Issue
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Expediente: Anuário Brasileiro da Agricultura Familiar Assecom MS, Agência Brasil, Terezinha Wilk - Emater/RS,
Editora Bota Amarela Ltda. Editor: Edson Castro Câmara dos Deputados, Agência AL
CNPJ: 07.361.916/0001-16 Textos: Edson Castro, Paola Seibt e Karine Heller Artes Comercial Jornal Bom Dia: Fábio Pichler
Diretor Presidente: Hélio Rubem Corrêa da Silva Marketing: Rosmari Gryzbowski, Érica Farias e Evandro Impressão: Edelbra
Diretora Administrativa: Solange Leal da Silva Centenaro Janeiro 2013
Avenida Santo Dal Bosco, 97 Projeto Gráfico e Diagramação: Mariah Carraro Não é permitida a reprodução, cópia, transcrição,
Centro – Erechim – RS Smaniotto - Copydesk Jornalismo & Marketing Ltda. transcrita ou transmitida por meios eletrônicos ou
CEP 99700-000 Capa: Equipe Jornal Bom Dia gravações sem a referida citação da fonte.
Fone/Fax: 54 3520-8500 Foto da capa: Edson Castro
Fotografias: Arquivo Jornal Bom Dia, Edson Castro,
Emater, Assecom MDA, Assecom Embrapa, Assecom MG,
Ubirajara Machado/Embrapa
Não familiar 807 587 249 690 940 246 629 7 321 986 407 684 32 006 933 461 706 2 776 530
Agricultura Utilização das terras nos estabelecimentos Receitas obtidas pelos estabelecimentos no ano, por tipo
familiar Lavouras Venda Pastagens
Área para cultivo de flores (inclusive Naturais Pastagens plantadas Pastagens plantadas
hidroponia e plasticultura), viveiros degradadas em boas condições
de mudas, estufas de plantas casas
de vegetação
Estabeleci- Área (ha) Estabeleci- Área (ha) Estabeleci- Área (ha) Estabeleci- Área (ha)
mentos mentos mentos mentos
Total 11 075 100 109 1 672 328 57 316 457 313 141 9 842 925 1 510 734 91 594 484
Agricultura 7 119 18 378 1 361 035 14 575 542 248 086 2 762 803 1 171 043 19 052 869
familiar - Lei nº
11.326
Não familiar 3 956 81 730 311 293 42 740 915 65 055 7 080 122 339 691 72 541 615
Edson Castro
Agricultura familiar Produtor na direção dos trabalhos do estabelecimento, por sexo e grupos de anos de direção
Homens Mulheres
Menos de De 1 a menos De 5 a menos De 10 anos e Menos de De 1 a menos De 5 a menos De 10 anos
1 ano na de 5 anos na de 10 anos a mais na direção 1 ano na de 5 anos na de 10 anos a e mais na
direção dos direção dos direção dos dos trabalhos direção dos direção dos direção dos direção dos
trabalhos trabalhos trabalhos trabalhos trabalhos trabalhos trabalhos
Total 132 730 817 681 832 868 2 735 982 16 248 103 745 109 290 426 945
Agricultura familiar - 100 878 654 887 686 234 2 325 341 14 764 93 573 98 580 393 645
Lei nº 11.326
Não familiar 31 852 162 794 146 634 410 641 1 484 10 172 10 710 33 300
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário.
Agricultura familiar Pessoal ocupado no estabelecimento em 31.12 com laço de parentesco com o produtor (1)
Total Principais características em relação ao total do pessoal oupado
Residiam no estabelecimeto Sabiam ler e escrever
Total De 14 anos e mais Total De 14 anos e mais Total De 14 anos e mais
Total 12 801 179 11 792 283 10 122 098 9 196 863 8 236 795 7 718 971
Agricultura familiar - Lei nº 11 036 701 10 135 724 8 933 708 8 105 709 6 984 632 6 524 084
11.326
Não familiar 1 764 478 1 656 559 1 188 390 1 091 154 1 252 163 1 194 887
Agricultura familiar Pessoal ocupado no estabelecimento em 31.12 com laço de parentesco com o produtor (1)
Principais características em relação ao total do pessoal ocupado
Recebiam salário Tinham qualificação profissional Trabalhavam somente em atividade não
agropecuária
Total De 14 anos e mais Total De 14 anos e mais Total De 14 anos e mais
Total 537 964 533 420 286 729 285 634 223 671 211 747
Agricultura familiar - Lei nº 341 015 337 475 170 089 169 333 169 910 159 937
11.326
Não familiar 196 949 195 945 116 640 116 301 53 761 51 810
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário.
(1) Inclusive produtor.
Agricultura familiar Estabelecimentos em que o produtor declarou ter atividade fora do estabelecimento
Tipo de atividade
Estabelecimentos Agropecuária Não agropecuária Agropecuária e não agropecuária
Total 1 479 362 686 659 745 594 47 109
Agricultura familiar - Lei nº 11.326 1 113 992 557 155 524 855 31 982
Não familiar 365 370 129 504 220 739 15 127
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário.
Receitas e valor
da produção
A
agricultura familiar responde por um terço
das receitas dos estabelecimentos agrope-
cuários brasileiros. Esta participação menor
nas receitas, em parte, é explicada porque apenas três
milhões (69,0%) dos produtores familiares declararam
ter obtido alguma receita no seu estabelecimento duran-
te o ano de 2006, ou seja, quase um terço da agricultura
familiar declarou não ter obtido receita naquele ano.
Os três milhões de agricultores familiares, que decla-
raram ter obtido alguma receita de vendas dos produtos
dos estabelecimentos, tinham uma receita média de R$
13,6 mil, especialmente com a venda de produtos vege-
tais que representavam mais de 67,5% das receitas obti-
das. A segunda principal fonte de receita da agricultura
familiar, segundo os dados, eram a venda de animais e
seus produtos, que representam mais de 21,0% das re-
ceitas obtidas nos estabelecimentos. Entre as demais re-
ceitas se destacavam a prestação de serviço para empresa
integradora e de produtos da agroindústria familiar.
Q
uando são considerados os valores de toda a destas, a agricultura familiar era majoritária, exprimin-
produção, e não somente as receitas de ven- do 56% do valor da produção de animais de grande por-
das, foram contados em 3,9 milhões o núme- te, por 57% do valor agregado na agroindústria, por 63%
ro de estabelecimentos familiares que declarou algum da horticultura e 80% da extração vegetal no País.
valor de produção. A agricultura familiar foi responsá-
vel por 38,0% do valor total da produção dos estabele- Financiamento da produção
cimentos. A exemplo das receitas, a produção vegetal Conforme a tabela os números referentes à obtenção
era a principal produção (72,0% do valor da produção de financiamento no ano de 2006: 781 mil estabeleci-
da agricultura familiar), especialmente com as lavouras mentos familiares praticaram a captação de recursos,
temporárias (42% do valor da produção) e permanentes sendo o custeio a principal finalidade (405 mil estabe-
(19%). Em segundo lugar no valor da produção, o desta- lecimentos), seguido da finalidade de investimento (344
que ficou com a atividade animal (25%), especialmente mil estabelecimentos), além da comercialização (8 mil
com animais de grande porte (14,0%). estabelecimentos) e manutenção do estabelecimento (74
O valor médio da produção anual da agricultura fa- mil estabelecimentos).
miliar foi de R$ 13,99 mil, tendo a criação de aves o me- Por outro lado, o Censo Agropecuário registrou
nor valor médio (R$ 1,56 mil), e a floricultura o maior mais de 3,5 milhões de estabelecimentos da agricultura
valor médio (R$ 17,56 mil). familiar que não obtiveram financiamento, especial-
A agricultura não familiar apresentou maior valor de mente porque não precisaram ou por medo de contrair
produção na maioria das atividades, mas em algumas dívidas
Não familiar 668 443 9 061 5 528 54 509 16 558 94 882 75 667 412 238
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário.
N
“Por isso, eu quero dizer que essa condição de garan-
os relatos a seguir, a presidente do Brasil, Dilma tir uma agricultura familiar pujante é condição também
Rousseff, destaca ações com o compromisso de para um padrão de qualidade da reforma agrária. Sem
ampliar e de fortalecer as políticas públicas lu- sombra de dúvida, este país precisa se democratizar, e
tando pela erradicação da miséria, estímulo ao empre- nós continuaremos nessa trajetória, democratizar o aces-
endedorismo e melhoria na qualidade de vida. Os textos so à terra para milhões de trabalhadores ou camponeses
foram editados através de pronunciamentos oficiais em pobres deste país, que têm, às vezes, um pedaço insufi-
diversos eventos relacionados à agricultura familiar. ciente de terra para viver ou nenhum.
Mas, ao mesmo tempo, nós queremos que a reforma
Crescimento com geração de oportunidades é agrária no Brasil contribua para esse caminho de suces-
o caminho para o desenvolvimento so, que é o caminho de um setor de agricultores familia-
“Meu objetivo maior é garantir que o Brasil continue res, de pequenos agricultores pujante, e que seja aquele
crescendo e gerando cada vez mais oportunidades para to- que possa viver com orgulho da renda do seu trabalho”.
Proteger a renda é fundamental para condições Lançado em julho de 2012, o Plano Safra
sustentáveis na agricultura familiar 2012/2013 tem como objetivo fortalecer a agri-
“Para nós, proteger a renda dos agricultores, garantir cultura familiar, responsável pela produção de
que ele e sua família tenham condições sustentáveis na sua 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros.
pequena propriedade é, eu diria assim, é o cerne do Pro- Neste Plano Safra, o governo também apresenta o
grama de Agricultura Familiar que desde o governo do pre- Programa de Aquisição de Alimentos desburocra-
sidente Lula nós viemos construindo, cada ano colocando tizado para facilitar o acesso de famílias e muni-
mais um tijolo, cada ano colocando mais um avanço através cípios mais pobres. O Plano Safra da Agricultura
de um diálogo sistemático com os movimentos. Esse diá- Familiar será de cerca de R$ 18 bilhões em crédi-
logo sistemático tem encontro marcado como o governo. tos do Programa Nacional de Fortalecimento da
O encontro marcado, em que nós abrimos o processo de Agricultura Familiar.
discussão com todos os movimentos sociais, escutamos, “Nós ouvimos as demandas dos movimentos
atendemos sempre, mas uma coisa: atendemos e escutamos do campo, não só as demandas, mas também as
muito as sugestões, porque sabemos que elas contribuem sugestões e propostas. Identificamos os aprimo-
para cada vez melhores tijolos. ramentos necessários e chegamos hoje ao anún-
Vocês podem ter certeza que a agricultura familiar e cio de ações que nos permitirão aumentar a pro-
a agricultura comercial também vão dar sua contribuição, dução sustentável de alimentos de qualidade e
não só plantando, produzindo, mas investindo, compran- fortalecer ainda mais a nossa agricultura familiar.
do máquinas, comprando equipamento e melhorando Quando olhamos para os últimos Planos Sa-
cada dia mais a qualidade da produção no campo brasilei- fra, vemos o quanto avançamos nessa questão do
ro. Nós queremos pequenos agricultores capazes de pro- fortalecimento da agricultura familiar no Brasil.
duzir com a última tecnologia. Nós queremos pequenos Acredito que essa seja uma das políticas mais im-
agricultores capazes de ter acesso ao mercado e de garantir portantes quando a gente considera seu aspecto
seu acesso através de organizações próprias”. social e seu aspecto econômico”.
Agência Brasil
“Queremos que a palavra ‘desenvolvimento’ apa- regional equilibrado da renda, que corrija os de-
reça, de agora em diante, sempre associada à expres- sequilíbrios entre as regiões do país, que corrija a
são ‘sustentável’. Ao lado dos objetivos de desenvolvi- condenação de uma parte deste país ao baixo de-
mento do milênio, é necessário estabelecer também senvolvimento, como foi o caso do Norte e do Nor-
os objetivos do desenvolvimento sustentável. Esses deste; criação de um amplo mercado de bens de
objetivos, que abrangem compromissos e metas para consumo de massas, que passe a dar sustentação
todos os países do mundo, têm, no seu centro, o com- interna ao nosso desenvolvimento; significa tam-
bate à pobreza e à desigualdade e a sustentabilidade bém que o Brasil está se transformando, e nós o
ambiental. Assumimos aqui, como sempre assumi- faremos se transformar, cada dia mais, do ponto
mos, ao longo do governo Lula e do meu governo, de vista socioeconômico, em um país de classes
que é possível crescer e incluir, proteger e conservar. médias; significa desenvolvimento que tenha na
No meu governo, quando falamos de desen- sustentabilidade ambiental uma condição impres-
volvimento sustentável, eu quero dizer aqui, de cindível.
forma clara, no que estamos falando: para nós, Nossas escolhas, em matéria de energia, de segu-
desenvolvimento sustentável significa cresci- rança alimentar, de infraestrutura logística, de ino-
mento acelerado de nossa economia para poder vação tecnológica, levam em conta o uso sustentável
distribuir riqueza; significa criação de empregos de nossos recursos ambientais. Além disso, o desen-
formais e expansão da renda dos trabalhadores; volvimento sustentável significa aprofundamento dos
significa distribuição de renda para pôr fim à mi- mecanismos de participação social e o fortalecimento
séria e reduzir a pobreza, com políticas públicas da nossa democracia; significa incentivo e defesa dos
que provoquem melhoria da educação, da saúde, nossos valores, da nossa cultura, da nossa diversidade
da segurança pública e de todos os serviços públi- cultural; finalmente, significa uma inserção soberana e
cos fornecidos pelo Estado brasileiro; crescimento competitiva no mundo”.
rural seja capaz de adotar as melhores práticas e possa nhos, e dos muitos produtos da agricultura, da agricul-
estar livre para produzir e prosperar”. tura familiar, da agroindústria, das muitas empresas que
produzem máquinas agrícolas, que produzem ônibus.
Serra Gaúcha é considerada uma das regiões Enfim, das muitas empresas aqui da região que como eu
mais prósperas do Brasil disse tem dimensão internacional.
“Caxias do Sul tem um significado especial e é sem- A região da Serra Gaúcha está próxima das melhores
pre muito importante valorizar o que aqui foi construí- condições geoclimáticas para produzir os melhores vi-
do e conquistado ao longo dos anos. As suas raízes, aos nhos do mundo. Os viticultores são verdadeiros heróis,
seus fundadores, homens e mulheres corajosos, que obstinados, enfrentam os percalços da natureza, extraem
vieram fazer a vida nesse novo mundo que nós, hoje, da terra o que de melhor ela pode entregar aos seres hu-
temos responsabilidade de construir. E aqui na Serra manos. Investem com trabalho árduo, mas também com
Gaúcha enfrentaram o paredão dessa serra e foram ca- tecnologia. Investem e a cada dia melhoram a qualidade
pazes de, dando o máximo de si, construir com suas dos nossos vinhos.
famílias, seus filhos uma das regiões mais prósperas no Eu quero aqui, então, neste dia, reafirmar o compro-
nosso país. misso do governo federal com os viticultores da Serra
Como cidadã brasileira e como Presidente da Repú- Gaúcha. Vocês têm, podem ter certeza uma parceira,
blica, eu me orgulho muito de Caxias do Sul, me orgulho Presidenta, da produção agrícola e da produção indus-
da qualidade das uvas, me orgulho da qualidade dos vi- trial dessa região”. ◆
Agraer/Divulgação
de Mato Grosso do Sul (Agraer), José Antônio
Roldão, ressalta que a agricultura familiar é o segmento
social e produtivo de grande importância para o Estado,
pois representa 63% dos estabelecimentos rurais, detém
somente 4% da área dos estabelecimentos rurais, mas ocu-
pa 46% do pessoal e atinge 14% do valor da produção.
“Esses agricultores familiares são os grandes responsá-
veis pela produção dos produtos da cesta de produtos bá-
sicos dos sul-mato-grossenses. Estes são responsáveis por
quase totalidade dos produtos hortícolas, 52% da produção
de feijão, 77% da produção de mandioca, 68% da produção
do café, 56 % da produção leiteira e 45% da produção de
aves. Os valores de financiamento da agricultura familiar no
Estado através do Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (Pronaf) atinge valores de R$ 120 mi-
lhões”, afirmar o diretor-presidente da Agraer.
Diretor da Agraer de Mato Grosso do Sul, José Roldão
Projetos que fortalecem a agricultura familiar carreta agrícola) e ainda 64 motoniveladoras, benefician-
De acordo com a Agraer, são inúmeros os projetos do diretamente mais de 25.000 agricultores familiares.
desenvolvidos no Mato Grosso do Sul que visam o cres-
cimento e fortalecimento do setor. Programa Nacional de Crédito Fundiário
“Destacamos as principais ações e o que elas represen- A Agraer é a responsável pela Unidade Técnica Estadual
tam, tanto para o desenvolvimento socioeconômico, quanto de implantação do programa, tendo executado no Estado:
para projeções na agricultura familiar”, pontua Roldão. — 73 assentamentos implantados
— 2.280 famílias assentadas
Capacitação profissional — 15.940 ha adquiridos
Atualmente são 7.228 agricultores familiares em 378 — 99,7 milhões de recursos financiados
cursos e 561 técnicos Extensionista/administrativos em
103 cursos de formação. Showtec
Projeto Balde Cheio Mostra da Agricultura Familiar
Aumento de 70% na produção de leite das proprieda- Comparecimento de mais de 10 mil agricultores fa-
des assistidas, 2.650 produtores assistidos e 332 técnicos miliares na Mostra da Agricultura Familiar no municí-
da Agraer capacitados. pio de Maracaju/MS com o objetivo de conhecer técnicas
inovadoras, informações sobre gestão e as novas tecnolo-
Projeto de Resfriadores de Leite Comunitários gias adequadas aos agricultores familiares.
Fornecimento de 242 tanques resfriadores, atenden-
do a 4.800 famílias de agricultores familiares e garan- Caravana Mais Alimentos
tindo o armazenamento apropriado de 300 mil litros de Evento nos municípios de Dourados, Ivinhema,
leite por dia. Campo Grande, Itaquiraí, Terenos e Coxim para mostra
aos produtores das novidades em máquinas, equipamen-
Programa de Patrulhas Mecanizadas tos e tratores.
Visando o melhoramento das estradas e o aumento Participação de 6 mil produtores.
da produção e produtividade, a Agraer distribuiu 232 Financiamento de R$ 25,1 milhões em tratores, ca-
Patrulhas Mecanizadas (trator agrícola, grade aradora e minhões, equipamentos agrícolas, resfriadores de leite.
Cristiane Sandim
E
m entrevista, o superintendente da Agricul- ranking nacional na produção de diversas fruteiras tro-
tura Familiar da Secretaria da Agricultura, Ir- picais e a agricultura familiar tem sido responsável pela
rigação e Reforma Agrária da Bahia (Seagri), ampla diversidade de produtos que consumimos e co-
Wilson Dias (foto), destaca que enquanto no Brasil, 70% mercializamos no Estado”.
dos alimentos que chegam à mesa dos consumidores são
provenientes da agricultura familiar, na Bahia, este per- Projetos
centual chega a 80%. Segundo Wilson, a Bahia procura em primeiro lugar
“No nosso estado, 7% do Produto Interno Bruto (PIB) fortalecer e dar operacionalidade e velocidade às polí-
advêm da agricultura familiar, mas também é neste setor ticas públicas federais. “No caso do Programa Nacional
que está concentrado a maior parte da nossa população de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), o
em situação de extrema pobreza (renda per capta mensal governo assume os juros e as taxas são zeradas para as
inferior a R$ 70,00), já que temos 2,8 milhões de pessoas
nesta situação das 16 milhões do Brasil. É também neste
Seagri/Divulgação
segmento que temos a maior taxa de analfabetismo e o
menor acesso a água potável e a energia elétrica do País”,
aponta o superintendente.
A
agricultura familiar não é mais um processo dades, têm-se revelado pouco efetivas e onerosas para a
em consolidação, mas sim um importante sociedade, além de cuidarem dos efeitos e não das causas
segmento agropecuário do estado de Minas deste fenômeno. Investir na agricultura familiar significa
Gerais. O seu fortalecimento e valorização dependem de atacar, na origem, as causas da migração campo-cidade e
um conjunto de fatores econômicos, sociais, políticos e os problemas que ela causa.
culturais que necessitam ser implementados de maneira
articulada por uma diversidade de atores e instrumentos. Característica dos agricultores familiares
Tradicionalmente, e de uma forma geral, a agricultura de MG
familiar tem o seu funcionamento econômico não funda- Uma das principais características da agricultura
mentado na maximização da rentabilidade do capital e familiar, também percebida em Minas Gerais, é o pre-
na geração do lucro em curto prazo, estando muito mais domínio de atividades que se apoiam na combinação
orientada para o atendimento das necessidades da família. entre a produção de alimentos voltada para o consumo
Por sua própria vocação de unidade de produção e consu- da família e/ou para o mercado, e a execução de ativi-
mo, valoriza a diversidade por meio da prática do policul- dades não-agrícolas, tais como o turismo rural, o lazer,
tivo e criações de diversos animais e revela a capacidade de o artesanato, os serviços profissionais especializados,
valorizar as potencialidades dos recursos naturais, por não entre outros.
poder gastar muito com insumos industrializados. Para o secretário de Agricultura, Pecuária e Abas-
A grande capacidade para absorver mão de obra e tecimento de Minas Gerais, Elmiro Nascimento, “essa
gerar renda transforma a agricultura familiar numa al- pluralidade de atividades está sendo praticada em algu-
ternativa, social e política, adequada para atacar grande mas regiões do Estado, e vem crescendo nas unidades
parte dos problemas urbanos derivados do desemprego produtivas familiares, oferecendo complementação de
rural e da migração descontrolada na direção campo-ci- renda e sendo estratégica à sobrevivência, à manutenção
dade, uma vez que outras tentativas de solução para os da propriedade e, em determinados casos, ao seu desen-
problemas provocados pelo êxodo rural, nas grandes ci- volvimento e modernização.”
Fecoagro
Fecoagro/Divulgação
Cooperativismo
contribui para que jovem
permaneça no campo
Presidente da Federação das Cooperativas
Agropecuárias do Rio Grande do Sul
(Fecoagro), Rui Polidoro Pinto
O
presidente da Federação das Cooperativas interior, as tecnologias para cultivo do solo, além da ne-
Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoa- cessidade do associativismo.
gro), que conta com 62 cooperativas filiadas “O maior desafio hoje é manter o jovem no campo, e o
e representa mais de 200 mil associados, Rui Polidoro cooperativismo é o melhor instrumento para isso, pois atua
Pinto, avalia que a agricultura familiar hoje tem maior com a educação, tecnologia, escola e possui as condições de
rentabilidade e melhor resultado para as famílias que incentivar mudanças,” explica.
atuam na agricultura ou na agroindústria. Os cenários das nossas cooperativas são 76% de agri-
No entanto, acrescenta, existem problemas conjun- cultura familiar, portanto o poder político está na mão
turais e estruturais a serem vencidos, como: a sucessão dos produtores familiares e a prioridade do planejamen-
familiar, a estrutura escolar, o lazer e a comunicação no to deve atender a esta demanda. ◆
fruticultura
Anuário Brasileiro da Agricultura Familiar 2013 | 43
O
Centro Nacional de Pesquisa de Mandioca da produção mundial. De fácil adaptação, é cultivada em
e Fruticultura foi criado com o objetivo de todos os estados brasileiros, situando-se entre os nove
executar e coordenar pesquisas que aumen- primeiros produtos agrícolas do Brasil, em termos de
tem a produção e a produtividade, melhorar a qualidade área cultivada, e o sexto em valor de produção.
dos produtos, reduzir os custos de produção e viabilizar A cultura, basicamente plantada por agricultores fa-
o aproveitamento de áreas para mandioca, citros, bana- miliares – 87% dos agricultores familiares do país plan-
na, abacaxi, manga, mamão, maracujá e acerola. tam mandioca, em todos os estados da Federação –, é
um dos principais meios de sobrevivência da população
Mandioca - líder na produção rural, não só por ser uma planta resistente e adaptável
De acordo com a Embrapa Mandioca e Fruticultura, a diversos ecossistemas, mas pelos seus múltiplos usos.
localizada em Cruz das Almas na Bahia, a mandioca tem
grande representatividade neste cenário por, principal-
mente, ser cultivada em todos os estados brasileiros. Produção brasileira de mandioca por
Originária da América do Sul, a mandioca constitui região fisiográfica em 2010
um dos principais alimentos energéticos para cerca de
500 milhões de pessoas, sobretudo nos países em desen-
volvimento, onde é cultivada em pequenas áreas com
baixo nível tecnológico. Mais de 80 países produzem 5,67%
mandioca, sendo que o Brasil participa com mais de 15%
23,88%
27,77%
Terezinha Wilk / Emater RS
9,83%
32,85%
Centro-Oeste Norte
Nordeste Sudeste Sul
Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal, 2010. Consultado em 27/10/2011.
