09 - Reciclagem e Reutilização de Residuos de Materiais
09 - Reciclagem e Reutilização de Residuos de Materiais
09 - Reciclagem e Reutilização de Residuos de Materiais
RECICLAGEM E REUTILIZAÇÃO
DE RESÍDUOS DE MATERIAIS
Bruno Pizol Invernizzi
Reciclagem e reutilização
de resíduos de materiais
1ª edição
Londrina
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
2019
2
© 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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Editorial
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Beatriz Meloni Montefusco
Daniella Fernandes Haruze Manta
Hâmila Samai Franco dos Santos
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
ISBN 978-85-522-1647-6
2019
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
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3
RECICLAGEM E REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE MATERIAIS
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina 5
4
Apresentação da disciplina
5
Química verde e o meio ambiente
Autor: Bruno Pizol Invernizzi
Objetivos
6
1. O meio ambiente
Além das 4 esferas, Manahan (2005) sugere uma quinta esfera, que seria
a antroposfera, que é constituída pelas ações do homem, tais como as
cidades, os pesticidas, a poluição, as represas, as estradas, entre todas
as outras modificações que o ser humano gera no meio-ambiente, seja
para o seu conforto ou para a sua sobrevivência.
7
Figura 1 – Ilustração das cinco esferas do meio-ambiente
2. Química verde
8
na água, no solo, no ar, e o meio ambiente e os efeitos da tecnologia
sobre este” (MANAHAN1, 2004, apud MANAHAN, 2005, p. 5). Portanto,
a química ambiental estuda todos os processos químicos que ocorrem
na natureza, independentemente se esses processos são resultantes da
ação do homem ou não. Um exemplo desses processos químicos e das
suas interações é apresentado pela Figura 2.
1
Manahan, Stanley E., Environmental Chemistry, 8th ed., CRC Press/Lewis Publishers, Boca Raton, FL, 2004.
9
O conceito de química verde, por sua vez, pode ser definido como
“a prática da ciência química e da manufatura de modo que esses
sejam sustentáveis, seguros e não-poluentes, e que consumam o
mínimo de materiais e energia enquanto produzem pouco ou nenhum
desperdício de materiais” (MANAHAN, 2005, p. 10). Portanto, a
química verde se restringe ao uso do meio ambiente por parte do ser
humano, onde este engloba o setor produtivo, no sentido de reduzir
não somente os subprodutos tóxicos, mas também o consumo de
materiais e energia tendo seu foco na redução de desperdícios.
10
10
presentes nos 12 princípios da química verde (a ser explicado no
próximo item), sem contar as questões ambientais, onde não somente
a sociedade tem o seu ganho, mas também a empresa, pois esta deixa
de sofrer com possíveis multas decorrentes de desastres ambientais,
por exemplo, além do fato de ter um impacto positivo sobre a visão
dos consumidores, os quais estão cada vez mais preocupados com
questões ambientais.
2
International Organization for Standardization (Organização Internacional de Normalização).
11
2.1 Os doze princípios da química verde
Com o intuito de guiar os profissionais do setor químico no desenvolvimento
de produtos e processos que atendam aos preceitos da química verde,
Anastas e Warner3 (1998 apud CHANSHETTI, 2014, p. 112) desenvolveram o
que ficou conhecido como os doze princípios da química verde.
ASSIMILE
Efluente é um adjetivo do verbo efluir, que significa
emanar. Portanto, efluente pode ser definido como
um dado material (independentemente do seu estado
físico, sólido, líquido ou gasoso) que emana de um
determinado processo, ou seja, que advém de um
dado processo. Perceba que este não leva em conta
a questão de poluição, sendo assim, uma água que
foi utilizada por uma indústria e previamente tratada
para ser despejada em um rio é denominada também
por efluente, neste caso podemos notar que ela foi
tratada e se encontra dentro dos padrões de qualidade
pré-estabelecidos, mas mesmo assim é chamada de
efluente, pois emanou de um determinado processo.
12
12
3. Síntese de produtos menos perigosos: deve-se evitar o uso e a
produção de substâncias tóxicas sempre que possível.
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10. Desenho para a degradação: o projeto deve prever que os
produtos após a sua utilização se fragmentam em produtos de
degradação inócuos.
14
14
Como exemplo, podemos citar o alumínio, que inicialmente é extraído
na forma do mineral bauxita. A bauxita é constituída em grande
parte pela alumina, que é um óxido de alumínio, devendo esta ser
processada para obtenção do metal desejado. O alumínio obtido a
partir da bauxita é processado, resultando em um dado produto, por
exemplo, uma latinha de refrigerante. Essa latinha de refrigerante
será enviada para uma empresa, que irá injetar o refrigerante dentro
dela e posteriormente lacrá-la. O refrigente contido no interior dessa
latinha será consumido e a latinha será posteriormente descartada
no lixo. O lixo será recolhido e a latinha de alumínio será separada
dos demais materiais por catadores e recicladores, para que
posteriormente seja fundida juntamente com outras latinhas. Como
resultado desse processo, teremos novas latinhas, portanto ocorreu
uma reciclagem do alumínio.
4
PAOLIELLO, J. M. M. Aspectos ambientais e potencial energético no aproveitamento de resíduos da indústria
sucroalcooleira. 2006. 180f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Engenha-
ria, Bauru, 2006.
15
Figura 3 – Ciclo de vida da cana-de-açúcar
a) Plantação (canavial); b) Industrialização;
c) Bagaço da cana-de-açúcar (resíduos).
16
16
para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor
tecnologia disponível. (ABNT NBR 10004:2004, item 3.1, p.1)
Os resíduos sólidos não podem ser confundidos com rejeito, uma vez
que o rejeito é um resíduo sólido que já não pode mais ser reutilizado
ou reciclado, seja por razões técnicas ou econômicas, ou seja pelo
fato de não existir uma tecnologia capaz de permitir, por exemplo,
a reciclagem desse resíduo, ou pelo fato de essa tecnologia existir,
porém ser muito cara. Contudo, o destino do rejeito é a disposição
final ecologicamente adequada para o tipo de resíduo, como, por
exemplo, os aterros sanitários.
17
Conforme dados citados por Hails et al. (2008), o consumo dos recursos
naturais pelos seres humanos, no ano de 2008, excedia em 30% a
capacidade de regeneração do mundo, deste modo o relatório conclui
que se a humanidade continuar neste ritmo até meados de 2030 serão
necessários 2 mundos para suprir as suas necessidades. Nesse ponto,
o relatório menciona somente as questões de consumo, não levando
em consideração a geração de resíduos, o que acentuaria ainda mais a
degradação do planeta.
4. Importância dos 3R
5
CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem)
18
18
desperdício. Dessa forma, tem-se uma redução nos custos envolvidos no
gerenciamento e no tratamento de resíduos. Como exemplos podemos
citar a utilização de embalagens comestíveis, no lugar das tradicionais
embalagens plásticas ou de papel, e a redução de matéria prima
utilizada em algumas embalagens PET (politereftalato de etileno), onde
são adotadas espessuras menores, reduzindo assim o uso de recursos
naturais e a quantidade de resíduos gerados em peso, já que o volume
ocupado continua sendo praticamente o mesmo.
19
como vimos ao longo deste tema, todos os materiais resultam em
algum tipo de resíduo, que por vezes pode ser reutilizado pelo ser
humano na forma como este se encontra. Caso a sua reutilização
não seja possível, este pode ser reciclado. Apesar de a reutilização
e a reciclagem serem ambientalmente corretas, o ideal é reduzir o
consumo, de modo a preservar ao máximo o nosso meio ambiente,
uma vez que a reciclagem, por exemplo, resulta em um novo processo
de industrialização, necessitando de utilização de energia elétrica e
insumos. Apesar de ser ecologicamente melhor do que um destino em
aterros, ainda assim gera consumo de recursos naturais.
TEORIA EM PRÁTICA
Você atua para uma empresa que produz peças em aço
estampado. Como engenheiro de produto, você deve
definir qual destino será dado para os resíduos sólidos
gerados em cada processo. A empresa está planejando a
produção de um novo produto: uma arruela, com diâmetro
externo de 25 mm e diâmetro interno de 15 mm. Para este
processo, utiliza-se como material de partida um disco com
25 mm de diâmetro, que tem o seu interior puncionado
para remoção de um disco menor com 15 mm. Portanto,
como resultado temos o produto, que é a arruela, e um
subproduto, que é o disco com diâmetro de 15 mm.
Utilizando a visão dos 3Rs, quais propostas podem ser
feitas visando à redução da degradação do meio-ambiente?
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. Analise a definição de resíduos sólidos apresentada pela
Lei Federal nº12.305, 2 de agosto de 2010:
20
20
Resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem
descartado resultante de atividades humanas em sociedade,
a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se
está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido,
bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para
isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face
da melhor tecnologia disponível. (Lei Federal nº12.305, 2 de
agosto de 2010, item XVI art. 3)
21
Já na fase C temos como resultado do processo, além do
produto, a obtenção do bagaço da cana-de-açúcar.
a. Reduzir/Reusar/Reciclar.
b. Reciclar/Reusar/Reduzir.
c. Reduzir/Reciclar/Reusar.
d. Reciclar/Reduzir/Reusar.
e. Reusar/Reduzir/Reciclar.
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22
22
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23
Gabarito
Questão 1 – Resposta: D
Resolução: Tanto a queima de combustíveis, para geração de
energia elétrica, quanto pela indústria, para produção de bens
de consumo, tem-se como resultado o tratamento dos gases
emitidos através da remoção de resíduos sólidos dos gases.
Para os alimentos, podemos citar os embutidos, os quais vêm
embalados em plástico, onde este plástico será removido e
descartado pelo consumidor, sendo um resíduo sólido. Na linha
de produção automotiva são gerados resíduos sólidos em diversas
fases de industrialização, como, por exemplo, as sobras de material
durante o processo de estampagem. Por fim, a produção de
energia por meio de usinas eólicas e hidrelétricas não resultam em
subprodutos, uma vez que esses utilizam ar e água para cumprir
com sua função.
Questão 2 – Resposta: B
Resolução: Resíduos sólidos são resíduos nos estados sólido e
semissólido, que resultam de atividades de origem industrial,
doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.
