Tese Zanchetta Fabio
Tese Zanchetta Fabio
Tese Zanchetta Fabio
FÁBIO ZANCHETTA
São Carlos
2017
Sistema de Gerência de Pavimentos Urbanos: Avaliação de
Campo, Modelo de Desempenho e Análise Econômica
Fábio Zanchetta
São Carlos
2017
Este não é o fim, nem mesmo o
começo do fim. Mas este é o fim do
começo.
Winston Churchill
AGRADECIMENTOS
Ao orientador professor José Leomar, por toda essa longa jornada desde o
mestrado. São muitos anos de amizade, risadas e muito trabalho duro também. Só
não vimos o Palmeiras ser campeão mundial. A vida profissional muitas vezes
limitou o tempo dedicado à tese, mas o prazo alongado favoreceu o
amadurecimento e permitiu enriquecer as análises devido ao incremento de dados
disponíveis.
As vias pavimentadas se deterioram com o passar do tempo, por ação das cargas do tráfego
e das intempéries. Por isso necessitam de intervenções (atividades de Manutenção e
Reabilitação – M&R). No Brasil é mais comum que sejam realizadas apenas operações tapa-
buracos e recapeamentos. São soluções sem eficiência técnica ou econômica. Uma
alternativa mais racional e já em uso em países desenvolvidos é um Sistema de Gerência de
Pavimentos Urbanos – SGPU. Os objetivos desta tese são apresentar uma propostas para
avaliação da condição de vias urbanas com base na identificação dos defeitos da superfície
do revestimento, um modelo de previsão de desempenho de vias urbanas com base em séries
históricas obtidas no Município de São Carlos e uma análise econômica com a simulação de
diferentes cenários para diferentes opções de M&R. Ainda como objetivos desta tese estão a
apresentação das vantagens de utilizar um Sistema de Informações Geográficas – SIG, em
uso no SGPU do Distrito Federal. Com base nos resultados encontrados, pode-se inferir que
a avaliação de campo pode ser mais eficiente se forem considerados menos defeitos e os
critérios de severidade e extensão forem fixados, com menos critérios subjetivos do avaliador.
Considerando-se as estratégias de M&R adotadas pela Prefeitura Municipal de São Carlos e,
ainda, de acordo com as avaliações de campo, pôde-se verificar que os pavimentos
necessitam de Reforço Estrutural após 6 anos da sua construção. Os custos de manutenção,
ao longo do tempo, são influenciados pela escolha da M&R a ser aplicada na preservação
das vias e, também, pela época em que são realizadas, sendo as manutenções preventivas
menos onerosas. Nos Estados Unidos, por exemplo, particularmente na cidade de San
Antonio, Texas, são realizadas manutenções preventivas e, nas corretivas, há rigoroso
controle de qualidade, o que não se verifica nas cidades brasileiras. Um SGPU possui critérios
de análise de dados que, aliados ao Sistema de Informações Geográficas – SIG, garantem
clareza na apresentação dos resultados, tanto em mapas temáticos quanto em gráficos e
planilhas. Os relatórios no padrão SGPU possibilitam solicitar recursos federais e
internacionais para manutenção viária, como o Programa Asfalto Novo do DF, que obteve, no
ano de 2013, R$565 milhões para a pavimentação urbana. Em simulação de diferentes
cenários de M&R, pôde-se concluir que a opção por tapa-buracos e recapeamentos é mais
de duas vezes mais onerosa e mantém o pavimento em condição inferior ao que é possível
com base nas técnicas de SGPU. Portanto, um SGPU proporciona benefícios
socioeconômicos para toda a sociedade, com vantagens no médio e longo prazo e, ainda,
mantém as vias em melhor condição.
ABSTRACT
The paved roads deteriorate over time, due to traffic loads and bad weather. Therefore, they need
interventions (Maintenance and Rehabilitation activities - M & R). In Brazil, it is more common to carry
out only hole-hole operations and resurfacing. They are solutions without technical or economic
efficiency. A more rational alternative already in use in developed countries is an Urban Pavement
Management System - UPMS. In this thesis proposals are presented for the evaluation of urban road
conditions based on defects of the surface of the coating, a performance prediction model and an
economic analysis with the simulation of different scenarios for different M & R options. Data were
analyzed from the Municipality of São Carlos, in the State of São Paulo and the Distrito Federal - DF.
Based on the results, it can be inferred that the field evaluation can be more efficient if less defects are
considered and the criteria of severity and extension are fixed, with less subjectivity on the part of the
evaluator. Considering the M & R strategies adopted by the municipal government of São Carlos and
also, according to the field evaluations, it was possible to verify that the pavements have a useful life of
6 years. The maintenance costs, over time, are strongly influenced by the choice of M & R to be applied
in the preservation of roads and also by the time in which they are carried out. In the United States, for
example, preventive maintenance is carried out and, in the correctives, there is strict quality control,
which is not the case in Brazilian cities. An UPMS has data analysis criteria that, together with the
Geographic Information System - GIS, guarantee clarity in the presentation of results, both in thematic
maps and in charts and spreadsheets. The reports in the UPMS standard make it possible to request
federal and international resources for road maintenance, such as the DF Asphalt New Program, which
obtained R$ 565 million for urban paving. In the simulation of different M & R scenarios, it was concluded
that the option to cover holes and resurfacing is more than twice as expensive and keeps the pavement
in a lower condition than is possible based on SGPU techniques. Therefore, an SGPU confers socio-
economic benefits for the whole society, with advantages in the medium and long term, and also keeps
the roads in better condition.
Key words: Urban Pavements; Field Evaluation; Prediction Model; Economic Analyses;
Management Systems.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 19
1.1 Justificativa .................................................................................................... 20
3.6 Origem dos Dados com Base no SGPU do Distrito Federal ...................... 83
3.7 Origem dos Dados da Cidade de San Antonio, Texas, Estados Unidos ... 93
4.2 Análise dos dados de uma amostra de 220 segmentos avaliados em 2003,
2005 e 2007 no município de São Carlos ........................................................... 99
4.3 Considerações sobre procedimentos para avaliação da condição das vias
pavimentadas em áreas urbanas ..................................................................... 104
4.6 Atividade de M&R em São Carlos/SP e San Antonio, Texas, EUA .......... 137
5.2 Dados referentes aos estudos para apoio à decisão para uma licitação de
manutenção preventiva e corretiva. ................................................................ 174
5.3 Estudo de caso – Região Administrativa Brasília - Plano Piloto ............. 182
5.4 Efeitos do Programa Asfalto Novo nas Vias do Distrito Federal ............ 201
1. INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa
O aumento da frota de veículos e da demanda por vias que ofereçam qualidade não
é acompanhado por investimentos na ampliação e manutenção da malha
pavimentada urbana nas cidades brasileiras. Devido a falta de legislação específica
para a gerência de pavimentos urbanos no Brasil e, com isso, a consequente
deficiência no planejamento das atividades de M&R, o uso dos limitados recursos
21
1.2 Objetivos
2 Definir um modelo para previsão do desempenho das vias urbanas com base
em séries históricas da malha pavimentada do município de São Carlos/SP que seja
facilmente adaptável a outros municípios brasileiros.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
lo. Entretanto, um aplicável controle da rede viária pode ser estabelecido sem
considerar todos os detalhes da estrutura da agência (HUDSON et al, 1992).
Nas prefeituras municipais do Brasil é mais comum que sejam considerados apenas
os custos iniciais para construção ou manutenção das vias. Essa atitude pode
conduzir a administração pública a tomar decisões que tem pouca eficiência
econômica, ou seja, adotar soluções com pouca durabilidade e precoce necessidade
de investimentos adicionais. Enquanto a mentalidade dos administradores públicos
não evoluir para um conceito de análise de toda vida útil dos pavimentos e não apenas
tomar decisões com base nos custos iniciais, as cidades brasileiras podem continuar
com vias de tráfego em condições ruins. A melhor opção é utilizar um sistema
organizado de tomada de decisões com base na estrutura de um SGPU.
Ainda de acordo com Papet (1992), foi enviado questionário aos estados para verificar
o progresso em relação a implementação do SGP. Um dos mais importantes
elementos necessários para um aceitável SGP é o inventário. Os tipos de serviços de
manutenção e reabilitação (M&R) realizados pelas agências incluem, em sua maioria,
26
Conforme apresentado por Carey e Irick (1960), durante as décadas de 1950 e 1960
foi realizado nos Estados Unidos o AASHO (American Association of State Highway
Officials) Road Test, o maior programa de pesquisa rodoviária até então – 27 milhões
de dólares. A partir de pistas experimentais foi observado o desempenho de vários
tipos de estruturas de pavimentos e surgiu a preocupação em manter e gerenciar as
vias.
O AASHO Road Test foi planejado entre 1951-1954. Teve o início dos trabalhos
topográficos entre 1955-1956. A pista experimental foi construída entre 1956-1958. O
monitoramento dos trechos ocorreu entre 1958-1960. A partir de 1961 foram
publicados seus resultados.
Durante as décadas de 1970 e 1980, nos Estados Unidos, houve dificuldade para os
organismos rodoviários implantarem sistemas de gerência de pavimentos. Os
principais desafios eram institucionais (pessoas e procedimentos). É atribuído às
questões institucionais o insucesso de várias tentativas de implantação de SGP, com
recomendação de muita atenção a este item (AMEKUDZI e ATTOH-OKINE, 1997).
27
São raras as parcerias entre governo e centros de pesquisa, mas um exemplo positivo
foi a parceria entre a Prefeitura Municipal de Anápolis, no estado de Goiás, e a
EESC/USP, que desenvolveram e implementaram um Sistema de Gerência de
Pavimentos Urbanos. O processo foi longo e cheio de dificuldades. Os assuntos
institucionais representaram barreira e merecem especial atenção (DE OLIVEIRA,
2013).
Um SGP deve ser capaz de ser utilizado ao todo ou em parte por vários níveis da
gerência na tomada de decisão, considerando-se projetos individuais e a rede
completa. Todo tipo de decisão deve ser considerada por um genérico SGP, incluindo
aquelas relacionadas às necessidades de informação, de melhorias para a rede como
um todo, capital necessário, programação das atividades, pesquisa, dimensionamento
de projeto, construção e manutenção, monitoramento etc. Todos os componentes de
um SGP são essenciais mas não precisam estar ativos ao mesmo tempo (HUDSON
et al, 1992).
A Figura 2.1 mostra que as intervenções no pavimento aumentam sua vida útil, e que,
sem manutenção adequada, a serventia diminui cada vez mais rápido e o custo é bem
maior quando de uma intervenção. Serventia pode ser definida como a capacidade de
um pavimento servir ao tráfego naquele instante.
Figura 2.1: Índice de serventia ao longo do tempo ou com o tráfego acumulado. Fonte: Haas
et al. 1994.
Outros estados dos EUA possuem seus SGP bem documentados. O estado de Nova
Yorque, por exemplo, fez a comparação de duas formas de manter o pavimento. O
período analisado foi de 24 anos. Na primeira alternativa seriam feitas manutenções
preventivas com preenchimento e selagem de trincas nos anos 4, 8, 16 e 20, e uma
camada de reforço estrutural em concreto asfáltico com espessura de 4cm nos anos
32
Com procedimentos simples e de relativo baixo custo como selar trincas ou aplicar
camadas como lama asfáltica pode-se proteger a estrutura do pavimento da infiltração
de águas das chuvas com postergação do surgimento de panelas. O resultado pode
ser a economia de recursos financeiros aos cofres públicos municipais ao longo dos
anos. Ao mesmo tempo pode manter a malha viária em melhor condição para os
usuários. Parece bastante óbvio mas não é o que se verifica nos pavimentos urbanos
no Brasil.
Tabela 2.1: Orçamento de São Carlos e investimentos em manutenção de vias ao longo dos
anos. Fonte: Autor.
ORÇAMENTO EM
ORÇAMENTO % DO TOTAL EM
ANO MANUTENÇÃO
TOTAL MUNICÍPIO PAVIMENTAÇÃO
VIÁRIA
2006 7.506.999,00 148.393.361,74 5,06
2007 8.856.500,00 170.174.549,36 5,20
2008 12.515.000,00 253.691.959,47 4,93
2009 15.603.888,88 295.230.519,07 5,29
2010 29.090.700,00 609.647.925,56 4,77
2011 45.468.145,87 412.117.446,19 11,03
2012 3.507.210,00 463.121.800,00 0,76
2013 4.332.599,00 549.924.194,09 0,79
2014 3.000.000,00 517.181.167,55 0,58
2015 28.537.102,61 584.430.660,84 4,88
2016 12.615.408,17 573.355.256,34 2,20
com prejuízos para a população, que percebe a condição da malha viária se deteriorar
e, pior, dependente de operações tapa-buracos e de recapeamentos. De modo
complementar ao orçamento do município, houve R$2.195.625,00 em convênios com
o Ministério das Cidades por meio da Caixa Econômica Federal, Programas Sociais.
No ano de 2012, pela mesma origem de recursos, São Carlos recebeu
R$4.446.300,00, porém, esses recursos dependem de movimentos políticos e nem
sempre são possíveis de serem obtidos. Muitas vezes o alinhamento político entre
Prefeitura Municipal e Governo Federal pode influenciar a liberação de recursos. Os
valores podem ser verificados no site Portal da Transparência do Governo Federal,
em “Convênios”. A consulta foi realizada em 16/04/2017
(http://www.portaltransparencia.gov.br/convenios/consultam.asp?fcod=7079&fuf=sp&
forgao=00&fconsulta=0).
Nas Figuras 2.2 e 2.3 são apresentados dois gráficos que ilustram a variação dos
investimentos em manutenção viária e o orçamento total do município de São Carlos.
Pode-se verificar que há grandes picos de investimentos em M&R viária como nos
anos de 2010, 2011 e 2015, ao contrário dos valores do orçamento total que
apresentam um crescimento quase linear, com exceção do ano de 2010 que
apresentou um grande salto no valor total do orçamento.
O orçamento para M&R chegou a 45 milhões de reais no ano de 2010 e sequer chegou
a 5 milhões de reais nos três anos seguintes. Os anos que precedem eleições
municipais, 2011 e 2015, apresentaram valores disponíveis para pavimentação bem
superiores aos demais anos pós eleições. Esta é uma evidência da influência política
na área técnica.
Figura 2.2: Orçamento total do Município de São Carlos ao longo dos anos. Fonte: Autor.
Figura 2.3: Orçamento para M&R viária em São Carlos ao longo dos anos. Fonte: Autor.
O inventário da rede viária deve conter informações cadastrais das vias, tais como as
características geométricas das vias, com comprimentos e larguras, idade (ou ano de
construção), estrutura do pavimento, histórico de manutenções, se é rota preferencial
36
(ônibus e/ou ambulâncias), classe funcional, localização entre outros. Hansen (2008)
destaca a importância do inventário como ponto de partida para acompanhamento do
desempenho dos pavimentos e compreensão dos mecanismos de deterioração.
De acordo com Clark e Moore (1992), com base nas avaliações de campo de um SGP
é possível gerar relatórios, formular, justificar e explicar o programa em nível de rede
e as decisões de investimento. O pavimento pode ser avaliado por diversos
parâmetros, tais como qualidade de rolamento, capacidade de suporte de sua
estrutura, defeitos presentes em sua superfície ou ainda em função da textura de sua
superfície.
Segundo Baladi (1992), cada defeito é causado por uma ou mais variáveis, (por
exemplo, mistura asfáltica, drenagem, ambiente, carregamento) que, quando
conhecidas, fornecem grande compreensão das causas da deterioração das vias
pavimentadas. Para cada tipo de pavimento, o próprio programa de manutenção, em
seu procedimento de avaliação, deve incluir a identificação do tipo, severidade e
extensão de cada defeito bem como os problemas de drenagem (por exemplo, água
parada na vala de drenagem). Essas informações podem ajudar o organismo
rodoviário a determinar a provável causa da deterioração do pavimento e selecionar
a melhor alternativa de manutenção e reabilitação - M&R.
De acordo com Lee (1992), desde o AASHO Road Test foram publicados alguns
manuais para identificação de defeitos no pavimento. Cada estado (nos Estados
Unidos) desenvolveu seu próprio procedimento de avaliação. Em 1979, em um
esforço para promover uma padronização, o FHWA desenvolveu um manual de
identificação de defeitos. Tempos depois o Strategic Highway Research Program –
SHRP publicou um manual de identificação de defeitos. Ambos manuais ilustram a
extensão e severidade de vários tipos de defeitos, com fotos.
A DNIT 007/2003 PRO cancela e substitui a DNER ES 128/83. Está voltada para a
gerência de pavimentos e estudos e projetos, fornecendo formulários bastante
detalhados para anotação dos defeitos presentes na superfície. A área de avaliação
é constituída por amostras da seção, usa uma treliça padrão de alumínio para medição
de flechas na trilha de roda e considera que um engenheiro faça a avaliação.
Esta pesquisa procura elaborar uma sistemática simples que mantém a qualidade da
avaliação para gerenciar vias em nível de rede. A proposta é que um técnico possa
realizar as avaliações, diminuindo os custos em relação a uma avaliação que
necessite recursos humanos mais qualificados, como engenheiros, por exemplo. O
papel do engenheiro será transformar os dados em informações, mas não
necessariamente coletar dados.
