinada
justamente ao saneamento do vício relacionado à inobservância do efeito substitutivo dos recursos. Veja:
Art. 968 (...)
§ 5º Reconhecida a incompetência do tribunal para julgar a ação rescisória, o autor será intimado
para emendar a petição inicial, a fim de adequar o objeto da ação rescisória, quando a decisão
apontada como rescindenda:
I - não tiver apreciado o mérito e não se enquadrar na situação prevista no § 2º do art. 966;
II - tiver sido substituída por decisão posterior.
§ 6º Na hipótese do § 5º, após a emenda da petição inicial, será permitido ao réu complementar
os fundamentos de defesa, e, em seguida, os autos serão remetidos ao tribunal competente.
Veja que o CPC/2015 permite a emenda da Inicial mesmo que o Tribunal indicado não seja o competente.
Logo, com maior razão, essa previsão poderia ser utilizada no exemplo dado em que o TJ continuaria
competente.
Em suma:
O autor da ação rescisória pediu a rescisão da sentença. Ocorre que essa sentença já havia sido
confirmada pelo Tribunal de Justiça em sede de apelação. Logo, a ação rescisória deveria ter pedido a
rescisão do acórdão do TJ. Esse vício, contudo, constitui-se em mera irregularidade formal, de modo que
o Tribunal não deverá extinguir a ação rescisória por impossibilidade jurídica do pedido, devendo
superar o vício e enfrentar o mérito.
Esse entendimento é reforçado atualmente pela previsão do art. 968, §§ 5º e 6º do CPC/2015.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.569.948-AM, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 11/12/2018 (Info 639).
AGRAVO DE INSTRUMENTO
O rol do art. 1.015 do CPC/2015 é de taxatividade mitigada
Importante!!!
O rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a interposição de agravo
de instrumento quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da
questão no recurso de apelação.
STJ. Corte Especial. REsp 1.704.520-MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/12/2018 (recurso
repetitivo) (Info 639).
Obs: a tese jurídica fixada e acima explicada somente se aplica às decisões interlocutórias proferidas
após a publicação do REsp 1704520/MT, o que ocorreu no DJe 19/12/2018.
Arguição de incompetência
A empresa “Aqua” contestou a ação e arguiu a incompetência relativa do foro de Porto Alegre
(incompetência territorial) argumentando que a referida cláusula de eleição de foro é válida e não tem
nada de abusiva.
Vale lembrar que, com o CPC/2015, a incompetência relativa não é mais alegada por meio de “exceção de
incompetência”, mas sim como um mero tópico da contestação:
Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de
contestação.
Cabe agravo de instrumento neste caso? Na vigência do CPC/2015 cabe agravo de instrumento contra
a decisão que examina competência ou se trata de decisão irrecorrível de imediato?
Durante mais de dois anos houve um intenso debate na doutrina e jurisprudência sobre o tema.
O STJ, contudo, pacificou o tema em recurso especial repetitivo.
Prevaleceu no STJ o seguinte entendimento:
É cabível a interposição de agravo de instrumento contra decisão relacionada à definição de competência,
a despeito de não previsto expressamente no rol do art. 1.015 do CPC/2015.
Apesar de não previsto expressamente no rol do art. 1.015 do CPC/2015, a decisão interlocutória que
acolhe ou rejeita a alegação de incompetência desafia recurso de agravo de instrumento.
Correntes de interpretação
Veja novamente o caput do art. 1.015 do CPC/2015:
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
(...)
Surgiram três principais correntes de interpretação a respeito do rol previsto neste artigo:
prejuízo às partes e até mesmo a inutilidade de que o tema seja apreciado no futuro. Em outras palavras,
existem questões que não podem esperar e que não estão no rol do art. 1.015 do CPC.
A experiência mostra que o mandado de segurança, que era muito utilizado na vigência do CPC/1939 como
sucedâneo recursal e que foi paulatinamente reduzido pelo CPC/1973, não é o meio processual mais
adequado para se rediscutir a decisão interlocutória.
Legislador não consegue prever, com rol fechado, todas as hipóteses possíveis
O objetivo do legislador ao criar o rol do art. 1.015 foi o de prever ali situações urgentes, ou seja, que não
poderiam aguardar para que fossem decididas em eventual recurso de apelação.