Como o “bagaço da cana-de-açúcar” se encontra no estado sólido
e é resultado da atividade industrial, este se encontra dentro da
classificação de resíduo sólido, não podendo ser rejeito, já que na
atualidade este item vem sendo empregado, por exemplo, para a
produção de energia elétrica.
Questão 3 – Resposta: A
Resolução: A ordem correta para aplicação dos 3R é reduzir/
reusar/reciclar.
24
24
Tipos de resíduos e classificação
dos resíduos, legislação e
destinação final
Autor: Bruno Pizol Invernizzi
Objetivos
25
1. Os resíduos sólidos
A correta definição desse termo, para que este seja aplicável à legislação
brasileira é dada pela Lei nº 12.305 que institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS).
Resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado
resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se
procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados
sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos
cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública
de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. (Lei
Federal nº 12.305, 2010, art. XVI)
26
26
de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos
e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos
cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública
de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.
Devemos nos lembrar que efluente é tudo aquilo que sai de um dado
processo, portanto esse pode estar em qualquer estado físico, seja
sólido, líquido ou gasoso, muito embora tenhamos o costume de
utilizar esse termo para discriminar os líquidos que saem de um dado
processo e que devem receber um tratamento de efluente anterior ao
seu despejo na rede pública. Devemos desmistificar essa ideia, pois
esse efluente líquido pode não ser tratado antes de ser lançado na rede
pública e, mesmo assim, a empresa não cometerá nenhum crime, uma
vez que o efluente gerado por ela atende às normas vigentes para tal,
27
não se tratando de um resíduo sólido. Um exemplo é a água utilizada
nos sanitários que são lançadas diretamente na rede pública de coleta,
porém essa não pode ser lançada em corpos d’água.
ASSIMILE
Créditos de carbono são certificados emitidos quando
ocorre uma redução, comprovada, na emissão de gases do
efeito estufa. Tais certificados possuem valor monetário
atribuído, que podem ser comercializados entre países,
28
28
possibilitando ao país comprador a maior emissão de
gases, sem que este seja penalizado. Tal crédito foi criado
para permitir que países desenvolvidos, que dependam de
grandes emissões de carbono, possam continuar a fazê-
la sem ferir o acordo estabelecido no Protocolo de Kyoto,
que estabelece uma meta de 5,2% de redução na emissão
de gases de efeito estufa pelos países desenvolvidos.
Quando um país adiquire os créditos de carbono, pode
ficar abaixo da meta, porém levando em consideração a
quantidade de créditos adiquiridos.
Além das definições de resíduos sólidos dadas pela norma e pela lei,
existe a definição de rejeito, que é de extrema importância, pois pode
resultar em confusão com o termo resíduo sólido.
Rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades
de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e
economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a
disposição final ambientalmente adequada. (Lei Federal nº 12.305, 2010, art. XV)
29
Portanto, para efeitos de engenharia, pensando em um processo de
produção, podemos dizer que qualquer subproduto é um resíduo sólido,
porém a este ainda é possível a aplicação do 3R, onde esse resíduo
sólido gerado pode ser reutilizado ou reciclado dentro da própria
empresa ou fornecido para que uma outra empresa possa utilizá-lo
como matéria-prima para um novo produto. Caso nenhuma dessas
atitudes por parte da empresa seja possível, por inviabilidade econômica
ou técnica, então teremos o chamado rejeito.
30
30
alguma forma à cadeia produtiva. A disposição final ambientalmente
correta é dada somente para rejeitos, uma vez que se assume que estes
não podem mais ser processados de forma alguma, devendo então ser
dispostos de modo que resultem no mínimo impacto ambiental possível.
31
• Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico são
aqueles gerados por essas atividades, porém não se deve
considerar para tal aqueles que são classificados como sendo
resíduos sólidos urbanos.
32
32
Resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade,
carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam
significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo
com lei, regulamento ou norma técnica. (BRASIL, 2010)
33
aplicáveis, onde seja possível constatar questões como reações violentas
com a água, podendo inclusive resultar em explosões, ou ainda se essa
reação resultar na produção de gases, vapores ou fumos tóxicos, que
possam vir a agredir a saúde humana ou o meio ambiente. Existem
outras situações para teste que não envolvem água, mas onde seja
constatado um comportamento explosivo. Caso o material atenda a um
ou mais desses requisitos, esse será considerado reativo (ABNT, 2004a).
34
34
resíduos não perigosos, para que esses possam ser classificados como
inertes ou não inertes.
35
3. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)
36
36
de um sub-sistema formado por pessoas, processos, informações e
documentos, e um outro composto por equipamentos e seus meios de
comunicação. (MMA, [201-])
O ciclo de vida do produto que tem por objetivo mapear todas as etapas
que envolvem o desenvolvimento do produto, desde a obtenção da
matéria prima até a disposição final, também é incentivado pela PNRS.
Por fim, o capítulo IV presente na lei nº12.305 (BRASIL, 2010) trata, nos
artigos de 37 a 41, dos resíduos perigosos, onde é descrita, por exemplo,
a necessidade de autorização ou licenciamento de empreendimentos
que gerem ou operem resíduos perigosos, devendo esses serem
avaliados por autoridades competentes, além da necessidade da criação
de um plano de gerenciamento de resíduos perigosos.
37
• Resolução CONAMA nº 481 (BRASIL, 2017), que estabelece
critérios e procedimentos para garantir o controle e a qualidade
ambiental do processo de compostagem de resíduos orgânicos,
e dá outras providencias.
38
38
TEORIA EM PRÁTICA
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
39
b. Efluentes sólidos, líquidos ou gasosos que não podem
ser lançados diretamente na rede pública de esgoto,
sem passar por um tratamento prévio
a. CONAMA.
b. SISEMA.
c. SINISA.
d. SINIR.
e. SINIMA.
40
40
a. Os resíduos perigosos são divididos em inerte e
não-inerte.
41
Referências bibliográficas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. NBR 10004: resíduos
sólidos – classificação. 2. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. 71 p.
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Publicado no D.O.U., de 30 agosto 2006.
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critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de aterro sanitário de
pequeno porte de resíduos sólidos urbanos. Publicado no D.O.U. nº 220, de 12
novembro 2008.
BRASIL. Resolução CONAMA n° 450, de 6 de março de 2012. Altera os arts. 9º, 16, 19,
20, 21 e 22, e acrescenta o art. 24-A à Resolução nº 362, de 23 de junho de 2005, do
Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, que dispõe sobre recolhimento,
coleta e destinação final de óleo lubrificante usado ou contaminado. Publicado no
D.O.U., de 7 março 2012.
BRASIL. Resolução CONAMA n°481, de 3 de outubro de 2017. Estabelece critérios
e procedimentos para garantir o controle e a qualidade ambiental do processo
de compostagem de resíduos orgânicos, e dá outras providências. Publicado no
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42
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PUPIN, Patrícia Lopes Freire; BORGES, Ana Claudia Giannini. Acertos e
Contradições na Interpretação da Lei 12.305/10 nos Planos Municipais de Gestão
Integrada de Resíduos Sólidos da Microrregião de Jaboticabal/SP. Revista
Nacional de Gerenciamento de Cidades, [s.l.], v. 3, n. 15, p.158-175, 1 set.
2015. ANAP - Associacao Amigos de Natureza de Alta Paulista. http://dx.doi.
org/10.17271/231884723152015.
Gabarito
Questão 1 – Resposta: A
Resolução: Todo rejeito é um resíduo sólido que não pode ser
recuperado para retornar ao processo por meios que sejam
economicamente ou tecnicamnente viáveis, devendo esses serem
encaminhados para a disposição final ambientalmente adequada,
portanto a alternativa (a) é a correta. As alternativas (b) (c) e (d) se
enquadram na definição de resíduos sólidos, e não na definição de
rejeito. A alternativa (e) é a correta definição de resíduos perigosos,
que não necessariamente são rejeitos.
Questão 2 – Resposta: D
Resolução: O termo cuja definição dada se aplica é o Sistema
Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos
(Sinir). CONAMA é a sigla para Conselho Nacional do Meio
Ambiente, não se tratando de um sistema, conforme indicado pela
definição. SISEMA é o sistema estadual do meio ambiente, aplicável
para Minas Gerais. SINISA é o sistema nacional de informações em
saneamento básico. SINIMA é o sistema nacional de informação
sobre o meio ambiente
43
Questão 3 – Resposta: B
Resolução: Os resíduos não-perigosos são divididos em inerte
e não-inerte, enquanto os resíduos classificados como sendo
perigosos não possuem subdivisão, portanto a alternativa (a)
está errada. Caso os materiais constem no anexo A ou no anexo
B, esse será considerado perigoso, portanto a alternativa (c) está
errada. A análise para classificação dos resíduos sólidos deve ser
iniciada pela periculosidade, e não pela inercia química, portanto, a
alternativa (d) está errada. Os materiais inflamáveis são perigosos,
portanto pertencem à classe I, contudo a alternativa (e) está errada.
44
44
Normas da série ISO 14001
Autor: Bruno Pizol Invernizzi
Objetivos
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1. ISO, ABNT e suas normas
Imagine que durante a colocação do estepe você perdeu uma das porcas
que prende o pneu do seu carro à roda. Como você procederia para
comprar uma nova porca?
A resposta é muito simples, basta você ir até uma loja e dizer qual a
serventia da porca, qual é o modelo e ano do seu carro. De uma forma
muito simples, é possível levantar a especificação dessas porcas em uma
loja especializada em peças para automóveis ou até mesmo pela internet.
46
46
globais. Então, pensando dessa forma, a engenharia não apresenta
diferenças ao redor do mundo?
Não é bem assim, uma vez que existem normas específicas de cada
país que podem não estar alinhadas com as normas da ISO, uma vez
que cada país possui interesses próprios. Um exemplo típico seria olhar
para as normas dos EUA, as quais utilizam basicamente o sistema de
medição em polegadas (sistema inglês), enquanto a norma ISO utiliza
o sistema métrico, que possui medidas com base em milímetros.
Portanto, temos um impasse neste ponto, o que pode resultar em
problemas de ordem prática.