A especificação DNIT 008/2003 PRO, que foi concebida para avaliar pavimentos
rodoviários, consiste no Levantamento Visual Contínuo - LVC, em que uma equipe
constituída de no mínimo dois avaliadores e um motorista percorre um trecho para
“calibragem” e, após essa etapa, avaliam o pavimento previamente dividido em
trechos homogêneos - subtrecho de 1km de extensão preferencialmente. A nota final
de cada trecho é a média aritmética da nota dos avaliadores. Nesse caso, a avaliação
45
A especificação DNIT 009/2003 PRO aplica o conceito da serventia atual para avaliar
subjetivamente pavimentos flexíveis ou semirrígidos. A avaliação indica o grau de
conforto e suavidade ao rolamento oferecido pelo pavimento. Nesse caso, um grupo
de avaliadores emite suas opiniões sobre a condição da rodovia, considerando-a de
tráfego pesado e que o trajeto terá duração de cerca de oito horas.
Sem dados de entrada confiáveis, os dados de saída de um SGP podem ser inúteis.
As avaliações de campo podem ser feitas com planilhas de papel, computador portátil
(palm top ou tablet), ou de maneira automatizada com um veículo instrumentado.
Coletar muitos detalhes pode ser muito inconveniente ou pode não ser necessário
para a maioria das atividades de um SGP em nível de rede (LEE, 1992).
De acordo com Baladi (1992), o uso dos dados da avaliação dos pavimentos depende
de seus detalhes, qualidade e acurácia, determinando o seu uso em nível de rede ou
de projeto. Dados mais grosseiros podem não ser suficientemente acurados para
serem usados em nível de projeto mas sim em nível de rede.
Após ser escolhido algum dentre os tipos de índices (itemizado, combinado ou geral),
o método de calculá-lo deve ser compatível com a política e os objetivos da
administração e deve estar de acordo com os critérios de engenharia. Para esta tese,
o indicador que representa a condição da superfície das vias pavimentadas foi um
Índice Combinado de Defeitos, especificamente o Índice de Condição do Pavimento –
ICP, com base no Pavement Condition Index - PCI.
De acordo com Wang e Smadi (2011), em estudos realizados nos Estados Unidos, a
prática corrente para obter dados da condição do pavimento é examinar imagens da
superfície, seja manualmente ou com auxílio de equipamentos computacionais. A
47
A deformação na trilha de roda pode ser obtida com equipamentos de medição a laser
tipo transversal ou outra metodologia a laser com base na aquisição multiponto. O
desafio remanescente é identificar outros defeitos, como trincas. Atualmente, de
acordo com os estudos de Wang e Smadi (2011), a metodologia predominante nos
Estados Unidos e Europa é obter imagens 2-D e processá-las com algoritmos
computacionais. Na França, por exemplo, são realizadas filmagens em filmes de
35mm que são posteriormente digitalizadas para o processamento computacional.
Para Lee (1992), é importante haver padronização nas avaliações e definição dos
defeitos para viabilizar a troca de informações entre diferentes agências. Considera
que as trincas são os defeitos da superfície dos pavimentos mais importantes a serem
avaliados e as divide em três categorias. Trincas por fadiga, trincas em linha
(longitudinal ou transversal) e trincas irregulares. No departamento de transportes do
estado de Washington (WSDOT), a avaliação é bienal e toda a rede é avaliada desde
1969. O defeito mais frequente foram as trincas. A avaliação é visual. Os principais
fatores que influem na acurácia da avaliação visual de defeitos são:
Ainda de acordo com Lee (1992), o WSDOT conduziu pesquisa em que foram
avaliados 112 segmentos em rodovias estaduais, por três avaliadores. Foi realizado
treinamento de uma semana promovido pelo WSDOT. Foram avaliadas as trincas por
48
o segmento a ser avaliado deve ser curto o suficiente para que o avaliador
possa estimar razoavelmente a extensão dos defeitos;
deve ser esperado dos avaliadores que considerem apenas defeitos com
severidade suficiente para serem observados por qualquer condição em campo
(com ou sem chuva, a pé ou dentro de veículo);
o número de categorias de severidade e extensão deve ser reduzido para
aumentar a consistência dos avaliadores;
categorias de severidade e extensão que raramente são usadas podem ser
removidas do formulário. Categorias de trincas que raramente são usadas
pelos avaliadores podem ser excluídas do formulário de campo;
o SGP padrão deve usar dados padrão que possam ser facilmente verificados
para sua validade; e
o procedimento de coleta e análise automatizada de trincas deve ser usado
como padrão para medidas de defeitos nos pavimentos.
processamento de imagem
ondas eletromagnéticas
nuclear
a laser
ondas ultrassônicas
mais importantes usos do modelo de previsão é para analisar “o que fazer se” e
estudar os efeitos de várias alternativas de M&R na condição futura do pavimento.
É necessário que os dados sejam filtrados de erros para que o modelo funcione.
Portanto, devem ser usados dados de entrada altamente confiáveis, o que pode ser
alcançado mais facilmente com valores fixos e padronizados de ICP em função de
severidade e extensão.
De acordo com Harper e Majidzadeh (1992), um SGP deve ser capaz de prever a
condição futura do pavimento assim como a melhoria que resulta de uma opção de
51
No estudo de caso desta tese, no município de São Carlos-SP, os dados que podem
ser coletados em campo são a Classe Funcional (de acordo o volume de tráfego), os
defeitos presentes na superfície do revestimento asfáltico, a partir dos quais é possível
calcular o ICP.
Os exemplos acima são para pavimentos rodoviários e usam como dados de entrada
informações estruturais, dados de tráfego e idade, que raramente estão disponíveis
em áreas urbanas.
Portanto, para esta tese é utilizado como critério de verificação de desempenho uma
série histórica de dados de avaliações da condição da superfície das vias, cujo
indicador de qualidade é o Índice de Condição do Pavimento, obtido a partir de
avaliações de campo, com identificação e registro do tipo, severidade e extensão dos
defeitos.
É mais comum que as prefeituras não tenham um SGPU e que apenas realizem
operações tapa-buracos e recapeamentos, que são mais onerosos se comparados às
opções de manutenção que incluem manutenção preventiva e selagem de trincas.
Lima (2007), em pesquisa de SGPU, explica que a maioria das cidades brasileiras
cresceu de forma desordenada, que há interferências de infraestrutura nas vias
urbanas, tais como abertura de buracos para obras, travessias de ligação para luz,
água, esgoto e águas pluviais. A fim de investigar o perfil da gestão das cidades
53
brasileiras, foi enviado para 106 cidades brasileiras de médio porte um questionário
sobre a presença de um SGPU e as M&R mais utilizadas. O questionário foi enviado
para os responsáveis pelos serviços de conservação dos pavimentos, entre março e
junho de 2005. Os resultados mostraram que:
30% responderam;
32% dos diretores são cargos políticos;
64% tem inventário (localização e geometria das vias);
20% tem características do pavimento (geometria da estrutura).
Por essas diferenças que se torna necessário que seja desenvolvido um SGPU, ainda
que com base em um SGP.
Paez (2015), em estudos de SGPU com dados de Brasília, no Distrito Federal, afirmou
que um SGPU deve considerar:
Recursos disponíveis (pessoal, equipamentos e orçamento);
Informação (projeto e construção, histórico das atividades de M&R);
Deve ser de fácil implantação pela agência local;
Deve ter sentido prático para o levantamento de campo;
Deve ser capaz de armazenar dados em computadores;
As metas e objetivos devem ser claros;
Os funcionários devem ter treinamento contínuo;
Os funcionários devem ser capazes de realizar levantamento de campo;
Deve-se estabelecer uma base de dados e desenvolver um modelo de previsão
de desempenho.
Ainda em Passo Fundo, foi realizada pesquisa para definir pólos geradores de
viagens, tipos e quantidades de veículos, obter matriz origem-destino (O/D), verificar
59
Enquanto as pesquisas no Brasil ainda são poucas e a prática tende a zero quando o
assunto é SGP, em países desenvolvidos, que já se beneficiam das vantagens
socioeconômicas da implantação e uso continuado da gestão racional dos
pavimentos, há, complementarmente, sistemas de gerência de equipamentos, como
apresentam Weissmann, Weissmann e Gona (2003), em relato do Departamento de
Transportes do Texas, sobre a metodologia computadorizada de substituição de
equipamentos. A análise é com base nos custos totais, que incluem o custo de
aquisição, custo de revenda, custo de reparo, custo operacional e custos indiretos.
Em uma visão ideal, podem ser incluídos a depreciação e obsolescência dos
equipamentos. Essa metodologia pode ser aplicada para toda a frota de veículos,
sejam caminhões, veículos, tratores e qualquer outro bem que possua o ciclo de vida
e os custos envolvidos estimados e modelados conforme a metodologia define.
A seguir, na Figura 2.4, são mostrados os segmentos em que serão calculados o ICP
pelo método PCI. O método PCI define que após identificados os tipos de defeitos,
deve-se anotar a severidade de cada tipo e a densidade de ocorrência. A severidade
é dividida em três níveis: alta, média e baixa. A densidade de ocorrência é a
porcentagem da área total da seção em que o defeito está presente. Cada tipo de
62
defeito terá uma densidade para cada nível de severidade. Em seguida são utilizadas
curvas para se obter o valor deduzido (Deduct Value – DV) para cada tipo de defeito
com a respectiva severidade e densidade de ocorrência.
É importante destacar que as curvas do método PCI não foram obtidas com base em
vias brasileiras, com possível necessidade de ajustes para a realidade brasileira. Os
63
valores deduzidos são somados e é encontrado o valor total deduzido (Total Deduct
Value – TDV). A próxima etapa é determinar o valor de “q”, que representa o número
de valores de dedução (DV) maiores que 5. Com o valor de “q” e o TDV, usa-se um
quadro com outras curvas de ajuste para se corrigir o valor total a ser deduzido e é
obtido o valor total corrigido (Correct Deduct Value – CDV). Por último, faz-se 100 -
CDV e o resultado é o PCI da seção.
64
65
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Introdução
Para a obtenção dos dados de São Carlos foram realizadas três avaliações de campo.
A primeira avaliação, realizada durante o ano de 2003, como parte do processo de
implantação de um SGPU no município, abrangeu toda a malha pavimentada urbana
de São Carlos, num total de 7113 segmentos, dos quais 5800 possuem revestimento
asfáltico.
Após 2003, apesar do SGPU não ter sido continuado pela prefeitura de São Carlos,
foi reavaliada uma amostra de 220 segmentos nos anos de 2005 e 2007. O objetivo
foi acompanhar a serventia das vias desta amostra para estudos de gerência de
pavimentos urbanos em programa de pós-graduação. A amostra de segmentos
avaliados nos anos de 2005 e 2007 foi selecionada de modo a contemplar vias
arteriais, coletoras e locais, com fluxo de veículos alto, médio e baixo, respectivamente
e, ao mesmo, em diferentes estados de conservação.
As avaliações do ano de 2003 foram realizadas por uma equipe de quatro avaliadores,
todos alunos de pós-graduação do Departamento de Transportes da Escola de
Engenharia de São Carlos. Antes da ida ao campo foi realizado treinamento por um
avaliador experiente, professor do departamento. As avaliações foram realizadas por
caminhamento e dentro de veículo em baixa velocidade. Nas avaliações de 2005 e
2007 houve apenas um avaliador, aluno remanescente da equipe de 2003 e um dos
autores desta tese. Durante a coleta de dados de campo em 2003 verificou-se que
avaliações em pavimentos urbanos são mais eficientes se realizadas por
caminhamento. Em coleta de dados com veículos em baixa velocidade notou-se perda
da qualidade das informações. Por esse motivo, as avaliações nos anos de 2005 e
2007 foram realizadas apenas por caminhamento.
Para o município de São Carlos, os defeitos avaliados em campo tiveram como base
o Manual de Identificação de Defeitos do Strategic Highway Research Program, SHRP
(1993), que trata de defeitos dos pavimentos rodoviários. Alguns defeitos foram
desconsiderados, como por exemplo, “desnível pista-acostamento, bombeamento,
agregados polidos e trincas transversais”, seja por serem defeitos encontrados
67
Foram avaliados os defeitos “trincas por fadiga, trincas em blocos, defeitos nos
bordos, trincas por reflexão, trincas longitudinais, remendos, panelas, deformação
permanente, corrugação, exsudação e desgaste”.
Nesta tese, a planilha de avaliação de campo utilizada para as vias de São Carlos foi
elaborada a partir de um modelo de planilha do Instituto do Asfalto, conforme Figura
3.1, e dos defeitos do programa SHRP.
Para as avaliações das vias de São Carlos, a planilha de campo a ser preenchida com
os defeitos da superfície do pavimento se baseou no critério de ponderação de
defeitos do Instituto do Asfalto. Sempre que o texto se referir às avaliações realizadas
em São Carlos com essa planilha, elas são denominadas como avaliações IA/SHRP.
68
Figura 3.1: Formulário modelo para avaliação de campo. Fonte: Instituto do Asfalto,
conforme IS 169 (1981).
Para a avaliação das vias do município de São Carlos, uma base de dados digitalizada
do mapa da cidade foi fornecida pela Prefeitura Municipal, juntamente com algumas
informações já inseridas. Foram selecionados os campos de interesse para o Sistema
de Gerência de Pavimentos Urbanos (traçado das ruas, nome das ruas, número das
69
O mapa da cidade de São Carlos foi dividido em “folhas” (Figura 3.2) para facilitar a
coleta de dados, representando uma malha de 1600m x 1000m, identificada com
letras (vertical) e números (horizontal), com a finalidade de se obter, em folhas
tamanho A4, uma escala adequada para visualização quando do levantamento de
campo, além de um melhor controle das áreas que estão sendo avaliadas e um melhor
planejamento dos deslocamentos das equipes.
Figura 3.2: Divisão em “folhas” do mapa da cidade de São Carlos. Fonte: Zanchetta (2005).
O SIG-T deve ser usado para transformar esses dados em informações, processando-
os, executando análises e realizando simulações. Com o SIG-T podem ser gerados
mapas temáticos e mostrada a evolução dos defeitos ao longo do tempo. Pode,
também, ser verificada a distribuição dos valores de ICP em toda malha pavimentada.
O SIG-T é importante para análise e simulação, além de auxiliar a visualização
espacial dos dados existentes e aqueles a serem analisados com o modelo de
desempenho.
Responsável: Data:
Na Figura 3.4 são preenchidos os campos de ICP (nesse caso, subjetivo, com valor
entre zero e cem, sendo cem para a via em excelente estado. O avaliador caminha
71
A nota de ICP subjetivo tem critérios similares aos usados na definição do PSR dos
anos 60. Após caminhar por toda a seção, o avaliador define a nota Subjetiva da
seção.
Por exemplo, o defeito panela, que possui a nota de dedução máxima igual a dez
pontos, teria cinco pontos como valor máximo a ser deduzido em função da severidade
e cinco pontos em função extensão. Com a combinação dos pontos deduzidos da
severidade e da extensão, obtém-se o total de pontos deduzidos do defeito panela. O
mesmo vale para os demais defeitos. A Equação 1 exemplifica o cálculo do ICP
objetivo.
ICP = 100 -∑ Di xSj (1)
72
onde:
A nota de ICP subjetivo é mais antiga que a nota objetiva, pois desde o AASHO Road
Test já vem sendo usada e é mais familiar aos avaliadores, tem conceitos mais
73
experimentados, ao contrário da nota de ICP objetivo, que é mais recente. Por isso é
muito importante que seja compatibilizada a nota de ICP calculado com a nota de ICP
subjetivo. Na pesquisa de Zanchetta (2005), em análise de reprodutibilidade e
repetibilidade, as notas subjetivas apresentaram correlações mais fortes do que as
correlações das notas Objetivas, o que reforça ainda mais a necessidade de aprimorar
este último tipo de avaliação.
Apesar de ser uma nota objetiva, o ICP objetivo da Figura 3.5 ainda retém um pouco
de subjetividade pois o avaliador é quem define quantos pontos serão deduzidos em
cada defeito. Essa pesquisa propõe uma planilha que reduz a subjetividade da
avaliação e procura minimizar seu efeito no resultado final.
A partir do uso da matriz de defeitos com valores fixos apresentada neste trabalho é
possível reduzir custos de avaliação e mobilizar menos funcionários, devido ao
esperado aumento na produtividade de cada avaliador. É possível, também,
74
Para obter maior uniformidade nas avaliações e nas notas de ICP Subjetivo e ICP
Objetivo foi estabelecida uma matriz (Figura 3.6) com valores fixos para todas as
combinações de severidade e extensão de cada defeito. Foi definido que um defeito
com severidade média e extensão média terá o mesmo valor deduzido quando
apresentar severidade alta e extensão baixa ou severidade baixa e extensão alta. O
limite para a soma dos pontos das células da matriz de cada defeito é 20 (vinte)
pontos. Mesmo que a soma ultrapasse esse limite, serão computados apenas 20
(vinte) pontos para cada defeito, no máximo. Assim, com 5 (cinco) defeitos, o total de
pontos a serem deduzidos permanece igual aos 100 (cem) pontos da planilha da
Figura 3.5. Caso um defeito não esteja presente na seção avaliada, o avaliador não
75
marcará nada na matriz daquele defeito e nenhum ponto será deduzido da nota inicial
(a qual vale 100 pontos). Para a extensão de cada defeito, a fim de demonstrar o
método proposto, foi definido que a área dos defeitos estimados como uma
porcentagem da área total do segmento
Severidade
B M A
Extensão B 1 5 11
M 5 11 15
A 11 15 20
Figura 3.6: Matriz de valores fixos para dedução. Fonte: Autor.