Ocorre que o estudo da história do direito demonstra que um rol taxativo não consegue prever todas as
hipóteses possíveis e, situações que têm a mesma razão de existir acabam ficando de fora, gerando
inúmeros problemas.
O que se percebe em vários países do mundo é que se adota o critério da urgência para a recorribilidade
das decisões interlocutórias. Assim, em países como EUA, França, Alemanha, Argentina, com algumas
variações, em regra, não se admite recurso contra decisões interlocutórias, salvo quando a espera da
decisão final puder causar dano irreparável às partes.
Se uma decisão interlocutória precisa ser enfrentada imediatamente, sob pena de a sua espera gerar dano
irreparável às partes, deve-se permitir o recurso imediato contra esta decisão, considerando que isso atende
o direito à tutela jurisdicional e de efetivo acesso à justiça (princípio da inafastabilidade da jurisdição).
Dois exemplos de situações urgentes não contempladas no art. 1.015 e que, se examinadas apenas no
recurso de apelação, gerarão prejuízo irreparável às partes:
• decisão que decide sobre competência: não é razoável que o processo tramite perante um juízo
incompetente por um longo período e, somente por ocasião do julgamento da apelação, seja reconhecida
a incompetência e determinado o retorno ao juízo competente.
• decisão que indefere o pedido de segredo de justiça: se o juiz indefere o pedido de segredo de justiça e
a parte prejudicada não pode recorrer de imediato, significa que não mais adiantará nada rediscutir o
assunto na apelação, considerando que todos os detalhes da intimidade do jurisdicionado já foram
expostos pela publicidade.
Diante dessa inadequação, qual das três correntes acima expostas foi adotada pelo STJ?
Nenhuma. O STJ entendeu que nenhuma das três correntes acima expostas soluciona adequadamente a
situação, senão vejamos:
A 1ª corrente (taxatividade com interpretação restritiva) é incapaz de tutelar adequadamente todas as
questões. Isso porque, como vimos, existem decisões interlocutórias que, se não forem reexaminadas
imediatamente pelo Tribunal, poderão causar sérios prejuízos às partes.
A 2ª corrente (interpretação extensiva ou analógica) também deve ser afastada. Isso porque não há
parâmetro minimamente seguro e isonômico quanto aos limites que deverão ser observados na
interpretação de cada conceito, texto ou palavra. Além disso, o uso dessas técnicas hermenêuticas não
será suficiente para abarcar todas as situações em que a questão deverá ser reexaminada de imediato.
Um exemplo é a decisão que indefere o segredo de justiça. Não há nenhum outro inciso do art. 1.015 no
qual se possa aplicar essa hipótese por analogia.
Por fim, a 3ª corrente (meramente exemplificativo) não pode ser adotada porque ignora absolutamente
a vontade do legislador que tentou, de algum modo, limitar o cabimento do agravo de instrumento.
O que é urgência?
Urgência, para os fins de cabimento de agravo de instrumento, significa que a decisão interlocutória
proferida trouxe, para a parte, uma situação na qual ela não pode aguardar para rediscutir futuramente
no recurso de apelação.
Assim, a urgência decorre da inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação.
Em outras palavras, aquilo que foi definido na decisão interlocutória deverá ser examinado pelo Tribunal
imediatamente porque se for esperar para rediscutir na apelação, o tempo de espera tornará a decisão
inútil para a parte. Ela não terá mais nenhum (ou pouquíssimo) proveito.
Vale ressaltar, mais uma vez, que não é necessário recorrer à analogia ou intepretação extensiva.
Assim, pelo art. 1.009, § 1º, haverá preclusão para a parte se preenchidos dois requisitos cumulativos:
• a decisão interlocutória está expressamente prevista no art. 1.015 do CPC; e
• apesar disso, a parte não a impugnou por meio de agravo de instrumento.
Ex: juiz profere decisão interlocutória excluindo um litisconsorte passivo. Essa decisão se enquadra no inciso
VII do art. 1.015. Imaginemos que o autor decida não interpor o agravo de instrumento. Significa dizer que
houve preclusão e que ele não mais poderá questionar essa exclusão quando for interpor apelação.