47
Comitês Brasileiros (ABNT/CB), os Organismos de Normalização Setorial
(ABNT/ONS) e as Comissões de Estudos Especiais (ABNT/CEE).
O mesmo processo pode ser seguido para a ISO, onde caso um dado
país queira, este pode sugerir a criação de uma norma internacional,
tendo por base uma norma criada pela sua entidade normalizadora.
48
48
PARA SABER MAIS
Como vimos, a entidade normalizadora no Brasil é a
ABNT, mas e em outros países, quais entidades são
responsáveis pela normalização? Nos EUA, por exemplo,
a ASTM (American Society for Testing and Materials), a
ASME (American Society of Mechanical Engineers) e a
SAE (Society of Automotive Engineers) são algumas das
entidades responsáveis pela normalização, onde cada
uma é responsável por um dado segmento. Na França, a
entidade normalizadora é a AFNOR (Association Françoise de
Normalisation), na Alemanha é a DIN (Deutsches Institut für
Normung), no Japão é a JIS (Japonese Industrial Standards) e
na Inglaterra é a BSI (British Standards Institution).
ASSIMILE
Devemos ter cuidado com a nomenclatura das normas
NBR (Normas Brasileiras), uma vez que existem as normas
brasileiras, produzidas com numeração de forma seriada
pela ABNT, as quais tratam de temas relevantes às
instituições brasileiras, porém também existe as normas
ABNT que são baseadas em normas ISO, que seguem uma
49
numeração internacional. Como exemplo, podemos citar
a norma ABNT NBR 14006, que é aplicável para móveis
escolares, não sendo pertencente à mesma série da norma
ABNT NBR ISO 14001. Porém, existe a norma ABNT
NBR ISO 14006 que trata de diretrizes para incorporar
o ecodesign, sendo uma norma do sistema de gestão
ambiental. Portanto, deve-se cuidar em relação à presença
da nomenclatura ISO nas normas ABNT baseadas em
normas ISO, pois a numeração dessas pode ser a mesma,
porém tratando de assuntos distintos.
50
50
• A empresa deve ser capaz de alcançar benefícios financeiros e
operacionais que resultem na sustentabilidade dos seus processos.
51
A norma ABNT NBR ISO 14001:2015 é uma norma facultativa, não
sendo obrigatória. Porém, conforme descrito em seu escopo, essa pode
ser implementada por empresas que buscam um aumento real de
desempenho ambiental, o qual resultará em ganhos, por exemplo, por
meio da redução de desperdícios e do aumento do desempenho dos
materiais e processos aplicados. Além disso, uma empresa que possui
um sistema de gestão ambiental eficaz terá mais dados para comprovar
as partes interessadas, tais como o cliente e os órgãos governamentais,
o atendimento a requisitos legais. Pelo escopo da norma, esta é aplicável
a todo e qualquer tipo de empresa, sendo governamental ou não, com
ou sem fins lucrativos e independente do seu porte.
Contudo, como existem critérios que podem ser definidos pela empresa,
esses podem a qualquer momento deixar de ser relevantes por algum
motivo, podendo ser redefinidos ou até mesmo removidos do escopo da
empresa, caso essa julgue desnecessário. Logicamente que os critérios
legais devem ser mantidos, devendo esses serem atendidos à risca,
onde, por motivos internos, a empresa pode optar por restringir ainda
mais esses critérios, deixando-os mais apertados, porém não pode em
hipótese alguma alargar esses critérios além das faixas presentes na
legislação pertinente.
52
52
oportunidades que essas adversidades nos trazem, tendo uma visão
mais holística, buscando a previsão e mitigação de riscos.
53
todas as funções da alta direção em relação aos assuntos pertinentes
à alta direção para um funcionário em específico, que antes era
denominado por Representante da Direção (RD). Porém, a norma
permite que sejam delegadas funções como o acompanhamento
do desempenho e a liderança em relação aos assuntos pertinentes
à norma. Em versões anteriores, o RD isentava por completo a
responsabilidade da direção, que não precisava ter conhecimento
sobre o desempenho do sistema de gestão ambiental. Na revisão
de 2015, a norma permite que seja delegado o acompanhamento,
porém os resultados devem ser relatados à alta direção, que deve
acompanhar o desempenho do sistema de gestão ambiental.
Para auxiliar a alta direção nas suas funções, esta pode atribuir
autoridade, por exemplo, aos gestores de área, para que esses
possam assegurar o atendimento aos requisitos normativos, bem
como relatar o desempenho deste para a alta direção, porém essa
delegação não pode extrair da alta direção a responsabilidade pelo
sistema de gestão ambiental.
54
54
com a política de gestão ambiental e os seus objetivos, de modo a
buscar a melhoria contínua aplicável para a mitigação desses riscos e
oportunidades identificados.
A norma ABNT NBR ISO 14001 cita que a empresa deve conhecer
os requisitos legais, bem como outros requisitos que possam estar
envolvidos com a suas atividades, bem como os seus impactos sobre
a organização, levando esses em consideração durante as fases de
estabelecimento, implantação, manutenção e melhoria contínua do
sistema de gestão ambiental.
55
norma exige que as pessoas envolvidas sejam devidamente treinadas,
exercendo a sua função de forma competente e aplicando a sua
experiência e vivência na solução de problemas. A organização deve
conscientizar os colaboradores em relação aos impactos da sua função,
e também das atividades da organização, sobre o meio ambiente, bem
como mantê-los informados sobre a política ambiental da empresa e
os benefícios envolvidos na correta aplicação dos seus conceitos, bem
como a contribuição que cada colaborador traz para a eficácia das
ações tomadas pela organização.
56
56
• Quais são as pessoas que devem ser comunicadas.
57
A análise de riscos ambientais também se faz necessária, uma vez que
a organização deve apresentar respostas de emergência aplicáveis para
cada risco potencial previsto e para possíveis riscos não previstos, de
forma a mitigar todos esses riscos e seus impactos.
O último item presente na norma ABNT NBR ISO 14001 trata das ações
de melhoria, as quais podem ser divididas em ações corretivas e ações
de melhoria contínua, onde a primeira se refere às ações decorrentes
de não conformidades detectadas, enquanto a segunda se refere às
ações tomadas após a identificação de oportunidades de melhoria.
Ambas devem ser tratadas como sendo informação documentada para
possibilitar a análise do aprendizado por parte da organização.
58
58
Esta condição é aplicável a qualquer tipo de auditoria, seja esta de
primeira, segunda ou terceira parte.
A norma ABNT NBR ISO 19011 não estabelece qualquer requisito, sendo
seu escopo baseado no fornecimento de orientações para a execução da
auditoria em sistemas de gestão. Também são dadas orientações sobre
a competência dos envolvidos no processo de auditoria, incluindo os
auditores, o gestor do programa de auditoria e a equipe de auditoria.
59
como uma situação forçada. Por isso, a independência é de extrema
importância para que o julgamento não seja a favor ou contra a parte
auditada. Durante uma auditoria interna, um profissional não pode auditar
o seu próprio setor, pois existe um claro conflito de interesse neste caso.
60
60
ser realizado sempre que houver a necessidade de ações corretivas, as
quais se fazem necessárias quando existirem não conformidades no
sistema de gestão.
1
MORAES, C. S. B; PUGLIESI, E.; QUEIROZ, O. T. M. M. Gestão e certificação ambiental nas organizações e as
normas da série 14000. In: MORAES, Clauciana S. B.; PUGLIESI, Érica. Auditoria e Certificação Ambiental.
Curitiba: Editora Intersaberes, 2014.
61
Além dessas normas, muitas organizações utilizam o sistema de
gestão integrado (SGI), o qual é constituído, em geral, por esta e pelas
normas ABNT NBR ISO 9001 e ABNT NBR ISO 45001, as quais tratam de
sistemas de gestão da qualidade e de segurança e saúde no trabalho,
respectivamente. O SGI pode ser constituído por outras normas além
dessas, ou até mesmo em substituição a essas, dependendo do ramo de
atuação da organização e das pretensões desta em relação ao seu SGI.
TEORIA EM PRÁTICA
Durante uma reunião com a alta direção, você, como
gestor da área industrial, apresentou dados alarmantes
para a alta direção, onde constatou-se que a empresa deve
fazer investimentos pesados para melhoria do controle
de emissões de poluentes, os quais se encontram acima
do requerido na Resolução CONAMA nº382/2006, que
estabelece os limites máximos de emissão de poluentes
atmosféricos para fontes fixas. Um dos diretores deu a ideia
de encerrar o processo de monitoramento dessa fonte,
pois a empresa já se apoia na norma ABNT NBR ISO 14001,
como esse requisito não pertence especificamente a essa
norma, logo não precisa ser seguido. Você, como gerente
de área e um dos responsáveis pelo acompanhamento
das ações pertinentes ao sistema de gestão ambiental,
deve explicar ao diretor o porquê o pensamento dele está
errado. Quais argumentos você utilizaria?
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. “A BNT NBR ISO 14001 foi elaborada no Comitê Brasileiro
de Gestão Ambiental (ABNT/CB-038) pela Comissão de
Estudo de Sistema de Gestão Ambiental (CE-038.001.001).
62
62
Esta norma é uma adoção idêntica em conteúdo técnico,
estrutura e redação à ISO 14001:2015, que foi elaborada
pelo Technical Committee Environmental Management (ISO/
TC 207), Subcommittee Enviromental Management Systems
(SC 1), conforme ISO/IEC Guide 21-1:2015.
63
a. A empresa deve possuir meios de prevenir ou mitigar
os impactos na qualidade do produto.
64
64
d. A auditoria de segunda parte é aquela executada pelo
órgão certificador.
Referências bibliográficas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. NBR 14001: Sistemas de
gestão ambiental: Requisitos com orientações para uso. 3. ed. Rio de Janeiro: ABNT,
2015. 41 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS ABNT. NBR 19011: Diretrizes para
auditoria de sistemas de gestão. 3. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2018. 53 p.
BRASIL. Lei nº 4150, de 21 de novembro de 1962. Institui O Regime Obrigatório de
Preparo e Observância das Normas Técnicas nos Contratos de Obras e Compras do
Serviço Público de Execução Direta, Concedida, Autárquica ou de Economia Mista,
Através da Associação Brasileira de Normas Técnicas e dá Outras Providências.