O resultado é uma matriz em que os valores são X’22 e X’32, os quais correspondem a
11 e 15 pontos respectivamente, e somam 26 pontos a serem deduzidos. Como
76
Severidade Severidade
Extensão
B X11 X12 dados de entrada B
passam pelo
M X21 algoritmo. M X’22
A A X’32
Se o defeito fosse, por exemplo, trincas por fadiga, a manutenção adequada seria
remendo. Portanto, considerando que o remendo seja bem executado, seriam
trocados 20 pontos do defeito trincas por fadiga com severidade média e extensão
média e alta por, no máximo, remendos com severidade baixa e extensão alta, com
algo em torno de 11 pontos deduzidos.
O resultado é uma redução de 9 pontos no valor do ICP. Desse modo, pode-se saber
qual o custo da M&R, seu efetivo impacto na nota de ICP e relacioná-lo ao conforto
oferecido ao usuário.
Esse procedimento facilita o cálculo do custo do pavimento ao longo de sua vida útil.
Em outra alternativa de M&R pode-se optar pelo reforço estrutural, cujo resultado é
ICP igual a 100. O ideal é o reforço estrutural, mas diante de restrição orçamentária
pode-se optar pelo remendo.
Severidade Severidade
B M A Após M&R B M A
Extensão
Extensão
B Remendos bem B
M X’22 executados nas trincas por M
fadiga
A X’32 A X’’31
Severidade Severidade
B M A Após M&R B M A
Extensão
Extensão
B Reforço Estrutural bem B
executado nas trincas por
M X’22 M
fadiga
A X’32 A
Figura 3.8: Simulação do efeito de diferentes M&R na redução do ICP. Fonte: Autor.
O mesmo raciocínio pode ser aplicado aos demais defeitos que são analisados.
Modelos de previsão da condição futura devem ser desenvolvidos, aperfeiçoados,
calibrados, alimentados e realimentados para cada defeito que compõe o ICP, porém,
os valores de referência apresentados nesta tese para o preenchimento da matriz
podem ser calibrados para casos específicos, como por exemplo, um determinado
município.
A Figura 3.9 mostra um exemplo de uso da matriz, com a avaliação dos 5 defeitos
propostos, os pontos deduzidos de cada defeito, a soma dos pontos deduzidos de
todos os defeitos e, no final, a nota de ICP resultante da diferença da nota inicial (100)
e a soma dos pontos deduzidos de todos os defeitos. Há um campo para observações,
caso necessário.
A partir de uma sistemática similar a essa é possível prever quais defeitos irão surgir
primeiro e quando irão aparecer. É possível prever quanto será necessário alocar de
recursos para as já previstas intervenções. Com a priorização das atividades
preventivas, é possível manter o nível da malha em condições aceitáveis, estendendo
a vida útil do pavimento, com custo abaixo do tradicional “primeiro o pior”. De acordo
com Zanchetta (2005), em uma amostra de segmentos avaliados em 2003, com a
planilha das Figuras 3.3, 3.4 e 3.5, o tempo médio de avaliação foi de 2min48s por
segmento.
78
É esperado que a matriz proposta, com menos campos a serem preenchidos, reduza
o tempo de avaliação e mantenha a qualidade. É necessário padronizar os dados das
avaliações de campo para que as trocas de informações entre os funcionários da
mesma agência ou de diferentes agências sejam facilitadas.
B M A
EXTENSÃO
B
M 5 11
A P.D. = 16
SEVERIDADE
REMENDOS
B M A
EXTENSÃO
B 1
M 5
A P.D. = 7
SEVERIDADE
TRINCAS POR
B M A
FADIGA
EXTENSÃO
B 11
M 5 11
A P.D. = 20
SEVERIDADE
B M A
PANELAS
EXTENSÃO
B
M
A P.D. = 0
SEVERIDADE
DEFORMAÇÃO
PERMANENTE
B M A
EXTENSÃO
B
M 11
A P.D. = 11
SOMA DOS PONTOS DEDUZIDOS ∑= 54
VALOR FINAL DO ICP (100 - ∑) ICP = 46
Observações:
Figura 3.9: Exemplo de preenchimento da planilha proposta. Fonte: Autor.
79
NF – Nada a Fazer;
MP – Manutenção Preventiva (aplicar camada de lama asfáltica);
MC – Manutenção Corretiva (fresagem de capa, pintura de ligação com RR-2C
e recomposição em CBUQ, serviço descontínuo, localizado);
RF – Reforço Estrutural (fresagem de capa, pintura de ligação com RR-2C e
recomposição em CBUQ, serviço contínuo, toda a seção);
RC – Reconstrução (fresagem de capa e demolição de estrutura de pavimento
flexível, com reconstrução da base, pintura de ligação em RR-2C e aplicação
de nova camada de rolamento em CBUQ)
Os custos dos serviços foram estimados de acordo com o custo unitário da M&R
necessária multiplicado pela área com necessidade de intervenção.
com medidas de 100m de comprimento por 8m de largura, com uma área de 800m².
A área que necessita de intervenção é uma porcentagem da área total da seção e é
função do tipo de defeito e de sua severidade e extensão. Os valores das áreas são
pré-determinados mas podem ser reavaliados e calibrados sempre que necessário.
Pode-se notar que o defeito trincas por fadiga, na Tabela 3.1, com severidade baixa e
extensão média, apresenta como solução de M&R “MP” (Manutenção Preventiva).
A área pré-definida pode ser a área total do segmento caso a M&R sugerida for MP,
RF ou RC, ou, ainda, pode ser a área do segmento que apresenta tal defeito caso a
M&R sugerida seja MC. Mesmo para MC a área de intervenção é pré-definida para
fins de estimativa de custos de raparo.
Para a definição das atividades de M&R para cada situação foram utilizados os
critérios encontrados na apostila do curso de “Conservação Rodoviária” da Escola de
Engenharia de São Carlos, publicada por Fernandes Júnior, Oda e Zerbini (2001).
O custo unitário para cada M&R apresentada nesta tese foi obtido na Tabela de
Preços Unitários do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo,
data base de dezembro de 2016 (TPU – DER/SP Dez 2016). A M&R Remendo custa
R$113,49 / m² e a M&R Reforço Estrutural custa R$ 75,92 / m². Deve ser verificado
pela administração pública caso a caso quando é economicamente melhor tapa-
buracos ou remendos em grandes áreas em comparação aos resultados obtidos pelo
reforço estrutural.
A análise para justificar a escolha da M&R deve ser com base na vida útil do pavimento
e não apenas no custo inicial. Na análise econômica é importante que não haja
sobreposição de custos de M&R no mesmo segmento de pista. Por exemplo, em um
segmento que sejam identificadas panelas com severidade média e extensão baixa,
81
Tabela 3.1: Resumo dos custos unitários e área de cada M&R em função de cada defeito.
Valores conforme TPU DER/SP Dez/2016. Fonte: Autor.
TRINCAS POR FADIGA
SEVERIDADE
BAIXA (B) MÉDIA (M) ALTA (A)
EXTENSÃO B M A B M A B M A
M&R NF MP RF MC MP RF MC RF RC
ÁREA (m²) 0 800 800 50 800 800 50 800 800
R$/m2 0 7,01 75,92 113,49 7,01 75,92 113,49 75,92 128,36
PANELAS
SEVERIDADE
BAIXA (B) MÉDIA (M) ALTA (A)
EXTENSÃO B M A B M A B M A
M&R MC MC RF MC RF RC MC RF RC
ÁREA (m²) 10 60 800 10 800 800 10 800 800
R$/m2 113,49 113,49 75,92 113,49 75,92 128,36 113,49 75,92 128,36
REMENDOS
SEVERIDADE
BAIXA (B) MÉDIA (M) ALTA (A)
EXTENSÃO B M A B M A B M A
M&R NF NF MP NF MP MP MC RF RF
ÁREA (m²) 0 0 800 0 800 800 50 800 800
R$/m2 0 0 7,01 0 7,01 7,01 113,49 75,92 75,92
DESGASTE
SEVERIDADE
BAIXA (B) MÉDIA (M) ALTA (A)
EXTENSÃO B M A B M A B M A
M&R NF NF MP NF NF MP MC MP MP
ÁREA (m²) 0 0 800 0 0 800 50 800 800
R$/m2 0 0 7,01 0 0 7,01 113,49 7,01 7,01
DEFORMAÇÃO PERMANENTE
SEVERIDADE
BAIXA (B) MÉDIA (M) ALTA (A)
EXTENSÃO B M A B M A B M A
M&R NF NF MP MC MP RF MC RF RC
ÁREA (m²) 0 0 800 50 800 800 50 800 800
R$/m2 0 0 7,01 113,49 7,01 75,92 113,49 75,92 128,36
Tabela 3.2: Composição dos serviços com base na TPU DER SP Dez/2016. Fonte: Autor.
CÓDIGO
DER/SP SERVIÇOS - TPU DER/SP DEZEMBRO/2016 UNID QUANT. PREÇOS (R$)
2
(para 1m ) P.U. P. T.
não se
NADA A FAZER (NF) aplica
Além das opções de M&R apresentadas no início do item 3.4, a Tabela 3.2 apresenta
a possibilidade de usar microrrevestimento a frio (MRF), porém, será necessário o
estudo de sua viabilidade devido à necessidade do pavimento resistir a esforços
horizontais cisalhantes, resultantes de veículos em curvas de raio curto, situação
comum em áreas urbanas e não tão comum em rodovias.
Esta tese apresenta, também, uma base de dados e informações obtidos do Sistema
de Gerência de Pavimentos Urbanos – SGPU assistido por um SIG-T da Companhia
Urbanizadora da Nova Capital do Brasil – Novacap. A Novacap é a empresa que
construiu Brasília e ainda hoje é responsável pela pavimentação em todas as vias da
área urbana do Distrito Federal. São apresentados todos os procedimentos e
84
premissas utilizados pela Novacap para aplicação de seu SGPU e, também, uma
breve descrição do sistema viário do Distrito Federal. Desde junho de 2015 o autor
desta tese é Assessor da Diretoria de Urbanização da Novacap e trabalha diretamente
com o SGPU da empresa. Os defeitos da superfície dos pavimentos registrados pelas
avaliações de campo realizadas pela Novacap são aqueles presentes no Manual de
Identificação de Defeitos do Strategic Highway Research Program – SHRP. Os
defeitos da superfície do pavimento (com estrutura flexível) considerados são:
Trincas por fadiga
Trincas em bloco
Defeitos nos bordos
Trincas longitudinais
Trincas por reflexão
Trincas transversais
Remendos
Panelas
Deformações plásticas permanentes
Corrugação
Exsudação
Agregados polidos
Desgaste
Desnível pista-acostamento
Bombeamento
Além do tipo de defeito, o manual SHRP também considera três níveis de severidade
dos defeitos e três níveis de extensão. Os níveis, tanto de severidade quanto de
extensão, variam entre baixo, médio e alto. Na Tabela 3.3 estão apresentados os 15
defeitos, características, níveis de severidade e como medir as avaliações de campo
do SGPU da Novacap no Distrito Federal, conforme Fernandes Júnior, Oda e Zerbini
(2001). É importante ressaltar que os defeitos forem quantificados exclusivamente em
função da área estimada de ocorrência, ainda que no Manual SHRP haja indicação
de registro por número de ocorrência. Essa decisão se justifica para a gerência de
vias em nível de rede, com adequada acurácia.
85
Tabela 3.3: Descrição de defeitos, severidades e como medir com base no Manual SHRP de
1993. Fonte: Fernandes Júnior, Oda e Zerbini (2001).
DEFEITO CARACTERÍSTICA NÍVEIS DE SEVERIDADE COMO MEDIR
Áreas BAIXA: poucas trincas Registrar a
submetidas a conectadas, sem erosão área afetada
cargas de tráfego nos bordos e sem (m²) para cada
Forma “couro de evidência de nível de
crocodilo” ou “tela bombeamento severidade.
de galinheiro” MÉDIA: trincas
Espaçamento conectadas e bordos
TRINCAS POR
inferior a 30cm levemente erodidos, mas
FADIGA DO
REVESTIMENTO sem evidência de
bombeamento
ALTA: trincas erodidas
nos bordos,
movimentação nos blocos
quando submetidos ao
tráfego e com evidências
de bombeamento
Trincas que BAIXA: trincas com Registrar a
dividem o aberturas média inferior a área afetada
pavimento em 6 mm ou seladas com (m²) para cada
pedaços material selante em boas nível de
aproximadamente condições severidade.
retangulares MÉDIA: trincas com
Tamanho dos abertura média entre 6 e
TRINCA EM
BLOCOS
blocos: 0,1 a 10m² 19 mm ou trincas aleatória
adjacentes com
severidade baixa
ALTA: trincas com
abertura média superior a
19 mm ou trincas
aleatórias adjacentes com
severidade alta
86
Além do ICP, é atribuído um conceito para cada segmento de pista. O conceito possui
cinco níveis, desde muito bom até muito ruim. As vias são subdivididas em cinco
categorias, porém, estão sob responsabilidade da Novacap apenas as vias arteriais,
coletoras e locais. As rodovias e as vias de trânsito rápido são de responsabilidade do
Departamento de Estradas de Rodagem - DER do Distrito Federal.
O tipo de estrutura não é determinado pelo avaliador, pois não é possível definir qual
o tipo de camada que está sob o revestimento e qual a sua espessura, ainda que seja
possível visualizar a camada de base no caso de existir uma panela no segmento.
91
Figura 3.10: Planilha de avaliação de campo – Inventário da malha viária. Fonte: SGPU
Novacap.
92
3.7 Origem dos Dados da Cidade de San Antonio, Texas, Estados Unidos
Nesta tese, além dos dados coletados no Brasil, em São Carlos e no Distrito Federal,
foi possível, também, por meio do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior –
PDSE da CAPES, ter acesso aos dados da cidade norte americana de San Antonio,
no estado do Texas, particularmente referente ao SGPU.
Na Tabela 4.1 são apresentados os defeitos encontrados nas vias de São Carlos
durante o ano de 2003. O município possuía 7.112 segmentos, dos quais 5800 com
revestimento asfáltico e são avaliados. Os demais segmentos eram em
paralelepípedo, blocos de concreto, pavimento rígido, não-pavimentado, vias
particulares de condomínios ou não estavam sob administração da Prefeitura
Municipal de São Carlos e, portanto, não foram avaliados.
Os defeitos mais frequentes são desgaste, que ocorre em 96,6% dos segmentos,
remendos, encontrados em 78,4% das vias, trincas por fadiga (38,9%) e panelas
(31,8%). Os demais defeitos estão presentes em porcentagem inferior a 20% quando
analisados individualmente. O defeito desgaste, o mais frequente (96,6%), tem pouca
interferência na qualidade das vias urbanas quando em severidade baixa ou média.
Os defeitos nos bordos estão presentes em 18,0% das vias, porém, seu mecanismo
96
Tabela 4.1: Defeitos encontrados nas vias de São Carlos em 2003. Fonte: Autor.
2003
DEFEITO
Total %
Trinca por fadiga 2.257 38,9
Trinca em bloco 58 1,0
Defeito nos bordos 1.043 18,0
Trinca longitudinal 292 5,0
Remendo 4.548 78,4
Panela 1.843 31,8
Deform. permanente 699 12,1
Corrugação 95 1,6
Exsudação 182 3,1
Desgaste 5.602 96,6
Total de seções
5.800
avaliadas
A principal consequência de deixar as trincas por fadiga evoluírem para panelas é que
as panelas permitem a infiltração da água das chuvas nas camadas de base, sub-
base e subleito, com enfraquecimento de toda estrutura. Nessa condição, sem
remendo nas trincas por fadiga, a serventia do pavimento diminui rapidamente e torna
necessário um precoce reforço estrutural ou reconstrução. Ou, ainda, são realizados
remendos com bastante frequência, e muitas vezes de péssima qualidade, com
prejuízos ao conforto, segurança e economia dos usuários e, ainda, com constantes
interrupções de tráfego para realizar os remendos.
A maior quantidade de segmentos com ICP Objetivo maior ou igual a 85 pode ser
explicada pelo fato de que o avaliador, quando encontra um segmento que apresenta
poucos defeitos, porém com extensão e severidade elevados, pode dar uma nota de
ICP Subjetivo baixa, porém, devido ao limite de pontos a serem deduzidos em cada
defeito e ao número de defeitos incluídos na planilha de avaliação que não ocorrem
no segmento de pista, a nota de ICP Objetivo pode ficar superior.
Com base nesses resultados pode-se considerar que menos defeitos na avaliação
objetiva tende a aproximar os ICP Subjetivo e Objetivo. Em uma avaliação objetiva
que considera apenas os cinco defeitos mais frequentes, por exemplo, há menos
pontos que não serão deduzidos se comparado com uma avaliação em que há muitos
defeitos a serem avaliados, cuja frequência de ocorrência é baixa. Por isso, é provável
que a nota objetiva, com base nos pontos deduzidos, seja mais próxima da nota
subjetiva quando há menos defeitos a serem avaliados.
4.2 Análise dos dados de uma amostra de 220 segmentos avaliados em 2003,
2005 e 2007 no município de São Carlos
Na amostra são 62 vias Arteriais, 134 Coletoras e 24 Locais. O ICP Subjetivo médio
foi 86, 85 e 84 e, o ICP Objetivo médio foi 89, 88 e 85, nos anos de 2003, 2005 e 2007,
respectivamente.
Como em um segmento pode ocorrer o mesmo defeito com mais de uma combinação
de severidade e extensão, a soma dos segmentos, em cada severidade pode ser
maior que o número total de segmentos que apresentam o defeito em análise. Na
última coluna, chamada “SPD” está a Soma dos Pontos Deduzidos daquele defeito,
conforme avaliação objetiva (Figura 3.5).