Com essa decisão do STJ, existem decisões interlocutórias que poderão, em tese, ser impugnadas por
agravo de instrumento mesmo sem estarem previstas no art. 1.015 do CPC. Como fica a preclusão em
tais casos se a parte decidir não interpor agravo de instrumento? Ex: o réu suscita a incompetência do
juízo; o magistrado rejeita; pelo critério da taxatividade mitigada, a parte poderia interpor agravo de
instrumento mesmo sem isso estar previsto no art. 1.015 do CPC; imaginemos, contudo, que a parte não
ingressa com o agravo; ela poderá questionar essa decisão na apelação ou terá havido preclusão?
A parte poderá questionar essa decisão ao interpor apelação.
Não terá havido preclusão.
Se o juiz profere uma decisão interlocutória e o conteúdo desta decisão não está expressamente previsto
no rol do art. 1.015 do CPC, a parte não tem o ônus de ingressar com agravo de instrumento.
Mesmo que a decisão interlocutória proferida gere, em tese, uma situação de urgência, ainda assim será
uma opção da parte ingressar com o agravo de instrumento ou aguardar para impugnar essa decisão.
Imagine que o juiz profira uma decisão interlocutória cujo conteúdo não está previsto expressamente
no art. 1.015. A parte entende que há urgência e ingressa com agravo de instrumento. O Tribunal,
contudo, considera que não existe urgência e não conhece do recurso. Neste caso, terá havido preclusão
ou a parte ainda poderá questionar essa decisão na apelação?
A parte poderá questionar essa decisão ao interpor apelação.
Não terá havido preclusão.
O cabimento do agravo de instrumento na hipótese excepcional de “urgência” está sujeito a um duplo
juízo de conformidade:
• um, da parte, que interporá o recurso com a demonstração de seu cabimento excepcional;
• outro, do Tribunal, que analisará se existe ou não essa urgência para fins de admitir o agravo de
instrumento fora das hipóteses do art. 1.015.
Se a parte não interpuser o agravo ou se ingressar, mas o Tribunal entender que não há urgência (e não
conhecer do recurso), isso significa que não houve preclusão e a parte poderá questionar a decisão
futuramente na apelação.
DIREITO PENAL
DOSIMETRIA DA PENA
Condenações anteriores transitadas em julgado não podem
ser utilizadas como conduta social desfavorável
Sistema trifásico
A etapa judicial adotou o sistema trifásico da dosimetria, conforme explicitado no item 51 da Exposição
de Motivos da Parte Geral do Código Penal e delineado no art. 68 do Código Penal.
Assim, a dosimetria da pena na sentença obedece a um critério trifásico:
1º passo: o juiz calcula a pena-base de acordo com as circunstâncias judiciais do art. 59, CP;
2º passo: o juiz aplica as agravantes e atenuantes;
3º passo: o juiz aplica as causas de aumento e de diminuição.
Este critério trifásico, elaborado por Nelson Hungria, foi adotado pelo Código Penal, sendo consagrado
pela jurisprudência pátria: STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1021796/RS, Rel. Min. Assusete Magalhães,
julgado em 19/03/2013.
A defesa impugnou a decisão afirmando que o magistrado valorou negativamente circunstâncias judiciais
diversas com fundamento na mesma base empírica (registros criminais), conferindo-lhes conceitos
jurídicos assemelhados.
O Min. Teori explicou que, antes da reforma da Parte Geral do Código Penal de 1984, entendia-se que a
análise dos antecedentes abrangia todo o passado do agente, incluindo, além dos registros criminais, o
seu comportamento na sociedade.
Em outras palavras, os antecedentes judiciais e os antecedentes sociais se confundiam na mesma
circunstância. Por essa razão, antes de 1984, era permitida a utilização de condenações com trânsito em
julgado anteriores para negativar a conduta social.
Entretanto, após a aprovação da Lei nº 7.209/84, a conduta social passou a ter significado próprio.
A conduta social passou a ser utilizada apenas para avaliar o comportamento do condenado no meio
familiar, no ambiente de trabalho e no relacionamento com outros indivíduos. Ou seja, os antecedentes
sociais do réu não mais se confundem com os seus antecedentes criminais. São circunstâncias diversas.
Assim, a análise da circunstância judicial da conduta social não tem relação com a vida criminal do acusado.
O histórico criminal já é utilizado para aferir os antecedentes (primeira fase de aplicação da pena) ou a
reincidência (segunda fase de aplicação da pena). A conduta social está relacionada com aspectos
extrapenais.
