ÉVORA, Fátima - Séc. XIX - O Nascimento Da Ciência Contemporânea
ÉVORA, Fátima - Séc. XIX - O Nascimento Da Ciência Contemporânea
ÉVORA, Fátima - Séc. XIX - O Nascimento Da Ciência Contemporânea
11
FÁTIMA R. R. ÉVORA (ed.) 16257
CF-31721
SÉCULO 1:
0 NASCIMENTO
DA CIÊNCIA
(•juai
Coleção CLE V.11
Centro de Lógica, Epistemologia e História da
Ciência (CLE), projetado e organizado em 1976
e implantado oficialmente na Unicamp em 1977,
tem como membros, docentes e pesquisadores de vários
Institutos e Faculdades da UNICAMP e outras
Universidades brasileiras e estrangeiras.
Criado com o objetivo central de desenvolver
atividades nas áreas de Lógica, Epistemologia e História
da Ciência e pesquisas interdisciplinares, o CLE mantém
intenso intercâmbio acadêmico com pesquisadores e
instituições do Brasil e do exterior; organiza regularmente
seminários e encontros científicos; coordena trabalhos
de pesquisa; assessora cursos de pós-graduação de
natureza interdisciplinar; mantém acervo bibliográfico e
acervo de documentação que proporcionam subsídios a
pesquisadores e estudantes; e promove a publicação de
dois periódicps e uma coleção de livros: Manuscrito-
Revista Internacional de -filosofia, criada em 1977;
Cadernos de História e Filosofia da Ciência, criado em
1980; e z Coleção CLE, criada em 1987. Além dos
recursos financeiros provenientes da UNICAMP, o CLE
recebe subsídios de inúmeras instituições nacionais e
internacionais de apoio à pesquisa.
SECUIO XIX:
0 NAMNIO
DA CIÊNCIA
CONMOÉEA
Volume 11 - 1992
COLEÇÃO CLE
Coleção CLE V.11
Copyright © by Fátima R.R, Évora, 1992
Nenhuma parte desta publicação pode ser gravada, armazenada
em sistemas eletrônicos, fotocopiada, reproduzida por meios
mecânicos ou outros quaisquer sem autorização prévia do
editor.
ISSN: 0103-3147
Primeira Edição, 1992
IMPRESSO NO BRASIL
Coleção CLE V.11
SÉCULO XIX:
O NASCIMENTO
DA CIÊNCIA
CONTEMPORÂNEA
Coleção CLE V.11
Coleção CLE V.11
Coleção CLE V.11
Coleção CLE V.11
COLEÇÃO CLE
Editor
Conselho Editorial
Prefácio xiii
Agradecimentos xxi
Os autores xxiii
Parte I
* História e Filosofia da Ciência
Parte II
t Frege e a Lógica Moderna.
Parte IV
* O Nascimento das Lógicas Não-Clássicas
* As Geometrias Não-Euclidianas
Parte V
* Ciência e Método em Mach e Duhem
Parte VII
* Questões Epistemológicas da Ciência
Contemporânea no Século XX
Parte VIII
* O Nascimento da Mecânica Quântica e da Cristalografia
* Evolução da Análise Dimensional
Parte IX
* Surgimento da Teoria Eletromagnética
* Termodinâmica
* As Origens da Mecânica Estatística
Bibliografia
Kuhn, T.S. Notes on Lakatos. In: Buck, R.C. & Cohen, R.S.
(eds.) PSA, 1970: in memory of Rudolf Carnap. Dordrecht :
D. Reidel, 1971. p. 137-45. (Boston Studies in the Philosophy
of Science, v.8) .
Michael Wrigley"
Referências Bibliográficas
Dummett, M. Frege: Philosophy of Language, 2.ed. London :
Duckworth, 1981.
Coleção CLE V.11
32 A Concepção Fregeana da Lógica
Arthur Schopenhauer*
Jean-Yves Béziau"
1. Schopenhauer e a lógica
Raramente estuda-se o que disse Schopenhauer a respeito da ló-
gica. Isso sem dúvida resulta do fato de que os lógicos em geral não
se interessam por este filósofo, e aqueles que estudam a obra de Scho-
penhauer não conhecem a lógica. Não obstante, poderíamos lembrar
que Wittgenstein foi um grande leitor de Schopenhauer, mas ele não
fez comentários explícitos sobre os pensamentos de Schopenhauer re-
lativos à lógica.
Referências Bibliográficas
A Filosofia da Matemática
de Poincaré
Não é muito claro o que Poincaré entende por verificável, mas com
um pouco de esforço é possível oferecer-lhe uma interpretação. Poin-
caré parece estar dizendo que um enunciado é verificável se puder-
mos reduzi-lo, por substituição dos termos definidos que nele apare-
cem pelas suas definições, e pela exclusiva aplicação das regras da
lógica, a uma tautologia. E claro que entre estas regras lógicas não
constam nem o princípio de indução completa nem qualquer outro
princípio sintético. Conseqüentemente, só os enunciados particula-
res são passíveis de verificação, e um enunciado geral é verificável se
todas as suas instâncias particulares o forem.
E o que tem a ver este critério com o infinito? Simples, explica
Poincaré, como nenhum enunciado onde conste o infinito é verificável,
ele não tem direito de cidadania em matemática, a não ser como uma
abreviação conveniente. E lá se vão todos os ordinais e cardinais
transfinitos de Cantor.
Por que enunciados "infinitos" não são verificáveis não é algo que
fique muito claro. Se, por exemplo, A é um conjunto infinito deíinível
por uma expressão verificável, não seria o enunciado x G A verificável,
mesmo envolvendo um conjunto infinito? Parece que, neste caso,
Poincaré diria que o infinito comparece na expressão x G A apenas
aparentemente, uma vez que esta expressão é equivalente àquela que
define o conjunto.
0 que o critério de Poincaré elimina não são os conjuntos infinitos,
mas os conjuntos não definíveis por expressões verificáveis.
Mas como Poincaré finca pé em apontar para o infinito atuali-
zado o caminho do desterro, devemos buscar os seus reais motivos
para tanto. E eles estão, é claro, no construtivismo de Poincaré, que
não pode admitir a existência de nada que não tenha sido convenien-
temente constituído. 0 que vale dizer em matemática, que não tenha
sido consistentemente definido. Mas um conjunto é um organismo
que não pode existir antes que exista cada um dos seus órgãos. E um
objeto de segunda ordem cuja existência depende da prévia existência
de cada um dos seus elementos. Como não podemos em nenhum mo-
mento dispor da definição de cada um de uma quantidade infinita de
objetos, um conjunto infinito nunca estará propriamente constituído.
Mesmo que a sua definição não implique em contradição.
Para Poincaré, um conjunto é um objeto dependente dos seus ele-
Coleção CLE V.11
Jairo José da Silva, 53
dências da sua ciência. Mas, por outro lado, Poincaré soube apreciar
e acatar as revoluções, talvez muito mais surpreendentes da física do
seu tempo: a mecânica relativística e a mecânica quântica. Estas pelo
menos, poderia dizer Poincaré, ajustam-se aos fenômenos resolvendo
problemas ao invés de criá-los.
Como matemático, Poincaré foi um dos decanos da chamada es-
cola francesa, que conta entre os seus membros com contemporâneos
seus, também predicativistas, como Borel, Baire e Lebesgue, e nos
legou criações belíssimas em áreas até hoje vivas como a topologia
algébrica, a teoria dos sistemas dinâmicos e a teoria das probabilida-
des.
Se Poincaré nos parece um pouco demodé por oposição à ma-
temática formalista, enfim vencedora, da escola alemã, nós não po-
demos nos esquecer do renascimento da matemática intuicionista,
principalmente como reação às limitações intrínsecas do formalismo.
Se as críticas de Poincaré ao logicismo foram um empecilho ao de-
senvolvimento da lógica na França, elas certamente estavam presentes
na mente dos lógicos que, fora da França, tiveram que responder a
elas.
Assim, as críticas de Poincaré têm um duplo papel, restritivo e,
simultaneamente, estimulante, e nossa primeira impressão de Poin-
caré como um reacionário a ser esquecido deve, a bem da verdade,
ser substituída pela imagem de Poincaré como um precursor das mo-
dernas correntes construtivistas em Matemática, além de uma figura
de relevância na própria história da lógica.
Bibliografia
Não-Clássicas
* As Geometrias Não-Euclidianas
Coleção CLE V.11
Coleção CLE V.11
5
Bibliografia
3. Lógicas Polivalentes
0
P -*P P 1
0 1 0 111
1 1 12 1
1 1
2 2
1 0
M{p) =dí P,
p Mp
0 0
1 1
2
1 1
Os conectivos de disjunção, conjunção, necessidade e equivalência
são definidos a partir dos anteriores.
Em 1922, Lukasiewicz generalizou seu cálculo proposicional triva-
lente para uma lógica com qualquer número finito de valores lógicos.
E, a seguir, generalizou-a para cálculos com número infinito de valo-
res de verdade. Definiu uma família Ln de sistemas polivalentes com
n valores de verdade, n = 2,3,..., Kq,
Uma exposição detalhada dos sistemas polivalentes de Lukar
siewicz foi publicada em Lukasiewicz Tarski 1930 (ver Tarski
1956 e Borkowski 1970).
E importante observarmos que o cálculo proposicional bivalente
de Lukasiewicz coincide com o cálculo proposicional clássico; e todas
as lógicas n-valentes de Lukasiewicz, com n finito ou infinito, são
subsistemas do cálculo proposicional clássico.
Lukasiewicz havia conjecturado quais seriam as axiomáticas ade-
quadas para seu cálculo trivalente £3 e para seu cálculo valente
£ko- As axiomáticas para os cálculos £3 e £n (com n finito) foram
introduzidas por Wajsberg 1931 e 1935.
Wajsberg 1935 menciona que havia provado a conjectura de
Lukasiewicz relativa à axiomatização do cálculo £n0, porém sua de-
monstração nunca apareceu publicada.