Para os principais defeitos, trincas por fadiga, panelas e remendos, o SPD é sempre
crescente ao longo dos anos. Além da quantidade de segmentos que apresentam os
defeitos ser crescente ano a ano, pode-se notar que as trincas por fadiga apresentam,
também, quantidade crescente de segmentos com severidade média e alta. Isso
sugere que a condição estrutural das vias se deteriora ano a ano.
Para o defeito panelas, pode-se notar que o número de segmentos com o defeito é
sempre crescente, porém, mais notadamente nas severidades baixa e média, o que
indica que há operações tapa-buracos principalmente nas panelas com severidade
100
alta, mas os pontos deduzidos são crescentes ao longo dos anos, o que mostra a
ineficiência no controle das panelas.
Tabela 4.2: Defeitos em São Carlos em 2003, 2005 e 2007 (220 segmentos). Fonte: Autor.
TRINCA POR FADIGA PANELAS
B M A nº seg SPD B M A nº seg SPD
2003 79 52 29 108 464 17 7 7 29 79
2005 114 102 50 134 655 39 22 2 53 110
2007 82 136 103 152 964 35 21 3 49 119
Na Figura 4.1 é apresentada a evolução dos defeitos trincas por fadiga, panelas e
remendos, principais defeitos considerando-se o mecanismo de deterioração dos
101
160
152
134
140
Total de Segmentos
120
108
100
80
60 53
49
40
29
20
0
2003 2005 2007
Figura 4.1: Evolução dos Defeitos em São Carlos/SP (220 segmentos). Fonte: Autor.
Na Figura 4.2 são apresentados os mesmos defeitos da Figura 4.1, mas o parâmetro
de análise é a Soma dos Pontos Deduzidos - SPD de cada defeito em cada ano.
Verifica-se que os pontos deduzidos crescem ao longo dos anos nos três defeitos.
Apesar do defeito panelas ter apresentado uma diminuição dos segmentos em que
ocorre de 2005 para 2007, conforme Figura 4.1, o SPD aumentou no mesmo período,
o que pode ser resultado do aumento da severidade e extensão das panelas, ainda
que presente em menos segmentos. Com base nos dados das Figuras 4.1 e 4.2 pode-
se inferir que a condição das vias da amostra se deteriora ano a ano, que as atividades
de M&R adotadas pela prefeitura são ineficazes e que, em pouco tempo, toda a malha
deve receber um reforço estrutural ou ser reconstruída, com elevado custo para a
sociedade.
102
964
1000
Total de Pontos Deduzidos
750 770
800
655
600
464
400
200
110 119
79
0
2003 2005 2007
Figura 4.2: Evolução dos Pontos Deduzidos em São Carlos/SP (220 segmentos). Fonte:
Autor.
Com vistas a verificar o quanto rápido os defeitos evoluem na malha viária de São
Carlos, da amostra de 220 segmentos, foi extraído um subconjunto de segmentos de
pista que em 2003 possuíam nota de ICP Objetivo maior do que 95 e cuja atividade
de M&R recomendada pelos avaliadores era nada a fazer – NF, ou seja, eram
segmentos que apresentavam condição muito boa.
Na Tabela 4.3 pode-se notar que o “número de segmentos de pista com pontos
deduzidos do defeito trincas por fadiga igual a zero” (nº seg. PD TF = zero) é 62. Em
2005, dos 62 segmentos que não tinham trincas por fadiga em 2003, 23 passaram a
ter, pois o número de segmentos de pista com pontos deduzidos do defeito trincas por
fadiga diferente de zero foi 23. Esses 23 segmentos representam uma porcentagem
103
de surgimento de trincas por fadiga de 37%. Em 2007, dos 62 segmentos que não
possuíam trincas por fadiga em 2003, 41 segmentos apresentam o defeito, o que
representa 66%. Pode-se inferir que, para esse conjunto de segmentos de pista, a
taxa de surgimento de trincas por fadiga, independentemente dos níveis de
severidade e extensão, é quase constante e próximo a 33% a cada biênio.
Para o defeito panelas, com a mesma análise do defeito trincas por fadiga, pode-se
verificar na Tabela 4.3 que a taxa de surgimento, no conjunto dos 70 segmentos de
pista analisados é, também, quase constante, porém, próxima a 6% em cada biênio.
A análise dos dados das Tabelas 4.2 e 4.3 permite inferir que a taxa com que surgem
as panelas é de aproximadamente 6% ao biênio e que a quantidade de panelas nas
vias tende a se estabilizar quando atingem frequência de ocorrência entre 20% e 25%
da malha, pois após atingir 53 panelas de 220 segmentos em 2005, recuou para 49
panelas de 220 segmentos em 2007. Sinal de que foram realizadas operações tapa-
buracos.
Pode-se presumir que não houve preocupação em eliminar trincas por fadiga antes
de se transformarem em panelas e que as panelas não recebem M&R
constantemente, mas apenas quando atingem certa porcentagem de ocorrência ou
severidade, pois as panelas de severidade alta foram as que mais diminuíram de 2003
para 2005 conforme a Tabela 4.2.
Tabela 4.3: Vias sem defeitos em São Carlos em 2003 (taxa de surgimento). Fonte: Autor.
2003 2005 2007
Trincas por
nº seg. PD TF = zero 62 39 21
Fadiga
Na Figura 4.3 podem ser observados os mesmos dados da Tabela 4.3 em forma
gráfica. Apesar de esperado o aumento da quantidade de remendos ao longo do
tempo, ocorreu o oposto, eles diminuíram entre 2005 e 2007.
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
ANO
Trincas por Fadiga Panelas Remendos
Figura 4.3: Taxa de evolução dos defeitos nas vias em São Carlos/SP. Fonte: Autor.
Como as avaliações de 2005 foram com a planilha IA/SHRP, foi necessário convertê-
las no padrão 5 defeitos, conforme as etapas a seguir.
Figura 4.4: Planilha com os 10 defeitos das avaliações IA/SHRP de 2005. Fonte: Autor.
Pode-se notar na Figura 4.5 que o defeito “Remendos”, por exemplo, possui 7 colunas,
assim como os demais, apesar de nem todos defeitos aparecerem na figura.
Caso a soma seja igual ou inferior a 20 pontos, então a planilha retorna o valor da
soma. Assim, os pontos deduzidos de cada um dos 5 defeitos é igual, no máximo, a
20 pontos e cada segmento de pista tem PD máximo igual a 100 pontos.
108
Figura 4.7: Cálculo dos pontos deduzidos de cada defeito na planilha de 5 defeitos. Fonte:
Autor.
Quarta etapa: Calcula-se o ICP Objetivo para os 5 defeitos. A solução para cálculo do
ICP é apresentada na Figura 4.8. Basta somar os pontos deduzidos de cada um dos
5 defeitos e descontar de 100.
Figura 4.8: Cálculo do ICP de cada segmento na planilha de 5 defeitos. Fonte: Autor.
Quinta etapa: Calcular a área de intervenção de cada segmento. Para isso basta
somar a área de cada defeito, conforme a Figura 4.9 ilustra, porém, há uma
particularidade para o defeito desgaste.
Como já explicado, foi considerado que quando em severidade baixa e média, esse
defeito pouco interfere na serventia das vias urbanas. Por isso na fórmula da planilha
eletrônica pode-se observar que a área do defeito desgaste é dividida por 5. O valor
foi arbitrado e pode ser ajustado. Esta foi uma consideração para não atribuir como
109
área de M&R as áreas de desgaste com severidade baixa e média, mas apenas as
áreas com severidade alta. Esse critério foi adotado nessa tese, mas pode ser alterado
a qualquer tempo conforme calibração do modelo.
Figura 4.9: Cálculo do ICP de cada segmento na planilha de 5 defeitos. Fonte: Autor.
Para a definição da M&R mais adequada para cada segmento de pista foi elaborado
teste lógico na planilha eletrônica “=SE(OU(G4="RC";M4="RC";S4="RC"; Y4="RC";
AE4="RC");"RC";SE(OU(G4="RF";M4="RF";S4="RF";Y4="RF";AE4="RF");"RF";SE(
OU(G4="MC";M4="MC";S4="MC";Y4="MC";AE4="MC");"MC";SE(OU(G4="MP";M4="
MP";S4="MP";Y4="MP";AE4="MP");"MP";"NF"))))” conforme Figura 4.10.
As opções de M&R são as da Tabela 3.1 e são definidas com base nas M&R de cada
defeito do mesmo segmento de pista. Cada célula M&R possui uma cor.
O objetivo foi facilitar em uma rápida visualização se a condição da malha viária está
mais para azul – NF ou mais para vermelho – RF.
Com a planilha dos 5 defeitos elaborada com base nos dados de 2005, seus
resultados são comparados, em função do ICP, com os ICP Objetivo e Subjetivo da
planilha IA/SHRP.
Na Figura 4.11 são apresentados os valores de ICP Objetivo e Subjetivo obtidos pela
avaliação IA/SHRP e pela planilha de 5 defeitos.
110
Pode-se notar que os valores de ICP Objetivo e Subjetivo IA/SHRP têm menor
amplitude do que as notas de ICP com 5 defeitos.
Nessa situação, o ICP com 5 defeitos identifica melhor as diferenças de condição das
vias e se mostra mais adequado para hierarquizar os segmentos candidatos a
receberem atividades de M&R.
Devido ao seu tamanho, a Figura 4.11 está dividida em duas partes. A primeira parte
apresenta 110 segmentos e a segunda os demais. São analisados os 220 segmentos
de 2005.
Figura 4.10: Definição da M&R de cada segmento na planilha de 5 defeitos. Fonte: Autor.
111
Figura 4.11: ICP Objetivo com 5 defeitos e ICP Subjetivo e ICP Objetivo (ambos IA/SHRP)
com dados das avaliações realizadas em 2005 – 220 segmentos de pista. Fonte: Autor.
A Tabela 4.4 mostra a correlação entre os ICP subjetivo (IA/SHRP), ICP objetivo
(IA/SHRP) e ICP 5 defeitos (objetivo). Os valores de correlação foram altos, sendo o
maior valor igual a 0.894, entre o ICP Objetivo IA/SHRP e o ICP 5 defeitos. O menor
valor está entre o ICP IA/SHRP Subjetivo e o ICP 5 defeitos. São analisados os 220
segmentos da avaliação de 2005. Os Índices objetivos apresentam melhor correlação
entre si do que com o ICP Subjetivo, que possui menos amplitude na variação dos
valores.
112
Tabela 4.4: Correlação entre os ICP Subjetivo e Objetivo (IA/SHRP) e ICP 5 defeitos. Fonte:
Autor.
CORRELAÇÃO IA/SHRP Obj IA/SHRP Sub 5 Defeitos
Além da análise com os ICPs IA/SHRP e 5 defeitos, também foi realizado estudo
comparativo com os mesmos três ICPs e o PCI. O PCI foi obtido a partir das avaliações
IA/SHRP de 2005. Foi utilizada uma amostra de 20 segmentos, sendo que 5
segmentos possuem nota de ICP Objetivo IA/SHRP menor do que 70, 5 segmentos
possuem nota ICP entre 70 e 80, 5 segmentos com nota entre 80 e 90 e 5 segmentos
com ICP maior que 90.
Na Tabela 4.5, por exemplo, o valor do PCI é 17. São diversos defeitos nos
pavimentos, como trincas, panelas, remendos, deformação permanente e corrugação.
Já na Tabela 4.6, o PCI é 85, e os defeitos são apenas remendos e desgaste,
evidenciando a coerência do método. Mais detalhes do cálculo do PCI para os outros
segmentos no Apêndice 1.
113
Com base nas notas de ICP Objetivo e Subjetivo padrão IA/SHRP e no padrão 5
Defeitos, fez-se estudo comparativo com a amostra de 20 segmentos cujo ICP foi
calculado segundo metodologia do PCI. Na Tabela 4.7 são listados os segmentos que
tiveram o valor do ICP calculado conforme metodologia do PCI. São segmentos
divididos em quatro intervalos de acordo com o ICP Objetivo IA/SHRP. Pode-se
observar que o PCI apresenta valores inferiores aos demais indicadores. O ICP
Objetivo IA/SHRP possui os valores mais elevados, provavelmente por ter muitos
defeitos avaliáveis na planilha que raramente são encontrados nas vias. O ICP 5
Defeitos apresenta adequada diferenciação entre os segmentos, independentemente
dos valores do ICP, ao contrário do PCI que pouco diferencia segmentos cujos valores
são baixos.
Tabela 4.7: comparação dos indicadores de condição dos pavimentos. Fonte: Autor.
ICP OBJETIVO MENOR QUE 70 - AVALIAÇÕES 2005
ID RUA/AV ICP OBJETIVO ICP SUBJETIVO ICP 5 DEFEITOS PCI
453 TANCREDO NEVES 60 70 38 17
1270 HENRIQUE GREGORI 63 60 43 17
3342 SÃO CARLOS 64 70 45 17
1007 HENRIQUE GREGORI 68 65 32 17
710 D. ALEXANDRINA 69 80 22 15
A Figura 4.12 mostra um gráfico comparando quatro índices: as notas de ICP Objetivo
e Subjetivo obtidos com a planilha IA/SHRP, o ICP Objetivo obtido com 5 defeitos e o
ICP calculado pelo método PCI. Nota-se que o método PCI apresenta os valores mais
baixos e diferencia pouco os segmentos com valor de ICP abaixo de 20, o que é ruim
para hierarquizar os segmentos candidatos a receberem alguma atividade de M&R.
Isso se deve ao fato de que quando o valor de “q” é superior a 7 e o TDV é superior a
200, o valor de pontos a ser deduzido é o mesmo e o ICP também é o mesmo. Uma
possível explicação é que o método PCI foi desenvolvido para manter pavimentos em
condições melhores do que as encontradas nas ruas de São Carlos.
Quando analisada a Figura 4.12, nota-se que os valores são quase linearmente
crescentes para o ICP Objetivo e IA/SHRP. O ICP Subjetivo IA/SHRP e o ICP 5
defeitos variam bastante entre notas maiores e menores, com maior amplitude. Para
o método PCI há pouca diferença de nota de ICP para valores inferiores a 20 pontos.
Os valores do PCI a partir do segmento 12 seguem a tendência dos demais
indicadores.
60
50
40
30
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
SEÇÕES - ID (NOTAS DE ICP, DA MENOR PARA A MAIOR)
O desvio padrão das avaliações com padrão 5 Defeitos apresentam valor próximo ao
do PCI e quase o dobro em relação aos ICP Objetivo e ICP Subjetivo IA/SHRP. Isso
confirma a maior amplitude e melhor diferenciação entre segmentos de pista
proporcionado pelo procedimento com 5 defeitos.
Tabela 4.8 Correlação entre ICP Objetivo e Subjetivo e método de cálculo. Fonte: Autor.
IA/SHRP IA/SHRP
correlação
Objetivo (1) Subjetivo (2) 5 defeitos (3) PCI (4)
1 1.000 0.781 0.869 0.804
2 0.781 1.000 0.742 0.847
3 0.869 0.742 1.000 0.811
4 0.804 0.847 0.811 1.000
desvio padrão 11.58 12.34 21.24 24.19
Nesta tese foram realizadas as duas opções e comparados seus resultados. Foram
utilizadas as avaliações padrão IA/SHRP, pois são as únicas com ICP Objetivo e ICP
Subjetivo para serem comparados, e ainda, foi o critério de avaliação adotado nas
avaliações realizadas em São Carlos à época.
Na primeira tentativa, quando não houve tratamento algum nos dados das avaliações
notou-se que os resultados não eram satisfatórios. Buscou-se uma divisão dos
segmentos que permitisse a quantificação da diminuição da serventia. Para isso, os
segmentos de pista foram divididos em dois grupos. Um grupo com valores de ICP
Objetivo maiores ou igual a 85 e outro grupo com valores de ICP Objetivo inferiores a
85. Para a elaboração do modelo de previsão do desempenho dos pavimentos
urbanos foram utilizados os dados das avaliações realizadas em 2003 e 2005 no
município de São Carlos, com padrão de avaliação IA/SHRP.
Foram utilizados os 220 segmentos de pista da amostra avaliada nos dois ciclos de
avaliação. Do total de segmentos da amostra de 2003, 165 segmentos possuem ICP
Objetivo maior ou igual a 85 e 55 segmentos possuem ICP Objetivo menor que 85.
Uma vez estabelecidos os dois grupos de segmentos de pista com base no ICP
Objetivo, o ICP Subjetivo correspondente a cada segmento de pista foi mantido no
mesmo grupo, independentemente seu valor.
118
Pode-se observar na Tabela 4.9 que quando organizados a partir do ICP Objetivo, os
segmentos com ICP maior ou igual a 85 possuem valor médio de ICP, no ano de 2003,
igual a 93,0 e valor médio igual a 90,0 em 2005. A diferença é de 3,0 pontos em dois
anos. Pode-se verificar, também, que o valor médio de ICP Subjetivo varia 1,4 pontos
em dois anos. Para os valores de ICP menores que 85, pode-se observar que o valor
médio de ICP Objetivo e Subjetivo aumentou de 2003 para 2005. Conforme os
resultados indicam, não é possível elaborar modelo de previsão de desempenho com
base no valor médio do ICP para os segmentos de pista com média inferior a 85.
Tabela 4.9: Valores médios de ICP para modelo de desempenho, organizados pelo ICP
Objetivo. Fonte: Autor.