É atípica a conduta de agente público que procede à prévia correção quanto aos aspectos
gramatical, estilístico e técnico das impugnações administrativas, não configurando o crime
de advocacia administrativa perante a Administração Fazendária.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.770.444-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 08/11/2018 (Info 639).
Assim, a configuração da advocacia administrativa pressupõe que o servidor, usando das prerrogativas e
facilidades resultantes de sua condição de funcionário público, patrocine, como procurador ou
Informativo 639-STJ (01/02/2019) – Márcio André Lopes Cavalcante | 36
Informativo
comentado
intermediário, interesses alheios perante a Administração (STJ. 5ª Turma. RMS 20.665/SC, Rel. Min. Laurita
Vaz, julgado em 05/11/2009).
É, portanto, imprescindível, para configurar a advocacia administrativa, que o funcionário se valha das
facilidades que a função pública lhe oferece, em qualquer setor da Administração Pública, mesmo que não
seja especificamente o de atuação do agente (STJ. 5ª Turma. HC 332.512/ES, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
julgado em 16/02/2016).
Desse modo, o STJ entendeu que, apesar da conduta ser censurável sob o ponto de vista ético, ela não se
amolda ao crime do art. 3º, III, da Lei nº 8.137/90:
É atípica a conduta de agente público que procede à prévia correção quanto aos aspectos gramatical,
estilístico e técnico das impugnações administrativas, não configurando o crime de advocacia
administrativa perante a Administração Fazendária.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.770.444-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 08/11/2018 (Info 639).
Importante!!!
A Súmula Vinculante 24 tem aplicação aos fatos ocorridos anteriormente à sua edição.
Como a SV 24 representa a mera consolidação da interpretação judicial que já era adotada
pelo STF e pelo STJ mesmo antes da sua edição, entende-se que é possível a aplicação do
enunciado para fatos ocorridos anteriormente à sua publicação.
STF. 1ª Turma. RHC 122774/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/5/2015 (Info 786).
STJ. 3ª Seção. EREsp 1.318.662-PR, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 28/11/2018 (Info 639).
Lei nº 8.137/90
A Lei nº 8.137/90, em seus arts. 1º e 3º, define crimes contra a ordem tributária.
O art. 1º prevê o delito de sonegação fiscal, que é um crime tributário MATERIAL (com exceção do inciso
V, que é formal). Confira a redação do tipo:
Art. 1º Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social
e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;
II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de
qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento
relativo à operação tributável;
IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou
inexato;
V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente,
relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em
desacordo com a legislação.
Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
De quando é a SV 24-STF?
A súmula foi publicada no DJe de 11/12/2009.
A tese da defesa foi aceita? É proibido aplicar a SV 24-STF para fatos anteriores à sua edição?
NÃO. A tese não foi aceita.
A SV 24-STF pode sim ser aplicada a fatos anteriores à sua edição.
Não se pode concordar com o argumento de que a aplicação da SV 24-STF a fatos anteriores à sua edição
configura retroatividade “in malam partem”. Isso porque o aludido enunciado apenas consolidou
interpretação reiterada do STF sobre a matéria.
A súmula vinculante não é lei nem ato normativo, de forma que a SV 24-STF não inovou no ordenamento
jurídico. O enunciado apenas espelhou (demonstrou) o que a jurisprudência já vinha decidindo.
Como exemplo disso, o Min. Dias Toffoli citou o HC 85.051/MG, julgado em 2005 (bem antes da SV 24),
no qual o STF já afirmava que a prescrição dos crimes tributários materiais somente se inicia com o
lançamento definitivo:
(...) a consumação do crime tipificado no art. 1º da Lei 8.137/90 somente se verifica com a constituição do
crédito fiscal, começando a correr, a partir daí, a prescrição. (...)
STF. 2ª Turma. HC 85051, Rel. Min. Carlos Velloso, julgado em 07/06/2005.
Assim, a SV pode ser aplicada aos crimes cometidos antes da sua vigência, tendo em vista que não se está
diante de norma mais gravosa, mas de consolidação de interpretação judicial.
Importante!!!
O Superior Tribunal de Justiça é o tribunal competente para o julgamento nas hipóteses em
que, não fosse a prerrogativa de foro (art. 105, I, da CF/88), o desembargador acusado
houvesse de responder à ação penal perante juiz de primeiro grau vinculado ao mesmo
tribunal.