A primeira demonstração publicada da conjectura de Lukasiewicz
foi a de Rose & Rosser 1958.
Chang 1959 apresenta uma outra demonstração, de caráter
algébrico.
Moisil 1940, motivado pelas relações já bastante conhecidas en-
tre o cálculo proposicional clássico e as álgebras de Boole, iniciou o
estudo das estruturas algébricas correspondentes aos cálculos propo-
sicionais n-valentes de Lukasiewicz, com n finito, as quais denominou
álgebras de Lukasiewicz n-valentes,
Moisil analisou ainda as relações entre os cálculos polivalentes e
outros sistemas conhecidos, como por exemplo o cálculo proposicional
intuicionista de Heyting.
Coleção CLE V.11
ítala M. Loffredo D'Ottavjano 79
4. Lógicas Paraconsistentes1
Nas lógicas paraconsistentes o escopo do princípio da (não-)con-
tradição é, num certo sentido, restringido. Podemos mesmo dizer
que, se a força desse princípio é restringida num sistema lógico, então
o sistema pertence à classe das lógicas paraconsistentes.
De fato, nas lógicas paraconsistentes o princípio da (não-Contra-
dição, na forma -i(A A -<A) não é necessariamente não-válido, porém,
em toda lógica paraconsistente, de uma fórmula A e sua negação -iA
não é possível, em geral, deduzir qualquer fórmula B.
Apesar da filosofia oriental ter sido, em geral, mais tolerante com
a inconsistência que a ocidental, abordagens paraconsistentes não
foram tão excepcionais na antigüidade clássica, tendo sido assumi-
das por diversas escolas filosóficas, como por exemplo pelos solistas,
megáricos e estóicos.
Podemos dizer, entretanto, que o pensamento paraconsistente
/
começa no ocidente com Heráclito de Efeso.
Desde Heráclito, diversos filósofos, entre eles Hegel, Marx, Engels
e os materialistas dialéticos contemporâneos têm proposto a tese de
que as contradições são fundamentais para a compreensão da reali-
dade.
No começo deste século, a paraconsistência foi definitivamente
descoberta por vários estudiosos, todos eles trabalhando independen-
temente.
Em 1910, além da publicação do artigo e livro de Lukasiewicz,
temos a publicação do primeiro artigo de Vasiliev sobre lógicas náo-
clássicas, e a segunda edição revisada do texto básico da teoria dos
traditórios, que incluem duas teses tais que uma contradiz a outra,
e sistemas super-completos, nos quais todas as fórmulas são teses,
e considera que a lógica clássica não é adequada para o estudo de
sistemas contraditórios porém não super-completos.
Baseado nessas idéias, Jaskowski propôs o problema da cons-
trução de um cálculo proposicional com as seguintes propriedades:
"1) quando aplicado a sistemas contraditórios não levaria sempre à
sua super-completude; 2) deveria ser suficientemente rico para per-
mitir inferências práticas; 3) deveria ter uma justificativa intuitiva".
Jaskowski construiu sua própria solução, apenas a nível proposi-
cional, obtida a partir do sistema modal Ss, conhecida como lógica
discussiva ou discursiva e denotada por Z)2.
A lógica discussiva é compreendida como uma formalização da
lógica do discurso e além de ser paraconsistente é também não-
adjuntiva.
As idéias subjacentes à construção do sistema D2 são bastante
interessantes e conectam as lógicas discussivas com outras classes
de lógicas recentemente estudadas, como por exemplo as lógicas
doxásticas e as lógicas não-monotônicas, estas últimas de interesse
para a ciência da computação.
Referências Bibliográficas
Ackermann, W. (1956) Begründung einer strengen Implikation,
The Journal of Symbolic Logic, v. 21, p. 113-128.
Cláudio Pizzi
Referências Bibliográficas
Haack, S. Deviant Logics. Cambridge : Cambridge University
Press, 1974.
Coleção CLE V.11
Coleção CLE V.11
8
Walter A. Carnielli"
mais de uma paralela a uma reta dada, que uma situação onde fa-
lha a lei do terceiro excluído, sobretudo porque as novas geometrias
nasceram no começo do século XIX, enquanto as novas lógicas apa-
receram no início do século XX. De qualquer forma, as aplicações da
Teoria de Grupos e o interesse por novas estruturas algébricas, tão
em voga no fim do século passado, podem ter contribuído para tor-
nar natural o surgimento das Lógicas Não-Clássicas, em especial das
Lógicas Polivalentes propostas por Lukasiewicz.
O que é certo é que o surgimento das Lógicas Não-Clássicas deve-
se menos a questões matemáticas, como as ligadas às Geometrias Não-
Euclidianas, que ao interesse em formalizar universos de discurso mais
complexos que o domínio matemático (o própio Lukasiewicz inspirou-
se diretamente em questões cuja origem remontam a Aristóteles, às
quais aplicou suas novas lógicas). Pode-se entrever aí o início da
liberação da Lógica, desobrigada da tarefa infindável (e impossível,
depois de Gõdel) de erigir a Matemática em fundamentos absolutos.
O amadurecimento da teoria da computabilidade colocou ainda
em evidência dois fatos fundamentais: nem todos os procedimentos
matemáticos são computáveis, e nem todos os que podem ser em
princípio computáveis, podem ser computáveis na realidade. Na ver-
dade, dentre a grande quantidade de problemas reais de interesse
tecnológico, muito poucos podem ser tratados computacionalmente
de maneira factível. Em outras palavras, não interessa muito se um
certo sistema é decidível ou não; o que importa é se ele pode ser
tratado computacionalmente dentro das limitações humanas.
Pode-se compreender então que a questão da formalização da
heurística adquire nova relevância: estudar rigorosamente a inte-
ligência e formalizar a criatividade e o processo humano de decisão
passam a ser objetos da teoria da prova automática de teoremas e da
teoria dos sistemas especialistas, por exemplo.
Um sistema especialista consiste, de certo modo, em se axioma-
tizar o conhecimento de um bom especialista sobre um tema. Essa
axiomatização deverá certamente necessitar de recursos estranhos ao
domínio matemático clássico, como por exemplo Lógicas Modais,
Lógicas Polivalentes ou Difusas, ou Lógicas Temporais. Esses pro-
cedimentos podem vir a produzir resultados interessantes, de tal
forma que certas questões filosóficas anteriormente consideradas ape-
Coleção CLE V.11
104 Lógicas Não-CIássicas
Bibliografia
[24 ] Lee, C.C. Fuzzy Logic in Control Systems: Fuzzy Logic Con-
troller. Parts I and 11. IEEE Transactions on Systems, Man
and Cybemetics, v. 20, n. 2, p. 404-35, 1990.
Coleção CLE V.11
110 Lógicas Não-Clássicas
[28 ] Schwarz, D.G. &: Klir, G.J. Fuzzy Logic Flowers in Japan.
IEEE Spectrum, p. 32-5, Jul. 1992.
Não-Euclidianas
Bibliografia
* Ciência e Método em
Mach e Duhem
Coleção CLE V.11
Coleção CLE V.11
10
Duhem e Galileu
{Uma Reavaliação da Leitura Duhemiana de Galileu)1
II
deve ter como objetivo a explicação deis leis experimentais por meio
de hipóteses sobre a realidade essencial inobservável (causa última),
subjacente aos fenômenos observáveis. Para Duhem,
o nó vital de todas as doutrinas errôneas de que foi objeto a física
teórica [se encontra] na tendência irresistível que nos leva a pesquisar
a natureza das coisas materiais que nos cercam e a razão de ser das
leis que regem os fenômenos que observamos13.
III
^Ibidem, p. 561-2.
17
Daqui em diante, por motivo de brevidade, designarei por Discorsi a obra
de Galileu intitulada Discorsi e Dimostraztoni matematiche intorno a due nuove
Scienze attenenti alia Mecantca ed ai Aíovimenti Locais. Entretanto, as citações e
referências a essa obra sâo da edição em português intitulada Duas Novas Ciências,
São Paulo, Nova Stella e Instituto Cultural ítalo-Brasileiro, 1985.
18
DUHEM. P. Études sur Léonard de Vinci, p. 583.
Coleção CLE V.11
132 Duhem e GalHeu
19
Ibidem, p. 566 e seg. A carta de Galileu a Fra Paolo Sarpi de 16 de outubro
de 1604 se encontra em Le Opere di Galileo Galilei, Edizione Nazionale, Vol.
X, p.115-116. A carta de Descartes a Mersenne de 13 de novembro de 1629 se
encontra em Oeuvres de Descartes, ed. Adam e Tannery, Correspondance, tomo I,
p. 69-73. Galileu retoma o erro envolvido na definição segundo a qual a velocidade
de um movimento uniformemente acelerado cresce proporcionalmente ao espaço
percorrido em Duas Novas Ciências, p. 131-2, mas seu argumento para afastar
essa definição contém uma falácia, que não será discutida aqui.
Coleção CLE V.11
Pablo Rubén Mariconda 133
no século XIV, não optam por uma delas, ficando sua discussão no
plano puramente conceituai da organicidade lógica de cada uma das
alternativas20, sem sentir a necessidade de confrontar cada uma das
alternativas em discussão com as observações dos movimentos na-
turais, sem colocar a questão genuinamente empírica - como o faz
Galileu21 - de qual delas se adapta ao movimento natural observado
dos corpos em queda.
Além disso, não basta constatar que Galileu utiliza o teorema
mertoriano em sua análise cinemática da queda livre para afirmar,
como faz Duhem, a continuidade entre o tratamento medieval e o
tratamento de Galileu, pois o teorema mertoriano só se torna uma
das expressões formais da lei da queda livre, quando se reconhece
que o movimento de queda dos corpos é um exemplo in natura de
movimento com aceleração uniforme. Ou seja, era preciso aplicar
o teorema mertoriano (Teorema I dos Discorsi) à queda livre para
deduzir a famosa lei da queda livre dos corpos (Teorema II e corolários
dos Discorsi); e isso foi feito por Galileu22 e não pelos medievais, que
"não aplicaram seus teoremas cinemáticos relativos ao movimento
uniformemente acelerado à descrição do comportamento dos corpos
em queda livre"23.