Ubirajara Machado/MDA
5,83% 10,37%
38,76% 55,65%
81,53%
melhoramento genético de citros têm sido conduzidos por ria das variedades cítricas em uso comercial, copas e porta
um restrito número de instituições, em nível mundial. enxertos, provém de mutações ou de hibridações naturais.
No tocante a variedades criadas intencionalmente, os
exemplos também são restritos, dentre os quais se pode citar A cultura dos citros
‘Page’ e ‘Nova’, híbridos de tangerineira. Esta situação con- O clima exerce grande influência sobre o vigor e
firma as dificuldades expostas, relativamente à criação de longevidade das plantas cítricas, qualidade e quantida-
variedades híbridas de citros, haja vista que a imensa maio- de de frutos desenvolvendo-se melhor os citros em re-
Edson Castro
Edson Castro
2,98% 1,37% 2,48%
8,22%
84,95%
Centro-Oeste Norte
Nordeste Sudeste Sul
Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal, 2010. Consultado em 27/10/2011.
A
Embrapa Suínos e Aves, localizada em Con- dade dos produtores e o apoio do poder público são alguns
córdia no Estado de Santa Catarina, é uma deles. Há ainda a participação imprescindível da pesquisa
unidade descentralizada da Empresa Brasi- agropecuária. Dos laboratórios da Embrapa surgiram co-
leira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao nhecimentos que mudaram a trajetória das duas atividades.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e
tem como missão viabilizar soluções de pesquisa, desen- Controle de doenças
volvimento e inovação para a sustentabilidade da suino- A Unidade teve papel fundamental no controle de do-
cultura e avicultura em benefício da sociedade brasileira. enças, aperfeiçoamento de rações, melhoria da qualidade
Vários fatores explicam o sucesso das cadeias produtivas genética dos animais, preservação do meio ambiente e de-
de suínos e aves. A excelência das agroindústrias, a capaci- senvolvimento de equipamentos para a suinocultura e avi-
contribui para uma melhor sanidade e bem-estar ani- instalações adequadas, ração balanceada, tornando a ati-
mal, reduzindo perdas na produção. vidade sustentável.
O sistema é mais econômico para o pequeno produ- Visando contribuir para a inserção e manutenção sus-
tor porque evita a compra de remédios usados em tra- tentável de grupos organizados de produtores familiares
tamentos preventivos para os suínos. Os tratamentos nas cadeias produtivas do agronegócio, pesquisadores
preventivos são muito comuns na suinocultura intensiva da Embrapa Suínos e Aves instalaram e conduziram uni-
convencional, que requer uma maior quantidade de ani- dades demonstrativas de frangos coloniais, em parceria
mais em espaços reduzidos, o que geralmente pode de- com o escritório regional da Emater/RS da cidade de
sencadear doenças. A Embrapa explica que a produção Erechim no Rio Grande do Sul. Um dos fatores observa-
de suínos em família é perfeitamente viável para os pe- dos é a crescente procura por produtos livres de resíduos
quenos produtores como alternativa para agregar valor, de agrotóxicos ou orgânicos, com qualidade diferenciada
ofertando ao mercado um produto diferenciado. na textura e no sabor e baseado em modelos de produ-
ção sustentáveis, sob o ponto de vista ambiental, social
Produção de frangos na agricultura familiar e econômico. Hoje, já existe um movimento ecológico,
Em sistema de agricultura familiar, a produção em formado por ONGs e associações de produtores ecoló-
pequena escala contribui para desenvolvimento de siste- gicos, cujo trabalho possibilita a aquisição de produtos
mas de criação com suportes sustentáveis, onde se preco- orgânicos e contribui para ampliar esse crescente nicho
niza o bem estar dos animais e menor impacto ambien- de mercado.
tal da produção. No contexto da avicultura alternativa, a A pesquisa contribuiu de forma efetiva para a inser-
agricultura familiar consolida os objetivos preconizados ção e manutenção sustentável de grupos organizados de
devido à exigência de pouca mão de obra e retorno fi- produtores familiares nas cadeias produtivas do agrone-
nanceiro relativamente rápido. Aliado a estes fatores, o gócio, através da capacitação de técnicos e produtores,
processo alternativo de criação e preocupações com o com vistas à adoção de tecnologias que possibilitam a
bem-estar animal agregam valor ao produto final. Em se produção profissional de frangos de corte em sistemas al-
tratando de criação de aves para postura, a qualidade de ternativos de criação. Os resultados mostram que é pos-
ovos férteis produzidos e incubados depende exclusiva- sível alcançar desempenho compatível aos obtidos pela
mente do manejo correto destas matrizes, abrangendo pesquisa na produção de frangos coloniais em pequenas
4 4
3 3
2 2
1 1
3,58 4,22 4,59 2,17 3,02 4,81
0 0
2009 2010 2011 2009 2010 2011
Fonte Embrapa Fonte Embrapa
9
As 45 mil poedeiras vendidas
mensalmente em 2011 chegaram a
pequenos produtores de ovos do Rio
Grande do sul, Santa Catarina, Paraná,
São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
estados Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e
Rondônia.
Fonte Embrapa
milho
milho em escala comercial, aonde essa cultura vem sen-
do impulsionada pela expansão da soja.
No Ceará, a expansão do cultivo de milho se deve ao
aumento da demanda por este produto, que foi impul-
sionada pelo crescimento da produção de aves no Estado
e no vizinho Pernambuco. Nos outros estados, a produ-
ção de milho é caracterizada por cultivos familiares para
no Brasil
consumo no estabelecimento.
O
região Centro Oeste merecem destaque, pois obtiveram
Centro Nacional de Pesquisa de Milho, produtividades médias altas, no patamar dos estados da
vinculado a Empresa Brasileira de Pes- região Sul, mesmo com a predominância da safra de in-
quisa Agropecuária (Embrapa), está loca- verno na produção.
lizado no km 65 da Rodovia MG 424, que liga Belo Estes estados têm se caracterizado por produzir mi-
Horizonte a Sete Lagoas. A Unidade mantém, ainda, lho em áreas grandes, com o uso de tecnologias moder-
o Campo Experimental do Gorutuba, em Porteirinha, nas e sementes de alta qualidade e potencialidade, o que
Minas Gerais e dispõe de modernos laboratórios nas favorece ao crescimento da produtividade. Outro fator
áreas de Solos e Nutrição de Plantas, Fisiologia Vege- que tem impulsionado o crescimento de milho na re-
tal, Biologia Molecular, Cultura de Tecidos, Entomo- gião Centro Oeste, e em especial no Estado de Goiás, é a
Valtra / Divulgação
O
Centro Nacional de Pesquisa de Trigo da Cerca de 90% da produção de trigo está no Sul
Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope- do Brasil. O cereal vem sendo introduzido paulatina-
cuária (Embrapa) foi a primeira unidade mente na região do cerrado, sob irrigação ou sequeiro.
Paulo Kurtz/Embrapa
descentralizada estabelecida pela Embrapa. Com
sede em Passo Fundo, Rio Grande do Sul, tem a Cultivares de trigo
missão de gerar, adaptar e difundir tecnologias A Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e
para a cultura de trigo. Triticale (CBPTT) realiza, anualmente, o Ensaio
Hoje, os cenários político, social e econômico Estadual de Cultivares de Trigo (EECT), visando
tomam novas formas e sinalizam novas concep- subsidiar as indicações de cultivares.
ções institucionais, acompanhando as novas ten- O EECT é realizado em vários locais, represen-
dências mundiais. A Embrapa Trigo, atenta a es- tativos das Regiões Homogêneas de Adaptação de
sas modificações, adapta-se com a mesma rapidez Cultivares de Trigo do Estado, sendo organizado
às necessidades que surgem no cenário onde atua. pela Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuá-
O trigo é uma planta de ciclo anual, cultivada ria (Fepagro). A Fepagro tem o compromisso de
durante o inverno e a primavera. O grão é con- distribuir as sementes às Instituições/Empresas
sumido na forma de pão, massa alimentícia, bolo responsáveis pela condução dos experimentos,
e biscoito. É usado também como ração animal, bem como de reunir e analisar os dados obtidos,
quando não atinge a qualidade exigida para con- em parceria com a Embrapa Trigo.
sumo humano. O Ensaio Estadual de Cultivares de Trigo, em
É cultivado nas regiões Sul (RS, SC e PR), Su- 2010, obedeceu a programação estabelecida duran-
deste (MG e SP) e Centro-oeste (MS, GO e DF). O te a III Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa
consumo anual no país tem se mantido em torno de Trigo e Triticale, realizada em 2009, no municí-
de 10 milhões de toneladas. pio de Veranópolis/RS. O Ensaio foi composto por
dezoito experimentos, abrangendo dezesseis locais ou por ataque de roedores, e que não foram
de avaliação e as duas regiões de adaptação para danificados na secagem;
trigo no Rio Grande do Sul, além de três experi- —— limpeza: grão livre de resíduo, palha, pedra,
mentos em Santa Catarina e um no Paraná. pó, fragmentos vegetais, sementes de plantas
daninhas ou de outras espécies cultivadas, ex-
Qualidade tecnológica do trigo crementos de roedores e insetos; e
Em condições ambientais favoráveis à ativida- —— qualidade de moagem: trigo com bom rendi-
de metabólica do grão (alta umidade e alta tem- mento de moagem e farinha com qualidade
peratura), o fenômeno da respiração é o principal tecnológica adequada ao produto desejado.
responsável pela rápida deterioração de grãos ar-
mazenados. Os principais fatores que devem ser Classificação comercial de trigo
considerados na conservação do grão durante o A classificação comercial de trigo e a tipifica-
armazenamento, pois influenciam a taxa de de- ção de trigo estão baseadas na Instrução Norma-
terioração e a respiração do grão são: umidade, tiva nº 38, de 30 de novembro de 2010, do Minis-
temperatura, aeração e integridade do grão. tério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Para a qualidade tecnológica de trigo são im- publicada no Diário Oficial da União de 1º de
portantes requisitos: dezembro de 2010.
—— aparência: grãos de coloração normal, com A classificação comercial estima a aptidão tec-
brilho, sem defeitos, livres de doenças causa- nológica de trigo. Também, são apresentados va-
das por fungos e bactérias, não germinados e lores sugeridos para características de qualidade
sem odor de mofo; por produto à base de trigo, em função da força
—— sanidade: grãos sem danos mecânicos, causa- de glúten (W), da relação tenacidade/ extensibili-
dos pela colhedora, por infestação de insetos dade (P/L) e do número de queda (NQ).
Tipificação do trigo do Grupo II, destinado à moagem e outras finalidades, segundo a Instrução Normativa nº 38, de 30 de novembro de 2010, do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Fonte Embrapa
Fonte Embrapa
A
s pesquisas e o cultivo de canola no Fonte renovável de energia
Brasil foram iniciadas pela Cooperativa Atualmente, as fontes renováveis de energia
Agropecuária & Industrial de Ijuí (Co- têm sido a solução adotada por diversos países
trijuí), em 1974, no noroeste do Rio Grande do Sul para minimizar problemas ambientais e também
com a cultura da colza. O cultivo alcançou o Paraná para aumentar a segurança no suprimento de ener-
já no início dos anos 80. No entanto, na década de gia, uma vez que elas podem substituir as fontes
90, observou-se uma retração do cultivo da oleagi- convencionais de energia fóssil. De acordo com a
nosa. A partir do ano de 2001, houve uma retomada Embrapa, o Brasil possui condições agronômicas
na expansão da área de cultivo comercial de canola, favoráveis ao cultivo de plantas oleaginosas para
sobretudo nos estados do Rio Grande do Sul e do Pa- produção de biodiesel, entretanto ainda são escas-
raná, chegando ao sudoeste de Goiás em 2003. Em- sas as informações sobre a sustentabilidade da pro-
bora ainda pouco semeada no Brasil, apenas 35.131 dução de oleaginosas para biodiesel, evidenciando
hectares em 2009, mundialmente, é a terceira planta assim a necessidade de se avaliar os possíveis im-
oleaginosa mais produzida e seu maior consumo pactos das cadeias de matérias-primas.
ocorre em países mais desenvolvidos. Na Embrapa O Programa Nacional de Produção e Uso de
Trigo, as pesquisas começaram no início dos anos 80, Biodiesel (PNPB) é uma iniciativa interministerial
sendo que as ações têm focado a avaliação de genó- do Governo Federal que objetiva a implementação
tipos adaptados à Região Sul e o desenvolvimento de de forma sustentável, tanto técnica como econômi-
tecnologias de manejo da cultura e da colheita. ca, da produção e uso do biodiesel, com enfoque
Boas práticas
O Brasil é hoje o maior produtor e exportador
de carne bovina. Este sucesso da pecuária de corte
se deve, dentre outros fatores, à qualidade do sis-
tema produtivo nacional e à confiança crescente
no conceito de alimento saudável, especialmente
pela produção de carne de qualidade.
Apesar das inúmeras tecnologias disponíveis,
o sistema produtivo da pecuária bovina não se
mantém sustentável sem a gestão ambiental da
propriedade, sem a correta formação e manejos
das pastagens, sanitário, zootécnico e reproduti-
vo, sem instalações adequadas e, muito menos,
sem a gestão econômica, financeira e social do
empreendimento rural.
A adoção das boas práticas agropecuárias con-
tribui para que o incremento da produção de carne
bovina ocorra de maneira cada vez mais sustentá-
vel, econômica, social e ambientalmente correta.
Obedecendo ao manual Boas Práticas Agro-
pecuárias – Bovinos de Corte, organizado pela
Embrapa, o Brasil se insere no seleto mercado de
Embrapa / Divulgação
Embrapa / Divulgação
30
Bilhões de litros de leite
25
20
15
10
10,0%
5,0%
TO RO BA
0,0%
SE CE ES MA SP MT PE SC GO RS PR MG
-5,0%
-10,0%
-15,0%
Fonte: Adaptado de IBGE
Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, que juntos in- Na Região Sudeste são aproximadamente 44% das
troduziram R$ 1,3 bilhões de litros no mercado, ou seja, propriedades que trabalham com leite e nas regiões Nor-
92,7% do aumento da produção brasileira em 2011. te e Nordeste esse valor é menor, quando comparado
Com isso, os estados que tiveram a maior geração de com outras regiões brasileiras, cerca de 24%.
renda com o leite em 2011 foram, nesta ordem: Minas Minas Gerais é o estado que mais produz leite no Bra-
Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, Santa Catarina sil. A Zona da Mata se caracteriza por apresentar peque-
e São Paulo. Em Minas Gerais, o valor bruto da produção nas propriedades. Segundo o IBGE, 78% dos estabeleci-
de leite em 2011 foi de R$ 6,9 bilhões, o que representa mentos rurais têm menos de 100 hectares.
quase o dobro do valor gerado no Centro Oeste, mais do Um em cada três estabelecimentos classificados como
que o dobro do valor da produção no Nordeste e mais de sendo da agricultura familiar, produz alguma quantida-
seis vezes a renda produzida pelo leite no Norte. de de leite no Brasil, o que demonstra sua importância
para esse segmento dos produtores. A produção de leite é
O leite na agricultura familiar fortemente disseminada na agricultura familiar brasilei-
Entre os agricultores familiares, a pecuária de leite ra e isso se justifica por uma série de razões dentre estas
é uma das principais atividades desenvolvidas, estan- o fato de não haver praticamente barreiras à entrada, de
do presente em 36% dos estabelecimentos classificados ser um produto tanto para consumo interno como para
como de economia familiar, além de responderem por comercialização ou processamento.
52% do Valor Bruto da Produção total, oriundos do leite.
As propriedades de agricultura familiar da Região Rebanho leiteiro no Brasil
Sul e do Centro Oeste são as que mais trabalham com a Além da produção de leite, o tamanho do rebanho
pecuária leiteira, pois o leite está presente em 61% dos também é uma variável que merece ser acompanhada.
estabelecimentos das duas regiões. De 2010 a 2011, o rebanho leiteiro no Brasil aumentou
Embrapa / Divulgação
A
agricultura familiar é um segmento estraté- As políticas públicas podem auxiliar no crescimento
gico para o desenvolvimento do País. Além desse setor garantindo crédito, subsídio, assistência téc-
de ser responsável por produzir 70% dos nica, programas de auxílio, programas de aquisição de
alimentos consumidos pelos brasileiros todos os dias, alimento, financiamento e proteção da produção agríco-
responde por 38% da renda agropecuária e ocupa quase la, programas de geração de renda e agregação de valor.
75% da mão de obra do campo. Segundo o deputado federal Pedro Uczai (PT/SC),
o que pode ser feito para manter os jovens no campo
são políticas públicas que integrem e consolidem a
Alexandra Martins / Câmara dos Deputados
Formas de irrigação
Existem diversas técnicas de captação de água de
chuva, desde plantio em curva em nível do terreno
até barreiros para acumulação de água para serem
usados em irrigação da área, em períodos críticos,
normalmente chamado de irrigação de salvação.
A escolha do tipo de irrigação pelo produtor
rural depende das condições edafoclimáticas, so-
ciais e ambientais do local.
O processo de irrigação exige um volume de
água relativamente grande para garantir a pro-
dução. O pesquisador mostra um exemplo: caso
uma demanda de evapotranspiração da cultu-
ra do tomateiro irrigado por aspersão for de 6,0
Paula Rodrigues
Pesquisador da Embrapa Hortaliças, Marcos Brandão Braga
projeto de irrigação, existem linhas de financiamento federal e pelo Ministério da Integração Nacional o pro-
exclusivas para agricultura familiar: o Pronaf. Dentre es- grama Mais Irrigação, que contempla também a agricul-
tes, o Pronaf investimento que é voltado para o financia- tura familiar. Vale ressaltar, que a compra de um bom
mento de implantação, ampliação ou modernização da sistema de irrigação, por si só, não garante a produção de
infraestrutura de produção e serviços agropecuários ou alimentos, pois ele deve ser acompanhado de assistência
não agropecuários, no estabelecimento rural ou em áre- técnica de qualidade.
as comunitárias rurais próximas. Também, em especial,
há o Pronaf Semiárido: linha para o financiamento de Qualidade do projeto
investimentos em projetos de convivência com o semiá- Um bom projeto de irrigação inicia no seu dimen-
rido, focados na sustentabilidade dos agroecossistemas, sionamento agronômico e hidráulico. Pela experiência
priorizando infraestrutura hídrica e implantação, am- e dados de estudos realizados no mundo, estima-se que
pliação, recuperação ou modernização das demais infra- cerca de 90% dos agricultores que utilizam a irrigação fa-
estruturas, inclusive aquelas relacionadas com projetos zem de maneira inadequada, principalmente, no manejo
de produção e serviços agropecuários e não agropecuá- da água, onde cerca de mais de 80% faz a irrigação em
rios de acordo com a realidade das famílias agricultoras excesso. Existem, porém, bons e raros exemplos localiza-
da região semiárida. Foi também lançado pelo governo dos em diversos estados do Brasil. ◆
assistência técnica
84 | Anuário Brasileiro da Agricultura Familiar 2013
rece uma boa alternativa de comercialização, já que os Políticas Públicas
municípios que recebem recursos do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE) podem comprar Para Pepe Vargas as políticas públicas possibilitam
30% do volume total de forma direta, sem burocracia. que o agricultor aumente a sua produtividade, a
renda da família e, consequentemente, a qualidade
Assistência e extensão rural de vida. “Através do crédito, seja para investimento
Quanto à assistência técnica e extensão rural, Pepe ou para custeio, ele tem acesso a recursos para esse
Vargas pontua que será disponibilizado R$ 540 milhões aumento na produtividade podendo investir em
para atendimento dos agricultores familiares. “Outra im- maquinário, em insumos e na compra de animais.
portante atuação do MDA é o apoio ao Programa de Na- As políticas de apoio à comercialização, como o
cional de Produção e Uso do Biodiesel. A participação da PAA e Pnae, além da política de garantia de preços,
agricultura familiar é incentivada pelo Selo Combustível dão segurança para o agricultor”.
Social, identificação concedida pelo Governo Federal às “Nesse sentido também cabe lembrar que
usinas produtoras de biodiesel que compram a produção sempre que um agricultor acessa uma linha de
da agricultura familiar e também asseguram assistência crédito e custeio, automaticamente ele acessa
técnica a essas famílias. Atualmente, 41 usinas produto- também o Seguro da Agricultura Familiar (Seaf).
ras de biodiesel possuem a concessão de uso do Selo e Se houver alguma adversidade climática que o faz
adquirem R$ 1,5 bi em matérias-primas da agricultura perder a safra, o seguro cobre o financiamento
familiar”, afirma. bancário que ele fez e também tem uma cober-
Conforme dados do ministério, através do Pronaf, o tura que garante uma renda para esse agricultor
MDA está presente em mais de 5,3 mil municípios (95% fazer frente a alguma dificuldade”.
do total) com crédito rural. “O Pronaf Mais Alimentos
tem sido destaque, por ser uma linha de investimentos
que possibilita a modernização das unidades familiares. e cito como um dos desafios a universalização da Ater
Nesta linha, o agricultor tem um prazo de até dez anos para os agricultores familiares, incluindo os assentados
para pagar, com três anos de carência e taxas de juros de da reforma agrária”.
2% ao ano. O Mais Alimentos já financiou a compra de “Outro desafio que podemos citar é quanto à regula-
mais de 48 mil tratores, mais de dez mil ordenhadeiras, rização fundiária. Temos muitos agricultores que não po-
4,3 mil caminhões e de mais de 500 colheitadeiras”, des- dem acessar o crédito, por exemplo, por não ter a titulação
taca o Pepe Vargas. da sua propriedade. Tem ainda as melhorias nas políticas
Ainda, nas ações de Assistência Técnica e Extensão para juventude que precisam ser aperfeiçoadas, como o
Rural (Ater), em 2012 já foram beneficiados mais de 400 Pronaf Jovem. Também cito como um desafio que temos
mil famílias. “Sabemos que este número ainda é baixo que encarar o que nós chamamos de Reforma Agrária Ge-
Jovens no campo
O fortalecimento da autonomia e a emancipação do
jovem agricultor familiar são imprescindíveis para a sua
permanência no campo. Para o MDA o Pronaf Jovem pos-
sibilita acesso ao crédito para agricultores familiares de 16
a 29 anos. “Neste Plano Safra anunciamos a ampliação do
limite de financiamento de R$12 mil para R$ 15 mil, com
carência de três anos e até dez anos para pagar. A taxa de
juros é de 1% ao ano. A partir de novembro de 2012 esta projetos de assentamento de reforma a agrária, distribu-
linha de crédito está sendo operacionalizada pelo Banco ídos em 2.090 municípios brasileiros numa área total de
do Brasil, que deve ampliar significativamente o número 87,9 milhões de hectares. Isso significa a presença do Ins-
de jovens que se beneficiarão”. tituto em mais de 10% de todo o território nacional, onde
936,5 mil famílias encontram-se assentadas. “Essa é a
Acesso a terra Reforma Agrária que já foi feita no país. O nosso objetivo
Segundo o ministro, outra preocupação do gover- é qualificar esses assentamentos, levando infraestrutura
no é quanto ao acesso a terra. “Nós temos o Selo Nossa e criando condições para que, gradualmente, as famílias
Primeira Terra, dentro do Programa Nacional de Crédi- assentadas possam produzir excedentes comercializáveis.”
to Fundiário (PNCF). Esse programa tem sido bastante Reconhecendo que os assentamentos guardam diferen-
efetivo, com mais de 31 mil beneficiados. Também é im- ças entre si, o ministro explica que foram adotadas estraté-
portante citar o Programa Nacional de Acesso ao Ensino gias de atuação em rotas diferenciadas de desenvolvimento.