ICP MAIOR OU IGUAL 85
OBJ SUB
2003 93,0 89,0
2005 90,0 87,6
ICP MENOR 85
OBJ SUB
2003 77,9 75,5
2005 81,2 78,6
Nesta seção são aplicados os mesmos critérios da seção anterior, porém, com os
segmentos de pista organizados com base no ICP Subjetivo. Foram utilizados os 220
segmentos de pista da amostra e analisados os valores de ICP. Dos 220 segmentos,
150 possuem ICP Subjetivo maior ou igual a 85 e 70 segmentos possuem ICP
Subjetivo menor do que 85. Analogamente à seção anterior, os valores de ICP
Objetivo de cada segmento não respeita, obrigatoriamente, a mesma divisão dos
grupos de ICP Subjetivo.
Com base nos dados da Tabela 4.10 pode-se verificar que para o grupo de segmentos
cujo ICP Subjetivo é maior ou igual a 85, o valor da média de ICP Objetivo diminui 3
pontos a cada biênio e a média do ICP Subjetivo diminui 2 pontos a cada biênio. Em
comparação com os dados organizados pelo ICP Objetivo, houve a mesma média de
diminuição de 2003 para 2005, porém, com diminuição da média em 2 pontos para o
ICP Subjetivo.
Tabela 4.10: Valores médios de ICP para modelo de desempenho – organizados pelo ICP
Subjetivo. Fonte: Autor.
ICP MAIOR OU IGUAL 85
OBJ SUB
2003 93,5 90,0
2005 90,5 88,0
ICP MENOR 85
OBJ SUB
2003 80,2 76,3
2005 82,2 79,5
Para o grupo de segmentos de pista com valor de ICP Subjetivo menor do que 85,
houve aumento do valor médio do ICP Objetivo e do ICP Subjetivo, assim como
ocorreu no grupo organizado com base nos valores de ICP Objetivo. Portanto, não é
possível obter um modelo de previsão de desempenho com base em valores de ICP
para esse grupo de segmentos.
120
O grupo de segmentos com ICP Objetivo superior ou igual a 85 teve 157 segmentos.
Considerando-se que em 2003 havia 165 segmentos nessa condição, pode-se inferir
que houve diminuição da serventia no período. O grupo de segmentos com ICP
Objetivo, em 2005, inferior a 85, teve 63 segmentos.
A análise para validação do modelo foi por meio de testes estatísticos. A partir dos
valores de ICP Objetivo e de ICP Subjetivo de 2005, aplicou-se o modelo, conforme
definido na sua elaboração. Cada segmento de pista teve seu ICP Objetivo diminuído
em 3 pontos. Cada segmento de pista teve seu ICP Subjetivo diminuído em 1,5
pontos. Em ambos os casos o período de análise foi de dois anos. Os valores de ICP
resultantes da aplicação do modelo foram comparados com dados reais de 2007.
A análise para validação do modelo foi a partir dos dados das avaliações de 2007. Um
grupo de dados tem origem na previsão do modelo e o outro grupo tem origem em
dados reais de avaliação de campo. Foram aplicados dois testes estatísticos. Um
deles, o teste t de Student analisa médias globais.
121
O outro teste foi a correlação, que analisa os par a par. Esses critérios para validação
do modelo foram definidos no Capítulo 3, conforme estudos para validação de modelo
de previsão de desempenho estrutural para vias sob administração do Departamento
de Transportes do Texas (TxDOT).
Para o teste de hipótese de acordo com o teste t de Student foi definida como hipótese
Ho que as médias globais são iguais e que a diferença entre elas é igual a zero.
O teste t foi realizado com uma confiança de 95%. Os resultados são apresentados
na Tabela 4.11.
Para o ICP Objetivo o valor da estatística t foi de -1,56. O valor tabelado é de 1,97.
Portanto, o modelo foi validado no teste t de Student. Para medir a força do modelo
foi verificada a correlação, cujo valor foi de 0,60, considerado bom.
Tabela 4.11: Teste t de Student para modelo de previsão de desempenho para ICP Objetivo.
Dados organizados pelo ICP Objetivo. Fonte: Autor.
REAL vs MODELO ICP OBJ
Teste-t: duas amostras presumindo variâncias equivalentes
Variável 1 Variável 2
Média 88,01 89,03
Variância 51,07 16,39
Observações 157 157
Variância agrupada 33,73
Hipótese da diferença de média 0
gl 312
Stat t -1,56
P(T<=t) uni-caudal 0,06
t crítico uni-caudal 1,65
P(T<=t) bi-caudal 0,12
t crítico bi-caudal 1,97
Para o ICP Subjetivo o valor da estatística t foi de -0,55. O valor máximo tabelado é
1,97. Portanto, o modelo está validado pelo teste t de Student com confiança de 95%.
Os detalhes são apresentados na Tabela 4.12. A correlação para o ICP Subjetivo entre
a série prevista e a série real foi de 0,48, valor moderado.
122
Tabela 4.12: Teste t de Student para modelo de previsão de desempenho para ICP
Subjetivo. Dados organizados pelo ICP Objetivo. Fonte: Autor.
REAL vs MODELO ICP SUB
Teste-t: duas amostras presumindo variâncias equivalentes
Variável 1 Variável 2
Média 87,18 87,56
Variância 49,94 26,74
Observações 157 157
Variância agrupada 38,34
Hipótese da diferença de média 0
gl 312
Stat t -0,55
P(T<=t) uni-caudal 0,29
t crítico uni-caudal 1,65
P(T<=t) bi-caudal 0,58
t crítico bi-caudal 1,97
Para ilustrar a correlação dos valores de ICP Objetivo e ICP Subjetivo reais e previstos
pelo modelo para o ano de 2007, são apresentados dois gráficos, a Figura 4.13 e a
Figura 4.14.
Pode-se verificar que os dados de ICP Objetivo são mais próximos da linha de
correlação ideal em relação aos dados de ICP Subjetivo, o que é coerente com os
valores de correlação encontrados.
Os pontos mais distantes do eixo de correlação ideal aparecem tanto quando o ICP
Objetivo real é maior quanto quando o ICP Objetivo real é menor do que o ICP Objetivo
previsto pelo modelo.
Na maior parte dos segmentos as diferenças entre o ICP Objetivo real e o ICP Objetivo
previsto é inferior a 10 pontos. O mesmo fenômeno se observa para o ICP Subjetivo,
porém, com mais clareza.
123
80,0
70,0
70 80 90 100
ICP OBJ REAL 2007
Figura 4.13: Gráfico com dados de ICP Objetivo real e previsto pelo modelo. Dados
organizados pelo ICP Objetivo. Fonte: Autor.
90,0
80,0
70,0
70 80 90 100
ICP SUB REAL 2007
Figura 4.14: Gráfico com dados de ICP Subjetivo real e previsto pelo modelo. Dados
organizados pelo ICP Objetivo. Fonte: Autor.
Na Figura 4.15 pode ser observada parte das séries de dados reais das avaliações de
2005 e 2007. Parte das séries com os valores de ICP Objetivo e ICP Subjetivo
previstos pelo modelo também são mostrados. Em ambos os casos os valores
previstos são um pouco superiores aos reais.
124
Figura 4.15: Séries de dados reais para 2005 e 2007. Dados previstos pelo modelo para
2007 de ICP Objetivo e ICP Subjetivo. Dados organizados pelo ICP Objetivo. Fonte: Autor.
A análise para validação do modelo foi por meio de testes estatísticos. A partir dos
valores de ICP Objetivo e de ICP Subjetivo de 2005, aplicou-se o modelo, conforme
definido na sua elaboração. Cada segmento de pista teve seu ICP Objetivo diminuído
em 3 pontos.
125
Cada segmento de pista teve seu ICP Subjetivo diminuído em 2,0 pontos. Em ambos
os casos o período de análise foi de dois anos. Os valores de ICP resultantes da
aplicação do modelo foram comparados com dados reais de 2007.
O valor tabelado para o teste t é de 1,97. Para o ICP Objetivo, o valor calculado da
estatística t foi de -1,67, inferior ao máximo. Para o ICP Subjetivo, o valor calculado
da estatística t foi de -0,95, também inferior ao valor tabelado.
Portanto, pela análise de médias globais, tanto o ICP Objetivo quanto o ICP Subjetivo
estão validados para dados das avaliações de 2005 organizadas pelo ICP Subjetivo.
Tabela 4.13: Teste t de Student para modelo de previsão de desempenho para ICP Objetivo.
Dados organizados pelo ICP Subjetivo. Fonte: Autor.
REAL vs MODELO ICP OBJ
Teste-t: duas amostras presumindo variâncias equivalentes
Variável 1 Variável 2
Média 88,35 89,50
Variância 51,43 15,89
Observações 141 141
Variância agrupada 33,66
Hipótese da diferença de média 0
gl 280
Stat t -1,67
P(T<=t) uni-caudal 0,05
t crítico uni-caudal 1,65
P(T<=t) bi-caudal 0,10
t crítico bi-caudal 1,97
126
Tabela 4.14: Teste t de Student para modelo de previsão de desempenho para ICP
Subjetivo. Dados organizados pelo ICP Subjetivo. Fonte: Autor.
REAL vs MODELO ICP SUB
Teste-t: duas amostras presumindo variâncias equivalentes
Variável 1 Variável 2
Média 87,42 88,09
Variância 51,80 18,59
Observações 141 141
Variância agrupada 35,20
Hipótese da diferença de média 0
gl 280
Stat t -0,95
P(T<=t) uni-caudal 0,17
t crítico uni-caudal 1,65
P(T<=t) bi-caudal 0,34
t crítico bi-caudal 1,97
A correlação entre o ICP Objetivo real e ICP Objetivo previsto com base em dados
organizados pelo ICP Subjetivo foi de 0,59. Para o ICP Subjetivo a correlação foi de
0,52.
90,0
80,0
70,0
70 80 90 100
ICP OBJ MODELO 2007
Figura 4.16: Gráfico com dados de ICP Subjetivo real e previsto pelo modelo. Dados
organizados pelo ICP Subjetivo. Fonte: Autor.
127
80,0
70,0
70 80 90 100
ICP SUB MODELO 2007
Figura 4.17: Gráfico com dados de ICP Subjetivo real e previsto pelo modelo. Dados
organizados pelo ICP Subjetivo. Fonte: Autor.
Na Figura 4.18 pode ser observada parte das séries comparadas para validação do
modelo. O estudo foi elaborado e validado com recursos de planilha eletrônica.
Figura 4.18: Séries de dados reais para 2005 e 2007. Dados previstos pelo modelo para
2007 de ICP Objetivo e ICP Subjetivo. Dados organizados pelo ICP Subjetivo. Fonte: Autor.
128
Quanto à correlação, esta se mostrou mais forte para o ICP Objetivo quando os dados
são organizados por este parâmetro. Para o ICP Subjetivo, este apresenta correlação
mais forte quando os dados são organizados pelo ICP Subjetivo.
ICP Objetivo
Teste t de Student Correlação
Limite Tabelado Valor Calculado
1,97 -1,56 0,60
ICP Subjetivo
Teste t de Student Correlação
Limite Tabelado Valor Calculado
1,97 -0,55 0,48
ICP Objetivo
Teste t de Student Correlação
Limite Tabelado Valor Calculado
1,97 -1,67 0,59
ICP Subjetivo
Teste t de Student Correlação
Limite Tabelado Valor Calculado
1,97 -0,95 0,52
129
Na Tabela 4.16 são apresentados os resultados quanto aos tipos de M&R necessárias
ao longo dos anos de 2003, 2005 e 2007. É apresentada também a quantidade de
segmentos que necessitam de cada tipo de M&R e, ainda, os valores necessários
para realizar as M&R indicadas. Os preços unitários de cada M&R são conforme TPU
– DER/SP Dez/2016, apresentados na seção 3.4 (M&R e R$/m²).
Os resultados são relativos a amostra de 220 segmentos. Para o ano de 2003, houve
125 com nada a fazer, 19 com manutenção preventiva, 68 com manutenção corretiva,
8 com reforço estrutural e 0 com necessidade de reconstrução. No caso específico de
reconstrução, para que seja recomendada pelo avaliador, é necessário avaliação
estrutural com viga Benkelman ou FWD para aferir a condição da camada de base da
estrutura da via. Para se estimar os custos envolvidos é considerado que um
segmento de pista padrão possui 100m de comprimento e 8 m de largura, com 800
m² de área. Quando o M&R é MP ou RF, considera-se que será aplicada em toda a
área do segmento.
Quando a M&R é MC, considera-se que será aplicada em 240 m², que corresponde a
30% da área total. A área de 30% com defeitos é o limite para que se opte por RF e
não mais MC.
Tabela 4.16: Resumo dos defeitos e custos – TPU DER/SP Dez/2016. Fonte: Autor.
2003 2005 2007
6.000.000,00
5.690.130,48
5.500.000,00
5.000.000,00
4.500.000,00
4.000.000,00
3.500.000,00
3.000.000,00 3.264.929,76
2.500.000,00
2.444.552,16
2.000.000,00
1.500.000,00
1.000.000,00
2003 2004 2005 2006 2007
ANO
Figura 4.19: Necessidades orçamentárias para M&R. Amostra de 220 segmentos. Fonte:
Autor.
131
Na Tabela 4.17 são apresentados os dados das necessidades de M&R para a amostra
de 220 segmentos durante os anos de 2003, 2005 e 2007. Os dados foram
organizados de tal maneira que em cada linha da tabela, ao lado da M&R indicada,
está o valor médio do ICP Objetivo dos segmentos que tinham aquela M&R indicada.
Em seguida, na mesma linha, está o nº de segmentos de pista que necessitavam
daquela M&R. Por exemplo, no ano de 2003, havia 125 segmentos com indicação de
Nada a Fazer e o valor médio do ICP Objetivo desses segmentos era de 94,2. Já em
2005, havia 106 segmentos com M&R indicada NF com média do ICP Objetivo 93,0.
Em 2007, eram 65 segmentos com NF e média de ICP Objetivo 91,8. De modo similar
foram determinados os valores médios de ICP Objetivo para cada ano e para cada
opção de M&R.
Pode-se observar que, ao longo dos anos da análise, ao mesmo tempo em que a
média de ICP diminui para o grupo de segmentos cuja M&R é NF, a média de ICP
aumenta para a M&R MC. Pode-se inferir que isso se deve ao fato de que os
segmentos com menor valor de ICP em 2003 cuja M&R era NF, passaram a necessitar
de MC em 2005. No mesmo sentido, os segmentos cuja M&R era NF, mas ainda não
necessitam de alguma M&R, perceberam sua serventia diminuir com o passar do
tempo. Os valores de ICP apresentados na Tabela 4.17 são para subgrupos de
segmentos pista, conforme nº de segmentos em cada M&R e ano, e não para os 220
segmentos que são o total da amostra.
Tabela 4.17: Valores médios de ICP Objetivo para cada tipo de M&R em 2003, 2005 e 2007.
Fonte:Autor.
220 Segmentos
2003 2005 2007
ICP OBJ. nº segm. ICP OBJ. nº segm. ICP OBJ. nº segm.
NF 94,2 125 93 106 91,8 65
MP 86,6 19 90,4 14 90,9 8
MC 82,5 68 83,9 87 84,8 96
RF 76,6 8 69,3 13 73,4 51
132
Com base nos resultados apresentados na Tabela 4.17 foi elaborada a Tabela 4.18.
Pode-se observar que, na primeira linha estão as possíveis M&R, exceto
Reconstrução, conforme já explicado. Na linha abaixo estão calculados os valores
médios de ICP Objetivo para aquela M&R, conforme valores, ano a ano, da Tabela
4.17.
Por exemplo, para a M&R = MP, o valor médio de ICP dos segmentos é a média dos
ICP de todos os anos das séries analisadas (86,6 + 90,4 + 90,9, dividido por 3 = 89,3).
Na última linha estão calculados os valores de ICP considerados de transição entre
os tipos de M&R. Esses valores de transição são obtidos pela média dos valores
médios de ICP de cada M&R. Por exemplo, para se definir o valor de ICP Objetivo de
transição da M&R MP para MC, basta encontrar o ponto médio entre elas (89,3 + 83,7
dividido por 2 = 86,5).
Assim pode-se estabelecer, em função do valor do ICP Objetivo qual a M&R mais
adequada para cada segmento de pista em análise da malha viária em nível de rede.
Os valores são expressos em números inteiros
Tabela 4.18: Valores médios de ICP Objetivo para mudança de M&R. Fonte: Autor.
M&R NF MP MC RF
ICP Obj. Médio 93 89 84 73
ICP Obj. de transição 91 87 78
Também com base nos dados da Tabela 4.17 foi elaborada a Tabela 4.19. Nesta são
apresentados os dados de M&R ano a ano, porém, organizados de modo que foi
acompanhado como as necessidades de M&R evoluíram a partir de 2003.
Por exemplo, dos 125 segmentos que, em 2003, necessitavam de NF, 82 deles ainda
necessitavam da mesma M&R em 2005. Os demais segmentos necessitavam, em
2005, de MP e MC, 5 e 38 segmentos, respectivamente, e nenhum de RF.
Com base nos dados da Tabela 4.19 pode-se inferir que quando um conjunto de
segmentos de pista tem como M&R indicada NF, esta se mantém por dois anos. Mas,
após quatro anos, a NF não é mais a maioria das M&R indicadas, ainda que seja a
133
mais numerosa. A M&R MC, segunda mais indicada, parece ser a mais adequada e
provável após quatro anos.