Outro aspecto da leitura de Duhem que salta aos olhos concerne
a duas omissões particularmente importantes que são, de certo modo,
conseqüências de sua adesão estrita à tese da continuidade do desen-
volvimento científico. Em primeiro lugar, Duhem não apresenta, e
conseqüentemente não discute, o grupo de três proposições que se se-
gue à prova do teorema mertoriano da velocidade média. Esse grupo
de proposições está composto pelo Teorema II e seus dois corolários
e constitui a formulação matemática da lei da queda dos corpos24.
Assim, no Teorema II, Galileu prova a proporcionalidade, num mo-
vimento uniformemente acelerado, entre os espaços percorridos e os
20
Paia uma discussão interessante dessa questão em Buridan e Oresme, ver
Clagett, Marshal, La Sciema delia Meccanica nel Medioevo, p. 9; em particular
p. 588, 591 e 600. Cf. Johannis Buridan, Quaestionea super libris quattuor de
Caelo et mundo, ed. E. A. Moody, Cambridge, Mass., 1942. Nicole Oresme, Le
livre du ciei et du monde.
J1
GALILEI, G. DuasNovas Ciências, p. 126-127.
22
Cf. a esse propósito Clagett, op. cit., p.283.
"CLAGETT, op. cit., p.17.
24
GALILEI, G. Duas Novas Ciências, p. 136-141.
Coleção CLE V.11
134 Duhem e Galileu
IV
Está claro que para Duhem a tradição nada mais faz do que
prescrever a metodologia de EúÇsci' rà yaLVÓpevoL, para a qual as
hipóteses astronômicas são artifícios (constructos) matemáticos com
os quais organizamos as observações celestes e não explicações me-
tafísicas sobre a natureza desses fenômenos observados ou sobre a
razão de ser das leis experimentais, isto é, das regularidades observa-
das na sucessão dos fenômenos.
Após essa tentativa de justificação histórica da metodologia de
salvar os fenômenos, seguem-se dois parágrafos que podem ser con-
39
Cf. p. 5 acima.
40
DUHEM, P., "Física e Metaíísica,,, Ciência e Filosofia, n. 4, p. 51-54.; p,54.
41
Cf. DUHEM, P. Física e metafísica, nota 11, p. 54. O prefácio de Osiander foi
publicado sob o título Andreas Osiander: Prefácio ao "De Revolutionibus Orbium
Coelestium" de Copérnico, com tradução, introdução e notas de Zeljko Loparic
nos Cadernos de História e Filosofia da Ciência CLE-UNICAMP, n. 1, p. 44-61,
1980.
Coleção CLE V.11
142 Duhem e Galileu
59
Obviamente, as próprias "circunstâncias históricas particulares" são, também
elas, reconstruções históricas segundo padrões, etc. Mas isto não invalida a objeção
de que Duhem não leva em consideração fatos históricos significativos que podem
ser reconstruídos com padrões neutros com relação aos seus.
Coleção CLE V.11
152 Duhem e Galileu
2. Este último ponto nos conduz à crítica que Duhem move contra a
concepção de método experimental de Galileu. Pode-se considerá-la
adequada?
E verdade que algumas vezes Galileu parece argumentar que
se existirem boas razões empíricas para rejeitar o sistema ptolo-
maico, então o sistema copernicano estará suficientemente estabe-
lecido, como se este último fosse a única alternativa possível e uma
espécie de experimentum crucis estivesse envolvido. Duhem cita em
apoio a sua interpretação a seguinte passagem do Considemzioni circa
L'opinione copemicana de Galileu:
Não acreditar que exista demonstração da mobilidade da Terra até
que esta não seja mostrada, é sumamente prudente; nem pedimos
que alguém acredite em tal coisa sem demonstração: antes, nós não
procuramos outra coisa a não ser que, pelo bem da Santa Igreja, seja
com suma severidade examinado aquilo que sabem e podem produzir
os seguidores de tal doutrina, e que não lhes seja admitido nada se
aquilo pelo que lutam não supera em grande espaço as razões da
outra parte; e quando não tivessem mais que 90 por 100 de razões,
Coleção CLE V.11
154 Duhem e Galileu
68
Cf. Galileu, Dialogo sopra i due massime sistemi dei mondo, Le Opere, Edi-
zione Nazionale, Vol. VII, la. Jornada.
69
Cf. Galileu, Duas Novas Ciências, la. Jornada.
Coleção CLE V.11
Paòio Rubén Mariconda 159
Referências Bibliográficas
Michel Ghins
E miri'
= constante (i = 1,2,... ,n)
'dt . E mt .
5
Mach tentou, de modo mais geral, eliminar a noção de força da mecânica,
substituindo-a pelo produto da massa e da aceleração.
6
Na realidade, esta equivalênciajyale para toda classe de sistemas em movi-
mento relativo retilíneo uniforme. Por exemplo, todos os sistemas em movimento
' retilíneo uniforme em relação a um carroussel em rotação são equivalentes a este
carroussel, no sentido de que o movimento de um corpo livre de força externa é
descrito pela mesma equação em todos estes sistemas.
Coleção CLE V.11
Michel Ghins 167
7
Este fato corresponde à experiência da "Torre de Pisa" que Galileu, improva-
Coleção CLE V.11
168 Mach e a Teoria Geral da Relatividade
Situação 1 Situação 2
Figura 1
Visto que apenas a rotação relativa pode ser invocada como causa
empírica da concavidade observada, estes dois sistemas de referência
devem ser equivalentes de um ponto de vista físico. A relatividade
dinâmica é uma conseqüência da causalidade empírica. Para satisfa-
zer ao princípio de relatividade dinâmica, é preciso que estas situações
constituam a mesma realidade física, logo, que sejam uma situação
só. E necessário, portanto, que as leis que descrevem estas situações
sejam também idênticas; não basta que elas sejam covariantes, ou
seja, que elas tomem a mesma forma matemática em qualquer sis-
tema de coordenadas. De fato, a situação 1 poderia ser descrita por
uma equação geralmente covariante (que não muda de forma sob uma
transformação qualquer, desde que contínua, das coordenadas) mas
que seja diferente de uma equação, também geralmente covariante,
que descreva a situação 2. Mas isto é justamente o que Mach queria
evitar; toda deformação inercial devia resultar de um movimento em-
piricamente relativo. Ao comentar esta questão Reichenbach escreve:
O que há de novo na interpretação de Mach é a idéia de que a força
de inércia pode ser interpretada, na concepção relativista, como um
efeito de gravitação dinâmico. A relatividade pode ser estendida
Coleção CLE V.11
170 Macii e a Teoria Geral da Relatividade
E
2
Interpretação 1 Interpretação 2
Figura 2
9
Neste ponto pode-se consultar Ghins, 1990, p. 141.
Coleção CLE V.11
Michel Ghins 171
Fi
Ei El
vy
E? Ei
E3 Ez
Et E*
Interpretação 1 Interpretação 2
Figura 3
Coleção CLE V.11
Michel Ghias 173
Exigência empirista
i
Causalidade empírica
í
Relatividade dinâmica
i
Rejeição do espaço absoluto
Bibliografia
1. Introdução
Na segunda metade do século XIX o general Jules Morin, do
Exército Francês, idealizou e construiu um aparelho didático, para
suas aulas no Conservatório de Artes e Ofícios de Paris, que permitia
o registro gráfico automático da queda acelerada de um corpo.
0 aparelho consistia de um cilindro que, por meio de um sistema
de relojoaria, girava com velocidade angular constante. A medida
que o corpo (um tronco de cone munido com uma caneta) caía em
queda livre, a caneta registrava no papel gráfico afixado ao cilindro
a curva característica da queda. A curva é uma parábola que revela
a relação entre as alturas de queda e os quadrados dos respectivos
tempos. 0 estudo da curva permite ainda a obtenção da relação
linear entre velocidade e tempo.
Existe uma outra variação desse aparelho que consiste de uma
placa metálica (com papel gráfico afixado) deixada cair através de
duas guias de arame. A placa fica bastante próxima de um diapasão
Coleção CLE V.11
178 O Aparelho de Morin Revisitado
„/r
Figura 1
Coleção CLE V.11
180 O Aparelho de Morin Revisitado
A'
Figura 2
Figura 3:
A T B S C
D'
Figura 3
T = A5/2
BC= AB=
SD = AS = 3í,
e assim por diante.
Chamando BB' = h, temos que;
CC=4h e DD' = 9h .
3. Conclusão
Reconstruído no Departamento de Física da Universidade Esta-
dual de Maringá, o aparelho de Morin possui um cilindro com altura
de 76 cm, um diâmetro de 9,6 cm e um tempo de queda para o bloco
de bronze (considerando a velocidade de rotação do cilindro) de 0,35
segundos. O cilindro gira na razão de 2 voltas/segundo. O eixo das
aletas gira na razão de 6:1 em relação ao eixo do cilindro.
O aparelho reconstruído foi submetido a vários testes, destacando
uma ótima precisão nas medidas realizadas. O objetivo principal
agora é a simplificação da montagem do aparelho, substituindo o
mecanismo de relojoaria por um motor elétrico Singer, para que ele
seja viável em laboratórios de 2o e 3o graus.
Além do aparelho em si, foi produzido, no "Laboratório de
Criação Visual" do Departamento de Física (Universidade Estadual
de Maringá), um vídeo em curta-metragem resgatando a história da
cinemática. O vídeo enfoca, sobretudo, a relação entre técnica e
ciência (Rossi, 1989), o que permitiu, por exemplo, a construção de
um aparelho como o de Morin por um general, físico e conhecedor
de técnicas mecânicas, que o levaram a conceber um registrador para
a medida direta de um fenômeno, resolvendo assim um problema de
mais de 200 anos: o problema de Galileo da impossibilidade da pre-
cisão do tempo na queda acelerada de um corpo.
Lista Bibliográfica
1887.
1
Esta última, segundo pensamos, envolvendo diretamente a primeira.