Técnico e Emprego (Pronatec) Campo onde, através de A primeira é de integração ao Plano Brasil Sem Miséria,
parceria com o Ministério da Educação (MEC), estamos para todos os assentamentos novos e recentes, que ainda
disponibilizando cerca de 30 mil vagas, até 2013, em cur- estejam em condições situação de pobreza. Outra rota é a de
sos como Agente de Desenvolvimento Cooperativista, combate, prevenção e construção de alternativas ao desma-
Agricultor Familiar e Orgânico, entre outros”. tamento ilegal, para assentamentos situados na Amazônia
Ainda com relação à educação no campo, Pepe Var- Legal e em outros territórios ambientalmente relevantes.
gas destaca o reconhecimento das Escolas Famílias Ru- Por fim, o enfoque à rota da produção e da integração à di-
rais (ou Casas Famílias Rurais) pelo governo, que passa nâmica territorial da agricultura familiar, para assentamen-
a repassar verbas para estas instituições. Além deste re- tos em fase de estruturação e consolidação.
conhecimento, a partir do lançamento do Programa Na- “Temos que ter consciência de que a política de re-
cional de Educação do Campo (Pronacampo) o governo forma agrária vai muito além do acesso a terra. Estamos
também passa a oferecer livros didáticos específicos para cada vez mais qualificando as iniciativas que transfor-
a realidade do meio rural. mem os assentamentos em comunidades rurais boas de
se viver e produzir. Cabe lembrar que dos cerca de 16 mi-
Reforma agrária lhões de pessoas abaixo da linha da pobreza, metade está
Em relação à reforma agrária, Pepe Vargas declara que no meio rural. Isso mostra que uma política efetiva de
a preocupação do MDA está voltada para tornar os assenta- diminuição da pobreza, com inclusão produtiva no meio
mentos produtivos. “Temos assentamentos que são mode- rural, é fundamental para o grande objetivo do governo
los quanto à produtividade e qualidade de vida das famílias, da presidenta Dilma que é a erradicação da pobreza ex-
mas também assentamentos que não se desenvolveram”. trema. A qualificação dos assentamentos está inserida no
Conforme dados, o Instituto Nacional de Colonização contexto de fortalecimento da agricultura familiar como
e Reforma Agrária (Incra) implantou e reconheceu 8.945 um todo”, conclui Pepe Vargas. ◆
A
agricultura familiar no Brasil contribui para a Característica
segurança alimentar e nutricional da popula- O Brasil tem um universo muito grande de estabeleci-
ção. Hoje o País oferece políticas públicas para mentos rurais caracterizados como agricultores familia-
que a agricultura consiga cumprir com esse papel - interna- res com aproximadamente 4,5 milhões de propriedades.
mente, de gerar renda, promover a inclusão produtiva e a Estes agricultores podem ser caracterizados de acor-
ocupação sustentável do território – e, por outro lado con- do com alguns aspectos, como os biomas e as caracterís-
tribuir para a produção de alimentos. O País tem um com- ticas da agricultura praticada.
promisso no cenário mundial de ampliar, cada vez mais, De acordo com a renda, são cerca de 1 milhão de agri-
a sua oferta de alimentos para as exportações, e nisso a cultores enquadrados na agricultura dinâmica, aquela in-
agricultura familiar tem um peso. Além disso, cumpre com tegrada no mercado, na agroindústria e que tem um bom
sua vocação natural, que é garantir a oferta de alimentos no nível de renda, com presença de políticas públicas, de as-
Brasil - seja nos mercados ou nas pequenas feiras. sistência técnica e extensão rural. Outro grupo, de aproxi-
A agricultura hoje é mais valorizada e isso se deve ao madamente 1,5 milhão de agricultores estão na chamada
seu fortalecimento nos últimos dez anos, especialmente agricultura de transição, que não tem renda ao nível de
estimulado por políticas públicas adequadas. O secretá- capitalização, que ainda precisa do esforço da presença do
rio nacional da Agricultura Familiar (SAF/MDA), Valter estado, com assistência técnica e com políticas públicas
Bianchini, explica que tivemos o incremento do Programa que incentivem essa agricultura, com programas de com-
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pro- pra, para que possam ter renda para a capitalização, e se
naf), com aplicações crescentes no crédito. Hoje são R$ insiram na classe média do campo. Há um esforço muito
18 bilhões (valor disponibilizado para a safra 2012-2013) grande para essa agricultura em transição melhorar o seu
para os financiamentos, mais de R$ 3 bilhões para as com- sistema de produção, ter mais produtividade, acessar o
pras institucionais, além dos recursos crescentes para a mercado e as políticas, como o crédito.
assistência técnica, seguros (como o Garantia-Safra, o Se- Na base da pirâmide, temos aproximadamente 2 milhões
guro da Agricultura Familiar, o PGPAF, a PGPM-AF). “Há de agricultores que estão com renda abaixo da linha de pobre-
um universo grande de políticas que foram estruturadas za. Entre estes, pelo menos um milhão no nível da chamada
nesses últimos dez anos para fortalecer a agricultura fami- pobreza extrema. Melhorar a qualidade de vida deste grupo
liar no Brasil nas mais diferentes regiões”, justifica. é uma meta do governo federal e do Ministério do Desenvol-
Os avanços verificados a partir destas políticas públi- vimento Agrário (MDA) - com o Plano Brasil Sem Miséria.
cas e da valorização da agricultura são a redução da con- Com relação à área onde vivem e trabalham, temos
centração de terra e do êxodo rural, que chegam também agricultores com áreas muito pequenas, os chamados
com outros programas do governo federal como o Luz minifúndios, outros têm áreas no limite da agricultura
para Todos e o Minha Casa, Minha Vida. familiar (até 4 módulos fiscais).
Divulgação SAF/MDA
Há linhas de crédito para custeio, investimento, co-
mercialização, cotas-partes de cooperativas de produção,
microcrédito produtivo rural, assentados da Reforma
Agrária e do Crédito Fundiário, e, ainda, há linhas espe-
ciais: Mais Alimentos, Mulher Jovem, Eco, Agroecologia,
Floresta, Semiárido, Agroindústria, Custeio e Comercia-
lização de Agroindústrias Familiares.
Para acessar o crédito o agricultor familiar deve pro-
curar a empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
(ATER) ou o Sindicato Rural no estado para a obtenção
da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP). Em seguida
o agricultor deve procurar a empresa de ATER do muni-
cípio para elaborar o Projeto Técnico de Financiamento.
O projeto deve ser encaminhado para análise de crédito
Secretário Nacional da Agricultura e aprovação do agente financeiro.
Familiar (SAF/MDA), Valter Bianchini
Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura
Familiar
Além do trabalho, das inovações e da ação gerencial das
pessoas nas unidades familiares de produção, o programa é
um elemento fundamental para o desenvolvimento rural
E
m entrevista, o diretor do Programa Nacional bém facilita o custeio da produção e a comercialização de
de Fortalecimento da Agricultura Familiar produtos agropecuários de forma oportuna e adequada.
(Pronaf), João Luiz Guadagnin, destaca que O crédito, segundo ele, ainda incentiva a introdução
o programa financia projetos que gerem renda aos agri- de métodos racionais no sistema de produção, visando ao
cultores familiares e assentados da reforma agrária. “O aumento da produtividade, à melhoria do padrão de vida
crédito rural do Pronaf, além do trabalho, das inovações das pessoas das unidades familiares e à adequada defesa
e da ação gerencial das pessoas das unidades familiares dos recursos naturais. Favorece o desenvolvimento das
de produção, é um elemento fundamental do desenvolvi- atividades florestais, a pesca e a aquicultura. Estimula a
mento rural. Ainda, permite que os agricultores familia- geração de renda e o melhor uso da mão-de-obra fami-
res façam melhorias no processo de produção, estrutu- liar, por meio do financiamento de atividades e serviços
rem as suas unidades familiares, preservem os recursos rurais agropecuários. “O acesso ao Pronaf começa na
naturais, especialmente o solo e a água, ampliem a escala discussão da família sobre a necessidade do crédito, seja
de produção, implementem novas atividades produtivas ele para o custeio da safra ou atividade agroindustrial,
que geram renda, inovem”. seja para o investimento em máquinas, equipamentos ou
De acordo com o diretor o Pronaf permite que o po- infraestrutura de produção e serviços agropecuários ou
der de compra dos agricultores familiares seja ampliado, não agropecuários”, pontua.
o que facilita a mudança de modelos de produção, a di-
versificação das atividades e o melhor uso dos fatores de Linhas de crédito
produção, especialmente a terra e o trabalho. Além disso, No que se refere ás linhas de crédito do programa,
o crédito rural do Pronaf contribui para a melhoria de pro- Guadagnin explica que há linhas de crédito para custeio,
dutividade, o aumento da oferta de alimentos e de fibras. investimento, comercialização, cotas-partes de coope-
“O aumento da oferta de alimentos e de outros produtos rativas de produção, microcrédito produtivo rural, as-
contribui para a estabilidade da inflação, a manutenção do sentados da Reforma Agrária e do Crédito Fundiário, e,
preço da cesta básica e evita a oscilações das taxas de juros. ainda: Mais Alimentos, Mulher, Jovem, Eco, Eco Dendê,
Todos ganham com isso”, ressalta Guadagnin. Agroecologia, Floresta, Semiárido, Agroindústria, Cus-
Para o diretor, o crédito rural do Pronaf estimula os teio e Comercialização de Agroindústrias Familiares.
investimentos para produção, armazenamento, beneficia- Segundo o diretor do Pronaf, para que o agricultor
mento e industrialização de produtos agropecuários. Tam- familiar acesse as linhas de crédito do programa, primei-
dução, por meio da aquisição de máquinas, implementos nal. Hoje a inadimplência média é de cerca de 2,9%. Isso
e de novos equipamentos, para correção e recuperação significa que, atualmente, há cerca de 120 mil contratos
de solos, resfriadores de leite, melhoria genética, irriga- inadimplentes (do universo de 3,7 milhões de contra-
ção, implantação de pomares e estufas, armazenagem, tos em andamento, há 2,8% com atraso de uma ou mais
entre 3,6 mil itens financiados”. prestações ou operações superior a 90 dias).
Segundo o diretor, pode ser concedido crédito rural Para o diretor, a eficiência e eficácia na aplicação dos
do Pronaf Mais Alimentos a quem se dedique à explo- recursos do crédito rural do Pronaf é acompanhada e
ração da pesca e da aquicultura, com fins comerciais. A fiscalizada pelos agentes financeiros que, por sua vez,
atividade pesqueira compreende todos os processos de recebem a fiscalização e o acompanhamento do Banco
pesca, explotação e exploração, cultivo, conservação, Central e dos órgãos de controle. Mais de 97,1% dos agri-
processamento, transporte, comercialização e pesquisa cultores que tomam financiamentos do Pronaf pagam
dos recursos pesqueiros. em dia seus contratos.
“Os agricultores familiares têm pouca terra, poucos
Investimentos bens. O principal patrimônio que eles detêm é o ‘nome
Na safra 2011/2012 foram realizados mais de 1,34 limpo na praça’. Isso contribui muito para que a inadim-
milhão de contratos com o empréstimo de mais de R$ 15 plência média seja a mais baixa de todos os sistemas de
bilhões. O volume de recursos que são demandados pelo crédito. Alem disso, o Governo Federal, desde 2004, imple-
agricultores familiares cresce numa média de 8,5% ao mentou um amplo programa de seguro multirrisco para
ano. “No ano safra 2012/2013 deveremos financiar mais os agricultores familiares, o Seguro da Agricultura Fami-
de 1,5 milhões de unidades familiares de produção, com liar (Seaf). O Seaf tem baixo custo e facilidade de adesão,
a utilização de mais de R$ 16,5 bilhões”, declara. cobre até 100% do valor financiado e mais até R$ 7.000,00
da receita líquida esperada. Cobre renda, portanto”.
Menores taxas de inadimplência Para as variações negativas de preço dos produtos há
O índice de inadimplência no crédito rural do Pronaf o Programa de Garantia de Preços da Agricultura Fami-
é um dos menores de todo o sistema financeiro nacio- liar (Pgpaf). O Pgpaf concede um bônus no momento do
Estabelecimentos que obtiveram financiamento por finalidade, segundo a agricultura familiar - Brasil
Agricultura familiar Estabelecimentos que obtiveram financiamento
Por finalidade
Investimento Custeio Comercialização Manutenção do estabelecimento
Total 395 425 492 628 10 554 86 218
Agricultura familiar - Lei nº 11.326 343 981 405 874 8 285 73 818
Não familiar 51 444 86 754 2 269 12 400
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário.
Estabelecimentos que não obtiveram financiamento, por motivo da não obtenção, segundo a agricultura familiar - Brasil
Agricultura familiar Estabelecimentos que não obtiveram financiamento
Total Motivo da não obtenção
Falta de Não sabe Burocracia Falta de paga- Medo de Outro Não
garantia como mento do emprés- contrair motivo precisou
pessoal conseguir timo anterior dívidas
Total 4 254 808 77 984 61 733 355 751 133 419 878 623 538 368 2 208 930
Agricultura familiar - Lei nº 11.326 3 586 365 68 923 56 205 301 242 116 861 783 741 462 701 1 796 692
Não familiar 668 443 9 061 5 528 54 509 16 558 94 882 75 667 412 238
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário.
pagamento dos financiamentos do Pronaf sempre que os dos com o solo e a água, paga pontualmente seus compro-
preços dos produtos dos agricultores familiares estive- missos com o Pronaf e com outros sistemas de crédito e
rem abaixo do custo de produção. O tamanho do bônus isso tudo faz com que a produtividade e a renda cresçam.
será igual à diferença dos preços de mercado e o custo de Ainda, de acordo com o Censo Agropecuário, uma
produção, em percentual. particularidade em relação aos estabelecimentos que
não obtiveram financiamento, mostra que a grande
Municípios maioria não realizou por medo de contrair dívidas e por
O crédito do Pronaf está em mais de 5.413 municípios burocracia.
do país. Na safra 2011/2012 foram realizados mais de 1,34 “Crédito é para quem tem necessidade, gera renda
milhão de contratos com o empréstimo de mais de R$ 15 de forma sustentada, faz um bom uso dos recursos na-
bilhões. O volume de recursos que são demandados pelo turais, conhece e usa a melhor tecnologia de produção,
agricultores familiares cresce numa média de 8,5% ao ano. troca informação, tem boa relação com as cooperativas
de crédito ou com uma outra instituição financeira e
Censo Agropecuário tem capacidade de pagamento. Para ampliar o acesso aos
De acordo com o IBGE, os números do último Cen- financiamentos do Pronaf fazemos, como agora nessa
so Agropecuário demonstram que a agricultura familiar publicação deste Anuário Brasileiro da Agricultura Fa-
destaca-se significativamente na obtenção de investi- miliar, ampla informação e divulgação. Ainda, buscamos
mentos e linhas de crédito em comparação com a não ampliar a assistência técnica e extensão rural, temos me-
familiar. O diretor do Pronaf avalia que isso se deve ao canismos de garantia de compra da produção, de seguro
crescimento do setor familiar. multirrisco, de garantia de preços e estreitamos a parce-
“A agricultura familiar tem avançado no uso de tecno- ria com os movimentos sociais, com quem dialogamos
logias adequadas, na diversificação produtiva, nos cuida- diariamente”, conclui. ◆
Edson Castro
A
consolidação da agricultura familiar de secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento
modo a promover o desenvolvimento sus- Agrário (MDA), Laudemir André Müller destaca as es-
tentável é cada vez mais imprescindível. O tratégias de governo federal e políticas públicas que fo-
ram implementadas para atingir esse objetivo. Para ele,
o Brasil é um dos países que mais avançou neste sentido.
Eduardo Aigner/MDA
Mais Alimentos
O sucesso do MDA
Formação de Estoque e Compra Direta. Cada agricultor bilhão entre julho e outubro, um crescimento de 41% em
familiar pode vender até R$ 8 mil por ano para o PAA. relação ao mesmo período na safra 2011/2012.
“Com esses mercados garantidos tivemos um aumento
significativo na nossa renda, condições de mudar várias Assistência Técnica
coisas na nossa vida e adquirir bens”, afirma Luciano. Outro destaque do Mais Alimentos é a parceria com
Graças às mudanças que vivenciou a partir da con- a assistência técnica. O acesso ao programa é feito por
tratação do crédito do Mais Alimentos, Luciano é o pri- meio de projeto técnico elaborado por um agente de
meiro a apoiar a política. “É um programa excelente, que Ater municipal, que avalia a consistência do projeto e a
viabiliza que jovens agricultores como eu e meu irmão necessidade do equipamento de acordo com o perfil do
possam continuar na propriedade.” Tanto, que já está agricultor. Seguindo o planejamento feito pela entidade
com um novo projeto elaborado para a compra de um de Ater o produtor pode ter certeza de que está fazendo o
caminhão que servirá no transporte da mercadoria para melhor investimento para a propriedade e que terá con-
fora da propriedade, facilitando e ampliando ainda mais dições de pagar o financiamento.
a comercialização. “Agora queremos ampliar mais a pro-
dução, as vendas, e crescer cada vez mais.” Retrospectiva 2012
O ano de 2012 foi de grandes avanços para o Mais
Investimentos Alimentos. A primeira mudança, e uma das mais impor-
Segundo o último levantamento do Banco Central do tantes, foi o aumento do limite de enquadramento para
Brasil, de 2011, o Banco do Brasil é a instituição que res-
ponde por mais de 60% nos desembolsos de crédito rural
no país, e é responsável por 70% da concessão de crédito
acesso ao Pronaf, que passou de R$ 110 mil para R$ 160 da feira representam aproximadamente um terço de todo
mil reais. Com isso, houve a ampliação do número de pro- o valor contratado na safra 2010/2011, em que foram fe-
dutores que se encaixam no perfil de agricultor familiar e chados 2.625 contratos, totalizando R$ 160 milhões de
podem ter acesso aos juros mais baixos do mercado. recursos do Mais Alimentos no estado de Rondônia.
Outra novidade é o aumento do limite individual de O estado de Minas Gerais tem o maior número de
crédito de R$ 130 mil para R$ 200 mil, respeitados os R$ operações no Mais Alimentos, mais de 11 mil, segui-
130 mil por ano-safra. Dentro deste valor o agricultor fa- do dos três estados da região Sul – Rio Grande do Sul
miliar pode acessar o crédito mais de uma vez, desde que (8.581), Santa Catarina (6.992) e Paraná (6.860).
aprovados os projetos técnicos pela instituição financeira,
garantindo as modernizações necessárias à propriedade. Produtos
A partir desta safra o Mais Alimentos deixa também A lista de referência de implementos agrícolas que
de ser um programa direcionado a algumas cadeias pro- podem ser adquiridos pelo programa começou apenas
dutivas e passa a englobar todas as transações de investi- com tratores e foi crescendo de acordo com a necessida-
mento. “Quando o programa foi criado, precisávamos ala- de e demanda dos produtores. Atualmente são mais de
vancar algumas cadeias produtivas, pois estávamos num cinco mil produtos cadastrados – todos produzidos no
momento de crise. Hoje não estamos mais neste momen- Brasil. E a lista continua a crescer, este ano foram incluí-
to. Nós entendemos que todo processo de investimento na das camionetes para transporte de cargas e logo deverão
agricultura é Mais Alimentos”, aponta Marco Antônio. entrar novos produtos como cabines de trator e equipa-
Em 2012, o programa Mais Alimentos teve espaço mentos para agroindústrias.
privilegiado em grandes eventos da agricultura fami- Os itens voltados para a bovinocultura leiteira ou cor-
liar, como Agrishow, Agrobrasília, Feira da Associação te vêm despontando nas contratações do Mais Alimen-
Paulista de Supermercados, Expointer e Rondônia Rural tos, chegando a quase 25 mil somente neste ano. Tratores
Show. Nesta última, em quatro dias de evento, a linha de continuam entre os mais procurados com mais de 7,5
crédito recebeu mais de mil propostas de financiamento, mil contratos, assim como as colheitadeiras, cerca de 300
correspondentes a cerca de R$ 50 milhões. Os números unidades. Os veículos de transporte de carga para o esco-
70%
60%
50%
40%
30%
20%
12%
0,1%
0,0%
19%
23%
20%
10%
76%
10%
13%
59%
18%
41%
12%
11%
21%
36%
10%
6%
7%
8%
0%
2008/2009 2009/2010 2010/2011 2011/2012*
Bovinos Colheitadeiras Máquinas e Implementos Tratores Outros
amento da produção e comercialização também tiveram responsáveis por 76% dos contratos do Mais Alimentos no
grande procura, cerca de três mil. Rio Grande do Sul, por exemplo. Na última safra o equipa-
mento passou a representar 36% das contratações no estado.
Histórico Em compensação, a aquisição de máquinas e imple-
Quando o programa foi criado, o produto mais procura- mentos mais que dobrou no período. As colheitadeiras,
do pelos agricultores familiares eram os tratores, que eram incluídas na lista na safra 2010/2011 já são responsáveis
por 11% dos contratos. “O programa começou numa ló-
gica de tratores e caminha numa lógica de implementos e
O que é o MDA?
agroindústria”, ressalta o coordenador do Mais Alimentos.
A agricultura familiar brasileira, formada por aproximadamen- De lá para cá também houve ampliação do crédito.
te 4,3 milhões de famílias, produz a maioria dos alimentos que Em 2008 o agricultor familiar podia pegar R$ 30 mil,
chegam à mesa dos brasileiros e emprega mais de 74% da mão hoje esse limite é de R$ 200 mil. O aumento do limite
de obra no meio rural. O Ministério do Desenvolvimento Agrá- de credito também contribuiu para a diversificação dos
rio trabalha para o reconhecimento do produtor familiar como
força econômica fundamental para a segurança alimentar dos
itens financiados pelo programa, alcançando um nume-
brasileiros e para o desenvolvimento do País. ro maior de agricultores familiares beneficiado.
Para isso, o ministério promove políticas de inclusão social
e produtiva, como acesso a crédito, à assistência técnica de Perspectivas
qualidade, a direitos básicos de cidadania e apoio à comerciali- No início de 2013 o Mais Alimentos lança uma nova
zação. Outras informações no site www.mda.gov.br plataforma online. O sistema vai centralizar todas as in-
formações que os agentes financeiros e as empresas de
Os produtos mais financiados pelo Mais Alimentos DAP, a identidade do agricultor familiar
(Safra 2011/2012)
Para acessar quaisquer políticas do MDA, inclusive o Mais
*até junho de 2012 Alimentos, é necessário que o produtor rural tenha a Declara-
1º Bovinos leiteiros ção de Aptidão ao Pronaf (DAP), documento que o caracteriza
2º Bovinos de corte como agricultor familiar. O agricultor familiar é aquele que tem
propriedade de até quatro módulos fiscais, que reside no local ou
3º Tratores
bem próximo a ele, e tem até dois empregados permanentes. A
4º Máquinas e implementos definição abrange também silvicultores, quilombolas, aquiculto-
5º Caminhões res, extrativistas e pescadores.