Assim, mesmo que o crime cometido pelo Desembargador não esteja relacionado com as suas
funções, ele será julgado pelo STJ se a remessa para a 1ª instância significar que o réu seria
julgado por um juiz de primeiro grau vinculado ao mesmo tribunal que o Desembargador.
A manutenção do julgamento no STJ tem por objetivo preservar a isenção (imparcialidade e
independência) do órgão julgador.
STJ. Corte Especial. QO na APn 878-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 21/11/2018 (Info 639).
Em outras palavras, os Deputados Federais e Senadores somente serão julgados pelo STF se o crime tiver
sido praticado durante o exercício do mandato de parlamentar federal e se estiver relacionado com essa
função.
O entendimento que restringe o foro por prerrogativa de função vale para outras hipóteses de foro
privilegiado ou apenas para os Deputados Federais e Senadores?
Vale para outros casos de foro por prerrogativa de função. Foi o que decidiu o próprio STF no julgamento
do Inq 4703 QO/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 12/06/2018, no qual afirmou que o entendimento vale
também para Ministros de Estado.
O STJ também decidiu que a restrição do foro deve alcançar Governadores e Conselheiros dos Tribunais
de Contas estaduais. Explico.
O art. 105, I, “a”, da CF/88 prevê que compete ao STJ julgar os crimes praticados por Governadores de
Estado e por Conselheiros dos Tribunais de Contas dos Estados:
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de
responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal,
os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais
Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais
de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;
STJ DECIDIU TAMBÉM RESTRINGIR O FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO NO CASO DAS AUTORIDADES QUE SÃO JULGADAS
NAQUELE TRIBUNAL
A Corte Especial do STJ, seguindo o mesmo raciocínio do STF, limitou a amplitude do art. 105, I, “a”, da
CF/88 e decidiu que:
O foro por prerrogativa de função no caso de Governadores e Conselheiros de Tribunais de Contas dos
Estados deve ficar restrito aos fatos ocorridos durante o exercício do cargo e em razão deste.
Assim, o STJ é competente para julgar os crimes praticados pelos Governadores e pelos Conselheiros de
Tribunais de Contas somente se estes delitos tiverem sido praticados durante o exercício do cargo e em
razão deste.
STJ. Corte Especial. APn 857/DF, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgado em 20/06/2018.
STJ. Corte Especial. APn 866/DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 20/06/2018.
• Diante dessa decisão do STF, eu (STJ) também irei restringir o foro por prerrogativa de função para as
autoridades que estão listadas no art. 105, I, “a”, da CF/88, aplicando o mesmo raciocínio.
• O fato de a regra de competência estar prevista no texto constitucional (art. 105 da CF/88) não pode
representar óbice à análise, por este STJ, de sua própria competência, sob pena de se inviabilizar, nos
casos como o dos autos, o exercício deste poder-dever básico de todo órgão julgador, impedindo o
imprescindível exame deste importante pressuposto de admissibilidade do provimento jurisdicional. Em
palavras mais simples, a restrição da competência do art. 105 da CF/88 passa por uma nova intepretação
do texto constitucional. A função precípua de interpretação à Constituição Federal é do STF. No entanto,
eu (STJ), assim como todo e qualquer magistrado, também tenho a prerrogativa de interpretar as normas
jurídicas, inclusive a Constituição da República.
• Além disso, todo juiz é competente para analisar a sua própria competência (“kompetenz-kompetenz”),
de forma que eu (STJ) posso interpretar o art. 105 da CF/88 para dizer se sou ou não competente para
julgar determinada autoridade, podendo, assim, adotar a mesma restrição construída pelo STF.
• O foro especial no âmbito penal é prerrogativa destinada a assegurar a independência e o livre exercício
de determinados cargos e funções de especial importância, isto é, não se trata de privilégio pessoal. O
princípio republicano é condição essencial de existência do Estado de Direito e impõe a supressão dos
privilégios, devendo ser afastados da interpretação constitucional os princípios e regras contrários à
igualdade.
• O art. 105, I, “a”, CF/88 consubstancia exceção à regra geral de competência, de modo que, partindo-se
do pressuposto de que a Constituição é una, sem regras contraditórias, deve ser realizada a interpretação
restritiva das exceções, com base na análise sistemática e teleológica da norma.