Coleção CLE V.11
188 A Questão da Indução em J.S. Mill
2
Pensamos que é bem mais fácil incorporá-lo aos nossos preceitos metodológicos
do que refutá-lo.
3
1843. 8* edição revista 1881.
Coleção CLE V.11
Mario A.L. Guerreiro 189
(1) Todo evento tem de possuir uma causa, ou, dito de outro modo:
Não há efeito sem causa.
Referências Bibliográficas
Aiberto Oliva
1
Para se ter uma visão panorâmica da obra de Comte, consulte-se a compe-
tente coletânea organizada por Evaristo de Moraes Filho para a coleção Grandes
Cientistas Sociais (São Paulo : Editora Ática, 1978) intitulada Comte. Em seu
livro Augusto Comte e o Pensamento Sociológico Contemporâneo (Rio de Janei-
ro : Livraria São José, 1957) veicula uma visão da gnosiologia positivista distante
dos clichês epistemológicos utilizados por nossa intelligentsia. Em sua sucinta ex-
posição, Evaristo corretamente desvincula a epistemologia de Comte da tradição
do empirismo metodológico rústico.
Coleção CLE V.11
Alberto Oliva 197
✓
E preciso ter presente que as críticas que se avolumaram, neste
século, ao observacionalismo/fatualismo não eram triviais à época de
Comte. Seu reconhecimento de que contar com uma teoria é condição
de possibilidade para a realização científica dos fenômenos evidencia
que não estamos diante das estreitezas metodológicas que normal-
mente atribuem, sobretudo entre nós, à sua filosofia da ciência. Muito
pelo contrário. Por mais que Comte se mostre excessivamente preso
a uma concepção que acredita numa rock bottom basis of knowledge,
de tipo observacional, não há como deixar de reconhecer que o im-
portante papel que confere à Teoria não nos permite vê-los como
endossando a visão ingenuamente fatualista que seus críticos costu-
mam lhe imputar:
sua história, sob pena de conduzir a enfoques vagos e estéreis; em sentido inverso,
a história isolada dessa filosofia seria inexplicável e ociosa,, (COMTE, 1908, v. 2,
p. 236-7).
8
Como bem salienta Laudan (1971, p. 40), o uso do termo 'verificação' para
denotar algo como confirmação, mais do que exaustiva verificação, não era raro
no século XIX. O lógico e filósofo da ciência Duval-Jouve usa-o com o sentido
de confirmação em sua obra de 1844 Traité de logique, ou Essai sur la théorie
de Ia science. Não há evidência de que Duval-Jouve tenha tomado emprestado
de Comte esse termo. Mill, Herschel e Whewell fazem uso do termo 'verificação'
na acepção geral de teste empírico. Baseado em passagens como aquela em que
✓
como existente como também tudo o que pode vir a existir como des-
continuidade. O significado político dessa ênfase às potencialidades é
o de que o vir-a-ser traz em seu bojo potencialidades revolucionárias
capazes de alterarem a atual correlação de forças entre os existentes:
O ataque positivista aos conceitos universais, sob a alegação de que
não podem ser reduzidos a fatos observados, exclui do domínio do co-
nhecimento tudo que ainda não pode ser um fato (...) Isso significa
concretamente que as potencialidades dos homens e das coisas não
se esgotam nas formas e relações dadas nas quais podem realmente
aparecer (MARCUSE, 1960, p. 113).
explicativos têm uma identidade epistêmica que não tem como ser re-
construída, por camadeis, a partir da base observacional. Comte não
propugna ainda o teoreticísmo que entrou em voga na metaciência a
partir dos anos 60, mas propõe uma epistemologia que retrospectiva-
mente tem a credencial de ter inovado no modo de problematizar a
interação entre teoria e observação e na função capital conferida à arte
de formular hipóteses no processo de elaboração de conhecimento. Só
isso bastaria para tomar intelectualmente descabida a postura, pre-
valecente entre nós, que tomou o adjetivo positivista uma espécie de
xingamento epistemológico. Comte não merece o adjetivo "positi-
vista" da forma como é usado por nossos epistemólogos tupiniquins.
Afinal, o positivismo, gostemos dele ou não, é um projeto filosófico,
ao passo que o antipositívismo genérico é apenas o tédio emocional
infrutífero de não se querer conhecer o adversário contra o qual se
forma (mal) a própria identidade.
Lista Bibliográfica
Comte, A. Cours de philosophie positive. Paris : Schleicher Frères
Editeurs, 1908. V.l-6.
Popper, K.R. The Open Society and its Enemies. Londres : Rou-
tledge & Kegan Paul, 1971. V.2.
Durkheim
1. Introdução
Em que pese o vivo debate que ainda se procede sobre a obra de
Durkheim em todas as escolas de Sociologia, a maior parte de seu
esforço intelectual no sentido da concretização da disciplina como
ciência parece já pertencer ao quadro geral de sua história.
Mesmo os desenvolvimentos mais recentes de sua obra, como
o funcionalismo norte-americano, já não são mais aceitos como
princípio de investigação na Sociologia. De certa maneira, este é
um fato reconfortante, pois já se disse que uma ciência que reluta
em esquecer os seus fundadores está perdida. Apesar de tudo a So-
ciologia tem avançado em seus métodos de investigação, sua base
empírica tem se alargado e o respeito que vem adquirindo nos meios
acadêmicos é maior a cada dia. E aqui temos enorme dívida para
com Émile Durkheim (1858-1917).
Assim, tendo em vista estas ponderações, pode-se partir para uma
tarefa bem desenvolvida no âmbito da ciência natural, qual seja, o
Coleção CLE V.11
222 Durkheim
É por este princípio que vai distinguir, por exemplo, a física celeste
de uma física terrestre. Na sua concepção, a astronomia ou física
celeste é dotada de um grau de generalidade mais acentuado do que
a física terrestre, já que todos os corpos na Terra são governados pelas
leis da gravitação, e outras forças naturais. Assim, a física terrestre,
Coleção CLE V.11
228 Durkheim
3
A este respeito, refiro-me especificamente à tentativa do Prof. Dr. Alberto
Oliva (UFRJ) de proceder esta associação. Ver o resumo de sua comunicação
apresentada no VII Colóquio de História da Ciência (CLE/UNICÀMP).
Coleção CLE V.11
Washington Luís de Sousa Bonfim 237
valia. Mas a marca mais visível deste ramo é sua rejeição ao me-
canicismo que perdurava na orientação dos antropólogos britânicos.
Como descreve F. Fernandes, nesta fase se alcança uma delimitação
positiva do conceito de função social que passa a ser,
... entendida, logicamente, como uma relação de interdependência
entre nma atividade parcial e uma atividade total ou entre um com-
ponente estrutural e a continuidade da estrutura, em suas partes
ou como um todo, representando-se os elementos dessa relação de
modos diversos e em graus variáveis, quer como determinadas, quer
como determinantes (FERNANDES, 1980, p. 234).
5. Conclusão
Bibliografia
* Questões Epistemológicas da
Ciência Contemporânea no
Século XX
Coleção CLE V.11
Coleção CLE V.11
16
como Antecipação da
Metodologia Popperiana
TDc
-i c
•• -.T
E, mais adiante, Popper fala ainda do "teste da teoria por meio das
aplicações empíricas das conclusões que se podem deduzir dela" (p.
33).
Do mesmo modo, para Claude Bernard, como vimos, a idéia expe-
rimental é uma conseqüência lógica das teorias reinantes ou aceitas,
como se diz hoje em dia. Sendo tais teorias hipóteses sobre a na-
tureza, a idéia experimental possui também este caráter hipotético.
Assim, diz Bernard a este respeito:
Esta passagem deixa daro que o que realmente importa para Ber-
nard é utilizar a experiênda como controle de idéias pré-concebidas.
Este é certamente um ponto polêmico, pois a descrição dos quatro
momentos da prática experimental, se for interpretada como uma ex-
posição rigorosa de procedimentos metodológicos, pode levar à con-
dusão contrária, isto é, de que para Bernard o conhecimento começa
pela observação e não pela idéia. Neste caso, ele estaria na posição
oposta à de Popper, ao invés de preíigurá-lo. Mas há outras passa-
gens da Introdução de Bernard que esclarecem este ponto. Para ele,
não são as observações que levam às hipóteses, mas, ao contrário, são
as hipóteses que levam às observações. Ele diz:
O sentimento engendra a idéia ou a hipótese experimental, isto é, a
interpretação antecipada dos íenômenos da natureza. Toda a inicia-
tiva experimental está na idéia, pois é ela que provoca a experiência
(BERNARD, 1943, p. 56).
Referências Bibliográficas
Marly Bulcão
que, por sua vez, vão lhe dar mais vigor, estimulando, assim, seu di-
namismo. A ciência se desenvolve, pois, pondo em risco seus métodos
e a si própria.
Segundo Bachelard, um outro aspecto da ciência funcionou como
fator de dinamismo levando à renovação do saber. Admite que a par-
tir do século XIX a ciência foi se tornando cada vez mais materialista.
Para que se possamos compreender o sentido do materialismo ba-
chelardiano, torna-se necessário ressaltar, em primeiro lugar, que este
nada tem a ver com o materialismo tradicional defendido por algumas
doutrinas filosóficas. 0 materialismo científico, ao qual se referem os
textos bachelardianos, apresenta conotações bem específicas.
Conforme mostra Bachelard, a ciência contemporânea é materia-
lista porque impõe que o conhecimento se faça por um confronto com
o mundo, por um corpo a corpo, por um trabalho das instâncias
materiais. Neste sentido, não basta observar o mundo para co-
nhecê-lo. Torna-se necessário considerá-lo como resistência, como um
obstáculo a transpor. A ciência contemporânea, penetrando nas di-
versas instâncias materiais, dedicando-se às mesclas de substâncias,
nos permite alcançar a "consciência do trabalho", através da qual
nos sentimos como corpo e nâo apenas como espírito ou como puro
pensar.