6º Máquinas e implementos para exploração pecuária O documento é gratuito e emitido por diversos agentes, como
7º Veículos utilitários empresas estaduais de assistência técnica e extensão rural e
sindicatos. A DAP é renovável e sua renovação é obrigatória, a cada
8º Café
seis anos, ou sempre que algum dado dos requisitos exigidos para
9º Galpões enquadramento for alterado. O procedimento consiste na emissão
10º Irrigação de nova DAP, bastando, portanto, dirigir-se ao agente emissor.
O que é
Como acessar?
NÚMERO DE CONTRATOS POR ESTADO/ANO Ater que trabalham com o programa precisam. Isso vai
facilitar o acesso à informação e, consequentemente, tor-
MG nar o programa ainda mais eficiente.
RS
Potencial de ampliação
SC O programa Mais Alimentos tem um grande poten-
PR cial de expansão nas regiões Norte e Nordeste, que ain-
da têm baixos índices de contratação do crédito. Com a
SP política de regularização fundiária – principalmente na
MT Amazônia Legal –, que dá ao agricultor familiar a posse
da terra, e saída de muitas famílias da extrema pobreza,
ES mais agricultores familiares destas regiões têm condi-
ções de acessar a linha de crédito.
GO
RO Mais Alimentos Internacional
O Mais Alimentos Internacional foi criado em 2010,
MA
a princípio como Mais Alimentos África, com o objetivo
TO de desenvolver a agricultura familiar nos países do con-
tinente. Posteriormente, o programa passou a negociar
BA
também com países da América Latina e Caribe. Atual-
MS mente, quatro países têm acordo firmado com o Brasil:
Zimbabue, Moçambique, Gana e Cuba.
PA
O objetivo do programa é estabelecer uma linha de
AC cooperação técnica que destaca a produção de alimentos
pela agricultura familiar como caminho para segurança
AL alimentar e nutricional dos países participantes. Aliado
RJ à cooperação técnica, a ação prevê o financiamento de
tecnologia adaptada às realidades socioambientais da
RR agricultura familiar local, como forma de ampliar a pro-
CE dução e a produtividade dos estabelecimentos rurais. A
ideia é que estes países possam produzir mais e melhor.
PI A partir do aumento da produtividade e, consequen-
RN temente, da renda, espera-se que estes países tornem-se
clientes regulares da tecnologia agrícola brasileira, in-
PB centivando ainda mais a produção da indústria nacional.
PE As condições do programa a nível internacional são
parecidas com as executadas no Mais Alimentos Brasil.
SE Os países têm até 15 anos para pagar os empréstimos,
DF com três anos de carência e juros de 2% ao ano. Com
apoio da Câmara de Comércio Exterior (Camex), do
AP Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
AM Exterior (MDIC), o Mais Alimentos Internacional teve
aprovada uma linha de crédito de US$ 640 milhões em
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
Condições
Segundo informações da empresa, o agricul-
tor familiar poderá comprar seu produto New
Holland nas melhores condições de mercado:
—— Prazo de até 3 anos para começar a pagar;
—— Financiamento de até R$ 130 mil individualmente;
—— Financiamento de até R$ 500 mil em grupo;
Fortalecimento,
Iveco/Divulgação
modernização e
desenvolvimento da
agricultura familiar
Para a Iveco, o programa proporciona ao agricultor aquisição
de caminhões com preços e condições especiais através do
Programa Mais Alimentos
A
Iveco Latin América é uma fabricante de Renovação da frota
veículos pesados, caminhões, ônibus e utili- Conforme o gerente de Marketing Operacional da
tários leves. Sua sede fica em Turim, Itália, Iveco Latin America, Ricardo Motta e Correa, o progra-
sendo uma subsidiária do Grupo Fiat. ma trouxe renovação de frota para que os agricultores
Em relação à importância do Programa Mais Alimen- familiares se equipassem.
tos para fomentar a venda de veículos e caminhões, a fa- “No caso da Iveco, conhecemos produtores que ain-
bricante destaca que é uma iniciativa do governo federal da não tinham caminhões, que trabalhavam com au-
e faz parte do Programa Nacional de Fortalecimento da tomóveis ou caminhonetes e devido ao crescimento de
Agricultura Familiar (Pronaf), criado para fortalecer, suas atividades optaram por substituir por caminhões
modernizar e desenvolver a agricultura familiar. Através modernos e robustos como o Iveco Daily Truck – 7 to-
dele, o agricultor familiar pode adquirir caminhões Ive- neladas, que é sucesso de vendas para os produtores”,
co com preços e condições especiais. destaca o gerente.
De acordo com a Iveco, o Mais Alimentos representa
o fortalecimento, a modernização e desenvolvimento da Expectativas e produtos
agricultura familiar através do programa de crédito para Para o setor da agricultura familiar, a Iveco tem au-
esses pequenos agricultores. mentado a cada ano sua participação no Programa Mais
Alimentos. “Em 2012, foram cerca de 250 unidades e
Crédito específico para 2013 prevemos um crescimento de 20% nas ven-
No que se refere ao crédito específico para a compra das”, destaca Ricardo.
de veículos e caminhões pelos agricultores familiares Em relação aos produtos da Iveco que fazem parte do
dentro do Programa Mais Alimentos e as facilidades de programa e aos modelos mais procurados, o gerente de
compra através do programa, na Iveco o crédito para ca- Marketing Operacional afirma que a empresa disponibi-
minhões é limitado à R$ 130 mil, com juros de 2% ao ano liza toda a linha Daily. Daily 45S17, Daily 55C17 e Daily
com até três anos de carência e 10 anos para pagar. Truck sete toneladas (com capacidade de 1,4 a 4,5 tone-
Os contratos do Pronaf Mais Alimentos Produção ladas de carga). “E em 2013 retorna o Iveco Vertis HD
Primária são vinculados ao Programa de Garantia de 90V18 para seis toneladas de carga”, conclui. ◆
Preços da Agricultura Familiar (PGPAF).
O
crescimento da agricultura familiar das últi- de mão e capinar na enxada. Agora com o plantio direto está
mas décadas possui uma forte ligação com completamente diferente, é muito fácil de plantar com essas
o advento do plantio direto. A técnica que semeadoras”, enfatiza Bolzan. O produtor destaca ainda que
no início era encarada com certa resistência por muitos o bom acompanhamento da revenda Casa das Ferramentas
produtores, hoje está consolidada. Com os resultados e da fábrica desde o início fez com que seguisse com a Vence
positivos, que não demoraram muito para aparecer, os Tudo. “Sempre que precisamos encontramos as peças aqui
agricultores aderiram a inovação e mudaram a forma de perto e fomos muito bem atendidos”.
cultivar a terra na grande maioria das propriedades. O plantio direto mudou o conceito da agricultura
Em meio a toda essa transformação que o plantio e com isso produtores de grandes, médias e pequenas
direto trouxe ao segmento, surgiu a necessidade de se- propriedades foram beneficiados. A Vence Tudo acom-
meadoras que atendessem com qualidade as novas exi- panhou todo esse processo e segue atendendo aos agri-
gências. Com isso a Indústria de Implementos Agrícolas cultores com produtos de alta tecnologia e eficiência no
Vence Tudo, de Ibirubá/RS, logo apresentou ao mercado aumento da produtividade. ◆
suas primeiras máquinas.
Devido suas raízes estarem ligadas à agricultura fa-
miliar, pois a fábrica surgiu em 1964 com a produção de
plantadeiras para pequenas propriedades, a Vence Tudo de-
senvolveu semeadoras com mecanismos exclusivos e paten-
teados, como, por exemplo, o sistema Pula Pedra (único no
Divulgação/ Odemilk
jas espalhadas pelo estado catarinense.
A Ordemilk comercializa seus produtos através do
Programa Mais Alimentos, lançado em 2008, que incre-
menta a produtividade da agricultura familiar através da
linha de crédito direcionada à modernização da infraes-
trutura de unidades familiares. Garantindo produção, tec-
nologia para os produtores, financiamento e, ao mesmo
tempo, assistência técnica.
Segundo o gerente, Rivael Pereira, cerca de 70% da
comercialização da empresa é através do Mais Alimen- Parte da equipe Ordemilk
Fortalecimento
BK Propaganda/Divulgação
da agricultura
“Mais Alimentos traz oportunidade de equipar a
propriedade com prazos e taxas compatíveis com Diretor da Covena, Júlio Brondani
C
om esta afirmação o diretor da Covena, Júlio Renovação da frota
Cezar Brondani, demonstra a importância do No que se refere aos avanços que o programa trouxe
programa para o fortalecimento da agricultu- para a renovação de frota para que os produtores fami-
ra familiar bem como para fomentar o crescimento da liares se equipassem, o diretor da Covena explica que o
indústria automotiva fato de se colocar ao mercado linhas de crédito e produtos
“O Programa Mais Alimentos é muito importante customizados possibilitou a todos envolvidos uma grande
tanto para a indústria automotiva, quanto para a agri- oportunidade de negócio. “Desta maneira, a renovação e/
cultura familiar”, afirma o diretor da Covena Comercial ou ampliação de frota está ocorrendo de forma ordenada
de Veículo Ltda de Erechim/RS, Julio Cezar Brondani, e natural, atendendo as necessidades de acordo com cada
relacionando o programa com o fomento das vendas de intenção de compra”.
caminhões e utilitários para as propriedades rurais.
De acordo com o diretor, no caso da indústria e toda Novo mercado
sua cadeia produtiva, este mercado passa a ser interes- Sobre o crescimento nas vendas para este setor e expec-
sante pelo seu potencial e pela forma de financiamen- tativas para o próximo ano, Brondani destaca que o progra-
to. “Para os clientes enquadrados no programa, é uma ma criou, por suas características, um mercado novo, antes
oportunidade de equipar sua propriedade com bens de à margem de qualquer possibilidade de enquadramento nas
capital com prazos e taxas compatíveis à sua produção e linhas de crédito existentes. Para o próximo período, o dire-
renda”, destaca. tor aponta que as expectativas são boas, uma vez que as li-
nhas de crédito foram renovadas e os modelos de caminhões
Crédito específico atualizados para atender a legislação Euro V, onde todos os
Em relação ao crédito específico para a compra de ve- motores a diesel devem seguir à nova legislação de emissão
ículos pelos agricultores familiares dentro do Mais Ali- de poluentes. (O Programa de Controle de Poluição do Ar
mentos e as facilidades de compra através do programa, por Veículos Automotores (PROCONVE P-7), instituído pelo
Brondani ressalta que o cliente deve procurar um Agente Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), equivalen-
Financeiro credenciado, preencher os documentos ne- te ao Euro V tem como objetivo diminuir de maneira bem
cessários e ir até uma concessionária para buscar a Carta significativa as emissões dos poluentes dos veículos a diesel).
Proposta. “Aprovado o crédito, é emitida uma autoriza- Fazendo uma avaliação sobre os tipos mais procura-
ção de faturamento, e o veículo entregue. As facilidades dos pelos agricultores familiares, Brondani aponta dois
estão no acesso à linha de crédito, no custo financeiro modelos de veículos Volkswagen: “Os modelos mais pro-
da operação e na atratividade do valor especial para o curados no caso da nossa concessionária são o VW 8.160
programa”, afirma. e o VW 9.160”, conclui o diretor ◆
“
Se não fosse o Mais Alimentos já teria deixado a Desde 2010 começaram a adquirir implementos
propriedade, há muito tempo.” Esta foi uma das agrícolas através do programa do governo federal Mais
mais impactantes frases proferidas pelo agricul- Alimentos. Assim, já compraram um trator, um dis-
tor familiar Robson André Finger, de Rancho Grande, in- tribuidor de esterco de 4 mil litros, uma concha, uma
terior de Concórdia/SC, e que mostra toda a força de um gaiota de seis toneladas, uma ensiladeira e uma sala
programa de incentivo aos agricultores. de ordenha automatizada. “Sem isso nós não estaría-
Na propriedade de 32 hectares, a família se divide nas mos mais aqui. Temos dificuldade em encontrar mão
atividades com a criação do gado de leite, parceria de su- de obra e somos em três (ele, a esposa Andréia e o pai)
ínos e plantio de milho. para tocar a propriedade.”
Barão de Cotegipe
Administração é exemplo no
incentivo à agricultura familiar
Programas de fomento e cursos de qualificação estão entre as ações
C
om quase 7 mil habitantes, o município de minação de bovinos com melhoria da qualidade genética
Barão de Cotegipe, localizado no norte do Rio do rebanho.
Grande do Sul, tem base econômica na agricul- Através da secretaria, também, foram promovidos
tura. Para incentivar o crescimento do setor, a secretaria cursos de aperfeiçoamento para melhorar a gestão na
de Agricultura, Meio Ambiente e Fomento Econômico propriedade, como o de administração rural, embutidos,
criou vários projetos e programas que vão desde a capaci- fruticultura, processamento de peixes, controle de for-
tação dos agricultores até a distribuição de insumos. migas, manejo do solo, produção de leite à base de pasto,
O secretário da pasta, Valdecir Francisco Balestrin, criação de peixes e reflorestamento de eucaliptos.
explica que dentre os programas de incentivo está o de Apesar de pequeno, o município conta com sete
pastagens que beneficiou 74 agricultores familiares. “O agroindústrias, e outras três estão em processo de insta-
projeto propõe dar condições aos jovens agricultores fa- lação. Estas agroindústrias familiares receberam recursos
miliares que já estão investindo e pretendem melhorar através da Consulta Popular, quando receberam equipa-
a atividade leiteira.” Cada agricultor recebeu cinco sacas mentos importantes para o processo de industrialização
de adubo e cinco de uréia, três toneladas de calcário e dos produtos. Além disso, as famílias contam ainda com
um eletrificador de cerca para serem aplicados em um um espaço importante para a comercialização dos produ-
hectare de pastagem. Outro programa de incentivo é o tos, através da Feira do Produtor, que funciona nas quar-
fortalecimento da pecuária, através do serviço de inse- tas-feiras e aos sábados.
M
anter a família no interior com dignidade é lagem e formulação de rações concentradas; criação das
um dos grandes desafios, que vem sendo ti- terneiras para reposição do plantel; produção do leite e
rado de letra pela família Fabian, que reside industrialização através da fabricação de queijos, iogur-
no interior de Barão de Cotegipe/RS. Em 2007, o casal tes e leite pasteurizado.
Edgar e Edinéia decidiu agroindustrializar a produção de Preocupada com a qualidade do produto a família
leite da propriedade, com o intuito de agregar renda e va- participa de cursos de gestão e qualificação – desenvol-
lorizar o trabalho. “Se nós industrializássemos o leite na vidos em parceria com a prefeitura e o Sebrae -, e ainda
propriedade, teríamos mais renda e não precisaríamos contratou consultoria de profissional da engenharia de
procurar trabalho na cidade,” explica Edinéia. alimentos. A propriedade é uma das tantas do município
Com 15 vacas de leite a produção gira em torno de que recebe incentivo da administração municipal, atra-
500 Kg de queijo, 3 mil litros de leite pasteurizado e 500 vés dos vários programas desenvolvidos pela secretaria
litros de bebida láctea. Para agregar ainda mais valor, a de Agricultura Meio Ambiente e Fomento Econômico,
família produz queijo tradicional e temperado com to- como o de pastagens e o de inseminação para melhorar o
mate seco e orégano, queijo para grelha com orégano e plantel. E, através da Consulta Popular receberam equi-
salame, além da bebida láctea nos sabores morango e pamentos que são importantes no processo de agroin-
coco. E, 90% do leite utilizado para a produção é provin- dustrialização.
da da propriedade. A ideia, segundo o casal, é expandir o empreendi-
A família ainda planta grãos como soja, milho e pas- mento e realizar todo o processo dentro da propriedade.
tagem que são utilizados para a alimentação do gado de
leite. A propriedade da família Fabian é um exemplo de
Família Fabian
A
propriedade de 7 hectares de José Carlos Sla- Jornal Bom Dia
viero é bastante diversificada. Lá, a família
cultiva frutas como: amora, pêssego, figo,
uva, goiaba, morango e pêra, utilizadas para a produção
de geleias, chimias e compotas, além da venda in natura.
A média de fabricação é de 4 mil vidros de 750 g por
mês, produto comercializado nas feiras do produtor de
Barão de Cotegipe e Erechim, e através dos programas
para merenda escolar, mercados e venda direta.
Slaviero contou que recebeu grande incentivo da ad-
ministração municipal, e assim o espaço da agroindústria
quase que dobrou, ampliando o processo de produção.
Para o próximo ano, a expectativa é iniciar com a pro-
dução de frutas cristalizadas abrindo novos mercados e
ampliando a produção. ◆ Média de fabricação é de 4 mil vidros de geléias e compotas de 750 g por mês
Divulgação/BD
crescimento, a qualidade
do produto e a conquista
de novos mercados
A produção gira em torno dos 11 mil quilos por
mês, no ramo da panificação, confeitaria e massas
com mais de 150 variedades
A ideia é expandir mercado e continuar aten-
dendo os clientes com excelência e produzindo com
qualidade. ◆ Jornal Bom Dia
Jornal Bom Dia
C
ada vez mais o campo vem se fortalecendo tos agroindustrializados tornando-se, muitas vezes, a
com a criação de novas agroindústrias, agre- principal fonte de renda da família. Em função da neces-
gando valor aos produtos dos agricultores sidade global de alimentos saudáveis, houve o surgimen-
familiares, fazendo, assim com que permaneçam no to de um arcabouço legal para a produção de alimentos
interior. As agroindústrias familiares podem ser empre- com qualidade e segurança para o consumidor, mais
endimentos coletivos (cooperativas e associações) ou in- precisamente nos últimos 15 anos, muito mais focado
dividuais - administrados por uma família, que utilizam no processo de produção do que no controle do produto
uma ou mais tecnologias de transformação das maté- final, demandando novas formas de monitoramento da
rias-primas agropecuárias. A agroindústria familiar tem agroindústria familiar rural por partes das autoridades
por objetivo agregar valor aos alimentos, observando os sanitárias. Esta nova visão resultou como grande desafio
padrões de identidade, qualidade e os requisitos das le- de unir o saber-fazer tradicional, em alguns casos secu-
gislações ambiental e sanitária. Isto resulta em produtos lares (como é o caso dos queijos artesanais produzidos
alimentícios com apelo artesanal, vida útil maior, con- com leite não pasteurizado), à infraestrutura, proces-
veniência, características sensoriais diferenciadas e com sos e controles necessários, como forma de possibilitar
qualidade e segurança garantidas. e evidenciar que estes alimentos são produzidos com a
qualidade e a segurança demandadas por um consumi-
Maioria atua na informalidade
O número de agroindústrias familiares no país é
Divulgação/Embrapa
Divulgação/Embrapa
matérias-primas dos agricultores familiares vem sendo
estimulado pelo Programa Nacional de Fortalecimento
da Agricultura Familiar (PRONAF Agroindústria) e por
programas próprios de alguns estados que estimulam a
infraestrutura necessária e a assistência técnica aos pro-
dutores familiares no processo de agroindustrialização.
Mercado
Há bem pouco tempo um dos grandes gargalos para Fenelon
os agricultores familiares era o escoamento de sua pro-
dução agroindustrializada. Como forma de diminuir este de centros de ensino e das instituições de fiscalização, ins-
gargalo, legislações tributárias e fiscais específicas foram peção, vigilância sanitária federal, estadual e municipal, nas
ajustadas à realidade. Outra forma de estimular a agroin- Boas Práticas de Fabricação e na sua internalização junto a
dustrialização foi o surgimento de programas bem estru- algumas agroindústrias em um trabalho piloto.” Este traba-
turados de compra destes produtos pelos governos muni- lho já vem produzindo resultados, que podem ser percebi-
cipais como o Programa Nacional de Alimentação Escolar dos pelos padrões crescentes e qualidade dos produtos que
(PNAE), onde cada município é obrigado a comprar no os estados vêm apresentando durante as edições das Feiras
mínimo 30% dos alimentos destinados a merenda escolar Nacionais da Agricultura Familiar nestes últimos anos.
dos produtores familiares; e o Programa de Aquisição de
Alimentos (PAA). Estes programas se tornaram uma gran- Tecnologia
de oportunidade de comercialização para os agricultores As tecnologias que vêm sendo utilizadas nas agroin-
familiares e a sustentabilidade da atividade produtiva. dústrias familiares já são conhecidas há muito tempo.
Entretanto, o maior desafio das agroindústrias familiares
Qualidade é o dimensionamento dos equipamentos disponíveis co-
A qualidade dos produtos agroindustriais depende basi- mercialmente e a melhor forma de dispô-los sequencial-
camente da qualidade da matéria-prima, dos insumos para mente na unidade produtiva de forma a otimizar o fluxo
as agroindústrias, da infraestrutura da edificação e seus cui- de processo e a setorização de áreas para o preparo da
dados, das pessoas, dos equipamentos, do armazenamen- matéria-prima a ser processada. Outros pontos observa-
to e da distribuição destes alimentos. Assim, a qualidade é dos são ajustes nos controles de cada etapa destes proces-
consequência dos controles em todas as etapas da cadeia sos que resultam em produtos padronizados.
agroindustrial, independente do porte das agroindústrias. A Embrapa Agroindústria de Alimentos desenvolveu
A avaliação da qualidade é sistêmica, ou seja, abrange todos um projeto contratado pela Eletrobrás para o Programa dos
os processos da cadeia. O pesquisador da Embrapa Agroin- Centros Comunitários de Produção. Segundo os pesquisa-
dústria de Alimentos, André Luis Bonnet Alvarenga, explica dores, o projeto resultou na confecção de perfis agroindus-
que no processo de legalização das agroindústrias, a abor- triais de 13 tecnologias de processamento. Os perfis agroin-
dagem é focada no controle do produto em cada etapa do dustriais são projetos de viabilidade técnica que envolvem a
processo produtivo. Ao final deste processo, os produtos ob- descrição das etapas da tecnologia de processamento apre-
tidos das agroindústrias legalizadas tendem a ter a sua qua- sentada de acordo com o produto, a descrição dos equipa-
lidade e segurança garantidas. “Neste sentido, para estimu- mentos, sugestão de leiautes, a disposição dos equipamen-
lar esta legalização, a Embrapa Agroindústria de Alimentos tos nas agroindústrias, as especificações de construção civil
vem trabalhando desde 2004, apoiada pelo Ministério do dos prédios e de instalações hidrossanitárias, requisitos de
Desenvolvimento Agrário, junto a diversos parceiros em utilização de água de processo, rotulagem e das Boas Práti-
quase todos os estados da federação na capacitação de téc- cas de Fabricação (BPF), finalizando com um protocolo de
nicos das empresas de assistência técnica e extensão rural, sanitização dos prédios e utensílios. ◆
Plano Safra
da Agricultura Familiar 2012/2013
O
conjunto de políticas públicas do Plano Sa- lugar do meio rural no desenvolvimento nacional. Desta
fra da Agricultura Familiar 2012/2013 qua- forma o governo federal, por meio MDA segue fortale-
lifica e articula os instrumentos construídos cendo a agricultura familiar, este importante agente de
e conquistados nos últimos anos por esse importante desenvolvimento.
setor produtivo do país. As medidas foram elaboradas As medidas para esta safra da agricultura familiar
pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário com foco pretendem estimular o crescimento da economia do país
em dois grandes objetivos: a organização econômica e a com estabilidade, aumento da produção e sustentabili-
sustentabilidade. dade. O objetivo é aumentar a renda no campo, olhando
Para que a agricultura familiar avance ainda mais na para a agricultura familiar como modelo estratégico de
produção de alimentos, de forma sustentável, é preciso produção para o desenvolvimento do país.
enfrentar alguns desafios. Entre eles, estimular o uso Para isso, o Plano Safra 2012/2013 vai aperfeiçoar as
sustentável dos recursos naturais e a convivência com as políticas para melhorar a convivência com as adversida-
mudanças climáticas, promover alternativas para a redu- des climáticas e incentivar práticas sustentáveis. O plano
ção da pobreza, gerar e qualificar as ocupações produti- promove e valoriza a transição dos sistemas produtivos
vas no campo e interiorizar o desenvolvimento. por meio de boas práticas ambientais e estimula novas
A existência de um conjunto de políticas públicas si- cadeias produtivas com base em produtos sustentáveis
multâneas e permanentes contribui para a estabilidade e saudáveis, com foco nas oportunidades geradas pelos
econômica e social do país e permite definir um novo mercados interno e externo. ◆
A
Federação Nacional da Distribuição de Ve- velha e precisa ser modificada para alcançar maior pro-
ículos Automotores (Fenabrave) registrou dutividade. A produção de soja que foi favorável no Bra-
crescimento na venda de maquinário agrí- sil, também influenciou nisso. Outro motivador foram
cola em 2012, em relação ao ano de 2011. De janeiro a os juros na modalidade Finame BNDES, de 2,5% ao ano,
outubro de 2011 foram comercializados 48.025 mil uni- muito favorável para compra.”
dades no Brasil, entre tratores, máquinas agrícolas e co- A expectativa para 2013 é um incremento nas vendas
lheitadeiras. Entre janeiro a outubro de 2012 a comercia- que deve girar entre 5 a 7%, sobre 2012. “Se de fato esta
lização somou 51.419 mil unidades, o que corresponde a safra for boa e sem perdas significativas o crescimento
um aumento de 7,07% nas vendas. pode ser de 7 a 10%,” pontua Assumpção Jr.
