Universidade Católica de Moçambique: Estratégias e Métodos de Ensino de Textos Literários

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Universidade Católica de Moçambique

Centro de Ensino à Distância

Tema: Estratégias e métodos de ensino de Textos Literários

Nome: Flora João Nhamalipe


Código do Estudante: 708211341

Curso: Lic. em Ensino de Língua


Portuguesa
Disciplina: Didática de Literatura
Ano de Frequência: 4º Ano
Tutor: Manuel Sardinha

Gurué, Maio de 2024


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Classificação
Categorias Indicadores Padrões Nota
Pontuaçã Subtota
do
o máxima l
tutor
 Índice 0.5
 Introdução 0.5
Aspectos
organizacionais 
Estrutura Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 2.0
problema)
 Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao 2.0
objecto do trabalho
 Articulação e
domínio do
discurso académico
(expressão escrita 3.0
Conteúdo cuidada,
coerência / coesão
textual)
Análise e
 Revisão
discussão
bibliográfica
nacional e
2.0
internacional
relevante na área
de estudo
 Exploração dos
2.5
dados
 Contributos
Conclusão 2.0
teóricos práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA  Rigor e coerência
Referências
6ª edição em das
Bibliográfica 2.0
citações e citações/referências
s
bibliografia bibliográficas


Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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Índice
Introdução..................................................................................................................................5

Objectivo geral.......................................................................................................................5

Objectivos específicos............................................................................................................5

Metodologia usada..................................................................................................................5

Concepções de leitura e literatura..............................................................................................6

Estratégias didático-metodológicas............................................................................................7

Técnicas de leitura de textos literários segundo Rildo Cosson..............................................9

A sequência básica compreende quatro etapas:......................................................................9

Cinco as etapas de desenvolvimento do Método Recepcional:............................................10

Etapas de desenvolvimento do Método da Recepção de Jauss............................................10

Conclusão.................................................................................................................................11

Referências...............................................................................................................................12
Introdução
Construir na escola uma educação para a leitura é pensar em um leitor não ideal,
imperfeito, e nem sempre disposto a aceitar e absorver todas as indicações de leituras feitas
pelos professores ou a buscar sozinho por leituras que lhe agradem. Também é preciso
considerar o fato de que o aluno nem sempre tem interesse em iniciar uma leitura obrigatória.
Sabe-se que na escola, desde os primeiros anos do ensino fundamental, o contato com a
leitura da Literatura é primordial para o desenvolvimento e formação do bom leitor e que esse
percurso da leitura precisa ser bem trabalhado pela escola até o final do Ensino Médio.

Os alunos estão chegando e saindo do Ensino Médio com imensas dificuldades de leitura e
interpretação de textos, o que fica mais evidente quando se vê que as aulas de Língua Portuguesa
privilegiam o ensino da gramática e não o da leitura. A abordagem do texto literário em sala de aula,
geralmente, dá-se somente com o modelo proposto pelo material de referência utilizado pela escola
(livro didático ou material apostilado) e se restringe a análise de fragmentos de textos e a pretexto
para o ensino da gramática ou de produção textual.

Objectivo geral
 Conhecer estratégias que o professor poderá utilizar em sala de aula para despertar o
interesse do aluno.
Objectivos específicos
 investigar algumas estratégias que o professor poderá utilizar em sala de aula para
despertar o interesse do aluno em iniciar e concluir as leituras de fruição nas aulas de
Literatura.
 Identificar métodos e estratégias que o professor poderá utilizar em sala de aula para
despertar o interesse do aluno.

Metodologia usada
Na abordagem do presente trabalho de pesquisa utilizei: manuais, artigos entre outros manuais que
falam do tema a ser pesquisado. Tendo m conta Bibliografias actualizadas.
Concepções de leitura e literatura
A reflexão sobre a formação do leitor consiste na noção sobre a responsabilidade da
escola sobre em como ela atua no desenvolvimento do processo da leitura, em especial, da
Literatura. Se o objetivo do ensino é desenvolver no aluno as competências leitoras
necessárias para que ele acesse esse universo da arte, então, a leitura da Literatura é condição
fundamental para que se alcancem todos os objetivos da formação leitora adequada. A escola
assim é a responsável pelo conjunto de ferramentas que possibilite a revelação desse mundo
imaginário e a constituição de uma compreensão leitora para a vida.