0 materialismo presente na ciência da atualidade funciona, pois,
como fator de mobilidade e dinamismo. Neste sentido, o contato com
a materialidade é algo imprescindível na construção e renovação do
saber.
Pode-se então concluir que, para Bachelard, a retificação, a rup-
tura e o materialismo, foram as molas propulsoras do desenvolvi-
mento descontínuo que vem acontecendo na ciência desde o século
XIX. Não se pode esquecer, entretanto, que a descontinuidade re-
presenta um progresso efetivo. A racionalidade atual constitui um
avanço em relação ao passado, um avanço que marca a vitória da
razão num combate feroz com a tradição e na conquista de um saber
sempre jovem e atual.
Ao analisarem as revoluções da ciência contemporânea, um
mesmo projeto une Brunschvicg e Bachelard: o propósito de com-
bater as filosofias que defendem a idéia de razão absoluta, e que,
admitindo a imutabilidade das categorias racionais, impõem à razão
Coleção CLE V.11
Mariy Balcão 269
da razão.
A afirmação da ligação entre consciência intelectual e consciência
moral tem também como fundamento a idéia de unidade espiritual,
impondo, mais uma vez, a concepção de uma razão que permanece
ao longo de um caminho que dura.
Em Brunschvicg, torna-se evidente a idéia de um espírito que, gal-
gando patamares, vai chegando à plena consciência de si. Neste sen-
tido, as transformações da ciência que constituem progresso efetivo,
representam, em última instância, um meio de crescimento espiritual.
Para Bachelard, só existe a razão expressa na ciência. Como o
saber científico está em desenvolvimento constante, pode-se dizer que
a história recorrente aponta uma sucessão de razões diferentes.
Por outro lado, a razão bachelaxdiana é uma razão "encarnada",
é uma razão humana, que emerge na polêmica da "cidade científica"
como resultado de um processo argumentativo e dialógico, cuja obje-
tividade advém do fato de instituir pensamentos que passaram pelo
crivo da argumentação, tornando-se, assim, rigorosos.
A razão bachelardiana é, também, uma razão que pensa através
da fina materialidade do instrumento e que se desenvolve através da
dialética com a experiência.
Neste sentido, as revoluções da ciência são manifestações de uma
razão que aparece fundamentalmente como trabalho.
No final do século XIX a ciência sofreu profundas transformações.
Brunschvicg, fundamentando-se numa filosofia, viu nas mudanças
ocorridas no interior da ciência um caminho pontilhado de etapas,
que leva ao progresso da racionalidade, e fundamentalmente ao apri-
moramento da consciência.
Bachelard, impondo-se como filósofo da ruptura e da desconti-
nuidade, desenvolve seu raciocínio livre de pressupostos éticos ou
filosóficos; só a prática científica o determina. Neste sentido, não
há etapas a vencer, não há metas a alcançar, mas apenas verdades
sempre novas, instantes vividos pela ciência que logo os supera.
Diz Brunschvicg:
Nosso destino é procurar aproximar nosso juízo de suas condições
de inteligibilidade, de maneira que ele possa mais e mais se fundar
sobre si mesmo e encontrar a unidade (1934, p. 243).
Diz Bachelard:
Coleção CLE V.11
Marly Bulcão 271
Bibliografia
. La valeur inductivede la
1929. 256 p.
Marconi Pequeno
4
A respeito da discussão de Habermas com o kantismo, ver GABÁS, 1980.
Coleção CLE V.11
Marconi Pequeno 277
7
Aceica do caráter instrumental/sistêmico da razão, ver ADORNO A
HORKHEIMER, 1969.
Coleção CLE V.11
280 J. Habermas
Lista Bibliográfica
* O Nascimento da Mecânica
Quântica e da Cristalografia
* Evolução da Análise
Dimensional
Coleção CLE V.11
Coleção CLE V.11
19
1. Introdução
Os fundamentos histórico-filosóficos da chamada Física Moderna
têm sido primordialmente referenciados à Filosofia Natural da An-
tigüidade Clássica e à chamada Revolução Científica dos séculos XVI
e XVII1.
1
Para um detalliamento, ver HEISENBERG, 1979; VON WEIZSÃCKER, 1979
e BURTT, 1983,
Os termos "Revolução Científlca5,, "Física Clássica" e "Física Moderna" serão
aqui utilizados em seu significado corrente, abstendo-se portanto o autor de proble-
matizar se, a rigor, não mereceriam reparo por induzirem a incorreções históricas.
No entanto, reconhece-se como no mínimo questionável a denominação "Revolução
Científica" para um amplo movimento que trouxe em seu bojo transformações
radicais não só a nível científico, como também econômico, político, ético e reli-
gioso. Por outro lado, os termos "Clássica" e "Moderna", na História da Física,
são normalmente referenciados a paradigmas que emergem em movimentos que
se caracterizam por uma ruptura, respectivamente, com as concepções de mundo
prevalecentes na Antigüidade Clássica e na Modernidade do Renascimento e do
Barroco. Denominaremos portanto, na forma corrente, como "Física Clássica" ao
paradigma newtoniano, que preferiríamos chamar "Física Moderna" e denomina-,
remos "Física Moderna" ao paradigma quãntico e relativístico, que preferiríamos
chamar "Física Pós-Moderna".
Coleção CLE V.11
288 Planck e o Nascimento da Mecânica Quântica
diação será decisiva: o ano de 1900, no qual Planck publica suas novas
concepções, é hoje considerado a "hora de nascimento" da Mecânica
Quântica.
O estudo dos antecedentes imediatos desta descoberta, que re-
montam a meados do século XIX, podem nos revelar alguns de seus
condicionantes, bem como nos "falar" da postura de Planck enquanto
pesquisador reverente à tradição de seus mestres, que se viu con-
tingenciado a superá-los em seus esforços de busca de explicações
"clássicas" para fatos da experiência.
g{f,T) = a/3e-WT
onde
/ = freqüência de radiação
T = temperatura absoluta
a, 6 são constantes a determinar experimentalmente.
SnkT f 2
Í7(/,T) =
c3
onde
k = constante de Bolzmann
c = velocidade da luz no vácuo.
onde as proposições mais aceitas no final do século XIX podem ser resumidas na
tabela a seguir:
m n
Wien 5 1
Rayleigh 4 0
Thiesen 4,5 1
Lummer, Jahnke 5 0,9
Lummer, Pringsheim 4,0 1,2 ou 1,3
onde C é constante.
Planck reconhece a "aderência" destas duas diferentes proposições
aos dados empíricos, em diferentes faixas de freqüência e tempera-
tura, e vai buscar compatibilizá-las, tendo em vista apresentar uma
"resposta abrangente" na mencionada reunião de 19 de outubro.
Derivando novamente, Planck obtém:
d2S C 1
du2 ~ u2~ u2/c
1943, p. 154). O fato de sei o único físico a optai poi este caminho na pesquisa do
espectro de ladiação do coipo negio significa entretanto para Planck o privilégio
de podei trabalhai o tema em profundidade, sem risco de ser perturbado ou
ultrapassado por ninguém. (Cf. PLANCK, 1988, p. 7).
A descrição do processo dedutivo da fórmula geral para o espectro de radiação
do corpo negro e do valor do "quantum" de energia baseia-se em Planck, 1943, p.
153-9).
Coleção CLE V.11
294 Planck e o Nascimento da Mecânica Quântica
7
Cf, PLANCK, 1958a, p. 689. Neste trabalho, apresentado à Sociedade
Física Alemã (Deutsche Physikalische Geseilschaft) em 19 de outubro de 1900,
Planck expõe pela primeira vez a fórmula para o espectro de radiação do corpo
negro. Entretanto, uma fundamentação teórica ainda não é aqui apresentada.
Cf. PLANCK, 1987, v. 2, p. 202ss., 1900; citado em BRACHNER, HARTL &
HLADKY, 1987, p. 89-90.
Coleção CLE V.11
Roberto Cintra Martins 295
U
- eaSIT_l
ou:
5U,
T)-—
j
~ C3{e1
onde:
h = constante de Planck (sem qualquer atributo de significado
teórico).
Até este momento, a constante h pode ter parecido para Planck
pouco mais que um instrumento auxiliar de cálculo, carente de qual-
quer interpretação teórica. 0 objetivo de conciliar as formulações
clássicas (de Rayleigh-Jeans) e a não-clássica (de Wien) fôra também
já alcançado, pois estas são casos limites da fórmula de Planck para
af « T e af >> T, respectivamente. Já no dia seguinte à apre-
sentação da fórmula, 20 de dezembro, Rubens irá atestar a Planck a
aderência a seus resultados experimentais, o mesmo fazendo Lummer
e Pringsheim8.
Porém, esta ainda não seria a contribuição maior de Planck, pois
é a partir deste ponto que começa para ele a "busca decisiva" de
uma fundamentação teórica para a nova fórmula encontrada. Assim,
em que pese o sucesso desta nova formulação, e sua "aderência" aos
dados experimentais, Planck não considera sua tarefa concluída. Ao
contrário, para ele inicia-se então a "batalha final" para salvaguar-
dar a coerência interna do edifício da Física em face do "fato novo":
sua nova fórmula para o espectro de radiação do corpo negro. A
existência de uma lei geral até então desconhecida e sua suposta vali-
dade em todo tempo e lugar, independente da natureza físico-química
do objeto tratado, bem como o "surgimento" de uma nova constante
universal, requeriam de Planck um último esforço explicativo: por
que o espectro de radiação do corpo negro se comportava da forma
descrita?
Para Planck, a explicação somente poderia vir das grandezas fun-
damentais de sua visão física do mundo: a energia e a entropia.
Planck parte de seu modelo do corpo negro composto de N oscila-
dores elétricos idênticos com autofreqüência /, buscando agora uma
8
Cf. PLANCK, 1943, p. 157.
Coleção CLE V.11
296 Planck e o Nascimento da Mecânica Quántica
5 = A; logW
Utotal =NU = Pe
onde:
e = "quantum" de energia, supostamente muito pequeno
P = número inteiro, supostamente muito grande.
w_(if + p-D<
P<. (N - 1)! '
~ P\N\ '
9
Cf. PLANCK, 1943, p. 157.