Segundo o presidente executivo da Fenabrave, Ala- A renovação da frota reflete na diminuição dos custos
rico Assumpção Jr., “o crescimento nas vendas se deve, com manutenção e operação das máquinas e implemen-
entre outros fatores, à renovação da frota, que é bastante tos agrícolas.
Fenabrave
Comercialização de maquinário
agrícola apresenta crescimento
Edson Castro
Fenabrave/Divulgação
Simers
Trator ainda é a máquina
mais procurada pelos
agricultores familiares
Linha de crédito oferecida pelo governo facilita a mecanização
das pequenas propriedades, garantindo produção e qualidade
dos produtos
A
agricultura familiar no Brasil é de extrema quinto ano de existência, o agricultor que já comprou o seu
importância para a segurança alimentar, já trator está se aparelhando com outros produtos para a sua
que a maioria dos produtos faz parte da ali- propriedade. Quem ainda não tem um trator está se prepa-
mentação básica do brasileiro. Para que a produção atenda rando para adquirir, pois esta máquina é a que introduz a
a demanda e tenha qualidade é importante o investimento mecanização na lavoura. Depois da compra do trator, o pro-
em políticas, para otimizar as forma de cultivo. Isso passa dutor começa a ver o aumento nos rendimentos e continua
pela mecanização da agricultura familiar, garantindo téc- comprando máquinas e implementos para a sua terra.
nicas adequadas de manejo e processamento, produção,
qualidade e diminuindo o esforço manual do agricultor. Incentivos
O incentivo à mecanização da agricultura familiar já
Trator vem ocorrendo através do Programa Mais Alimentos, do
O trator ainda é o objeto de maior desejo do agricultor Ministério do Desenvolvimento Agrário, que disponibi-
familiar. Com o Programa Mais Alimentos indo para o seu liza para o agricultor o acesso à tecnologia por um preço
inferior ao valor de mercado. A linha de crédito ofereci-
da pelo governo varia de R$ 130 mil a R$ 200 mil, com
prazo de até dez anos para pagar a juros de 2,5%, com até
Divulgação/Simers
cultura familiar, que oferece condições de financiamento ser nosso foco e estamos atentos a outras formas de inse-
para o produtor rural. ri-los e integrá-los neste processo pulsante de tecnologi-
De acordo com o presidente do Sindicato das Indús- zação do campo. E isso se reverte em mais renda para o
trias de Máquinas e Implementos Agrícolas no RS (Si- agricultor, que consegue comprar mais colaborando para
mers), Cláudio Affonso Amoretti Bier, no ano de 2011, as o aumento da economia, e esse crescimento vai afetando
vendas ficaram em 10%, ou seja, houve um incremento várias cadeias econômicas.”
de 15% em relação a 2011 nos negócios da agricultura O Simers busca uma tecnologia atualizada e de exce-
familiar. Isso é muito significativo para a vida da família lência para as máquinas e implementos agrícolas, com o
do campo, que pelo Mais Alimentos conseguiu melhorar intuito de levar modernização até o agricultor familiar,
o manejo da sua lavoura através da aquisição de equipa- para que ele exerça com dignidade a atividade rural.
mentos de tecnologia atualizada. Dessa forma, consegue
maior produção, mais lucro e motivação para o trabalho.” Conquista
O Programa Mais Alimentos é a possibilidade de levar Depois de três anos de tentativas, as cabines agríco-
a tecnologia do grande produtor para o agricultor familiar. las foram incluídas no Programa. O seu uso proporcio-
Colheitadeiras, tratores, pulverizadores, equipamentos na mais conforto e segurança durante o trabalho, pois
para ordenha, cabines agrícolas são exemplos de dispositi- o produtor pode ficar mais horas na lavoura, já que está
vos que hoje estão ao acesso da agricultura familiar. protegido de fatores externos.
O presidente do Sindicato explica que o Simers busca Este investimento proporciona ainda outras vanta-
inovar. “Estamos atentos aos novos mercados, às novas gens como a possibilidade de instalação de ventilador
tecnologias e à modernização de equipamentos voltados ou ar condicionado, oferecendo melhores condições de
para a produção agrícola. O agricultor familiar passou a trabalho por um período mais longo. ◆
Agritech
Empresa líder em vendas com
o Programa Mais Alimentos
N
o ano de 2008 o então presidente Luís Iná- do Mais Alimentos”, destaca Nelson Watanabe, Gerente
cio Lula da Silva entregou ao produtor Fer- Nacional de Vendas Agritech.
nando Kubota, de Brazlândia Incra (DF), o A Agritech Lavrale – Divisão Agritech faz parte do
primeiro trator do Programa Mais Alimentos. Não por Grupo Francisco Stédile e surgiu com a cisão da Yanmar
acaso, o trator era um Agritech 1175, produzido em In- do Brasil. O Grupo Francisco Stédile, de Caxias do Sul
daiatuba, no interior de São Paulo, pela Agritech Lavrale, (RS), é um dos mais respeitados conglomerados indus-
empresa que planeja e controla todo o processo produti- triais do Brasil e engloba as empresas Agrale S.A., Ger-
vo de tratores e microtratores que levam os motores e a mani Alimentos, Fazenda Três Rios e a Fundituba Indús-
marca Yanmar para o País. tria Metalúrgica. ◆
A Agritech é a única empresa brasileira com a linha
de tratores, microtratores e implementos agrícolas volta-
da especialmente para a agricultura familiar, e que busca
levar tecnologia para o pequeno produtor, responsável
por grande parte da produção nacional. Os tratores e mi-
crotratores Yanmar Agritech foram feitos especialmen-
te para a utilização em pequenas áreas. São leves, não
compactam o solo, consomem pouco combustível e têm
baixo custo de manutenção. Todos os tratores e micro-
tratores da marca estão aptos para se movimentar com
o biodiesel B-5.
E por essas razões que a empresa se tornou
a recordista em vendas de tratores de até
59cv no Plano Mais Alimentos. “Os pro-
gramas governamentais de incentivo
à aquisição de máquinas são um
grande sucesso e têm possibi-
litado que agricultores intro-
duzam ou ampliem o uso
de tecnologia de mecani-
zação em suas atividades.
Atualmente cerca de 60%
da nossa produção é volta-
da para atender a demanda
O
presidente da Câmara Setorial de Máquinas Agricultura familiar em expansão
e Implementos Agrícolas (CSMIA), da Asso- Como a agricultura familiar está em processo de ex-
ciação Brasileira da Indústria de Máquinas e pansão no país, a importância desse desenvolvimento
Implementos (Abimaq), Celso Casale, destaca a função para o setor de máquinas agrícolas está intrinsecamente
da CSMIA que reúne cerca de 200 fabricantes nacionais ligada. “Como atualmente são 4,3 milhões de proprieda-
de máquinas e implementos agrícolas. “De forma geral, des rurais caracterizadas como de agricultura familiar,
a função da Câmara é estimular a indústria a oferecer esse tipo de empreendimento acaba tendo papel decisivo
produtos para o crescente mercado de médios produto- nos negócios da cadeia de implementos e máquinas agrí-
res rurais por meio do fornecimento de equipamentos colas”, destaca Casale.
e implementos modernos que auxiliem na ampliação da Para o presidente da CSMIA, uma grande vantagem, do
produção e no aprimoramento dos sistemas produtivos ponto de vista comercial da demanda dos agricultores fami-
de pequenos e médios agricultores”, afirma. liares, é que ela é pulverizada e abrange uma gama bastante
l imentos
e da pobreza no Brasil e, ao
mesmo tempo, fortalecer a
agricultura familiar
Anuário Brasileiro da Agricultura Familiar 2013 | 141
O
PAA utiliza mecanismos de comercialização que no momento mais propício, em mercados públicos ou
favorecem a aquisição direta de produtos de agri- privados, permitindo maior agregação de valor aos produ-
cultores familiares ou de suas organizações, esti- tos. A compra pode ser feita sem licitação. Cada agricultor
mulando os processos de agregação de valor à produção. pode acessar até um limite anual e os preços não devem
ultrapassar o valor dos preços praticados nos mercados
Como funciona locais.
Parte dos alimentos é adquirida pelo governo dire-
tamente dos agricultores familiares, assentados da re- Quem acessa
forma agrária, comunidades indígenas e demais povos e Agricultores familiares, assentados da reforma agrá-
comunidades tradicionais, para a formação de estoques ria, comunidades indígenas e demais povos e comunida-
estratégicos e distribuição à população em maior vulne- des tradicionais ou empreendimentos familiares rurais
rabilidade social. portadores de Declaração de Aptidão (DAP) ao Progra-
Os produtos destinados à doação são oferecidos para ma Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
entidades da rede socioassistencial, nos restaurantes popu- (Pronaf).
lares, bancos de alimentos e cozinhas comunitárias e ainda Quem executa: o PAA é executado com recursos
para cestas de alimentos distribuídas pelo Governo Federal. dos Ministérios do Desenvolvimento Agrário (MDA) e
Outra parte dos alimentos é adquirida pelas próprias do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS),
organizações da agricultura familiar, para formação de es- em parceria com estados, municípios e com a Compa-
toques próprios. Desta forma é possível comercializá-los nhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O
Jornal Bom Dia
Programa Nacional de Alimentação Esco-
lar - Pnae está regulamentado de acordo
com a Lei nº 11.947/2009 que determina a
utilização de, no mínimo, 30% dos recursos repassados
pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE) para alimentação escolar, na compra de produ-
tos da agricultura familiar e do empreendedor familiar
rural ou de suas organizações, priorizando os assenta-
mentos de reforma agrária, as comunidades tradicionais
indígenas e comunidades quilombolas.
A aquisição de gêneros alimentícios será realizada,
sempre que possível, no mesmo município das escolas.
As escolas poderão complementar a demanda entre agri-
cultores da região, território rural, estado e país, nesta
ordem de prioridade.
Para quem produz alimentos, a iniciativa contribui
para que a agricultura familiar se organize cada vez mais
e qualifique suas ações comerciais. Para quem adquire
esses produtos, o resultado desse avanço é mais quali-
dade da alimentação a ser servida, manutenção e apro-
priação de hábitos alimentares saudável, além de maior
desenvolvimento local de forma sustentável.
Quem vende
Agricultores familiares e empreendedores familiares
rurais, organizados em grupos formais e/ou informais.
Grupos Formais constituídos por agricultores fami-
liares e empreendedores familiares rurais constituídos
em cooperativas e associações.
Grupos Informais formados por grupos de agricultores
familiares organizados que deverão ser apresentados junto
à Entidade Executora por uma Entidade Articuladora.
Quem compra
Secretarias estaduais de educação, prefeituras ou es-
colas que recebem recursos diretamente do FNDE. São
responsáveis pela execução do Pnae, inclusive a utiliza-
ção e complementação de recursos financeiros.
Produz 70%
dos alimentos do País
148 | Anuário Brasileiro da Agricultura Familiar 2013
A organização econômica do segmento só é possível com a
definição de políticas públicas e apoio firme do governo
A
agricultura familiar é responsável pela pro-
dução de 70% dos alimentos do País. Para o
Políticas públicas
De acordo com o deputado, para que a produção fa-
miliar chegue à mesa dos brasileiros, precisa de linhas
de custeio, investimento e comercialização, que inclusive
garantam preços mínimos para produtos do setor. “A or-
ganização econômica do setor só é possível com a defini-
ção de políticas públicas estruturadas e o apoio firme do
governo”, pontua Marco Maia.
Permanência no campo
Para Marco Maia, o governo federal tem se pautado
por aumentar o crédito ao produtor rural – que cresceu
mais de 400% nos últimos dez anos. O Plano Safra da
Agricultura Familiar 2012/2013, deve aumentar a pro-
dução sustentável de alimentos com crédito de R$ 22,3
bilhões, seguro, assistência técnica e extensão rural, ga-
rantia de preços e comercialização.
Para o Rio Grande do Sul, segundo o deputado, o
montante previsto é de R$ 3,3 bilhões. A previsão do nú-
mero de contratos para o Estado é de 250 mil e o valor
estimado de contratação para operações de custeio é de
R$ 1,6 bilhão. Já a contratação para investimentos tem
projeção de R$ 1,7 bilhão.
Entre as novidades, Marco Maia aponta o Programa
de Aquisição de Alimentos (PAA) que permitirá a esta-
dos e municípios comprar da agricultura familiar com
seus próprios recursos. “O Programa Nacional de Ali-
Assessoria/Marco Maia
Jovem no campo
Para Marco Maia, deve-se destacar a iniciativa do go-
verno federal em expandir o ensino superior e técnico
voltado para o campo. Um exemplo, no Rio Grande do
Sul, é a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e a
Unipampa, que possuem cursos desenvolvidos especifi-
camente para a realidade rural.
“Fui o relator aqui na Câmara dos Deputados do
projeto de lei que criou a UFFS. Esse sonho só se tornou
realidade graças à luta de companheiros do estado e da
região, onde não existia uma universidade federal. Além
dessas universidades, o governo federal ampliou consi-
deravelmente o número de escolas técnicas com cursos
voltados para o agricultor”.
A
agricultura vive um dos melhores momentos, A agricultura é a grande responsável não apenas por
devido ao anúncio da maior safra de grãos da colocar comida na mesa dos brasileiros, mas por equi-
história do Brasil, que alcançou 165,9 milhões librar as contas e movimentar boa parte da economia
de toneladas. O Valor Bruto de Produção (VPB) das prin- nacional.
cipais lavouras em 2012, até setembro, registrou recorde Para o Produto Interno Bruto do País, é o setor que mais
de R$ 232,5 bilhões. As exportações do setor também es- cresce nos últimos dez anos, com média de alta de 3,89% ao
tão muito bem e a expectativa é de que girem em torno ano. Por isso as ações governamentais são tão contundentes
dos US$ 100 bilhões. Os avanços quanto a vacinação de de apoio ao produtor. A agricultura representa 40% nas ex-
animais contra a febre aftosa e pesquisas com a Embrapa portações brasileiras.
também impulsionam para o crescimento do setor. O Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária
(MAPA) atua com o intuito de fortalecer a agricultura, através
de políticas governamentais de apoio ao produtor, por meio
de linhas de crédito e ações emergenciais. O ministro Mendes
Ribeiro Filho explica que “para auxiliar ainda mais o produtor
MA / Divulgação
C
om quase 30 anos de militância, Altemir Tor- profissional do Brasil: programas Integrar-Integração
telli (PT), está em seu primeiro mandato de de- para trabalhadores e dirigentes sindicais urbanos e Terra
putado estadual pelo Estado Gaúcho e tem na Solidária para dirigentes sindicais e agricultores familia-
agricultura familiar o centro de atuação. Para ele, a agricul- res. Na ocasião debatemos e construímos um novo modo
tura familiar é o setor responsável pela soberania alimentar de fazer a luta da agricultura familiar”, destaca Tortelli.
nacional, pelo desenvolvimento descentralizado e compar- Para o deputado, essa experiência reflete num conheci-
tilhado, e pelo equilíbrio da Balança Comercial. Defensor mento profundo da agricultura familiar, desde as práticas
de políticas estratégicas para o setor, Tortelli aponta na en- cotidianas de organização, reivindicação e formulação de
trevista um pouco de sua luta e os principais desafios para políticas para fortalecer o setor, principalmente junto a go-
garantir a existência futura da agricultura familiar. vernos. “Desse modo, nosso trabalho atual como deputado
O deputado Altemir Tortelli relata como iniciou é a continuidade da nossa trajetória de quase 30 anos, na
sua trajetória na agricultura familiar e de que forma qual a agricultura familiar está incorporada. Isso permite
isso reflete no seu trabalho atualmente. “Sou agricultor ampliarmos as pautas e buscarmos diuturnamente a cons-
familiar. Nasci numa família de agricultores e vivi a in- trução de ações que beneficiem a vida no campo”.
fância e juventude trilhando os caminhos da roça, numa
comunidade religiosa, com escola e time de futebol. Na desenvolvimento econômico
década 80 iniciei a militância no grupo de jovens e par- Segundo Tortelli, a agricultura familiar é um ponto
ticipei da Pastoral da Juventude na Diocese de Erechim. de equilíbrio econômico, social e ambiental. Além de
Em seguida iniciamos o processo de oposição à direção produzir cerca de 70% dos alimentos presentes todos
do sindicato em Jacutinga, onde disputamos a eleição. os dias na mesa dos brasileiros, a agricultura familiar
Essa trajetória permitiu a ascensão para na década de garante a diversidade das culturas. Os agricultores fa-
1990 ser eleito coordenador do Departamento Estadual miliares povoam o meio rural, cuidam dos recursos
de Trabalhadores Rurais da (CUT/RS). Também fui Se- naturais, como água, solo e matas, são responsáveis
cretário Geral do Departamento Nacional dos Trabalha- pela soberania alimentar nacional e pelo equilíbrio
dores Rurais da CUT, Vice-Presidente Nacional e Secre- da balança comercial, já que a agricultura de grande
tário de Formação da mesma entidade, onde contribui porte tem olhos voltados quase que totalmente à ex-
na implementação dos maiores programas de formação portação.
De acordo com o deputado, vale destacar que a agri- mílias, investimentos em infraestrutura, como estradas
cultura familiar é responsável por 27% do Produto In- de qualidade. É preciso também investimentos em for-
terno Bruto (PIB) no RS e produz 89% do leite, 74% do mação e capacitação por meio de tecnologias adequadas
milho, 58% da soja, 74% das aves, 71% dos suínos e 38% e voltadas à realidade da agricultura familiar. A educação
dos bovinos, por exemplo. Dos 441 mil estabelecimentos tem que ser identificada ao meio no qual os agricultores
rurais no Rio Grande do Sul, 378 mil são de agricultores vivem, com a oferta de internet de qualidade, novas tec-
familiares, ou seja, cerca de 85% do total. nologias e lazer. Também necessitamos ampliar investi-
“É preciso lembrar que a maioria dos municípios mentos na questão da saúde ofertadas aos agricultores”.
gaúchos é de pequeno porte e tem nesse modelo a prin-
cipal fonte econômica. Desse modo, o fim de agricultura Incentivos para a mulher agricultora
familiar pode representar o fim da soberania alimentar, Tortelli destaca que as ações citadas também con-
problemas econômicos sérios e o aumento de custos ao templam as agricultoras familiares, mas pode-se ir além.
consumidor, que ficará refém de grandes grupos econô- “Precisamos romper a barreira do preconceito e ampliar
micos”, pontua. a participação das mulheres na gestão da propriedade,
nos espaços de integração e também de convivência.
Permanência no campo Também temos que ampliar de quatro para seis meses
Conforme Tortelli, para que o homem permaneça no a Licença Maternidade para as agricultoras familiares”.
campo podem ser criados programas de conscientização Para o deputado, é preciso lembrar que a mulher do
sobre a importância da agricultura familiar e mostrar campo exerce função dupla e até tripla, cuidando dos afa-
que o meio rural é um lugar bom para se viver, com qua- zeres domésticos e trabalhando na roça, além de muitas
lidade.“Também precisamos da criação de políticas que terem envolvimento em movimentos sociais, sindicatos,
deem condições de ampliação de renda para os agricul- cooperativas. “Aumentar o tempo da Licença Maternidade
tores, além de um programa de fortalecimento da ener- é aumentar a proximidade entre a mãe e o bebê. Outra luta
gia elétrica no campo que atenda as necessidades das fa- é pela agilização nos processos de previdência social. Em
Qualidade de
vida no campo
Promover um desenvolvimento rural pautado nas demandas
dos pequenos agricultores e movimentos do campo não será
apenas vitória dos movimentos sociais organizados do campo e
agricultores familiares, mas da sociedade gaúcha como um todo
156 | Anuário Brasileiro da Agricultura Familiar 2013
O
líder da Bancada do PT na Câmara e autor Permanência no campo
do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Para incentivar a permanência do agricultor familiar
Agroindustrial (Susaf), deputado estadual no campo, Edegar ressalta que sua proposta de trabalho
Edegar Pretto (foto), destaca que a agricultura familiar é baseada numa alternativa econômica para a permanên-
é a base produtiva responsável por 70% dos alimentos cia dos agricultores familiares no meio rural e construção
produzidos no Brasil. A produção é oriunda de pequenas de um novo modelo de desenvolvimento sustentável que
propriedades com até 100 hectares e deve ser fomentada passa pela geração de renda, condições para produção e a
e diversificada, com a observância de condutas que ga- inclusão social. “O Susaf-RS é pioneiro para sistematizar
rantam a sanidade e sustentabilidade. uma atividade que vem se consolidando e expandindo-se,
“Sabemos que os consumidores têm preferência es- no espaço rural, e que passa a ganhar atenção das políticas
pecial pelos produtos da agricultura familiar, pois são públicas pela capacidade de promover um desenvolvimen-
produtos com qualidade e sabor. Quando associada à to rural pautado nas demandas dos pequenos agricultores
tradição, à natureza e ao artesanal, a agricultura fami- e movimentos do campo. É necessário atender a sociedade
liar torna-se competitiva e estratégica. Desta forma, com uma alimentação de maior qualidade, gerando renda e
quando nos referimos a Agroindústria Familiar Ru- promovendo a cidadania, mas sem descuidar da sanidade e
ral, entendemos que o processo terá por prioridade o segurança alimentar. Com novas oportunidades, a sucessão
emprego da força de trabalho familiar para qualificar familiar renderá bons frutos. Estamos na luta para fortale-
a produção e abrir novos espaços no mercado. Mensu- cer e preparar o futuro do campo, e a agricultura familiar
rar a qualidade de vida no campo implica fortalecer as têm grande importância neste processo. O resultado do que
agroindústrias familiares”. plantarmos agora não será apenas vitória dos movimentos
sociais organizados do campo e agricultores familiares, mas
Políticas públicas da sociedade gaúcha como um todo”, conclui. ◆
Para o deputado as políticas públicas influem direta-
mente na transformação do espaço rural. “Baseado nesse
pensamento, apresentei na Assembleia Legislativa meu
O
presidente da Frente Parlamentar da Assis- Congresso Nacional para tratar dos temas da agricultura
tência Técnica e Extensão Rural, deputado familiar. Com isso, conseguimos colocar também no de-
federal Zé Silva (PDT), afirmou que seriam bate algumas das questões que mais afligem a agricultura
alargados os espaços democráticos para o protagonismo familiar, como o crédito rural, as dívidas rurais, a deman-
dos agricultores familiares. da de universalização da assistência técnica e extensão ru-
ral, a dinâmica e necessidade de mudanças em programas
Conquista importantes como o Programa de Aquisição de Alimen-
“A primeira conquista foi consolidar a agricultura fa- tos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar
miliar como um dos temas na pauta de prioridades do (Pnae), entre outros. Também conseguimos aprovar na
debate nacional. Outra conquista fundamental e histórica Política Nacional de Irrigação um artigo que coloca a agri-
é a criação da Subcomissão de Agricultura Familiar e Ex- cultura familiar como segmento prioritário para políticas
tensão Rural, uma vez que até então na vida democrática públicas de irrigação”, ressalta o deputado lembrando que
brasileira não tínhamos uma estrutura oficial dentro do esses são alguns dos avanços alcançados no Congresso.