Nesse sentido, Silva (2020) alega que é necessário oferecer ao aluno diversos
textos, tanto os que estejam próximos de sua realidade, quanto os que estão distantes do seu
universo de entorno, da sua realidade social e histórica, pois assim é que se constrói uma
identidade leitora que objetiva a libertação da alheação. O contato com diferentes mundos e
vivências através de obras diversificadas abrirá caminho para uma reformulação de conceitos
que resultará em uma nova visão sobre as coisas próximas e sobre o mundo. Nessa relação,
“o ser humano, que vive em sociedade, age motivadamente, transformando o meio, os outros
e a si mesmo, a Literatura está no centro deste movimento” (BEDÊ, 2020, p. 03).

Ela é uma das manifestações da arte, e enquanto uma criação humana deve
oferecer sentidos para compreensão da vida.Para Kleiman (2004), no âmbito escolar, ou o
texto é visto como depósito de mensagens ou é visto como um conjunto de elementos
gramaticais. Dificilmente, a leitura é diferente de acordo com o gênero textual que está sendo
trabalhado. As especificidades de cada gênero, em especial o gênero literário, muitas vezes,
são colocadas de lado, mediante perguntas e respostas utilitaristas que seguem modelos pré-
estabelecidos.

Quanto ao texto literário, este tem uma linguagem específica, a conotativa. Em


relação à linguagem literária, percebe-se que, devido ao pequeno trabalho com ela, os
adolescentes e jovens apresentam muitas dificuldades na compreensão. Esse fato
simplesmente reflete a falta de conhecimento das especificidades do texto literário e deixa
evidente a abordagem tradicional e autoritária da Literatura e da leitura literária.

A falta de familiaridade por parte dos alunos e de muitos professores com o texto
literário está pautada na falta de reflexão sobre a natureza da literatura, seu caráter ficcional,
poético e artístico. O ensino de Literatura merece ser repensado, tanto em seu viés histórico
quanto ideológico, e desvinculado de práticas pedagógicas que apresentem receitas e modelos
que não levam em consideração o caráter específico da linguagem que está sendo trabalhada.

A Literatura, apesar do tratamento escolarizado dado a ela, precisa ser vista como
fenômeno artístico, carregada de valores, crenças, ideias e pontos de vista de seus autores,
que buscam enriquecer as experiências dos leitores que os leem. O ensino da literatura
precisa ser prazeroso e dedicado à formação humana do aluno, através da percepção da
função poética da linguagem, que recria e retrata problemas humanos universais em um
trabalho que esteticamente transgride o nosso cotidiano.

“A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos


torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante” (CANDIDO,
1995: 249).

Kleiman (2004b) discute que o ensino de leitura pode ser viável se não privilegiar
uma única leitura autorizada. Destacando-se como uma proposta coerente, temos o ensino de
estratégias de leitura e o desenvolvimento de habilidades linguísticas, características de um
bom leitor. Desse modo, partindo de um modelo de leitor, o professor modelaria e exercitaria
no aluno estratégias de leitura, com o intuito de desenvolver as competências leitoras nesse
indivíduo.

Seguindo essa perspectiva, é importante que, em uma aula de leitura, o professor


faça levantamentos sobre o texto a ser trabalhado a partir de conhecimentos prévios do seu
público, destacando para seus alunos que eles precisarão utilizar estratégias diferentes para a
leitura e a compreensão de textos literários.

A seguir, destacamos algumas estratégias e modos de se trabalhar o texto literário em sala de


aula. A reunião de algumas estratégias didático-metodológicas não exclui a prática de outras
tanto o quanto viáveis.

Estratégias didático-metodológicas
Há algumas estratégias e metodologias que podem fazer com que os alunos se sintam
confortáveis com a leitura do texto literário e desenvolvam, a partir de leituras feitas na
escola, o gosto pelo literário e o potencial crítico e reflexivo necessários para o
desenvolvimento do gosto e do refinamento estético.