Coleção CLE V.11
Roberto Cintra Martins 297
5total = NS = k logW
NS*U^
5 ^ A: f N + iVoff
) 'KN + lV
) ItMT;
N *N
Por comparação com a expressão anterior para S em função de JJ
e /, tem-se:
k = C
e ~ hf .
13
Esta entrevista entre Planck e Hitler encontra-se relatada pelo próprio Planck.
(Cf. PLANCK, 1947, p. 143; citado em HEILBRON, 1988, p. 253).
Coleção CLE V.11
302 Planck e o Nascimento da Mecânica Quântica
Logo depois, Planck vive a derrocada final de seu país, quando sua
casa é bombardeada, sendo ele obrigado, aos 87 anos e sofrendo de
dores intensas na coluna e no nervo ciático, a refugiar-se em cabanas
rústicas afastadas do cenário urbano destruído, acuado entre as tropas
alemãs em, retirada e o avanço da ofensiva aliada.
Planck vive seus últimos anos em Gõttingen. Após a capitulação
da Alemanha, a principal instituição de pesquisa do país, que Planck
dirigira, a "Kaiser-Wilhelm-Gesellschaft" é rebatizada como "Max-
Planck-Gesellschaft", uma vez que seu nome tinha sido aprovado pe-
las potências aliadas para substituir o do Imperador alemão derrotado
na Primeira Guerra Mundial. A "Max-Planck-Gesellschaft" é hoje a
mais importante instituição de pesquisa científica alemã.
A medida que procuramos nos aproximar da figura humana de
Max Planck, nos deparamos com traços de sua personalidade e fatos
de sua vida que desafiam qualquer pretensão de julgamento baseado
em critérios simplistas de avaliação.
Em situações como essas, é no mínimo muito problemático co-
locar questões de certa ordem, não raras no âmbito da perspectiva
histórica dita externalista, como, por exemplo, se Planck (eventual-
mente em contraposição a Einstein) teria sido um físico conservador
ou revolucionário, um colaborador ou um opositor da ditadura na-
zista.
Quanto à primeira questão, o exemplo da descoberta da lei de
radiação, e em especial o significado universal atribuído à contante
h, servem para ilustrar como Planck pôde oferecer uma contribuição
revolucionária à Ciência não por querer ser um revolucionário, o que
teria ido de encontro a seu imperativo de honestidade diante de si
mesmo, mas justamente por ter sido honestamente conservador. Em
outras palavras, por não estar disposto a abrir mão facilmente de
convicções vinculadas ao passado da Ciência e a seus mestres, Planck
sofreu, possivelmente como poucos em seu tempo, o conflito entre
o então estabelecido na Ciência e as novas evidências experimen-
tais. Este seu sofrimento foi a sua forma de intuir e antever as
transformações revolucionárias no modo de pensar da Ciência que
se aproximavam no horizonte epistemológico do Ocidente na virada
do século. Um conflito "desesperador" iria assim incomodar e impul-
sionar ninguém menos que um dos físicos mais conservadores e ho-
Coleção CLE V.11
Roberto Cintra Martins 303
Bibliografia
Mabel de M. Rodrigues
classes foi publicada mais uma vez, em 1867, por Axel Gadolin (1828-
1892) [13].
Bravais é conhecido como o responsável pelo fortalecimento dos
conceitos matemáticos que embasaram a teoria dos arranjos reticula-
res, aos quais ficou ligado de forma inabalável, uma vez que assumi-
ram o seu nome.
Assim, em seu primeiro trabalho, em 1849, Bravais estuda, inici-
almente de um ponto de vista puramente geométrico, a estrutura e
a simetria dos corpos cristalizados considerando cada molécula redu-
zida a seu centro de gravidade, e o cristal a um conjunto de pontos.
Estabelecendo as leis que regulam as relações entre a simetria
da molécula cristalina e aquela do retículo por ela escolhido, Bra-
vais distingue 32 classes de simetria cristalina, repartidas em 7 tipos
de arranjos reticulares que correspondem exatamente aos 7 sistemas
cristalinos de Haüy e de Weiss e aos 32 tipos de poliedros de Hessel.
E afirma que "o fenômeno da clivagem, e aquele da aparição mais ou
menos freqüente de algumas faces, estão intimamente ligados com a
densidade do tecido reticular das faces".
Um pouco mais tarde, em 1850, Bravais passou a estudar os
fenômenos gerais que dependem das moléculas, afirmando que uma
molécula é um sistema de pontos, realmente um poliedro, dotado,
à semelhança do próprio cristal, de planos e eixos de simetria, de
sorte que a uma simetria molecular determinada corresponde uma
estrutura cristalina igualmente determinada [3]. Assim, a simetria
pré-existente no poliedro molecular é a causa da simetria que se ob-
serva no arranjo cristalino correspondente, e isto explica o fenômeno
de "hemiedria", previamente mencionado por Delafosse.
A contribuição fundamental de Bravais à teoria da estrutura cris-
talina consiste na comprovação de que partículas iguais podem ser ar-
ranjadas em 14 tipos de retículos, diferentes em simetria e geometria,
de tal forma que cada partícula é equivalente a qualquer outra através
de uma operação de translaçâo. Assim, todos pontos de um retículo
são lugares geométricos iguais entre si e com vizinhanças iguais. Ele
considerava o meio cristalino como rigorosamente homogêneo, onde
todas as moléculas constituintes deveriam estar orientadas da mesma
maneira. Entretanto, tal teoria não estava de acordo com certos fa-
tos experimentais, como por exemplo, a polarização rotatória, e a
Coleção CLE V.11
316 Estrutura Cristalina no Século XIX
E mais adiante:
Já foi publicado um livro em 1890, escrito por Fedorov, onde consta
a derivação completa de todos os grupos espaciais e sua relação
com a simetria cristalina, terminando por fornecer uma bibliografia
completa [30].
2. Discussão
Bibliografia
Fernando L. Carneiro
tsn—& .
quantity of each kind, while the remaining quantities of each kind are speciíied by
their ratios r', r", ..., etc., to the particular quantity of that kind selected, then:
any equation which describes this relation completely is reducible to the form
^(IIi,n2)...,n<, r', r», ...) = 0
If k is the number of fundamental uiíits xequired in an absolute system for meas-
uring the n kinds of quantity, the number of dimensionless products II is
j = n — F.
4
Aliás Palacios também critica Vaschy ([22], p. viii) sem fundamento, ao afir-
mar que "o teorema em quéstão já teria sido enunciado por Vaschy em 1892, sem
no entanto se referir expressamente a monômios de dimensão nula". Na realidade,
no texto da pg. 25 do artigo de 1892, publicado nos "Annales Télégraphiques"
[28], Vaschy se refere aos parâmetros Ai, A2,...,Xn-p como "funções monomi-
ais" das grandezas ai,«2,..., an, sem especificar que têm dimensões nulas; no
entanto, na página seguinte (p. 26), esclarece que é possível encontrar expoentes
das grandezas fundamentais 01,02,..., ap tais que os valores numéricos de Xi,X2,
..., "sejam independentes dos valores arbitrários das unidades fundamentais". E
o texto de 1896 ([25], p. 13-4), já citado, não deixa qualquer dúvida: refere-se a
"parâmetros que são combinações monòmias" com "dimensões nulas".
Fernando L. Carneiro 333
PVmol=
5 = iüre
Foi este último que deu lugar à polêmica entre Lord Rayleigh e
Riabouchinsky, já descrita.
Coleção CLE V.11
Fernando L. Carneiro 343
5
"Aus Dimensionalbetrachtungen kann man bekanntlich zunàchst algemeine
funktionelle Zusammenhinge zwischen physikalischen Grôssen íinden, wenn man
alie physikalischen Grõssen kennt, welchen in dem betreffenden Zusammenhang
vorkommen".
Coleção CLE V.11
344 A Evolução da Análise Dimensional
Lista Bibliográfica
* Surgimento da Teoria
Eletromagnética
* Termodinâmica
* As Origens da Mecânica
Estatística
Coleção CLE V.11
Coleção CLE V.11
22
A Filosofia da Ciência de
H. Hertz (1857-94)
Paulo Abrantes
1
Há várias convergências entre a filosofia da ciência de Hertz e as de Poincarê
e Duhem. No caso de Duhem, uma influência filosófica direta ê improvável, já que
seus primeiros trabalhos filosóficos datam do período 1892-94. No entanto, não
Coleção CLE V.11
352 A Filosofia, da Ciência de H. Hertz
2. Princípios da Mec&nica
Subdeterminação
Critérios Metodológicos
Para que possamos escolher uma, dentre as várias imagens que
fazemos dos fenômenos, Hertz estabelece um conjunto de critérios:
permissibilidade (Zulaessigkeit) lógica: as imagens não podem
contrariar as "leis do nosso pensamento". Utilizando expressões mais
comuns hoje em dia, diríamos que as imagens não devem ser (logica-
mente) contraditórias;
2^ correção (Richtigkeit): as imagens devem satisfazer à exigência de
conformidade com os fatos (no sentido de que as suas conseqüências
devem ser compatíveis com a experiência);
adequação {Zwegmaessigkeit, appropriatness): devemos dar pre-
ferência à imagem que melhor representa (piciure) as "relações essen-
ciais do objeto". Este terceiro critério relaciona-se com a noção de
"simplicidade", como veremos abaixo.
Hertz distingue, em nossas imagens, o que surge como "necessi-
dade do pensamento, da experiência e da escolha arbitrária" (Ibid.
p. 8). Os três critérios acima respondem por esta composição hete-
rogênea de nossas representações.
Enquanto Hertz considera que, em dado momento histórico, não
há ambigüidade quanto à aplicação do 2- critério (já que sua aplicação
depende exclusivamente do "estado presente de nossa experiência";
1970, p. 3), nem tampouco do primeiro (que depende da "natureza
da nossa mente"), há margem para se ter diferentes "opiniões" quanto
ao critério de "adequação":
Uma imagem pode ser mais adequada (suitaÜe) para um propósito,
outra para outro; somente testando gradualmente várias imagens po-
demos ünalmente ter sucesso em obter a mais apropriada (HERTZ,
1956, p. 3).