Brasília, DF, 21 nov. 1962.
ISO. ABOUT US. 2019. Disponível em: https://www.iso.org/about-us.html. Acesso em:
20 ago. 2019.
KREEPS, Gary L. La comunicación en las organizaciones. 2.. ed. Buenos Aires:
AddisonWesley Iberoamericana, 1995.
MMA. Ministério do Meio Ambiente. Resolução nº 382, de 26 de dezembro de 2006
– Estabelece os limites máximos de emissão de poluentes atmosféricos para fontes
fixas. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/res/res06/res38206.
pdf. Acesso em: 26 nov. 2019.
MORAES, Clauciana Schmidt Bueno de et al. A Norma ISO 14005 como instrumento
de implementação de sistemas de gestão ambiental em pequenas e médias
empresas. Revista Espacios, Caracas, Venezuela, v. 38, n. 16, p. 1-16, 2017. Anual.
Disponível em: https://www.revistaespacios.com/a17v38n16/17381606.html.
Acesso em: 18 out. 2019.
Gabarito
Questão 1 – Resposta: C
Resolução: A ABNT NBR ISO 14001 foi elaborada no Comitê Brasileiro
de Gestão Ambiental (ABNT/CB-038) pela Comissão de Estudo
65
de Sistema de Gestão Ambiental (CE-038.001.001). Esta norma é
uma adoção idêntica em conteúdo técnico, estrutura e redação
à ISO 14001:2015, que foi elaborada pelo Technical Committee
Environmental Management (ISO/TC 207), Subcommittee Enviromental
Management Systems (SC 1), conforme ISO/IEC Guide 21-1:2015.
O sistema de gestão ambiental, assim como todos os demais
sistemas de gestão baseados nas normas ISO, deve buscar a
melhoria contínua por meio da aplicação do ciclo PDCA (Planejar
– Fazer – Checar – Agir). A norma ABNT NBR ISO 45001 trata das
questões pertinentes à segurança e saúde ocupacional, enquanto a
norma ABNT NBR ISO 50001 trata da gestão energética.
Questão 2 – Resposta: E
Resolução: A norma trata de questões como meio ambiente e
sustentabilidade, onde, segundo a norma ABNT NBR ISO 14001,
esta norma auxilia as empresas nos desenvolvimentos dos
seguintes meios, que são utilizados para atingir esses objetivos:
• A empresa deve possuir meios de prevenir ou mitigar os
impactos ambientais adversos.
• A empresa deve possuir meios para mitigar efeitos adversos do
meio ambiente na organização.
• A empresa deve ser capaz de atender a requisitos legais e
outros requisitos que impactem na sustentabilidade do meio
ambiente e da própria empresa.
• A empresa deve possuir meios de implementar e controlar o
aumento do seu desempenho ambiental.
• A empresa deve possuir meios de controlar ou influenciar os
seus produtos e serviços desde o seu projeto até o seu descarte,
prevendo e prevenindo possíveis impactos ambientais no ciclo
de vida do produto.
• A empresa deve ser capaz de alcançar benefícios financeiros e
operacionais que resultem na sustentabilidade dos seus processos.
66
66
• A empresa deve possuir meios que permitam o conhecimento
de todas as informações pertinentes às questões ambientais
pelas partes interessadas.
Questão 3 – Resposta: B
Resolução: Quanto ao executor da auditoria, existem três formas
de uma organização ser auditada, auditoria de primeira parte,
auditoria de segunda parte e auditoria de terceira parte. A auditoria
de primeira parte é realizada pela própria organização, sendo
uma auditoria interna, a qual visa à avaliação do funcionamento
do sistema de gestão da empresa. A auditoria de segunda parte
é externa, podendo ser realizada por qualquer parte interessada,
como o cliente, o fornecedor, órgãos governamentais, entre
outros. A auditoria de terceira parte é executada por organizações
terceiras, as quais não estão envolvidas no cotidiano da empresa
auditada para evitar qualquer conflito de interesse, sendo que tal
auditoria visa à certificação da organização.
67
Prevenção de subprodutos,
economia de átomos, sínteses
de compostos de menor
toxicidade, desenvolvimento de
compostos seguros, diminuição
de solventes e auxiliares
Autor: Bruno Pizol Invernizzi
Objetivos
68
68
1. Subprodutos
Segundo Leite (2003), podemos definir subproduto como sendo
produtos resultantes do processo de produção, porém possuem baixo
ou nenhum valor agregado. Portanto, comumente são tratados como
rejeito, sendo passíveis de disposição final.
69
Como exemplos de reaproveitamento de materiais, pode ser citado o
trabalho apresentado por Nogueira e Garcia (2014), onde foi realizada
uma pesquisa exploratória sobre os subprodutos da cana-de-açúcar,
que são o bagaço e a palha, a vinhaça, também conhecida como vinhoto,
as cinzas, a torta de filtro, entre outros que podem resultar do processo,
incluindo setores administrativos.
Por fim, dos mais importantes, faltou falar das cinzas, que são oriundas
da queima do bagaço na caldeira durante o processo de recuperação
para geração de bioeletricidade. Como destinação final ambientalmente
adequada, esse subproduto é aplicado no solo para adubação.
ASSIMILE
Bioeletricidade é a conversão da energia de ligação dos
átomos, presentes no material, em energia elétrica, que
é realizada em uma usina similar às usinas termelétricas,
70
70
porém no lugar de gás e carvão se utiliza um subproduto
orgânico, como é o caso do bagaço e da palha da cana.
A energia gerada na queima desse material é utilizada
para ferver a água presente em uma caldeira. O vapor
dessa água é o responsável por girar a turbina da usina
termelétrica, onde o prolongamento do eixo dessa turbina
fica dentro de uma bobina, resultando na geração de
energia elétrica.
Conforme Santos et al.1 (2003 apud SILVA JÚNIOR, 2015, p. 18), outro
exemplo de aplicação dada a subprodutos é comumente utilizado pelo
setor de alimentos, onde a fabricação dos embutidos utiliza partes de
suínos, como as vísceras, miúdos e o sangue para elaboração de diversos
alimentos. Também são utilizadas partes cartilaginosas, tais como a
orelha, em conjunto com outros órgãos, como a pele e as tripas, para a
fabricação do chamado queijo suíno, que pode ser visto na Figura 1.
Fonte: ALLEKO/iStock.com.
71
consumo humano quanto animal, além de poderem ser empregados
em cosméticos, dando para essas sementes outro destino final
ambientalmente correto, que não o plantio.
2. Economia de átomos
2
Anastas, P. T.; Kirchhoff, M. M.; Williamson, T. C. Applied Catálises A: General 2001,
72
72
Esse princípio estabelece, portanto, a redução da geração de
subprodutos, onde deve-se utilizar um balanço entre átomos de
entrada (matéria-prima) e átomos de saída (produto), visando ao
melhor aproveitamento possível dos átomos de entrada, de modo
que, se possível, todos os átomos de entrada devem formar o produto,
evitando assim que o processo resulte em subprodutos. Logicamente
que nem sempre é possível a obtenção de um balanço perfeito entre
a entrada e a saída de modo a não gerar subprodutos, porém essa
geração pode ser ao menos reduzida.
Eq. 1
Porém, conforme observado por Ortiz (2007), tal equação não traz a
relação entre os produtos e os subprodutos formados, sendo focada
somente nos rendimentos reais e teóricos do produto.
Eq. 2
73
sendo expressa conforme a equação 3, que traz o percentual de
economia de átomos (% e.a.).
Eq. 3
Eq. 4
4
Sheldon, R. A. Chemistry & Industry, 1997, 3, 354.
74
74
3. Sínteses de compostos de menor toxicidade
75
Quando as substâncias e compostos empregados e produzidos pela
organização não estiverem presentes nos anexos citados anteriormente,
a norma ABNT NBR 10004 descreve quais outros critérios devem ser
adotados, tendo por base a norma ABNT NBR 10007.
5
Warner, J. C.; Cannon, A. S.; Dye, K. M. Environ. Impact Assess. Rev. 2004, 24.
6
Marca comercial de inseticida registrada pela ROHN & HAAS Company, que é uma empresa subsidiária da
Dow Chemical Company
76
76
estudo de um dado resíduo demonstrar uma DL50 (dose
letal para 50% dos animais testados) oral para ratos
menor que 50 mg/kg, este resíduo é considerado tóxico.
Portanto, se os ratos precisarem de uma dose superior a
essa para que 50% dos animais testados venham a óbito,
esse resíduo não seria considerado como sendo tóxico.
7
Warner, J. C.; Cannon, A. S.; Dye, K. M. Environ. Impact Assess. Rev. 2004, 24.
77
5. Diminuição de solventes e auxiliares
78
78
Portanto, de acordo com Silveira (2015), é possível realizar processos
químicos sem a necessidade de utilizar solventes e auxiliares, uma
vez que para o caso de substâncias líquidas, pode-se obter resultados
similares através da modificação de parâmetros de processo,
como a questão do aquecimento, ou por outros meios que seriam
ambientalmente mais corretos do que a utilização de solventes, como a
irradiação por micro-ondas. A moagem é aplicada aos reagentes em fase
sólida, sendo, para estes casos, o processamento mais aplicado.
79
catalizadores presentes na reação, podendo ainda promover a hidrólise
desses reagentes, processo que competiria com a formação do
produto desejado.
Outra possibilidade citada tanto por Lenardão (2003) quanto por Silveira
(2015) é a aplicação de fluidos supercríticos e líquidos iônicos, os quais,
de acordo com Silveira (2015), também podem ser considerados como
solventes verdes.
80
80
Além dos pontos mencionados, Silveira (2015) também cita que
esses solventes são recuperáveis e recicláveis, sendo, portanto,
ambientalmente mais corretos do que os solventes convencionais que
dificilmente podem ser recuperados e reciclados.
TEORIA EM PRÁTICA
Em uma indústria química são utilizados como solvente a
água e o benzeno. Devido à onda verde, que resultou em
leis mais rígidas, a alta direção da indústria química em
questão decidiu eliminar o benzeno das suas operações.