Quando um conjunto de segmentos tem como M&R indicada a MP, esta se mantém
por até dois anos, depois passa a necessitar de MC. Quando um conjunto de
segmentos necessita de MC, após dois anos ainda necessita de MC, porém, após
quatro anos já é necessário o Reforço Estrutural – RF.
NF 8 NF 3
MP 4 MP 1
MP 19
MC 4 MC 8
RF 3 RF 7
NF 16 NF 10
MP 4 MP 2
MC 68
MC 40 MC 28
RF 8 RF 28
NF 0 NF 0
MP 1 MP 0
RF 8
MC 5 MC 0
RF 2 RF 8
Com base nos dados da Tabela 4.19 foi elaborada uma sequência de atividades de
M&R desde a construção do pavimento (Ano 0) até a necessidade de Reforço
Estrutural – RF (Ano 6). Na Tabela 4.20 estão os resultados.
Tabela 4.20: Atividades de M&R ao longo da vida útil do pavimento urbano. Fonte: Autor.
ANO 0 ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 ANO 6
NF NF NF MC MC MC RF
134
Na primeira linha da tabela estão os anos da simulação, que começa em 2016 e vai
até 2029. Na segunda linha está o ano de referência, sendo que o ano de 2016 é o
Ano 0, aquele em que o pavimento foi entregue ao tráfego. Na terceira linha estão as
M&R, ano a ano, conforme Tabela 4.20. São 3 anos com a M&R NF, mais 3 anos com
a M&R MC, e no ano 6 é necessário RF. O ciclo se repete até novo RF no ano 13. Na
quarta linha estão os valores de ICP em função do M&R sugerida, conforme Tabela
4.18. Na quinta linha estão os valores necessários para realizar a M&R sugerida. Os
135
No primeiro cenário pode-se verificar que o custo médio ao ano para um segmento de
pista é de R$28.848,22. Para o segundo cenário o custo médio foi de R$12.762,19. A
relação entre eles é de 2,26. A opção de manutenção conforme SGPU custa menos
da metade do que se faz nas prefeituras brasileiras. No terceiro cenário, o valor médio
ao ano é ainda menor, de R$12.330,70. Era esperado que o terceiro cenário
resultasse em custo maior do que o cenário ideal, porém, isso não ocorreu. A análise
apenas dos segundo e terceiro cenário permite verificar que as M&R são as mesmas
nas duas simulações. Como no terceiro cenário houve RF antes do que no segundo,
os preços unitários são menores e, portanto, o preço total também. Se o período de
simulação se estendesse, o terceiro cenário entraria na fase de necessidade de M&R
antes, e teria o custo médio de manutenção mais elevado.
Quanto aos valores de ICP, o segundo cenário e o terceiro tiveram valores médios
idênticos, 90. O cenário real teve ICP médio de 86. Para o ICP previsto os segundo e
terceiro cenários tiveram valores próximos, 90 e 91, respectivamente. No cenário real,
o ICP médio previsto foi de 89. Pode-se inferir que a estratégia das prefeituras
brasileiras para conservação viária é mais onerosa e mantém as vias em pior condição
do que é possível com SGPU.
136
Tabela 4.21: Previsão de desempenho e custos associados ao um segmento de pista – TPU DER/SP Dez/2016. Fonte: Autor.
SIMULAÇÃO PARA 1 SEGMENTO DE PISTA COM ÁREA DE 800 m² (PARA M&R = MC ==> ÁREA = 240m²)
2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029
ANO 0 ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 ANO 6 ANO 7 ANO 8 ANO 9 ANO 10 ANO 11 ANO 12 ANO 13 Média /
REAL NF NF NF MC MC MC RF NF NF NF MC MC MC RF Segm.
ICP Obj. Médio 93,0 93,0 93,0 83,7 83,7 83,7 73,1 93,0 93,0 93,0 83,7 83,7 83,7 73,1 86
R$ Necessário 0,00 0,00 0,00 31.322,55 32.684,40 34.046,25 78.956,18 0,00 0,00 0,00 40.855,50 42.217,35 43.579,20 100.213,61 28.848,22
ICP Obj. previsto 93,0 91,5 90,0 88,5 87,0 85,5 84,0 93,0 91,5 90,0 88,5 87,0 85,5 84,0 89
IDEAL (SGPU) NF NF NF MP NF NF NF MC MC RF NF NF NF MP
ICP Obj. Médio 93,0 93,0 93,0 89,3 93,0 93,0 93,0 83,7 83,7 73,1 93,0 93,0 93,0 89,3 90
R$ Necessário 0,00 0,00 0,00 6.449,20 0,00 0,00 0,00 36.769,95 38.131,80 88.066,50 0,00 0,00 0,00 9.253,20 12.762,19
ICP Obj. previsto 93,0 91,5 90,0 93,0 93,0 91,5 90,0 88,5 87,0 85,5 93,0 91,5 90,0 88,5 90
INTERMEDIÁRIA NF NF NF MP NF NF MC MC RF NF NF NF MP NF
ICP Obj. Médio 93,0 93,0 93,0 89,3 93,0 93,0 83,7 83,7 73,1 93,0 93,0 93,0 89,3 93,0 90
R$ Necessário 0,00 0,00 0,00 6.449,20 0,00 0,00 35.408,10 36.769,95 85.029,73 0,00 0,00 0,00 8.972,80 0,00 12.330,70
ICP Obj. previsto 93,0 91,4 89,9 88,4 93,0 91,5 90,0 88,5 87,0 93,0 91,5 90,0 88,5 93,0 91
Preços Unitários, em reais (R$), das M&R ajustados em 5% ao ano sobre a data-base de dezembro de 2016 (Ano 0).
ANO 0 ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 ANO 6 ANO 7 ANO 8 ANO 9 ANO 10 ANO 11 ANO 12 ANO 13
Reajuste 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25 1,30 1,35 1,40 1,45 1,50 1,55 1,60 1,65
MP 7,01 7,36 7,71 8,06 8,41 8,76 9,11 9,46 9,81 10,16 10,52 10,87 11,22 11,57
MC 113,49 119,16 124,84 130,51 136,19 141,86 147,53 153,21 158,88 164,56 170,23 175,91 181,58 187,25
RF 75,92 79,72 83,51 87,31 91,10 94,90 98,70 102,49 106,29 110,08 113,88 117,68 121,47 125,27
137
Como parte desta tese de doutorado foi realizado estágio (Programa de Doutado
Sanduíche no Exterior – PDSE) na Universidade do Texas em San Antonio (UTSA),
sob supervisão do professor Dr. José Weissmann. Havia previsão de participação em
projetos na área de gerência de pavimentos urbanos, com foco nas mais recentes
técnicas de avaliação dos defeitos presentes na superfície do pavimento, com o
objetivo de acelerar os trabalhos de campo, reduzir custos, aumentar a eficiência e
viabilizar a implantação e uso continuado de um Sistema de Gerência de Pavimentos
Urbanos (SGPU) nas cidades brasileiras.
A UTSA ofereceu plenas condições para a realização da pesquisa, com amplo acesso
a laboratório, escritório, biblioteca e internet. Além de participar de aulas em disciplina
da graduação e pós-graduação houve vez em que foi possível ministrar aula para a
graduação, o que conferiu um toque especial ao estágio no exterior.
O estágio foi realizado nos meses de julho, agosto, setembro e outubro de 2013.
Durante o período do estágio ocorreu algo imprevisto e imprevisível. Não houve
aprovação do orçamento anual pelo congresso dos EUA, cujo ano fiscal se inicia em
setembro. O resultado foi a paralisação de serviços públicos, com fechamento de
parques, bibliotecas, órgãos públicos e falta de repasses financeiros para pesquisas
novas ou em andamento. Isso impactou negativamente nas atividades previstas para
o estágio. Esse evento é chamado de “shutdown”.
A reabilitação das vias é realizada por equipes próprias (no caso de vias locais) ou
por equipes contratadas (no caso de vias coletoras ou arteriais). A rede municipal
contém aproximadamente 4 mil milhas de extensão (cerca de 6.500,00 km), sendo a
maior parte pavimento flexível. A cidade é dividida em 10 distritos (setores
administrativos).
O Índice de Condição do Pavimento (ICP) varia de 0 (pior condição) até 100 (condição
excelente). De acordo com as avaliações de 2010, na cidade de San Antonio, 25%
das seções apresentam condição razoável ou inferior (ICP menor ou igual a 60). 73%
apresentam condição boa ou melhor (ICP maior ou igual a 61). 2,09% das seções não
foram avaliadas e portanto não tem pontuação de ICP.
De acordo com a pontuação do ICP, existe uma árvore de decisões para as atividades
de manutenção e reabilitação.
ICP entre 0 e 30
Arterial => reconstrução;
Coletora => reconstrução;
Local => reconstrução.
ICP entre 31 e 40
Arterial => reconstrução
Coletora => reconstrução
Local => recuperação
ICP entre 41 e 60
Arterial => recapeamento
140
ICP entre 61 e 75
Arterial => mistura a quente ou microrrevestimento
Coletora => mistura a quente ou microrrevestimento
Local => mistura a quente ou microrrevestimento
ICP entre 76 e 90
Arterial => lama asfáltica
Coletora => lama asfáltica
Local => lama asfáltica
ICP entre 91 e 95
Arterial => selar trincas
Coletora => selar trincas
Local => selar trincas
A média de ICP da rede pavimentada de San Antonio é 75, mas a prefeitura tem a
expectativa de elevar para 90 nos próximos anos. A verba disponível para
manutenção, nos últimos sete anos, tem sido de 36 milhões de dólares a cada ano e
as necessidades são de 56 milhões de dólares a cada ano. Isso evidencia a
necessidade de um planejamento das atividades de M&R de modo a otimizar o uso
dos recursos, obtendo a rede na melhor condição possível ao menor custo.
A seguir, da Figura 4.20 até a Figura 4.23 são apresentados exemplos de vias em
diferentes condições de conservação, conforme critérios da Prefeitura de San Antonio.
Figura 4.20: Segmento de Pista em péssima condição com ICP entre 0 e 40. Fonte: Acervo
da Prefeitura Municipal de San Antonio, Texas, EUA, 2013.
Figura 4.21: Segmento de Pista condição ruim com ICP entre 41 e 60. Fonte: Acervo da
Prefeitura Municipal de San Antonio, Texas, EUA, 2013.
143
Figura 4.22: Segmento de Pista em boa condição com ICP entre 61 e 90. Fonte: Acervo da
Prefeitura Municipal de San Antonio, Texas, EUA, 2013.
Figura 4.23: Segmento de Pista em excelente condição com ICP entre 91 e 100. Fonte:
Acervo da Prefeitura Municipal de San Antonio, Texas, EUA, 2013.
144
Figura 4.24: Equipamento para selar trincas. Fonte: Acervo da Prefeitura Municipal de San
Antonio, Texas, EUA, 2013.
Figura 4.26: Aplicação de mistura asfáltica para manutenção corretiva, remendo. Fonte:
Acervo da Prefeitura Municipal de San Antonio, Texas, EUA, 2013.
Figura 4.27: Camada de reforço estrutural. Fonte: Acervo da Prefeitura Municipal de San
Antonio, Texas, EUA, 2013.
146
Figura 4.28: Reconstrução total da via. Fonte: Acervo da Prefeitura Municipal de San
Antonio, Texas, EUA, 2013.
Figura 4.29: Equipamento para avaliação automatizada das vias. Fonte: Acervo da
Prefeitura Municipal de San Antonio, Texas, EUA, 2013.
147
Figura 4.31: Via com emulsão aplicada e caminhão circulando sobre a pintura de ligação.
Fonte: Autor.
Figura 4.32: Caminhão da obra retira parte da pintura de ligação. Fonte: Autor.
149
Figura 4.33: Caminhão e vibro acabadora da obra retiram parte da pintura de ligação. Fonte:
Autor.
Figura 4.36: Aplicação da mistura asfáltica sobre pintura de ligação danificada. Fonte: Autor.
151
Na Figura 4.38 está o rolo de pneus para compactar a mistura asfáltica. Na Figura
4.39 aparecem os rolos de pneus e chapa para compactação de misturas asfálticas.
Como parte integrante desta tese são apresentados, neste capítulo, estudos relativos
ao Sistema de Gerência de Pavimentos Urbanos do Distrito Federal – SGPU/DF. O
acesso aos dados do SGPU/DF foi viabilizado pelo fato do autor da tese ser, desde
2015, empregado da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil – Novacap,
na função de Assessor da Diretoria de Urbanização, e lida diretamente com o projeto
e controle tecnológico de obras de infraestrutura urbana e com o SGPU. A Novacap é
uma empresa pública, com 51% de suas ações do Governo do Distrito Federal – GDF
e 49% do Governo Federal. A Novacap foi a empresa que construiu Brasília, a partir
de então administra diversos contratos de ampliação e manutenção da infraestrutura
urbana e, desde 2010, possui um SGPU implantado e em operação.
Com base nos dados das avaliações de campo realizadas para a implantação do
SGPU foi possível gerar informações sobre a malha viária de todo o Distrito Federal,
156
Tabela 5.1: Extensão da malha viária do Distrito Federal em 2012. Fonte: Novacap.
Extensão
Sigla Tipo de Via Segmentos
(km)
ACS Acesso 2.296 81,44
AV Avenida 3.834 363,37
BLVD Boulevard 74 7,52
CAM Caminho 5.648 1.206,55
CICLO Ciclovia / Pista de Cooper 131 16,93
EST Estacionamento 2.615 217,26
LIG Alça de ligação 3.923 241,43
ROD Rodovia 5.264 2.210,23
RT Alça de retorno 6.169 165,18
RUA Rua 52.567 4.771,18
T Tesoura 204 29,91
TC Tesoura Central 66 6,42
VI Via Interna 10.207 1.199,15
VIA Via 14.083 1.161,87
As vias avaliadas pelo SGPU são divididas em Arteriais, Coletoras e Locais, com
tráfego pesado, médio e leve, respectivamente.
A Figura 5.1 e a Tabela 5.2 ilustram a distribuição das classes hierárquicas no DF.
Figura 5.1: Classificação hierárquica das vias do Distrito Federal. Fonte: Novacap.
Tabela 5.2: Classe funcional das vias do Distrito Federal. Fonte: Novacap.
Hierarquia Viária Segmentos Extensão (Km)
Rodovias 7.000 2.343,73
Vias Arteriais 14.894 1.170,68
Vias Coletoras 16.795 1.103,51
Vias Locais 68.392 7.060,56
Figura 5.2: Divisão de domínio das vias do Distrito Federal. Fonte: Novacap.
A metodologia utilizada foi desenvolvida na USP de São Carlos pelo Prof. Dr. José
Leomar Fernandes Júnior em sua Tese de Livre Docência (2001) e adaptada às
159
Para gerar uma priorização de vias são necessários alguns componentes que
forneçam dados e permitam realizar ajustes nos parâmetros do sistema. Os
componentes utilizados na geração da priorização são obtidos de 4 fontes.
Base de Dados Espacial dos Segmentos de Pista:
Código da RA;
Nome da Via (quando designado);
Status da Via;
Hierarquia ou Classe Funcional;
Extensão do Segmento;
Tipo de Via;
Domínio da Via;
Ano Construção ou última manutenção e reabilitação - MR
o Extensões;
o Pontos Dedutíveis;
Parâmetros de Análise:
Faixas de ICP;
Faixas de Idade;
Faixas de VDM;
Árvore de Decisão;
Custos Estimados de Manutenção;
Valores Estimados de Orçamento;
Matriz de valores da relação ICP / Idade;
Matriz de valores da relação VDM / Classe Funcional.
Com esses dados o sistema gera para cada segmento de pista uma série de
informações, desde a seleção da estratégia sugerida de manutenção, os custos
estimados de manutenção, Índice de Prioridade Calculado e ordem de prioridade de
intervenção em relação ao todo.
O sistema calcula o Índice de Prioridade (IP) de cada segmento por meio de duas
matrizes, uma que relaciona o ICP e a Idade, com peso de 70% no valor do IP, e outra
que relaciona o VDM com a Classe Funcional, com peso de 30% no valor do IP.
A partir dos dados de ICP, Idade e VDM, são selecionadas na árvore de decisão as
estratégias de manutenção para cada segmento, e com base nos custos unitários de
manutenção, são definidas as estimativas de custos por segmento.
Deve-se destacar que o método utilizado não é uma “caixa preta”, ou seja, permite à
Novacap fazer os ajustes de acordo com a sua realidade e necessidade, que poderão
e certamente irão mudar ao longo do tempo, de tal forma que o SGPU da Novacap
tem mecanismos de adaptação a essas mudanças. Inicialmente, quando da
implantação, foi necessário um processo de ajuste:
O modelo de análise composto possui uma estrutura tal que nas fases de geração
inicial de informações, enquanto os modelos são calibrados, é recomendável a
utilização do ICP do Avaliador, conforme destacado por Fernandes, Jr. e Pantigoso
(1998) ao tratar dos critérios de priorização. Os intervalos são apresentados na Figura
5.5.
É necessário também definir critérios para o parâmetro idade, o qual influi na árvore
de decisões para que o sistema recomende a M&R mais adequada. A Figura 5.6
apresenta os parâmetros de idade.
Figura 5.7: Parâmetros de VDM das vias para priorização. Fonte: Novacap.
Figura 5.8: Matriz ICP x Idade para priorização de vias. Fonte: Novacap.
165
Figura 5.9: Matriz VDM x Classe Funcional para priorização de vias. Fonte: Novacap.
Figura 5.10: Ponderação de rotas prioritárias para priorização de vias. Fonte: Novacap.
Figura 5.11: Árvore de decisão e escolha da M&R para priorização de vias. Fonte: Novacap.