Um aspecto distintivo da metodologia de Hertz (se a comparar-
mos, por exemplo, com a defendida por Boltzmann (ver seção 6,
abaixo), é a hierarquia que estabelece entre os três critérios, a "per-
missividade lógica" tendo uma clara precedência sobre os demais:
O conhecimento maduro vê a clareza lógica como de importância
primordial; somente imagens claras logicamente são testadas
Coleção CLE V.11
360 A Filosofia da Ciência de H. Hertz
Relações vazias
Vimos que, para Hertz, a conformidade empírica subdetermina as
nossas imagens ou representações: não podemos eliminar completa-
mente da estrutura das teorias científicas relações que são introduzi-
das arbitrariamente por nós, sem base na experiência.
Algumas dessas relações são elimináveis, por envolverem o que
Coleção CLE V.11
362 A Filosofia da Ciência de H. Hertz
Regras de correspondência
E continua:
Toda teoria que conduz ao mesmo sistema de equações, e portanto
abrange os mesmos fenômenos, eu consideraria como sendo uma
forma ou caso especial da teoria de Maxwell; toda teoria que conduz
a diferentes equações, e portanto a diferentes fenômenos possíveis, é
uma teoria diferente (HERTZ, 1962, p. 21).
S. O papel da hipótese
Contrariamente ao fenomenismo, que se opunha terminantemente
ao uso de hipóteses em ciências - que introduzem em nossas teo-
rias termos relativos a entidades inobserváveis - Hertz defende que
somente por meio de hipóteses podemos submeter os fenômenos à
legalidade.
A 3" "organização dos princípios da mecânica" que propõe, parte
de somente três "concepções" fundamentais - tempo, espaço e massa
- complementadas por uma "hipótese" que introduz corpos em mo-
vimento, inacessíveis aos nossos sentidos.
Esta hipótese responde pela insuficiência, para Hertz, de se consi-
derar exclusivamente o que é "diretamente observado", se pretende-
mos "compreender os movimentos dos corpos", e submetê-los a uma
legalidade universal:
Nós nos convencemos de que a multiplicidade do universo real deve
ser maior do que a multiplicidade do universo que nos é diretamente
revelado através dos sentidos. Se nós desejarmos obter uma imagem
do universo que seja bem acabada, completa, e conforme à lei, nós
temos que pressupor, por trás das coisas que nós vemos, outras coisas
invisíveis - imaginar vínculos escondidos, além dos limites de nossos
sentidos (HERTZ, 1956, p. 25).
Nesta passagem, a posição de Hertz aproxima-se bastante do re-
Coleção CLE V.11
366 A Filosofia, da Ciência de H. Hertz
^Maxwell, em seu utigo de 1855 ("Ou Faraday's lines of force"), adota uma
estratégia semelhante ao defender o "método de analogia", em lugar do "método
de hipóteses" (associado aos físicos laplacianos), ou do "método fenomenológico"
Coleção CLE V.11
Paulo A brantes 367
4- Explicação
Embora a previsão seja considerada por Hertz a finalidade básica
da construção teórica, ele utiliza freqüentemente o termo "explicação"
na exposição que faz de diversas representações dos fenômenos físicos.
Assim, Hertz ressalta que na segunda "imagem de processos
mecânicos" (o energetismo) deixa-se de lado o tipo básico de "ex-
plicação" adotada pela imagem anterior (newtoniana) - envolvendo
a redução dos fenômenos a ações-à-distãncia entre átomos de matéria.
0 energetismo substitui tal hipótese por um "modo de pensamento"
que se inspira no recém-descoberto princípio de conservação da ener-
gia: os fenômenos são explicados com base nas transformações de
energia envolvidas. Por sua vez, a mecânica de Hertz adota a ação
contínua (de massas insensíveis) como tipo básico de explicação.
(que ele associa a Fourier). As discussões metodológicas de Maxwell, espalhadas
em seus diversos artigos científicos, são, a nosso ver, uma referência central para os
diversos físicos-iilósofos da 2* metade do século XIX, incluindo Hertz e Boltzmann,
mas também Poincaré e Duhem (ver Abrantes, 1988). Elkana (1974, p. 261)
considera que Maxwell foi um precursor da concepção de teoria como Bild, em
oposição a uma concepção realista (representada pelos atomistas).
Coleção CLE V.11
368 A Filosofia, da Ciência de H. Hertz
5. Metafísica
A principal crítica de Hertz à representação energetista da
mecânica introduz novos elementos na delimitação do fronteira en-
tre física e metafísica.
Segundo Hertz, há um pressuposto metafísico subentendido pelo
princípio de Hamilton (que constitui a lei fundamental desta imagem
da mecânica): a teleologia dos processos naturais.
Coleção CLE V.11
Paulo Abraníes 369
7. Teoria e Experiência
8. Mecanismo
Afirmamos acima que as posições metodológicas de Hertz não
podem ser classificadas como antirealistas (instrumentalistas ou fe-
nomenistas), embora algumas de suas teses, tomadas isoladamente,
tenham este caráter. Acreditamos que o mecanismo de Hertz, eviden-
ciado pelo seu comprometimento com o programa do éter, denuncia
traços (moderadamente) realistas èm sua filosofia da ciência.
Em PM, o vemos inicialmente defender, de forma cautelosa, o
mecanismo enquanto diretriz metodológica, associado ao critério de
simplicidade:
... as idéias fundamentais da mecânica, juntamente com os
princípios que as conectam, representam a imagem mais simples que
a física pode produzir das coisas do mundo sensível e dos processos
ocorrendo nele (HERTZ, 1956, p. 4).
Lista Bibliográfica
1. Introdução
Na avaliação histórica do princípio ou lei de conservação da ener-
gia, o trabalho de Helmholtz de 1847 ("Sobre a Conservação da
Força") é visto pela maioria dos autores como um dos que apre-
sentaram este princípio em uma formulação geral, mostrando a sua
aplicação para os diferentes aspectos da natureza. Um outro autor
(Elkana, 1970b, p. 263) vai mais além, afirmando que Helmholtz
realizou "a primeira formulação matemática do princípio em toda a
sua generalidade". Este é um tópico a se esclarecer.
Acredito que as intenções de Helmholtz foram, de certa forma,
obscurecidas e distorcidas na tentativa de aproximar os seus resulta-
dos dos de outros pioneiros da conservação da energia, como Mayer
e Joule (ver Heimann, 1974a, p. 205). Essa distorção se deve, de
acordo com Heimann (1974a), à idéia de descoberta simultânea, de-
fendida por Thomas Kuhn em seu conhecido artigo de 1959. Essa
questão da simultaneidade da descoberta me parece bastante rele-
vante e deixarei para abordá-la um pouco mais à frente.
Um outro ponto, a meu ver digno de menção, é a pouca ênfase
dada aos erros e limitações contidas na formulação matemática do
Coleção CLE V.11
378 Helmholtz e a Conservação da Energia
M
3. Dados biográficos e antecedentes do Sobre a Conserva-
ção da Força"
6
Cabe-nos salientai, todavia, que a influência fllosófica fundamental recebida
por Helmholtz durante a sua formação universitária, que irá nortear a sua car-
reira científica, foi proveniente do pensamento de Kant e do empirismo inglês.
Essas influências imprimiram em Helmholtz uma atitude extremamente crítica às
especulações metafísicas e mais voltada à consideração rigorosa dos fatos.
Coleção CLE V.11
384 Helmholtz e a Conservação da Energia
considerava a natureza regulada por leis causais, que podiam ser ex-
pressas por forças centrais newtonianas. Para Helmholtz todos os
fenômenos da natureza podiam ser reduzidos a processos mecânicos
que nada mais eram que o movimento de pontos materiais submetidos
às forças centrais de atração e repulsão. Esse é um ponto fundamen-
tal do "Sobre a Conservação da Força", que mais adiante comentarei.
u
4. Comentários ao Sobre a Conservação da Força" (1847)
de Helmholtz
O artigo de Helmholtz consta de uma introdução-e seis partes9.
Minha análise concentrar-se-á na introdução e nas duas primeiras par-
tes, onde estão localizadas as idéias mais fundamentais de Helmholtz
sobre a conservação da energia, ou, conforme a terminologia usada
por ele na época, conservação da força10.
A introdução de Helmholtz é, a meu ver, um verdadeiro programa
geral sobre os objetivos da pesquisa teórica em Física, no qual são
firmados pressupostos acerca dos fundamentos da realidade natural
e das limitações do entendimento, Esses pressupostos são enunciados
em teses de natureza ontológica e epistemológica, que constituem a
9
On the Conservation of Force; a Physical Memoir. By Dr. H. Helmholtz;
(Read bcfore the Physical Society of Berlim on the 23rd of July, 1847. Berlim, G.
Reimeir.)
Contents
Introduction
I. The principie of the Conservation of vis viva,
II. The principie of the Conservation of Force.
III. The application of the principie in Mechanical Theorems.
IV. The Force-equivalent of Heat.
V. The Force-equivalent of the Electric Processes.
VI. The Force-equivalent of Magnetism and Electro-magnetism. (John Tynndall
and W. Francis.): Scientihc Memoirs, Natural Philosophy, Vol. I, Part II, London:
Taylor and Francis, 1853.)
10
Na parte III, que nao analisarei, Helmholtz menciona um conjunto de
aplicações do princípio de conservação da força na mecânica, onde sua aplicação
não era questionada, e o estende à luz e ao calor radiante através de considerações
sobre o movimento ondulatório. Não comentarei a parte IV onde é discutida mais
amplamente a teoria do calor e do trabalho mecânico. Também não farei co-
mentários sobre as partes V e VI nas quais Helmholtz analisa a conservação da
força nos processos elétricos e magnéticos. Esta é uma parte bastante extensa (23
das 49 páginas do artigo) e complexa que exige uma maior pesquisa - desconheço
trabalhos que analisam com detalhes essa parte do artigo de Helmholtz.