N
ão há como dissociar a história da imigração História e conceito
no Brasil com da agricultura, especialmente Segundo o professor de História Agrária da Universi-
com a agricultura familiar. Pode-se conside- dade Federal da Fronteira Sul de Erechim (UFFS), Emer-
rar o início da imigração no Brasil a data de 1530, pois foi son Neves da Silva, o termo ‘agricultura familiar’ que
a partir deste momento que os portugueses vieram para se utiliza atualmente é relativamente novo e vem sendo
o país. Porém, a imigração intensificou-se a partir de usado nos últimos 30 anos, mas a atividade de agricultu-
1818, com a chegada dos primeiros imigrantes durante ra de subsistência é milenar e está registrada na história
a regência de D. João VI. Devido ao enorme tamanho do desde a formação das civilizações. “A idéia da agricul-
território brasileiro e ao desenvolvimento das plantações tura familiar hoje, tem sua base naquela agricultura de
de café, a imigração teve uma grande importância para o subsistência desse antepassado histórico, de não ter o
desenvolvimento do país, no século XIX. componente capitalista e ser voltada para a produção das
A colonização foi o objetivo inicial da imigração no famílias e dos grupos, basicamente de subsistência, feita
Brasil, visando ao povoamento e à exploração da terra em pequenas propriedades”, pontua.
por meio de atividades agrárias. A criação das colônias O conceito de agricultura familiar que se trabalha
estimulou o trabalho rural. Deve-se aos imigrantes a im- hoje, de acordo com o professor, surge para se diferenciar
plantação de novas e melhores técnicas agrícolas, como da agricultura em grande escala a partir da década de 70,
a rotação de culturas, assim como o hábito de consumir quando o Brasil passa pelo processo de modernização da
mais legumes e verduras. A influência cultural do imi- agricultura, baseado na industrialização de toda a cadeia
grante também é notável. produtiva. “Nesse sentido surgiam às produções em gran-
de escala e os pequenos produtores, para se diferenciar, e econômico do Brasil. “Todo processo agrário do século
passam a integrar e formar o conceito de agricultura fami- XIX dos povos da Europa que vem justamente colonizar,
liar, produzindo para a subsistência da família e vendendo tem seu foco produtivo na agricultura familiar. Esses
o excedente para o mercado”, explica Emerson. imigrantes se inserem num processo de colonização e de
“Hoje podemos dizer que a agricultura familiar, além posse das terras, que de certa forma é uma espécie de re-
de produzir cerca de 70% dos alimentos que abastecem o forma agrária, não no sentido clássico do termo, mas um
país, é responsável pela melhoria na qualidade de vida da processo de territorialização, onde esses imigrantes vão
população urbana”, ressalta o professor que exemplifica o se constituir com uma produção baseada na subsistência
pós-guerra na Europa que utilizou-se da agricultura fa- e para venda em circuitos locais de comercialização. Isso
miliar, gerando renda, mantendo a população no campo possibilitou, em algumas décadas, o acumulo de capitais
e trazendo alimentos de custo acessível para a popula- gerando crescimento de todo setor da indústria, comér-
ção urbana, investindo no modelo da pequena produção cio, serviços, que surgiu a partir da geração de renda, re-
como estratégia para enfrentar a situação de crise. sultado da produção dessa agricultura que os imigrantes
protagonizaram”, pontua.
Importância da colonização “Na nossa região do Alto Uruguai isso é percebi-
Conforme o professor de História Agrária, em rela- do quando da chegada das famílias de imigrantes, que
ção à importância da colonização sempre se fala que a re- tomaram posse das terras, criando zonas de produção
forma agrária é uma saída para o desenvolvimento social formando o contorno da região com as várias etnias que
Divulgação
desenvolvimento em que a agricultura familiar
tem lugar estratégico. Além disso, é um setor de
oportunidades de gerar emprego e renda
Deputado Federal Afonso Florence
P
ara o deputado federal Afonso Florence (PT/ ma de Aquisição de Alimentos (PAA). Também não
BA), - que ocupou o cargo de ministro do podemos deixar de lembrar o incentivo governamental
Desenvolvimento Agrário no governo Dilma ao cooperativismo solidário, que promove a organiza-
-, “quando a agricultura familiar é incentivada, o preço ção da produção com autonomia econômica e cria ou-
dos alimentos fica contido e, por consequência, con- tro modelo de produção e de distribuição da riqueza.
tem-se também a inflação. Percebemos que a estabili- Portanto, o conjunto de políticas públicas efetivas permi-
dade macroeconômica depende da agricultura familiar.” tiu a estimativa de que dos 28 milhões de homens e mu-
Além disso, estamos em um país que cresce, distribuin- lheres que saíram da faixa da pobreza e da pobreza extre-
do renda social, setorial e regionalmente. Os agricultores ma, 4,8 milhões vieram da zona rural. Diferentemente do
familiares compõem, no campo, parte importante do que muitos pensam, a distribuição de renda no país não
mercado consumidor brasileiro. São alguns milhões de é feita apenas pelo Bolsa Família. O incremento na renda
homens e mulheres que ascendem gradualmente para trabalho é muito importante. As pessoas do campo estão
classe média garantindo e aumentando, nas diferentes produzindo mais e vendendo mais.
regiões, a demanda por bens e serviços. “Acredito que a consolidação e ampliação das políticas
As políticas públicas já têm auxiliado através das ações de crédito e assistência técnica são o caminho a ser trilha-
do Ministério de Desenvolvimento Agrário, em particular, do. Assim como o crescimento do mercado institucional
com a disponibilização e ampliação de recursos que foram e a implantação do Sistema Único de Atenção à Sanidade
destinados ao crédito agrícola com subsídios através do Agropecuária (Suasa), que permite a legalização e imple-
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Fa- mentação de novas agroindústrias, o que facilita a comer-
miliar (Pronaf), do Mais Alimentos e a reestruturação da cialização dos produtos industrializados localmente no
assistência técnica rural, que tinha sido extinta no Brasil. mercado formal em todo o território brasileiro,” explica. ◆
A partir do governo Lula, a assistência técnica pública e
gratuita aos agricultores familiares, aos assentados da re-
forma agrária tem permitido o acesso a procedimentos
que lhes permitem mais produção e mais produtividade.
Outra política que beneficiou o setor foi a implemen-
tação do mercado institucional com o Programa Na-
cional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Progra-
A
Confederação Nacional dos Trabalhadores mais de 15,7 milhões de homens e mulheres do campo e
na Agricultura (Contag) completará 50 anos da floresta, que são agricultores familiares, acampados e
de fundação em 22 de dezembro de 2013. assentados da reforma agrária, assalariados rurais, me-
Atualmente, as 27 Federações de Trabalhadores na Agri- eiros, comodatários, extrativistas, quilombolas, pescado-
cultura (FETAGs) e mais de quatro mil Sindicatos de res artesanais e ribeirinhos.
Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTRs) filiados Para o presidente da Contag, Alberto Ercílio Broch, a
compõem o Movimento Sindical de Trabalhadores e Tra- agricultura familiar é responsável por garantir alimentos
balhadoras Rurais (MSTTR), que luta pelos direitos de saudáveis e de qualidade na mesa de brasileiras e brasi-
Agência Brasil
Programa Troca-Troca
de Sementes de Milho
Rio Grande do Sul se destaca através do Programa que facilita
a aquisição de sementes para a formação de lavouras em
pequenas propriedades rurais
166 | Anuário Brasileiro da Agricultura Familiar 2013
MAIS ALIMENTOS
e fora dele, por qualquer membro da família, De acordo com o secretário, o programa objetiva
excluído benefício e provento previdenciário possibilitar ao agricultor a aquisição de sementes de
decorrente de atividade rural; qualidade, com limite de até três sacas por agricul-
—— Será rebatida em 50% a renda bruta prove- tor, melhorando a qualidade e produtividade das la-
niente de: avicultura não integrada, pecuária vouras de milho e, conseqüentemente, o acréscimo
leiteira, piscicultura, olericultura e suinocul- na produção do estado do Rio Grande do Sul.
tura não integrada. A ação é desencadeada com a oferta pelas em-
presas fornecedoras da relação dos produtos (se-
Desde 1988, o Governo do Estado viabiliza, mentes), recomendadas ao plantio segundo o zone-
através do Feaper, a título de financiamento sub- amento agrícola. Na continuidade, por meio do site
sidiado, sementes recomendadas por portaria do Fepaer – www.feaper.rs.gov.br, as prefeituras, os sin-
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci- dicatos e as associações conveniadas, tem acesso aos
mento (Mapa). A portaria estabelece o zonea- produtos/sementes que estarão disponibilizadas.
mento agrícola para o Estado e, entre as sementes “É importante informar que a pesquisa de
indicadas, o agricultor leva em conta o clima, o campo e a consolidação das informações dos pe-
tipo de solo e a época de plantio para escolher a didos feitos pelas entidades eram de forma ma-
semente que melhor preenche o seu interesse. nual, demandando grande carga de trabalho à
Nesta ação de Governo, participam a Secreta- coordenação do Programa. A partir da edição de
ria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperati- 2009, o Troca-troca foi informatizado, significando
vismo (SDR), por meio da Coordenadoria do Fe- celeridade e qualidade no processo. Já na edição
aper, como executora, a Emater, responsável pela de 2012/2013, da Safra e Safrinha, a Secretaria de
assistência técnica aos produtores e as entidades Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo
representativas de classe, que são os sindicatos de (SDR) viabilizou orçamento para atender demanda
Trabalhadores Rurais, FETAG (Federação dos histórica das entidades. Com isso, cada agricultor
Trabalhadores na Agricultura), prefeituras, asso- pode acessar até três sacas”, ressalta o secretário.
ciações de produtores, Federação dos Trabalha- De acordo com Ivar Pavan, também foi mo-
dores na Agricultura Familiar (FETRAF/Sul) e dificada a relação documental entre o Estado e as
cooperativas, todos identificados como os parcei- entidades participantes. O Decreto Lei Nº 49.352,
ros do Programa. de 10.07.12, criou e regulamentou o “Termo de Co-
operação para Adesão ao Programa Troca-Troca de
A troca Sementes”, documento que tem validade de cinco
O agricultor familiar financia um quilo de anos e que dá rapidez a realização do programa.
semente e fica comprometido a devolver, na co- Após consulta aos agricultores, as instituições
lheita (prazo safra), onze quilos de milho comum, cadastram o pedido com as quantidades e varieda-
quando se tratar de semente de híbrido e oito qui- des que necessitam. Quanto aos cultivares/produ-
los, quando milho variedade. “Ele realiza a de- tos que serão financiados ressalta-se que quem os
volução transformando o seu débito em moeda escolhe é o próprio agricultor e os seleciona segun-
corrente, tendo como indexador o preço mínimo do a sua experiência pessoal, levando em conta o
do milho, estipulado pelo Governo Federal. Para clima, o tipo de solo e a época de plantio, receben-
a Safra e Safrinha 2012/2013, o valor do preço mí- do a orientação dos técnicos da Emater/RS, no que
nimo da saca de milho de indústria/consumo de se refere a zoneamento, ciclo, peneira e variedades.
60 kg será de R$17,46. Diante desse valor, o agri- “Os cultivares escolhidos pelos agricultores
cultor pagará por cada saca de semente o equiva- possuem fornecedores exclusivos, conforme de-
lente a R$64,02”, pontua Pavan. claração da Associação Brasileira dos Produtores
SDRPC / Divulgação
forma justificada as escolhas dos fornecedores”, afirma
Pavan.
Para execução do Programa Feaper/Troca -Troca de
Sementes de Milho, são utilizados recursos do Tesouro
do Estado, valor correspondente ao subsídio que, para
a Safra e Safrinha 2012/2013 corresponde a 28,86% do
custo total da semente. O restante são recursos do agri-
cultor que ficarão na ordem de 71,14% do custo total da
saca de sementes de 20 kg.
Cálculo Subsídio:
Troca-troca 11x1 – milho híbrido
Troca-troca 8x1 – milho variedade
Para cada 1 quilo de semente, o agricultor devolve 11 Secretário de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo do RS, Ivar Pavan
quilo de milho de consumo/indústria. Cada agricultor pode
ser beneficiado com até três sacas de 20 quilos de semente. gencial autorizou etapa extra na safrinha para o refazimento
Para fazer o pagamento, o agricultor deve fazer a conversão das lavouras perdidas em função do revés climático.
dos quilos de semente recebido em moeda corrente.
Para exemplificar o secretário Pavan explica que com o Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento
custo de compra da saca (20 quilos) de semente de milho dos Pequenos Estabelecimentos Rurais (Feaper)
híbrido em R$ 90,00 (11x1) tem-se o seguinte cálculo da Feaper - Financiamentos
saca para o agricultor e o subsídio correspondente: milho A Lei Nº 13.695, publicada no Diário Oficial do Es-
indústria (sacas de 60 quilos) custo unitário de R$ 17,46 tado, em 25 de janeiro de 2011, autorizou extinguir por
(preço mínimo Companhia Nacional de Abastecimento meio de remissão total as dívidas originárias de opera-
- Conab), R$17,46/60 quilos = R$ 0,291x220 quilos=R$ ções de crédito do Fundo Estadual de Apoio ao Desen-
64,02, então, R$ 90,00-R$ 64,02=R$ 25,98, que correspon- volvimento dos Pequenos Estabelecimentos Rurais (Fe-
de a 28,86% do total. “Ou seja, o Governo paga 28,86% do aper), efetivadas até 31 de dezembro de 2002. Com isso,
custo total e o restante 71,14% é o agricultor quem paga”. foram anistiadas, no âmbito do Feaper, cerca de 2.200
contratações, envolvendo recursos na ordem de R$ 37,5
Anistia milhões. Esta Lei foi tema do Projeto de Lei Nº 001, da
Conforme Pavan, é grande a importância e a represen- atual administração do Governo Estadual.
tatividade do Programa Troca-Troca na lavoura de milho.
“Na confrontação dos números se observa que a área plan- Feaper – Programa Troca-Troca de Sementes
tada no Estado beira a 1,1 milhão de hectares e o milho do Objetivo:
troca-troca responde por 1/3 dessa área. O programa tra- Baixar o custo de produção das lavouras de grãos
balha com expectativa de distribuição de 400 mil sacas de através do fornecimento de sementes para o plantio e
semente de milho por ano. A ação se desenvolve em duas cujo pagamento é realizado após colheita.
etapas, denominadas Safra - plantio no cedo, a contar de fim
de julho em diante - e a Safrinha que é o plantio do tarde – Ações
dezembro e janeiro. O público beneficiado está em torno de —— Criação do Termo de Cooperação para Adesão ao
210 mil agricultores familiares”. Programa Troca-Troca de Sementes, cujo benefício
No ano de 2012, em função da estiagem, o Governo anis- atinge 650 entidades/ano, desburocratizando e dan-
tiou os agricultores. Assim, além do custo do subsídio, arcou, do celeridade aos processos;
também, com o valor que o agricultor deveria pagar, o que —— Qualificação do sistema de controle e prestação de
atingiu cerca de R$ 32 milhões. Também como medida emer- contas do Programa;
com R$ 1,2 milhão. Em função dos prejuízos da estiagem, parte do Estado permite a comercialização em preços
o Governo do Estado, além do subsídio normal do Pro- mais acessíveis, o que resultou, nesta safra de milho, o
grama (27,25%), concedeu uma anistia de 100% para os preço de R$ 90,00 por cada 20 quilos. Deste valor, o Go-
municípios que decretaram Estado de Emergência. verno subsidia 28,26%, de forma que o agricultor só paga
os R$ 64,02 restantes de cada saca, no dia 30 de abril de
Troca-Troca com mais de 300 Prefeituras 2013, na equação de 11 quilos de grãos de milho por
Em 19 de julho de 2012, prefeitos de 345 municípios quilo de semente adquirida. O cálculo de conversão dos
de todo o Rio Grande do Sul assinaram o termo de ade- grãos em moeda é feito de acordo com o preço mínimo
são ao Programa de Financiamento de Sementes Troca- do milho definido pela Companhia Nacional de Abaste-
Troca referente à safra de milho 2012/13. A solenidade, cimento”, declara.
que aconteceu no auditório da Emater, marcou o novo
formato de operação estabelecido pela Secretaria de Benefícios
Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo. Incluído entre os municípios beneficiados, Cruzeiro do
Para Ivar Pavan, a assinatura dos termos para a libe- Sul, situado na região do Vale do Taquari, apresentou a de-
ração das 319 mil sacas de sementes de milho garante a manda de 1.390 sacas. “Para um município que possui 1.800
segurança, transparência e legalidade do Troca-Troca. propriedades rurais, o Troca-Troca representa um auxílio
“O Programa perdura pela abrangência social que exer- para a subsistência familiar e da propriedade, além de man-
ce e representa cerca de 40% da safra de milho gaúcho”. ter o produtor no campo. Já para o município de Chapada,
Ainda, segundo o secretário, na aquisição das sacas que produz mais de 120 mil litros de leite ao dia, o Programa
desta safra, o Estado investiu mais de R$ 28,5 milhões, é importante, principalmente, para a alimentação do gado
sendo que deste valor R$ 8 milhões serão subsidiado aos leiteiro. O município assinou termo de adesão para cerca de
agricultores. “A aquisição de grande volume de sacas por mil sacas de sementes de milho”, conclui Pavan. ◆
O
prefeito de Cruzeiro do Sul/RS, Rudimar Mül-
Embrapa / Divulgação
Alimentação dos animais é o
principal objetivo dos agricultores
que acessam o programa
O
suinocultor Irany José Rech tem propriedade A mulher e o filho de Rech também ajudam nas ati-
de 19,5 hectares no Povoado Coan, interior de vidades da propriedade que ainda se detém na criação de
Erechim/RS, possui 11 matrizes e criação de gado de leite e na fruticultura. ◆
suínos em ciclo completo. O milho através do sistema Tro-
ca-Troca é utilizado para a criação dos animais e, para isso, Suinocultor Irany José Rech diz que o incentivo através do Troca-Troca é muito bem vindo ao
agricultor familiar
planta cerca de 8 hectares de milho – quatro são através do
programa do governo do Estado.
Jornal Bom Dia
N
o Rio Grande do Sul, o programa Segundo ele, atualmente se estima que mais
Troca-Troca de Sementes tem sido de 900 mil hectares no RS sejam cultivados atra-
um importante instrumento para vés deste sistema. “Isso é cerca de 40% da área
incentivar a produção agrícola no Estado. O pre- plantada no Estado. Acreditamos porém, que o
sidente da Associação Brasileira de Sementes governo poderia incentivar ainda mais, através de
(Abrasem), Narciso Barison Neto, destaca que sementes mais produtivas, precisaria ainda ou-
este sistema normalmente se baseia na cultura tros incentivos como para fertilizantes, calcário,
do milho, principal cultura de subsistência para maior assistência técnica”, aponta Barison.
outras cadeias importantes como a de aves, suí- Um ponto polêmico é o uso de sementes trans-
nos e produção leiteira. “O sistema Troca-Troca gênicas em programas como o Troca-Troca gaú-
garante ao produtor poder acessar variedades de cho, onde é proibido este tipo de semente. Porém,
sementes mais produtivas, de melhor qualidade”, fora do programa, o uso deste tipo de semente tem
enfatiza Barison. sido cada vez maior. “Acredito que isto é uma forma
O
Programa Terra Boa desenvolvido
pela Secretaria de Estado da Agricul-
tura e da Pesca do Governo de Santa
Catarina tem por objetivo fornecer insumos, no
caso sementes de milho, calcário e kit forrageiras
para produtores rurais catarinenses, visando au-
mento da produtividade do cereal, e de carne e
leite a pasto.
Em entrevista, o secretário da pasta, João Ro-
drigues, explica que no caso específico de semen-
tes de milho, as variedades disponibilizadas são
de média e alta tecnologia, ou seja, com grande
potencial de produção.
De acordo com o secretário da Agricultura e da
Pesca de Santa Catarina, o produtor rural interessa-
do deve procurar as cooperativas e agropecuárias
credenciadas, realizar seu pedido e retirar o produto. cário, a relação de troca é de dois sacos de milho
“Há limites por produtor, a saber: sementes de para cada tonelada de calcário. O pagamento do
milho - cinco sacas; calcário - 30 toneladas; Kit Kit Forrageira é feito em dois anos, à razão de
Forrageira para produção e manejo de pastagens: uma parcela anual.
uma unidade”, pontua o secretário ressaltando
que o produtor paga pelas sementes e calcário em Benefícios ao produtor
equivalente produto.” Para o secretário, os benefícios aos produtores
Para cada saca de semente de milho de mé- rurais se dão através do fornecimento de insumos
dia tecnologia o produtor devolve quatro sacos de alto padrão, a preços inferiores ao de merca-
de produto comercial, tendo como referência o do, e ainda tendo como referência de pagamento
preço mínimo estabelecido pelo Governo Federal. em sacos de milho comercial. “É uma linguagem
No caso de semente de alta tecnologia, a rela- comercial que o produtor entende de forma clara
ção de troca é de uma saca de semente de milho e inequívoca”, afirma Rodrigues ressaltando que
para nove sacos de produto comercial. Para o cal-
Política habitacio n
178 | Anuário Brasileiro da Agricultura Familiar 2013
Pazinato Di Resana
novas operações. “À medida que o Programa tor- dade, com segurança e com salubridade, mais
na-se conhecido a procura aumenta o que se reflete um braço da política habitacional que vem sendo
no número de contratações. Deste modo, as pri- construída pelo governo federal em prol das famí-
meiras contratações, em dezembro de 2009, soma- lias brasileiras”, conclui o ministro das Cidades. ◆
ram 101 operações. Em 2010 esse número saltou
para 7.257, em 2011 contratou-se 10.278 e, neste
ano, até o início de setembro tínhamos contrata-
do 9.624 operações. Isso nos dá um quantitativo
de 34.209 construções e reformas. Dessas já foram
Rodrigo Nunes/MinCidades
entregues 13.067”, pontua.
Compromisso
O Programa tem o compromisso com 60 mil
operações entre construções e reformas até 2014,
porém esse número poderá se ampliar dependen-
do da demanda e da disponibilidade de recursos.
“O benefício é o de dotar as famílias rurais das
condições necessárias para viverem com digni-
Ministro das Cidades Aguinaldo Ribeiro
Produção agropecuária
sustentável e organizada
Legislação ambiental
Do ponto de vista da adequação à legislação ambiental,
produtores que adotam práticas sustentáveis de produção
estão mais próximos da legalização de suas propriedades
do que aqueles que empregam métodos convencionais de
produção, onde não há preocupação com as questões liga-
das ao meio ambiente. “A SDC após o Código Florestal, está
preparando um plano de apoio ao Código, alicerçado em
educação e conhecimento, tecnologia e recursos”, ressalta.
Longevidade produtiva
Uma terceira visão a ser considerada é a do aumento
da longevidade produtiva das propriedades rurais quan-
do princípios de sustentabilidade são adotados. “O pro-
dutor rural deixa de trabalhar com base no esgotamento
dos recursos naturais de sua propriedade e passa a tra-
balhar pensando na manutenção da qualidade desses
recursos, para que possa transferir uma maior segurança
na produção agrícola às gerações futuras”, avalia Caio.