• As mesmas razões fundamentais (a mesma ratio decidendi) que levaram o STF, ao interpretar o art. 102,
I, “b” e “c”, da CF/88, a restringir as hipóteses de foro por prerrogativa de função devem ser também
aplicadas ao art. 105, I, “a”.
• Assim, é de se conferir ao art. 105, I, “a”, da CF/88, o mesmo sentido e alcance atribuído pelo STF ao art.
102, I, “b” e “c”, restringindo-se, desse modo, as hipóteses de foro por prerrogativa de função perante o
STJ àquelas em que o crime for praticado em razão e durante o exercício do cargo ou função.
As hipóteses de foro por prerrogativa de função perante o STJ restringem-se àquelas em que o crime for
praticado em razão e durante o exercício do cargo ou função.
STJ. Corte Especial. AgRg na APn 866-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 20/06/2018 (Info 630).
DECISÃO QUE RESTRINGE O FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO NÃO SE APLICA PARA DESEMBARGADORES
O art. 105, I, “a”, da CF/88 prevê que os Desembargadores dos Tribunais de Justiça são julgados
criminalmente pelo STJ. O entendimento acima exposto (que restringiu o foro para crimes relacionados
com o cargo) é aplicado também para os Desembargadores dos Tribunais de Justiça? Se um
Desembargador praticar crime que não esteja relacionado com o exercício de suas funções (ex: lesão
corporal contra a esposa), ele será julgado pelo juízo de 1ª instância?
NÃO.
O Superior Tribunal de Justiça é o tribunal competente para o julgamento nas hipóteses em que, não
fosse a prerrogativa de foro (art. 105, I, da Constituição Federal), o desembargador acusado houvesse
de responder à ação penal perante juiz de primeiro grau vinculado ao mesmo tribunal.
Assim, mesmo que o crime cometido pelo Desembargador não esteja relacionado com as suas funções,
ele será julgado pelo STJ se a remessa para a 1ª instância significar que o réu seria julgado por um juiz
de primeiro grau vinculado ao mesmo tribunal que o Desembargador.
A manutenção do julgamento no STJ tem por objetivo preservar a isenção (imparcialidade e
independência) do órgão julgador.
STJ. Corte Especial. QO na APn 878-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 21/11/2018 (Info 639).
É uma espécie de “exceção” ao entendimento do STJ que restringe o foro por prerrogativa de função.
O STJ entendeu que haveria um risco à imparcialidade caso o juiz de 1º instância julgasse um
Desembargador (autoridade que, sob o aspecto administrativo, está em uma posição hierarquicamente
superior ao juiz).
Veja as palavras do Min. Relator Benedito Gonçalves:
“É que, em se tratando de acusado e de julgador, ambos, membros da Magistratura nacional,
pode-se afirmar que a prerrogativa de foro não se justifica apenas para que o acusado pudesse
exercer suas atividades funcionais de forma livre e independente, pois é preciso também que o
julgador possa reunir as condições necessárias ao desempenho de suas atividades judicantes de
forma imparcial.
Esta necessidade (de que o julgador possa reunir as condições necessárias ao desempenho de suas
atividades judicantes de forma imparcial) não se revela como um privilégio do julgador ou do
acusado, mas como uma condição para que se realize justiça criminal. Ser julgado por juiz com
duvidosa condição de se posicionar de forma imparcial, afinal, violaria a pretensão de realização
de justiça criminal de forma isonômica e republicana.
A partir desta forma de colocação do problema, pode-se argumentar que, caso Desembargadores,
acusados da prática de qualquer crime (com ou sem relação com o cargo de Desembargador)
viessem a ser julgados por juiz de primeiro grau vinculado ao Tribunal ao qual ambos pertencem,
se criaria, em alguma medida, um embaraço ao juiz de carreira.”
O caso concreto enfrentado pelo STJ envolvia um Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do
Paraná que estava sendo acusado de ter, supostamente, praticado lesão corporal contra a mãe e a irmã.
Este Desembargador deve ser julgado pelo STJ (e não pelo Juiz de Direito de 1ª instância).
O Min. Raul Araújo acompanhou o Relator e mencionou, como reforço de argumentação, a previsão do
art. 33, parágrafo único, da LOMAN (LC 35/79), quer prevê o seguinte:
Art. 33 (...)