Para tal, chamaram você, que é o gerente de produção,
para dar possíveis soluções para o caso. Contudo, o
primeiro ponto é explicar para a alta direção por que a
água não pode ser utilizada como solvente no lugar do
benzeno, já que essa é um solvente universal. O segundo
ponto é propor o que pode ser feito para eliminar o
benzeno do processo produtivo.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
81
costumam ser de interesse dos clientes, tendo um valor
agregado muito baixo para serem negociados nos canais
logísticos diretos. Sobre os subprodutos, assinale a
alternativa que traz somente exemplos que podem ser
considerados dentro da sua definição.
82
82
d. O percentual de economia de átomos (% e.a.)
é realizado com base na massa molecular dos
subprodutos.
8
P. Anastas and J. C. Warner, Green Chemistry: Theory and Practice; Oxford Science Publications, Oxford, 1998.
83
Referências bibliográficas
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sólidos – classificação. 2. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. 71 p.
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subprodutos da industrialização do maracujá aproveitamento das sementes. Revista
Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal/SP, v. 26, n. 1, p. 101-102, abr. 2004. Disponível
em: http://www.scielo.br/pdf/rbf/v26n1/a27v26n1.pdf. Acesso em: 28 ago. 2019.
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Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1999.
LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. 1. ed.
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LENARDÃO, E. J. et al. Green Chemistry: os 12 princípios da química verde e sua
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NATALE, W. et al. Uso fertilizante do subproduto da agroindústria processadora de
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GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS AGROPECUÁRIOS E AGROINDUSTRIAIS, 3., 2013, São
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50 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado e Licenciatura em Química) –
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SILVA JUNIOR, Jamil Correia da. Aproveitamento de subprodutos da indústria
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portal2-repositorio/File/coqui/TCC/Monografia-TCC-Ana_Debora_P_Silveira-20152.
pdf. Acesso em: 30 ago. 2019.
84
84
VALENTE, Joana Miguel Leite Duarte. Subprodutos alimentares: novas alternativas
e possíveis aplicações farmacêuticas. 2015. 78 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de
Mestrado em Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade
Fernando Pessoa, Porto, Portugal, 2015. Disponível em: https://bdigital.ufp.pt/
bitstream/10284/5312/1/PPG_23519.pdf . Acesso em: 28 ago. 2019.
Gabarito
Questão 1 – Resposta: E
Resolução: Conforme descrito no texto, poupa de fruta é utilizada
como produto na industrialização de sucos de caixinha, por
exemplo, enquanto as sementes são tratadas como subprodutos.
A vinhaça é um subproduto obtido na produção do etanol.
A costela suína é uma carne comumente comercializada em
açougues tendo alto valor agregado, enquanto os miúdos,
juntamente com outras partes menos valorizadas dos suínos,
acabam por ser tratados como subprodutos.
Questão 2 – Resposta: B
Resolução: O cálculo do rendimento em porcentagem (%R) leva
em consideração o rendimento do produto obtido e o rendimento
teórico do produto. O cálculo da economia atômica expressa em
porcentagem (%A) leva em consideração a massa molecular do
produto desejado e a massa molecular de todas as substâncias
produzidas. O cálculo do percentual de economia de átomos (%
e.a.) leva em consideração a massa molecular do produto desejado
e a massa molecular dos reagentes. O cálculo do fator E, por sua
vez, foca nos subprodutos e não no produto.
Questão 3 – Resposta: C
Resolução: A eliminação dos subprodutos é desejável, porém
a química verde reconhece que, na maioria dos casos, com as
tecnologias atuais, a eliminação é inviável, portanto, prega a
redução desses. Como desvantagem à aplicação da água como
85
solvente, Silveira (2015) cita fatos como a baixa solubilidade
para diversos compostos orgânicos, além do fato de essa ser
incompatível com reagentes e catalizadores presentes na reação,
podendo ainda promover a hidrólise desses reagentes, processo
que competiria com a formação do produto desejado, contudo, na
prática, a substituição de todos os solventes por água é inviável.
Conforme a norma ABNT NBR 10004, a periculosidade de um
resíduo pode ser definida como uma característica deste, com base
nas suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas que
resultem em riscos à saúde pública ou ao meio-ambiente, podendo
ainda afetar ambos. As características que levam um resíduo a ser
classificado como perigoso são: inflamabilidade, corrosividade,
reatividade, toxicidade e patogenicidade. Sobre a aplicação
dos líquidos iônicos “As características desses solventes são
baixa pressão de vapor, não-volatilidade e estabilidade térmica”
(SILVEIRA, 2015, p. 13). Segundo Silveira (2015), os solventes e
auxiliares apresentam riscos, como a toxicidade, devido ao fato
de geralmente serem aplicados solventes que contêm compostos
orgânicos, necessitando cuidados especiais tanto para a sua
manipulação quanto no seu armazenamento e transporte, além do
fato de possuírem uma destinação final ambientalmente correta
difícil, uma vez que a recuperação e reutilização desses é limitada.
A disposição final ambientalmente correta desses produtos
também constitui um problema, uma vez que, em geral, esses
apresentam riscos ao meio ambiente.
86
86
Sustentabilidade em materiais,
economia circular e seu impacto
Autor: Bruno Pizol Invernizzi
Objetivos
87
1. Sustentabilidade
88
88
Desde então, as discussões sobre o meio ambiente vieram se
tornando cada vez mais comuns, onde podemos citar outros eventos
mundiais de importância similar ao ocorrido em Estocolmo, tais
como a “II Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento”, que ficou conhecida como “Rio-92”, o Protocolo de
Kyoto, o COP 21 (21ª Conferência das Partes) e, mais atualmente, o
COP25 (25ª Conferência das Partes). Embora a conferência de Estocolmo
tenha sido a primeira, o protocolo de Kyoto foi o primeiro documento
assinado onde os países desenvolvidos assumiram o compromisso de
adotar medidas no sentido de combater a poluição atmosférica.
ASSIMILE
O COP 21 foi realizado em Paris no ano de 2015 envolvendo
195 países, onde ficou estabelecido pela primeira vez que
todos os países presentes deveriam reduzir a emissão
de poluentes, de modo a limitar o aquecimento global a
1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais. Além das questões
ambientais, a conferência tratou também de questões
ligadas à erradicação da pobreza no mundo, de modo a
preparar o terreno para que essa possa ser facilitada.
89
de modo a evitar, ou ao menos reduzir, a extração de matérias-primas
naturais, priorizando a reutilização e reciclagem daquelas que já foram
extraídas anteriormente.
90
90
Para encerarmos a questão da sustentabilidade, Mikhailova (2004) cita
que, no ano de 1987, foi elaborado pela ONU (Organização das Nações
Unidas) o seguinte conceito: “Desenvolvimento sustentável é aquele que
busca as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das
gerações futuras de atender as suas próprias necessidades”.
91
disposição final, gastos energéticos, que ocorrem ao longo do processo
produtivo, e gases de efeito estufa emitidos durante o processamento e
o transporte.
1
CIMINO, Marly Alvarez; ZANTA, Viviana Maria. Gerenciamento de pneumáticos inservíveis (GPI): análise crítica
de ações institucionais e tecnologias para minimização. Engenharia Sanitária e Ambiental, [s.l.], v. 10, n. 4,
p.299-306, dez. 2005. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1413-41522005000400006.
92
92
que consiste somente na substituição da banda de rodagem, que é a
região útil do pneu, onde ficam localizados os sulcos. A recauchutagem
é similar a recapagem, porém é realizada a substituição dos chamados
ombros do pneu, além da banda de rodagem. Os ombros correspondem
às duas regiões de transição entre a banda de rodagem e os flancos do
pneu. Por fim, a remoldagem, que é o processo dos chamados pneus
remoldes, consiste no mesmo processo da recauchutagem, porém
incluindo os flancos do pneu. Por esse motivo, ao olhar para um pneu
remolde, todas as inserções referentes ao pneu original são apagadas,
devendo ser refeitas pela organização que efetuou o processo.
2
KAMIMURA, E. Potencial dos resíduos de borracha de pneus pela indústria da construção civil. Disser-
tação de Mestrado em Engenharia Civil. Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Civil, Florianópolis, 2004.
93
lembrando que esses resíduos não são os únicos que se enquadram
como materiais cerâmicos recicláveis. Lembrando que esse impacto
afeta as duas pontas do ciclo, ou seja, afeta a disposição final, mas
também afeta a extração de recursos naturais, uma vez que quando
não é possível realizar a sua reciclagem, tendemos a extrair mais da
natureza, portanto ocorre um dano duplo.
94
94
Carreiras (2015) sugere também que o projeto de construção civil
deve privilegiar materiais não tóxicos, com baixa energia incorporada,
recicláveis, que permitam o reaproveitamento de resíduos de outras
indústrias, provenientes de fontes renováveis que estejam associados a
baixas emissões de gases de efeito estufa e com alta durabilidade.
95
denominada disposição final ambientalmente correta, uma vez que
esses devem continuar sob vigilância, constituindo um problema único
e que não será abordado com profundidade. A correta tratativa para
esses materiais é dada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear
(CNEN), seguindo regras próprias e específicas.
Por fim, além dos resíduos exemplificados neste item, outros resíduos
comumente reciclados no Brasil, conforme Cardoso (2013), são:
96
96
• Polietileno de baixa densidade (PEBD): altamente empregado
na produção de embalagens de alimentos como arroz, feijão,
açúcar, sal, entre outros.
• Vidros.
• Motores elétricos.
• Entre outros.
97
Se o aluno for atento, deve ter notado que a economia circular não age
somente no ponta final da economia linear (descarte), mas age também
na ponta inicial (extração), de modo que com a reutilização e reciclagem
de materiais e produtos, evita-se que a extração de matérias-primas
ocorra, uma vez que o material que já foi extraído e se encontra
em uso na economia retornará à fase produtiva de transformação,
ficando preso entre as duas fases centrais da economia linear, a
transformações e o consumo.