Fortalecimento do cooperativismo
Segundo Caio Rocha, a SDC, do Ministério da Agricul-
tura e Pecuária (Mapa), por meio do seu Departamento de
Reforma Agrária
promovendo a distribuição da terra
Ela deve ser integrada a um projeto nacional de
desenvolvimento, massiva, de qualidade, geradora de
trabalho e produtora de alimentos
186 | Anuário Brasileiro da Agricultura Familiar 2013
integrada a um projeto nacional de desenvolvimento, te envolvimento dos governos estaduais e prefeituras; a
massiva, de qualidade, geradora de trabalho e produtora garantia do reassentamento dos ocupantes não índios de
de alimentos. Deve, ainda, contribuir para dotar o Esta- áreas indígenas; a promoção da igualdade de gênero na
do dos instrumentos para gerir o território nacional. reforma agrária, além do direito à educação, à cultura e à
Conforme o Incra, o que se busca com a reforma seguridade social nas áreas reformadas.
agrária, atualmente desenvolvida no País, é a implanta- Conforme o presidente do Incra, Carlos Mário Guedes
ção de um novo modelo de assentamento, baseado na de Guedes, a agenda da reforma agrária no Brasil está sen-
viabilidade econômica, na sustentabilidade ambiental e do atualizada. Ela agora passa a ser associada ao projeto
no desenvolvimento territorial; a adoção de instrumen- nacional de desenvolvimento colocado em curso pelo go-
tos fundiários adequados a cada público e a cada região; verno da presidenta Dilma Rousseff. “Essa nova reforma
a adequação institucional e normativa a uma interven- agrária assume objetivos claros dentro de cada realidade
ção rápida e eficiente dos instrumentos agrários; o for- regional, pois leva em conta que as regiões possuem rea-
lidades socioeconômica e ambientais diferenciadas. Dessa
forma queremos contribuir com a superação da pobreza
extrema, o combate ao desmatamento ilegal na Amazônia
MDA/Divulgação
Agricultura familiar
Atualmente, a área destinada a projetos da reforma
agrária soma 87,5 milhões de hectares. Isso significa a
presença do Incra em mais de 10% de todo o território
nacional, em 2.081 municípios onde 931,6 mil famílias
estão assentadas.
Para o presidente do Incra, já se sabia dos benefícios
da reforma agrária para a melhoria das condições de vida
dessas pessoas, pois saíram de uma condição de pobreza
Incra/Divulgação
MDA/Divulgação
MDA/Divulgação
P
ara o deputado estadual Heitor Schuch reduzir o êxodo rural. “Os números confirmam a
(PSB), a agricultura familiar tem pa- importância desse setor, que representa 27% do
pel fundamental no desenvolvimento Produto Interno Bruto (PIB) no Estado e produz
econômico e social do país já que é responsável 89% do leite, 74% do milho, 58% da soja, 74% de
pela produção de mais de 70% dos alimentos que aves, 71% dos suínos, 38% dos bovinos de corte
chegam à mesa dos brasileiros, apesar de ocupar e 97% do fumo do Rio Grande do Sul”, declara o
menos de 30% das terras agricultáveis. parlamentar.
Assessoria/Heitor Schuch
Deputado Estadual Heitor Schuch
Agricultura
sustentável
196 | Anuário Brasileiro da Agricultura Familiar 2013
vismo, o desenvolvimento de boas práticas de manejo. De quantidade dos recursos hídricos e promovam a amplia-
acordo com o MMA, no início de 2013, 10 Manuais serão ção da produção de alimentos. Atuaremos conjuntamente
publicados contendo Diretrizes de Boas Práticas de Manejo com outros órgãos do governo federal na elaboração e im-
de 10 espécies do extrativismo brasileiro, que dão origem a plementação do Plano Nacional de Agroecologia e Produ-
produtos da sociobiodiversidade, onde serão incluídos, açaí, ção Orgânica que foi estabelecido pelo Decreto n. 7794 de
baçu, licuri, baru, pequi entre outros. “Nos estados, o Plano 2012, que estabeleceu a política”.
se configura através das instâncias de governança e 11 já fo-
ram instituídas. O MMA não está sozinho nessa agenda, e Fortalecimento da agricultura
faz isso em parceria com o MDA, MDS e a Conab”. Para a ministra o fortalecimento da agricultura fami-
liar significa mais alimentos, geração de renda no cam-
Formulação de políticas em parceria po, promoção da qualidade de vida dos trabalhadores e
Em declaração, a ministra afirma que o Ministério do trabalhadoras rurais e um impulso à economia do país.
Meio Ambiente está aberto ao diálogo para formular po- “Estes agricultores e agricultoras são 84% dos estabe-
líticas com outros parceiros. “Temos uma grande parceria lecimentos rurais no Brasil, produzem 38% do Valor Bru-
com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério to da Produção Agropecuária e ainda ocupam 74,4% das
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento entre outros ór- pessoas no meio rural (12,3 milhões de pessoas), tudo isto
gãos do Governo Federal. Nossos programas são desenvol- utilizando apenas 24,3% da área dos estabelecimentos.
vidos em conjunto e neste momento estamos trabalhando Estes dados demonstram que um projeto de desenvolvi-
na agenda pós-código florestal que contém dois compo- mento sustentável para o Brasil, envolve, necessariamente,
nentes básicos a regularização ambiental e a sustentabi- o fortalecimento da agricultura familiar e é neste sentido
lidade da produção agropecuária. Neste sentido, o CAR é que trabalhamos junto com o Programa Brasil Sem Mi-
um primeiro passo, pois garante a regularidade ambiental séria, com o desafio de fazer chegar a 7,6 milhões de pes-
e possibilita o planejamento econômico e ambiental do soas que vivem no campo que se encontram em situação
imóvel rural. O segundo, é incorporar tecnologias ambien- de extrema pobreza o apoio necessário, garantindo-lhes
talmente adequadas que reduzam o uso de agrotóxicos, condições para superarem esta situação por meio do uso
melhorem o manejo do solo, mantenham a qualidade e sustentável dos recursos naturais”, conclui Izabella. ◆
Código Florestal
O
s insumos são caracterizados como a com- No entanto, inúmeras pesquisas têm sido realizadas
binação de fatores de produção, diretos no sentido de buscar insumos de baixa ou sem toxicidade
matérias-primas, e indiretos - mão de obra, ao ambiente, tal como a aplicação reduzida de fertilizantes
energia, tributos -, que entram na elaboração de certa inorgânicos e também o manejo ecológico de pragas e de
quantidade de bens ou serviços. Os principais insumos doenças. Entre estes insumos estão os defensivos alterna-
utilizados na agricultura convencional são sementes, tivos, preparados a partir de substâncias não prejudiciais à
adubos, agrotóxicos, maquinário, combustível e mão de saúde humana e ao meio ambiente. São eficientes no com-
obra especializada. Dentre estes, os insumos que mais bate aos insetos e ácaros, fungos e bactérias, não favore-
agridem o ambiente são os fertilizantes e os agrotóxicos. cendo a ocorrência desses fitoparasitas. Estão incluídos na
De acordo com a professora da UFFS Campus Ere- categoria de biocontrole os diversos biofertilizantes líqui-
chim, doutora em bioquímica toxiclógica, Denise Carg- dos, as caldas (sulfocálcica, viçosa e bordalesa), os extratos
nelutti, “os fertilizantes inorgânicos trazem consigo de plantas, a homeopatia, entre outros.
quantidades razoáveis de metais pesados que, devido às Os biofertilizantes líquidos ao serem absorvidos pe-
aplicações repetidas e em quantidades demasiadas, levam las plantas funcionam com fonte suplementar de micro-
a uma acumulação destes produtos no ambiente no decor- nutrientes e de componentes inespecíficos. Acredita-se
rer dos anos. Os metais pesados são tóxicos para a biota do que eles possam influir positivamente na resistência das
solo e da água bem como para as plantas. Além disso, as plantas ao ataque de pragas e doenças, regulando e toni-
plantas podem acumular nos seus frutos e sementes con- ficando o seu metabolismo. Revelam significativo poten-
centrações altas de metais pesados, que podem ocasionar cial para efetuar o controle direto de alguns fitoparasitas
toxicidade e doenças em humanos e animais.” através de substâncias com ação fungicida, bactericida
Os agrotóxicos de diferentes formulações geralmente e inseticida presentes em sua composição. Um dos bio-
agem no organismo alvo, no sentido de inibir suas vias fertilizantes líquidos mais simples e muito conhecido é
metabólicas primordiais. No entanto, geralmente, os aquele produzido a partir da fermentação metanogênica
alvos de ação não são específicos, ou seja, as moléculas ou anaeróbica (sem a presença de oxigênio) de esterco
ativas dos agrotóxicos também interferem em rotas me- fresco de bovinos.
tabólicas de outros organismos vivos expostos aos com-
postos químicos. Assim, em função da via de exposição Consequências
(ocupacional, ambiental e alimentar), o agrotóxico terá Há no mercado atualmente mais de 2 mil produtos
um grande impacto na contaminação humana. Além considerados agrotóxicos, que podem causar sérios pro-
disso, a saúde dos ecossistemas como um todo também blemas de saúde ao ser humano, seja para os agriculto-
será afetada negativamente. res que os aplicam ou para quem consome os produtos
Marcionize Bavaresco
podem ser graves, desde cânceres de vários tipos, abor-
tos, morte prematura de recém-nascidos, até sintomas
mais amenos como dores de cabeça, dores musculares,
vômitos e diarréias.
O professor da UFFS – mestre em agroecossistemas,
Ulisses Pereira de Mello, considera que o benefício prin-
cipal para quem não utiliza agrotóxicos na lavoura e para
quem não os consome está relacionado justamente à
saúde humana. “Reduzir e eliminar os agrotóxicos pode
melhorar muito a vida de toda a população, no campo e
na cidade”. Professora da UFFS Campus Erechim, doutora em bioquímica toxiclógica, Denise Cargnelutti
Marcionize Bavaresco
livre de agrotóxico?
Talvez esse seja um dos principais temas de interesse
dos consumidores. Com a aprovação da lei no 10.831 de
2003, sua regulamentação a partir do decreto no 6.323 de
2007 e em vigor desde janeiro de 2011, o Brasil passou a
contar com uma legislação específica sobre os sistemas
orgânicos de produção agropecuária. Através do decreto
foi criado o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformi-
dade Orgânica, identificado por um selo único (Produto
Orgânico - Brasil) em todo o território nacional. Assim,
de acordo com a legislação vigente, somente poderão ser Professor da UFFS Erechim, Iloir Gaio
considerados produtos saudáveis, isentos de contaminan-
tes, aqueles que possuírem um selo que os certifique como
Marcionize Bavaresco
tais. Para a obtenção do selo é necessária uma certificação
do produto, que pode ser feita por entidades certificadoras
privadas ou através da certificação participativa, por gru-
pos - como a Rede EcoVida, atuante na Região Sul -, todas
devidamente credenciadas no Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Assim, a garantia para o consumidor de que o produto
está livre de agrotóxicos e de outros contaminantes está
atualmente vinculada ao selo de certificação, que materia-
liza a sua conformidade com a legislação em vigor.
Alimentos saudáveis Professor da UFFS Campus Erechim, mestre em agroecossistemas, Ulisses Pereira de Mello
A partir da regulamentação do mercado de produtos
orgânicos no Brasil, ocorrida em janeiro de 2011, várias alimentos orgânicos entre 2009 e 2014. Para o professor
pesquisas informam que há um aumento crescente na Ulisses Pereira de Mello estas previsões estão baseadas,
oferta de alimentos saudáveis, isentos de agrotóxicos. principalmente, no crescente interesse dos consumi-
Uma pesquisa recente sobre o mercado brasileiro de dores e numa melhor compreensão dos benefícios dos
produtos orgânicos, apoiada pelo Ministério da Ciência produtos orgânicos para a saúde humana e para o meio
e Tecnologia, estima um crescimento de 46% do setor de ambiente como um todo.
Marcionize Bavaresco
da agricultura familiar, contribuindo para melhorar a
qualidade de vida dessas famílias e para reduzir o êxodo
rural. Há também o aumento dos postos de trabalho, com
crescimento da geração e distribuição de renda e o respeito
às normas sociais baseadas nos acordos internacionais de
trabalho,” disse Iloir Gaio.
Reunião do grupo de pesquisa em agricultura familiar e transição ecológica da UFFS Campus Erechim
Agroecologia
Com relação ao mercado mundial de produtos orgâni- A agroecologia é um modelo de agricultura que teve
cos, em 2009 houve um movimento em torno de US$ 25 suas bases iniciadas no começo do século XX, quando vá-
bilhões e há uma estimativa que em 2015 o faturamento rios grupos no mundo passaram a reagir contra o processo
ultrapassará os US$ 100 bilhões. Esses números sinalizam de modernização da agricultura, baseado nos fertilizantes
uma tendência clara de expansão na comercialização de de síntese química, nos agrotóxicos, na moto-mecaniza-
produtos orgânicos. ção pesada e nas sementes híbridas. Mas a agroecologia
como conhecemos atualmente, teve sua origem na década
Relação custo x benefício para o agricultor de 1970, quando vários projetos de desenvolvimento rural
Será que para o agricultor familiar vale à pena investir na América Latina fracassaram, principalmente por esta-
em insumos que não agridam o meio ambiente? Confor- rem apoiados na agricultura moderna ou convencional,
me o professor da UFFS Erechim, Iloir Gaio, mestre em altamente dependente de insumos externos. Assim surge
engenharia de alimentos, os agricultores familiares têm a agroecologia, como reação de vários grupos sociais, agri-
fácil acesso a este tipo de insumo que também podem ser cultores, ONGs e movimentos sociais do campo, que de-
feitos em casa. “Quando o agricultor familiar depende de fendiam uma agricultura economicamente viável, social-
fontes externas de insumos, provenientes de fora do seu mente justa e ecologicamente equilibrada em contraponto
sistema de produção, ele acaba tendo altos custos que se à agricultura convencional, de caráter predatório. Com o
tornam insustentáveis na pequena propriedade. Por outro passar dos anos outros setores da sociedade, inclusive as
lado, devemos levar em consideração os benefícios que os universidades, passaram a apoiar a agroecologia.
produtos sem adição de agroquímicos trazem à saúde dos Hoje, a agroecologia é compreendida como uma ciên-
consumidores. Eles agridem muito menos o meio ambien- cia multidisciplinar que visa estudar, analisar, dirigir, dese-
te, preservam a fertilidade do solo, a qualidade da água, a nhar e avaliar agroecossistemas, com o propósito de per-
vida silvestre, assim como os demais recursos naturais. A mitir a implantação de estilos de agricultura com maiores
saúde das plantas, o bem-estar animal e a biodiversidade níveis de sustentabilidade no curto, médio e longo prazos,
nas propriedades rurais também são valorizados,” explica. visando a construção de uma agricultura e de uma socie-
O professor completou ainda que, para que uma pe- dade sustentáveis.
quena propriedade seja produtiva, rentável e sustentável, Neste sentido a Universidade Federal da Fronteira Sul
o agricultor familiar deve identificar as fontes de insu- (UFFS) – Campus Erechim criou o grupo de pesquisa do
mos, dentro de sua própria unidade de produção. Quando curso de agronomia, em agricultura familiar e transição
o agricultor deixa de utilizar insumos agrícolas externos, ecológica, do qual fazem parte os professores Denise Carg-
como fertilizantes ou agrotóxicos, e passa a aproveitar me- nelutti, Iloir Gaio, Ulisses Pereira de Mello, Alfredo Casta-
lhor os recursos fornecidos pelo solo como os compostos mann, Fernando Skonieski e Tarita Deboni.
bioativos provenientes de extratos de plantas, os custos de De acordo com o professor Mello, existem vários enten-
produção diminuem. Desta forma, o agricultor percebe o dimentos sobre o que é agroecologia. “Ela é vista como uma
custo-benefício, pois a maior parte dos insumos é retirado matriz tecnológica que ajuda a impulsionar a agricultura e
de dentro do seu próprio sistema de produção. a sociedade num rumo que ultrapassa os marcos do modo
Aplicação consist e
na agricultura fa m
204 | Anuário Brasileiro da Agricultura Familiar 2013
de instituições, normas e procedimentos, que de for- interações com a comunidade, levando em conta fatores
ma regular e em condições favoráveis disponibilizaram sociais, econômicos e ambientais, no âmbito das modali-
crédito para uma imensa quantidade de agricultores dades de crédito disponíveis”, conclui o superintendente.◆
familiares que estavam à margem do sistema bancário
e financeiro do país. “Além disso, o Banco Nacional de
Assessoria/OCB
Desenvolvimento apóia a inclusão socioprodutiva dos
agricultores familiares com recursos do Fundo Social do
BNDES, que é um fundo de caráter não reembolsável,
que apóia ações coletivas de forma a propiciar a geração
de trabalho e renda para essa população”, destaca.
“Uma agricultura familiar sustentável deve estar las-
treada em três pilares indissociáveis: assistência técnica,
meio ambiente e crédito. No caso do crédito, um apoio
sustentável tem por finalidade planejar, orientar, coor-
denar e monitorar a implantação dos financiamentos de
agricultores familiares, com enfoque sistêmico, ou seja, Superintendente do BNDES, Marcelo Porteiro Cardoso
permite observar a propriedade como um todo e suas
Investimento do Pronaf
t ente de recursos
a miliar
Anuário Brasileiro da Agricultura Familiar 2013 | 205
Organização e viab i
Cooperativismo tem um papel
econômico e social importante
nas regiões em que atua, por
isso, é necessário priorizar ações
práticas para o fortalecimento
das cooperativas e de sua
atuação junto aos associados
U
m grande exemplo de organização
dos agricultores vem através da his-
tória da Cooperativa Agrícola Água
Santa - RS (Coasa) que teve sua origem a partir
da Associação de Agricultores da Comunidade
Rural. Para o gerente Comercial da Coasa, Orildo
Germano Belegante, na época a criação da Asso-
ciação foi à alternativa de organização e princi-
palmente de viabilidade econômica, que possibi-
litou o acesso ao crédito com juros mais baixos
e subsidiados de um programa do Governo do
Estado denominado “Condomínios Rurais”.
“No nosso caso tínhamos a necessidade de
construir uma estrutura que possibilitasse contri-
buir para que o agricultor familiar de Água Santa
pudesse diversificar suas atividades, ter acesso a
novas tecnologias e adquirir insumos sem interme-
diários. Com a aprovação do projeto de financia-
mento em 1994, no valor de R$ 103 mil definimos
pela organização de uma cooperativa, aumentando
o nosso quadro de associados para 159 associados.
Inicialmente na associação éramos 59 associados e
a organização da associação foi o meio para obter
recursos financeiros em condições que permitisse
iniciar as atividades da cooperativa realizando os
primeiros investimentos planejados”, destaca o ge-
rente lembrando que foi em 1º de abril de 1995 que
a cooperativa iniciou suas atividades comerciais.
Cooperativismo agropecuário
Em avaliação sobre o cooperativismo agrope-
cuário hoje, levando em consideração a conjuntura
Assessoria/COASA
de Água Santa, hoje atuamos de forma prioritária também
nos municípios de Gentil, Mato Castelhano, Ciríaco, Ca-
seiros e Santa Cecília do Sul, além de outros municípios vi-
zinhos. Contamos hoje com 1.775 associados, destes 75,14
% são agricultores familiares com Declaração de Aptidão
(DAP) ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agri-
cultura Familiar (Pronaf), possuímos uma equipe técnica
com 17 profissionais para fornecer assistência técnica aos
agricultores e na realização de projetos de custeio e inves-
Gerente Comercial da Coasa, Orildo Germano Belegante
Ainda, o gerente Comercial da Coasa afirma que as dução, por isso é indispensável o fortalecimento de
cooperativas são uma extensão das propriedades ru- organizações cooperativas identificadas com a agri-
rais, por isso elas podem contribuir muito com o forta- cultura familiar para estruturar e fortalecer as peque-
lecimento das atividades produtivas dos agricultores, nas propriedades. Caso os agricultores familiares não
permitindo acesso a melhores tecnologias através do vierem a acessar estas novas tecnologias mais com-
apoio técnico, acesso a novos mercados, valorizando petitivas e rentáveis em suas atividades, poderão, no
a produção e aumentando a renda e permitindo de futuro, estar perdendo competitividade, vendendo
forma planejada e organizada buscar alternativas para ou arrendando suas propriedades para agricultores
diversificação das atividades de produção, gerando mais eficientes no processo produtivo, o que seria
oportunidades de manter a família residindo no meio extremamente preocupante, por isso defendemos
rural com mais qualidade de vida. que os governos devem destinar políticas públicas às
“A agricultura familiar de forma individualizada cooperativas de agricultura familiar para que as mes-
não consegue ter acesso a novas tecnologias, crédito mas possam contribuir para manter o agricultor no
diferenciado e acesso a preços justos para sua pro- processo produtivo”, frisa Orildo.
A
Cotrijal Cooperativa Agropecuária e Industrial, Para Mânica, as expectativas do setor cooperativista
localizada em Não-Me-Toque/RS, foi fundada são muito boas. “O governo sabe que o cooperativismo é
em 1957, é a organizadora da Expodireto Cotri- um sistema que movimenta a economia, diminui o êxo-
jal, uma das maiores feiras do setor agrícola no País. Foi fun- do rural e promove melhor distribuição de renda, e por
dada por 11 produtores rurais que deram origem ao coope- isso tem desenvolvido ações visando seu fortalecimento.”
rativismo de produção e comercialização agrícola no Brasil. A organização dos produtores rurais através de co-
O cooperativismo é um sistema que soma escalas in- operativa tem proporcionado a eles conhecimento do
dividuais e que oportuniza melhorias em organização, mercado, oportunidades de ganhos de escala, acesso a
gestão e incorporação de tecnologia. Os desafios globais, tecnologia e serviços, redução de custos da produção,
segundo o presidente da Cotrijal, Nei César Mânica, “são o melhor gestão dos manejos e dos fatores de produção,
enorme crescimento da demanda, áreas cultiváveis limita- além da gestão do negócio como um todo.
das; suprimento de água limitado; necessidade de aumen- As cooperativas agropecuárias ainda proporcionam
to da produtividade – até 2050 teremos de produzir 50% a aos seus associados que se aproximem das novas tecno-
mais do que produzimos hoje e com custos menores”. logias, por isso estão permanentemente focadas em ofe-
No Brasil, o cooperativismo agropecuário tem partici- recer alternativas e ferramentas que resultem em conhe-
pação ativa na economia. Dados consolidados pela Orga- cimento, eficiência e renda para as propriedades rurais,
nização das Cooperativas do Brasil (OCB) apontam que sendo, portanto, grandes aliadas dos produtores rurais,
esse segmento é responsável por 5,39% do Produto In- em especial dos pequenos, que de outra forma não te-
terno Bruto (PIB) do País. As mais de 1.548 cooperativas riam acesso a estas vantagens. Atualmente, as coopera-
existentes são responsáveis direta ou indiretamente, por tivas representam 37% do PIB do agronegócio no país. ◆
quase 50% da produção agrícola nacional, consideran-
do apenas trigo, soja, café, algodão, milho, arroz e feijão.
Dos quase um milhão de cooperados, 83% produzem em
Assessoria de Comunicação Cotrijal
A
ONU declarou 2012 como o Ano Internacio- tores familiares - pronafianos. E destes, 72% estão ligados a
nal das Cooperativas. A iniciativa reconhece cooperativas que possuem DAP Jurídica, estendendo a eles a
o modelo cooperativo como fator importante participação nas políticas públicas do Ministério do Desen-
no desenvolvimento econômico e social de cada país. Em volvimento Agrário (MDA). Observando toda a base de da-
entrevista, o superintendente da Organização das Coopera- dos do ministério, concluímos que 68% do total de famílias
tivas Brasileiras, Renato Nobile, declara que iniciativa das de agricultores familiares são vinculadas ao Sistema OCB”.