Parágrafo único. Quando, no curso de investigação, houver indício da prática de crime por parte
do magistrado, a autoridade policial, civil ou militar, remeterá os respectivos autos ao Tribunal ou
órgão especial competente para o julgamento, a fim de que prossiga na investigação.
(...)
Em qualquer dessas ocasiões, poderá vir a ser prejudicado aquele juiz que tenha sido considerado rigoroso
no julgamento que acaso antes tenha afetado um desembargador. Em sentido contrário, tem-se a
possibilidade de ser favorecido o julgador que seja tido como mais liberal para com o réu desembargador.
Em ambas as situações, estará comprometida a imparcialidade e independência do juiz.”
Votos vencidos
Ficaram vencidos os Ministros Luis Felipe Salomão, Mauro Campbell Marques e Maria Thereza de Assis
Moura, que defendiam a tese de que os Desembargadores devem receber o mesmo tratamento que as
demais autoridades e que se o delito não estiver relacionado com as funções, eles deveriam ser julgados
em 1ª instância.
O caso analisado pelo STJ envolvia um Desembargador do Tribunal de Justiça. Esse entendimento deverá
ser aplicado também para os membros dos TRFs (“Desembargadores Federais), para os membros dos
TRTs (“Desembargadores Federais do Trabalho”) e para os membros dos TREs? Essas autoridades
também serão julgadas pelo STJ mesmo que o crime tenha sido praticado fora do exercício do cargo e
mesmo que o delito não esteja relacionado com as funções desempenhadas?
Essa questão não foi solucionada ainda de forma expressa pelo STJ.
Os Ministros afirmaram que estavam mantendo o foro porque entendiam que não era prudente um juiz
julgar o processo criminal de um Desembargador ao qual está vinculado hierarquicamente. Logo, o
principal argumento para se manter a competência do STJ nesses casos está no fato de que o Juiz não teria
a imparcialidade necessária para julgar um Desembargador que pertence ao mesmo Tribunal que ele (e
que é seu superior).
Ocorre que, se um membro do TRT (“Desembargador Federal do Trabalho”) praticar um crime, ele não
seria julgado por um Juiz do Trabalho, mas sim por um Juiz de Direito ou por um Juiz Federal. Isso porque
o Juiz do Trabalho não tem jurisdição criminal. O “Desembargador Federal do Trabalho” não tem qualquer
ingerência sobre o Juiz de Direito ou sobre o Juiz Federal, considerando que fazem parte de Tribunais
diferentes. Desse modo, esse argumento do STJ não se aplicaria neste caso e, em tese, não haveria
qualquer empecilho de o “Desembargador Federal do Trabalho” ser julgado em 1ª instância.
O Min. João Otávio de Noronha, em trecho de seu voto, deu a entender que poderia, em tese, adotar essa
distinção:
“A questão envolvendo o Judiciário tem que ser caso a caso. Não há problema nenhum de um juiz
do Trabalho, por exemplo, ser julgado por um juiz de primeiro grau. Mas há problema um juiz de
primeiro grau julgar um desembargador que o promoveu ou que reforma suas decisões”.
O Min. Herman Benjamin, por exemplo, excluiu os Desembargadores do Trabalho do raciocínio, de forma
que eles seriam, em tese, julgados em primeira instância. Confira:
“Sendo assim, como forma de preservar a Justiça Penal da indevida interferência no trabalho de
seus julgadores e de afastar a possibilidade de injustas absolvições, acompanho o Relator e voto
pela manutenção da competência do STJ para o julgamento dos desembargadores dos Tribunais
de Justiça dos Estados e do Distrito Federal e dos membros dos Tribunais Regionais Federais e dos
Tribunais Regionais Eleitorais no STJ, ainda que por fatos cometidos fora do Cargo ou não
relacionados às funções desempenhadas.”
Por outro lado, alguns Ministros demonstraram certo incômodo de se criar uma regra de foro para os
Desembargadores dos Tribunais de Justiça e outra para os “Desembargadores Federais do Trabalho”.
Assim, é preciso aguardar para se ter certeza do caminho que será adotado pelo STJ.
Por enquanto, posso apontar as seguintes conclusões e dúvidas:
• REGRA: as autoridades listadas no art. 105, I, “a”, da CF/88 somente são julgadas pelo STJ em caso de crimes
cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. Ex: membro do Tribunal
de Contas pratica violência doméstica contra a sua esposa. Será julgado pelo Juiz de Direito de 1ª instância.