Com base nos resultados gerados pelo sistema, é gerada uma série de dados,
indicadores e mapas que permitem realizar diversas análises, com quantitativos e
valores estimados. As informações geradas a seguir são com base nas vias
priorizadas pelo SGPU, somente de domínio da Novacap, que foram avaliadas na
implantação do sistema, em um total de 73.550 segmentos.
Tabela 5.4: Necessidades de investimentos para todo o Distrito Federal. Fonte: Novacap.
Extensão Extensão
R Região Custo % Segmentos Área
Linear Total
A Administrativa Estimado Custos M&R Km²
Km Faixas Km
1 Brasilia 174.924.296,58 30,92% 10.455 842,16 1.874,89 6,98
2 Gama 26.252.269,58 4,64% 4.214 314,33 635,21 2,35
3 Taguatinga 67.809.822,57 11,99% 4.989 439,18 908,78 3,46
4 Brazlândia 7.087.206,07 1,25% 1.495 114,85 229,59 0,87
5 Sobradinho II 11.280.516,29 1,99% 1.663 155,64 311,74 1,20
6 Planaltina 13.000.926,90 2,30% 4.434 394,99 790,92 2,94
7 Paranoá 4.765.363,34 0,84% 1.127 76,57 152,58 0,56
Núcleo
8
Bandeirante 5.327.086,60 0,94% 818 53,94 108,36 0,41
9 Ceilândia 57.760.590,14 10,21% 6.613 602,86 1.216,59 4,53
10 Guará 25.320.983,89 4,48% 2.791 201,83 430,64 1,58
11 Cruzeiro 8.682.827,21 1,53% 933 68,32 139,79 0,55
12 Samambaia 22.838.514,64 4,04% 7.496 539,02 1.094,33 4,11
13 Santa Maria 8.632.155,56 1,53% 3.955 291,77 583,68 2,14
14 São Sebastião 5.390.435,92 0,95% 2.059 149,36 295,56 1,08
Recanto das
15
Emas 6.418.054,09 1,13% 4.359 272,83 545,73 2,05
16 Lago Sul 25.241.211,22 4,46% 1.395 200,73 409,08 1,54
17 Riacho Fundo 4.611.418,41 0,82% 748 65,42 130,84 0,49
18 Lago Norte 17.934.532,80 3,17% 1.108 149,41 297,28 1,12
19 Candangolândia 2.028.097,63 0,36% 334 28,30 56,76 0,21
20 Aguas Claras 9.479.994,98 1,68% 1.377 114,80 236,30 0,88
21 Riacho Fundo II 3.273.420,72 0,58% 1.619 118,48 237,46 0,89
Sudoeste/
22
Octogonal 8.029.807,56 1,42% 1.086 76,45 160,12 0,60
23 Varjão 367.600,30 0,06% 220 13,94 27,81 0,10
24 Park Way 8.050.241,93 1,42% 2.654 145,87 283,26 1,04
25 Scia/Estrutural 1.497.843,37 0,26% 554 37,26 75,42 0,28
26 Sobradinho 7.140.944,21 1,26% 1.242 116,08 231,12 0,86
27 Itapoã 595.304,76 0,11% 750 64,72 130,39 0,49
28 Jardim Botânico 2.375.262,74 0,42% 544 58,96 118,03 0,44
29 Sia 16.479.628,50 2,91% 1.478 118,58 277,69 1,00
30 Vicente Pires 13.101.202,33 2,32% 1.040 86,01 168,20 0,65
As vias locais são maioria, com 42.635 segmentos, que totalizam 3.693km, 62,46%
do total.
Em relação aos custos para as atividades de M&R, as vias arteriais, mesmo sem ter
a maior extensão, representam 42,94% dos investimentos necessários, as locais
38,67% e as coletoras 18,37%. As rodovias representam 0,01% das necessidades de
investimento.
170
Figura 5.13: Distribuição de classes hierárquicas das vias do DF. Fonte: Novacap.
Com base nos resultados gerados pela priorização, é possível agrupar e quantificar
os dados utilizando somente as vias priorizadas, gerando dados analíticos, com
estimativa de custos para cada estado de condição, conforme faixa de ICP.
Tabela 5.7: Ano previsto para as obras do Programa Asfalto Novo. Fonte: Novacap.
Custos Extensão Índice de
Ano Extensão Custo
Segmentos Estimados Faixas Prioridad
Recomendado Vias (Km) Médio
(R$) (Km) e Médio
2013 15.202 299.998.154,82 1.282,91 2.887,60 19.734,12 11,13
2014 58.348 265.699.406,02 4.629,76 9.270,52 4.553,70 17,78
razoável entre as M&R. São R$200 milhões para manutenção preventiva, que
corresponde a 35% das vias. Mais R$150 milhões para reforço convencional, que
corresponde a 9% da extensão, porém, fica evidente a manutenção preventiva é
menos onerosa e preserva as vias em melhor condição por mais tempo, conforme já
apresentado no capítulo 4, sobre a análise econômica com a amostra de vias de São
Carlos. A fresagem com reforço foi a M&R sugerida para apenas 1667 segmentos,
porém, consome R$113 milhões do total. A manutenção corretiva foi indicada para
15% das vias e requer R$92,6 milhões de investimento.
Quanto mais são analisados os dados, mais evidente é que manter o pavimento em
boas condições é mais barato do que deixá-lo se deteriorar e então realizar M&R mais
onerosa. As estratégias do SGPU são mais vantajosas para a administração pública,
que economiza recursos que seriam destinados para manutenção viária e podem ser
aplicados em áreas produtivas e para a população, que percebe as vias em melhor
condição.
Tabela 5.8: Distribuição dos investimentos em função das M&R. Fonte: Novacap.
Custos Extensão Extensão
Estratégia Extensão
Segmentos Estimados de Vias de Faixas
Sugerida %
(R$) (Km) (Km)
Não Fazer
Nada 31.074 0,00 2.101,38 4.203,26 35,540%
Manutenção
Corretiva 12.529 92.638.260,60 928,78 1.875,87 15,708%
Manutenção
Preventiva 22.050 206.472.257,37 2.121,42 4.345,20 35,879%
Reforço
Convencional 6.214 151.232.622,33 558,36 1.194,84 9,443%
Reforço com
Fresagem 1.667 113.101.778,84 199,57 531,09 3,375%
Reconstrução 16 2.252.641,70 3,15 7,88 0,053%
5.2 Dados referentes aos estudos para apoio à decisão para uma licitação de
manutenção preventiva e corretiva.
Para garantir melhores preços em licitações para manutenção em vias públicas devido
à escala, a Novacap agrupa as diversas Regiões Administrativas – RAs em Lotes. Os
Lotes, nessa licitação em estudo, são numerados de 1 a 4, conforme apresentado na
Tabela 5.9. Além das RAs que integram cada Lote, é mostrado também o valor médio
do ICP Objetivo.
No Lote 1, o valor médio do ICP é de 88,85. Os demais Lotes apresentam valor médio
de ICP próximo ao do primeiro. Portanto, apenas com base no valor médio do ICP não
é razoável indicar os valores financeiros a serem aplicados em cada Lote.
Foram analisados, com base em uma simulação realizada pelo SGPU e SIG-T, as
áreas com necessidade de Manutenção Preventiva - MP e as áreas com necessidade
de Manutenção Corretiva – MC.
175
Os resultados podem ser observados na Tabela 5.10. Pode-se notar que dos 60.832
segmentos de pista analisados, 7.669 estão no Lote 4, o que representa 715.122,72
m lineares de extensão, com uma área de 5.358.568,85 m², que representa 14,29%
da área total dos 4 Lotes (foram excluídos os segmentos já beneficiados pelos
Programas Asfalto Novo I e II).
Tabela 5.9: Divisão do Distrito Federal em lotes e por média de ICP. Fonte: Novacap.
MÉDIA ICP_SE CIDADES - Lote 1 MÉDIA ICP_SE CIDADES - Lote 2
BRASÍLIA CANDANGOLÂNDIA
CRUZEIRO GAMA
NÚCLEO
JARDIM BOTÂNICO BANDEIRANTE
RECANTO DAS
88,85 89,89
LAGO NORTE EMAS
LAGO SUL RIACHO FUNDO I
SÃO SEBASTIÃO RIACHO FUNDO II
SUDOESTE/OCTOGONAL SAMAMBAIA
VARJÃO SANTA MARIA
Com base nos dados apresentados, sugere-se que o Lote 1 receba 27% do valor total
da licitação, que o Lote 2 receba 16 % do valor total da licitação, que o Lote 3 receba
38 % do valor da licitação e que o Lote 4 receba 19 % do valor total da licitação.
176
Na Tabela 5.10 são apresentados extensões, áreas, e custos para cada lote em
função da M&R mais adequada ser MC ou MP. Nesse trabalho, apenas para ilustrar,
são atribuídos valores de referência de preços unitários dos serviços de manutenção
preventiva e manutenção corretiva. São necessário R$279,9 milhões.
Tabela 5.10: Áreas e custos de MP e MC para todo o Distrito Federal. Fonte: Novacap.
LOTES
1 2 3 4
Total de segmentos 12.090,0 20.568,0 20.505,0 7.669,0
Soma da extensão dos
1.119.785,2 1.449.628,3 1.668.377,0 715.122,7
segmentos (km)
Soma das áreas dos
8.571.128,1 10.868.574,9 12.693.067,0 5.358.568,8
segmentos (m²)
% da área total (m²) 22,86 28,99 33,86 14,29
Área com necessidade de
4.075.569,55 1.766.278,09 4.450.837,19 3.177.277,12
MC (m²)
Área com necessidade de
2.045.616,14 1.967.193,06 4.186.779,05 1.033.930,95
MP (m²)
Soma das áreas MC + MP
6.121.185,69 3.733.471,15 8.637.616,23 4.211.208,08
(m²)
Preço Unitário de MC
35,00 35,00 35,00 35,00
(R$/m²)
Preço Unitário de MP
15,00 15,00 15,00 15,00
(R$/m²)
Preço Total de MC (R$ x
42.793.480,2 33.361.409,7
m²) – apenas 30% da área 18.545.919,95 46.733.790,50
8 6
recebe a MC
Preço Total de MP (R$ x 30.684.242,1 15.508.964,2
29.507.895,90 62.801.685,75
m²) 0 5
73.477.722,3 109.535.476,2 48.870.374,0
Preço Total por Lote (R$) 48.053.815,85
8 5 1
Total necessário para
R$ 279.937.388,48
todos os lotes
Sugestão SGPU para
distribuição (em %) do
27 16 38 19
valor (em R$) total
disponível
Ainda em relação à Tabela 5.10, é importante esclarecer que para fins de gerência de
pavimentos, uma via não deve ter mais do que 30% de sua área com remendos.
177
O mesmo raciocínio vale para os demais lotes. Essa consideração de que apenas
30% da área de um segmento de pista pode receber MC é porque além desse
percentual de área, admite-se que o segmento de pista já não mais atende às
necessidades e que a alternativa mais adequada de M&R é um Reparo Funcional ou
Reparo Estrutural, a depender de mais detalhes da condição da estrutura do
pavimento.
Na Figura 5.16, nota-se que os lotes 2 e 3 tem aproximadamente vinte mil segmentos,
o lote 1 tem pouco mais de 12.000,00 segmentos e o lote quatro tem quase 8.000,00
segmentos.
Na Figura 5.17 mantém-se a ordem entre os lotes, com pouco mais de 1600 km de
extensão no lote 3 e, com menor extensão, o lote 4, com aproximadamente 715 km.
total de segmentos
25.000,00
20.568,00 20.505,00
20.000,00
15.000,00
12.090,00
10.000,00 7.669,00
5.000,00
0,00
1 2 3 4
extensão (m)
1.800.000,00
1.668.377,05
1.600.000,00
1.449.628,30
1.400.000,00
1.200.000,00 1.119.785,18
1.000.000,00
715.122,72
800.000,00
600.000,00
400.000,00
200.000,00
0,00
1 2 3 4
Figura 5.17: extensão total dos segmentos por lote. Fonte: Novacap.
Na Figura 5.18, o lote 3 apresenta a maior área com mais de 12 milhões de km² e o
lote 4, o menor dos quatro, apresenta pouco mais de 5 milhões de km². A Figura 5.19
apresenta a porcentagem que cada lote representa em relação à área total dos quatro
lotes. O lote 4 tem 33,86% da soma das áreas e o lote 4, o menor, possui 14,29 % da
área total dos quatro lotes.
área (m²)
14.000.000,00
12.693.067,01
12.000.000,00
10.868.574,91
10.000.000,00
8.571.128,15
8.000.000,00
5.358.568,85
6.000.000,00
4.000.000,00
2.000.000,00
0,00
1 2 3 4
Figura 5.18: área total dos segmentos por lote. Fonte: Novacap.
180
25,00 22,86
20,00
14,29
15,00
10,00
5,00
0,00
1 2 3 4
Figura 5.19: porcentagem da área total por lote. Fonte: Novacap.
Na Figura 5.20 pode-se notar que o lote 3 é o que mais necessita de MC, com área
de quase 4,5 milhões de metros quadrados. O lote com menor área cuja necessidade
é MC é o lote 2, com 1,7 milhões de metros quadrados. A Figura 5.21 mostra o lote 3
como aquele que mais necessita de MP, com uma área de 4,18 milhões de metros
quadrados. O lote 4 é o que menos necessita de MP, com uma área de 1,0 milhão de
metros quadrados.
3.000.000,00
2.500.000,00
2.000.000,00 1.766.278,09
1.500.000,00
1.000.000,00
500.000,00
0,00
1 2 3 4
Figura 5.20: área total com necessidade de MC por lote (deve ser multiplicado por 30% para
estimativa orçamentária). Fonte: Novacap.
181
Figura 5.21: área total com necessidade de MP por lote. Fonte: Novacap.
Pela soma das áreas com necessidade de MC e MP, conforme a Figura 5.22, nota-se
que o lote 4 possui 8,6 milhões de metros quadrados de área a ser recuperada e o
lote 2, que tem a menor necessidade de área a ser recuperada, apresenta 3,7 milhões
de metros quadrados. Na Figura 5.23 é apresentada a sugestão do SGPU para a
destinação da receita total a ser distribuída para os 4 lotes e a maior porcentagem
pode ser para o lote 4, na quantidade de 38 %, e a menor porcentagem pode ser para
o lote 2, na quantidade de 16%.
10.000.000,00
soma das áreas MC + MP (m²)
9.000.000,00 8.637.616,23
8.000.000,00
7.000.000,00
6.121.185,69
6.000.000,00
5.000.000,00 4.211.208,08
3.733.471,15
4.000.000,00
3.000.000,00
2.000.000,00
1.000.000,00
0,00
1 2 3 4
Figura 5.22: área total com necessidade de MC + MP por lote. Fonte: Novacap.
182
35
30 27
25
20 19
16
15
10
5
0
1 2 3 4
Figura 5.23: porcentagem da receita total a ser destinada para cada lote. Fonte: Novacap.
Com base na análise dos resultados apresentados pelo SGPU recomenda-se que os
recursos disponíveis sejam aplicados em cada lote nas proporções conforme
apresentado na Figura 5.23.
Figura 5.24: Divisão hierárquica das vias em Brasília, Plano Piloto. Fonte: Novacap.
184
Para os gestores das vias públicas é importante entender quais os defeitos estão
presentes nas vias, quais as notas de condição das vias e assim definir como distribuir
os recursos disponíveis de modo eficiente com vistas a manter a malha viária na
melhor condição possível.
Muitas vezes os contratos de licitação são específicos para determinado tipo de via,
sejam apenas Arteriais, sejam Locais, ou para uma específica Região Administrativa
ou, ainda, para um tipo específico de serviço, que pode ser recapeamentos ou
manutenções corretivas e preventivas. Disso, decorre a importância da informação
ser apresentada de modo segmentado a fim de atender mais adequadamente aos
diferentes tipos de licitações que podem ocorrer dentro da administração pública.
Figura 5.25: Vias Arteriais com Trincas por Fadiga em Brasília, Plano Piloto. Fonte: Novacap.
186
Figura 5.26: Vias Coletoras com Trincas por Fadiga em Brasília, Plano Piloto. Fonte: Novacap.
187
Figura 5.27: Vias Locais com Trincas por Fadiga em Brasília, Plano Piloto. Fonte: Novacap.
188
Pode-se notar que as vias Arteriais e Coletoras têm poucas panelas se comparado às
vias Locais. Uma possível explicação é o programa Asfalto Novo que recuperou
muitas vias Arteriais e Coletoras. Se for de interesse da administração pública,
também é possível gerar um mapa temático com as panelas ou buracos presentes em
todas as vias, independentemente da classe funcional, conforme a Figura 5.31. Ideal
para ações corretivas na mesma RA.
189
Figura 5.28: Vias Arteriais com Panelas (buracos) em Brasília, Plano Piloto. Fonte: Novacap.
190
Figura 5.29: Vias Coletoras com Panelas (buracos) em Brasília, Plano Piloto. Fonte: Novacap.
191
Figura 5.30: Vias Locais com Panelas (buracos) em Brasília, Plano Piloto. Fonte: Novacap.
192
.
Figura 5.31: Todas as Vias com Panelas (buracos) em Brasília, Plano Piloto. Fonte: Novacap.
193
A representação espacial dos dados vai além dos locais com presença de defeitos. É
possível, também, apresentar outros dados como informação espacial para auxiliar a
tomada de decisão dos gestores.