Para que esse produto fique preso entre essas duas fases, deve-se
adicionar outras fases que tornam a economia circular possível, que
são, por exemplo, o desmanche de produtos, visando à reutilização das
peças que ainda têm condições de uso, e a reciclagem, que será aplicada
àqueles produtos que já não podem ser reutilizados. Além disso, não
podemos esquecer que, para que tais operações de desmanche para
a reutilização e reciclagem ocorram, precisamos que os produtos e
materiais retornem ao setor produtivo, o que é realizado por meio da
chamada logística reversa, que é a responsável pelo comportamento
demonstrado para a economia circular na Figura 2, sendo que a logística
reversa permite que o material retorne ao processo partindo de
qualquer fase do fluxo direto.
3
STAHEL, W. R. Circular economy. Nature, v. 531, p. 435-438, 2016.
98
98
Figura 2 – Esquema comparativo entre
economia linear e economia circular
Fonte: Sauvé, Bernard e Sloan4 (2016) apud Araújo e Queiroz (2017, p. 5).
4
SAUVÉ, S.; BERNARD, S.; SLOAN, P. Environmental sciences, sustainable development and circular economy:
Alternative concepts for trans-disciplinary research. Environmental Development. v. 17, p. 48-56, 2016.
99
Portanto, a economia circular entende que a disposição final
ambientalmente adequada também pode ocorrer, sendo assim
podemos dizer que “a economia circular divide dois grupos de materiais,
os biológicos, que são desenhados para reinserção na natureza
e os técnicos, que exigem investimento em inovação para serem
desmontados e recuperados” (AZEVEDO, 2015, p. 2).
100
100
Segundo descrito por Ellen Macarthur Foundation (2015),
a economia circular apresenta diversos impactos na sociedade,
na economia e no meio ambiente, onde temos como exemplos a
redução do custo líquido em materiais, que chegam a US$ 630 bilhões
anuais na União Europeia, geração de emprego, aumento do PIB
do país, instiga a inovação de produtos e processos, redução na
emissão de dióxido de carbono, redução do consumo de materiais
primários, por meio da redução, reutilização e reciclagem, entre
diversas outras possibilidades.
Contudo, nota-se que esse setor tem grande potencial para novos
negócios e geração de emprego, ajudando na resolução de problemas
de ordem social e econômica, atuando no tripé da sustentabilidade,
uma vez que os ganhos com o meio ambiente também são uma
consequência da economia circular.
101
TEORIA EM PRÁTICA
A empresa Polímeros S.A. está tentando promover políticas
ambientais internas. Para tal, o diretor industrial convidou
você, que é o gerente de produção, para um debate sobre
formas de reutilização e reciclagem de materiais. Sabendo
que na atualidade a empresa não possui nenhum programa
nesse sentido, sendo que todos os resíduos sólidos gerados
têm a sua disposição final decretada pela empresa, sendo
100% deles considerados como rejeito, quais ações você
poderia sugerir para serem implementadas?
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
102
102
c. O conceito de sustentabilidade é imutável, não
dependendo de novas experiências humanas.
103
d. O projeto de construção civil deve privilegiar
materiais não tóxicos com baixa energia incorporada,
recicláveis, que permitam o reaproveitamento de
resíduos de outras indústrias, provenientes de fontes
renováveis, que estejam associados a baixas emissões
de gases de efeito estufa e com alta durabilidade.
3.
104
104
d. A figura B representa somente o fluxo da logística
reversa, a qual é ambientalmente correta, não tendo
rastros da logística direta, sendo essa uma ilustração
típica de uma economia cíclica.
Referências bibliográficas
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105
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sites/default/files/T12_0518_2899.pdf. Acesso em: 3 set. 2019.
Gabarito
Questão 1 – Resposta: B
Resolução: Mikhailova (2004) cita que, embora a sociedade
humana tenha passado a dar um maior enfoque ao meio
106
106
ambiente após a década de 1970, antes disso já havia uma
preocupação do homem em relação a isto, embora de forma
mais discreta, citando como exemplo que a escola econômica
clássica prega que uma economia saudável possui três fatores
que atuam em conjunto: a terra, o capital e o trabalho. Neste
conceito, a terra representa o meio ambiente e não somente
a propriedade, portanto a alternativa (a) está errada. Embora
a conferência de Estocolmo tenha sido a primeira, o protocolo
de Kyoto foi o primeiro documento assinado, onde os países
desenvolvidos assumiram o compromisso de adotar medidas no
sentido de combater a poluição atmosférica através da redução
dos gases que agravam o efeito estufa, portanto a alternativa
(b) está correta. O conceito de sustentabilidade vem sendo
aperfeiçoado ao longo do tempo, englobando cada vez mais
esferas, as quais não tinham sido pensadas anteriormente. De
acordo com Mikhailova (2004), a principal forma de descrever
o que vem a ser a sustentabilidade é a justiça para com as
gerações futuras, uma vez que visa à preservação do meio
ambiente, portanto a alternativa (c) está errada. Os vértices da
sustentabilidade são: a economia, a sociedade e o meio ambiente,
portanto a alternativa (d) está errada. Ser sustentável não nos
remete a ser ambientalmente corretos na totalidade, uma vez
que toda e qualquer atividade humana resulta em algum tipo de
prejuízo à natureza, mesmo quando reutilizamos materiais, ainda
assim estamos gerando alguma degradação ao meio ambiente,
portanto a alternativa (e) está errada.
Questão 2 – Resposta: D
Resolução: Os materiais poliméricos, por sua vez, vieram
crescendo em aplicação ao longo dos anos, porém a sua
reciclagem ainda hoje constitui um problema. Já existem
processos que permitem a reciclagem inclusive para materiais
termofixos vulcanizados, que possuem as ligações cruzadas
de enxofre, dificultando o seu processamento mecânico e
107
amolecimento, como é o caso dos pneus. Ao longo dos anos,
esses processos vêm ganhando mais variações e possibilidades,
o que resulta também na redução do seu custo, tornando
esses mais viáveis tecnicamente e economicamente, portanto
a alternativa (a) é falsa. Para evitar o descarte ambientalmente
inadequado de pneus, conforme mencionado por Cimino e
Zanta1 (2005), alternativas, tecnicamente e economicamente
viáveis para utilização dos pneus vieram sendo apresentadas
e aplicadas, sendo tratado por Santos (2017) com dois focos
diferentes, a reutilização e a reciclagem, portanto a alternativa
(b) é falsa. Os materiais cerâmicos, embora sejam utilizados
em condições similares àquela encontrada na natureza, ou
seja, em geral são aplicados como óxidos, sulfetos, nitretos,
carbetos, entre outros, são difíceis de serem reciclados, pois
nem sempre permitem tal processo, resultando em acúmulo
de entulhos, como os resíduos da construção civil, portanto a
alternativa (c) está errada. Carreiras (2015) sugere também que o
projeto de construção civil deve privilegiar materiais não tóxicos,
com baixa energia incorporada, recicláveis, que permitam o
reaproveitamento de resíduos de outras indústrias, provenientes
de fontes renováveis, que estejam associados a baixas emissões
de gases de efeito estufa e com alta durabilidade, portanto a
alternativa (d) está correta. Os materiais radioativos, os quais
possuem uma tratativa extremamente complexa e que envolvem
diversos riscos, tanto durante o seu uso quanto durante a
sua extração, processamento, transporte, armazenamento e
destinação final ambientalmente correta, a qual não é tratada
como sendo um ponto final, uma vez que esses materiais
continuam a emitir radiação, portanto não existe hoje uma
tratativa denominada disposição final ambientalmente correta,
uma vez que esses devem continuar sob vigilância, constituindo
um problema único e que não será abordado com profundidade,
portanto a alternativa (e) está errada.
108
108
Questão 3 – Resposta: E
Resolução:
6
SAUVÉ, S.; BERNARD, S.; SLOAN, P. Environmental sciences, sustainable development and circular economy:
Alternative concepts for trans-disciplinary research. Environmental Development. v. 17, p. 48-56, 2016.
109
Reciclagem de resíduos
de materiais poliméricos,
metálicos e cerâmicos
Autor: Bruno Pizol Invernizzi
Objetivos
110
110
1. Reciclagem
Essas leis e normas preveem diversas ações que podem ser tomadas
a fim de evitar que esses resíduos tenham como destino a disposição
final, seja esta ambientalmente correta ou não, porém quando não
for possível dar outra tratativa diferente, que seja realizada de forma
ambientalmente correta para evitar a contaminação do solo, da
água e do ar que respiramos, entre outros danos ambientais que
possam ocorrer.
111
Figura 1 – Fluxo logístico da reciclagem
Fonte: LCA consultores e pragma soluções sustentáveis apud Ancat (2019, p. 9).
Existe também uma outra possibilidade que não consta nessa ilustração,
onde o próprio fabricante pode executar a logística reversa a fim de
reutilizar ou reciclar os produtos de pós-consumo, para que esses
possam ser novamente empregados pela organização em seu processo
produtivo ou até mesmo, em casos onde essas ações não sejam
possíveis, executar a disposição final ambientalmente correta, uma vez
que a legislação brasileira prevê que as organizações são responsáveis
por tal ação em casos específicos.
112
112
• Reduzir a poluição do solo, água e ar: “tanto devido à redução
da produção dos materiais quanto à diminuição do descarte
inadequado dos resíduos. Ademais, reduz a necessidade de
expansão de aterros, e, consequentemente, o gasto público
relacionado a esse investimento” (ANCAT, 2019, p. 10).
113
plásticos, alumínio, outros metais, vidros e outros materiais. Tal
agregação é ilustrada pela Figura 2. Essas categorias podem ainda ser
subdivididas, como é observado na categoria de papeis, por exemplo,
que é segmentada em jornal, papelão, papel branco e outros papéis.
114
114
Figura 4 – Distribuição do faturamento das cooperativas e associações
acompanhadas pela Ancat, 2017 e 2018
ASSIMILE
No gerenciamento de resíduos, a PNRS (Política
Nacional de Resíduos Sólidos), instituída pela Lei
nº 12.305/2010, estabelece uma sequência de
prioridades para o gerenciamento de resíduos, onde
a melhor solução é a não-geração, seguida pelo 3R
(redução, reuso e reciclagem), posteriormente temos o
tratamento e, por fim, o menos indicado e que resulta
em maiores danos ao meio ambiente, a disposição
final. Portanto, existem ações que são preferidas em
relação à reciclagem, porém essas se fazem presentes
principalmente nas fases de projeto e produção, onde
é possível evitar e reduzir as quantidades de resíduos
gerados. No pós-consumo, pode recorrer ainda a
reutilização, mas a reciclagem se faz muito presente
nesse momento, sendo de extrema importância.