Acima de toda e qualquer estratégia está o gosto leitor do professor. O professor,


enquanto leitor, precisa ser assíduo a este hábito e precisa conhecer um vasto repertório de
autores e textos que sirvam para a faixa etária com a qual trabalha. Muitas pesquisas apontam
que, no trabalho realizado em sala de aula, as concepções de transmissão e repetição de
conteúdos ainda são o centro de todo o trabalho. Além disso, muitos professores demonstram
pouco conhecimento da produção literária para crianças e jovens e, portanto, não utilizam
esses materiais de leitura em seu cotidiano.

Para Aguiar e Bordini (1993: 34), “o esvaziamento do ensino de literatura se acentua,


portanto, não só pelo pequeno domínio do conhecimento literário do professor, mas também
pela falta de uma proposta metodológica que o embase”.

Segundo Geraldi (2004), o sucesso da leitura teria como primeiro passo trazer para a
escola o prazer de ler e o respeito aos conhecimentos e leituras anteriores do aluno. É
importante que se reconheça que nenhum leitor inicia o seu percurso a partir dos clássicos, o
que significa que os professores devem instigar seus alunos a fazerem o maior número de
leituras possíveis, mesmo que eles ainda não correspondam a todas as expectativas do
professor.

Silva (2003: 103) afirma que, o ensino de leitura sempre pressupõe três fatores: as
finalidades, os conteúdos (textos) e as pessoas envolvidas no processo, ou seja, as
características dos alunos e da turma a ser trabalhada. Sem a presença desses três fatores, o
trabalho com a leitura / literatura corre o risco de se tornar vazio ou um “receituário” em que
se repetem esquemas já prontos.

Desse modo, o trabalho com o texto literário passa pela constituição histórica da
Literatura, suas obras e composições, e as figuras do professor e do aluno. Para tanto, é
preciso que o ensino coloque tanto o aluno quanto o professor em contato com os textos
literários, de modo que eles possam refletir e recriar a linguagem literária, facilitando a
formação de novos horizontes.

Sabemos da realidade educacional e também das dificuldades que o professor


encontra para diversificar suas aulas, no entanto, para amenizar este problema, a formação
continuada e a constante atualização ainda são as principais armas dos professores

Rildo Cosson, em Letramento literário: teoria e prática, de 2006, apresenta a


professores dois modelos de sequências: uma básica (para o Ensino Fundamental) e uma
expandida (para o Ensino Médio). Além das duas sequências, o autor fundamenta sua
pesquisa em três técnicas:
Técnicas de leitura de textos literários segundo Rildo Cosson
 a técnica da oficina;
 a técnica do andaime e
 a técnica do portfólio.

A primeira direcionada para o modo e lugar como os textos serão apresentados; a


segunda para a troca de conhecimentos entre professor e aluno; e a terceira para o registro das
observações e atividades. As três técnicas apresentam-se válidas para a interação entre aluno -
texto literário – professor, pois possibilitam o diálogo e a troca de experiências entre os
envolvidos.

A sequência básica compreende quatro etapas:


a) Motivação (preparação do aluno para a leitura do texto literário);
b) Introdução (apresentação do autor e da obra);
c) Leitura (acompanhamento da leitura por parte do aluno e do professor);
d) Interpretação (construção coletiva, por parte de alunos e professores, do sentido do
texto).

A etapa da interpretação é vista como resultado das etapas anteriores e, para Cosson
(2006: 65), na escola é preciso compartilhar a interpretação e ampliar os sentidos construídos
individualmente. A razão disso é que, por meio do compartilhamento de suas interpretações,
os leitores ganham consciência de que são membros de uma coletividade e de que essa
coletividade fortalece e amplia seus horizontes de leitura.

A sequência expandida tem as mesmas etapas da sequência básica. No entanto, na


expandida há dois momentos de interpretação. O primeiro é a compreensão global dos textos,
incluindo alguns aspectos formais e o segundo é o aprofundamento de um dos aspectos do
texto que seja necessário para os propósitos do professor.