Nações Unidas ratifica, na verdade, o trabalho desenvolvido Segundo Renato, é importante ressaltar ainda que o ta-
pelo movimento cooperativista - a sua contribuição efetiva manho da cooperativa não impede que ela seja de agricul-
na geração de trabalho, renda e na consequente redução das tura familiar, porque a unidade considerada é o produtor
desigualdades sociais. rural e sua propriedade. Existem cooperativas de agricultura
“Isso se reflete inclusive nos números do setor. Mun- familiar, por exemplo, com mais de 50 mil associados, forta-
dialmente, o cooperativismo reúne 1 bilhão de pessoas e lecendo suas atividades e a renda destas famílias.
gera mais de 100 milhões de empregos diretos. No Brasil, “Elas exercem um importante papel econômico e social
mesmo jovem, o movimento já mobiliza 33 milhões de nas regiões onde estão estabelecidas. Em muitas localidades,
pessoas. Ele se apresenta como uma alternativa econômi- representam uma das poucas possibilidades de agregação de
ca ao mercado convencional, sustentada na união de esfor- valor à produção rural, bem como da inserção de pequenos e
ços, no trabalho conjunto, e estende seus benefícios não só médios produtores em mercados concentrados. Isso eviden-
aos cooperados, mas também às comunidades onde está cia os diferenciais competitivos da prática cooperativista, de
presente”, pontua Renato. fortalecimento pela união”, ressalta.
Para a OCB, são diversos os benefícios das sociedades
Fortalecimento das cooperativas cooperativas, entre os quais se destaca a integração, que pro-
De acordo com o superintendente, e Sistema OCB, move redução dos custos, consequência de seu maior poder
na sua função de representação, trabalha para o forta- de negociação na aquisição e venda de produtos. “Natural-
lecimento de todas as cooperativas, considerando os 13 mente, as cooperativas geram ganhos de eficiência por sua
ramos de atividades econômicas nos quais atua o setor, capacidade coordenadora, por meio de economias de escala
entre estes o agropecuário, um dos mais significativos. e redução dos riscos em ações conjuntas, comuns a esse tipo
“O cooperativismo agropecuário, especificamente, tem de estrutura produtiva. Vale ressaltar, ainda, a assistência téc-
sua estrutura de associados formada, em 70%, por agricul- nica prestada aos produtores”.
O
s biocombustíveis são combustíveis de fon- Fundação Getúlio Vargas (FGV) a poluição do ar é 57%
tes renováveis, obtidos a partir do beneficia- menor com o biodiesel em relação ao diesel, o que traz
mento de determinados vegetais. Essa fonte qualidade ambiental e bem-estar para as pessoas, dimi-
de energia é uma alternativa eficiente para amenizar nuindo o gasto público com saúde.
diversos problemas relacionados à emissão de gases e, Dados da FGV apontam ainda que de 2005 a 2010 a
automaticamente, combater o efeito estufa. geração de empregos no setor correspondeu a 1,3 milhão,
No Brasil, a Comissão Executiva Interministerial do desde a lavoura até os postos de abastecimento. Outro efei-
Biodiesel (CEIB), formada pelo governo desde o início to positivo é que, com adição de biodiesel, o Brasil deixou
do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel de importar 2,7 bilhões de litros de diesel em 2011, econo-
(PNPB), concluiu os estudos, após audiência dos diver- mizando o equivalente a 2 bilhões de dólares.
sos setores componentes da cadeia produtiva e sugeriu
mudança no marco regulatório com aumento de mistura
obrigatória para até 10%, que poderá ocorrer paulatina-
mente até 2020.
De acordo com o presidente da Câmara Setorial de
Divulgação
Oleaginosas e Biodiesel do Ministério da Agricultura,
Odacir Klein, ainda não houve a manifestação final
do governo. “Mas não há dúvidas de que quando ela
ocorrer será por determinação da presidente Dilma
Rousseff, que conhece bem a questão e como Ministra
de Minas e Energia e, posteriormente, da Casa Civil,
contribuiu decisivamente para a implantação do Pro-
grama,” pontua.
Hoje no País o percentual da mistura é de 5% de
biodiesel no óleo diesel consumido. Conforme Klein, “a
importância do aumento da mistura obrigatória decorre
de positivos reflexos ambientais, na saúde humana, na
geração de empregos, além do agronegócio e no desen-
volvimento da agricultura familiar”.
Um estudo da União Européia publicado em julho de
2012 conclui que biocombustíveis colocam o Brasil en-
tre os menores emissores de CO2 do mundo. Segundo a Presidente da Câmara Setorial de Oleaginosas e Biodiesel do Ministério da Agricultura, Odacir Klein
quadruplica
Minas Gerais
em um ano
A
s plantações de girassol nos municípios Os resultados são fruto de mudanças na forma de
do sudoeste de Minas Gerais, flores que atuar da companhia, como explica o gerente de
geram matéria-prima para o programa Suprimento Agrícola de Montes Claros, Eliseu Cer-
de suprimento agrícola da Petrobras Biocombustí- queira. “O primeiro diferencial foi a assistência téc-
vel, cresceram e se multiplicaram. Os bons ventos nica agrícola. Nesta safra, três profissionais acom-
se mostram não só na beleza dos campos floridos, panharam de modo exclusivo e intensivamente os
mas nas expressivas cifras que transformaram a re- agricultores”, conta.
alidade local no curto período de um ano. Entre as Outro ponto importante foi o tipo de semente,
safras de 2010/2011 e 2011/2012, a produção qua- fator fundamental para o salto na colheita. “Graças
druplicou: passou de 1.138 para 5.038 toneladas, à orientação dos técnicos, os agricultores aposta-
o que corresponde a 83% da safra projetada pela ram na mudança e optaram por utilizar semente
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) híbrida, que têm a produtividade muito maior do
para o Estado. Isso trouxe melhorias significativas que a de uma semente comum”, explica Cerqueira.
para a vida de dezenas de agricultores familiares, O incentivo ao plantio do girassol no sudoeste mi-
parceiros da Petrobras Biocombustível no negócio. neiro é parte da atuação do escritório de Suprimen-
Petrobrás Biocombustível
A Petrobras Biocombustível faz gestão de su-
primentos e produz biodiesel com a matéria-pri-
ma disponível e com melhor custo. Em paralelo,
trabalha em uma estratégia de diversificação de
matérias-primas, com transferência de tecnologia
e conhecimento aos agricultores familiares na re-
gião do semiárido nas quais estão localizadas suas
três usinas próprias, englobando oito estados:
Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambu-
co, Sergipe, Bahia, Ceará e Minas Gerais.
Para esses pequenos produtores — em sua
maioria de municípios do semiárido que apresen-
tam baixos Índices de Desenvolvimento Humano
(IDH) — a empresa oferece assistência técnica
agrícola aliada à garantia da compra de grãos. A
parceria contribui para manutenção do Selo Com-
bustível Social, o que garante competitividade no
mercado de biodiesel e reafirma o compromisso
da companhia com o desenvolvimento associado
to da Usina de Biodiesel de Montes Claros, que vem à sustentabilidade.
estruturando a cadeia de produção de oleaginosas Para a próxima safra, a meta é trabalhar com
no Estado, atuando desde o plantio até a comercia- 23 mil agricultores familiares em mais de 200
lização dos derivados, como óleos e tortas. municípios com atuação intensiva em 90 muni-
Cultivado na chamada safrinha (entressafra cípios localizados em pólos de produção, focando
do plantio de milho), o girassol é plantado em áreas aptas e com vocação para as culturas traba-
março e colhido do fim de junho até setembro. lhadas pela empresa no semiárido, especialmen-
O plantio é mecanizado. O girassol, além de ser te, mamona e girassol.
mais uma opção para o agricultor e mais uma No campo das pesquisas, a empresa segue
fonte de renda, traz benefícios para o solo, contri- avaliando as potencialidades de diferentes oleagi-
buindo para sua descompactação e favorecendo nosas. E, para isso, constitui redes de pesquisa e
os processos de irrigação. Assim, após a retirada investe em tecnologia para aumentar a produtivi-
do girassol, o solo, por estar em boas condições, dade por hectare de mamona e girassol e a produ-
permite o aumento da produtividade da cultura ção de novas oleaginosas, tais como o pinhão man-
plantada em seguida. so e a macaúba. ◆
A
qualificação possibilita ao agricultor um me- Negócio Certo Rural
lhor uso dos recursos e fatores de produção - O curso destinado aos agricultores pelo Sebrae é o
terra, trabalho, capital e tecnologia - visando Negócio Certo Rural, capacitação de 46 horas, sendo 40
aumentar sua renda, manter seus filhos na propriedade horas em sala de aula e outras seis de consultoria práti-
e melhorar a qualidade de seus produtos, seja de origem ca na propriedade do participante, onde o atendimento
animal ou vegetal. Tudo sem esquecer a preservação am- é detalhado e personalizado. Conceitos básicos de ges-
biental, mantendo o foco nas relações de trabalho dignas tão, produção, custos, mercado e empreendedorismo são
e na qualidade de vida. passados aos agricultores.
Bernardo Rebello
rificar a evolução dos indicadores pactuados pelos pro-
dutores parceiros do projeto.
Normalmente esses projetos duram entre dois e quatro
anos. “Apesar de a estiagem castigar todo o semiárido, esta-
mos verificando que os produtores da região Nordeste que
participam dos projetos do Sebrae tiveram perdas muito
menores do que os não participantes. Uma coisa é o im-
pacto de uma palestra curta, outro é o de uma capacitação
mais longa e fortalecida por um trabalho de consultoria. No
caso do Negócio Certo Rural, além de uma ficha de avalia-
ção também se verifica a qualidade do Plano de Negócios,
documento que o participante vai elaborando, quase sem
perceber, no decorrer do curso,” explica Ênio Queijada.
Gerente da Unidade de Agronegócios do Sebrae, Enio Queijada
Programa Empreendedor Rural
O gerente da Unidade de Agronegócios do Sebrae, Outra capacitação importante desenvolvida pelo
Enio Queijada, destaca que geralmente participam do Sebrae, em parceria com o Senar, é o Programa Empre-
curso duas gerações da família, o pai e o filho. “Isso é endedor Rural (PER) destinado a técnicos e produtores
importante porque temos visto inúmeros casos de êxo- rurais com maior nível de escolaridade. Estes pertencem
do rural que poderiam ter sido evitados se o filho ou a à nova classe média rural, formada por produtores rurais
filha soubesse de todas as potencialidades que existem acima do Pronaf, porém ainda não totalmente tecnifica-
na propriedade da família, não apenas ligadas à produ- do e capitalizado como os grandes produtores de com-
ção primária em si, mas também em termos de turismo modities exportáveis.
rural, processamento de alimentos e bebidas e culinária É um segmento importante e que estão sendo con-
e gastronomia rural.” templados na política agrícola. São produtores com fa-
Os temas trabalhados durante as aulas são: gestão, turamento anual de até R$ 800 mil, com rebatimento em
compras governamentais, empreendedorismo, associati- muitos segmentos, podendo chegar a até R$ 1,44 milhão.
vismo, liderança e vendas. As capacitações podem ser através de cursos, con-
O Negócio Certo Rural é realizado em parceria com o sultorias, oficinas, palestras e kit educativo. Tudo de-
Senar e já capacitou mais de 15.500 produtores rurais. A pende da disponibilidade de tempo e do objetivo do
previsão é capacitar mais 31 mil pessoas até 2014. produtor rural. ◆
Mensurando resultados
O Sebrae acompanha os resultados obtidos pelos
agricultores após a participação nos cursos. A mensura-
ção é realizada através dos projetos de apoio aos seto-
MDA / Divulgação
Variáveis selecionadas Agricultura familiar - Não familiar Variáveis selecionadas Agricultura familiar - Não familiar
Lei nº 11.326 Lei nº 11.326
PRODUÇÃO VEGETAL Área colhida (ha) 323 922 976 086
Arroz em casca Valor da produção (R$) 187 652 912 716 790 517
Estabelecimentos 354 677 41 951 Café arábica em grão (verde)
Quantidade produzida (kg) 3 199 460 329 6 247 796 383 Estabelecimentos 193 328 48 309
Área colhida (ha) 1 167 376 1 242 213 Quantidade produzida (kg) 645 340 928 1 244 377 597
Valor da produçãoc (R$) 1 414 740 013 2 615 404 728 Área colhida (ha) 513 681 778 611
Feijão-preto Valor da produção (R$) 2 231 728 778 5 124 878 374
Estabelecimentos 242 398 26 620 Café canephora (robusta, conilon) em grão (verde)
Quantidade produzida (kg) 531 637 055 160 899 824 Estabelecimentos 82 185 15 523
Área colhida (ha) 639 512 124 911 Quantidade produzida (kg) 259 180 331 211 857 088
Valor da produção (R$) 378 617 041 116 504 973 Área colhida (ha) 253 437 142 125
Feijão de cor Valor da produção (R$) 624 106 515 586 220 783
Estabelecimentos 411 963 50 417
PECUÁRIA
Quantidade produzida (kg) 697 231 567 597 074 955
Bovinos
Área colhida (ha) 1 015 718 409 130
Estabelecimentos 2 151 279 521 897
Valor da produção (R$) 557 814 212 508 988 359
Feijão-fradinho, caupi, de corda ou macáçar em grão Número de cabeças em 31.12 51 991 528 119 621 809
P
ara o deputado federal, Elvino Bohn Gass afirma com veemência que é preciso oferecer ao povo do
(PT), a importância da agricultura familiar campo, as mesmas oportunidades e serviços que se ofe-
para o desenvolvimento econômico do país recem no meio urbano.
é vital não só para o Brasil, como para qualquer país “Acesso à banda larga, por exemplo, é hoje uma exi-
que almeje o desenvolvimento. “Basta que se diga que a gência dos jovens para ficarem na terra. A chance de in-
agricultura familiar produz cerca de 70% da comida que gressar numa faculdade, boas estradas, bons hospitais.
alimenta o planeta e se verá que não há nação, quanto E, claro, praticar um preço justo de remuneração para o
mais nação desenvolvida, sem a agricultura familiar. O trabalho do campo que é penoso. Esta questão da penosi-
Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia dade, aliás, merece reflexão mais profunda. Como exigir
e Estatística (IBGE) foi além e nos fez saber que a agri- que as pessoas permaneçam no campo sem ter domingo,
cultura familiar emprega mais e produz mais do que a nem feriado (caso de quem produz leite, por exemplo),
agricultura patronal. E faz isso ocupando menos espaço nem férias, nem décimo terceiro e ainda não oferecer a
territorial. Ainda por cima provou que as cadeias ligadas elas uma remuneração compatível?”
á agricultura familiar são responsáveis por, aproxima- “Devemos reconhecer que a partir do Governo Lula
damente, 27% do Produto Interno Bruto (PIB) no Rio e agora com Dilma, conseguimos dar à agricultura fa-
Grande do Sul”, destaca. miliar a importância que ela tem. Ou seja, deixou de ser
De acordo com Bohn Gass, em qualquer lugar do vista como o patinho feio da lavoura, para se transformar
mundo – e isto inclui os chamados países desenvolvidos numa atividade essencial do país. Fizemos isto com po-
– o Estado está presente na agricultura. Com isso, as po- líticas públicas muito qualificadas e com um Orçamento
líticas públicas são fundamentais para o desenvolvimen- que saltou de R$ 2,3 bilhões em 2003 para R$ 18 bilhões
to da atividade. É preciso crédito público e assistência em 2012. Priorizamos, de fato, a agricultura familiar.
técnica e extensão rural públicas. É preciso atenção com Agora, estamos trabalhando para dar aos homens e mu-
as intempéries, seguro agrícola, políticas de estímulo à lheres e, especialmente aos jovens do campo, uma vida
continuidade (com foco específico nos jovens e no aces- de total dignidade”, conclui Bonh Gass. ◆
so a terra). E nos tempos atuais, é necessário, ainda, que
pensemos na multiatividade no campo”, pontua.
Permanência no campo
Assessoria/Elvino Bohn Gass
Edson Castro
S
egundo o último Censo Agropecuário divulgado veis, melhoria na qualidade de vida familiar, valorização e
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti- profissionalização dos produtores rurais familiares.
ca (IBGE), a agricultura familiar responde pela O crescimento da produtividade ocorre mediante a
maior parte dos alimentos que chegam à mesa dos brasi- modernização dos empreendimentos rurais familiares,
leiros. Além disso, participa com cerca de 10% do Produto facilitando a apropriação de tecnologia e a geração de
Interno Bruto (PIB), comprovando a sua relevância socio- renda. Um exemplo disso é a linha de crédito para inves-
econômica para o desenvolvimento do País. timento Pronaf Mais Alimentos. O objetivo dessa linha
Por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da é promover o aumento da produção e da produtividade
Agricultura Familiar (Pronaf), criado pelo Governo Federal e a redução dos custos de produção, visando a elevação
em 1995, o BB financia atividades agropecuárias e não agro- da renda da família produtora rural. O prazo é de até 10
pecuárias, contribuindo para o crescimento da produtivida- anos, com até 3 anos de carência, com encargos de 1% a.a
de, para o fortalecimento do segmento em bases sustentá- ou 2% a.a, conforme o valor financiamento.
As linhas de crédito disponíveis atendem a todas as
necessidades de custeio e investimento, como o custeio
do beneficiamento e industrialização da produção própria
Agência Brasil
E
mbora a sociedade tenha, cada vez mais, A agricultura familiar é alicerçada em princípios que
tido claras evidências do papel estratégico estabelecem uma relação harmoniosa do homem com o
da agricultura familiar no combate à fome e meio ambiente, para que ele possa retirar o sustento da
à miséria, sua contribuição fundamental para garantir a terra sem que para isso, tenha que acabar com os recur-
soberania alimentar do país, e promover a implantação sos naturais. A sustentabilidade que essa forma de pro-
de um novo modelo de desenvolvimento, pautado pela duzir promove é o que irá garantir a continuidade das
sustentabilidade, nós, enquanto representantes de cerca próximas gerações. Incentivar e fortalecer a agricultura
de 11 milhões de pessoas da agricultura familiar, temos familiar é o que trará o desenvolvimento construído na
a obrigação de trazer para o debate e esclarecer aqueles base da responsabilidade social, ambiental e econômica.
que desconhecem, a diferença crucial entre o atual mo- Responsável por 70% da produção de alimentos do
delo de produção desenvolvido pelo agronegócio e a pro- país, a agricultura familiar busca empregar cada vez
dução familiar. mais práticas agroecológicas de produção, com a criação
Na atual conjuntura, em que a discussão no mundo de quintais agroflorestais, produtos orgânicos.
se dá acerca da necessidade de empreender a preserva- Para isso, os movimentos sociais representativos
ção ambiental para garantir a existência do planeta e dos trabalhadores na agricultura familiar, como a Fe-
consequentemente das futuras gerações; de adotar me- deração Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras
didas que minimizem o aquecimento global e os efeitos na Agricultura Familiar (Fetraf), lutam para que sejam
das mudanças climáticas; da importância da produção instituídas políticas públicas diferencias para o setor
de alimentos saudáveis sem o uso de agrotóxicos que, se que gera mais empregos por hectare nas propriedades,
utilizados, contribuem para o caos na saúde pública, a são 15 a cada 100 ha; e embora utiliza 24% de toda a
agricultura familiar prova ser a alternativa que deve re- terra no Brasil, dispõe apenas de 14% do crédito do go-
ceber investimentos e ser fortalecida para que esses obje- verno federal para fomento e fortalecimento da ativida-
tivos sejam atingidos. de que alimenta o país.
Nessa perspectiva, nosso trabalho consiste em con-
quistar e ampliar as conquistas já obtidas na tentativa
CUT/Divulgação
34,2%
Renda Familiar
35,6%
79,3% 78,9% 39% 24,1% Atividades escolares no período diurno
Governo Federal
nômica, por parte do governo federal.
Dentre as opções tecnológicas, são considerados os
sistemas de geração descentralizada a partir das mini
e micro centrais hidrelétricas; sistemas hidrocinéticos;
usinas térmicas a biocombustíveis ou gás natural; usi-
na solar fotovoltaica; aerogeradores e sistemas híbridos,
bem como a utilização de novas tecnologias, tais como
os postes confeccionados de resina de poliéster reforçada
com fibra de vidro e os cabos especiais subaquáticos para
serem utilizados nas travessias de rios.
Tarifa Social
A Tarifa Social de Energia Elétrica, reformulada pela
Lei nº 12.212/10 e regulamentada pelo Decreto nº 7.583,
estabelece que para ter acesso ao desconto na conta de
luz é necessário que a família esteja inscrita no Cadastro
Único para Programas Sociais e que possua renda fami-
liar per capita de até meio salário mínimo. O desconto
varia entre 10 e 65% de acordo com a faixa de consumo.
As famílias inscritas no Cadastro Único com renda
mensal de até três salários mínimos, mas que tenham
Governo Federal
Governo Federal
vado consumo de energia, também recebem o desconto.
As famílias indígenas e quilombolas inscritas no Cadas-
tro Único e que tenham renda familiar per capita menor
ou igual a meio salário mínimo terão direito a desconto
de 100% até o limite de consumo de 50 kWh/mês. ◆
Índices da Tarifa Social para Consumidores Quilombolas e
Indígenas
Consumo kWh/mês Desconto
Até 50 100%
Fonte Ministério de Minas e Energia
O
intenso crescimento do meio rural e das ati- A Coprel
vidades industriais fomentam a expansão da A principal atividade Coprel Cooperativa de Energia é
demanda de energia elétrica. A Coprel, cujo a distribuição de energia elétrica, de forma cooperativa. Ela
crescimento é diretamente impulsionado pelo desenvol- participa da vida de mais de 47 mil famílias cooperantes, em
vimento da região, reconhece essas necessidades e proje- 72 municípios, em uma região de 21 mil km² das regiões da
ta seus investimentos para atendê-las. Prestes a comple- Produção, Alto Jacuí, Alto da Serra do Botucaraí, Nordeste,
tar 45 anos de atuação, a cooperativa comemora também Noroeste Colonial, Central, Rio da Várzea, Norte e Vale do
a conclusão de mais uma importante obra. Rio Pardo do estado do Rio Grande do Sul. Em 14 deles, a
A Subestação de Energia Ibirubá 2 é o principal inves- Coprel leva energia para a área rural e urbana e, em vários
timento da Coprel em 2012. Investindo R$ 6 milhões, a outros municípios atende as áreas industriais e loteamentos.
cooperativa coloca em funcionamento a nova subestação, Os 172.697 postes (mais de 82% de concreto), os 15.364
com potência de 20 MVA e tensão de 69/13,8kV. Também transformadores e os 17.646 quilômetros de rede ligam o
foram aplicados mais R$ 1.290 milhão na construção de homem do campo e da cidade ao desenvolvimento.
novos alimentadores a partir da nova subestação, para Os transformadores pintados da cor laranja ajudam a
conectá-la as redes de distribuição existentes. “Maior sinalizar a presença da cooperativa na região.
disponibilidade de carga, melhoria nos níveis de tensão e Hoje, a Coprel conta com 195 colaboradores e outras
aumento significativo da confiabilidade do sistema são os 180 pessoas prestam serviço terceirizado à cooperativa. ◆
principais benefícios da obra, que atende ao intenso cres-
cimento das atividades industriais e agrícolas da região”,
afirma o presidente da Coprel, Jânio Vital Stefanello. Seis
Coprel/Divulgação
Divulgação/Emater/MG
prometido com a produção agropecuária, agregando
valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o
patrimônio cultural e natural da comunidade
Diversidade geográfica
“O Estado possui enorme diversidade geográfica, to-
pográfica, climática e de vegetação natural, e de ativida-
Divulgação/Emater/RS
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promover a qualidade de vida e o aumento da autoestima
das famílias victorenses.
O roteiro turístico Caminho das Topiarias, Flores e Aro-
mas, que existe desde 2005, é composto por dez atrações: a
Praça Municipal Tancredo Neves, integrante do Patrimônio
Histórico e Cultural do Rio Grande do Sul e considerada a
praça mais bela do Estado; a Casa do Artesanato; e oito jar-
dins em propriedades do interior do município. Desde que
foi criado, o roteiro já recebeu mais de 3.500 visitantes.
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