115
2. Reciclagem dos materiais metálicos
116
116
mais comum no país. Esse rompimento foi, juntamente com
o rompimento da barragem em Mariana, o maior desastre
ecológico do país já ocorrido no setor de mineração.
117
Esses processos são comumente realizados por equipamentos como
o Triturador de Sucatas Shredder, que funciona conforme a seguinte
explicação:
118
118
temperatura mais baixa, na qual o alumínio não é fundido, visando
somente à eliminação dos produtos orgânicos. A prensa é uma etapa
de compactação, reduzindo o volume e densificando a carga. O forno
rotativo é utilizado para fundir e homogeneizar a carga da sucata, para
que esta possa ser posteriormente enviada aos fabricantes de latinhas.
Segundo Vilhena (2002), os vidros podem ser 100% reciclados por meio
da fusão em um processo sem perdas, sendo este material misturado
à carga de matéria-prima na forma de cacos, reduzindo tanto os custos
com matéria-prima, que não são tão representativos, e os custos com
energia, que se reduzem em torno de 2,5% quando utilizados 10% de
material reciclado na carga. Além disso, esse material pode ser reciclado
diversas vezes, bem como os materiais metálicos, não possuindo um
limite de uso para tal aplicação.
119
Existem outras aplicações para os cacos de vidro, as quais são citadas
por Vilhena (2002), tais como: material de enchimento, material abrasivo,
matéria-prima para fritas cerâmicas, fabricação de tijolo de vidro,
fabricação de lã de vidro, entre outras aplicações possíveis.
120
120
• CLASSE B – são os resíduos recicláveis que não se enquadram na
classe anterior, ou seja, podem ser reciclados, porém não entram
no “agregado”. Citam-se como exemplos: os plásticos, metais,
papeis, papelões, vidros, madeiras, gesso e as embalagens vazias
de tintas imobiliárias.
121
4. Reciclagem dos materiais poliméricos
2
VILHENA, André; D’ALMEIDA, Maria Luiza O. Bio consciência: lixo municipal – manual de gerenciamento
integrado. 2. ed. rev. Brasília: CEMPRE, 2002.
122
122
Figura 6 – Opções de gestão dos resíduos plásticos
em termos do ciclo de vida dos produtos poliméricos
123
Para o caso dos plásticos rígidos, segundo Jorge (2015), após a separação
é realizada a moagem, que é realizada em um moinho de facas rotativo.
O equipamento de moagem possui na sua parte inferior uma peneira,
que condiz um formato próximo ao de “pellets” ao produto da moagem.
Posteriormente, o material é lavado usando uma solução contendo
detergente aquecido, passando ainda por uma etapa de lavagem para
remoção do detergente. Após a lavagem o material passa por um
processo de secagem que é realizado por meio de centrifugação, ou por
corrente de ar, ou em estufa.
Conforme descrito por Jorge (2015), para o caso dos filmes sujos, estes,
após passarem pelas mesmas etapas descritas para os plásticos rígidos,
seguem para a aglutinação, que consiste na compactação do material
para a redução de volume e aumento da sua densidade. Já os filmes
limpos são enviados diretamente para essa etapa de aglutinação.
124
124
Contudo, nota-se que existem diversas possibilidades para a
reciclagem dos materiais, existindo alguns casos onde a tecnologia
atual não permite tal operação, porém, com o avanço tecnológico e o
aprimoramento de técnicas já existentes, a tendência é de que mais
materiais possam ser reciclados no futuro, uma vez que diversos casos,
como os pneus e os entulhos, já foram tratados como sendo sem
solução, porém na atualidade esses são reciclados e reutilizados, por
exemplo como materiais de preenchimento em construções.
TEORIA EM PRÁTICA
Você atua para uma empresa do ramo de construção
civil, que pretende se tornar uma referência ambiental no
setor. Para tal, a alta direção decide utilizar os resíduos
sólidos na construção de novos empreendimentos.
Dentre as opções de aplicação desses resíduos, que
serão retirados de um empreendimento da empresa
que se encontra em construção, encontra-se uma coluna
estrutural. Seu dever, como engenheiro responsável por
materiais dentro da organização, é estabelecer o como
deverá ser realizada a tratativa e avaliar a possibilidade
de aplicação do material reciclado para a construção
da coluna estrutural. Contudo, você deve dizer como o
material deverá ser separado e preparado para aplicação,
além do fato de explicar o porquê esse pode ou não ser
aplicado na construção da coluna estrutural.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
125
outros fatores ambientais, na geração de resíduos
sólidos, que deverão ter a melhor destinação final
ambientalmente correta, ação essa que deve estar
apoiada nas leis e normas vigentes.
Sobre a destinação final, assinale a alternativa correta
126
126
a. Os materiais metálicos produzidos a partir de
minérios são chamados de materiais secundários,
uma vez que o material primário é o produto da
extração, ou seja, o minério concentrado.
127
d. Os resíduos da construção civil podem ser divididos
em duas classes distintas, A e B, sendo a primeira
reciclável.
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de caso na associação dos recicladores de Formiga-MG. 2010. 58 f. Trabalho
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128
128
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VILHENA, André; D’ALMEIDA, Maria Luiza O. Bio consciência: lixo municipal –
manual de gerenciamento integrado. 2. ed. rev. Brasília: CEMPRE, 2002.
Gabarito
Questão 1 – Resposta: E
Resolução: A grande questão em torno das alternativas propostas
é a confusão entre destinação final e disposição final. A destinação
final é aplicada a todo material que sai do fluxo direto, ou seja,
a todos os resíduos sólidos. Contudo, essa pode ser dada como
sendo a reutilização desses resíduos, a sua reciclagem, a sua
recuperação, ou ainda, caso esse seja um rejeito, poderá ser dada
a sua disposição final. A destinação final pode ser executada
por meio da logística direta, no caso de termos uma disposição
final, ou da logística reversa, no caso de termos uma reutilização,
reciclagem ou recuperação.
Questão 2 – Resposta: C
Resolução: Quando o material é produzido a partir de minérios,
chamamos esse processo de primário, já quando esse é obtido
de sucatas, chamamos esse processo de secundário, contudo a
alternativa (a) está errada. Segundo descrito pela Ancat (2019),
os produtos coletados no Brasil podem ser classificados em seis
categorias diferentes, que são: papeis, plásticos, alumínio, outros
metais, vidros e outros materiais, portanto a alternativa (b) está
errada. Para os aços, a sucata é misturada ao ferro gusa, que é o
produto resultante da redução dos minérios de ferro, de modo que
o produto final possa ter a sua composição química balanceada,
visando atingir as propriedades requeridas com o menor custo
possível, portanto a alternativa (c) está correta. Conforme descrito
por Vasques (2009), as sucatas são industrializadas antes de serem
129
aproveitadas com o objetivo de aumentar a densidade (corte,
prensagem, fragmentação ou trituração), reduzir as impurezas
(plástico, madeira, vidro, borracha, entre outros) e adequar os
contaminantes (elementos de liga), portanto a alternativa (d) está
errada. Para materiais produzidos sem o emprego de sucata, deve-
se adicionar os elementos de liga, que podem ter custos muito
elevados, portanto a alternativa (e) está errada.
Questão 3 – Resposta: B
Resolução: Segundo Vilhena (2002), os vidros podem ser 100%
reciclados por meio da fusão em um processo sem perdas, sendo
esse material misturado à carga de matéria-prima na forma de
cacos, reduzindo tanto os custos com matéria-prima, que não são
tão representativos, e os custos com energia, que se reduzem
em torno de 2,5% quando utilizados 10% de material reciclado
na carga. Além disso, esse material pode ser reciclado diversas
vezes, bem como os materiais metálicos, não possuindo um
limite de uso para tal aplicação. Portanto, a alternativa (a) está
errada e a alternativa (b) está correta. Os cacos de vidro utilizados
possuem duas procedências distintas, a interna, que é gerada
pelo próprio fabricante (refugo), e a externa, que possui diversas
procedências distintas, portanto a alternativa (c) está errada.
Os resíduos sólidos da construção civil, antes de serem reciclados,
devem primeiramente ser separados, utilizando quatro
classes distintas definidas por resoluções CONAMA, portanto a
alternativa (e) está errada. Os materiais que atendem à Classe
A, os quais compõem o agregado, porém para tal necessitam
passar por um processo de trituração seguido de peneiramento
para obtenção de tamanhos homogeneamente distribuídos. Após
a trituração e o peneiramento, o material já pode ser aplicado
como agregado, sendo adequado para aplicações não estruturais,
portanto a alternativa (e) está errada.
130
130
Métodos de incorporação
de resíduos
Autor: Bruno Pizol Invernizzi
Objetivos
131
1. O problema dos rejeitos
132
132
Devemos lembrar que o consumismo é um combustível altamente
inflamável para a geração de resíduos, os quais podem ser resultantes
das atividades domésticas, hospitalares ou ainda industriais e
extrativistas, entre outras, uma vez que se deve aquecer o setor
produtivo para que o consumismo seja possível, onde esse setor
depende da extração de alimentos, minerais e outras matérias-primas,
que serão processadas e convertidas nos bens de consumo.
133
Muitas vezes, o despejo de resíduos requer monitoramento constante
para a estabilidade geotécnica e podem conter elementos químicos
nocivos, que podem ser libertados para o ambiente, significando um sério
problema do ponto de vista ambiental. (SILVA1, 2007; YELLISHETTY2
et al., 2008 apud BEZERRA, 2017)
1
SILVA, J. P. Impactos ambientais causados por mineração. Revista Espaço da Sofhia, v. 8, 1–13, 2007.
2
YELLISHETTY, M., KARPE, V., REDDY, E. H., SUBHASH, K. N., e RANJITH, P. G. Reuse of iron ore mineral wastes
in civil engineering constructions: A case study. Resources, Conservation and Recycling, 52(11), 1283–1289,
2008.