Na fase de expansão da sequência, Cosson (2006) enfatiza a importância de se


destacar os processos de intertextualidade, explorando os diálogos possíveis com outras
obras, tanto as que a precedem quanto as que lhe são posteriores.

Também temos o Método Recepcional, desenvolvido por Aguiar e Bordini (1993), e


descrito no livro Literatura: formação do leitor: alternativas metodológicas. Este método
encontra-se baseado na Estética da Recepção, de Jauss (1994) e exige que, por um lado, o
professor esteja preparado para selecionar textos referentes à realidade do aluno e, ao mesmo
tempo, romper com ela; e, por outro, aponta para a importância do desenvolvimento da
capacidade de refletir sobre a literatura e seus fatores estruturais.

Cinco as etapas de desenvolvimento do Método Recepcional:


a) Determinação do horizonte de expectativa;
b) Atendimento ao horizonte de expectativa;
c) Ruptura do horizonte de expectativa;
d) Questionamento do horizonte de expectativa;
e) Ampliação do horizonte de expectativa.

Na última fase do processo, os alunos tomam consciência das alterações e aquisições


obtidas através da experiência com a literatura. O final dessa etapa é o início de uma nova
aplicação do método, que evolui, sempre permitindo aos alunos uma relação mais consciente
com a literatura e com a vida.

Outra proposta também fundamentada na Estética da Recepção, de Jauss (1994), é a


encontrada no livro Literatura na escola: propostas para o ensino fundamental, de Juracy
Assman Saraiva e Ernani Mügge (2006). Essa metodologia foi desenvolvida com base no
relato e na capacitação de alunos e professores e, segundo seus autores, foi legitimada pelo
público formador e leitor, antes de ser definitivamente esquematizada.

Etapas de desenvolvimento do Método da Recepção de Jauss


Sua sequência não é muito diferente das duas anteriormente descritas e consiste em:

a) Leitura compreensiva (leitura inicial do texto e análise de sua expressão e de seu

conteúdo);

b) Leitura interpretativa (confronto das leituras e impressões da primeira etapa; momento


em que se sobrepõe a leitura do texto e a experiência do leitor);
c) Etapa de aplicação (extrapolação do significado do texto literário, relacionando-o com
outros textos, outras épocas e outras condições sociais).
Conclusão
O trabalho com textos literários em sala de aula não deve acontecer de forma
aleatória, sem objetivos definidos, e centrado somente na figura do professor. Existem
alternativas para a leitura prazerosa do texto literário em sala de aula. Basta professores e
alunos estarem dispostos a buscá-las.

A Literatura prevê a liberdade do homem e o seu poder de criação criativa. Dar ao


nosso aluno a possibilidade de trabalhar com essa forma de expressão artística é abrir os
olhos para o mundo a nossa volta e valorizar o conhecimento de mundo de nosso aluno, que
não vem à escola como uma página em branco, mas com uma história, um modo de vida, um
sentido pré-concebido para suas experiências. Fazer com que esse aluno respeite as suas
formas de pensar é um dos passos para que ele desenvolva estratégias próprias de
compreensão da leitura e da literatura.
Referências
 AGUIAR, Vera Teixeira de; BORDINI, Maria da Glória. Literatura: a formação do
leitor: alternativas metodológicas. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.
 CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: Vários escritos. 3. ed. revista e
ampliada. São Paulo: Duas Cidades, 1995. p. 235-263.
 COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.
 GERALDI, Wanderley João (org.). O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 2004.
 JAUSS, Hans Robert. A história da literatura como provocação à teoria literária.
Tradução de Sérgio Tellaroli. São Paulo: Ática, 1994.
 KLEIMAN, Ângela B. Leitura: Ensino e pesquisa. São Paulo: Pontes, 2004.
 ––––––. Oficina de leitura: Teoria e Prática. São Paulo: Pontes, 2004b.
 SARAIVA, Juracy Assman; MÜGGE, Ernani; et al. Literatura na escola: propostas
para o ensino fundamental. Porto Alegre: Artmed, 2006.
 SILVA, Ezequiel T. da. Leitura na Escola e na Biblioteca. São Paulo: Papirus, 2003.

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