Por exemplo, nas Figuras 5.32 até Figura 5.34 são apresentados o Índice de Condição
do Pavimento Subjetivo do Avaliador – ICP_AV. Para obter esse índice, o avaliador
percorre toda a via e define uma nota entre 0 a 100, sendo 100 a nota para um
pavimento em condição muito boa e 0 para um segmento em condição muito ruim.
Com base no ICP, na idade da via e no volume de tráfego são definidas as estratégias
de Manutenção e Reabilitação – M&R mais adequada para cada combinação.
Nas vias Arteriais e Coletoras pode-se notar que a maioria dos segmentos de pista
está na condição boa ou muito boa. Isso pode ser resultado do Programa Asfalto Novo
que realizou manutenções em vias principais do Plano Piloto.
Figura 5.32: Vias Arteriais, ICP_AV no Plano Piloto, Brasília. Fonte: Novacap.
195
Figura 5.33: Vias Coletoras, ICP_AV no Plano Piloto, Brasília. Fonte: Novacap.
196
Figura 5.34: Vias Locais, ICP_AV no Plano Piloto, Brasília. Fonte: Novacap.
197
Uma vez definidos em inventário a idade das vias e seu volume de tráfego, basta
conhecer o ICP para que a árvore de decisões do SGPU indique a M&R mais
adequada.
Nas vias arteriais é mais recomendado não fazer nada, ou seja, ação postergada, o
que indica condição muito boa das vias. A alternativa de M&R mais indicada às vias
arteriais de Brasília é a manutenção preventiva, o que indica adequada capacidade
estrutural das vias, com necessidade apenas de conservação de rotina. Essa é a
época correta de se realizar tais atividades de M&R, antes que a serventia diminua e
seja necessário uma M&R mais onerosa ao estado.
Além de operações tapa-buracos deve-se primar por atividades de selar trincas, antes
que estas evoluam para buracos e danifiquem toda a estrutura da via. Nas vias
coletoras ocorre o mesmo, as M&R mais indicadas são não fazer nada e manutenção
preventiva, com poucos segmentos de pista com Manutenção Corretiva e raros com
reparo funcional ou estrutural. Nesses casos, também, pode-se atribuir ao programa
asfalto novo a condição, em geral, boa e muito boa das vias.
As via locais não seguem o mesmo padrão das vias arteriais e coletoras. As
indicações de M&R são mais onerosas, com necessidades amplas de reparo funcional
e reparo estrutural. Isso indica que o pavimento já está em avançado estado de
deterioração e que caso não sejam realizadas ações de grande investimento por parte
da administração pública, os riscos para os usuários e os custos de operação dos
veículos são elevados.
Figura 5.35: Vias Arteriais, sugestões de M&R no Plano Piloto, Brasília. Fonte: Novacap.
199
Figura 5.36: Vias Coletoras, sugestões de M&R no Plano Piloto, Brasília. Fonte: Novacap.
200
Figura 5.37: Vias Locais, sugestões de M&R no Plano Piloto, Brasília. Fonte: Novacap.
201
O Programa Asfalto Novo, em vigência desde 2013 até hoje, é responsável por
grandes investimentos em manutenção viária no Distrito Federal.
A maior parte dos recursos foi investida nos anos de 2013 e 2014, conforme planejado
pelo SGPU.
A Tabela 5.11 apresenta os resultados para as vias arteriais, RA por RA. A Tabela
5.12 trás os resultados para as vias coletoras e a Tabela 5.13 os resultados para as
vias locais.
Para as vias coletoras e locais houve apenas dois ciclos de avaliações, um em 2010
e outro em 2014. As vias locais foram avaliadas por duas vezes, uma em 2011 e outra
em 2015.
Conforme a Tabela 5.11, as vias arteriais são maioria na RA Brasília, com 2.605
segmentos. A segunda maior RA em segmentos de vias arteriais é Ceilândia, com
1.607.
Nas demais RAs, nenhuma possui mais do que 1.000 segmentos. A análise dos 5
defeitos apresentados permite verificar que entre 2011 e 2014, período em que foram
realizadas a maior parte das manutenções do Programa Asfalto Novo, houve
diminuição do número de segmentos com presença de defeitos. Brasília, por exemplo,
tinha 2.065 segmentos de pista com trincas por fadiga.
202
Em 2014 eram apenas 371 segmentos com trincas por fadiga. Esta foi a oportunidade
de se realizar atividades corretivas nas trincas por fadiga antes que evoluíssem para
panelas, porém, não foi o que ocorreu.
Os dados mostram que em 2015 havia 634 segmentos com trincas por fadiga, o que
significa que além de não serem tratados os segmentos que já possuíam esse defeito,
ainda surgiram novos segmentos com trincas por fadiga.
Brasília, por exemplo, apresentava 1.381 segmentos com trincas por fadiga e, em
2014 apenas 356. As panelas diminuíram de 124 para 50 segmentos.
Os remendos, que eram 900 em 2010, estavam presentes em apenas 185 em 2014.
Para as vias coletoras, por não haver uma terceira avaliação, não foi possível verificar
o quão rápido os defeitos surgiram novamente.
Contudo, é possível notar que a RA Brasília teve o número de segmentos com trincas
por fadiga e com remendos diminuído de 2011 para 2015. As trincas por fadiga
diminuíram de 3.888 para 2.610 e os remendos de 2.947 para 1.551.
204
As panelas aumentaram de 393 para 496 no mesmo período. Outras RAs, como
Gama, Sobradinho I, Planaltina, Santa Maria e Sobradinho II tiveram aumento no
número de segmentos com trincas por fadiga e as demais RAs tiveram diminuição da
presença desse defeito. A presença de defeitos varia aleatoriamente nas vias locais.
Conforme previsto, foram realizadas avaliações com filmagens, porém, houve
dificuldade para identificar em escritório os segmentos de pista. Essa tecnologia
precisa de melhorias, porém, é uma potencial evolução para avaliações de campo.
205
2011 2015 2011 2015 2011 2015 2011 2015 2011 2015
RA
Segm. Trinca por Fadiga Remendos Panela Deform. Perm. Desgaste
1 - Brasília 5260 3888 2610 2947 1551 393 496 51 92 5121 4889
2 - Gama 2348 835 918 1598 1747 786 1170 33 5 2222 2219
3 - Taguatinga 2460 1615 1154 1930 1587 846 1130 23 11 2312 2292
4 - Brazlândia 831 259 53 465 303 246 146 24 3 748 785
5 - Sobradinho I 1059 460 494 614 506 192 237 26 3 981 1030
6 - Planaltina 1848 289 385 822 901 196 295 40 14 1686 1793
7 -Paranoá 702 251 160 500 324 191 114 13 65 692 693
8 - N. Bandeirante 280 151 82 183 86 59 63 7 1 259 255
9 - Ceilândia 3551 1167 1043 1564 1771 1137 1223 46 20 2392 2443
10 - Guará 1904 869 497 1113 418 399 330 71 39 1469 1500
11 - Cruzeiro 640 337 275 437 261 154 82 42 1 371 635
12 - Samambaia 5217 964 1201 2653 2902 881 1317 224 26 4961 5044
13 - Santa Maria 1983 295 450 951 970 241 250 55 6 1886 1894
14 - São Sebastião 796 309 145 516 346 251 221 46 5 737 756
15 - Recanto das Emas 3069 398 480 1307 1599 397 713 41 12 3029 3049
16 - Lago Sul 1034 716 687 781 615 199 158 29 23 994 990
17 - Riacho Fundo I 394 134 102 266 211 74 67 15 2 389 393
18 - Lago Sul 486 335 311 413 342 140 72 19 3 480 482
19 - Candangolândia 185 115 60 144 44 57 55 8 181 179
20 - Águas Claras 580 188 123 255 102 101 99 22 10 420 433
21 - Riacho Fundo II 569 80 103 233 247 59 103 17 539 568
22 - Sudoeste/Octogonal 693 330 118 453 79 96 29 44 5 439 677
23 - Varjão
24 - Park Way 63 8 47 42 21 61 62
25 - SCIA/Estrutural 620 29 12 61 12 18 10 1 269 351
26 - Sobradinho II 760 231 248 346 306 181 140 44 1 623 630
27 - Jardim Botânico
28 - Itapoã 608 22 8 145 65 36 41 9 421 427
29 - SIA 450 271 112 310 137 52 65 2 7 425 435
206
207
Neste capítulo são apresentados, além das conclusões, sugestões para continuação
da pesquisa desta tese.
6.1 Conclusões
Com base nos resultados apresentados de toda malha viária de São Carlos em 2003
e, considerando-se o mecanismo de deterioração dos pavimentos flexíveis, em que
as trincas por fadiga evoluem em extensão e severidade e se transformam em panelas
e que as panelas são tratadas com remendos, constatou-se que em São Carlos quase
40% das vias apresentam problemas estruturais, com elevada extensão da malha
viária com trincas por fadiga, que não há manutenção e reabilitação nos estágios
iniciais, quando seriam de fato efetivas, restringindo-se aos remendos. Assim, sem
haver manutenção preventiva ou corretiva no momento adequado, as trincas por
fadiga evoluem para panelas, com aumento dos custos de operação dos veículos e,
também, há infiltração da água das chuvas e enfraquecimento de toda estrutura. Em
síntese, a estratégia adotada em São Carlos e na maioria das cidades brasileiras
conduz a um pavimento em condição ruim, em geral, com excesso de remendos e
prejuízos socioeconômicos para toda sociedade.
Dos 5.800 segmentos de pista avaliados em São Carlos em 2003, 65% tiveram nota
de ICP Subjetivo maior ou igual a 85. Para o mesmo grupo, o ICP Objetivo teve valor
superior ou igual a 85 em 76% dos segmentos, com evidência de que a nota objetiva
é, em geral, mais elevada do que a nota subjetiva. Isso pode ser consequência de
208
uma avaliação de campo que considera muitos defeitos avaliáveis, porém, com alguns
deles com baixa frequência de ocorrência, sem dedução de pontos na avaliação
objetiva. Dos defeitos avaliáveis na planilha utilizada em São Carlos, 4 deles não
aparecem em mais do que 5% das vias, indicando a necessidade de ajuste da nota
objetiva, principalmente quanto ao número de defeitos avaliados. A avaliação com
cinco defeitos pode ser uma alternativa.
Ainda em relação aos 5.800 segmentos avaliados em 2003, em São Carlos, 3.170
(55%) tiveram como M&R indicada Nada a Fazer - NF, coerente com a quantidade de
segmentos cujo ICP é maior ou igual a 85. A quantidade de segmentos com
recomendação de manutenção corretiva foi de 1.992, também coerente com a
quantidade de segmentos com panelas encontradas nas vias.
A quantidade de segmentos com ICP maior ou igual a 85 sugere que a malha viária
ainda está em estágio de deterioração reduzido, com potencial efeito positivo no
aumento da vida útil se receber manutenção preventiva, ainda que as administrações
municipais não a incluam como estratégia.
Em 2003, havia 125 segmentos cuja M&R recomendada era nada a fazer, já em 2007
eram apenas 65. Em 2003, apenas 8 segmentos necessitavam de reforço estrutural,
mas, em 2007, 50 segmentos necessitavam de reforço estrutural. A quantidade de
segmentos com panelas em 2003 era 29 e, em 2005, 53 segmentos apresentavam
panelas, um aumento de 83%. Em 2007 caiu para 49 o número de segmentos com
panelas, evidência de que foram realizadas operações tapa-buracos quando do
surgimento de panelas, e não na forma de manutenção corretiva quando eram trincas.
O número de segmentos com o defeito remendos cresce ano a ano na amostra, ainda
que a taxas pequenas, com 173 em 2003, 180 em 2005 e 187 em 2007.
Em geral, a condição das vias tem piorado ano a ano, consequência direta do aumento
dos pontos deduzidos dos defeitos trincas por fadiga, panelas e remendos. A soma
209
dos pontos deduzidos do defeito remendo, para toda a amostra, em 2003, foi de 750
pontos. Em 2007, a soma chegou a 1.191 pontos deduzidos. Como o número de
segmentos não cresceu tanto no mesmo período, pode-se concluir que houve
aumento na extensão e/ou severidade. O mesmo raciocínio se aplica para o defeito
panelas, que, apesar de estar presente em 49 segmentos em 2007 e em 53 2005,
ainda sim teve o número de pontos deduzidos aumentado de 110 para 119.
A avaliação pelo PCI também apresentou diferenças entre as notas mais baixas e as
notas mais altas, porém, quando a nota de PCI é menor do que 20, há pouca
210
O desvio padrão para as avaliações de 5 defeitos foi 21,24, próximo ao desvio padrão
do PCI, que foi de 24,19. As avaliações IA/SHRP apresentaram desvio padrão de
11,58 e 12,34 para o ICP Objetivo e Subjetivo, respectivamente. Quanto maior o
desvio padrão, melhor separados estão os segmentos de pista em função de sua
condição, evidenciando que a avaliação com 5 defeitos pode ser mais adequada.
Para a amostra de 220 segmentos de São Carlos, a nota média de ICP Objetivo
diminuiu 3,0 pontos a cada biênio. A nota média de ICP Subjetivo diminuiu 1,4 pontos
em dois anos. Se for considerado que o máximo de pontos a ser deduzido é 100, pode
parecer pouco 3,0 pontos a cada biênio, porém, considerando-se que as notas de ICP
Objetivo raramente são inferiores a 70, os 3 pontos representam 10% a cada biênio,
isso para os segmentos em boas condições, com ICP igual ou superior a 85.
Para segmentos com ICP inferior a 85 não foi possível elaborar modelo de previsão
de desempenho, pois as notas de 2005 são superiores às notas de 2003, por
operações tapa-buracos, mais provavelmente, e recapeamento.
Como parte desta tese, foi realizado estágio no exterior, na Universidade do Texas
em San Antonio – UTSA. Além da Universidade, houve contato com o SGPU da
cidade. De acordo com os resultados obtidos foi possível verificar que em San Antonio
há preocupação em selar trincas e realizar atividades de manutenção preventiva, com
lama asfáltica ou espuma de asfalto, que aumentam a vida útil dos pavimentos. Além
disso, a espessura dos revestimentos é bastante superior ao que se observa nas vias
das cidades brasileiras. Em países desenvolvidos não se faz revestimentos mais
espessos apenas porque a condição econômica permite, mas sim porque é mais
eficiente, conforme relatou o gerente de manutenção de vias de San Antonio. A cidade
de San Antonio investe US$2,0 milhões por ano em avaliações da condição das vias
para planejar adequadamente as atividades de manutenção e reabilitação e controla
com rigor as manutenções realizadas. Apesar de estar em um país desenvolvido, o
mais rico do mundo, a cidade norte-americana de San Antonio utiliza as técnicas,
equipamentos e recursos humanos equivalentes ao que há no Brasil, evidenciando a
importância dos sistemas de gerência de pavimentos urbanos, principal diferença.
Quando a malha viária é de uma cidade de grande porte, como a capital federal do
Brasil, há necessidade de implantação de um SGPU com mais recursos
computacionais para a correta gerência das vias. Brasília implantou, em 2009, um
213
Com base no SGPU implantado no Distrito Federal foi obtido financiamento para
manutenção das vias no valor total de R$565 milhões, valor expressivo e possível
apenas com base nas informações detalhadas de onde seria investido o recurso, com
transparência e com técnica racional. O valor foi financiado pelo BID. As obras
resultantes desse investimento fizeram parte do Programa Asfalto Novo, cuja primeira
etapa contemplou apenas a Região Administrativa Brasília e, a segunda etapa,
contemplou as vias arteriais e coletoras das demais Regiões Administrativas, exceto
a RA Vicente Pires, que já possuia previsão de recursos própria. Sem esse padrão de
plano de negócio que o SGPU oferece não seria possível pleitear esses recursos.
Cada Região Administrativa pode ter as alternativas de M&R apresentadas por classe
funcional, o que é útil a depender da fonte de recursos, a qual pode ser específica
para algum tipo de intervenção ou para algum tipo de via (classe funcional).
Como conclusão final, pode-se assumir, com base nos resultados apresentados, que
um SGPU é uma ferramenta com potencial para diminuir custos de manutenção de
vias pavimentadas e, ainda, mantê-las em condições adequadas ao tráfego. Um
SGPU pode ser simples, com análises realizadas em planilha eletrônica, como foi
realizado em São Carlos, ou sofisticado, com apoio de software específico, como é o
caso do SGPU do Distrito Federal. Independentemente do grau de sofisticação do
SGPU, a qualidade da avaliação de campo e a aplicação da M&R correta, na época
correta, são imprescindíveis para a adequada operação do SGPU.
Séries históricas mais longas de avaliações de campo podem ser utilizadas para
acompanhamento da diminuição da serventia, do desempenho das vias e dos efeitos
das atividades de M&R adotadas pelas administrações municipais. Diferentes
localidades podem apresentar diferentes desempenho, com necessidade de ajustes
caso um modelo nacional de desempenho de vias urbanas pavimentadas seja
pretendido.
217
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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the Mu-Meter.
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Management. Philadelphia, USA, 09 p.
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2003) – Standard Test Method for Measuring Surface Friction Properties Using
the British Pendulum Tester.
218
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Method for Measuring Pavement Macrotexture Depth Using a Volumetric
Technique.
Heleven, L. J. E., Dirckix, P., “Data Collection in Belgium and Their Use in the
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STP 1121, Frank B. Holt and Wade L. Gramling, Eds., American Society for
Testing and Materials, Philadelphia, 1992.
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Implementation, ASTM STP 1121, Frank B. Holt and Wade L. Gramling, Eds.,
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