134
134
gera diversos resíduos diferentes, desde resíduos metálicos até os
resíduos resultantes do tratamento de efluentes líquidos e gasosos, tais
como o lodo resultante do tratamento de óleos e da água utilizada na
indústria, bem como os resíduos sólidos retidos nos filtros aplicados
para o controle da emissão de poluentes nas chaminés industriais.
135
conforme ilustrado pela Figura 2. As borrachas são constituídas
por ligações cruzadas que impedem que esse seja reprocessado
da mesma forma que os materiais termoplásticos, que necessitam
somente ser reaquecidos para uma nova conformação. As ligações
cruzadas impedem que a conformação mecânica ocorra, tanto
à temperatura ambiente quanto a altas temperaturas, uma vez
que o aquecimento dos pneus resulta na sua degradação e não
no seu amolecimento para conformação, já que as temperaturas
necessárias para romper as ligações cruzadas são tão altas quanto as
temperaturas necessárias para romper as ligações entre o carbono e o
hidrogênio, resultando assim na sua degradação.
ASSIMILE
Segundo descrito por Callister Jr. e Rethwisch (2016),
os polímeros são constituídos basicamente por cadeias
lineares, ou ramificadas, de hidrocarbonetos, que possuem
ligações primárias predominantemente covalentes
entre os átomos que constituem tal cadeia. Entre essas
cadeias, as ligações são secundárias, as quais permitem
a movimentação entre elas, resultando em grandes
136
136
deformações plásticas. Existem também os polímeros
denominados termofixos, que possuem átomos, tais como
o enxofre, que promovem a ligação entre as cadeias, sendo
essas chamadas de ligações cruzadas, evitando que ocorra
a deformação plástica, permitindo somente a deformação
elástica. Existe ainda um terceiro tipo, denominado
elastômero, os quais se assemelham aos termofixos
pelo fato de possuírem ligações cruzadas, porém essas
ligações são dispostas de modo a permitir que o material
experimente deformações elásticas de grandes proporções.
Outra forma de resíduos sólido que pode ser incluída nessa lista é o
esgoto e o lixo gerado pelas residências, indústria e comércio, entre
outros. Segundo Marciano (1999, p. 1), “a maior parte do nosso esgoto
é lançado in natura nos cursos d’água e o lixo urbano depositado a
céu aberto ou, em alguns casos, em aterros sanitários”, do esgoto,
por exemplo, resulta na remoção dos resíduos sólidos presentes na
água, permitindo que essa possa ser utilizada, porém os resíduos
sólidos removidos também devem ser tratados, sendo incumbência da
sociedade dar uma destinação final ambientalmente adequada para esse.
137
políticas públicas, maior custo de investimento e de
dificuldade nas obras, entre outros motivos, resultando
em uma prioridade para o abastecimento de água em
detrimento do tratamento de esgoto.
2. Incorporação de resíduos
138
138
Bezerra (2017) promoveu estudos utilizando os rejeitos de minério
para aplicação como filler em cimentos Portland. O filler é um tipo
de agregado extremamente fino utilizado para enchimento, sendo
considerado um material inerte. A sua aplicação resulta em melhorias
de algumas propriedades do cimento, tendo seu conteúdo limitado
em 10%, além do fato da necessidade de ter no mínimo 85% de
calcário (CaCO3), tendo suas especificações embasadas na norma
ABNT NBR 11578, conforme mencionado por Zerbino, Giaccio e
Isaia3 (2011 apud BEZERRA, 2017, p. 33). Outra característica do filler,
citada por Bardini4 (2008 apud BEZERRA, 2017, p. 33) é a distribuição
granulométrica, que deve ter 65% dos finos retidos na peneira com
abertura de 0,075 mm.
3
ZERBINO, R., GIACCIO, G., e ISAIA, G. C. Concrete incorporating rice-husk ash without processing. Construc-
tion and Building Materials, 25(1), 371–378. 2011.
4
BARDINI, V. S. D. S., Estudo de viabilidade técnica da utilização de cinzas da queima da casca de Pinus
em obras de pavimentação asfáltica. (Dissertação de M.Sc.) – Escola de Engenharia de São Carlos da Univer-
sidade de São Paulo, São Carlos, 2008.
139
exaustão, em micro esferas de vidro para jateamento e em sais de
inertização de ácidos de baterias automotivas, todos com a incorporação
em materiais cerâmicos.
140
140
ter alto potencial alcalino. Como subproduto da reação entre o
ácido e o hidróxido de sódio, tem-se a formação dos chamados
sais de inertização, cuja disposição final resulta em problemas
devido às questões ambientais.
141
Faria (2015) realizou estudos com a incorporação da borracha de
pneus para a fabricação de cerâmica vermelha, concluindo que tal
incorporação reduziu a plasticidade da massa cerâmica para as
concentrações por ela estudadas, porém o produto apresentou
resistência mecânica satisfatória em relação às normas vigentes.
5
MENEZES, R. R.; NEVES, G. A.; FERREIRA, H. C. O estado da arte sobre o uso de resíduos como matérias-primas
cerâmicas alternativas. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 6, n. 2, p. 303-313, 2002.
6
BALATON, V. T.; GONÇALVES, P. S.; FERRER, L. M. Incorporação de Resíduos Sólidos Galvânicos em Massas de
Cerâmica Vermelha. Cerâmica Industrial, v. 7, n. 6, nov./dez. 2002.
142
142
eflorescência na superfície do material. Contudo, os autores concluíram
que para a aplicação estudada, pode-se eliminar os rejeitos através da
aplicação da incorporação utilizando até 2% em peso.
TEORIA EM PRÁTICA
Você atua como gerente industrial para uma empresa
fabricante de materiais refratários, que são utilizados na
aciaria (unidade em usina siderúrgica onde o ferro-gusa
é convertido em aço) para conversão do ferro gusa e de
sucata em aço. Devido à alta concorrência com produtos
importados, o proprietário da empresa decidiu reduzir
os custos de produção e está analisando a possibilidade
de empregar rejeitos de mineração do ferro. Para tal, ele
pediu que você faça tal avaliação. Explique para ele quais
pontos deverão ser levados em consideração, lembrando
7
BASEGIO, T. et al. Environmental and technical aspects of the utilization of tannery sludge as a raw material for
clay products. Journal of the European Ceramic Society, v. 22, p. 2251-2259, 2002.
8
NUVOLARI, A.; CORAUCCI FILHO, B. Utilização de Lodos de Esgoto Sanitário em Tijolos Cerâmicos Maciços:
Aspectos Tecnológicos e Ambientais, In: FÓRUM DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS PAULISTAS – CIÊNCIA E TEC-
NOLOGIA EM RESÍDUOS, 1, 2003, São Pedro – S. P. Anais [...]. São Pedro: ICTR, 18-20 maio 2003. p. 729-743.
143
que você não sabe ao certo se esta ideia dará certo ou
não, uma vez que não existem muitos estudos sobre este
tema. No entanto, espera-se que você proponha uma
metodologia para avaliar a possibilidade.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
a. Redução.
b. Reutilização.
c. Reciclagem.
d. Incineração.
e. Disposição final.
144
144
Sobre as atividades humanas, em relação à produção de
bens, assinale a alternativa correta.
145
Sobre a incorporação de resíduos, assinale a
alternativa correta:
Referências bibliográficas
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146
146
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coleta-na-natureza-diz-estudo.ghtmll. Acesso em: 01 nov. 2019.
Gabarito
Questão 1 – Resposta: B
Resolução: Embora a melhor solução de todas seja a redução, se
possível a eliminação, tal solução não é uma disposição final, já
que se trata de uma questão de projeto ou processo, ou seja, essa
pode ser realizada somente antes da geração do resíduo sólido.
A destinação final ocorre quando o resíduo já foi gerado, sendo
necessário dizer o que deverá ser feito com este. Sendo assim, a
reutilização é o melhor caminho, pois tanto a reciclagem quanto a
incineração resultam em gastos maiores de energia, além disso, de
modo geral, resultam em maiores emissões de poluente, uma vez
que envolvem processos além da logística. Já a disposição final é a
pior situação possível, que somente deve ser dada quando não for
possível realizar nenhuma das outras alternativas
Questão 2 – Resposta: E
Resolução: Somente os rejeitos gerados na mineração devem
ser dispostos em barragens de contenção. Para as demais áreas
148
148
industriais, os resíduos industriais são classificados em acordo
com a ABNT NBR 10004, podendo ser perigosos (Classe I) ou não
perigosos (Classe II), sendo esta última classe classificada em inerte
(Classe IIB) e não inerte (Classe IIA). Contudo, as alternativas A e
B estão erradas. A escória ferrosa é um subproduto do processo
de fundição, sendo basicamente composta por óxidos metálicos,
podendo conter outros elementos como sulfetos, por exemplo,
portanto a alternativa C está errada. Os polímeros termoplásticos
são facilmente reciclados, pois podem ser aquecidos para
serem deformados plasticamente, porém existem os polímeros
termofixos, por exemplo, que possuem ligações cruzadas que
impedem tal operação, portanto a alternativa D está errada.
Quanto à disposição final, devem ser isolados com segurança
do ambiente, em aterros específicos para esse tipo de resíduo,
ou encaminhados para reúso ou reciclagem. Outras formas de
tratamento e destinação final de resíduos industriais incluem o co-
processamento, a incineração, a estabilização e solidificação e, no
caso de resíduos não perigosos, a fertilização. (LUCAS e BENATTI,
2008, p. 409)
Portanto, a alternativa E está correta.
Questão 3 – Resposta: C
Resolução: Segundo FEPAM (2010, p. 2), a incorporação de resíduos
sólidos pode ser definhada como “processo industrial no qual um
resíduo é utilizado, como matéria-prima ou carga, na composição
de um novo produto comercializável.”
Seguindo tal definição, podemos dizer que a incorporação de
resíduos sólidos nada mais é do que a aplicação desses resíduos,
seja pela reutilização ou pela reciclagem, para a confecção de um
dado produto.
Portanto, a alternativa C está correta, enquanto as demais
estão erradas.
149
150
150