Coleção CLE V.11
Osvaldo Melo Souza Filho 391
a que deve se dedicar o físico. Essa tarefa pode ser expressa por meio
de duas afirmações:
1) o objetivo da ciência experimental é buscar leis ou regras gerais
que descrevem os processos particulares da natureza;
2) o objetivo da ciência teórica é procurar descobrir as causas
fundamentais, desconhecidas e invariáveis, dos fenômenos naturais
a partir das ações visíveis. Essas causas fundamentais são forças
invariáveis atrativas e repulsivas, cuja intensidade depende somente
da distância.
O interesse principal de Helmholtz está associado à segunda
afirmação. Por esse motivo, ele estabelece pressupostos metafísicos
para justificar o objetivo da ciência teórica. Esses pressupostos, cons-
tituídos por teses ontológicas e epistemológicas, fundamentam a con-
cepção da natureza de Helmholtz, cujos elementos são coerentes com
a sua interpretação mecanicista do princípio de conservação da força.
Agrupei as teses ontológicas em um conjunto de oito pressupostos
e tis epistemológicas em um conjunto de cinco. Farei uma exposição
bem esquemática delas e depois um breve comentário, procurando
sintetizar as principais idéias contidas nessas teses. As ontológicas
são as seguintes:
T02) causas variáveis são explicadas por novas causas e assim suces-
sivamente até chegar às causas fundamentais11 invariáveis;
P5) "a força que duas massas exercem uma sobre a outra deve ser
resolvida naquelas forças exercidas por todas as suas partículas
entre si; por isso, em mecânica, volta-se às forças exercidas pelos
pontos materiais" (Helmholtz, 1853, p. 117);
Kt + Ut = constante.
d(g2) _ ^ d{f)
dx m ' dy m ' dz m
a
-E / ^ 4>abdrah = E J
- E [|"í
1
9a
JTah
Para Helmholtz (1853, p. 124), essa expressão significa que a
diminuição da "soma de tensões" é sempre igual ao aumento da vis
viva, e, ao contrário, um aumento no primeiro é igual a uma perda
no último; ou ainda, a soma da variação da vis viva com a "soma de
tensões" é sempre constante.
A validade desse resultado apoia-se na condição das forças serem
centrais. Para ele (1853, p. 126), forças que dependem explicitamente
13
<t> (r) é positiva, se a foiça for atiativa e negativa se for repulsiva.
14 ,
' Sum of the tensions" na tradução de Tyndall (HELMHOLTZ, 1853).
Coleção CLE V.11
402 Helmholtz e a Conservação da Energia
Lista Bibliográfica
Borisas Cimbleris
1. Introdução
Em três artigos, publicados sucessivamente em 1902,1903 e 19041
nos Annalen der Physik, Einstein esboça o arcabouço da Física Es-
tatística, preenchendo as lacunas da tradição de Boltzmann-Maxwell
e traçando os contornos da Mecânica Estatística moderna. Gibbs faz
aproximadamente a mesma coisa em seu livro (Gibbs, 1902), que
vem a lume em 1902. Ambos partem da Mecânica Clássica e da
Teoria das Probabilidades. Os resultados, a menos da notação, são
idênticos, mas as abordagens são diferentes. Creio que se trata de
um caso legítimo de descoberta simultânea.
Não me proponho a expor o conteúdo dessas duas obras parale-
las, como tentei fazer numa primeira versão deste trabalho em 1988.
Agora temos, além dos trabalhos de Klein (1982, 1967), a nota edi-
torial de Stachel das obras de Einstein2 (Stachel, 1989, p. 41-55) e o
1
No decurso deste trabalho indicarei estas obras por I, II e III, respectivamente.
2
Remeter-me-ei a esta obra como EP2.
Coleção CLE V.11
406 A Obra Termodinâmica de Einstein
2. Descoberta simultânea
3. Abordagem e estilo
dN = A í...
Jg
Referências Bibliográficas
Pais, A. Subtle is the Lord..,: The Science and the Life of Albert
Einstein. Oxford : Oxford University, 1982.
2. Introdução ao Conexionismo
Sb
E- .> wcsí
Si = intensidade do input
Wi = peso da sinápse
So = intensidade do output
E = input total
cooexâo smáptica
unidades
hidden
umts
conexão sináptica
c3
input
units
unidades de entrada
Bibliografia
Armstrong, D.M. A Materialist Theory of the Mind. New York :
Humanities Press, 1968.
Coleção CLE V.11
Maria Eunice Quilici Gonzales 431
SÉCULO XIX:
O NASCIMENTO DA CIÊNCIACONTEMPORÂNEA
12 a 15 de outubro de 1991
TEMAS
PROGRAMA
SÁBADO, 12/10/91
15:00 - Inscrições
16:00 - Abertura
16:30 - Mesa Redonda - A distinção entre ciência e filosofia no século
XIX
Prof. José Novaes Chiappin (FFLCH/USP)
Prof. Michel Debrun (CLE/TJNICAMP)
Prof. Michel Ghins (coord.) (IFCH/UNICAMP)
Prof. Zeljko Loparic (IFCH/UNICAMP)
18:30 - Encerramento
19:30 - Coquetel
20:30 - Jantar
Coleção CLE V.11
436 yií Colóquio de História da Ciência
DOMINGO, 13/10/91
Frege e a Lógica Moderna
O Nascimento das Lógicas Não-Clássicas
As Geometrias Não-Euclidianas
SESSÃO DE COMUNICAÇÃO I
8:15 - Uma lógica para teorias mecânicas
Edelcio Gonçalves de Souza (FFLCH/USP)
9:00 - Le príncipe de raison suffisante et la logique dans la philosophie
de Schopenhauer
Jean Yves Bézian (Université de Paris 1 - Panthéon - Sorbonne)
9:45 - A construção dos cálculos Cn, de Newton C.A. da Costa
Prof. Elias H. Alves e Giovani da Silva de Queirós (Departa-
mento de Filosofia/UFPb)
SESSÃO DE COMUNICAÇÃO II
8:15 - A metodologia de Claude Bernard (1813-1878) como ante-
cipação da metodologia popperiana
Luiz Henrique A. Dutra (IFCH/UNICAMP)
9:00 - Sobre Lázaro e Sadi Carnot e suas contribuições à termo-
dinâmica
Délcio Basso (Instituto de Física PUC-RS)
9:45 - Planck e o nascimento da mecânica quântica: Sugestões para
estudo de condicionantes históricos recentes
Prof. Cintra Martins (COPPE/UFRJ)
10:30 - Intervalo
10:45 - Mesa Redonda - O nascimento das lógicas não-clássicas
Profa. Andréa Loparic (Coord.) (FFLCH/USP)
Prof. Cláudio Pizzi (Universidade de Siena/Itália)
Profa. ítala M.L. D'Ottaviano (IMECC/UNICAMP)
Prof. Newton C.A. da Costa (FFLCH/USP)
Prof. Walter Carnielli (IMECC/UNICAMP)
12:15 - Almoço
14:00 - A Filosofia da Matemática de Poincaré
Prof. Jairo José da Silva (Depto. de Matemática UNESP-Rio
Claro)
Coleção CLE V.11
Programa 437
SEGUNDA, 14/10/91
Comte e o Positivismo Científico
Ciência e Método em Mach e Duhem
SESSÃO DE COMUNICAÇÃO I
8:15 - As tentativas de Stuart MUI e John Keynes de resolver o pro-
blema da indução de Hume
Prof. Mário A.L. Guerreiro (Depto. de Filosofia/UFRJ)
9:00 - Durkheim e a tradição positivista na Sociologia: uma revisão
Washington L.S. Bonfim (UFPi)
9:45 - O caráter intransparente da filosofia em face da objetividade
científica: Processos e paradigmas segundo a teoria crítica de
J. Habermas
Prof. Marconi Pequeno (Depto. de Filosofia/UFPb)
SESSÃO DE COMUNICAÇÃO II
8:15 - O aparelho de Morin revisitado: um aparato experimental
didático para o estudo da queda dos corpos desde o "The Sci-
ence of Mechanics" de Ernest Mach
Marcos C. Danhoni Neves (Depto. de Física/Univ. Estadual de
Maringá)
Coleção CLE V.11
438 VII Colóquio de História da Ciência
TERÇA, 15/10/91
O Surgimento da Teoria Eletromagnética
Termodinâmica e as Origens da Mecânica Estatística
Ciência e Filosofia de Poincaré
SESSÃO DE COMUNICAÇÃO I
8:15 - Concepções sobre estrutura de cristais
Profa. Mabel de M. Rodrigues (IFQSC/USP-São Carlos)
9:00 - Magnetismo Solar
Profa. Silvia Helena Becker Livi (Depto. Astronomia/UFRS)
9:45 - Helmholtz e a conservação da energia
Oswaldo Melo e Souza Filho (FFLCH/USP)
Coleção CLE V.11
Programa 439
10:30 - Intervalo
10:45 - Debate - O trabalho científico de Hertz e sua filosofia da
ciência
Expositor - Prof. Paulo C.C. Abrantes (Depto. Filosofia/UnB)
Debatedor - Prof. Hdeu de Castro Moreira (Inst. Física/UFEJ)
Coordenador - Osvaldo Pessoa Jr.
12:45 - Almoço
14:00 - A obra termodinâmica de Einstein (1902-1904) e a mecânica
estatística de Gibbs
Prof. Borisas Cimbleris (Escola de Engenharia UFMG)
14:45 - A introdução de idéias probabilísticas na concepção mecânica
da natureza: as contribuições de Clausius e Maxwell
Profa. Penha M. Cardoso Dias (Inst. Física/UFEJ)
15:30 - Duhem e Poincaré: a questão da racionalidade científica
Prof. José Novaes Chiappin (FFLCH/USP)
16:40 - Encerramento
Coleção CLE V.11
Coleção CLE V.11