• EXCEÇÃO: os Desembargadores dos Tribunais de Justiça são julgados pelo STJ mesmo que o crime não
esteja relacionado com as suas funções. Ex: Desembargador pratica violência doméstica contra sua
esposa. Será julgado pelo STJ (e não pelo juiz de 1ª instância).
DÚVIDAS:
1) Essa mesma exceção poderá ser aplicada para os membros dos TRTs (“Desembargadores Federais do
Trabalho”)?
2) Se o crime praticado pelo Desembargador do Tribunal de Justiça for um “crime federal” (delito de
competência da Justiça Federal), ele poderia ser julgado pelo Juiz Federal de 1ª instância, considerando
que eles não mantêm qualquer vinculação entre si, já que não fazem parte do mesmo Tribunal?
EXERCÍCIOS
Julgue os itens a seguir:
1) A abusividade de encargos acessórios do contrato descaracteriza a mora. ( )
2) O reconhecimento da abusividade nos encargos exigidos no período da normalidade contratual
descaracteriza a mora. ( )
3) Deve ser dotada de ineficácia para terceiros (garantia de responsabilidade civil) a cláusula de exclusão da
cobertura securitária na hipótese de o acidente de trânsito advir da embriaguez do segurado ou daquele
a quem, por este, foi confiada a direção do veículo. ( )
4) É abusiva a cláusula que prevê a cobrança de ressarcimento de serviços prestados por terceiros, sem a
especificação do serviço a ser efetivamente prestado. ( )
5) É válida a tarifa de avaliação do bem dado em garantia, bem como da cláusula que prevê o ressarcimento
de despesa com o registro do contrato, ressalvadas: a abusividade da cobrança por serviço não
efetivamente prestado e a possibilidade de controle da onerosidade excessiva, em cada caso concreto. ( )
6) É válida a cláusula que prevê o ressarcimento pelo consumidor da comissão do correspondente bancário. ( )
7) Nos contratos bancários em geral, o consumidor não pode ser compelido a contratar seguro com a
instituição financeira ou com seguradora por ela indicada. ( )
8) (MP/RR 2017 CESPE) De acordo com expressa previsão do CPC, o fenômeno processual denominado
estabilização da tutela provisória de urgência aplica-se apenas à tutela
A) cautelar, requerida em caráter antecedente.
B) antecipada, incidental ou antecedente.
C) cautelar, incidental ou antecedente.
D) antecipada, requerida em caráter antecedente.
9) A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303 do CPC/2015, torna-se estável somente se não
houver qualquer tipo de impugnação pela parte contrária. ( )
10) A técnica de ampliação de julgamento prevista no CPC/2015 somente deve ser utilizada quando o
resultado da apelação for não unânime e tiver reformado a sentença impugnada. ( )
11) O rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a interposição de agravo de
instrumento quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da questão no
recurso de apelação. ( )
12) É possível a utilização de condenações anteriores com trânsito em julgado como fundamento para
negativar a conduta social. ( )
13) Configura advocacia administrativa a conduta de agente público que procede à prévia correção quanto
aos aspectos gramatical, estilístico e técnico das impugnações administrativas que serão apresentadas à
Administração Fazendária. ( )
14) (Juiz TJPB 2015 CESPE) Marcos, servidor público do estado da Paraíba, dirigiu-se a um órgão da
administração pública do referido estado e, sem se identificar, requereu preferência no andamento de
processo administrativo em que Rogério, seu amigo, é parte. Nessa situação, a conduta de Marcos não
corresponde ao crime de advocacia administrativa. ( )
15) A Súmula Vinculante 24, por ser gravosa ao réu quanto ao prazo prescricional, não tem aplicação aos
fatos ocorridos anteriormente à sua edição. ( )
16) O STJ é o tribunal competente para o julgamento nas hipóteses em que, não fosse a prerrogativa de foro,
o desembargador acusado houvesse de responder à ação penal perante juiz de primeiro grau vinculado
ao mesmo tribunal. ( )
Gabarito
1. E 2. C 3. C 4. C 5. C 6. E 7. C 8. Letra D 9. C 10. E
11. C 12. E 13. E 14. C 15. E 16. C